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CONCEITOS FUNDAMENTAIS

E FLUXO DE DECISÕES EMPRESARIAIS


Prof. Ms. Carlos Eduardo Furlanetti
Atualizada conforme as Leis Nº 11.638/07 e Nº 11.941/09 e
os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC) ou as IFRS.
COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

1 - REGIMES DE CONTABILIDADE (APURAÇÃO DO


RESULTADO)

1.1 REGIME DE COMPETÊNCIA

As t ran saçõ es e evento s deco rrentes das atividades no rmais da


em presa são , segundo determinado s parâmetro s, classificado s
co m o receitas o u despesas e pro vo cam alteraçõ es em sua
po sição patrimo nial .

C o n form e dispo sição da Lei das S.A. a co ntabilidade deve


regist rar as alteraçõ es patrimo niais o riundas de receitas e
despesas, o u apuração do resultado , segundo o regime de
co m pet ên cia .

O regim e de co mpetência co nsidera a receita ganha (gerada)


n o perío do , independentemente de seu recebimento , bem
co m o a despesa co nsumida no perío do , independentemente do
m o m en t o da aquisição o u do pagamento (desembo lso ). Receita
gan h a e despesa co nsumida são termo s no rteado res do
reco n hecimento co ntábil pelo regime de co mpetência, não se
confundindo com o aspecto financeiro .

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COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

Assim , pelo regime de co mpetência as receitas, custo s e


despesas devem ser co nsiderado s na apuração do resultado do
perío do a que co mpetem (em que o co rrem), sempre
sim ult an eamente quando se co rrelacio narem,
in depen den temente do recebimento da receita o u do pagamento
de cust o s e despesas.

As receit as e as despesas são reco nhecidas pelo seu fato


gerado r, representado po r um fato o u co njunto de fato s que
en sejam o reco nhecimento da receita e da despesa pela
co n t abilidade .

G en ericam ente, para as atividades de empresas industriais,


co m erciais e de serviço s, o fato gerado r é caracterizado po r:

R E C E I T A D E S P E S A
- Transferência de produtos
- O serviço estar prestado - U so o u co nsumo de bens o u

- Acréscimo de j uros em função serviço s no pro cesso de

do tempo decorrido o btenção de receitas

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COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

A prem issa n o rteado ra do fato gerado r “transferência de pro duto s”


para o reco n hecimento da receita é a transferência, ao co mprado r,
do s risco s e benefício s deco rrentes da pro priedade do pro duto , o
que o co rre, na maio r parte das vezes, po r o casião da entrega de tal
pro dut o ao co mprado r. Do expo sto , devemo s reco nhecer a receita
pela ven da de pro duto s o u mercado rias so mente quando ho uver a
t ran sferên cia do s risco s e benefício s ao co mprado r,
in depen den t emente da emissão da no ta fiscal de venda.

N esse sen t ido , o recebimento antecipado de cliente (adiantamento )


para a entrega futura de produtos ou serviços não deve ser
reco n hecido co mo receita, po is ainda não ho uve a transferência do s
risco s e ben efício s asso ciado s. E m tal circunstância há a figura de
um a “receit a antecipada”, cujo registro co ntábil será no passivo ,
deco rren t e da o brigação de entrega futura.

O regim e de co mpetência é universalmente ado tado , bem co mo


aceit o e reco mendado pela Receita Federal, para efeito s de
apuração e reco lhimento do impo sto de renda .

O result ado do exercício (lucro o u prejuízo ) demo nstrado no


relat ó rio co n tábil Demo nstração do Resultado do E xercício - DRE
adota o regime de competência, motivo pelo qual é um resultado
eco n ôm ico (há receitas ainda não recebidas, além de despesas
ain da n ão desembo lsadas pela empresa) e não financeiro .

