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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TCU - Plenário
Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

ACÓRDÃO Nº 2042/2016 - TCU - Plenário

VISTOS e relacionados estes autos de Representação, com pedido de med ida cautelar,
apresentada pelo Sr. Alfredo Agle Santana Baracat Habib, supostamente em nome da empresa
Engemax Construções e Serviços Ltda. – ME (fl. 1/7, peça nº 1), noticiando possíveis irregularidades
(fraude, desvio de finalidade, desobediência à Lei 8.666/1993 e favorecimento em processo
licitatório) na execução, pela Prefeitura Municipal de Vera Cruz/BA, das Tomadas de Preços 12, 13,
14, 15 e 16/2016, certames que seriam patrocinados por recursos federais,
Considerando o registro da unidade técnica (fl. 1/2, peça nº 6) quanto ao aspecto de o Sr.
Alfredo Agle Santana Baracat Habib, signatário da documentação ora examinada, não ser sócio da
empresa Engemax Construções e Serviços Ltda. – ME, nem possuir instrumento de mandato
suficiente para representá-la junto a este Tribunal;
Considerando os acréscimos da unidade instrutiva, a propósito, quanto a não ser a primeira
ocasião em que o Sr. Alfredo Agle Santana Baracat Habib, assim como seus filhos Antônio Baracat
Habib Neto e João Ricardo Guimarães Habib, representam a este Tribunal sem serem sócios ou
procuradores das sociedades empresárias em cujos nomes, supostamente, se pronunciam, assim como
da existência de indicativos de que referidos agentes poderiam estar-se utilizando do instituto da
representação junto a este Tribunal como instrumento para tumultuar procedimentos licitatórios em
que teriam interesse, conforme identificado, por exemplo, no âmbito do TC-005.997/2015-1,
consoante se pode constatar a partir da leitura do Voto condutor do Acórdão 1944/2015 – TCU –
Plenário (fls. 2/4, peça nº 6);
Considerando a ponderação da Secex/BA (fls. 4, peça nº 6) de que, ainda que se fosse, em nome
do princípio do formalismo moderado, admitir a representação como formulada, em nome próprio,
pelo Sr. Alfredo Agle Santana Baracat Habib, a peça em questão não tem procedência, conforme se
passa a detalhar;
Considerando que, embora faça referência às Tomadas de Preços 12, 13, 14, 15 e 16, o
representante somente aponta possíveis irregularidades em relação às duas primeiras, das quais a
empresa em cujo nome supostamente fala haveria efetivamente participado, alegando que, por haver
presenciado a “forma irregular de atuação” da Comissão de Licitação nas Tomadas de Preços 12 e 13,
não viu outra opção a não ser abandonar as licitações subsequentes (fls. 4, peça nº 6);
Considerando, nesse sentido, o registro da unidade instrutiva de que, na Tomada de Preços
12/2016, efetivamente, consoante justificou a CPL, a proposta da Engemax continha incorreção na
composição de seu BDI (inclusão indevida, em dissonância com a jurisprudência deste Tribunal, de
item referente à Administração Local) e no somatório dos valores de sua planilha orçamentária,
verificando-se, quanto a esse último aspecto, que a soma correta de sua proposta era R$ 2,02 superior
à da proposta da licitante declarada vencedora (fls. 4/5, peça nº 6);
Considerando que, conforme também sinaliza a unidade técnica, na Tomada de Preços
13/2016, igualmente a proposta da Engemax continha a incorreção já mencionada na composição de
seu BDI e erro no somatório dos valores de sua planilha orçamentária, ainda que se identifique que,
nesse caso, a soma correta de sua proposta era R$ 1.782,93 menor que a da proposta da licitante
vencedora (fls. 5/6, peça nº 6);
Considerando a ponderação da unidade técnica (fls. 8/9, peça nº 6) de que o aspecto de ser, no
caso da Tomada de Preços 13/2016, reduzida a diferença em relação ao valor total da proposta
vencedora (R$ 459.992,48) constituiria evidência de que seria mais oneroso para a Administração
retornar o certame à fase de classificação de propostas e indenizar a licitante declarada vencedora, já
contratada desde 29/6/2016, argumento esse que guardaria consonância com precedentes desta Corte
(vide, e.g., Acórdãos 2028/2014 – TCU – 2ª Câmara e 4911/2015 – TCU – 1ª Câmara);

Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 56069096.


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
TCU - Plenário
Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

Considerando, então, a ponderação da Secex/BA (fls. 6/8, peça nº 6) de que, afastadas as


supostas irregularidades apontadas, a matéria objeto da representação em tela não se insere na esfera
de competências desta Corte de Contas, tendo em vista preponderar, no caso, a defesa de interesses
particulares, em consonância com o entendimento predominante deste Tribunal (vide, e.g., Decisões
142/1998, 823/1999, 209/1999, 657/2000 e 1110/2000, todas do Plenário, Acórd ãos 679/2005,
1734/2007, 2876/2008 e 1715/2009, do Plenário, e 1559/2003, 312/2006, 3153/2006, 2850/2009 e
4623/2009, esses da 2ª Câmara);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, por
unanimidade, em:
a) com fundamento no parágrafo único do art. 237 c/c o art. 235 e parágrafo único do
Regimento Interno do TCU, não conhecer da presente Representação, tendo em vista o não
preenchimento de requisito de admissibilidade;
b) determinar o encaminhamento de cópia deste acórdão, bem como da instrução constante da
peça nº 6, ao Sr. Alfredo Agle Santana Baracat Habib e à empresa Engemax Construções e Serviços
Ltda. – ME;
c) arquivar estes autos, nos termos do parágrafo único do art. 237 c/c o parágrafo único do art.
235 do Regimento Interno do TCU.

1. Processo TC-021.199/2016-7 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Representante: Alfredo Agle Santana Baracat Habib, CPF 239.245.605-44,
supostamente representando a empresa Engemax Construções e Serviços Ltda. – ME, CNPJ
06.124.305/0001-91.
1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Vera Cruz/BA.
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secex/BA.
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

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