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Apresent ação 02
Relevância 02
Bibliografia 03
Avaliação 05
Trabalh o final 58
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Apre se n t a çã o:
Você est a inici ando a disciplina I nt rodução à Crim inologia. Esper am os que esse est udo
possa con t ribuir para sua form ação com o profissional da ár ea de Segurança Pública ou
com o est udioso do assun t o.
Con t ex t ua liz a çã o:
A disciplina Crim inologia ser á nest e curso est u dada em di ferent es con t ext os hist óricos.
Sua origem t em início com os pensadores I lum inist as ( Oci dent ais) do século XVI I I e at é
os dias de h oj e produz diferent es int erpret ações e possi bilidades de discutir os fat ores e
at ores en volvi dos com os conflitos sociais.
Re le vân cia :
A disciplin a Criminologia é de f undam ent al im port ân cia par a a form ação do profission al e
est udioso da área de Seguran ça Pública, poi s perm it e um a an álise das diferent es
v ari áveis envolvidas com o fenôm en o da crim inalidade, al ém de perm i t ir um a
com preensão m aior das quest ões sociais, políticas, econômi cas e cul t urais da sociedade
brasil eira qu e est ão associadas às dif erent es form as de vi olência e m anifest ação do
conflit o.
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BI BLI OGRAFI A BÁSI CA
ANI TUA, Gabriel I gnácio. H ist ória dos pe nsa m e nt os crim in ológicos. Ri o de Jan eiro:
Rev an / I CC, 2 008.
BARATTA, Alessandro. Crim inologia crít ica e crít ica do Dire it o pe na l: int roduçã o à
Sociologia do dire it o. Rio de Jan ei ro: Revan, 1 99 7
BELLI , Benoni. Tole râ ncia Ze ro e a de m ocr a cia no Bra sil: v isõe s da se gura nça
pública n a dé ca da de 9 0 . São Paulo: Perspect iva, 2004 .
DORNELLES, João Ricardo W. Con flit o e Se gura n ça . Ent re pom bos e fa lcõe s. Rio de
Janeiro: Lum en Júris. 2003
GARCI A - PABLOS Molin a. An t onio e Gom es. Luis Flavio. Crim inologia . São Paulo:
Revist a dos Tri bu nais. 2002.
SHECAI RA, Sergio Salom ão. Crim inologia . São Paulo: revist a dos Tribunais, 2004 .
HOLLANDA, Crist in a Bu arque de, Polícia e D ire it os H um a nos. Polít ica de Se gura nça
Pú blica no prim e iro gov e rno Brizola ( Rio de Jan ei ro: 198 3-1986 ) . Rio de Jan eiro:
Rev an , 20 05.
MI SSE, Michel. Crim e e Violê ncia no Bra sil Cont e m porâ neo. Est u dos de sociologia
do crim e e da violên cia u rbana. Rio de Janei ro: Lum en Juris, 2 006 .
PI NTO, Nalayne Mendon ça. Pe n a s e Alt e rna t iva s: Um e st udo sociológico dos
proce ssos de a g ra va m e nt o da s pe n a s e de de spe n a liza çã o no sist e m a de
crim in a liza çã o bra sile iro ( 1 9 8 4 - 2 0 0 4 ) .Rio de Jan eiro: UFRJ, PPGSA, I FCS, 2 00 6.
THOMPSON, Au gu st o. A que stã o pe nit e n ciá ria . Rio de Janeiro: Forense, 2002.
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WACQUANT, Loic. As prisõe s da Misé ria . Rio de Jan eiro: Jorge Zahar, 2003 .
WAI SELFI SZ, Jacobo Julio - M a pa da v iolê ncia I V: os j ove ns do Bra sil. Disponível
em : ht t p: / / www.br asili a.unesco.org/ publicacoes/ livros/ m apaiv. Acesso em 4 de
n ovem bro de 2008.
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Ava lia çã o
Trabalho final da disciplina: O t ext o deve ser digit ado em folha A4, let ra
arial ou tim es new 1 2, en t re linhas 1, 5. Desen volver o t em a em at é 2
lau das. Ao u tili zar as cit ações diret as dos aut ores, n ão esqu ecer de colocar
a r efer ência, ex ( SOUZA, 2008, p. 67 ) . De m esm a form a ao fazer
paráfrase do aut or coloqu e seu nom e segu ido do an o. Ex: Segundo Souza
(2 00 8) a cri min ologia. ..
Colocar ao final do t rab alho as r efer ên ci as consult adas con form e o m odelo
de bibliografia qu e con st a da bibliografia geral do curso.
Ori en t ações sobre a realização do t rabal ho podem ser obt idas com o professor on-line no
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Au la 1 : I nt r oduçã o a o e stud o da cr im inologia
3) I niciar o est udo da Teoria do cont role soci al e da Teoria Utilit arist a.
Ol á! Sej a bem - vindo à prim eira aula da disciplina I nt rodu çã o à Crim inologia .
É im port ant e com eçar nosso cu rso esclarecen do quais os cam pos de est udo da
crim in ologi a. O deli to, o delin qü en t e, a vít im a e as form as de cont role soci al são obj et os
de pesquisa qu e t radi cionalm en t e pert en cem aos est udos cri minológicos, ent ret an t o
out ras áreas de conh ecim en t o t am bém se direcionam para esse cam po e di alogam com a
Crimi nologia, a Sociologia, a Psicologia, a Psiquiat ria, o Direit o, o Serviço Social, e com
os est udos sobre Segu ran ça Pública.
Algu ns est u diosos ressalt am que o crim e não é um a ent idade em si, ele não exi st e an t es
da sua rot ulação. Nesse sen t ido, sem a exist ência do obj et o em si n ão exist e a ciên cia, a
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pesquisa. No en t ant o, sabem os que para exist ir cri m e é necessário que o grupo social
defina algu m , ou alguns com port am ent os com o ilícit os, e ent ão passaríam os a t er o
obj et o. Pois é aí qu e ent r a nossa disciplina. Só est udam os o cri m e, o crim inoso, a vítim a
e o cont role soci al porque há um a prévia definição social do qu e sej a o crim e, n ão preci sa
n em m esm o ser u m a defini ção l egal/ j u rídi ca, bast a qu e os gru pos sociais defin am que
det erm i nado at o n ão será t olerado que j á t em os assim u m com port am en t o ilícit o e,
port ant o, passível de ser est udado.
DELI TO
Já par a a Crim in ologi a, represent a u m conceit o social, m oral, val orat ivo,
em pírico ( real e dinâm i co) . O delit o é um a const rução social dos gru pos e
sociedades e por i sso é relat ivo, ou sej a, v ariável de cult ura para cu lt ura.
DELI N QUEN TE
Mas p ara o posi tivism o crim in ológi co, o infrat or é um prision ei ro da su a própria
pat ologia ( det erm inism o biológico) ou de processos causais alheios ao m esm o
( det erm inism o soci al) . Verem os p esquisas onde os est u dos dos cri minosos se
direcionaram para o diagn óstico dos fat ores biológicos qu e defin em seu
com port am ent o, com o t am b ém est u dos que analisam os f at ores sociai s que
direcionam as escol has pessoais.
VÍ TI M A
A Crim inologia cham a at en ção p ar a a n ecessidade de est udar o processo de vit im ização
que ocorre quando um crim e é com et ido. Durant e m ui to t em po a vít im a sofreu com o
descaso e a desconsideração do seu sofrim ent o.
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CON TROLE SOCI AL
O con t role social é en t en dido com o um conj u nt o de in st it ui ções, est r at égias e san ções
sociais qu e pret endem prom over e gar an t ir o subm et im en t o dos indivídu os aos m odelos
e norm as com unit ários. Para alcançar a conform i dade ou a adapt ação do in divíduo aos
seus post ulados norm at ivos, ser v e- se a com unidade de du as in st âncias de con t role
social: inst ân ci as form ais e inform ais.
Age nt e s inform a is: fam ília, escola, profissão, opinião pu blica et c..
Age nt e s form a is: polícias, sist em a j udiciário, adm inist ração peni t en ci ária et c.
Segundo o I an Taylor (1 990 ) , a t eoria clássi ca da crim inologia, que t ev e seu s prim eiros
princípios pen sados por Cesar e Beccaria, é a t eoria do con t role social, que se caract eriza
por fi xar em pri m eiro lugar a form a com o o Est ado deve se posi cion ar frent e ao
delinqüent e, para d epoi s pen sar nas at i t udes qu e caract erizam a delin qü ên ci a e a base
social do direito penal. Essa t eori a, com o j á foi dito, t em suas bases na t eoria do cont rat o
social ( t am b ém cham ada de ut ilit arist a) que se alicerça ( segu ndo algu m as int erpret ações
m ui t o criticadas por filósofos e cien tist as políticos) em t rês hipót eses prin cipais: a)
post ul a o consenso ent re hom ens racionais acer ca da m oralidade e da im ut abilidade da
dist ribuição dos bens; b) ent ende que t odo com port am en t o ilegal, produ zido em um a
sociedade onde foi cel ebrado um con t rat o social, é essen cialm en t e pat ológico ou
irracion al e car act eríst i co de hom ens que, pelos seus defei t os pessoai s, não podem
celebrar con t rat os; c) t em com o conseqüência das suposições ant eriores o fat o de que os
t eóri cos do cont rat o social t eriam u m conhecim en t o especial dos crit érios, par a
det erm i nar o nível de racion alidade de um at o, esses seriam os de ut ilidade par a
sociedade, e é dessa i déia que surge a nom e de t eoria utilit arist a ou u tili t arism o.
O u tilit ari sm o, segu ndo Taylor (1 99 0) , não é u ma t eoria qu e pressupõe a igualdade dos
indivíduos em t odos os sent idos, e sim , qu e os hom ens são igu ai s n a su a cap acidade de
raciocínio, j á que essas idéias foram el aboradas n um a sociedade fu ndada na propriedade
privada, n ão poderia a igualdade ser considerad a de form a t ot al . En t en de o aut or que a
t eori a u tili t arist a foi basead a num a cont radição ent re a def esa d a igualdade e a ênfase n a
propriedade, poi s não prest a at en ção ao fat o de qu e a car ência de bens pode aum ent ar a
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probabilidade de um hom em com et er d elitos, e as recom pen sas por não com et ê- los
podem est ar apen as à disposição de qu em j á possui fortu na.
Nesse sen t indo, os t eóricos ut ilit arist as n unca invest i ram no debat e sobre a suprem acia
m oral e racional da burgu esia, e sim , concen t rar am - se n as quest ões at inent es à
l egislação e ao dest ino qu e dev eri a ser dado aos delinqüent es, ou sej a, nos problem as
relacionados à adm inist ração do cont role por part e do Est ado ( TAYLOR, 1990, p.23) .
A aplicação ef et iva das pr em issas – cont rat o social e con t role social – da escola clássica
da crim inologi a ti veram dificuldades em adequ ar - se n a r ealidade dos fat os da Europa do
sécu lo XI X. As cont radições se m an ifest ar am qu an do t en t ar am im plem ent ar m edidas
pen ai s u niversais, foi im possível om itir- se fren t e aos det er m in an t es da ação hum an a e
at u ar com o se o cast igo e o en car ceram en t o pudessem ser m edidos de form a idênticas.
Ent ão, em razão da lim it ação dos princípios cl ássicos, no qu e diz resp eit o à concent r ação
do foco no at o delitivo e o desdém pelas diferenças in dividuais en t re os at ores t idos com o
delinqüent es, ad vogados e penalist as d a época im pri miram esforços e m odificaram os
princípios clássicos da época criando a escola n eoclássica, que foi a base da m aioria dos
regim es j urídicos do Ocident e.
Depois de t er m os con hecido o obj et o da crim inologia, na próxim a aula, contin uarem os
t rabalhando seus asp ect os t eóricos e hi st óricos.
A part ir do est u do da au la, reflit a com o devem ser t rat ados, t an t o pela ciência, qu an t o
pelo Est ado, os casos em qu e sociopat as com et em crim es?
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Assist a aos film es O I lu m inado, de St anley Kubrick, e As duas f aces de u m crim e, de
Gregory Hoblit .