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COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

DESPESAS ANTECIPADAS

Há sit uaçõ es de gasto s realizado s pela empresa cujo co nsumo o u


ut iliz ação o co rrerão no deco rrer de um lo ngo perío do , superio r a
um m ês. E m tais caso s, ainda que tenha havido o desembo lso ,
referido s valo res não po dem ser reco nhecido s co mo despesa do
perío do , devendo ser diferido s e lançado s ao resultado de fo rma
pro po rcio n al à sua utilização , em atendimento ao regime de
co m pet ên cia .

C aso s clássicos são : a co mpra de grandes quantidades de


m at eriais de co nsumo, o s prêmio s de seguro s, as assinaturas de
jo rn ais e revistas, as despesas financeiras so bre co ntratos de
fin an ciam en t o, as co missõ es pagas antecipadamente e o utras
despesas an t ecipadas .

1.2 REGIME DE CAIXA

E m co nt rapo nto ao regime de co mpetência, o regime de caixa é


ado t ado basicamente po r micro empresas o u entidades sem fins
lucrat ivo s, visto representar uma fo rma simplificada de
co n t abilidade .

P elo regim e de caixa as receitas são efetivamente reco nhecidas


co n t abilm en te po r o casião de seu recebimento e as despesas po r
o casião de seu desembo lso .

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COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

C o n sidera - se to da a receita recebida (encaixe) no perío do e


t o da a despesa paga no perío do (desembo lso ), havendo um
fluxo de caixa o nde são co nfrontadas to das as entradas e to das
as saídas de caixa.

1.3 RESULTADO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS


REGIME DE CAIXA

Supo n h a que uma empresa co mercial registra sua mo vimentação


pat rim o n ial pelo regime de co mpetência, co m as seguintes
co n t as :
o Receitas relativas a 1 2 / 2 0 03 recebidas em 0 1 / 2 004 po r
R$ 1 7 .0 00;
o Receitas relativas a 0 1 / 2 0 04 recebidas em 1 2 / 2 003 po r
R$ 5 3 .0 00;
o Receitas relativas a 1 2 / 2 0 03 recebidas em 1 2 / 2 003 po r
R$ 41.000;
o Despesas relativas a 1 2 / 2 003 pagas em 1 2 / 2 0 03 po r R$
3 4 .0 00;
o Despesas relativas a 1 / 2 0 04 pagas em 1 2 / 2 0 03 po r R$
4 3 .0 00;
o Despesas relativas a 1 2 / 2 003 pagas em 0 1 / 2 0 04 po r R$
2 6 .0 00 .

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COMPETÊNCIA VERSUS CAIXA

C o m base n as info rmaçõ es apresentadas, o s resultado s do


exercício desta empresa em 1 2 / 2 0 03, pelo regime de
co m pet ên cia e caixa, são , respectivamente :
Competência Caixa
Evento
Dez/03 Dez/03
Receitas relativas a 12/2003 recebidas em 01/2004 17.000 0
Receitas relativas a 01/2004 recebidas em 12/2003 0 53.000
Receitas relativas a 12/2003 recebidas em 12/2003 41.000 41.000
Despesas relativas a 12/2003 pagas em 12/2003 (34.000) (34.000)
Despesas relativas a 1/2004 pagas em 12/2003 0 (43.000)
Despesas relativas a 12/2003 pagas em 01/2004 (26.000) 0
Resultado em dezembro/2003 (2.000) 17.000

Observe n o esquema gráfico abaixo o s efeito s no balanço


pat rim o n ial e na demo nstração do resultado do exercício ,
pro ven ien t es da ado ção do regime de co mpetência:

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CONCEITOS ADICIONAIS

Reconhecimento de Receitas

A receit a é reco nhecida quando fo r pro vável que benefício s


eco n ôm icos futuro s fluirão para a empresa e esses benefício s
po ssam ser mensurado s co m segurança .

