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aspectos históricos e
filosóficos
DRA. MARIANA MACHADO
"Por que as pessoas se
comportam de
determinada maneira ?
"
TH
I
Contexto histórico
Todas as ciências – a astronomia, a física, a química e a biologia – tiveram suas origens na
filosofia e posteriormente se separaram dela.
A filosofia raciocina a partir de pressupostos para chegar a conclusões. Seus argumentos assumem a forma: “Se isto
fosse assim, então aquilo seria assim”.
A ciência segue na direção oposta: “Isto é observado; o que poderia ser verdade que levaria a tal observação, e a quais
outras observações isso levaria?”.
A verdade filosófica é absoluta; contanto que os pressupostos sejam enunciados e o raciocínio esteja correto, as
conclusões devem seguir-se.
A verdade científica é sempre relativa e provisória; ela é relativa à observação e passível de ser desmentida por novas
observações. Durante muito tempo, os astrônomos pensaram que havia apenas sete planetas, mas um oitavo e um nono
foram descobertos.
A construção da IV
ciência
Galileu Galilei (1564-1642) Galileu, Newton e as leis da física Antoine Lavoisier (1743-1794), entre
apontou um telescópio para a lua, além de outros pensadores do outros, desenvolveu o conceito de oxigênio
observou que sua paisagem Iluminismo romperam com a a partir da observação cuidadosa de pesos.
marcada por crateras estava longe filosofia. Lavoisier descobriu que quando o chumbo,
de ser a esfera perfeita imaginada um metal, é queimado em um recipiente
pelos filósofos. fechado e transformado em pó amarelo
(óxido de chumbo), esse pó pesa mais do
que o metal original, e, no entanto, todo o
recipiente conserva o mesmo peso.
Biologia
Fisiologistas do século XVII
William Harvey (1578-1657) descobriu o que parecia mais o funcionamento de uma
máquina do que uma misteriosa força vital. Parecia que o coração funcionava como uma
bomba, circulando o sangue através das artérias e tecidos e voltando pelas veias. Como
na física e na química, esse raciocínio deixou de lado os hipotéticos pressupostos dos
filósofos e usava como referencial apenas as observações de fenômenos naturais
Charles Darwin
Quando Charles Darwin (1809-1882) publicou sua teoria da evolução por seleção natural
em 1859, ela despertou um furor. Algumas pessoas se ofenderam, pois a teoria ia contra o
relato bíblico de que Deus criara todas as plantas e animais em alguns dias. Até alguns
geólogos e biólogos se chocaram com Darwin.
Checagem de evidências
Familiarizados com as avassaladoras evidências provenientes do estudo dos fósseis
acerca do surgimento e da extinção de muitas espécies, esses cientistas já estavam
convencidos de que a evolução ocorria.
Rompimento com a
filosofia
Até a década de 1940, poucas universidades tinham um
departamento separado de psicologia, e os professores de
psicologia costumavam ser encontrados no departamento de
filosofia.
Watson, 1913/1965
Em 1913, J. B. Watson
publica um artigo agora clássico “Psychology As The
Behaviorist Views It” (“A Psicologia Como o
Behaviorista a Vê”), conhecido hoje como uma
espécie de “manifesto behaviorista”, no qual
explicitamente anuncia o rompimento com a forma de
fazer Psicologia até então estabelecida. Divergia em
relação ao objeto a ser adotado (substituindo a
A Psicologia como o
behaviorista a vê
Watson articulou a crescente insatisfação dos psicólogos com a
introspecção e a analogia como métodos. Queixava-se de que a
introspecção, diferentemente dos métodos da física ou da
química, dependia excessivamente do indivíduo:
Se você não conseguir reproduzir minhas descobertas... é porque sua
introspecção não foi bem treinada. Ataca-se o observador, e não a situação
experimental. Na física e na química, atacam-se as condições experimentais.
O equipamento não era sensível o suficiente, foram utilizados produtos
químicos impuros, etc. Nessas ciências, uma técnica melhor irá gerar
resultados passíveis de reprodução. Na psicologia é diferente. Se você não é
capaz de observar de 3 a 9 estados de clareza na atenção, sua introspecção é
deficiente. Se, por outro lado, um sentimento parece razoavelmente claro
para você, sua introspecção é novamente a culpada. Você está vendo demais.
Os sentimentos nunca são claros. (p. 163)
TH
Behaviorismo
A nova Psicologia de Watson
Sob o rótulo de “Behaviorismo”, Watson empreendeu atividades muito diversas. Estabeleceu uma justificativa filosófica
para sua nova Psicologia (como o próprio manifesto de 1913), adotou estratégias de pesquisa empírica, especialmente em
laboratório, para construir os princípios de uma ciência comportamental, como os trabalhos sobre aquisição de
comportamentos de “medo” e de outras atividades emocionais em crianças (Watson, 1924/1958) e criou estratégias de
intervenção, derivadas dos princípios científicos do comportamento, como suas seminais técnicas de propaganda
(Marcos e Carvalho Neto, 2001).
