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Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Tomar - Licenciatura

em Conservação e Restauro 2022/2023


Relatório 1
Análise de pigmentos de uma escultura recorrendo a espectrofotometria
Unidade Curricular: Métodos de Exame e Análise
Docente: António João Cruz
Trabalho realizado por: Miguel Espada Ferreira nº21106

Resumo
A prática laboratorial realizada teve como objetivo a análise de dados obtidos por meio de um
colorímetro a amostras de um pigmento de uma escultura. Pretendeu-se efetuar a análise desses
mesmos dados, com a finalidade de comparar o pigmento em diferentes zonas da escultura, e de
o identificar através da comparação dos dados obtidos com os de uma base de dados.

1. Materiais e equipamentos
Colorímetro Datacolor CHECK3
Escultura em gesso policromada

2. Procedimento experimental
1- Ligou-se o colorímetro;
2- Foi utilizado o iluminante D-65 (simula a luz solar), o tipo de abertura SAV (Small
Area View, 10mm iluminados, 6.5 mm medidos) e a definição SCE (Specular Component
Excluded) do colorímetro (somente é medida a reflexão difusa, excluindo a reflexão especular
de maneira a avaliar a cor do objeto que corelaciona com a perceção visual);
3- Calibrou-se o dispositivo, com os respetivos padrões (preto e branco) específicos
para este modelo de colorímetro. Encostou-se o colorímetro aos padrões horizontalmente de
forma ao sensor ficar em contacto com a superfície dos padrões e aguardou-se até emitir um
sinal sonoro indicando que a calibração tinha sido concluída.
4- Selecionou-se o parâmetro de reflectância obtendo um espectro em forma de tabela
por percentagem (reflectância) e de 10 em 10 nm (comprimento de onda) dos 400 nm até aos
700 nm;
5- Iniciou-se a medição do espectro de reflectância da cor encostando o colorímetro a
uma zona na escultura com menos irregularidades possíveis sem exercer muita pressão e com o
auxílio da janela de observação no colorímetro, garantindo-se que a superfície da policromia
estava em contacto completo com o sensor;
6- Pressionou-se o botão vermelho, na face lateral direita do colorímetro, para iniciar as
medições e aguardou-se até o colorímetro emitir um sinal sonoro indicando que as medições
tinham sido concluídas;
7- Os valores resultantes foram apresentados no ecrã do colorímetro e foram registados
através de fotografias;
8- Este processo foi feito 3 vezes em duas zonas diferentes.

3. Resultados

Figura 1 - Recolha de amostras Figura 2 - Mapeamentos das amostras

Comparação das amostras


Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

18
16
14
Reflectância (%)

12
10
8
6
4
2
0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)
Figura 3 - Espectros de reflectância das amostras
Depois de uma análise dos espectros concluiu-se que as amostras são bastante semelhantes e por
essa razão serão abordadas em conjunto com algumas exempções. A amostra 2 foi utilizada
como amostra de referência.
Amostras
Tabela 1 - Análise do espectro de reflectância amostra 2

Em todas as amostras observa-se um aumento constante


Espectro de reflectância (R)
a partir dos 400 nm até atingir o máximo de reflectância
R
nos 500 nm. A partir desse ponto a percentagem de R elevada R transição
reduzida
reflectância reduz e nos 630 – 650 nm acaba por ter 490-510 510-640 640-700
uma descida ténue e continua até ao final do espectro nm nm nm
visível (700 nm). Máximo de R
Estes comprimentos de onda ficam no intervalo entre o ≈17% a 500 nm
Mínimo de R
azul e o verde visto que o máximo das amostras se
≈9% a 700 nm
encontra nos 500 nm e esta ser uma “zona de transição”
das mesmas.
Este resultado é expectável pois a escultura apresenta uma matiz entre o azul e o verde após a
observação à vista desarmada.

Amostra 2
18

16

14
Reflectância (%)

12

10

0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)
Figura 4 - Espectro de refletância da amostra 2

Interpretação de resultados
Comparação das amostras
Como foi referido anteriormente, embora tenham sido recolhidas de 2 zonas diferentes na
escultura, não se notou diferenças significativas entre as amostras à parte de um índice de
reflectância um pouco mais baixo na amostra 1 entre os 400nm e 460 nm e entre 620 nm e os
700 nm. Não foi possível chegar a uma conclusão sobre esse índice mais baixo podendo ser
diferenças na limpeza da escultura ou existir diferenças na mistura dos pigmentos.
amostra 1 amostra 2

18

16

14

12
Reflectância (%)

10

0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)
Figura 5 - Comparação dos espectros de reflectância das amostras

Tabela 2 - Análise do espectro de reflectância da amostra 1

Espectro de reflectância (R)


R R
R elevada
transição reduzida
490-510 510-630 630-700
nm nm nm
Máximio de R
≈17% a 500 nm
Mínimo de R
≈9% a 700 nm

Identificação dos pigmentos


Para ser possível a identificação dos pigmentos, os dados obtidos no espectro de reflectância
foram comparados a gráficos/dados de vários pigmentos que se podiam assimilar à matiz em
estudo. Neste caso foi necessário comparar com diferentes pigmentos verdes com o objetivo de
encontrar um comprimento de onda semelhante .
Os pigmentos analisados foram:

• Verdigris
• Phthalo green
• Viridian
verdigris phthalo green viridian amostra 2

45

40

35

30
Reflectância (%)

25

20

15

10

0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)
Figura 6 - Comparação do espectro de reflectância da amostra 2 com os dos pigmentos verdigris, phthalo green e viridian

Somente através da análise do gráfico, observa-se que os pigmentos que mais correspondem são
o Verdigris e o Phthalo Green pois o máximo e o mínimo coincidem com a amostra.
O pigmento em questão não é um verde puro visto que ainda abrange um pouco de azul e
amarelo por isso é considerado uma mistura.