C o n diçõ es para Reco nhecimento de Receita de Venda de


P ro dut o s:

Riscos e benefícios A empresa tenha transferido para o comprador os


riscos e benefícios mais significativos inerentes à
propriedade dos bens

Sem envolvimento A empresa não mantenha envolvimento


gerencial continuado na gestão dos bens vendidos

Receita mensurada com O valor da receita possa ser confiavelmente


segurança mensurado

Benefícios econômicos É provável que os benefícios econômicos


são prováveis associados à transação fluirão para a empresa

Custos mensurados com As despesas incorridas ou a serem incorridas,


segurança referentes à transação, possam ser
confiavelmente mensuradas

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

A at ribuição de valo res ao s esto ques está intimamente relacio nada ao


m ét o do de custeio ado tado . Méto do de custeio representa a fo rma
de apuração de valo res do s custo s de bens, pro duto s, mercado rias o u
serviço s prestado s. N o B rasil, o s principais méto do s de custeio
ado t ado s são : custeio po r abso rção , custeio variável e custeio AB C .

C o n form e determinação da lei das S.A., o s esto ques devem ser


avaliado s pelo custo de aquisição o u pro dução .

O valo r do s esto ques de empresas co merciais (mercado rias) é


formado pelo custo dos produtos adquiri dos para revenda, ou custo
de aquisição , não requerendo maio res co mplexidades para sua
valo ração .

Quan t o às empresas industriais, o valo r do s esto ques (pro duto s) deve


in cluir t o do s o s custo s de aquisição e de transformação , o u custo de
pro dução , além do s custo s inco rrido s para co locar o s esto ques em
co n diçõ es de venda .

Ao pro cesso de apuração do s custo s do s esto ques, na co ntabilidade


so ciet ária o u financeira, chamamos de custeio po r abso rção , que
co n sist e n a apro priação de to do s o s custo s de pro dução ao s bens
elabo rado s.

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

Ressalt a - se que no méto do de custeio po r abso rção são


co m put ado s na valo ração do s esto ques apenas o s gasto s
relacio n ado s à atividade de pro dução , não sendo co nsiderado s o s
gast o s para vender o s pro duto s o u para administrar a empresa.

Os cust o s relacio nado s à atividade pro dutiva estão divid i do s


en t re diret o s e indireto s, sendo definido s da seguinte fo rma:

C ust o s direto s : são aqueles diretamente imputáveis ao


pro dut o , tais co mo matéria - prima o u embalagem, não
requerendo qualquer critério de rateio para atribuição ao
pro dut o .
C ust o s indireto s : não são diretamente imputáveis ao s
pro dut o s, co mo po r exemplo , salário da supervisão da
fábrica, sendo necessário algum critério de rateio quando há
m ais de um pro duto , para a co rreta atribuição a cada
produto fabricado .

Out ro s cust o s que não de aquisição nem de transfo rmação devem


ser in cluído s no s custo s do s esto ques so mente na medida em que
sejam in co rrido s para co locar o s esto ques no seu lo cal físico e em
co n diçõ es de venda .

E xem plo s de itens não incluído s no custo do s esto ques e


reco n hecido s co mo despesa do perío do em que são inco rrido s:

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

a . V alo r ano rmal de desperdíc io de materiais, mão de o bra


o u o utro s insumo s de pro dução ;
b. G asto s co m armazenamento, a meno s que sejam
n ecessário s ao pro cesso pro dutivo entre uma e o utra fase
de pro dução ;
c. Despesas administrativas que não co ntribuem para trazer
o esto que ao seu lo cal físico e co ndiçõ es atuais; e
d. Despesas de co mercialização , incluindo a venda e a
en t rega do s bens e serviço s ao s clientes .

C o m base n o s co nceito s expo sto s, po demo s afirmar que a “linha


divisó ria” entre o que é custo e o que é despesa é o mo mento em
que o pro duto está “dispo nível na prateleira”, em co ndiçõ es de
ser ven dido , o u seja, to do s o s gasto s inco rrido s até este mo mento
são co n siderado s custo s, e o s gasto s inco rrido s apó s este
m o m en t o, são co nsiderado s despesas .

