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Direito Constitucional I
Regência do Senhor Professor Doutor Carlos Blanco de Morais
Para impedir que seja capturado, o Estado deve disciplinar a Igreja, impondo
nomeadamente a separação entre as instituições; regular a iniciativa privada; ditar
critérios disciplinadores da liberdade de imprensa, regulando o mundo digital
que tem vindo a assumir proporções gigantescas; limitar o poder familiar, através
da adoção de regras de igualdade entre sexos e reconhecimento de situações
familiares atípicas.
quer o religioso.
Estado - domínio territorial regido
Estado Romano - dimensão imperial; unidade do poder político, com alguma simbioso
com o poder religioso e o político; sociedade hierárquica com soberania do poder
patrício; consagração do estatuto de cidadão; diferenciação entre o direito público e
privado.
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Os Elementos do Estado
O Povo
Conjunto de pessoas ligadas a uma determinada coletividade estadual pelo
vínculo jurídico da nacionalidade. Desta forma, o conceito de povo incluí
efetivamente os emigrantes. Sem povo, como conjunto de pessoas sujeitas a
deveres e titulares de direitos, não existe Estado.
Regime da Nacionalidade
Artº 4º - “São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam
considerados por lei ou por convenção internacional”
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Cidadania Europeia
Artigo 9º do Tratado de Lisboa: “É cidadão da união qualquer pessoa que tenha
a nacionalidade de um Estado-Membro. A cidadania da União acresce à cidadania
nacional, não a substituindo”. Direito à livre circulação, de eleger e ser eleito
para o parlamento europeu, proteção diplomática fornecida por qualquer Estado
Membro e direito de petição a diversas instâncias da União Europeia.
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terrestre - composto pelo solo e pelo subsolo, sem limite de profundida e demarcado à superfície pelas
linhas de fronteira. A soberania do Estado é aqui plena.
aéreo - formado pelo espaço suprajacente. Existem opiniões diversas no que toca ao limite superior deste
espaço. Há quem defenda que o limite é o espaço atmosférico, outros defendem que corresponde à altitude
território
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O poder territorial
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Tipos de descentralização:
- Descentralização administrativa: envolve a atribuição de autonomia
administrativa (competência para aprovar normas regulamentares para a
concretização de leis, aprovação de atos administrativos para a execução de
normas, celebração de contratos administrativos e produção de bens e serviços)
(baixo nível de descentralização).
Formas de Estado
Estado Unitário: é regido por uma só Constituição e apesar de poder atribuir mais
autonomia a coletividades territoriais que o integrem, há só um Estado. A
Constituição, estando numa posição de supremacia perante as restantes leis, rege
o poder político e as coletividades territoriais, que podem gozar de
descentralização administrativa ou político-administrativa.
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Simples Regional
Federalismo:
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Pode-se qualificar, por isso, o Estado Português como um Estado Unitário, com
um regionalização político-administrativa parcial ou periférica, a qual se
circunscreve duas pequenas regiões arquipelágicas: a da Madeira e dos Açores.
O restante território encontra-se sujeito a um regime de autonomia puramente
administrativa atribuída a autarquias locais (freguesias, municípios, zonas
metropolitanas) – Artigo 235º da CRP.
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Legitimidade
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Legitimidade legal-
Legitimidade democrática: Legitimidade burocrática:
Revolucionária:
O fundamento da Obediência simples às
autoridade dos Fundamento da autoridades instituídas
governantes resulta do titularidade do poder pelo sistema legal
consentimento expresso exercido por quem vigente, as quais atuam
por uma vontade geral, rompeu com uma sob um aparelho
livre, periódica e explícita ordem instituída e administrativo, intrusivo
dos governados. dispõe da força fáctica e repressivo, e um
para fundar outra ideário simples.
(reestruturação do Funciona em conjunto
Estado através de um com outros tipos de
programa ideológico de legitimidade,
ação e da criação de nomeadamente a
uma nova ordem legal). democrática.
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Principais críticas:
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Anos 80: influência alemã: conselhos de concertação social – órgãos onde estão
representadas entidades corporativas (empresários e sindicatos) que num
determinado conselho discutem a legislação – chegar a um acordo de forma a
diminuir a contestação.
Não institucional: democracia digital: poder das pessoas, através das redes sociais
(poderá ser considerado um poder informal com um elevado grau de influência).
Podem parar golpes de estado ou deslegitimar governantes.
Democracia semidirecta: instituto do referendo.
