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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO CRIME

PENAS MEDIDAS DE SEGURANÇA


(pressuposto = culpa) (pressuposto = perigosidade)

PENAS DE PENAS NÃO


PENAS PRIVATIVAS DA
SUBSTITUIÇÃO ACESSÓRIAS PRIVATIVAS DA
PRINCIPAIS LIBERDADE
LIBERDADE

Substituição da Substituição da Artigos 67.º,


pena de prisão: pena de multa: 66.º, 69.º, 69.º-B Internamento de Artigo 100.º,
PENA DE PENA DE artigos 45.º, admoestação e 69.º-C, inimputável por artigo 101.º e
PRISÃO MULTA 46.º, 58.º e 59.º, (artigo 60.º) 152.º/4, 5 e 6, anomalia artigo 102.º
50.º e ss. 246.º e 346.º e psíquica
388.º-A (91.º e ss.)

Multa Multa
autónoma: alternativa
quando for a (=regra): quando
única espécie de surgir no tipo
pena prevista no legal de crime
tipo legal de em alternativa à
crime pena de prisão
1. DETERMINAÇÃO DA 2. DETERMINAÇÃO DA
3. ESCOLHA DA PENA
MOLDURA PENAL MEDIDA CONCRETA DA PENA

1. DETERMINAÇÃO DA MOLDURA PENAL

Investigar qual o tipo legal de crime preenchido Verificar se existem CIRCUNSTÂNCIAS MODIFICATIVAS
e aplicar a respetiva moldura penal (agravantes ou atenuantes) - artigo 73.º

Quando não tivermos os limites todos, Concurso de circunstâncias Concurso de


vamos aos artigos 41.º ou 47.º da mesma espécie: circunstâncias de
funcionamento sucessivo espécies diferentes:

Regra = primeiro Exceção na reincidência =


funciona a agravante e primeiro funciona a
depois a atenuante atenuante e depois a
agravante
O juiz vai atender aos critérios
2. DETERMINAÇÃO DA MEDIDA CONCRETA DA PENA do artigo 71.º/1: a culpa do
agente (40.º/2) e as exigências
de prevenção (40.º/1).

MODELO DA MOLDURA DA CULPA MODELO DA MOLDURA DA


OU DO ESPAÇO DE LIBERDADE PREVENÇÃO

Além disso, tem de ponderar


A primeira coisa que o juiz faz é considerar a culpa do agente e O juiz vai ver qual é o mínimo de
encontrar uma moldura de culpa, ou seja, chega apenas a uma pena necessária para cumprir as os fatores de medida da pena
quantia abstrata e não exata. exigências de prevenção especial
positiva, construindo uma moldura (lista exemplificativa do
Segundo este modelo, qualquer pena, dentro desta moldura da
culpa, seria adequada a prosseguir a finalidade de prevenção de prevenção. artigo 71.º/2*).
geral positiva. Esta moldura tem como limite
A culpa constrói uma moldura que, no limite mínimo, significa a máximo o ponto ótimo da tutela dos
pena que já é adequada à culpa do agente e, no limite máxim, a bens jurídicos e como limite mínimo
pena que ainda é adequada à culpa do agente. as exigências mínimas de defesa do
ordenamento jurídico e da paz social. Estes fatores são ambivalentes
Admite excecionalmente que se possa aplicar uma pena inferior
Vai atender à culpa do agente porque (podem relevar quer para a culpa
à culpa do agente quando este não careça de ressocialização.
esta corresponde ao limite máximo quer para a prevenção) e
da pena.
A vantagem deste modelo é que ele duplamente ambivalentes (o
parte das exigências de prevenção, mesmo fator pode ter um efeito
Não adotamos este modelo porque:
não da culpa, sendo coerente com os
artigos 40.º/2 e 74.º. agravante ao nível da culpa e
- Apesar de não ignorar as exigências de prevenção (artigo 71.º), dá
demasiada importância à culpa, não estando, portanto, de acordo com Este modelo está de acordo com o atenuante ao nível da prevenção
o artigo 40.º/1; princípio da unilateralidade da
ou vice-versa), exceto a alínea
- Diz que a culpa fornece o limite mínimo e o limite máximo, mas, de culpa.
acordo com a nossa lei, a culpa fornece apenas o limite máximo e): “conduta posterior ao
(a culpa é pressuposto e limite da pena).
facto”.
*Princípio da proibição da dupla valoração.
DETERMINAÇÃO DA PENA DE MULTA