V ejam o s n a linha do tempo :

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

CUSTO ESTOQUE DESPESA

Gastos até a entrada Produto em estoque Gastos para a


do produto em disponível para comercialização do
estoque venda produto

U m a vez apurado o que é custo do pro duto e o que é despesa do


perío do , devemo s ativar o valo r do custo , estando o seu valo r
represen t ado na co nta de esto que, no balanço patrimo nial, até
que seja feita a sua venda. Assim, to do custo de pro dução , antes
de ser cust o do pro duto vendido (na DRE ), é esto que (no B P).

Quan do o s esto ques são vendido s, o custo escriturado desses


it en s deve ser reco nhecido co mo custo do perío do em que a
respect iva receita de venda é reco nhecida, na DRE .

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

Ressalt a - se que são levado s a custo apenas o s valo res


co rrespo n dentes ao s pro duto s vendido s; o s custo s referentes ao s
pro dut o s n ão vendido s no perío do co ntinuam ativado s, na co nta
de est o ques, até que seja pro cedida sua venda .

E xem plo ilustrativo :

P ro dução de 5 0 itens no mês de março , ao custo unitário de R$


1 5 ; ven da de 2 0 itens no mês de abril, ao preço unitário de R$ 8 0 .

Valores expressos nos relatórios


Mês
Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício
Estoque - R$ 750 (50 x R$ 15) Receita de vendas R$ 0
Março CPV R$ 0
Resultado bruto R$ 0
Estoque - R$ 450 (30 x R$ 15) Receita de vendas (20 x R$ 80) R$ 1.600
Abril CPV (20 x R$ 15) (R$ 300)
Resultado Bruto R$ 1.300

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

1 - DEPRECIAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS ESTOQUES

U m co m po nente impo rtante na fo rmação do custo do s esto ques é


a depreciação relativa ao s bens co nsumido s no pro cesso
pro dut ivo , co mo depreciação das máquinas pro dutivas, da
fábrica, et c .

C o n form e definição já apresentada neste material, um ativo é


um a aplicação de recurso s em bens o u direito s co m po tencial de
geração de benefício eco nômico futuro , co mo po r exemplo , a
máquina utilizada na produção de algum produto destinado à
ven da. C o n t udo , a geração de tal benefício é limitada durante um
det erm in ado perío do , findo o qual, não há mais perspectiva de
n o vo s ben efício s .

V ejam o s um exemplo :

U m a em presa adquire, em 0 2 / janeiro , uma máquina para fabricar


parafuso s, po r R$ 5 0 mil, co m uma expectativa de vida útil de 1 0
an o s. Duran te 1 0 ano s há a expectativa de geração de benefício
eco n ôm ico pela máquina (pro duzir parafuso s para venda) e, ao
t érm in o desse perío do , não mais.

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

To m an do po r base o s princípio s co ntábeis (princípio da


co m pet ên cia), co nsumimos um décimo (1 / 1 0 ) de R$ 5 0 mil ao ano
dessa m áquina, para pro duzir parafuso s; temo s então que o valo r
anual de depreciação da máquina é R$ 5 mil (R$ 50 mil / 10 anos),
e deverá co mpo r o custo anual de pro dução do s parafuso s.

Do expo st o , definimo s depreciação co mo sendo a perda de


capacidade de geração de benefício s eco nô micos po r ativo s de
lo n ga duração , po dendo tal perda ser resultante de deterio ração
física, desgaste po r uso o u o bso lescência, o u mudanças de
co n diçõ es de uso .

Ain da segundo o s princípio s co ntábeis (co nfronto das despesas


co m as receitas), co nsiderando que a máquina pro po rcio nará a
geração de receitas para a empresa, pela venda do s parafuso s,
durante dez anos, igualmente devemos reconhecer a depreciação
da m áquin a durante dez ano s, co mo parte do custo anual de
pro dução do s parafuso s.

