Você está na página 1de 8

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E GERENCIAIS ALVES FORTES

10º PERÍODO DE DIREITO

Alicia Marques Ozasa


Igor de Murta Mello
Ingrid Aparecida da Paz Sendon
Maria Clara Silva Elmais Regazi

O DEVER DE INFORMAÇÃO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Além Paraíba
2021
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 O PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CON-


SUMIDOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

3 O PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1 A MÁ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELEFONIA FIXA . . . . . . 4

4 O PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4.1 TJDFT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4.2 STJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Referências: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento na relação de consumo, é de extrema importância para a relação


humana e imprescindível para o aprimoramento legítimo, sendo assim aniquila acordos
feitos de forma informal, sem uma certa explicação das regras. Podemos ver que no Código
de Defesa do Consumidor (CDC), o direito de informação se dispõe no inciso III do art. 6º,
sendo considerado direito básico do consumidor. In Verbis:
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. (BRASIL,
2021).

O fornecedor é responsável por fornecer informações suficientes e permanentes


sobre os produtos ou serviços fornecidos e todos os aspectos do contrato. Desta forma,
o consumidor pode ter a certeza de fazer uma escolha consciente, que lhe permitirá ir de
encontro às expectativas geradas na celebração da transação.
3

2 O PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O direito básico de informação constitui importante ferramenta de equilíbrio entre


as partes na relação de consumo, possibilitando ao consumidor a escolha consciente
dos produtos ou serviços disponíveis no mercado, na medida em que anula, em tese, a
sua vulnerabilidade informacional. Breves considerações sobre a origem constitucional da
proteção ao consumidor e do Código de Defesa do Consumidor.
A proteção do consumidor nas relações de consumo é medida decorrente de man-
damento constitucional expresso, uma vez que o legislador constituinte de 1988 erigiu a
sua defesa ao status de norma de direito fundamental e, ao mesmo tempo, a princípio geral
da ordem econômica. Confira-se:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes (. . . )
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. (. . . )
Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: (. . . ).

O direito à informação é o caminho para tornar a relação de consumo mais equilibrada


e justo para ambas as partes, direito que está diretamente ligado à relação de boa-fé entre
as partes, ou seja, a existência de uma negociação verdadeira e honesta, devendo em uma
negociação ser apresentada todas as informações contratuais de forma clara e objetiva,
sendo capaz de deixar o consumidor ciente de todos os riscos e obrigações que podem
acontecer no decorrer da prestação do serviço ou do produto adquirido.
4

3 O PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA

Atualmente se vive num mundo globalizado em que a tecnologia a cada dia caminha
a passos cada vez mais largos, percebe-se que a informação circula com maior velocidade
por estar difundida nos mais variados meios de comunicação que a massificam com muito
mais intensidade, fazendo com que a informação passe “a ter uma relevância jurídica antes
não reconhecida”.
O princípio da transparência consagra que o consumidor tem o direito de ser in-
formado sobre todos os aspectos de serviço ou produto exposto ao consumo, traduzindo
assim no princípio da informação.
Havendo omissão de informação relevante ao consumidor em cláusula contratual,
prevalece a interpretação do artigo 47 do CDC, que retrata que as cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneiras favoráveis ao consumidor.

3.1 A MÁ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELEFONIA FIXA

A notória má prestação dos serviços oferecidos pelas empresas concessionárias


dos serviços de telefonia fixa provocou a indignação dos cidadãos e geraram milhares de
reclamações no IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor), Procons e demais
órgãos de defesa do consumidor, levando a Assembléia Legislativa do Estado de São
Paulo, em abril de 1999, a instalar uma CPI sobre os serviços de telefonia. Os problemas
eram diversos, indo desde cobranças por ligações não efetuadas, até cortes de serviço
injustificados.
É dever da empresa informar o consumidor sobre o valor que está pagando pelo
serviço acessado, disponibilizando gravação ou mesmo comunicação por escrito sobre o
valor desse serviço, conforme determina o art. 31 do Código de Defesa do Consumidor.
A Resolução nº 85, da Anatel, em seu artigo 12, inciso IV, determina que o usuário
do serviço de telefonia tem direito à informação adequada sobre as condições de prestação
do serviço em suas várias modalidades, bem como de suas facilidades, comodidades
adicionais e tarifas.
Além disso, o usuário do serviço telefônico tem direito ao conhecimento prévio de
toda e qualquer alteração nas condições de prestação do serviço que lhe atinja direta ou
indiretamente, conforme o inciso VI do art. 12 da Resolução nº 85 da Anatel” (Regulamento
do Serviço Telefônico Fixo Comutado).
5