SISTEMA DA SOMA GLOBAL SISTEMA DOS DIAS DE MULTA


(artigo 47.º)

MULTA EM QUANTIA CERTA: MULTA EM QUANTIA VARIÁVEL:


1º) Determinação do número de dias,
Aqui o juiz só teria de identificar o tipo Aqui atende-se à culpa e à situação
de acordo com o artigo 71.º;
legal de crime e aplicar a pena nele económico-financeira do agente.
prevista. 2º) Determinação do quantitativo
Contudo, quando estes critérios estão
diário, atendendo à situação
Esta modalidade viola o princípio da em sentidos divergentes, isso pode
económico-financeira e aos encargos
culpa e o princípio da igualdade. conduzir a resultados muito injustos.
do agente;
3º) Fixação do prazo e condições de
pagamento* (eventual);
4º) Escolha da pena (pode ser
substituída pela admoestação).

*A pena de multa tem uma execução elástica porque o artigo 47.º/3 permite:
• O pagamento diferido da multa, desde que não superior a 1 ano;
• O pagamento da multa em prestações, desde que a última prestação não ultrapasse os 2 anos;
• O pagamento em espécie (=prestação de trabalho).
CASOS ESPECIAIS DE DETERMINAÇÃO DA PENA

CONCURSO DE ATENUAÇÃO
REINCIDÊNCIA DESCONTO DISPENSA DE PENA
CRIMES ESPECIAL DA PENA

REINCIDÊNCIA

- Tem de ser um crime doloso (13.º);


- Tem de ser um crime punido com pena de prisão
RELATIVOS AO CRIME ANTERIOR efetiva superior a 6 meses (75.º/4) - não se exige o cumprimento
efetivo da pena, apenas a condenação;
- Tem de ter sido objeto de uma decisão já transitada em julgado.

FORMAIS - Tem de ser um crime doloso (13.º);


RELATIVOS AO CRIME ATUAL - Tem de vir a ser punido com pena de prisão efetiva
superior a 6 meses;
PRESSUPOSTOS

Entre a prática dos crimes não pode ter passado mais de 5 anos,
RELATIVOS A AMBOS OS CRIMES
sob pena de prescrição da reincidência (75.º/2).

É necessário mostrar que as condenações anteriores não serviram ao


Desrespeito pela advertência agente de suficiente advertência contra o crime.
MATERIAL (75.º/1, 2ª parte) Para que se preencha este pressuposto, tem de existir entre os crimes
uma conexão material/íntima (natureza análoga).
DETERMINAÇÃO DA PENA EM CASO DE REINCIDÊNCIA

1. DETERMINAÇÃO DA 2. CONSTRUÇÃO DA 3. DETERMINAÇÃO DA


4. CÁLCULO DA
PENA COMO SE O AGENTE MOLDURA PENAL DA PENA CONCRETA DA
AGRAVAÇÃO
NÃO FOSSE REINCIDENTE REINCIDÊNCIA REINCIDÊNCIA

Operação duplamente Artigo 76.º/1: Com base nos critérios do É uma operação de

instrumental (artigo 71.º): Limite máximo = limite artigo 71.º (culpa e limitação da pena que é

- Serve para verificar o máximo previsto pela lei prevenção), agora imposta pelo artigo

pressuposto formal para o respetivo crime; considerando que o 76.º/1, 2ª parte.

respeitante à condenação Limite mínimo = limite agente é reincidente, logo Temos de subtrair à pena

do crime atual com pena mínimo previsto pela lei vamos chegar a uma pena da 3ª operação a pena

de prisão efetiva superior para o respetivo crime mais gravosa do que na 1ª que achamos na 1ª

a 6 meses; elevado de um terço operação. operação.

- Torna possível a última (somar 1/3). A agravação não pode ser

operação. superior à pena mais

Este caráter instrumental grave da condenação

afasta a possibilidade de anterior (ver se este limite

violação do princípio da foi respeitado).

proibição da dupla
valoração.
CONCURSO DE CRIMES

PRESSUPOSTOS:
• Tem de ser um concurso efetivo de crimes: não se exige que sejam tipos legais diferentes (remissão do artigo 77.º para o artigo 30.º/1);
• Ambos os crimes têm de ser cometidos antes do trânsito em julgado de qualquer um deles.