Est a prim eira aula procu rou apresen t ar par a você as possibilidades de pesqu isa e
com preensão da cri mi nologia, an ali sando cada conceito- obj et o de est udo. A partir desse
prim eiro m om en t o, irem os fazer um percorrido hist órico- t eóri co da Sociologi a Criminal e
da Sociologia.
TAYLOR, I an ; WALTON, Paul; YOUNG, Jock. La nueva crim inología: cont ri bución a u na
t eoría social de l a condu ct a desvi ada. Buenos Aires: Am orrort u edit ores, 1 990 .
PABLOS DE MOLI NA, An t onio Garcia e GOMES, Ant onio Flavio. Crim in ologia . São Paulo
: RT. 2 002 .
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Au la 2 : H ist ória da Crim inologia
1 . Descrev er as prin cipais t eorias sociológi cas qu e est udam o fenôm eno cri minal, desde
as form as d e puni ção da I dade Médi a at é a Bi ologia crim in al e Psi cologia crim inal
cont em porân ea.
Na aula an t erior, fi zem os um a int rodução ao objet o de est udo da crim inologia e
conhecem os os principai s conceit os dessa m at éri a. A part ir daí, iniciam os a abordagem
hist órico- t eórica da Cri mi nologia, qu e darem os continui dade nest a au la, on de
est udar em os as Teorias: Escola Clássica, Escola Positiva – Et apa Ci ent ifica da
Crimi nologia, Positivism o Biológico ( Det erm inism o biológico ) .
George Ru she e Ot t o Kirch heim er ( 20 04) est u dar am as form as de pu nição na est rut u ra
social da I dade Média européia e perceberam que as penas e o si st em a puni tivo
est iver am r elacion ados às dem andas econ ôm icas e sociais de am pli ação ou redu ção da
força de t r abalho.
Para conhecer um pou co m ais do que foi a I n qui si ção na Europa Medi ev al, faça um a
pesquisa sobre o t em a n a I nt ernet .
Cesare Beccaria ( 1 738 - 17 94) , em su a obr a Dos Delitos e d as Penas, de 17 64, se in su rgiu
cont ra as form as cruéis de pu nição, escr ev eu um li vro em form a de prot est o e acabou se
t ornando u m dos m aiores críticos da I nqui si ção, def en dendo a abolição da pena d e
m ort e, da t ort u ra e de out ras penas desu m anas. Ob servou que a pr evenção do crim e é
m ai s im port ant e do qu e a própria puni ção.
Sob influência do I lum inism o e do Con t rat u ali sm o f rancês ( liberdade, I gu aldad e e
Fr at ernidade) su a obra pr econizou um novo Di reit o Penal em que t odos os seres
h um an os sendo livres e igu ai s no Est ado cont rat u al devem t er di reit o a um a pu nição
j ust a e proporcion al ao delit o com et ido, porém , nunca ser privado de sua vida, o bem
m aior que o cont rat o social visa preser v ar.
A discussão do Ut ilit ari sm o de Jerem y Bent ham ( 17 48 -183 2) e John St u art Mill (1806-
1 87 3) t am bem m ar cou su a obra. Segun do o ut ilit arism o, os hom ens “ ag em sem pr e d e
form a a produ zi r a m aior qu an tidade de b em - est ar” ( prin cípio do bem - est ar m áxim o) .
Assim , ent ende- se ser o princípio da utilidade, aqu ele segun do o qual t oda ação,
qualqu er qu e sej a, deve ser aprovad a ou rej eit ada em função de su a t en dência de
aum en t ar ou redu zi r o bem - est ar das p art es af et ad as pela ação...” ( Jerem y Bent h am ) .
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Nesse sent ido, se os hom en s calculam su as ações visando bem est ar e r edução dos
prej u ízos, a pen a deve ser u m a form a de coibir o bem est ar e o prazer. Mas p ara t an t o, é
n ecessari o qu e as form as pu niti vas sej am claras e pú blicas, ou sej a, é n ecessário que
t odos con heçam os de lit os e a s pe na s previ st as n a form a de lei , a fim de calcular se
v al e ou n ão in correr no at o delit uoso.
Beccaria se r ebelou cont ra as arbi t rariedades da Just iça Cri minal da sua época e
proclam ou:
“ É que par a não ser um at o de viol ên ci a cont ra o cidadão, a pena d ev e ser, de m odo
essencial, pú bli ca, pront a, n ecessária, a m en or das p en as aplicáveis n as ci rcu nst ân cias
dad as, proporcion al ao delit o e det erm inada pela lei” ( Beccari a)
Du ran t e o sécul o XI X as pesqu isas cien tificas ganhar am gr ande i m pulso devido à
exp an são do Est ado laico e dos proj et os relacionados à Revolução I ndust rial e Científi ca.
O m ovim en t o Positivism o proclam av a a Razão e Ciência com o font es do con hecim ent o e
do progresso social. At rav és da observ ação d os fat os e da busca pelas leis nat urais,
diferen t es áreas do conhecim ent o foram se desen volvendo e divulgando seus resul t ados.
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Posit iv ism o Biológico ( De t e rm inism o biológico )
Um f am oso m édi co psi qui at ra cham ado Cesare Lom broso ( 1835- 1909) propôs- se a
est udar o crimi noso pela perspect iva biológica e com provar a su a hipót ese de qu e
det erm i nados indivíduos n ascem com u m a d egen er escência gen ét ica qu e o direci ona
par a u m com port am en t o cri minoso. Seu livro O Hom em Delin qüent e foi publicado em
1 87 6, tornando suas pesquisas m un dialm en t e f am osas.
Seu gran de v al or foi inaugurar o m ét odo em píri co de est udo do crim e e do crim inoso.
Sua t eoria do de linqüe nt e na t o foi form ulada com base em 40 0 au t ópsias e 6 .00 0
análises d e delinqüent es vivos.
Segundo Lom broso, o delinqüent e padece d e um a séri e de est igm as degenerat ivos
com port am ent ais, psicológicos e sociais. Usa a frenologia para su as an álises: front e
esqui va e b aixa, gr ande desenvolvim en t o dos ar cos su praciliais, assim et ri a cr aniana,
gran de desenvolvim en t o das m aças do rost o, orelhas em form a de asa, u so freqüent e de
t at uagens, insen si bilidade à dor, inst abilidade afet iva, alt a reincidên ci a et c...
As pesqui sas cont em porâneas discordam dos est u dos de Lom broso que afirm ar am o
det erm i nism o biológico do crim in oso. En t ret ant o, o que seu t r ab alho rev elou foi a
n ecessidade de iniciar um a pesqui sa em pírica sobre quem eram os crim inosos, seu s
h ábitos, cost u m es, est ilos de vida, m eio social, problem as p si cológicos e biológi cos en t re
out ros. Com o falam os n o início n ão h á est u do hoj e que d efenda o det erm inism o, que
afirm e o det erm inism o biológi co, ou psicológico, ou soci al, m as gran de part e dos
est udiosos concordam que é n ecessário est u dar os f at ores bio- psico- socia is qu e
envol vem o fenôm eno da crim in alidade.
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Só para ilust rar um pou co a m oderna crim inologi a que se pret en de ci ent ífica ( m as que é
quest ion ada com sev eri dade p el os que consideram as pesqui sas sobre o ser crim inoso
u m a r ei ficação grosseira, preconcei t uosa e con t rária ao próprio reconh ecim en t o de que o
crim e é u m a con st rução sócio- cult ural e hist órica, port ant o variável e relat i va, sendo,
port ant o, ele, o crim e, o obj et o legíti mo de est u do, e n ão “ o crim inoso” , porque não
exi st e “ o ser- cri min oso” corresponden t e a u m a essên ci a n at u ral e invariável) : vale
conhecer asp ect os est u dados pela Biologia crim in al e a Psi cologia criminal
cont em porân ea.
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Tra nst orn o por:
Você pode conh ecer m ai s sobre essas pat ologias con sult ando na WEB o Diagn ost ic an d
St at ist ical Manu al of Ment al Disorders - DSM I V e t am bém o CI D 10. São cat álogos
m édicos que cl assificam as car act erísti cas das d oenças psiquiátri cas e psicológicas.
Fin ali zando, é preci so t er m uit o cui dado para não est igm at izar pessoas com algu m a
pat ologia ou m esm o com algum a car act eríst ica físi ca, com o fez o est u do de Lom broso,
porque o port ador de algum a pat ologia n ão é um crim inoso. Há exem plos de pessoas que
viveram t oda um a vida com problem as psi quiát ri cos e nunca infringiram n en hu m a regra
social, assi m com o m uit a gent e sã perpet rou vári os crim es. Por i sso, caso se in si st a em
est udar o cri minoso ao in vés do crim e, é necessário um t rab alho in t erdisciplinar, com
diferen t es profissionais, par a iden tificar os fat ores que cont ri bu em par a det erm in ado
com port am ent o.
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I den t ifique argum en t os Lom brosi anos qu e ainda persist em n o nosso senso com um .
Pen se em sit u ações on de eles ap ar ecem .
Procure um caso recen t e d e u so da t ort ura no Brasil e ide nt ifique n a obra de Be cca ria
as críticas a est a f orm a puni tiva e seus argu m ent os.
Est a aula bu scou recu per ar u m pou co da hi st ória da const ru ção do direit o penal
m odern o, identifi cando t ransição ent re o m odel o in quisitorial de punição e a expansão da
ideologi a ilum inist a das gar an t ias individu ais.
Na próxim a aula, est u darem os as principais t eorias da Soci ologi a crim in al. Conhecer em os
as Teorias de En rico Ferri, de Durkheim e Robert Mert on
PABLOS DE MOLI NA, An t onio Garcia e GOMES, Ant onio Flavio. Crim in ologia . São Paulo:
RT. 2002
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Au la 3 : Te or ia s Sociológ ica s do Cr im e
1 . Conh ecer as t eorias sociológicas que est u dam o fen ôm en o crim in al;
2 . I dent ificar as car act eríst i cas da vi olência e da cri min alidade na sociedade brasileira;
1 . Avaliar as possibilidades de int ervenção social e políti ca a fim de reduzir det er m in ados
crim es recorren t es rel acionados a qu est ões urban as, econômicas e sociais.
Nossa t erceira aula t em com o propost a an alisar as t eorias sociológicas qu e est u daram o
crim e e o com port am ent o cri minoso. I m port an t e lem br ar que as p esquisas sociológicas
iniciaram no fin al do século XI X j un t o com as pesquisas d e abordag em biológica. Em
verd ad e, a pesquisa sociológica t am bém é fru t o do Positivism o, grande incent ivador do
desenvolvim en t o ci en tífico na Europa. Ent ão podem os di zer que no cam po da
crim in ologi a t em os agora um a abordag em positivist a m ul tifat orial onde o cri minoso e seu
m eio serão an ali sados.
Enrico Fe r ri
O Professor uni versi t ári o Enrico Ferri (1865-1929) foi considerado o pai da m oderna
sociologia crim inal. Tornou- se con heci do prin ci palm ent e por su a t eoria da cri min alidade,
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por seu program a político- crim in al e sua t i pologia crim in al . Segun do Ferri o deli to não é
produt o de um a p at ologia indivi du al, m as com o qualquer out ro acont ecim en t o nat ural,
produt o de diversos f at ores: individu ai s, físicos e sociai s.
O est udo da crim inalidade com o um fenôm eno social com o os out ros perm itiria aos
cienti st as ant eci par o núm ero de delitos em um a det erm in ada sociedade, se con t asse
com os fat ores ant es cit ados. Em su a t eoria dos su bst it u tivos penais, sugeriu um
program a polít ico- criminal de lut a e pr ev en ção ao delit o, di spen san do o direito pen al . A
pen a, conform e Ferri, seria ineficaz se não viesse precedida ou acom panh ad a d as
oport un as r eform as econ ôm icas, soci ais, et c., orient adas por u m a análise científi ca e
et iológica do delit o.
Em ile Durk he im
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regiões. Dessa form a, discorda dos crim inologi st as qu e est u dam o crim e com o resul t ado
da at uação de um fat or de car át er pat ológico incon t est ável.
