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Unidade III
REPENSANDO O CURRÍCULO
Após a discussão que fizemos acerca das orientações nacionais que orientam e regulamentam o
currículo escolar, podemos pensar: qual o sentido de um currículo nacional?
Tentando buscar algumas respostas, apoiaremo‑nos em Michael Apple (2002), que nos traz algumas
indicações importantes. Segundo esse autor, o currículo nunca é apenas um conjunto neutro de
conhecimentos, pelo contrário, é sempre parte de uma seleção de alguém, da visão de algum grupo
acerca do que seja conhecimento legítimo. Por isso, “é produto das tensões, conflitos e concessões
culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo” (APPLE, p. 59).
Assim, se retomarmos algumas questões que levantamos na Unidade 1, como: o que se ensina na
escola? Por que se ensina isso e não aquilo? Quem define o que será ensinado? Todas as escolas ensinam
a mesma coisa? Temos condições agora, apoiados em Apple (2002), de compreender que o que conta
como conhecimento, as formas como deve ser organizado, enfim, tudo isso, está ligado a uma política
do conhecimento oficial, ou seja:
Uma política que exprime o conflito em torno daquilo que alguns veem
simplesmente como descrições neutras do mundo e outros, como concepções
de elite que privilegiam determinados grupos e marginalizam outros (APPLE,
2002, p. 60).
A proposta de haver diretrizes e orientações curriculares em nível nacional é, segundo Apple (2002),
indispensável para elevar o nível e fazer com que as escolas sejam responsabilizadas pelo sucesso ou fracasso de
seus alunos. No entanto, o autor adverte que é preciso ter atenção aos interesses que podem estar embasando
esses documentos. Uma análise crítica, tendo em vista sempre que o currículo não é neutro, é fundamental para
que não sejamos reprodutores dos interesses particulares de um grupo da sociedade. Nós, como profissionais da
educação, precisamos atender todos os grupos, principalmente aqueles que são excluídos ou marginalizados. A
igualdade de direitos e o direito às diferenças devem estar embasando a nossa prática profissional. Todos têm o
direito de frequentar a escola, de participar da cultura letrada, do conhecimento historicamente acumulado; no
entanto, as individualidades, as diferentes culturas, as marcas históricas de cada grupo, devem estar representadas
dentro desse contexto escolar; caso contrário, estaremos contribuindo para a continuidade das exclusões.
Dessa forma, ainda sobre um currículo nacional, Apple (2002) destaca o papel dos professores e
administradores escolares na efetivação desse currículo. Segundo ele, os professores precisam assumir
uma postura de constante aperfeiçoamento, no sentido de aprofundar seus conhecimentos das
matérias acadêmicas, mudar suas concepções sobre o próprio conhecimento. O ensino e a aprendizagem
necessitam ser mais ativos e inventivos, num trabalho mais atencioso, cooperativo e participativo.
104
Escola, Currículo e Cultura
Os currículos nacionais, no modelo neoliberal em que vivemos, têm duas funções importantíssimas
para o Estado:
• prover a estrutura que permitirá o funcionamento do sistema nacional de avaliação (APPLE, 2002).
Saiba mais
Apple (2002, p. 74‑75) demonstra, com muita propriedade, a relação existente entre o currículo
nacional e as avaliações nacionais presentes na educação atual.
O autor destaca, ainda, a função social presente no currículo nacional e nas avaliações externas
à escola. O currículo nacional pode ser visto como um instrumento que permita aos pais avaliar as
escolas, pois estabelece parâmetros de qualidade. No entanto, as avaliações criam um sistema em que
as próprias crianças são classificadas e categorizadas. “Uma de suas funções básicas será atuar como
‘mecanismo para diferenciação mais rigorosa das crianças segundo normas fixas’, função essa cujos
significados e origem social não são explicitados” (APPLE, 2002, p. 75).
A coesão social que pode ser objetivo do currículo nacional gera justamente o oposto, a exaltação
das diferenças, acentuando as desigualdades. Considerar o currículo de uma única maneira é ignorar as
diferenças de classe social, etnia/raça e gênero. Como destaca Richard Johnson, citado por Apple (2002,
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Unidade III
p. 76), “um currículo unificado numa sociedade heterogênea não é receita para ‘coesão’, e sim para
resistências e para novas divisões”.