SISTEMAS DE DETERMINAÇÃO DA PENA DO CONCURSO

SISTEMA DA ACUMULAÇÃO MATERIAL SISTEMA DA PENA ÚNICA

Determina-se a pena PENA UNITÁRIA PENA CONJUNTA


correspondente a cada
crime em concurso e
aplicam-se as penas na sua A punição do concurso é levada a cabo As molduras penais previstas, ou
totalidade, as quais são através da pena concretamente determinada as penas concretamente
depois sucessivamente e cabida ao crime mais grave, com a determinadas, para cada um dos
cumpridas se tiverem a consequência da impunidade dos outros crimes vão ser depois
mesma natureza ou crimes de igual ou menor gravidade. transformadas segundo um de
simultaneamente cumpridas três princípios/métodos:
se tal for materialmente Vamos ficcionar que os dois crimes são um
possível. só e vamos determinar uma pena para
aquele único crime ficcionado.

MÉTODO DA MÉTODO DA MÉTODO DO


ABSORÇÃO EXASPERAÇÃO CÚMULO JURÍDICO
MÉTODO DA MÉTODO DO CÚMULO
MÉTODO DA ABSORÇÃO
EXASPERAÇÃO JURÍDICO

Adotamos o sistema da
Consiste em olhar Consiste em partir da pena Este é o sistema
para os crimes em abstrata (=moldura penal) mais seguido por nós de pena única conjunta obtida
concurso e aplicar a grave e aplicar a pena concreta acordo com o artigo mediante um princípio de
pena mais gravosa dentro dessa moldura mais 77.º do CP.
entre eles. grave, atendendo a que são cúmulo jurídico.
vários crimes.

DETERMINAÇÃO DA PENA DO CONCURSO

1. DETERMINAÇÃO DA PENA 2. CONSTRUÇÃO DA 3. DETERMINAÇÃO DA PENA


4. (EVENTUAL)
CONCRETA CABIDA A CADA MOLDURA PENAL DO CONCRETA DENTRO DA
SUBSTITUIÇÃO
UM DOS CRIMES CONCURSO MOLDURA DO CONCURSO

Segundo o artigo 71.º. Segundo o artigo 77.º/2. O juiz considera os critérios Esta operação só se
gerais do artigo 71.º (culpa realiza se a pena
e prevenção) e o critério única conjunta não
especial do artigo 77.º/1, 2ª for superior a 5 anos.
Se as penas parcelares forem da Se as penas parcelares forem de
parte. Não há violação do
mesma natureza: o limite mínimo diferente natureza:
princípio da proibição da
é a pena concreta mais grave e o - A multa é convertida em prisão
limite máximo é a soma das penas dupla valoração porque o
subsidiária (49.º/1); ou
(sem ultrapassar 25 anos de prisão - O agente paga a pena de multa e juiz avalia “em conjunto”.
e 900 dias de multa). esta não entra na determinação da
pena única conjunta.
CONHECIMENTO SUPERVENIENTE DO CONCURSO (artigo 78.º)

O artigo 78.º está previsto para colmatar as deficiências do sistema de administração da justiça penal. Existe para os casos em que:
• O agente já cometeu outros crimes, mas esses crimes não chegaram ao conhecimento das autoridades;
• O agente já cometeu outros crimes que chegaram ao conhecimento das autoridades, mas não foi possível julgar e condenar devido a
regras processuais.

O crime de que haja só agora conhecimento tem de


ter sido praticado antes da condenação
anteriormente proferida.
MARIA JOÃO ANTUNES
Se for praticado depois desta, já não estamos no
concurso de crimes, mas sim no regime de execução
DIVERGÊNCIA DOUTRINAL sucessiva de penas.
QUANTO AO PRESSUPOSTO
O crime de que haja só agora conhecimento tem de
JURISPRUDÊNCIA DO STJ ter sido praticado antes do trânsito em julgado da
condenação - Acórdão 9/2016 do STJ.

ENTÃO:

O 3º tribunal determina a
O 1º tribunal determina a pena única conjunta
O 2º tribunal determina a
pena para o 1º crime, pelo depois de já terem
pena cabida ao crime
qual o agente é transitado em julgado as
agora descoberto.
condenado. condenações pelos crimes
em concurso.

