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Operações Unitárias III

Área III
Produção de Álcool Anidro

ITA02224 - A
Gustavo Pires Costa
pires.costa@ufrgs.br
Produção de Álcool Anidro
Geralmente, na indústria do álcool no Brasil, o álcool anidro é
resultado da desidratação do álcool hidratado. Portanto, o
álcool anidro é álcool etílico quase completamente isento de
água.
Para se fazer a desidratação do álcool em escala industrial,
podem ser empregados os seguintes métodos:
 Destilação azeotrópica;
 Destilação extrativa;
 Adsorção em peneiras moleculares;
 Pervaporação em membranas.
Produção de Álcool Anidro
Destilação azeotrópica
Qualquer tentativa de se purificar o álcool hidratado através de
uma destilação simples a concentrações maiores que 96,5ºGL é falha,
porque o álcool e a água contida nele formam uma mistura chamada
mistura azeotrópica.

Misturas azeotrópicas caracterizam-se por terem o mesmo teor


de seus ingredientes tanto na fase líquida quanto na fase vapor. Para
que uma destilação simples funcione como um processo de
purificação, é necessário que a fase vapor da mistura seja mais rica
na substância que se quer purificar, por exemplo álcool, em
comparação com o teor de álcool que está na fase líquida. Como uma
mistura azeotrópica não apresenta esse enriquecimento da fase
vapor, não ocorre purificação.
Destilação azeotrópica
Para contornar isso, a destilação azeotrópica é uma solução.
Este método consiste em juntar ao álcool hidratado um
composto que forme uma segunda mistura azeotrópica com a
água e o álcool, e que seja ao mesmo tempo pouco miscível
com água quando frio. Este composto é chamado de arrastador
e geralmente é um solvente não-miscível com a água derivado
do petróleo. Um exemplo de solvente bastante utilizado é o
benzeno, mas por ser tóxico e cancerígeno está sendo
substituído pelo ciclohexano e outros solventes.
Destilação azeotrópica
Os equipamentos industriais principais neste tipo de solução
são: coluna de desidratação (Coluna A), decantador e coluna de
recuperação de arrastador (Coluna P).
Destilação azeotrópica
Na Coluna A, o arrastador, por exemplo o ciclohexano, é
adicionado no topo. Este produto tem a capacidade de formar
uma mistura azeotrópica ternária, ciclohexano-água-álcool, com
ponto de “ebulição” inferior ao do álcool anidro. Por causa
desse ponto de “ebulição” inferior, a mistura azeotrópica vai
para o topo da coluna. O álcool anidro é retirado do fundo da
coluna com aproximadamente 99,7°GL.
Destilação azeotrópica
A mistura azeotrópica ciclohexano-água-álcool retirada do
topo é condensada e encaminhada a um decantador instalado
na parte superior do corpo da Coluna A, onde se formam duas
fases: uma superior, rica em ciclohexano, que retorna à coluna,
e outra inferior, rica em água, que é enviada à Coluna P. A
Coluna P faz a recuperação do ciclohexano presente na água.
Destilação extrativa
Tecnicamente, a destilação extrativa é um processo de purificação
no qual se usa um solvente para melhorar a eficiência de separação,
com o aumento da volatilidade relativa de um ou mais componentes.
Quanto a usar um solvente, é semelhante à destilação azeotrópica,
mas aqui na destilação extrativa não ocorre nenhuma formação de
mistura ou misturas azeotrópicas.
Na destilação do álcool hidratado, o solvente funciona como uma
terceira substância dentro da coluna destiladora (as outras duas
substâncias são o álcool anidro e a água). Esse solvente mistura-se
melhor com a água e juntos escoam para o fundo da coluna porque a
mistura dos dois é menos volátil do que o álcool. Enquanto isso o
álcool, mais volátil, vai para o topo da coluna.
Destilação extrativa
Dentre os solventes usados no processo de desidratação de
álcool, pode-se citar a glicerina e o etilenoglicol. Este último
solvente é o mais usado atualmente. O etilenoglicol (ou
monoetilenoglicol) pode ser usado puro ou misturado com
substâncias salinas.
Destilação extrativa