Partindo dessas colocações e das discussões realizadas neste livro‑texto, nas sociedades complexas e
multiculturais como a nossa, marcadas por uma distribuição desigual de poder, o único tipo de coesão
possível é aquela em que reconheçamos as diferenças e as desigualdades. Sendo assim, o currículo
deve permitir o reconhecimento das suas raízes na cultura, na história e nos interesses sociais que lhe
deram origem. “Um currículo e uma pedagogia democráticos devem começar pelo reconhecimento dos
diferentes posicionamentos sociais e repertórios culturais nas salas de aula, bem como das relações de
poder entre eles” (APPLE, 2002, p. 77).
Assim, como pudemos estudar na Unidade 2, há, no Brasil, diretrizes e orientações curriculares
para toda a educação brasileira, apesar de termos discutido apenas algumas delas. Essas orientações
recomendam e regulam o Sistema Nacional de Educação, não havendo possibilidade de negar a existência
delas, mas é importante um olhar crítico acerca dos interesses que estão embutidos nessas propostas.
Buscando formas diferenciadas de seleção e organização do currículo, no próximo tópico, abordaremos
a necessidade de buscarmos os conhecimentos a partir da cultura dos alunos que frequentam a
escola. Buscaremos possíveis respostas para a questão: como podemos adequar o currículo nacional às
necessidades locais da escola e da comunidade à qual pertence?
Vamos entender, então, como esses autores compreendem Pedagogia e cultura popular e a relação entre
esses conceitos, no sentido de tornar o currículo escolar mais próximo das necessidades de todos os alunos.
106
Escola, Currículo e Cultura
Giroux e Simon (2002, p. 97) estão compreendendo a Pedagogia como “um esforço deliberado para influenciar
os tipos e os processos de produção de conhecimentos e identidades em meio a determinados conjuntos de
relações sociais e entre eles”. Assim, essa ciência é entendida como um conceito que enfoca os processos pelos
quais se produz conhecimento, sem desmerecer outros aspectos que o envolvem, como integração de conteúdo
e modelo de organização curricular, estratégias, técnicas, didáticas e métodos de avaliação.
Essa ideia dos autores remete‑nos a uma das lições que Paulo Freire deixou, sobre a educação ser
um ato político, da impossibilidade de ser neutra, como se não houvesse relação entre educação e
sociedade. Segundo Freire (1989), é tão impossível negar a natureza política do processo educativo
quanto o caráter educativo do ato político. Tanto no processo educativo quanto no ato político é preciso
ter clareza das seguintes questões: a favor de quem e do quê desenvolvemos a educação ou a atividade
política. Portanto, pensar a educação é estar atento à questão do poder.
Saiba mais
Partindo dessa colocação, podemos pensar que, no caso do currículo e dos conhecimentos
selecionados para serem ensinados, o professor tem o poder de escolher a favor de quem e do quê ele
está trabalhando. É nesse sentido que Giroux e Simon (2002) defendem a necessidade da introdução
da cultura popular nos conhecimentos selecionados pelo professor. Para eles, “a educação baseada
numa pedagogia crítica procura questionar de que forma podemos trabalhar para a reconstrução da
imaginação social em benefício da liberdade humana” (GIROUX; SIMON, 2002, p. 99). É importante que
o ensinar e o aprender estejam associados com os objetivos da educação do estudante, no sentido de
que consigam compreender por que as coisas são como são e como vieram a se tornar assim, ou seja,
buscando tornar o familiar estranho e o estranho familiar, a fim de poderem visualizar um mundo que
ainda não está em ordem, para ampliar as possibilidades de melhoria das condições de vida.
Para a realização dessa aproximação entre os conhecimentos ensinados na escola, tidos como válidos,
e os interesses e necessidades dos estudantes, Giroux e Simon (2002, p. 104) sugerem que os professores,
primeiro, se questionem:
107
Unidade III
[...] que relação os meus alunos veem entre o trabalho que fazemos em classe
e as vidas que levam fora da sala de aula? Seria possível incorporar aspectos
da sua cultura vivida ao trabalho da escolarização, sem simplesmente
confirmar aquilo que eles já sabem? Seria possível fazê‑lo sem banalizar
os objetivos e relações que são importantes para os alunos? E seria possível
fazê‑lo sem discriminar determinados grupos de alunos como marginais
exóticos e “outros” dentro de uma cultura hegemônica?