Se o agente já tiver cumprido uma parte da pena, essa parte é descontada depois na pena única conjunta, se a pena ainda estiver a ser cumprida (78.º/1, parte final).
INSTITUTO DO DESCONTO (artigos 80.º a 82.º)

DESCONTO DE MEDIDAS REGIME DE PERMANÊNCIA NA


PENA ANTERIOR (81.º)
PROCESSUAIS (80.º) HABITAÇÃO (82.º)

As medidas processuais são três: Se a pena anterior for descontada É uma forma de execução da
- A detenção; numa outra pena da mesma pena de prisão, decidida na
natureza, o desconto é feito por sentença condenatória, depois de
- A prisão preventiva; inteiro (nº1). obtido o consentimento do
- A obrigação de permanência na condenado.
habitação.

Se a pena anterior for descontada


numa outra pena de natureza A pena resultante do desconto só
O desconto previsto no artigo 80.º/1 diferente, é feito o desconto que é executada no regime de
só opera em relação a penas de parecer equitativo (nº2). permanência na habitação se o
prisão em que o arguido seja tribunal concluir que, por este
condenado por um facto praticado meio, se realizam de forma
anteriormente à decisão final do adequada e suficiente as
processo no qual a medida de prisão finalidades da pena de prisão.
preventiva foi aplicada.
ATENUAÇÃO ESPECIAL DA PENA (artigo 72.º)

Tratando-se de pena de prisão: Tratando-se de pena de multa:

O limite máximo é reduzido DE um terço, O limite máximo é reduzido DE um terço e o limite


dependendo a redução do limite mínimo do mínimo reduzido ao mínimo legal (alínea c) do
montante deste (alíneas a) e b) do artigo 73.º/1). artigo 73.º/1) = 10 dias (artigo 47.º/1).

DISPENSA DE PENA (artigo 74.º/1)

PRESSUPOSTOS:
• O crime tem de ser punível com pena de prisão não superior a 6 meses ou só com pena de multa não superior a 120 dias;
• A ilicitude do facto e a culpa do agente têm de ser diminutas;
• O dano tem de ter sido reparado ou estar em vias de reparação, caso em que o juiz pode adiar a sentença para
reapreciação do caso dentro de 1 ano;
• À dispensa de pena não se podem opor razões de prevenção.

Este instituto é regulador do caráter unilateral da culpa, uma vez que se trata de uma situação em que, havendo culpa do agente, não lhe será aplicada
uma pena, ou seja, pode haver culpa sem pena. Por isso, a culpa não é fundamento da pena, é apenas limite e pressuposto.
CRITÉRIO DE ESCOLHA DAS PENAS DE SUBSTITUIÇÃO

O tribunal dá preferência à pena não privativa da liberdade sempre que esta realize de forma adequada e suficiente as finalidades preventivas da pena
(artigos 70.º, 50.º/1, 58.º/1 e 60.º/2).

O critério da substituição por multa é o critério geral fixado no artigo 70.º (remeter para o artigo 40.º).

O critério que conduz à preferência pela pena de multa principal é o da conveniência ou da maior ou menor adequação da pena.

O tribunal, na primeira operação, pode escolher a pena de prisão em detrimento da pena de multa (principal) e, depois, na última operação, acabar por
escolher a pena de multa (de substituição) porque já está em causa um critério de necessidade.

A opção pela pena de prisão como pena principal pode revelar-se mais vantajosa porque depois o tribunal vai ter um leque maior de penas não
privativas da liberdade.

Se o juiz decidir na última operação que vai substituir a pena principal, COMO É QUE DETERMINA A PENA DE SUBSTITUIÇÃO? A medida
concreta da pena de substituição é determinada de forma autónoma, a partir dos critérios estabelecidos no artigo 71.º, exceto quando a pena de substituição
for a prestação de trabalho a favor da comunidade (neste caso vale a regra do artigo 58.º/3) – artigos 45.º/1 (2ª parte), 46.º/1, 50.º/5 e 60.º do CP.
EXECUÇÃO DA PENA DE PRISÃO

REGIME DE PERMANÊNCIA NA HABITAÇÃO (artigo 43.º)

PRESSUPOSTOS FORMAIS PRESSUPOSTO MATERIAL

Consentimento do condenado e dos familiares Devem realizar-se de forma adequada e suficiente as


coabitantes (se maiores de 16 anos). finalidades preventivas da execução da pena de prisão.