Est udando os f enôm enos norm ais e p at ológicos de um a soci edad e, chega à conclusão da
n orm alidade e u t ilidade do cri m e para a sociedade. Poi s, segu ndo Du rkheim , o crim e não
se observa só na m aior part e d as sociedades d est a ou daquela espécie, m as em t odas as
sociedades de t odos os t i pos. Não h á nenh um a em que n ão haj a crim inalidade. Mu dam
de form a, os at os assi m qu alificados, não são os m esm os em t odos os lados; m as
sem pre, e em t oda p art e, exist iram hom ens que se conduziram de m odo a t r an sgr edir
n orm as com unit ári as ou a incorrer na repressão penal.
Não há, port ant o, f enôm eno que apr esent e de m aneira m ai s irrefu t áv el t odos os
sin t om as da norm alidade, d ado qu e apar ece com o est reit am ent e ligado às condi ções de
qualqu er vi da coletiva. Transform ar o cri m e n um a doença social seria adm itir que a
doença n ão é um a coisa aci dent al m as qu e, ao cont rário, deri va , em cer t os casos, d a
const it ui ção fun dam ent al do ser vivo. I st o seria elim inar qualqu er distin ção en t re o
fisiológico e o pat ológi co. Pode, sem dúvida, acont ecer que at é o crim e t om e form as
anorm ais; é o que acon t ece qu ando, por ex em plo, at inge u m a t ax a exagerada.
Efet i vam ent e, n ão há dúvida de que est e excesso é m órbi do. O qu e é n orm al é
sim pl esm ent e qu e exist a um a crim inalidade, con t an t o qu e at inj a e n ão ult rapasse, par a
cada t i po social, u m cert o nível que t alvez não sej a i m possível fixar de acordo com as
regras precedent es. ( DURKHEI M 200 2, p. 82 )
O crim e est á present e em t odas as socied ades, por isso não é algo pat ológico. O delito
faz part e da vi da coletiva, en qu an t o elem ent o fu ncional da fisiologia, e n ão da pat ologia
da vida social . Som en t e em suas form as anorm ais, em caso de crescim en t o ex cessivo,
pode ser considerado pat ol ógico. Ent ão, cl assificar o crim e en t re os fen ôm en os de
sociologia norm al é afirm ar qu e é u m fat or da saúde pú bli ca, um a part e int egran t e de
qualqu er soci edad e sã.
O delito cum pre um a fu nção na est rut u ra social, ele provoca e est im ula a r eação social,
est abiliza e m an t ém vivo o sen t im ent o colet ivo que su st ent a a con form idade às n orm as.
“ O Cri m e é necessário e est á ligado às con dições fun dam ent ais de qualqu er vida social,
m as, pr ecisam en t e por isso, é útil; porque est as condições de qu e é solidário são el as
m esm as indispensáveis à evol ução norm al da m oral e do direi t o” . ( DURKHEI M 2002, p.
8 6)
Além di sso, o desvio individu al t orna possível a t ran sf orm ação e a r enovação social, ou
m esm o prepara o cam inho para essas t r ansf orm ações. Ou sej a, o cri minoso não só
perm it e a m anu t en ção do sen t im en t o coletivo em u m a sit uação suscet ível de m udan ça,
m as ant eci pa o con t eú do m esm o da fut u ra t ransform ação.
A análise fun ci onali st a represen t a u m m ar co na idéia de legitim ação do cast igo. A pena
n ão é an alisada sob o enfoqu e v alorat i vo ( seus fin s) , senão fun cion al ( funções reais qu e
a pena d esem penh a no sist em a) . A pen a cum pre fu nções in t egradoras, é u m a r eação
que reforça os sen t im ent os col etivos lesi onados pelo crim e, im pedindo qu e se
enfraqu eçam , f ort al ece a consciência coletiva e a solidariedade social e d evolve, ao
cidadão honest o, sua confian ça n os sist em a.
22/59
Robe rt M e rt on ( Te oria da Anom ia )
O m ét odo fun cion alist a qu e Mert on ( 1 91 0-2003) aplica ao est udo da anomi a perm it e
int erpret ar o desvio com o um produt o da est rut ura soci al, absolut am ent e norm al com o o
com port am ent o conform e as regr as. Os m ecan ism os d e t r ansm i ssão de est rut u ra social
que produzem as m ot ivações do com port am ent o conform e as regr as e do
com port am ent o desviant e são da m esm a n at u reza.
Segundo Mert on, em t odo cont ext o sociocult ural desenvol vem - se m et as cul t urais. Est as
expr essam os v alores qu e orient am a vida dos in divíduos em sociedad e, repr esent am
m ot i vações par a o seu com port am ent o e são alcan çadas at r av és de m eios socialm ent e
est abelecidos. Trat a- se de recursos in sti t ucionalizados ou legítim os que são socialm ent e
prescrit os. Exist em t am bém out ros m ei os qu e perm it em at in gir est as m et as, os qu ais são
rej ei t ados pelo gru po social . A u tili zação dest es últi mos é con siderada violação das r egras
em vigor.
Mert on observou , est u dando a sociedade n orte- am ericana, que a m et a cult u ral m ais
i m port ant e é o su cesso na vida, abar cando riqueza e prest ígio ( am erican dream ) . Porém ,
apesar d essa m et a cu ltural ser com par t ilh ada por t odos, exi st e u m a im possi bilidade
dest a ser at in gida por um a grande p ar cel a da popul ação. A sociedade é est rut u rada de
t al f orm a que os m eios soci alm ent e ad m i tidos não perm it em a t odos os indivíduos
alcan çar a m et a cul t ural. Dist o result a u m desaj u st e ent re os fins e os m eios. Est e
desaj ust e propicia o ap areci m ent o de condut as desvi ant es. O in su cesso em at ingir as
m et as cu lt urais devido à insuficiên cia dos m eios in st it ucionalizados pode produzir o que
Mert on denomin a anom ia: m anifest ação de um com port am en t o no qual as regr as do j ogo
social são abandon ada ou con t orn adas. O indivíduo não respeit a as r egras de
com port am ent o qu e i ndi cam os m ei os de ação social m ent e aceit os. Surge ent ão o
desvio, o com port am en t o desvian t e.
Exam inando a sit uação conflitiva qu e pode ser est abel ecida ent re as aspirações
cult uralm ent e prescrit as ( m et as cult u rais) e o cam inho socialm en t e i ndi cado para at ingi-
l as (m eios instit ucion alizados) , Mert on f ez um a classificação dos t i pos de
com port am ent o. Trat a- se do que o aut or ch am ou de m odos de ad ap t ação, que exprim em
o com port am en t o de indivíduos em face das regr as sociais. Nest a classifi cação os
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sím bolos positivo e negat ivo são ut ilizados para in dicar se os indivídu os aceit am ou não
as m et as e os m eio socialm ent e est abeleci dos.
Conf orm idade: corresponde a r espost a posi t iv a, t ant o aos fin s quant o aos m eios
instit uci onais e, port an t o, ao típico com port am ent o con form ist a.
I n ovação: corresponde à ad esão aos fin s cult u rais, sem o respeit o aos m eios
instit uci onais.
Rit ualism o: correspon de ao r espeit o som ent e form al aos m eios inst it u cion ais, sem
persecu ção dos fins cultu rais.
Evasão: corresponde a negação t ant o dos fins cult urais qu an t o dos m eios inst itu cion ai s;
Reb eli ão: corresponde não a si m ples n eg ação dos fins e dos m eios in stit ucionais, m as a
afirm ação subst i t utiva de fins alt ernat ivos, m edi an t e m eios al t ernat ivos.
O com port am ent o crim inoso típico corresponde ao segundo m odelo, o da inovação.
Part indo do principio segu ndo o qual o im pul so par a um com port am ent o desviant e deriva
da discrep ância ent r e fin s cult urais e m eios instit u cion ais, Mert on m ost ra com o os
est rat os sociais inferiores est ão subm et idos, na sociedade n ort e- am erican a analisa por
ele, à m áxim a pressão nest e sent ido.
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Leia o t ext o do Professor Michel Mi ss, acesse o Fórum de Discussão e debat a sobre com o
n o senso com um est am os acost u m ados a rel acionar violência com pobreza, o que a caba
por gerar um a const an t e crim inali zação dos pobres.
Assist a ao vídeo no am bient e on lin e de Loïc Wacquan. A part ir do est u do dest a aula,
faça u m a an álise crítica de com o se dá a relação ent re pobreza e violência no Brasil.
Assist a ao film e Zona do Cri m e, de Rodrigo Plá e Crash - No Lim it e, de Paul Haggis.
A t ercei ra aula apr esent ou part e das t eori as sociológicas que em m uito cont ribu em par a
os est udos da crim inologia. Perceb a que t em os m uit as variáveis qu e est ão present es n o
fenôm eno crim inal, que influenciam diret am en t e n a sua in cidência, esses fenôm enos
dev em ser est udados em diferent es cont ext os soci ais. Ent enda que um a t eoria não ex clui
a ou t ra, podem os realizar t r abalhos de pesquisa e est udos qu e correlacion em dif erent es
v ari áveis e abordagen s.
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Teoria da apr en dizagem social ou da Associação Diferen ci al, Teoria do etiqu et am ent o -
Labeling Approach e a Teoria do Conflit o.
BARATTA. Alessandro. Crim inologia Cr ít ica e Críti ca a o dire it o pe na l. Rio de Jan eiro:
Rev an , 20 02.
DURKHEI M. Ém ile. As re gra s do m é t odo soci ológico. São Paulo. Mart in s Claret , 2 002 .
MOLI NA. Ant onio Garcia- Pablos e GOMES, Luz Flavio. Crim inologia . São Paulo: Edit ora
Revist a dos Tri bu nais, 2002. Pg. 19 4-196
SHECAI RA, Sérgio Salom ão. Crim inologia . São Paulo: RT, 20 04 .
26/59
Au la 4 : Te or ia s Sociológ ica s do Cr im e I I
1 . Conh ecer as t eorias sociológicas que est u dam o fen ôm en o crim in al;
2 . I dent ificar as car act eríst i cas da vi olência e da cri min alidade na sociedade brasileira;
1 . Avaliar as possibilidades de int ervenção social e políti ca a fim de reduzir det er m in ados
crim es recorren t es rel acionados a qu est ões urban as, econômicas e sociais.
Nest a aula, cont inu arem os est u dando as t eorias sociológi cas relacion adas ao cri m e e ao
com port am ent o criminoso. São elas: da Escola de Ch icago, Teoria Ecológica, Teorias
subcultu rais, Teoria da aprendizag em social ou da Associação Diferencial, Teoria do
et iquet am en t o - Labeling Approach e a Teoria do Confli to.
Escola de Chica go
Berço da m oderna sociologia am erican a, a Escola de Chi cago se dest acou pel a in ovação
n a m et odologi a de pesquisa social, caract erizando- se por seu em pirism o e por sua
finalidade pragm át i ca, ist o é, pelo em prego da observ ação diret a em t odas as
invest igações e pela f inalidade pr át ica a qu e se orient av am , part in do de u m diagnóst ico
confiável sobre os u rgent es problem as sociais da r ealidade nort e- am eri cana de seu
t em po.
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A t em át ica prin cipal era um a sociologia da gr ande cidade, an alisando o im pact o d as
m udan ças sociais das grandes ci dades ( indust rialização, ( i) m igração, conflitos) e
int eressada n os gru pos e cu lt uras m i nori t ários, com o o m un do dos desviant es e a
m orfologia da crim in alidade. O crescim ent o populacion al de Chicago explica o int eresse
da Escola. Em 1 860 a cidade t in ha 11 0 mil habi t an t es, e apenas cin qü en t a anos depois,
em 1 91 0, cerca d e dois m ilhões. Est a explosão dem ográfi ca im pli cava vários probl em as
fam iliares, m orais, urban os, et c.