Figura 29
Ao fazer esses questionamentos, o professor precisa considerar a cultura popular como a oportunidade
de permitir que cada um possa ter “voz” dentro da experiência pedagógica. Assim, a diferença e a vida
cotidiana serão base para pensar a teoria e a prática, possibilitando uma nova Pedagogia, a da possibilidade.
Os professores precisam encontrar maneiras de evitar que um único discurso se transforme em local
de certeza e aprovação. Eles precisam encontrar meios de criar espaço para um mútuo engajamento
das diferenças vividas, impedindo que algumas vozes sejam silenciadas em favor de um único discurso
dominante. Giroux e Simon (2002) destacam também que a Pedagogia deve estar ancorada em uma
sólida ética que denuncie o racismo, o sexismo e a exploração de classes como ideologias e práticas
sociais. Essa é, portanto, uma Pedagogia que rejeita a falta de posicionamento e não silencia em nome
de seu próprio fervor ou correção ideológica.
Observação
Assim, a Pedagogia crítica defendida por Giroux e Simon (2002) busca incorporar a experiência do aluno
ao conteúdo curricular oficial; no nosso caso, refere‑se às prerrogativas das diretrizes curriculares nacionais
e das orientações curriculares nacionais (RCNEI e PCN), de modo a aproximar a cultura popular da escola e
possibilitar essas vivências em conhecimentos úteis. É importante destacar que não estamos defendendo
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Escola, Currículo e Cultura
apenas a utilização da experiência do aluno como conteúdo escolar, muito pelo contrário, isso torna o ensino
ainda mais seletivo e desigual, mas uma aproximação maior da cultura do aluno com os conhecimentos
escolares, para que todos consigam se reconhecer dentro da escola como participantes e produtores de
conhecimento. Mas como realizar esse tipo de proposta curricular? Apresentaremos, a seguir, uma possibilidade
de aproximação das práticas culturais com os conhecimentos escolares por meio de projetos.
A proposta de uso de projetos como alternativa para a reorganização do currículo na escola é, segundo
Hernández e Ventura (1998), uma forma diferenciada de organizar o currículo e a atividade de ensino e
aprendizagem, que implica considerar que os conhecimentos não se ordenam de forma rígida, nem em
função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos.
Quando pensamos numa proposta de trabalho por meio de projeto, é preciso considerar todas as
pessoas envolvidas – professor e alunos –, entendidos por Nogueira (2001) como sujeitos ativos no
processo ensino‑aprendizagem. O professor tem a possibilidade de enxergar as variáveis contextuais,
pois os alunos acabam explicitando alguns recados que precisam ser enxergados pelo professor. Muitas
vezes, os professores “[...] olham para sua sala de aula, mas não enxergam os seus problemas, ouvem seus
alunos, mas não escutam os seus pedidos de ajuda” (NOGUEIRA, 2001, p. 56). Para esse autor, uma forma
de suprir as necessidades imediatas dos alunos é elaborando e desenvolvendo projetos. Acreditamos que
os projetos possibilitam a aproximação das práticas culturais no currículo escolar, pois eles surgem e
partem sempre dos interesses e conhecimentos dos alunos.
Trabalhar com projetos implica uma mudança de concepção do que seja ensino e aprendizagem.
Há a necessidade de repensar a forma de trabalho com os conteúdos, pois, na perspectiva dos projetos,
os alunos não podem ser considerados sujeitos passivos e apenas receptores de conhecimentos. Nessa
proposta, são sujeitos ativos e produtores de conhecimento. Nos projetos, são trabalhados todos os tipos
de conteúdo.
Lembrete
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Unidade III
Assim, segundo Hernández e Ventura (1998, p. 62‑63), os projetos baseiam‑se nos seguintes
pressupostos teóricos:
• Para que serve a escola e o que ela poderia mudar na vida dos alunos?