Conclusão
Durante a realização deste trabalho foi possível entender que se pode identificar pigmentos e
misturas de pigmentos através dos espectros de reflectância.
Conclui-se então que o pigmento usado na policromia da escultura é provavelmente Verdigris
visto julgar-se que a escultura faça parte do barroco (XVII - XVIII), época em que o Phthalo
green não existia (produção comercial em 1938).
Bibliografia

Basilissi, G. (n.d.). Green Pigments. DRS IFAC CNR. Consultado em Março 16, 2023, em:
https://spectradb.ifac.cnr.it/drs/tabellaverdi.php
Cultural Heritage Science Open Source. (2022). Pigment Checke. Consultado em Março 14,
2023, em: https://chsopensource.org/pigments-checker/
Datacolor. (2023, March 9). Check 3. Datacolor. Consultado em Março 14, 2023, em:
https://www.datacolor.com/business-solutions/product/check3/
Understanding specular component included (SCI) and specular component excluded (SCE).
Konica Minolta Color, Light, and Display Measuring Instruments. Consultado em Março 15,
2023, em: https://sensing.konicaminolta.asia/specular-component-included-sci-vs-specular-
component-excluded-sce/

Anexos

Amostra 1
18

16

14
Reflectância (%)

12

10

0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)

Figura 7 - Espectro de reflectância da amostra 1


Amostra 3
18

16

14

12
Reflectância (%)

10

0
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700
Comprimento de onda (nm)

Figura 8 - Espectro de reflectância da amostra 3

Tabela 3 - Análise do espectro de reflectância da amostra 3

Espectro de reflectância (R)


R elevada R transição R reduzida
490-510 510-650 650-700
nm nm nm
Máximio de R
≈17% a 500 nm
Mínimo de R
≈9% a 700 nm
Tabela 4 - Valores dos espectros de reflectância das amostras

Reflectância (%)
Comprimento de onda (nm)
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
400 11,29 12,23 12,06
410 11,8 12,67 12,5
420 12,47 13,26 13,07
430 13,4 14,1 13,88
440 14,13 14,7 14,5
450 14,82 15,29 15,12
460 15,5 15,85 15,68
470 15,94 16,17 16,01
480 16,32 16,42 16,29
490 16,56 16,57 16,47
500 16,69 16,63 16,57
510 16,65 16,53 16,52
520 16,45 16,28 16,34
530 16,06 15,92 16,01
540 15,59 15,48 15,63
550 15,03 14,94 15,12
560 14,45 14,4 14,63
570 13,75 13,75 14
580 13,08 13,19 13,44
590 12,47 12,63 12,89
600 11,85 12,07 12,31
610 11,29 11,54 11,76
620 10,78 11,09 11,31
630 10,38 10,76 10,93
640 10,08 10,44 10,64
650 9,78 10,15 10,36
660 9,59 9,96 10,17
670 9,44 9,82 10,02
680 9,32 9,71 9,87
690 9,08 9,46 9,62
700 8,93 9,3 9,46
Tabela 5 - Valores dos espectros de reflectância dos pigmentos verdigris, phthalo green, viridian e amostra 2

Reflectância (%)
Comprimento de onda (nm) phthalo
verdigris viridian amostra 2
green
400 23,7 7,2 18,2 12,23
410 25,5 7,2 16,8 12,67
420 27,3 7,3 16 13,26
430 28,6 7,3 15,6 14,1
440 30,3 7,4 15,7 14,7
450 32,1 7,6 16,2 15,29
460 34,4 7,9 17 15,85
470 36,9 8,5 17,9 16,17
480 39,5 9,2 18,8 16,42
490 41,1 10,2 20,1 16,57
500 41,3 10,4 21,6 16,63
510 39,8 9,8 22,8 16,53
520 37,4 9 22,4 16,28
530 35,1 8,4 21 15,92
540 33 7,9 19,3 15,48
550 31,1 7,6 18 14,94
560 29,6 7,4 17,1 14,4
570 28 7,2 16,4 13,75
580 26,5 7 15,8 13,19
590 25,1 6,9 15,6 12,63
600 23,7 6,8 15,4 12,07
610 22,6 6,8 15,3 11,54
620 21,4 6,8 15,2 11,09
630 20,4 6,7 15,1 10,76
640 19,6 6,7 15,2 10,44
650 18,9 6,7 15,4 10,15
660 18,3 6,7 15,6 9,96
670 17,8 6,7 15,7 9,82
680 17,4 6,8 16,2 9,71
690 17,1 6,8 16,7 9,46
700 16,8 6,8 17,1 9,3

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