Te oria Ecológica
O pont o de at en ção das t eorias ecológicas est udadas por aut ores com o Park, Bu rgess,
Mcken zie, Sh aw, Mckay, et c, é a cidade com o u m a unidade ecológica. Suas t eses fazem
u m a r elação ent re o processo de criação de novos cen t ros urban os e a crim in ali dade. A
cidade produz delinqü ên ci a, concen t rad a em ár eas específicas ( delinqu en cy ar eas) .
O efeit o crim inógeno dos aglom erados urbanos é explicado pelos con ceit os de
desorg anização e con t ágio, bem com o pelo debilit am ent o do con t role social n esses
cent ros. A det eriorização dos “grupos pri m ários” ( fam ília), a superfi ci alidade das relações
int erpessoais, a al t a m obilidade, a p erda das raízes, a crise dos valores t r adicionais e
fam iliares, a su perpopulação, a t ent adora proxim idade às áreas com erciais e in dust riais
onde se acum ula riqueza e o enfraquecim ent o do con t role social criam um m eio
desorg anizado e crim inógeno.
O m érit o das t eori as ecológicas foi cham ar at en ção sobre o im pact o crim inógeno do
desenvolvim en t o u rbano, na form a com o se deu nas cidad es n ort e- am erican as no
princípio do século XX.
Te oria s subcult u ra is
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A ordem social nest e m odel o é u m m osaico de grupos e subgrupos, fragm en t ados,
conflitivos; on de cada gru po ou subgru po possu i o seu código de v al ores, qu e nem
sem pre coincidem com os v alores m aj orit ários e oficiais. A con du t a delitiva par a as
t eori as su bcul t urais n ão seria produto da desorganização ou ausên ci a de valores, m as o
reflexo e expr essão de ou t ros sist em as d e n orm as e de valores di st int os: os su bcult urai s.
A t eoria das su bcult u ras crim inais nega que o delito possa ser considerado com o
expr essão de um a at it ude con t rári a aos valores e às n orm as sociais gerais, e afi rm a que
exi st em valores e n orm as esp ecíficos dos diversos grupos sociais. Est es valores são
int eriori zados pelos indivíduos at rav és de m ecani sm os de int eração e de apr en dizagem
n o int erior dos gru pos e det erm in am o com port am en t o em concurso com os v al ores e as
n orm as insti t ucion alizadas pelo direit o ou pela m oral “oficial” . Não exist indo, assim , um
ú nico sist em a d e v al ores.
Dessa form a, não só a est r at ificação soci al e o pluralism o de gru pos sociai s, m as t am bém
as reações t ípicas de gru pos socialm en t e im pedidos do pleno acesso aos m eios l egítim os
par a a obt en ção de fins in st i t ucionais dão lu gar a um pluralism o de su bgrupos cult urais,
caract erizados por valores, n orm as e m odelos de com port am en t o alt ern at i vos aos
predom inant es.
O est udo de Cohen sobre a delin qüência j u venil nas classes b ai xas concluiu que as ár eas
de delinqüência n ão são desorgan izad as e carent es de cont role social, m as t err enos n os
quais vigoram n orm as dist int as d as oficiais. O conflit o, segundo Coh en , é produzido
quando os j oven s de cl asses inferiores se identificam com as cl asses m édias e
int eriori zam seu s v al ores. Vincul ados a um a posição social inferior, e em desv ant agem ,
n ão poderão superar as dem andas do gru po a qu e aspiram pert encer sem sofrer grav es
problem as de adapt ação. O conflit o, assim , adm i t e t rês alt ernat ivas: a ad apt ação, a
t ransação e a rebelião.
Nesse sen t ido, a su bcul t ura opera com o evasão da cu lt ura geral ou com o reação negat iva
frent e a ela. É um a espéci e de cul t ura de recâm bio, qu e cert as m in orias m argin alizadas,
pert encen t es às classes m enos favoreci das, criam dent ro da cu ltura oficial para d ar v azão
à an si ed ade e à frust r ação que sent em ao não poderem par t icipar, por m eios legítim os,
das expect at ivas que t eori cam ent e são oferecidas a t odos pela sociedade. A via criminal
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é con siderada um m ecan ism o subst it u to ant e a ausência real de vias legítim as par a fazer
v al er as m et as cult u rai s cu j o alcan ce a sociedad e n eg a às cl asses m enos privilegiadas.
A t eoria das subcult u ras criminais dem onst rou qu e os m ecanism os de apr endi zagem e d e
int eriori zação de regras e m odelos de com port am en t o, qu e est ão na base da
delinqüência, não diferem dos m ecanism os de socialização at rav és dos quais se explica o
com port am ent o norm al. Essa invest igação sociológica, com um a visão relat ivi zant e,
perm itiu m ost rar que no int erior da sociedad e m oderna exist e um a est rut ura plu rali st a
com v al ores e r egras produ zidos por grupos diversos e ant agônicos.
A década de 19 60 viu surgir um grupo de t eorias sociais sobre o cri m e, para as quais
est e é u m a função das i nt erações p si cossoci ais do indivíduo e apenas u m dos diversos
processos de r el acionam ent o vigent es n a sociedade. Segun do Molina, podem os
identifi car ori en t ação conceit ual e analítica dist in t a d as t radicionais no int erior das t eori as
do processo soci al.
Para a t eria da apr endi zagem soci al, o com portam ent o delit uoso é apren dido do m esm o
m odo qu e o indi víduo apren de out ras con dut as ou at i vi dades lícit as, em sua int eração
com p essoas e gru pos, e m edian t e a um com pl exo processo d e com unicação. O indivíduo
apr ende, assim , n ão só a condu t a d elitiva, m as t am b ém os própri os valores criminais, as
t écnicas com issivas e os m ecanism os su bj et ivos de r acionalização ( j u st i ficação) do
com port am ent o desviant e.
Edwin H. Su therland con t ribuiu, nesse sen t ido, com a análise das form as de
apr endizag em do com port am ent o crim inoso, e da dependência dest a apr en dizagem face
às v ári as associações diferenciai s que o indivídu o t em com out ros indi víduos do grupo.
Desen volveu um a crítica r adical às t eorias do com port am ent o crim inoso baseadas em
condi ções econômi cas (pobreza), psicopat ológicas e sociopat ológicas. Essas t eori as,
segun do el e, são errôneas porqu e se b asei am em um a f alsa am ost r a d a crim inalidade, a
crim in alidade oficial e t radi cional, da qual est ão excluídas algum as form as d e
crim in alidade, com o a do “ colarinho branco” , cuj os aut ores, salvo raras exceções, não
são pobres.
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Sut herland chegou à con clusão de qu e a con du t a desviant e n ão pode ser im put ada a
disfun ções ou inadapt ação do indi viduo das classes pobres, senão à aprendi zagem efet iva
dos valores crim inais. A capaci dade ou dest reza e a m ot i vação necessária( s) par a o delit o
apr endem - se m edi ant e o cont at o com valores, at i t udes, definições e paut as d e con du t as
crim in ais n o curso dos processos d e com unicação e int eração dos in divíduos.
Por vol t a dos an os 1970 , ganh ou dest aqu e u m a expli cação int eracionist a do fat o delit ivo,
cuj o pont o de part ida são con ceit os de condu t a desviant e e reação social . Seus principais
represent ant es são Garf inkel, Goffm an , Eriksan , Becker, Sh ur e Sack. De acordo com a
perspect iva int eracionist a, n ão se pode com preen der o crim e prescin dindo da própria
reação soci al, ist o é, do processo soci al de def inição ou seleção de cert as pesso as e
condu t as, et iqu et adas com o deli tivas. Delit o e reação social são expressões
int erdependent es, recíprocas e inseparáveis. O desvio n ão é u m a propri edad e im anen t e à
condu t a, m as um a qu alidade que lhe é at ribuída por m eio de com pl exos processos de
int eração social - - processos esses selet ivos e discriminat órios.
Essa t eori a part e d a consi deração de que n ão se pode com pr een der a cri m inalidade se
n ão se est uda a ação do sist em a pen al , que a define e r eage cont ra ela - - com eçando
pel as norm as abst r at as e segu indo at é a ação das inst âncias oficiais. Por isso, o st at u s
social de delin qü en t e pressu põe o efeit o da at i vidade das inst âncias oficiais de con t role
social da delinqüência. Nesse sent ido, o “ Labelin g Approach ” t em se ocupado
principal m ent e com as reações das in st âncias oficiais de con t role social, e sob est e pont o
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de vi st a t em est u dado o efei to est igm at izan t e da at ividade da políci a, dos órgãos de
acusação pú blica e dos j uízes.
Um i m port ant e est udo das i dentidades e das carreiras d esvi an t es foi reali zado por
Howard Beck er. Analisando a carrei ra dos usu ários de m aconh a, nos EUA, Beck er
m ost rou que a m ais i m port ant e con seqü ên cia da aplicação de san ções consist e n um a
decisiva m udan ça de iden tidade social do indi víduo, m udança qu e ocorre logo no
m om ent o em qu e é in t rodu zido no st at u s de desvian t e.
Edwin Lem er t prossegue ressalt ando que a reação soci al ou a pu ni ção de um prim ei ro
com port am ent o desviant e acab a por gerar, at r avés de um a m udan ça n a iden tidade social
do indi víduo assim est igm at izado, u m a t endência a perm an ecer no papel social no qu al a
est igm at i zação o in t roduziu. Nesse sen t ido, a int er ven ção do sist em a p en al, ant es de t er
u m efeit o reeducat ivo sobre o delin qüent e, det er m ina um a consolidação da iden t idade
desvian t e do condenado e seu ingresso em u m a verdadeira e própri a carreira cri minosa.
Te oria do Conflit o
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Segundo Marx e Engel s, o processo de brut alização das relações sociais, int ensificado
pelo capit alism o in du st ri al, at u ou de form a n egat iva sobre a própri a fibra m oral da cl asse
operária. Esse processo t eri a degradado t an t o os hom ens qu e o cri m e passou a ser um
índice de t al processo. Várias vezes os aut ores fizeram correlações diret as en t r e o
capit alism o, a m i séria soci al e o aum en t o das t ax as de crim es. Um a idéia form ul ada por
Engels poderia ser assim sint et izad a: a propriedade pri vada au m ent aria o grau de
com pet ição en t re os in di víduos dent ro do m ercado de t rab al ho ou m esm o dent ro da
própria fábrica, o qu e con t ribuiria para degener ar a solidariedade ent re eles e,
conseqüent em ent e, aum en t ari a as t en sões qu e resu lt ari am em crim es. Por isso,
afirm av a, não dev eri am ser os in di víduos a sofrer sanções e pu nições por i sso. As
condi ções sociais, por darem origem ao cri m e, é que deveriam ser responsabili zadas.
As t eori as m arxist as do conflito apel am par a a est rut ura classi st a da sociedade capi t alist a
e concebem o sist em a l egal com o u m m ero inst rum en t o a serviço da classe dom inant e
par a oprim ir a classe t r abalh adora. Os in t egrant es e agen t es da j u st i ça pen al não
est ariam organizados p ar a lut ar cont ra o deli t o, m as para i dentifi car e punir o segm en t o
desvian t e den t r e as com ponent es das classes t rabalhadoras que const ituem o obj et o por
excelên cia de seu con t rol e.
Seus pri ncipais post ulados são:
1) A ordem social da m oderna soci edad e in dust ri ali zada não t em por base o
consen so, m as o dissen so.
2) O conflito n ão expressa um a r ealidade pat ológi ca, senão a própria est rut ura e
dinâm ica do processo social.
3) O Direit o represent a os valores e in t eresse das classes ou set ores sociais
dom inant es. Não corresponde –com o i dealm ent e seria definido- - aos v al ores e à
visão con sensual gerada em harm onia pela sociedade.
4) O com port am ent o delitivo é um a reação à desi gu al e in j ust a dist ribuição de poder
e riqueza na sociedade.
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As diferent es int erpret ações sociológicas sobre a definição e a “ produ ção” do crim e
abriram um cam po fért il de an álises n o cam po j urídico para os est udos do crim e, a
crim in ologi a. A sociologia criminal dem onst rou que o crim e e a pen a est ão relacion ados
aos fenôm enos soci ais e, ainda, que é a própri a sociedade qu e cria o cri m e ao det er m in ar
as regr as – as qu ai s são escrit as ( segun do cert a t radição sociológica, de cort e m arxi an o)
par a a prot eção das classes m ais favorecidas e de seu pat rim ônio, sen do, dessa form a,
direcionadas para crim inalizar os com port am ent os das classes b aixas, rot uladas e
et iquet ad as com o “ perigosas” .