Figura 30
Partindo desses questionamentos, podemos perceber que o professor deve investigar a sua turma
de alunos, buscar conhecer suas origens, suas culturas, suas necessidades, suas realidades, para que haja
uma aproximação do que é ensinado na escola com a vida dos alunos na sociedade. É exatamente essa
postura do professor que pode gerar um ensino mais significativo. Nessa busca por conhecer os alunos
da sua sala de aula, o professor deve identificar as causas de possíveis problemas observados, intuindo
os efeitos e as consequências, pois os projetos devem sempre alcançar as causas, e não os efeitos.
Como já dissemos, o tema do projeto tem que ser significativo aos alunos e precisa estar relacionado,
inicialmente, a uma necessidade, um desejo, um sonho ou um problema da turma. O tema de um projeto
poderá surgir de diferentes formas. Segundo Nogueira (2001), por meio das discussões entre os alunos
sobre determinado assunto que parece ser de interesse de todos; de temas, problemas e assuntos que
ficaram pendentes em outros projetos e que agora emergem novamente como interesse dos alunos; ou
de recados tácitos demonstrados pelos alunos, como desenhos, brigas, entre outros.
Figura 31
Após surgir o tema, o professor deve analisar e verificar se é relevante, se pode provocar mudanças
de atitudes nos alunos, se é possível desenvolvê‑lo de forma interdisciplinar, se proporcionará novos
111
Unidade III
conhecimentos e se atende aos anseios e necessidades de todos. Depois disso, é preciso discutir com eles
a possibilidade de realizar um projeto com o tema em questão. Para tanto, há a necessidade de chegar
a um consenso. Mas o que é consenso? Como conseguir alcançá‑lo?
Uma dica de como conseguir alcançar o consenso é descrita por Bronson (2004), citado por Nogueira
(2001, p. 63‑64):
Saiba mais
O tema de um projeto pode surgir de outra forma, quando está previsto na proposta curricular da
escola. Nesse caso, segundo Nogueira (2001), é preciso estimular os alunos ao interesse pelo tema. Para
tanto, o professor poderá utilizar‑se de recursos como vídeos, palestras, visitas, gincanas, despertando
nos alunos o interesse por descobrir, conhecer mais ou resolver um problema relacionado ao tema em
questão.
Após definir o tema do projeto, é preciso planejá‑lo, e essa é uma tarefa do professor.
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Escola, Currículo e Cultura
Figura 32
A seguir, esquema das principais decisões que devem ser tomadas no planejamento operacional e
estratégico do projeto.
Objetivos
Recursos
(Humanos e
matériais)
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Unidade III
Outra função do professor é avaliar se os objetivos propostos foram alcançados. Nogueira (2001)
destaca que cada objetivo proposto deve ser verificado tendo em vista as seguintes questões:
• Que tipo de ajustes deverá ser feito após o projeto? Quais tópicos
ainda devem ser retomados para complementar os conteúdos, as
investigações, as descobertas, as respostas para a problemática inicial?
• Quais as pistas que surgiram neste projeto que podem ser analisadas
como temáticas dos próximos projetos? (NOGUEIRA, 2001, p. 71).
O projeto deverá ser registrado para garantir que as informações não se percam. Esse registro tem
início no começo e se conclui somente ao final dele. Nogueira (2001) apresenta um exemplo de como
esse registro poderá ser feito pelo professor.
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Escola, Currículo e Cultura
Figura 34
Atividade Explicação
O professor apresenta as pessoas envolvidas no projeto, o contexto em que
a ideia surgiu, como foi negociado o tema, de onde nasceu a necessidade
Apresentação ou introdução do projeto, o problema etc. Nesse primeiro momento, esses aspectos serão
somente apresentados.
Nesse item, o professor deve ampliar a discussão dos motivos que levaram o
grupo a realizar o projeto.
Diante do exposto, fica evidente que, no trabalho com projetos, o professor será um mediador e um
facilitador no processo de aprendizagem, pois é ele quem gerencia o processo, oferecendo meios, auxílio,
questionando, incentivando e direcionando. Mas e o alunos, qual será o papel deles nesse processo?
Segundo Nogueira (2001), os alunos devem estar envolvidos no projeto desde a primeira etapa, o
planejamento do trabalho.
