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UNIVERSIDADE PAULISTA

ARQUITETURA E URBANISMO

FICHAMENTOS INDIVIDUAIS
NP1

Maria Fernanda Lacerda de Camargo RA: D92990-9- 8°P

Turma: AU8P12

Estética do Projeto

Dra. Sandra Martins

Campinas, Campus II

2022
1. OS PLOBLEMAS DA ESTÉTICA – LUIGI PAREYSON

PAREYSON, Luigi. Os Problemas da Estética. Ltda ed. São Paulo: Martins


Fontes, 2001.

“O belo não é o objeto , mas o resultado da arte, mesmo que este não se
conforme á ideia tradicional de beleza” ( LUIGI PAREYSON, 2001, p. 2)

Luigi Pareyson faz uma reflexão filosófica sobre a arte, onde ele coloca em
questão o problema terminológico e conceitual da definição de estética.

O texto diz que atualmente, após diferentes teorias sobre a beleza da arte e a
experiência estética, se entende por estética a teoria que se refere à beleza ou
à arte, independente da especificidade de cada abordagem (metafísica,
fenomenológica, etc.). Dessa forma, definindo o caráter filosófico da estética
não se pode determinar o que deva ser a arte ou a beleza, sendo uma filosofia
ou como reflexão de toda experiência do belo e da arte ou como doadora de
uma definição geral de arte.

Pareyson faz uma divisão entre estética, poética e crítica de arte e diz o que os
conceitos de “forma” e de “formatividade” parecem os mais adequados para se
definir a atividade artística. Diferentemente da concepção grega e do
romantismo, o autor nota que a arte como atividade específica só tem sentido
se pensada sobre um fundo da extensão da arte sobre toda atividade humana,
já que a atividade humana já possuiu um caráter artístico. Além disso, do ponto
de vista da forma considera inseparável a forma do conteúdo, onde a arte não
é mais formalização do espiritual, mas um complexo de matéria, estabelecendo
a obra de arte como objeto sensível.

Dessa forma, o estético não toma em questões poéticas cuidado para


transformar em divergência filosófica aquilo que é uma polemica de gosto, e
cabe ao filósofo esclarecer os termos de uma poética se baseando nos
princípios gerais da mesma, podendo assim distinguir numa doutrina a parte
estética daquela mais propriamente poética.
2. O MAL – ESTAR DA PÓS MODERNIDADE – ZYGMUNT BAUMAN

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Ed., 1998.Inquietações da vida contemporânea e suas formas atuais de
organização: uma relação de imanência.

“No cenário pós-moderno do presente, falar de uma vanguarda não faz


sentido.” (BAUMAN ZYGMUNT, 1998, 127)

Através da liberdade individual como condição e demanda pós-moderna que


Bauman coloca sob análise algumas transformações e aponta ao longo do livro
determinadas características próprias do projeto moderno e da pós-
modernidade, descrevendo-as a partir de uma seqüência cronológica de fatos,
fases ou mudanças de caráter social, histórico, econômico ou cultural,
enfatizando determinadas transformações na forma de se viver e colocando
em questão algumas contingências dos espaços e tempos.

Nesse sentido, cita que a era moderna coincidiu com a exaltação da ordem
como uma desejável realização capaz de construir um mundo estável, seguro,
coerente, limpo, sólido, enfim, puro. O ideal mundo moderno seria aquele sobre
o qual pudéssemos ter o máximo de controle possível, sendo as futuras ações
devidamente planejadas (levando em conta ações passadas).

A segurança seria uma das promessas modernas de um mundo melhor,


porém, a incerteza e a insegurança ocupam lugares cada vez mais centrais nos
modos de vida contemporâneos e estão conectadas ao fato de que, hoje, a
organização dos espaços e o controle da ordem estão passando por um
crescente e intenso processo de desregulamentação e privatização o que
Bauman chama de a nova desordem do mundo: "o que quer que venha a
tomar o lugar da política dos blocos de poder assusta por sua falta de
coerência e direção e também pela vastidão das possibilidades que pressagia"
(p.33).

Para Bauman, a época atual é marcada pelo desemprego estrutural e produção


concentrada em grandes empresas. Os "estranhos" na sociedade pós-moderna,
aqueles que não conseguem se inserir em sua lógica mercantilista, são
preferencialmente banidos do mundo ordeiro para guetos, subúrbios e classes
rebaixadas da sociedade.

Bauman põe em discussão a idéia de que, em nossa época contemporânea, a


liberdade não tem feito outra coisa melhor que sobrepor camadas sociais: "a
liberdade de escolha, eu lhes digo, é de longe, na sociedade pós-moderna, o
mais essencial entre os fatores de estratificação. Quanto mais liberdade de
escolha se tem, mais alta a posição alcançada na hierarquia social pós-
moderna" (p.118).

Nos capítulos 7 e 8, Bauman tece comentários acerca do significado conferido


à arte pós-moderna em sua relação com o Modernismo, tomando-o como um
movimento artístico de vanguarda, mas de inspiração e ideais ainda modernos.
Assim, a arte pós-moderna não vem para anular outras artes ou destacar
antigos pensamentos, mas sim para somar, misturar ideias, desmembrar e
fazer novas combinações do que já foi visto e estudado.