Condenado a pena de prisão efetiva não superior a


2 anos (resultante ou não do desconto).

REVOGAÇÃO:
• Se condenado infringir grosseira ou repetidamente as regras de conduta, o disposto no plano de reinserção social ou os deveres decorrentes do regime
de execução da pena de prisão;
• Se cometer crime pelo qual venha a ser condenado e revelar que as finalidades que estiveram na base do regime de permanência na habitação não
puderam, por meio dele, ser alcançadas;
• Se for sujeito a medida de coação de prisão preventiva (artigo 44.º/2).

A revogação determina a EXECUÇÃO DA PENA DE PRISÃO AINDA NÃO CUMPRIDA em meio prisional, podendo ser concedida nova LIBERDADE CONDICIONAL
ao tempo de pena por cumprir.
LIBERDADE CONDICIONAL (artigo 61.º e ss.)

Existem cinco momentos possíveis para a concessão da liberdade condicional:

RENOVAÇÃO ANUAL RENOVAÇÃO ANUAL


A MEIO DA PENA DA INSTÂNCIA A 2/3 DA PENA DA INSTÂNCIA 5/6 DA PENA
(1 ano após a última (1 ano após a última
avaliação) avaliação)

Pressupostos: Pressupostos: Pressupostos: Pressupostos: Pressupostos:


- Consentimento do - Consentimento do - Consentimento do - Consentimento do - Consentimento do
condenado; condenado; condenado; condenado; condenado.
- Cumprimento - Cumprimento - Cumprimento - Cumprimento ↓
mínimo de 6 meses mínimo de 6 meses mínimo de 6 meses mínimo de 6 meses LIBERDADE
de pena de prisão; de pena de prisão; de pena de prisão; de pena de prisão; CONDICIONAL
- Juízo de prognose - Juízo de prognose - Juízo de prognose - Juízo de prognose OBRIGATÓRIA
favorável favorável favorável (só se favorável (só se (artigo 61.º/4):
(prevenção especial (prevenção especial exige agora a exige agora a só se aplica a penas
+ prevenção geral). + prevenção geral). prevenção especial). prevenção especial). de prisão superiores
a 6 anos.

E SE A LIBERDADE CONDICIONAL FOR REVOGADA?


O agente cumpre o tempo de pena que ainda não cumpriu (artigo 64.º/2) – não desconsideramos o tempo que já cumpriu em liberdade condicional e
relativamente a este remanescente de pena poderá ter lugar nova liberdade condicional.
LIBERDADE CONDICIONAL NO CASO DE EXECUÇÃO SUCESSIVA DE PENAS (artigo 63.º)

A execução da pena que deva ser cumprida em 1º lugar é interrompida a meio, sucedendo-lhe a execução da pena que deva ser executada a seguir
(artigo 61.º/1 e 2).
Só quando decorrer o prazo de que depende a concessão da liberdade condicional das várias penas é que terá lugar o juízo sobre os pressupostos
materiais dessa concessão.

EXEMPLO: o condenado foi condenado em 2 penas, uma de 10 anos e outra de 8 anos. Ele começa a cumprir a primeira pena de 10 anos, mas esta é
interrompida a meio, ou seja, aos 5 anos, para começar a cumprir a segunda pena, de 8 anos. Só depois de cumprir metade da primeira pena (5 anos) e metade
da segunda pena (4 anos) é que a liberdade condicional vai ser ponderada.

Se o condenado não tiver beneficiado da liberdade condicional e se a soma das penas que devam ser cumpridas sucessivamente exceder 6 anos de
prisão, há lugar à LIBERDADE CONDICIONAL OBRIGATÓRIA, desde que o condenado consinta, logo que se encontrem cumpridos 5/6 da soma das penas (artigo
63.º/3).