Essas con t ribuições da sociologia para os est u dos do cri m e perm iti ram que, a part ir da
segun da m et ade do século XX, duras e profundas criti cas fossem di rigidas ao si st em a
pen al das sociedades indust riais. A crise das pr opost as d e ressoci alização dos crim inosos
e os infinitos problem as dos sist em as pen ais der am l ugar a m últi plos e prof undos
deb at es acer ca d a i nutilidade d a p en a e da form a sel et iva e est i gm at izant e que
caract erizaria, para as visões críticas, boa part e da at uação o sist em a penal .
h t t p: / / novo.vi vafav el a.com .br/ publique/ cgi/ cgilua. exe/ sys/ st ar t .ht m ?infoid= 46306 &sid=
87
h t t p: / / www.fun kderaiz.com .br/ 20 09_ 08 _01_archive.h t m l
A part i r das notícias nos links acim a, o que você ent ende por cri minalização de um a
cult ura do funk? Sabe- se que as let ras das m ú sicas se r efer em a t em as com o a
violên cia, a crim in alidade, as prát i cas sexu ais e drogas. Mas essa n ão é a r ealidade
vivida pelas pessoas qu e criam e gost am do f u nk? A m úsica n ão é a expressão de
n ossa r ealidade? Poderá ser ent endi do com o crim e algu ém falar da realidade que vive?
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I den t ifique um a si t uação on de ocorreu a in cri min ação do indivi duo baseado n a
e t ique t a m e n to, ou sej a, f at ores com o cor da pele, roupa, classe soci al foram
det erm i nant es p ar a suspeição e incrim inação.
Assist a ao docu m ent ário Raízes da Violência ( Be hind t he H a tre d - The Root of
Conflict ) .
Est a aula deu segui m ent o à apr esent ação das t eorias soci ológi cas qu e em m uit o
cont ribuem p ar a os est udos da cri min ologia. A propost a foi com preender qu al a
i m port âncias d essas t eori as par a ent en derm os o papel do crim e n a sociedade. Com o j á
foi dito, um a t eoria não ex clui a ou t ra, podem os realizar t rab alhos de pesqu isa e est udos
que correl acionem diferen t es variáveis e abordagens.
BARATTA. Alessandro. Crim inologia Cr ít ica e Críti ca a o dire it o pe na l. Rio de Jan eiro:
Rev an , 20 02.
DURKHEI M. Ém ile. As re gra s do m é t odo soci ológico. São Paulo. Mart in s Claret , 2 002 .
MOLI NA. Ant onio Garcia- Pablos e GOMES, Luz Flavio. Crim inologia . São Paulo: Edit ora
Revist a dos Tri bu nais, 2002. Pg. 19 4-196
SHECAI RA, Sérgio Salom ão. Crim inologia . São Paulo: RT, 20 04 .
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Au la 5 : M ov im e nt os con t e m por â ne os de política pe na l
1 . Com preender as t endên ci as con t em porân eas que nort eiam as políticas pen ais;
2 . I dent ificar com o essas t en dên cias t em produzido em nossa legislação pen al al t erações
significat ivas;
3 . An ali sar em que m edi da o discu rso dos apar elhos repressi vos do est ado e o cont role
social realizado pelas in sti t uições policiais são influenciados pelos argum ent os punitivos
ou garant ist as na at u alidade.
Esses m ovim en t os t êm produ zi do i m pact os ef et i vos n as políti cas penais, t ant o na esfer a
l egislat i va com o nas políti cas de segu rança pública. I m port ant e ressalt ar qu e sob
orient ações t eóricas bast ant e dist int as essas t endências est ão sendo elaboradas em
diferen t es cont ext os soci ais, políticos e econôm icos. O m ovi m ent o conh ecido com o Lei e
Ordem é de orien t ação nort e- am eri cana, a ab ordagem crítica encon t ra seu s principais
adept os na Am érica Lat ina e t en dência Abolicioni st a e Gar ant ist a na Europa Ocident al.
Boa aula!
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DI REI TO PEN AL M Í N I M O
Segundo a persp ect iva crítica, a crim in alidade não é m ais um a qualidade ont ológica de
det erm i nados com port am ent os e de det er m in ados in divíduos, m as se r ev ela,
principal m ent e, com o um st at u s at ri buído a det erm in ados in divíduos, m edi an t e um a
dupla seleção: em prim eiro lu gar, a sel eção dos ben s prot egidos penalm en t e e dos
com port am ent os of en sivos dest es ben s descritos nos t ipos pen ai s; em segundo lu gar a
seleção de in di víduos est i gm at izados en t re t odos os que reali zam in frações a n orm as
pen al m ent e sancionadas. Nest e sen t ido, as classes su balt ern as são aquel as selecion adas
n egat ivam ent e pelos m ecanism os de crim in alização e as est at íst icas i ndicam qu e a
gran de m aiori a da população carcer ária é de ext r ação prol et ária, de set ores do
subprolet ariado e, port ant o, das zonas sociai s margin alizadas.
Um a das princi pais críticas ao di reit o penal burguês se r efer e ao m it o da igualdade social,
o mi t o liberal de qu e o direit o pen al prot ege a t odos igualm ent e e d e qu e a lei pen al é
igual para t odos. Opost as a est as proposi ções, a abordagem crítica afirm a que o direit o
pen al n ão defende a t odos e som ent e os b en s essenciais, a lei pen al n ão é igual para
t odos e o st at us de crim inoso é dist ribuído de m odo desigu al en t re os indivíduos. Dessa
form a, o si st em a penal de con t rol e do desvi o, revela assim , com o t odo direito burguês, a
cont radição fundam ent al ent re igu aldade form al dos suj eit os de direit o e desigualdade
subst an ci al dos indi víduos.
De acordo com a cri minologia crít ica, o direito penal t en de a privilegiar os in t eresses d as
classes dom in ant es e a i m u nizar do processo de criminalização, com port am en t os
socialm en t e d an osos t ípicos dos indivíduos a elas pert en cent es, e li gados fu ncionalm ent e
à exist ên cia da acum ulação capit alist a, e t ende a di rigir o processo de cri min alização,
principal m ent e para f orm as de desvio típicas das classes subalt ernas.
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Segundo Alessandro Barat t a, as est rat égias para um a política criminal das classes
subal t ern as deve ser:
* inserção do probl em a do desvio e da crim inalidade n a an álise da est ru t ura g eral
da soci ed ade capit alist a;
* am pliação e reforço da t u t ela pen al em áreas de int eresse essencial para a vida
dos indivíduos e da com u nidade: saú de, segurança no t rabalho, in t egridade ecológi ca,
crim in alidade econ ôm ica;
* radical e coraj osa despenalização, de cont ração ao m áxim o do si st em a pu nit ivo,
com a ex clusão, t ot al ou parcial , de inum eráveis deli tos de cost um es, de m oral, et c;
aliviando a pressão negat iva do sist em a pu niti vo sobre as classes su balt ern as
( despen alização significa t am b ém a su bst it uição de sanções penais por form as de
cont rol e legal n ão est igm at i zant es - sanções adm ini st rat ivas ou civi s) ; derru bada dos
m uros dos cárceres e abolição da inst it uição carcerária. As et apas de aproxim ação desse
obj et ivo podem ser con st i t uídas pelo alargam ent o do sist em a de m edidas alt ernat ivas,
pel a am pliação da su sp en são con di cional da pen a, pel a in t rodução de form as d e
execução da p en a det en t iva em regim e de sem i-liberdade, assim com o aber t ura do
cárcer e par a a soci edade at r avés de par cerias e associ ações com organi zações civis.
* Avaliação do papel da m ídi a e sua influ ên cia no senso com u m no reforço aos
est ereót ipos, que legitim am a ideologia das classes dom in an t es. Di scussão am pl a sobre o
efeit o da m ass- m edi a n a i ndu ção do al arm e social ( Cam pan has de lei e ordem ).
Est as propost as defen dem u m “ direi t o penal m ínim o” , negando a legit imidade do si st em a
pen al , m as propondo um a al t ernat iva m ínim a “que considera com o m al m en or
n ecessári o” . De acordo com Zaffaroni est a propost a d ev e basear - se na m axim ização do
sist em a de garant i as l egais, colocando os direi t os hum an os com o obj et o e lim it e da
int ervenção pen al . O propósit o é dim inuir a quant i dade d e con dut as t ípicas procurando
pen alizar som ent e as m ais danosas, prescin dindo bagat elas e fazendo cu m prir
ri gorosam en t e as gar an t ias legais. Segun do ele “ o direit o penal mínim o, é, de m an ei ra
inquest ionável, um a propost a a ser apoiada por t odos os qu e desl egitim am o si st em a
pen al, n ão com o m et a in su peráv el e, sim , com o passagem ou t rânsito para o
abolicioni sm o, por m ais inalcançáv el que est e hoj e par eça” (ZAFFARONI , Eugenio Raul.
Em busca d as penas perdidas. Ob.Cit .. Pg. 106)
Sobre a defesa do di reit o penal mínim o t am bém escreve Ferr aj oli, qu e defen de o que
ficou conheci do com o Ga ra n tism o. Segun do ele a m ínim a in t erven ção significa que o
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Est ado deve in t ervir unicam en t e nos casos m ais grav es, prot eg endo os bens j urídicos
m ai s im port ant es, sendo o di reito penal o úl tim o recu rso qu an do j á cessaram as
alt ernat ivas rest an t es.
Concebe- se o program a políti co- cri minal mi nim alist a com o est rat égia par a m aximi zar os
direit os e reduzir o im pact o penal na sociedade, dim inuin do o volum e de pessoas n os
cárcer es at r avés de processos de descri min alização e desp en alização. Tr at a- se de u m
crit ério de economi a qu e procura obst acu lizar a expansão pen al , legitim ando proibi ções
som ent e qu ando absolut am ent e necessárias. Os direitos fundam en t ais, n est e caso,
corresponderiam aos li mi t es do direi t o penal.
Ferraj oli indica t rês classes de delit os que dev eriam ser am plam en t e d escri minalizadas
sob o am p aro const it u cion al. Em t erm os qu ant it at i vos, dev eri am ser ex cluídos os d elitos
de bagat ela ( con t rav en ções, delitos pu nidos com penas pecu niárias ou rest ri tivas d e
direit os) qu e n ão j ust ificariam o processo pen al e m uit o m en os a p en a. Ao ver sar sobre
as t ipi ficações de condut as qu e n ão af et am ben s j u rídi cos, com o por exem plo, o con su m o
de drogas, o in cest o, a sodomi a e/ ou homossexu alism o, Zaffaroni afirm a qu e est as
n orm as penais t ut elam pau t as ét icas, norm as m orais, e não ben s j urídicos. Confront ando
com o pressupost o da lai ci zação do direit o penal, o aut or se opõe a j un ção da m oral com
direit o, e ainda a im posição de um a m oral det er m inada.
Esse pensam en t o se opõe à corrent e de pensam ent o orient ada par a abolição das pen as e
dos sist em as p enais. O grupo de pensadores qu e pode ser adst rito a essa orient ação não
se int eressa por u m a políti ca criminal alt ern at iva, m as si m , por u m a al t ernat iv a à políti ca
crim in al. O a bolicionism o n ega a legitim idade do sist em a p enal t al com o at ua n a
realidade social cont em porânea e, com o prin cípio geral, nega a legitim ação de qu al quer
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out ro si st em a p enal que se possa im aginar no fut u ro com o alt ernat iva a m odelos form ais
e abst r at os d e solução de con flitos, post ulando a aboli ção radi cal dos sist em as penais e a
solução dos conflit os por inst ân cias ou m ecan ism os inform ais.