Behaviorismo
A nova Psicologia de Watson
A chamada escola behaviorista posterior a Watson, “neobehaviorista”, com autores como Hull, Tolman, Lashley, Spencer,
Guthrie, Boring e Stevens, também manteve uma grande diversidade de atividades sob o mesmo guarda-chuva
terminológico. Dessa forma, a palavra “Behaviorismo” poderia designar uma filosofia, um método, uma explicação, uma
técnica, um tipo de intervenção e até uma posição política.
Controvérsias
Novos termos
Essa ciência do comportamento que Watson idealizou não usaria nenhum dos termos tradicionais que se referem à
mente e à consciência, evitaria a subjetividade da introspecção e das analogias entre animais e humanos e estudaria
apenas o comportamento objetivamente observável.
Contudo, mesmo na época de Watson, os behavioristas já debatiam sobre a correção dessa receita. Não estava claro o
que significava objetivo ou o que exatamente constituía o comportamento. Uma vez que esses termos foram deixados
abertos à interpretação, as ideias dos behavioristas sobre o que constitui ciência e como definir comportamento
variaram.
Behaviorismo radical
ou Skinneriano
Na década de 30 do século 20, Skinner iniciou seus trabalhos em Psicologia em duas frentes durante o seu doutoramento: de
um lado, realizou uma pesquisa histórica e conceitual sobre a noção de “reflexo” na Fisiologia e na Psicologia (uma tentativa
de dar uma roupagem operacional ou estritamente funcional ao termo e adotá-lo como ferramenta explicativa em sua ciência).
De outro, criou e adotou recursos metodológicos e técnicos em uma ampla linha de pesquisa experimental em laboratório
Some-se a isso que o interesse de Skinner na Psicologia, como atesta sua própria autobiografia (Skinner, 1979),
1945
Diferenciação
Em 1945, Skinner (1945) chama a sua versão de Behaviorismo de “Behaviorismo Radical” e o faz especialmente para
diferenciar-se do Behaviorismo de Boring e Stevens, a quem chama de behavioristas, apenas, “metodológicos”. O
Behaviorismo Radical seria a filosofia por trás da Ciência do Comportamento que ele estava tentando erguer e que deveria no
futuro substituir a própria Psicologia, profunda e irremediavelmente impregnada por pressupostos mentalistas. Tal ciência foi
chamada de “Análise Experimental do Comportamento
caminho
Ele argumentou que o caminho para uma ciência
do comportamento era por meio do
desenvolvimento de termos e conceitos que
permitiriam explicações verdadeiramente
científicas.
Aspectos filosóficos
Realismo X Pragmatismo
As ideias dos behavioristas contemporâneos sobre ciência diferem daquelas que foram
expressadas pelos primeiros behavioristas e por muitos pensadores anteriores ao século XX.
O behaviorismo radical está de acordo com a tradição filosófica conhecida como
pragmatismo, ao passo que os pontos de vista anteriores derivaram do realismo.
Realismo Este mundo real parece de alguma forma ser externo,
em contraste com nossa experiência, que parece ser
de alguma forma interna. Em segundo lugar, nossas
experiências são deste mundo real; elas são
separadas do mundo em si. Como veremos, essas
duas suposições podem ser questionadas, com
resultados importantes.
O universo é um mecanismo
compreendivel
Willian James
um pouco
em descrever eventos em termos
econômicos e familiares – os “mesmos
poucos e simples elementos”. Não tem
mais ..
nada a ver com a revelação de uma
realidade oculta além da nossa
experiência.
RADICAL E
PRAGMATISMO
Nossas experiências do mundo real são explicadas quando
nosso raciocínio nos conduz à verdade mais profunda
sobre ele.
O que é ciência ?
Segunda
o realismo leva a confundir as definições de comportamento. Se, por exemplo, fizermos a
observação objetiva de que um homem está movendo seus pés um na frente do outro
rapidamente na rua, alguém poderia argumentar que isso não consegue captar o sentido
da descrição de que o homem está correndo pela rua. É por isso que os behavioristas
radicais favorecem definições de atividades que incluam as razões do homem para correr,
como exercitar-se e fugir da polícia. Uma descrição útil poderia ser: “O homem está
disputando uma corrida nesta rua como parte de uma tentativa de participar dos Jogos
Olímpicos”
O que é então
comportamento ?
Para o Behaviorismo Radical
TH
A resposta é
pragmática.
Sentido
s termos que usamos para falar sobre comportamento nos permitem não só dar-lhe sentido, mas também uma definição.
O comportamento inclui quaisquer eventos sobre os quais podemos falar com os nossos termos inventados. O
behaviorismo radical indaga sobre as melhores maneiras, as mais úteis, de falar sobre isso, e se, por exemplo, é útil dizer
que uma pessoa está em uma corrida para se qualificar para os Jogos Olímpicos, então, disputar uma corrida para se
qualificar para os Jogos Olímpicos constitui um evento comportamental.