N o B alan ço Patrimo nial, a depreciação figura de fo rma acumulada


pelo valo r depreciado a cada ano , reduzindo o valo r do bem a que
se refere, sendo representada da seguinte fo rma para o exemplo
an t erio r:

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
ESTOQUES

Balanço Patrimonial Valor


Imobilizado 45.000
Máquina 50.000
Depreciação acumulada sobre máquina (5.000)

Apó s o prim eiro ano de utilização da máquina temo s uma


depreciação acumulada de R$ 5 mil; apó s o segundo ano teremo s
uma depreciação acumulada de R$ 1 0 mil, e assim
sucessivam ente, até a to tal depreciação da máquina, ao término
do décim o ano . Verificamo s assim que, ao término da vida útil da
m áquin a (dez ano s), o valo r líquido da máquina será igual a zero ,
represen t an do a perda to tal de capacidade de geração de
ben efício s eco nô micos para a empresa .

Processo de Formação dos Estoques – Método de Custeio por Absorção

Coelho, 2009

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CICLO OPERACIONAL E CICLO DE
CAIXA

N a co n secução de suas atividades o peracio nais e co m o intuito de


gerar lucro , a empresa desenvo lve uma cadeia de pro dução de
ben s o u serviço s e, po r co nseguinte, vendas e respectivo s
recebim en t o s de valo res .

Tal fluxo de o peraçõ es é deno minado de ciclo o peracio nal,


co m preen dendo o perío do desde a aquisição de materiais e
in sum o s em pregado s na pro dução até o recebimento das vendas
efet uadas, co nforme fluxo abaixo :

Compra
de
materiais

Recebimen
to de Produção
Clientes

Vendas Estocagem

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CICLO OPERACIONAL E CICLO DE
CAIXA

O ciclo apresentado po ssui uma determinada duração , que está


diret am en t e relacio nada à velo cidade co m que a empresa reno va
seus est o ques (PME = prazo médio de esto cagem) e recebe suas
ven das (P MR = prazo médio de recebimento ).

O ciclo de esto cagem co mpreende to do o perío do do s esto ques,


abran gen do o esto que de matéria - prima, o esto que de pro duto s
em elabo ração e o esto que de pro duto s acabado s. N o esto que das
em presas in dustriais, co nforme visto no méto do de custeio po r
abso rção , além do valo r de matéria - prima há ainda o s valo res
agregado s ao pro cesso pro dutivo , tais co mo mão de o bra,
depreciação de imo bilizado s pro dutivo s, custo s indireto s de
fabricação , etc.

Ci clo Operacional = PME + PMR

Durante este intervalo de tempo não há ingresso de recursos


finan ceiro s para a empresa, sendo necessário s recurso s para
finan ciá - la em suas o peraçõ es.

O ciclo de caixa o u financeiro co mpreende o perío do de tempo


desde o desembo lso inicial de caixa para o pagamento de
m at eriais o u insumo s (PMP = prazo médio de pagamento ) e o
m o m en t o de recebimento pela venda do pro duto (PMR), po dendo
ser expresso da seguinte fo rma:

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CICLO OPERACIONAL E CICLO DE
CAIXA

Ci clo de caixa = ciclo o peracio nal – PMP

Ci clo de caixa = (PME + PMR) – PMP

O ciclo de caixa representa o período durante o qual a empresa


deve fin an ciar suas o peraçõ es co m o utras fo ntes de recurso s, o u
seja, já h o uve o pagamento ao s fo rnecedo res, co ntudo , ainda não
o co rreu o recebimento de seus clientes. O ideal seria a empresa
pro duz ir, vender e receber antes do pagamento ao seu fo rnecedo r,
o que im plicaria em um ciclo financeiro negativo .

Quan t o m eno r o número de dias enco ntrado s, melho r para a


em presa, po is teo ricamente será meno r a necessidade de capital
de giro .