4 O PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO

“(. . . ) 5. É dever do fornecedor nas relações de consumo manter o consumidor


informado permanentemente e de forma adequada sobre todos os aspectos da
relação contratual. O direito à informação visa assegurar ao consumidor uma
escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou
serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de
consentimento informado ou vontade qualificada.”

Acórdão 1087911, 07072753420178070020, Relator: ARNALDO CORRÊA SILVA,


Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, data de julgamento:
11/4/2018, publicado no DJE: 17/4/2018;
Acórdão 1312630, 07156455420208070001, Relator: JOÃO EGMONT, Segunda
Turma Cível, data de julgamento: 27/1/2021, publicado no DJE: 8/2/2021;
Acórdão 1309726, 07130076420198070007, Relator: MARIO-ZAM BELMIRO, Oitava
Turma Cível, data de julgamento: 16/12/2020, publicado no DJE: 21/1/2021;
Acórdão 1300934, 07026055520188070007, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO,
Oitava Turma Cível, data de julgamento: 12/11/2020, publicado no PJe: 20/11/2020;
Acórdão 1264637, 07072064920198070014, Relator: ASIEL HENRIQUE DE SOUSA,
Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, data de julgamento:
13/7/2020, publicado no DJE: 27/7/2020;
Acórdão 1237334, 07116124920198070003, Relator: ROBERTO FREITAS, Terceira
Turma Cível, data de julgamento: 11/3/2020, publicado no PJe: 23/3/2020.

4.1 TJDFT

Cumprimento da mera formalidade do dever de informação - finalidade não atingida -


violação aos princípios consumeristas.
“(. . . ) 3. Embora tenha havido o cumprimento da mera formalidade do dever de
informação, a sua finalidade não foi atingida, pois restou clara a impossibilidade da
leitura do conteúdo da embalagem, acarretando ofensa aos princípios consagrados
no CDC. Como é sabido, a informação deve ser clara, precisa e ostensiva sobre
os possíveis riscos à saúde que um produto pode causar às suas consumidoras,
sob pena da empresa fabricante responder civilmente por eventual dano sofrido.”

Acórdão 1253903, 07394669220178070001, Relator: JOSAPHA FRANCISCO DOS


SANTOS, Quinta Turma Cível, data de julgamento: 3/6/2020, publicado no DJE: 17/6/2020.

4.2 STJ

Publicidade enganosa – quebra de confiança – dano moral coletivo.


“(. . . ) 7. O Código de Defesa do Consumidor é enfático ao estabelecer que os
produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à
saúde ou segurança dos consumidores, obrigando os fornecedores, em qualquer
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito;
(art. 8º). (. . . ) 11. A publicidade comercial da recorrente inseria informações enga-
nosas do preço dos produtos e anunciava mercadorias que sequer existiam nas
Capítulo 4. O PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO 6

suas prateleiras para venda, tudo para atrair o maior número de consumidores,
que eram ludibriados pelas condições supostamente favoráveis do fornecedor.
Está evidenciada a total quebra de confiança na relação com o consumidor,
porque a sobreposição de etiquetas, para falsamente postergar data de vencimento
de produtos, e a exposição a venda de alimentos sabidamente deteriorados
constituem grave e odiosa ofensa à garantia da segurança alimentar de todos
que confiaram na qualidade da comida que compraram. Reconhecida a máxima
gravidade da conduta ilícita praticada, mantém-se o valor arbitrado pelas instâncias
ordinárias de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a título de danos morais
coletivos.” EREsp 1799346/SP.
7

Referências:

Código de Defesa ao Consumidor (BRASIL, 2021).


Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990.
CARVALHO, Luis Gustavo Grandinetti Castanho de. A informação como bem de
consumo. Revista Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor. Vol. 41, jan.-
mar./2002, p. 256.

Você também pode gostar