Segundo o artigo 63.º/4, este regime não é aplicável quando a execução da pena de prisão resultar de revogação da liberdade condicional (artigo
64.º/2 e 3).
EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA PRINCIPAL

PAGAMENTO VOLUNTÁRIO PAGAMENTO COERCIVO INCUMPRIMENTO

Pagamento Execução de bens NÃO


Pagamento IMPUTÁVEL
em dias de IMPUTÁVEL
em dinheiro AO AGENTE
trabalho AO AGENTE

O agente pode evitar a prisão


Prisão subsidiária Suspensão da execução
subsidiária se pagar a pena de (artigo 49.º/1) da prisão subsidiária
multa, total ou parcialmente. (artigo 49.º/3)*

EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA DE SUBSTITUIÇÃO

PAGAMENTO VOLUNTÁRIO PAGAMENTO COERCIVO INCUMPRIMENTO

Pagamento Execução de bens NÃO


Pagamento IMPUTÁVEL
em dias de IMPUTÁVEL
em dinheiro AO AGENTE
trabalho AO AGENTE

Cumprimento da pena de Suspensão da execução


prisão principal aplicada da pena de prisão
na sentença (45.º/2) (45.º/2 + 49.º/3)*

*Se o agente não cumprir as regras e deveres, terá de cumprir as penas.


MEDIDA DE SEGURANÇA DE INTERNAMENTO (artigos 91.º a 97.º)

PRESSUPOSTOS:
• Prática de um “facto ilícito típico”;
• Declaração de inimputabilidade, nos termos do artigo 20.º;
• Juízo de prognose desfavorável quanto à perigosidade criminal do agente;
• Observância do princípio da proporcionalidade (artigo 40.º/3).

SERÁ QUE A MEDIDA DE SEGURANÇA DE INTERNAMENTO PROSSEGUE TAMBÉM FINALIDADES DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA?

MARIA JOÃO ANTUNES E ROXIN: FIGUEIREDO DIAS:


Entende que a medida de segurança de internamento não Entende que a medida de segurança de internamento também
prossegue autonomamente finalidades de prevenção geral, participa a título autónomo da função de prevenção geral
apenas tendo em vista finalidades de prevenção especial positiva ou de integração da norma violada.
positiva. As expectativas da comunidade quanto à validade de Relembra este autor que o artigo 40.º não distingue entre
uma norma não são postas em causa quando o facto é penas e medidas de segurança quando indica as finalidades das
praticado por um inimputável, logo não é necessário reafirmar sanções criminais.
a validade da norma violada.
O artigo 91.º/2 e o seu limite mínimo valem exclusivamente
nos casos do artigo 20.º/2 (imputabilidade diminuída).
O internamento, em regra, finda quando o tribunal verificar que cessou o estado de perigosidade criminal que lhe deu origem (artigo 92.º/1), exceto
nos casos em que o artigo 91.º/2 é aplicável.

Findará pelo decurso do tempo quando seja atingida a duração máxima do mesmo, salvaguardados os casos do artigo 92.º/3: nestes casos, o
internamento pode ser prorrogado por períodos sucessivos de 2 anos até cessar o estado de perigosidade, se o facto praticado pelo inimputável corresponder
a crime punível com pena superior a 8 anos e o perigo (não receio) de novos factos da mesma espécie for de tal modo grave que desaconselhe a libertação.

Não pode exceder o limite máximo da pena correspondente ao tipo de crime cometido pelo inimputável (artigos 92.º/2 CP e 30.º/1 CRP).

Tem, excecionalmente, um limite mínimo de 3 anos para os crimes contra as pessoas e crimes de perigo comum puníveis com pena de prisão superior
a 5 anos (artigo 91.º/2).

Se da REVISÃO DA SITUAÇÃO DO INTERNADO (artigo 93.º) resultar que há razões para esperar que a finalidade da medida possa ser alcançada em meio
aberto, o tribunal colocará o internado em LIBERDADE PARA PROVA (artigo 94.º), ficando o agente sujeito a deveres e regras de conduta.

Note-se que a liberdade para prova pressupõe na mesma a perigosidade do agente. Se na revisão se concluísse que o agente já não era perigoso,
cessaria a medida de segurança de internamento.
PENA RELATIVAMENTE INDETERMINADA (artigos 83.º a 90.º)

É uma resposta aos delinquentes por tendência (artigos 83.º e 84.º), aos delinquentes por abuso de álcool e de estupefacientes (artigo 86.º e ss.) e
aos agentes da prática de crime de incêndio florestal (artigo 274.º-A/4).