I m port an t e ci t ar ain da ou t ros aut ores dest a t en dência: Mat h iesen e Nils Ch ristie. O
prim eiro vincula a exist ên cia do sist em a penal à est ru t ura produ tiva capit ali st a, su a
propost a parece aspirar não apen as a abolição do sist em a penal, com o t am bém a
abolição de t odas as est ru t uras repr essiv as da sociedad e. Já Nils Christie acredit a que a
possibilidade d e su bst it uição dos i ndivíduos/ papéis no si st em a “ orgânico” , t orna os
excluídos do m ercado os can didat os ideai s par a o sist em a pu niti vo, dest e m odo,
cent raliza su a argum ent ação em f undam en t os ét icos ori ent ados a redu zi r o sist em a penal
com o sofrim en t o i m post o às pessoas de m odo in t en cion al .
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Essas t eori as críticas surgidas no cam po da crim inologi a, ain da que t enham represen t ado
i m port ant e av an ço na discussão acerca dos sist em as penais, est iveram nos últim os an os
circun scrit as ao cam po acad êm ico e pou co poder d e influ ên ci a t iver am n a al t eração ou
reform ul ação de leis pen ais nos últim os anos n o Brasil. O único m ovi m ent o que no Brasil
gan hou not ori edade n os an os 90 por propor reav ali ar a at u ação do si st em a j urídico foi o
Movi m ent o do Direit o Alt ernat ivo. Est e m ovim ent o propõe u m a ru pt u ra com o di reit o
liberal / posit ivi st a qu e est ru t ura o “direito burguês” e m ant ém o esquem a de dom in ação
n a soci edade capit alist a.
A im port an t e cont ri buição das pesqu isas nas ci ên ci as sociais de Cohen, Sut h erl and e
Becker se r eproduziram n o Brasil em m uit as out ras p esqu isas e t r ab alhos rev eladores
das form as crim in ali zadoras e selet ivas que oper a o sist em a p en al brasileiro ( polícia,
t ri bun ai s e cár ceres) , qu e at u a n a verdade sob a form a de u m filt ro. A sel et ividade do
sist em a se di reciona para àqueles indivíduos que se acham em est ado de vuln erabilidade
ao poder pu nit ivo, e est a selet ividade se corresponde com est erióti pos crim inais
const ruídos socialm en t e, col ocan do al gun s indivídu os e com port am ent os em si t uações de
ri sco cri min alizan t e.
Os dados da pesqui sa de Musu m eci e Ram os sobre quem é o elem ent o suspeit o escolhido
pel a poli ci a para ser abordado n o Rio de Janeiro rev el am qu e ser par ado( a) andando a pé
na ru a ou em t ransport e colet i vo é uma experiência que de fat o i ncide
desproporcion alm ent e sobre negros e, no caso da abordagem de pedest res, t am bém
sobre os j ovens e pessoas de baixa escolaridade. A qu est ão r acial t am bém é est udad a
por Silva. Segundo ele, no Brasil , um dos com ponent es m ais im port ant es do preconceit o
social é o preconcei t o raci al ( de cor) .
Se cont rapondo ao program a de direit o penal m ínim o, do direit o pen al con sti t ucional,
que se baseia n a prot eção in t egral dos di reit os fu ndam ent ais, t em - se o eficien tism o
pen al , u m di reito pen al de em erg ên ci a qu e se expressa at ravés de políti cas crim inais
repressivas e crim in alizant es, basean do- se n o discurso da “ lei e da ordem ” ; um
fundam en t alism o penal crim inalizador dos conflitos sociais.
Sob o discu rso de “ gu erra à crim inalidade” , d e com bat e a viol ên ci a, o efi ci en tism o vai na
cont ra m ão das conven ções int ern acionais de prot eção aos direit os hum anos e dos
princípios constit ucionais m odernos e in st i tui um sist em a pen al repressivo e si m bólico de
Tol erância Zero. Essa é a t endência ideológica que passou a i m perar nos Est ados Unidos
e qu e se espalhou pela Europa e Am érica Lat ina.
A fim de gar an t ir a segu rança urban a, surgiu nos anos 8 0, n o pan oram a político cri minal,
o Movim ent o “ Lei e Ordem ” . O discurso j urídico-pen al de “ lei e ordem ” con cebe a p en a
com o um cast igo e propõe, al ém da supressão de di reit os e garant i as in di viduais,
punições cad a vez m ais sev eras p ar a com b at er o au m ent o da crim in alidade, incluin do a
aplicação da p ena de m ort e e prisão perp ét ua p ara cri m es gr aves, const rução de
pen it enciári as de segur ança m áxim a e im posição de sev eros regim es prisionais,
dim inuição dos poderes do j ui z de execução penal e a at ribuição dest es à aut oridade
pen it enciári a.
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At relado ao discurso da Lei e Ordem , a política de Tol erância Zero da prefeit ura de Nova
York no m an dat o de Rudolph Giuliani f oi bast an t e difun dida com o um novo m odelo de
com bat e ao crim e. A propost a da “ Tolerância Zero” propõe um a repr essão in t en sa e
intolerant e com relação a pequ en os delit os com o form a de reforço da segu ran ça pú bli ca.
Nest e cam inho, nos anos 90 , Nova York exp andiu seus recu rsos d est in ados à
m an ut enção da ordem e em 5 anos aum ent ou seu orçam en t o par a a poli ci a em 40 % ,
quat ro vezes m ai s do que as v erb as dos hospit ais pú bli cos.
O program a Tolerância Zero se baseia, em gran de m edi da, na cham ada t eoria das
j an elas qu ebr ad as (broken win dows) . Essa t eoria foi divul gada pelo fam oso art igo do
m esm o n om e d e aut oria de Jam es Q. Wilson em parceria com George Kellin g e pu blicado
em 198 2, n a revi st a nort e- am erican a At lan t ic Mon tly. O argum en t o principal da t eoria é o
de que u m a pequena infração, quando t olerada, pode l ev ar a u m clim a de anom ia que
ger ará as condições propícias par a qu e crim es m ai s graves acon t eçam . Segundo a
m et áfora das j an el as qu ebr ad as, se algu ém qu ebra u m a j an el a de u m a casa ou edifício e
est a n ão é con cert ad a, ou t ros virão t am bém quebrar, e t odos que por ali circulam
adm it irão qu e nin guém se im port a com os at os de i ncivilidade e o abandono local,
ger ando um sent im ent o de decad ência de d esordem social . De acordo com a t eoria, a
desordem vai t om ando cont a daqu el a região, o que dem onst r a aos cidadãos qu e aqu ela
zona é insegura e pront a a se con ver t er em t errit ório do crim e.
A t eoria das j anelas quebradas p assou a ser obj et o de discussões em v ários instit u t os de
pesquisa e cen t ros vol t ados p ar a r eflexão e sobre políticas de segurança pú bli ca n os
Est ados Unidos. Um dos in stit ut os que popul arizar am as idéias de Wilson e Kelling foi o
Manh at t an I nst it u t e, cuj os sem in ários con t av am com a freqü en t e presen ça de Rudolph
Giuli ani, ant es de ser pr efeit o de Nova York. As palest ras e d eb at es t i nham o obj et ivo de
buscar alt ern at ivas d e políticas de segu ran ça pú bli ca qu e l evassem em cont a as
preocu pações d a t eori a das j anelas quebr ad as.
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Após assum ir a prefeit u ra de Nov a York Rudolph Giuli ani, em 19 94 , colocou o chefe da
policia de t r ânsit o William Brat t on no post o de Com issári o de Policia da cidade. Brat t on
foi o prin ci pal responsável pela aplicação da t eoria das j an el as qu ebradas, qu e forn eceu
u m v erniz de resp ei t abilidade pret ensam en t e cient ífica às políti cas que foram col ocadas
em pr át ica. Em bora j am ais t en ha sido validada em piricam en t e, a t eoria das j anelas
quebradas alcan çou st at us de v erdadeira form ula con t ra o crim e.
Belli ressalt a que alguns dados básicos sobre os índices de crim inalidade devem ser
considerados nos Est ados Unidos, segu ndo ele: a) os índices de crim in alidade de Nova
York j á est av am em queda h avia t r ês an os quando Giuliani iniciou seu m and at o, não
sendo port an t o um fat o t ot alm ent e n ovo; b) a baixa dos índices de criminalidade foi um
fenôm eno observ ado no pais in t ei ro , e não privilegio de Nova York; c) os índices
sem elhant es aos alcan çados em Nova York foram obt idos em varias cidades sem que se
t enh a feit o u so de t át icas do t ipo Tolerân cia Zero. De acordo com dados col et ados p elo
crim in ologi st a Alfred Blum st ai n, da Universidade de Carnegie Mellon de Pit t sbu rgh de
1 99 1 a 1998 , a t axa d e hom icídios caiu 7 6,4 % em San Diego, 7 0,6% em Nova York e
6 9, 3 % em Bost on . E as t rês ci dades em preg ar am est rat égias diferen t es, enqu an t o Nova
York enfat izou as políticas de Tolerância Zero, San Diego foi pioneira n o policiam en t o
com u nit ário e Bost on procu rou envolver os lideres r eligiosos n a prevenção do cri m e.
Ou t ras cidades t am bém t iver am redu ção nas t ax as d e homi cídios sem que qu al quer
est rat égia coer en t e t enh a sido im plem ent ada, com o Houst on 6 1,3% e Los Angel es
5 9,3% .
Suas pesqu isas rev elam que v em se obser vando nos Est ados Un idos e n a Europa um a
redefinição das m issões do Est ado, que, em t oda part e, se ret ira da ar en a econôm ica e
afirm a a necessidade d e r edu zi r seu papel social, am pliando e en durecendo sua
int ervenção pen al . Represent a assim , um en fraquecim ent o do Est ado soci al e o
fort al ecim en t o e glorificação do Est ado p en al . Os r esult ados dem onst r am , ai nda, que não
obst ant e as desi gualdades sociais e a insegurança econômi ca t erem se agrav ado
profundam en t e no cu rso dos dois últim os decênios, o Est ado carit at ivo am ericano não
parou de diminuir seu cam po de i nt erv en ção e de com prim ir seus m odest os orçam en t os,
a fim de sat i sfazer a du pli cação das d esp esas m ilit ares e a redi st ri bui ção das ri quezas em
direção às classes m ais ab ast ad as. A t al pont o que a gu erra cont ra a pobreza foi
subst it uída por um a guerra con t ra os pobres.
Para sust ent ar a redução dos gast os sociais os ideólogos am erican os con servadores
afirm aram que a depen dência pat ológi ca dos pobres r esult aria de seu desam p aro m oral e
am eaçaria a civilização oci dent al . Sob esse argu m ent o a reform a dos servi ços soci ais foi
vot ada pelo Congresso Am eri cano em 199 6, no governo Clin t on . Est a r eform a con sist iu
em abolir o direi t o à assist ên ci a social par a as crian ças m ais desf avoreci das e subst i t uí-lo
pel a obrigat oriedad e do salário desqu ali ficado e su bpago para seus pais. A nova
l egislação revogou o direit o à assist ência de qu e as crianças desfrut avam em
conseqüência do Social Secu rit y Act de 193 5, em seu lu gar ela in st au rou a obrigação
par a os pai s assist idos de t rabalhar ao cabo de dois anos, assim com o a duração
acum ulada m áxi m a de cinco an os de assist ên cia por u m a vida.
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Wacquan t af irm a qu e sob o m ant o da “ reform a” a l ei sobre responsabilidade in dividual do
t rabalho de 1 996 , confirm a a su bst it ui ção de um ( sem i) est ado – providência por um
est ado carcer ário e policial n o seio do qu al a cri min alização d a m arginali dade e a
cont en ção punitiva das cat egori as deserdadas fazem às v ezes d e polít ica social. A nova
ideologi a difu ndida afi rm a qu e a assist ên cia aos pobres só ser ve para m an t er n a
ociosidade e n o vício os h abit ant es do gu et o, nos quais encoraj aria os com port am en t os
ant i -soci ais.