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CICLO OPERACIONAL E CICLO DE
CAIXA

Representação gráfica dos ci clos operacional e de caixa:

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FLUXO DE DECISÕES
EMPRESARIAIS

C o n form e já mencio nado , to da empresa tem po r o bjetivo gerar


lucro , aum entar seu valo r e, po r co nseguinte, aumentar a
riquez a do acio nista .

P ara t an t o , o planejamento e o co ntrole financeiro são


prim o rdiais para que a empresa desenvo lva suas atividades
o peracio n ais, pro po rcio nando sua so brevivência de fo rma
est rut urada e sustentável .

O plan ejam ento empresarial passa pela definição de preço s e


quan t idades necessário s para o alcance de um determinado
result ado , de o nde serão subtraído s valo res suficientes para
pagar a o peração de fo rma glo bal. Referido s valo res estão
devidam en t e refletido s na Demo nstração de Resultado da
E m presa, n o tadamente nas linhas de receitas e custo s das
vendas, além das despesas administrativas, e são convertidos
em en t radas e saídas de caixa o peracio nais .

V isan do ao alcance do citado resultado o peracio nal, serão


t o m adas decisõ es quanto ao s investimento s requeri do s o u, em
det erm in adas o casiõ es, desinvestimento s.

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FLUXO DE DECISÕES
EMPRESARIAIS

As decisõ es de investimento s resultam em saídas de caixa e, meno s


frequen t em ente, entradas de caixa, pela aquisição e venda de
at ivo s perm anentes, respectivamente. Os ativo s são utilizado s para
a co nsecução das atividades o peracio nais e estão , na maio ria das
vez es, registrado s no grupo de ativo não circulante no balanço
pat rim o n ial. O mo vimento financeiro gerado pelas decisõ es de
in vest im en t o s está representado no fluxo de caixa de investimento
da em presa .

Os recurso s necessário s para o s investimento s mencio nados,


igualmente requerem decisões sobre suas fontes, podendo ser por
m eio de apo rtes de recurso s pelo s só cio s, pela co ntratação de
em prést im o s bancário s, bem co mo po r reinvestimento s o riundo s do
result ado das o peraçõ es da empresa, apó s serem deduzidas to das
as suas o brigaçõ es. As mo vimentaçõ es de caixa resultantes de tais
o peraçõ es fo rmam o fluxo de financiamento da empresa, cujo
regist ro co ntábil está no passivo e patrimô nio líquido da empresa .

Os t rês fluxo s expo sto s, a saber: o peraçõ es, investimento s e


finan ciam entos estão intimamente relacio nado s entre si, para a
co n secução do s o bjetivo s empresariais, gerando o u co nsumindo
caixa, de fo rma vital à existência e sustentação do negó cio .

O detalhamento desse fluxo financeiro será exposto na


Dem o n st ração do s Fluxo s de C aixa.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 24


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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eco n ôm ico -financeiro . 1 0 . ed. São Paulo : Atlas, 2 0 1 2 .

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P aulo : At las, 2 0 1 0 .

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performance empresarial - para empresas não financeiras. São
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MARION , Jo sé C arlo s. Contabilidade empresarial . 9 . ed. São Paulo :


At las, 2 0 1 0 .

MATARAZ Z O, Dante C . Análise financeira de balanços : abo rdagem


básica e gerencial. 7 . ed. São Paulo : Atlas, 2 0 1 0.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 25


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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C o m o Maximizar o Resultado das E mpresas. 2 . ed. – São Paulo :
At las, 2 0 0 9 .

G ITMAN , Lawrence J. Princípios de administração financeira . 1 2 . ed.


São P aulo : Pearso n, 2 0 1 0 .

MARION , Jo sé C arlo s. Contabilidade básica . 7 . ed. São Paulo : Atlas,


2 0 1 0.

SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 12. ed. São
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CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 26


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