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Dano Moral "in re ipsa”

por ACS — publicado há 2 anos


Como regra geral de reparação de danos, em nosso ordenamento jurídico, quem ajuiza ação
solicitando indenização ou reparação deve provar o prejuízo que sofreu. Todavia, em algumas
situações o dano moral pode ser presumido, ou “in re ipsa”, expressão em latim utilizada pela
linguagem jurídica. Nestes casos, basta que o autor prove a prática do ato ilícito, que o dano
está configurado, não sendo necessário comprovar a violação dos direitos da personalidade,
que seria uma lesão à sua imagem, honra subjetiva ou privacidade.
Um exemplo clássico é a inscrição indevida de alguém em cadastro de restrição de crédito. É
muito comum que empresas efetuem cobranças de valores que não são devidos e acabam por
enviar o nome do cliente para o Serasa. Como para essa hipótese o dano moral é presumido, a
pessoa não precisa provar que passou vergonha ao solicitar um crédito ou ter a negativa pela
restrição que consta em seu nome. Nesse caso, basta que comprove que a cobrança não
procede, pois a simples restrição indevida pela empresa já implica na ocorrência de um
sofrimento moral.
Outro caso no qual a jurisprudência dos tribunais admite presunção do dano moral é no
overbooking, prática das empresas aéreas em vender mais passagens do que a capacidade da
aeronave, ocasião na qual alguns passageiros ficam impossibilitados de viajar.
Veja o que diz a lei:
Código Civil - Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o
quarto grau.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Constituição Federal de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
...
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
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