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Unidade III
Nesse momento, os alunos, junto com o professor, precisam estruturar, pelo menos mentalmente,
o que será realizado no projeto. Para tanto, os questionamentos realizados pelo professor aos alunos
serão fundamentais. Nogueira (2001, p. 82) apresenta uma série de questionamentos que resumimos
na tabela 3.
O momento seguinte é a execução do projeto, no qual tudo o que foi planejado é colocado em prática.
Nesse momento, o aluno rompe com a passividade e múltiplas interações ocorrem. “A sua ruptura com a
passividade coloca‑o diante de vários problemas que, ao serem resolvidos, potencializarão se não todo,
pelo menos boa parte do seu espectro de competências” (NOGUEIRA, 2001, p. 83).
Na fase de execução, o professor deve estar envolvido dando suporte aos alunos. Ele precisa estar
atento para motivá‑los e envolver cada um dos membros do grupo.
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Escola, Currículo e Cultura
Observação
Interferir e intervir neste caso não significa ditar regras aos alunos, solicitar
atividades ou obrigá‑los a fazer aquilo que o professor deseja, mas fornecer
subsídios, mencionar possibilidades, provar insight de ações que possam
fazer com que os alunos aprofundem‑se em determinados tópicos.
O momento seguinte é o coroamento do projeto, com a apresentação do que foi produzido, suas
descobertas, hipóteses, criações e conclusões, a outras pessoas da escola e da comunidade.
O momento posterior é o de avaliação dos projetos pelos alunos. É quando os alunos fazem suas
críticas ao trabalho realizado e tentam pensar em formas de melhorar a qualidade dos resultados, por
meio de autoavaliação e autocrítica.
Segundo Nogueira (2001), esse é um momento muito importante, porque, nele, o erro será percebido
pelo aluno como algo que não está bom ou como poderia ter ficado melhor; portanto, com um valor
construtivo.
Os alunos também podem realizar a avaliação e crítica dos projetos dos outros grupos da turma. Esse
momento pode ser complicado, mas é importante o professor ressaltar que criticar e dar sugestões é
algo positivo, pois auxilia na melhoria dos projetos subsequentes e desenvolve o senso crítico.
O registro do projeto também deve ser realizado pelos alunos, desde a trajetória inicial até a realização.
Esses registros, além de auxiliarem a resgatar a trajetória percorrida durante o projeto, permitem uma
avaliação por parte do professor.
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Unidade III
Quadro 5
Acompanhamento
O professor auxilia nessa fase e fornece suporte para que Os alunos colocam em prática todas as ações que foram
ocorram as ações planejadas pelos alunos. planejadas por eles na etapa anterior.
Depuração
Depuração
Os alunos analisam tudo que já foi realizado, refletem
O professor provoca os alunos no ato de analisar, refletir sobre suas aquisições, descobertas, produtos e, quando
e melhorar a qualidade das ações já realizadas. não satisfeitos, (re)planejam, (re)executam suas ações.
Apresentação
Apresentação
Os alunos planejam como farão a apresentação de
O professor orienta e assiste à apresentação, fazendo suas dúvidas iniciais, dos problemas, das suas vontades,
todas as anotações que julgar pertinentes para os futuros sonhos, necessidades, do processo de investigação, das
ajustes do projeto. suas produções e como chegaram ao encaminhamento
dos problemas.
Ajustes finais
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Escola, Currículo e Cultura
Nogueira (2001) destaca ainda que, quando trabalham com projetos, os alunos não precisam receber
informações totalmente estruturadas, originadas somente do professor, porque nessa sistemática ele
não é a única fonte de conhecimento, já que outros instrumentos, recursos e fontes serão acessados.
Por isso, sugerimos os projetos como uma alternativa curricular. Nesse tipo de proposta, os alunos
podem recorrer a conhecimentos oriundos de várias fontes, inclusive da cultura que possuem, das
suas vivências, dos seus hábitos e costumes, aproximando a cultura popular dos conteúdos escolares e
possibilitando que todos os alunos se reconheçam como pertencentes à cultura escolar e produtores de
conhecimentos.