E cont inu a:
A ut opia neoliberal carrega em seu boj o, para os m ais pobres,
m as t am bém para t odos aqu el es qu e cedo ou t arde são forçados a
deixar o set or do em prego prot egido, não u m acr éscim o de
liberdade, com o cham am seu s ar aut os, m as a redu ção e at é a
supressão dessa liberdade, ao cabo de um ret rocesso par a um
pat ern alism o repressivo de ou t ra época, a do capit alism o
selvagem , m as acr escido dessa v ez de um Est ado puni tivo
oniscien t e e onipot en t e. A “ m ão in visível” t ão car a a Adam Sm it h
cert am ent e volt ou, m as dessa vez vest ida com u m a “ lu va de
ferro” ( WACQUANT, 2001 , p. 151 ) .
A dest ru ição deliberada do Est ado social e a hi pert rofia súbi t a do est ado penal no ultim o
quart o de século são dois desen volvi m ent os concom it ant es e com plem ent ar es. El es
represent am o abandono do con t rat o soci al fordist a e do com promi sso keyn esian o em
m eados dos anos 7 0 e t am bém a crise do guet o com o inst rum ent o de confin am ent o dos
n egros. Ju ntos, eles part icipam do novo gover n o da m iséria, n o seio do qu al a prisão
ocupa um a posição cent r al .
O aut or dest aca as fun ções da prisão no novo governo da m iséria; em prim ei ro lu gar o
sist em a penal cont ri bui diret am ent e par a r egul ar os segm en t os inf eriores do m ercado d e
t rabalho. El e com prim e o nível de desem pr ego ao subt r air à força de m ilhões de hom en s
da população em busca de um em pr ego e secun dariam ent e, produ z u m au m ent o do
em pr ego no set or de bens e serviços carcerários. Est im a- se que durant e a d écad a de 9 0
as prisões t i raram 2 pont os do ín dice de d esem prego am ericano. A segun da fun ção do
sist em a carcer ário é su bst it uir o guet o com o inst ru m ent o de en car ceram ent o de um a
população considerada t an t o desvi ant e e perigosa com o supérflua, no plano econ ôm ico e
político. Por fim , al ém de subst i t uir o direito à assi st ência das crian ças i ndigent es p ela
obrigação im post a a seus pai s de t r abalhar ao cabo de dois anos, a r eform a de w elfare
avalizada por Clin ton em 1996 subm et eu os ben eficiários da aj ud a pública a u m
fich am ent o int rusivo, inst au ran do u m a rígida su pervi são das su as con dut as, em m at éria
de edu cação, t rab al ho, drogas e sexu alidade.
Todavia, com r elação aos índices de crim in alidade violent a nos EUA, a t axa nacional de
h om icídios est acionou ent re 8 e 10 para cada 100 mil habit ant es d e 1 975 a 19 95 e a
freqü ên ci a de rou bos qu alificado oscilava ent re 2 00 e 250 para 10 0 m il. A t axa d e
vítim as d e agr essões e l esões corporais perm an eceu est ável por todo o período, cerca de
3 0 por 100 m il, a freqüência de violências caract erizadas con t ra a pesso a baixav a d e 1 2
par a 9 em cada 10 0 m il. Quan t o aos crim es con t ra os bens, el es di minuíram nit idam ent e,
poi s o ín di ce acu m u lado de vi tim ização por roubos e arrom bam ent os caiu de 550
incident es para 1 00 , mil habi t an t es em 1 975 para m enos de 3 00 , 20 an os m ais t arde.
O qu e se obser vou nos Est ados Unidos é que, a quadru pli cação em du as décadas d a
população encarcer ad a se explica não pelo aum ent o da crim inali dade violent a, m as pel a
ext ensão do recu rso à prisão par a u m a gam a de cri m es e d eli tos que at é ent ão não
incorriam em conden ação e reclusão, a com eçar pelas in frações m enores à legi sl ação
sobre os est u pefacient es e os at en t ados à ordem pú bli ca. A causa- m est r a dest e
crescim en t o ast ronômico da popul ação car cer ári a é a política de gu erra à droga, políti ca
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que desm er ece o próprio nom e, pois desi gna na verdade u m a gu errilh a de p er seguição
pen al aos vend edores de rua, dirigida cont ra a j uv en t ude dos guet os p ara quem o
com ér ci o do var ej o é a font e de em pr ego m ais acessível. Foi est a políti ca qu e ent u piu as
celas e escureceu seus ocupan t es.
As m edidas pen ais adot adas cont ribuíram ai nda m ais para o alongam en t o das pen as, que
revela o endureci m ent o da políti ca j udiciária no EUA, são algun s exem plos: o aum ent o do
quant u m i m post o t ant o aos delitos sem gr avidade quant o aos cri m es violent os, a
m ul tiplicação das infrações m ot i vando encar ceram ent o fech ado, e perpet u idade no
t er ceiro cri m e (t hree st rikes you ’ re out ) , aplicação da legislação adu lt a aos m en ores d e
1 6 anos. Assim , na m edida em qu e se d esf az a rede de segu rança do Est ado carit at ivo
( saf et y net ) , vai se t ecendo a m alh a do Est ado disciplinar ( dragnet ) ch am ado a subst it uí-
lo n as regiões in feriores do espaço social am ericano.
Se forem con t abilizados os indivíduos col ocados em liberdade vi giada ( probat ion ) e soltos
em liberdade condi ci on al ( parol e) por falt a de lugar nas peni t en ci árias, são cerca de 5
m ilhões de am eri canos, ou sej a, 2,5 da popul ação adul t a do país que caem sob j u risdição
pen al . A t radução fin an ceira desse gran de en carcer am ent o da m arginali dade não é difícil
de im aginar. Enqu an t o a part e dos recursos n acionais dest inada à assist ência social
dim inuía, o orçam en t o da j ust iça criminal do govern o federal foi m ul tiplicado por 5 , 4
ent re 19 72 e 1 990 .
A con clusão de Wacqu an t é que a clien t el a das pri sões nort e am ericanas é recru t ad a
priori t ariam en t e nos set ores m ais deserdados da cl asse oper ária, e not adam ent e en t re
fam ílias do subprolet ariado de cor n as cidades profun dam ent e abaladas pel a
t ransform ação con j un t a do t rabal ho assalari ado e da prot eção social; o encarceram en t o
serve bem ant es à regu lação da m iséria, quiçá à sua perp et u ação, e ao arm azen am en t o
daqueles qu e est ão f ora do j ogo do m ercado. Os indi víduos que enchem os cár ceres
m unicipais são essencialm ent e os m em bros da rabble cl ass, i st o é, pessoas debilm ent e
int egradas à sociedad e e per cebi das com o de m á reput ação: gat unos e v agabu ndos,
m arginali zados, t oxi côm anos e p sicopat as, est r angeiros. São par a est es indivídu os que
se direcionam as políticas da Tol erância Zero, o discurso da Lei e a Ordem ser ve par a
gar ant ir o cont role sobre aqueles que n ão est ão int egrados à um det erm i nado “ m odelo
de sist em a social” .
No caso brasilei ro, cont ra t odas as propost as produ zidas no âm bit o acadêm i co de
redu ção do direito pen al e t odas as crít icas qu e o desl egitim am , com o descrit o n a sessão
ant erior, assist e- se no Brasil um a crescen t e expan são da esfer a penal, qu e se apresent a
com o u m a (apar en t e) solu ção fácil aos problem as sociais, at uando no plano si m bóli co,
par a t ranqüilizar a opinião pú bli ca e produ zi ndo um aum ent o v ert iginoso na população
carcer ária brasileira, sem , no ent ant o, se di scu t ir os reais probl em as sociais qu e assolam
a sociedade br asileira.
Vale dest acar br evem en t e o im pact o desse m ovim ent o de Recrudescim ent o Pen al na
Legislação Brasil eira:
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Modificação na LCH Lei 8 .93 0/ 94 . Mort e da at riz Dan iel a Peres e as Chaci nas da
Can delária e Vigário Geral. I nclu são do Homicídio ( por gru pos de ext erm ínio ) e
Hom icídio qualifi cado.
On da de Falsificação de Rem édios em 199 8. Lei 9695 / 1998. Fal sificação,
corru pção, adult eração ou alt eração de produt os t er apêu t icos e m edicin ai s.
Lei cont ra o Crim e Organizado 9 .03 4/ 19 95
O Regi m e Disciplinar Diferenciado RDD. Rebeliões em Presídios organizadas por
facções crim inosas - Lei 1 0.7 92 / 2003
Resul t ado: aum ent o v ert iginoso no sist em a penit enciário 1990 h avia 90 mil
presos no país, n úm ero que salt ou par a cerca de 4 42,5 m il em 2 007 ,
represent ando u m aum en t o de 4 6 8 % no pe ríodo.
FOLHA DE SÃO PAULO. A políti ca de " t ol erância zero" par a cri m es, qu e foi adot ad a com
sucesso em Nova. York, é aplicável ao Brasil?
h t t p: / / www.nevu sp.org/ port u gu es/ index.php?opt ion= com _cont ent &t ask= vi ew&i d= 396&I
t em i d= 29
50/59
Na aula de hoj e vim os com o o debat e at u al das políticas pen ai s t em segu ido em
cam inhos opost os. De um lado t em os a defesa dos direit os indi viduais e a per spect iva
que defen de qu e a redução da crim inalidade não virá com endureci m ent o penal, m as ao
cont rário, som ent e com políticas que gar an t am os direi t os hu m anos e realizem a
prev en ção da crim in alidade. En t ret ant o, seguin do um di scurso repressi vo am eri cano,
t em o aqueles que defendem um recrudescim ent o penal, t ant o da legi sl ação penal com o
das políticas de con t role social, com o por exem plo, Tolerân cia Zero. É preciso lem brar
que no Brasil sem pre t ivem os políticas repr essivas e violent as de cont rol e social, viem os
de u m a dit adura m ilit ar on de as con st ant es violações de direit os h um an os eram
freqü en t es, e esse discu rso repressivo só faz aum ent ar e legitim ar prát icas an t igas qu e
ain da persist em n o Brasil.
Na próxim a aula você con hecer á os est udos da vitim ologia. A propost a é recon hecer os
processos de vitim ização que ocorrem com diferen t es gru pos soci ais e qu e sej a possível
pen sar polít icas pu bli cas qu e possam reduzir a vi tim ização conh ecendo os perfi s das
vítim as.
BARATA. Alessandro. Crim in ologia Crit ica e Cr itica a o D ire ito Pen al. Rio de Janeiro:
Revan . 2002.
BATI STA, Vera MAlaguti. D ifíceis g anh os fá ceis: d roga s e j uv en tu de pob re no Rio de
Ja n eiro . Rio de Janeiro: Revan , 2 ª . 2003 .
BELLI . Benoni . Tole râ n cia Zer o e a de m ocra cia no Br asil: v isões da segu ra n ça p ública
n a d é cada de 9 0 . São Paulo: Perspect iva, 20 04. Pg. 64.
CARVALHO . Salo de. Pe n a e Ga r an tia s. Rio de Janeiro : Lúm en Jú ris, 2003. Pg. 92.
CARVALHO, Am ilt on Bueno e CARVALHO, Salo de. Aplica ção da pe n a e Ga ra n t ism o. Rio de
Janeiro: Lúm en Júris. 2004.
HULSMAN. Louk. Pen a s Pe rdida s; o sist em a pen al e m qu e stã o. N ite r ói: Lua m . 2 ª e d.
1997.
PI NTO, Nalayn e Mendonça. En t revist a. “ Tolerância Zero” e Est ad o Mínim o Geram I n flação
Carcerária. Pun ição. Com Ciê n cia.
Revista Elet rônica De Jornalism o Científico.
51/59
Au la 6 : I nt r od uçã o a o Est udo d a Vitim ologia
2 . An ali sar est u dos de viti mi zação e pen sar políti cas direcion adas p ara r edução da
vul nerabilidade de det erm i nados grupos;
1 . Discutir quais gru pos no cenário nacional est ão em sit uação de risco e vulneráv eis a
vitim ização.
Ant es de com eçarm os o est udo dest a aul a, assist a no am bi en t e on-line ao vídeo com a
professora con vi dada Miriam Guin dani.
