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Por: Felizardo A.

Pedro

1. Apresentação do Coordenador

a) Filósofo

b) Meu Professor

c) Professor em Lausane na Suiça

d) Professor na UP, UEM, antigo ISRI

e) Reitor da UDM

f) Director da Escola Doutoral de Filosofia da UP

g) Autor de uma vasta gama de obras, artigos e estudos.

h) Candidato a Professor Catedrático na UP com o projecto “A


Intercultura como alternativa a governação Biopolítica”.

2. Apresentação do livro (In)Justiça: Terceiro grande


consenso moçambicano. Organizador: Severino Elias
NGOENHA.

O sentimento de injustiça não é só o terceiro consenso


moçambicano, é também a coisa melhor distribuída entre a maioria
dos homens. (NGOENHA, 2019: 250)

O livro é composto por 13 capítulos dos quais o 1º e o último são da


autoria do Prof.Ngoenha. No primeiro capítulo, escrito em forma de
uma nota introdutória, o autor parte da necessidade do consenso
(p.5) em todas as sociedades ou comunidades para chegar a
interrogar-se sobre a injustiça como o 3º grande consenso
moçambicano. Porquê 3º grande consenso? Permitam-me deixar
ao leitor a resposta a esta pergunta pois é aqui onde irá sentir –
como a água do lanho no lanho – o sabor da construção do
conhecimento.

Ora, será que a injustiça é consensual porque é desejável? A


injustiça não é desejável, sobretudo quando não é para o auto-
beneficio. Por isso, Ngoenha propõe, no último capítulo do livro, um
novo conceito de justiça – a justiça costureira, a justiça ujaama.
Esta, diferente da justiça das ilhas do conforto, não está para
separar, nem julgar, mas para “coser, juntar, resgatar e restaurar a
comunidade” (p.256)

Uma tal justiça é possível em Moçambique? Como Cuco mostra,


com muita elegância discursiva, no 2º capitulo “Direito: Uma
necessária problematização”, a justiça costureira porque emanada
das profundezas da alma artística e filosófica local só pode ser
possível se interrogarmos o nosso Direito pois o seu fim é a justiça
e a liberdade.

O Direito moçambicano actual, apesar dos diversos esforços, ainda


repousa sobre pressupostos de uma justiça que separa, que não
restaura, uma justiça que olha, com relativa indiferença, para o
apartheid generalizada (Sloterdijk) criando ilhas de conforto num
mar de desconforto. É preciso que o Direito moçambicano vá aurir
das profundezas dessa alma artística e filosófica local para poder,
com efeito, torna-se mais moçambicano. Não se pretende com tal
propósito, um ensimesmar-se do Direito moçambicano, mas sim um
constante diálogo entre o endógeno e exógeno.
É neste permanente diálogo entre o exógeno e endógeno que se
abrem as possibilidades de interrogar o Direito Internacional, os
Direitos humanos, as relações com os nossos parceiros como
argumentam o capítulos 3 (escrito por António Tomo), capítulo 8
(escrito pelo saudoso Mário Alberto Viegas), capítulo 11 (escrito por
Thomas Kesselring). É também no mesmo diálogo entre o exógeno
e endógeno, onde se abrem possibilidades de indagar a nossa
praxis, as nossas tradições de tal forma que aperfeiçoamos a nossa
justiça ou construímos novas utopias como dissertam os capítulos 4
(escrito por Camilo Jimica), cap.6 (escrito por Custódio Duma),
cap.7 (escrito por Laura António Nhaueleque), cap.8 (escrito por
Luis Cipriano Manuel), cap.9 (escrito por Tiago Tendai Chingore),
cap.10 (escrito por António dos Santos Mabota), cap.12 (escrito por
Sérgio São Bernardo) e cap.13 (escrito por Severino E. Ngoenha).

Com estas considerações, quero convidar ao auditorium para entrar


no debate lendo o livro.

Muito obrigado pela atenção dispensada.

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