3. CONDIÇÃO PÓS – MODERNA UMA PESQUISA SOBRE AS


ORIGENS DA MUDANÇA CULTURAL – DAVID HARVEY

HARVEY, David. Condição Pós - Moderna : Uma Pesquisa Sobre as Origens


da Mudança Cultural . São Paulo: Loyola, 1996.
“Nas últimas duas décadas, "pós-modernismo" tornou-se um conceito com o
qual lidar, e um tal campo de opiniões e forças políticas conflitantes que já não
pode ser ignorado.” (DAVID HARVEY, 1993, p. 45)
Segundo Harvey o modernismo perdeu seu caráter revolucionário, por alinhar-
se nas prerrogativas da ideologia oficial, deixando de ser atrativo e
permanecendo em um campo social reacionário, gerando um contraponto, que
foram os movimentos contraculturais e antimodernistas dos anos 60, que
passaram a estruturar o que Harvey denominou de pós-modernismo.
“Ou não passa da comercialização e domesticação do modernismo e de uma
redução das aspirações já prejudicadas deste a um ecletismo e mercado "vale
tudo", marcado pelo laissez-faire?” (DAVID HARVEY, 1993, p. 47)
O significado dialético da análise de Harvey refere-se ao esforço de confrontar
as tendências da arte, da arquitetura, da filosofia e da política pós-modernas
com as exigências econômicas decorrentes dos ciclos de expansão e crise do
capitalismo que gerou problemas políticos, econômicos e sociais a serem
tratados, como falta de moradias, o desemprego, o empobrecimento crescente,
a perda de poder etc.
A globalização e miscigenação cultural ocasionou no mascaramento dos
grupos étnicos como consequência do que Harvey denomina “compressão
espaço-temporal”, composta pela fragmentação e dispersão espacial e
temporal que suprimem diferenças, fronteiras.
Harvey conclama as pessoas um ato de lucidez teórica, que exige o esforço
para que se construa novas formas de utilização das riquezas e recursos
advindos dessa nova ordem espaço-temporal. E, ainda, que todo o empenho
se direcione à geração de riqueza, deve-se criar uma solução à assustadora
crise civilizatória que o mundo se encontra.

4. A DESPERSONIFICAÇÃO DO LAR: O NÃO LUGAR COMO OBJETO


DE CONSUMO DA PÓS MODERNIDADE – WISGNER RORIZ E
URSULA BETINA

DIESEL, Ursula Betina; DAMIÃO, Wisgner Roriz. A despersonificação do lar: o


não-lugar como objeto de consumo da pós-modernidade. UniCEUB, 2013, 10p.
“Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço
que não se pode definir nem como identitário, nem como relacional, nem como
histórico definirá um não-lugar.” (AUGÉ, 1999, p. 73-74).
Os não lugares são espaços não identitários, não relacionais e não históricos,
ou seja, hotéis, shoppings, enquanto um lugar é ao contrário, sendo marcado
por relações humanas e sentimentos.
“Não há o que se preocupar com o futuro, não se quer pensar no passado, tudo
se resume ao agora. E o “agora” dura muitíssimo pouco.” ( WISGNER RORIZ E
URSULA BETINA, 2013, p. 50)
Os autores levantam que como consequência da pós-modernidade, a
sociedade passou a valorizar o agora, o momento, onde a ansiedade toma o
lugar do afeto, não se valoriza mais como antes receber amigos e familiares
em casa, as pessoas estão cada vez mais desapegadas e
descompromissadas, dessa forma, as reuniões em casa passaram a ser
substituídas por restaurantes e bares, e não é mais sobre morar e sim sobre
estar e hoje valorizasse mais a praticidade do que a essência de um verdadeiro
lar.
“Acrescentemos que existe evidentemente o não-lugar como o lugar: ele nunca
existe sob uma forma pura; lugares se recompõem nele; relações se
reconstituem nele.” (AUGÉ, p. 74)
Os hotéis passaram a ser lar para muitas pessoas, mas o ponto seria se
consequentemente se tornaria um lugar, já que ao morar em um hotel a pessoa
estaria abrindo mão de sua essência e do ambiente familiar.
“Os “não-lugares” se tornaram os “lugares” da pós-modernidade? São eles os
representantes da “personalidade” do nosso mundo atual? Durante todo este
trabalho, pudemos verificar que de fato as pessoas não querem mais rótulos.”
(WISGNER RORIZ E URSULA BETINA, 2013, p. 57)
Foi realizado uma pesquisa em que muitas pessoas se contradiziam em suas
falas, já que consideravam os hotéis como lugares temporários e as casas
como o real significado de lar, porém, as mesmas afirmavam que moraram ou
morariam em um hotel.
Dessa forma, casa despersonificou- se e devido a isso foi deixado em questão
se o hotel se torna um lugar quando se passa a viver em um ou continua sendo
um não – lugar, sendo um tema a ser debatido.

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