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Processos fundamentais da cognição social

Conforme a aprendizagem, o comportamento humano apresenta uma


grande complexidade e diversidade nas mais diferentes relações que
estabelece com o meio. As interações sociais que se desenrolam na
rede complexa dos padrões culturais são um dos exemplos mais
significativos da distância que nos separa, mesmo dos animais que
estão mais próximos de nós. Grande parte da nossa vida desenrola-se e
organiza-se no contexto de instituições sociais que orientam o nosso
comportamento. As relações que os seres humanos estabelecem entre
si estão orientadas por fatores de caráter cognitivo, que se referem ao
conhecimento do mundo social: pessoas, grupos, instituições ou
comunidades.

Impressões

No primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos,


construímos uma imagem, uma ideia sobre essa pessoa a partir de
algumas características, de alguns indícios que aprendemos no primeiro
encontro. A produção da impressão é mútua, na medida em que o outro
também produz uma impressão sobre mim, por outro lado, a minha
impressão afeta o meu comportamento para com o outro e, também, o
comportamento da pessoa para comigo.

Impressão e categorização
Não é possível recolher e armazenar toda a informação referente aos
objetos, às pessoas com quem contactamos, então procedemos a um
processo de categorização, ou seja, reagrupamos os objetos, as
pessoas, as situações, em diferentes classes a partir do que
consideramos serem as suas diferenças e semelhanças.

A formação das impressões


Há alguns indícios que explicam o modo como formamos uma
impressão acerca de uma pessoa. Assim temos:
Indícios físicos - remetem para as características físicas do indivíduo
como: alto, baixo, gordo, magro.
Essas características podem remeter para determinado tipo de
personalidade (ex: gordo = meigo, gentil)
Indícios verbais - o modo como a pessoa fala, se tem um largo
vocabulário, por exemplo, e também através do sotaque pode-se avaliar
a sua caracterização.
Indícios não verbais - caracteriza-se uma pessoa pelo modo como a
pessoa se veste, a sua maneira de estar.
Indícios comportamentais - como o próprio nome indica, avalia-se uma
pessoa através do seu comportamento (ex: usa maquilhagem =
cuidada).

Portanto, a partir deste indícios, formamos uma impressão global de


uma pessoa, a quem atribuímos uma categoria socioeconómica e
cultural.

O efeito das primeiras impressões


Aqui temos um exemplo para mostrar a importância das primeiras
impressões: (ler o gráfico)
Podemos concluir que a primeira informação é a que tem maior
influência sobre as nossas impressões pois nós avaliamos mais
positivamente a pessoa A do que a pessoa B devido a ter em primeiro
lugar as características positivas e só depois as negativas.

Expectativas

Para além das impressões, quando decorre um primeiro contato,


também criamos expectativas, ou seja, modos de categorizar as
pessoas através dos indícios, prevendo o seu comportamento e as suas
atitudes.

Expectativas, estatuto e papel


Tal como as impressões, as expectativas também são mútuas e para
entendermos melhor temos o seguinte exemplo:
Pensemos num professor, à sua função social que desempenha
corresponde um determinado estatuto profissional, o que quer dizer que
conta com um conjunto de comportamentos da parte dos outros. Assim,
o estatuto do professor permite-lhe, por exemplo, esperar dos alunos,
dos colegas e encarregados de educação certos comportamentos. Cada
estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto de comportamentos
esperados de um indivíduo com determinado estatuto. Deste modo, no
nosso caso, esperamos que o professor ensine bem, mantenha a ordem
na sala de aula, cumpra o programa, havendo, portanto, uma
complementaridade entre estatuto e papel.

O efeito das expectativas


O efeito das expectativas tem um grande impacto sobre as pessoas,
afetando o comportamento, a forma como a pessoa se vê e até mesmo
as suas capacidades. Por exemplo, quando um professor tem uma
expectativa positiva em relação aos seus alunos irá tratá-los de uma
maneira diferente da que se tivesse uma expectativa negativa. Assim,
os alunos cuja expectativa é positiva desenvolvem uma melhor
autoimagem das suas capacidades e trabalham mais do que os alunos
cuja expectativa é negativa.

Atitudes

Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto social


(situação, pessoa, grupo) de modo favorável ou desfavorável. As
atitudes permitem-nos interpretar, organizar e processar as informações.
É este processo que explica que, face a uma mesma situação,
diferentes pessoas a interpretem de formas distintas.

Componentes das atitudes


As atitudes construídas ao longo da vida envolvem diferentes
componentes interligadas.

Componente cognitiva - é constituída pelo conjunto de ideias, de


informações, de crenças que se tem sobre um dado objeto social. É o
que consideramos como verdadeiro acerca do objeto.
Componente afetiva - é o conjunto de valores e emoções, positivas ou
negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao sistema de
valores, sendo a sua direção emocional.

Componente comportamental - é o conjunto de reações, de respostas,


face ao objeto social. Esta disposição para agir de determinada maneira
depende das crenças e dos valores que se têm relativamente ao objeto
social.

É a partir de uma informação ou convicção (componente cognitiva) a


que se atribui um sentimento, uma emoção, (componente afetiva) que
desenvolve um conjunto de comportamentos (componente
comportamental).

Vejamos este exemplo: uma atitude negativa relativamente ao tabaco


pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o tabaco e o
cancro pulmonar (componente cognitiva). A pessoa que partilha desta
crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradáveis
em ambientes onde as pessoas fumam (componente afetiva). A esta
atitude estão associados alguns comportamentos: a pessoa não fuma,
tenta convencer os outros a não fumar (componente comportamental).

Formação e mudança de atitudes


As atitudes não nascem connosco, formam-se e aprendem-se no
processo de socialização. São vários os agentes sociais responsáveis
pela formulação das atitudes: os pais, a família, a escola e os meios de
comunicação social.

As atitudes podem mudar ao longo da vida. Acontecimentos


extraordinários, impressionantes, podem resultar em modificações nas
nossas atitudes.
Dissonância cognitiva
Pode ocorrer quando uma pessoa sustenta 2 atitudes que se opõem.
Por exemplo, a pessoa que gosta de fumar e que sabe que o tabaco
pode provocar cancro nos pulmões está perante uma dissonância
cognitiva. Perante esta situação pode ocorrer que a pessoa: (ler
diapositivo)

Representações sociais

É através da representação que somos capazes de evocar uma pessoa,


uma ideia, um objeto ou uma situação na sua ausência. Por exemplo, o
termo “campo de futebol” sugere uma imagem constituída por um
retângulo verde, duas balizas, bancadas…
Podemos definir então, que as representações sociais são um conjunto
de explicações, das crenças e das ideias que são partilhadas e aceites
coletivamente a uma determinada sociedade e que são produto das
interações sociais.

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