O últim o t em a a ser analisado nest a di sciplin a ser á a Viti mologia. Est es est udos são
i m port ant es par a su a form ação, pois at r av és das pesquisas de viti mi zação podem os
conhecer dados r ecolhidos sobre grupos e t ipos de vítim as m ais recorrent es. I st o im plica
dizer que as pesqu isas de vitim ização fornecem su bsídios para a form ulação de políticas
e est r at égias que possam ser direcion adas a redu ção dos ri scos em det erm inados casos
freqü en t es.
I m port a ressalt ar que as pesquisas est at íst icas e qu alit at ivas par a o m apeam en t o dos
índices de crim inalidade e violência são fun dam ent ais para a form ulação das polít icas
publicas de segurança.
Est ej a on de você est i ver nesse im enso Brasil , valorize e est im ule a pesqu isa e o
l evan t am en t o dos dados em sua região, pois a part ir deles poderem os pensar quais são
as m elhores est rat égias de ação e conhecer m elhor quem são os gru pos m ai s at in gidos
pel as di ferent es form as de viol ên ci a.
Boa aula!
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O holocaust o ocorrido du ran t e a I I Guerr a Mundial cham ou a at enção para o processo
brut al de vitim ização colet iva sofri da por j udeu s, cigan os, deficient es ent r e out ros. Em
1 94 7 Ben j am im Men delsohn, sobreviven t e do Holocaust o, propõe a vitim ologi a para
com preensão dos processos de vitim ização. Su a qu est ão inicial foi: Por qu e algum as
pessoas ou grupos t em t end ên ci as m aiores de se t ornarem vít im as?
Dessa form a Men delsohn inaugurou a preocupação de prev en ir processos vit im izan t es,
pesquisan do personalidades, com port am en t os, ocasião e form as de repar ação.
Rev en do um pouco o papel da vitim a na hist óri a do Ociden t e d est aca- se qu e em algum as
sociedades houve o prot agonism o da vítim a, ocorrendo a j ust iça privada. Mas a part ir do
Fin al da I dade Médi a, no Oci dent e i nicia- se u m a neut r alização d a vítim a, pois ocorre a
t ransf erência par a a I grej a e p ar a o Rei da punição. De i gu al m odo a form ação do Est ado
Moderno represent ou o afast am ent o da vít im a do processo pen al . O Est ado ch am ou par
si a adm ini st ração da j ust iça, e a vítim a passou a t er um papel subal t erno.
O t erm o vít im a do lati m Vict im a, qu e significa pessoa ou ani m al sacrifi cado, t alvez sej a
por i sso que a colet ivi dade en xerga a vít im a co m o perdedora, sofredora e co- responsável
pelos danos.
Ent ret an t o a vítim a é a aqu ela pessoa qu e sofre danos de ordem física, m ent al e
econôm ica, b em com o a que perde direit os fun dam ent ais, sej a em rel ação à violações de
direit os hum an os ou em razão de at os crim inosos.
Ben j am im Mendel sohn criou um a Tipologi a da Víti m a que sofreu du ras cri ticas porém é
u tili zada por est u diosos e advogados de d efesa, são el as:
1 - Vítim a com plet am ent e in ocen t e ou víti m a ideal = nada fez ou nada provocou ( ex:
in cêndio)
2 - Víti m a de culpabilidade ou por ign orância = im pulso involunt ário ( ex: abort o)
3 - Vítim a t ão culpável com o o infrat or ou volunt ária = consci ên ci a do at o (ex: sui cídio,
pact o de m ort e, eu t an ásia)
4 - Víti m a m ais culpável qu e o in frat or
Víti m a provocadora = incit ou o infrat or ( ex: adult ério explícito)
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Víti m a por im pru dência = aciden t e por falt a de cuidados ( ex: ál cool e direção)
5 - Víti m a unicam en t e cul pável
Víti m a i nfrat ora = com et e a infração por legít i m a defesa (ex: assassinat o do seu
est u prador)
Víti m a si m uladora = prem edit ou o at o e colocou a culpa no acusado ( ex: plan ej a
homi cídio do m arido com am ant e e si m ula u m roubo)
As críticas à Tipologi a da Vít im a refer em - se a form a est igm at izant e qu e a rot ul ação
produz, t ais com o:
“ Culpa é da vít im a! ”
“ Pediu para ser vit im izada! ”
“ Algu m a coisa ela fez para m er ecer isso! ”
“ On de há fum aça a fogo! ”
Conce it o de Vít im a ( Decl aração dos Prin cípios Básicos de Just iça Relat ivos às Vítim as
da Crim inalidade e de Abusos de Poder da ONU) .
“ Na expr essão víti m a est ão incluídos t am bém , quando apropriado, os fam iliares
ou pessoas d ep en dent es que t enh am r el ação im ediat a com a vítim a e as pessoas
que t en ham sofrido danos ao int ervir para dar assi st ência à vít im a em p erigo ou
par a prevenir a ação dan ifi cadora” ( ONU, 1 985)
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Lem brando qu e há crim es sem viti m as apar ent es: am bient as e econômicos por
exem plo.
VI TI M I ZAÇÃO
A viti mização pode ocorrer devido às caract eríst icas das p essoas ( sexo, cor, idade, local
de m oradia, et c) . Mas t am bém por aciden t es, exclu são social, guerras. No Brasil é
preciso dest acar qu e h á um a grande viti mização at é/ e principalm ent e no seio fam iliar.
Cont ribuindo para essa est igm at ização a m ídia, por ex em plo, em det erm inados casos
invade a privacidade e produz um a r epercu ssão social da violência sofrida o que reforça
ain da m ais a viti mização.
Nos casos de crianças ou m ulheres qu e sof rer am abusos sexu ais ou est upro há ain da a
revi t im ização, pois a cada vez que a vít im a t em que con t ar, e recon t ar inúm eras vezes a
violên cia que sofreu, ela sofre relem bran do o ocorrido.
Há t am bém u m a vit im ização ant erior, qu e m uit os crim in osos carreg am em su as vidas,
com o por exem plo, casos de adul tos pedófilos que sofreram abusos sexuais na infância,
delinqüent es que t i veram um a in fân ci a m ar cad a pela violência e pelo abandono
( exem plo: vitim ização an t erior dos in frat ores: nos lares, na t raj et ória de vida – vej a o
docum ent ári o Ônibu s 174 )
Tax a d e óbi t os da 20 ,3 2 8 ,4
população ( t odas
as f aixas) - Brasil
Tax a d e óbi t os da 34 ,5 5 4 ,7
população j uven il
( 1 5 a 24 anos) -
Brasil
Tax a d e óbi t os da 41 ,2 5 6 ,5
população ( t odas
as faixas) – Rio de
Janeiro)
Ta x a de óbit os 7 3 ,2 1 1 8 ,9
da popula çã o
j uv e nil ( 1 5 a 2 4
a nos) – Rio de
Ja ne iro
( Font e: JACOBO, 2 00 7)
* Tax a cal culada por cem m il habit ant es.
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Algu m as experiên cias t êm sido realizad as com a fi nalidade d e prom over políticas públicas
direcionadas par a a j uvent ude vul nerável, vale dest acar al gum as.
Ca so Be lo H orizont e
A referên cia t eórica que o proj et o “ Fi ca Vivo” ut iliza é a Teoria da desorganização social
ou Ecológi ca ( am bien t e desorden ado e fal t a de vínculos pri m ários de socialização e
instit uições f orm ais/ Escol a de Chicago) . Nesse sent ido a propost a é int erf erir n os
processos de socialização das com unidades vi olent as = prevenção social.
Proj et os de redu ção de vul nerabilidade
“ Fica vivo” = proj et o de pr evenção social redu ção da m ort alidade de j ovens em
agl om erados de BH. Em ár eas onde h á m aior concen t ração de crim es j uv enis e
h om icídios foram desenvol vidos proj et os de inserção at r av és de esport es, oficin as
e in serção no m ercado de t r abal ho.
Conh eça os dados do Mapa d a Viol ên ci a nos m uni cípios brasileiros e identifique que
políticas seri am m ais eficazes p ar a redução da vi tim ização j uvenil.
WAI SELFI SZ. .Julio Jacobo. M a pa da violê ncia dos m unicípios b ra sile iros Fever eiro
de 2 007. Di sponível em
h t t p: / / bvsm s.sau de. gov.br/ bvs/ pu bli cacoes/ m apa_ da_ viol enci a_bai xa1.pdf
57/59
O t ex t o dev e ser digit ado em folha A4, let ra arial ou tim es new 12 , ent re linhas 1 ,5.
Desen volver o t em a em at é 2 laudas. Ao ut ilizar as cit ações diret as dos aut ores, n ão
esquecer de colocar a ref erência, ex ( SOUZA, 20 08 , p. 67) . De m esm a form a ao fazer
par áfrase do au t or coloque seu nom e segu ido do an o. Ex: Segundo Sou za ( 20 08 ) a
crim in ologi a...
Colocar ao fi nal do t rabalho as refer ências consult adas conform e o m odelo de bibliografia
que const a da bi bliografia geral do curso.
Te m a : No que consist e a Vitim ologia (seu obj et o e suas f inalidades) ? Podem os f alar de
vitim ização de “ grupos sociais” no Brasil ? ( Dê ex em plos e an alise casos de vit im ização n o
Brasil)
Ori en t ações sobre a realização do t rabalho podem ser obt i das com o professor on -line
Conh eça program as direcionados a j ovens com a int enção de proporcion ar u m a redução
vul nerabilidade, oferecen do program as edu cat ivos e de acom panh am en t o soci al.
FI CA VI VO:
h t t p: / / www.seds.m g.gov.br/ in dex.php?opti on= com _ cont ent &t ask= view&id= 2 83&I t em id
= 1 17
LUTA PELA PAZ: ht t p: / / www.figh t forpeace.net / hom e_pt .ph p
AFROREGGAE: ht t p: / / www.afroreggae.org.br/
58/59
REFERÊN CI AS PARA ESTUDOS DE VI TI M I ZAÇÃO DE JOVEN S:
CESEC. Form a ndo um a Tropa de Elite na Polícia pa ra Tra ba lha r com Jov e ns:
Proj e t o Juve nt ude e Polícia - Ca pa cit a çã o 2 0 0 7 . Disponível em :
h t t p: / / www.ucam cesec. com .br/ pb_ t xt _ dwn.php
CESEC. Pe rfil dos Jove ns e m Conflit o com a Le i n o Rio de Ja ne iro. Di sponível em :
h t t p: / / www.ucam cesec. com .br/ pb_ t xt _ dwn.php
COMUNI DADE SEGURA. Cria nça s e j ove ns e m violê ncia a rm a da orga niza da .
Di sponível em :
h t t p: / / www.com uni dadesegu ra.org/ ?q= pt / t axonom y_m en u/ 15 / 157 / 21 8
DECLARAÇÃO DOS PRI NCÍ PI OS BÁSI COS DE JUSTI ÇA RELATI VOS ÀS VÍ TI MAS DA
CRI MI NALI DADE E DE ABUSOS DE PODER DA ONU.
h t t p: / / www.dh net .org.br/ direitos/ sip/ onu/ fpena/ pbasic2.h t m
DOWDNEY, Luke . N e m gue rra ne m pa z: Com pa ra çõe s int e rna ciona is de Cria nça s
e Jove n s e m Violê ncia Arm a da Orga niza da . Disponível em :
h t t p: / / www.com uni dadesegu ra.org/ ?q= pt / t axonom y_m en u/ 15 / 157 / 21 8
DOWDNEY, Luke. Cria nça s do t rá fico.
h t t p: / / www.necvu.ifcs.u frj .br/ arqu ivos/ livrolu kecri an cas_do_t rafico.pdf
FEFFERMANN, Marisa. Vida s Ar risca da s. O cot idia n o de j ove ns tra ba lha dore s do
t rá fico. Pet rópolis: Vozes, 20 06 .
ZALUAR, Alba. A m á qu ina e a Re volta . São Paulo: Brasilien se, 1 985.
ZALUAR, Alba. Droga s e Cida da n ia . São Paulo: Brasiliense, 1999.
ZALUAR, Alba. I nt e gra çã o pe rv e r sa : pob re za e t rá fico de droga s. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.
59/59