Adsorção em peneiras moleculares
Uma outra forma de separar a água do álcool hidratado e
formar álcool anidro é pelo uso de peneiras moleculares.
As peneiras moleculares são zeólitas, que por sua vez são
compostos de alumínio e silício com alto grau de ordenação a
nível microscópico. Existem zeólitas naturais e sintéticas; as
sintéticas são as utilizadas para a obtenção de álcool anidro a
partir de álcool hidratado.
Geralmente apresentam-se como partículas do tamanho de
ervilhas. A característica principal das zeólitas sintéticas é ter
poros microscópicos de diâmetro preciso e área superficial
específica bastante grande.
Adsorção em peneiras moleculares
As zeólitas usadas no processo de desidratação do álcool
têm poros de diâmetro de geralmente 3 angstroms (1 angstrom
= 10-10 m). Esse diâmetro de poro é muito pequeno para
moléculas de álcool, que têm cerca de 4,4 angstroms de
diâmetro, mas são suficientemente grandes para que moléculas
de água, que têm cerca de 2,8 angstroms de diâmetro, entrem,
percorram pelos poros e se adsorvam na grande área interna da
zeólita. É este método seletivo das peneiras moleculares o
responsável pelo termo “peneira” em sua denominação.
Adsorção em peneiras moleculares
No processo de purificação do álcool hidratado, a adsorção é
um tipo de interação física, que pode ser rapidamente formada
e desfeita. A ligação entre a água e a superfície interna da
zeólita é um fenômeno de adsorção, que ocorre pelo simples
contato entre elas, como se aderissem entre si. A separação se
dá ou por aumento de temperatura ou por diminuição de
pressão. Quando a água que estava adsorvida na zeólita se
separa dela, diz-se que ocorreu a regeneração da zeólita.
Adsorção em peneiras moleculares
Os sistemas industriais de desidratação do álcool por este
processo são compostos por dois ou mais tanques repletos com
as partículas de zeólitas. O álcool hidratado é pressurizado,
vaporizado e injetado em um dos tanques. Na saída do tanque,
recolhe-se o vapor de álcool anidro, que é condensado.
Enquanto isso, a água vai sendo adsorvida nas zeólitas. Quando
a capacidade de adsorção de água neste tanque se esgota, um
segundo tanque entra em ação enquanto o primeiro é evacuado
a baixas pressões para a eliminação da água e regeneração das
zeólitas. Os tanques de zeólitas ficam desta forma se alternando
continuamente entre adsorção e regeneração.
Adsorção em peneiras moleculares
Como não há o uso de solvente neste processo, o álcool
anidro resultante é isento de contaminantes.
Pervaporação em membranas
Dentre os processo de desidratação do álcool hidratado, a
pervaporação em membranas é o processo que consome
menos energia.
A pervaporação é a combinação de permeação de
membrana com evaporação. Ela envolve a separação da água e
do álcool pela diferença da permeabilidade entre eles através
de uma fina membrana de material polimérico. Também é
aplicado vácuo no lado do permeado, acoplado a uma
condensação imediata dos vapores. É semelhante a um
processo de filtração a vácuo, diferindo apenas por causa da
membrana, que não é porosa.
Pervaporação em membranas
Pervaporação em membranas
Neste método de desidratação, o álcool hidratado é enviado
para uma unidade de pervaporação, que pode ser composta
por uma bateria de membranas. Nessa unidade, a água separa-
se do álcool por permeação seletiva: a membrana permite à
água permeá-la bem mais facilmente do que ao álcool. O
permeado, que contém basicamente água e traços de álcool,
está na forma de vapor por causa do vácuo. Ele é condensado e
retorna à coluna do flegma, de onde veio o álcool hidratado. O
retentado é o álcool anidro, que apenas passa por um
resfriamento antes de ir para o setor de armazenagem.
Pervaporação em membranas
Da mesma forma que a desidratação por peneira molecular,
o álcool anidro resultante deste processo é isento de
contaminantes.

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