Lembrete
Considerações finais
Você pode perceber que utilizamos o termo currículo como a ligação entre a cultura e a sociedade
exterior, a escola e a educação; nesse sentido, ele refere‑se à seleção de conhecimentos que serão
transmitidos e aprendidos pelas novas gerações. Esse conceito, portanto, refere‑se tanto ao que é
prescrito, ao conhecimento que deve ser aprendido na escola para formar pessoas compatíveis com os
interesses e as necessidades da sociedade como um todo, como também à prática docente realizada nas
escolas.
Assim, pudemos perceber a estreita relação entre escola, currículo e cultura: só há ensino (escola)
porque há uma cultura, e o currículo é a seleção e organização dessa cultura. O papel social da escola,
portanto, realiza‑se por meio do currículo. Este também é visto como uma construção cultural que
orienta as práticas educativas realizadas na escola a partir do que é produzido na sociedade, levando a
crer que não é neutro, ao contrário, tem uma intencionalidade muito bem definida.
Dessa forma, o currículo escolar constitui‑se tanto pela intenção, plano ou prescrição (como as
diretrizes e orientações curriculares) que explicam desejos concretos nas escolas, como aquilo que
realmente ocorre dentro dela, ou seja, as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as
tarefas acadêmicas reais desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de
ensino se veiculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais,
as práticas de avaliação etc.
119
Unidade III
O que é ensinado nas escolas precisa ser legítimo para quem está aprendendo, ou seja, os conteúdos
escolhidos e desenvolvidos nas escolas de todo o Brasil precisam ter certas afinidades com a comunidade
que frequenta aquela escola. Nesse sentido, sugerimos como alternativa o trabalho com projetos, pois é
uma interessante forma de organização do currículo que possibilita a incorporação na escola da cultura
popular, das experiências e vivências dos alunos fora da escola. Assim, acreditamos que os projetos
possibilitam a aproximação das práticas culturais no currículo escolar, pois eles surgem e partem sempre
dos interesses e conhecimentos dos alunos.
Grosso modo, é isso que pretendíamos trazer para você. Provavelmente, você deve ter percebido que
o estudo sobre o currículo não é muito simples, pois requer uma análise crítico‑reflexiva relativamente
complexa sobre o assunto.
Ressaltamos que isso ocorre porque, apesar de o currículo ser entendido, em um primeiro
momento, como um conjunto de disciplinas, programas e planos de estudos, o termo não se resume
a isso, pois é a expressão de tudo o que existe na cultura científica, humana e artística, que, por sua
vez, é transposto para uma situação de ensino e aprendizagem. Deve ser entendido, portanto, como
tudo aquilo que tem caráter educativo e se aprende tanto na escola quanto fora dela; afinal, tem
forte ligação com a cultura.
Com isso, ao término desta conversa, esperamos que você tenha entendido nossa proposta e
aprendido conosco.
Resumo
Exercícios
Questão 1. (Enade 2008) A partir dos anos 1990 foram realizadas várias reformas curriculares no
âmbito das instituições educativas, dentre elas, as propostas de reorganização dos anos de escolaridade
em ciclos, que trouxeram mudanças significativas para a estruturação curricular e a avaliação, com a
implantação da progressão continuada. Tais experiências fizeram constatar que a implementação de
novas propostas nas escolas necessita que as(os)
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Escola, Currículo e Cultura
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
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Unidade III
Questão 2. (Enade 2005) Lendo os Parâmetros Curriculares Nacionais, um professor verificou que
o Meio Ambiente constitui um de seus temas transversais. Estes pressupõem, na análise de problemas
ambientais, o envolvimento de questões sociopolíticas e culturais. O conhecimento da Geografia, no
estudo das questões ambientais, possibilita aos alunos uma visão dos problemas de ordem local, regional
e global, ajudando‑os na sua compreensão e explicação. Esse conhecimento fornece, ainda, elementos
para a tomada de decisões, permitindo intervenções necessárias.
Nessa perspectiva, são aspectos relativos aos objetivos do Ensino Fundamental para o ensino da
Geografia:
A) I e IV.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) I, III e IV.
124
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
<http://escola.edunet.sp.gov.br/consulta.asp>
Figura 3
Figura 4
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
126
Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Figura 27
Figura 28
Figura 29
Figura 30
Figura 32
Figura 34
REFERÊNCIAS
Textuais
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Exercícios
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000