É uma sanção de natureza mista por força do artigo 90.º: é executada como pena até ao momento em que se mostrar cumprida a pena que
concretamente caberia ao crime e é executada como medida de segurança a partir deste momento e até ao seu limite máximo.

PRESSUPOSTOS:
• Culpa do agente;
• Perigosidade criminal do agente;
• Acentuada inclinação para o crime ou para determinado tipo de crime, que no momento da
condenação ainda persista (pressuposto material).

DELINQUENTES POR TENDÊNCIA

PRESSUPOSTOS DA DELINQUÊNCIA POR TENDÊNCIA GRAVE (artigo 83.º):


• Que o agente pratique um crime doloso a que devesse aplicar-se concretamente prisão efetiva por mais de 2 anos;
• Que o agente tenha cometido anteriormente 2 ou mais crimes dolosos, aos quais tenha sido ou seja aplicada prisão
efetiva também por mais de 2 anos;
• Que a avaliação conjunta dos factos praticados e da personalidade do agente revele uma acentuada inclinação para o
crime, que no momento da condenação ainda persista.
PRESSUPOSTOS DA DELINQUÊNCIA POR TENDÊNCIA MENOS GRAVE (artigo 84.º):
• Que o agente pratique um crime doloso a que devesse aplicar-se concretamente prisão efetiva;
• Que o agente tenha cometido anteriormente 4 ou mais crimes dolosos, aos quais tenha sido ou seja aplicada pena de
prisão efetiva (não se exige a condenação, mas sim apenas a prática);
• Que se verifiquem os pressupostos fixados no artigo 83.º/1 do CP.

✓ Prevê-se um prazo de “prescrição” da tendência, na medida em que qualquer crime deixa de ser tomado em conta, quando entre a sua prática e a do crime seguinte
tiverem decorrido mais de 5 anos (artigos 83.º/3 e 84.º/3 CP).

LIMITES DE DURAÇÃO

TENDÊNCIA GRAVE TENDÊNCIA MENOS GRAVE

Limite mínimo = 2/3 Limite mínimo = 2/3


Limite máximo = a Limite máximo =
da pena de prisão da pena de prisão
pena de prisão pena de prisão
que concretamente que concretamente
concreta acrescida de concreta acrescida de
caberia ao crime caberia ao crime
6 anos (artigo 83.º/2) 4 anos (artigo 84.º/2)
cometido* cometido*

*Para a determinação destes limites é necessário determinar a medida da pena que concretamente caberia ao crime cometido, de acordo com os critérios gerais de
determinação da medida da pena (artigo 71.º CP).
ALCOÓLICOS E EQUIPARADOS (artigos 86.º e 88.º)

PRESSUPOSTOS:
• Um alcoólico, pessoa com tendência para abusar de bebidas alcoólicas ou pessoa que abuse de estupefacientes praticar crime a que
devesse aplicar-se concretamente prisão efetiva;
• Tiver cometido anteriormente crime a que tenha sido aplicada também prisão efetiva;
• Os crimes tiverem sido praticados em estado de embriaguez, estiverem relacionados com o alcoolismo ou com o abuso de
estupefacientes ou com a tendência do agente.

Nestes casos, a pena tem um mínimo correspondente a dois terços da pena de prisão que concretamente caberia ao crime cometido e um máximo correspondente a esta
pena acrescida de 2 anos na primeira condenação e de 4 anos nas restantes, sem exceder 25 anos no total (artigos 86.º/2 e 88.º CP).

AGENTES DA PRÁTICA DE CRIME DE INCÊNDIO FLORESTAL (artigo 274.º-A)

PRESSUPOSTOS:
• Crime doloso de incêndio florestal;
• A que devesse aplicar-se concretamente prisão efetiva;
• Tiver cometido anteriormente crime doloso de incêndio florestal a que tenha sido ou seja aplicada pena de prisão efetiva;
• A avaliação conjunta dos factos praticados e da personalidade do agente revelar uma acentuada inclinação para a prática deste crime,
que persista no momento da condenação.

Nestes casos, a pena tem um mínimo correspondente a dois terços da pena de prisão que concretamente caberia ao crime cometido e um máximo correspondente a esta
pena acrescida de 2 anos na primeira condenação e de 4 anos nas restantes, sem exceder 25 anos (artigos 86.º/2 e 274.º-A/5 do CP).

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