Democracias iliberais
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Democracias autoritárias
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O que existe na Federação Russa é, nada mais nada menos, do que um regime
legitimado democraticamente embora com uma forte componente autoritária no
acesso e no exercício do poder que, contudo, se diferencia de totalitarismos de
Partido Único (china e cuba) ou de autoritarismos semi-competitivos (Irão, Brasil,
atual Venezuela).
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Tudo aponta para uma continuação da atual ameaça e das medidas constritivas
de direitos, bem como a adoção de medidas securitárias reforçadas. Denota-se
um crescimento eleitoral dos partidos anti-imigração, por exemplo. Face a estas
medidas, é questionável a manutenção destes regimes enquanto democracias
avançadas.
Tipologia elementar
Estado Totalitário
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O Estado Autoritário
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Sultanismos:
Regime personalizado numa chefia tradicional ou carismática oriunda de uma
família ou de um clã, a qual exerce poderes de autoridade sem os limites
próprios de um Estado de Direito. O sultanismo prescinde muitas vezes de um
ideário de legitimidade.
O modelo típico reconduz-se às monarquias absolutas do Golfo Pérsico.
Regimes Militares:
Afiguram-se muitas vezes como ditaduras transitórias provocadas por uma
crise institucional grave em que as forças armadas detém excecionalmente o
poder político, autoinvestindo-se num mandato temporariamente limitado. O
nacionalismo constitui o ideário comum à grande maioria dos regimes
militares. Existe por norma um chefe carismático na liderança, oriundo das
forças armadas. Podem também governar de forma mais colegial, através de
um diretório ou junta miliar, como aconteceu em Portugal em 1975; ou
simplesmente tutelar o poder civil, através de um chefe de estado não militar.
Existem ainda formas híbridas de autocracia protagonizadas pelo poder
militar que operam através da institucionalização de um regime dominado
indiretamente pelas forças armadas, mas que incorpora um pluralismo
político limitado em eleições semi-competitivas, onde um dos partidos
representa interesses militares. Nestes casos a tutela castrensa não é
transitória, é sim definitiva.
Cesarismos socialistas-revolucionários:
Substrato ideológico marcado, erigido em torno de um chefe ou caudilho que
lidera o Estado, em aliança expressa ou tácita com um setor militar e uma
vanguarda político-social procurando instituir um regime autocrático de
vocação permanente, com ou sem componente eleitoral.
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Teocracias:
Regime político fundado numa ideologia extraída de uma confissão religiosa.
O poder político é tutelado por lideranças religiosas.
Existem regimes teocráticos autoritários que excluem eleições competitivas e
em que o poder político se concentra numa liderança religiosa messiânica
assente num partido único – caso do regime talibã que governou o
Afeganistão entre 1996 a 2001.
Paralelamente, existem formas de teocracia que conjugam elementos de
pluralismo limitado, como é o caso da República Islâmica do Irão – fazem
assentar a legitimidade do poder na religião e integra constitucionalmente
órgãos supremos de autoridade religiosa que não são eleitos por sufrágio
popular, como é o caso do Guia Supremo, com faculdades de chefia militar,
entre outras. Estes regimes admitem, dentro dos que adotam a filosofia
pública estadual, partidos políticos e candidaturas alternativas independentes
oriundas de partidos ilegalizados, mas existentes e tolerados. O Executivo e o
Legislativo são equilibrados entre si, mas condicionados pela ação supervisora
da liderança religiosa.
Autoritarismos corporativos:
Filosofias nacionalistas de índole católica, agregando um partido político
único e concentrando os poderes do Executivo e de parte do legislativo num
chefe. Estado essencialmente intervencionista e vocacionado para a exigência
de uma cooperação entre classes.
Estado novo: coportativismo contra-revolucionário e civilista que aliou uma
elite universitária e económica com a Igreja católica, chefiado pelo conselho
de ministros.
Ditadura franquista: caudilhismo militarista, corporativo e católico, centrado
no poder quase absoluto do Chefe de Estado, o General Francisco Franco,
articulado com as forças armadas.
Gerontocracias institucionais:
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iii. Em que medida o sistema eleitoral de designação dos titulares dos órgãos
parlamentares tem impacto na estabilidade do poder executivo, assegura
uma representação minimamente fiável do eleitorado e permite um
modelo satisfatório de governabilidade
O sistema político pode, assim, ser definido como o modelo de estruturação e de
relacionamento dos órgãos de soberania no exercício do poder político.
O sistema político começa por ser um modelo ou um paradigma de governação,
concebido na base de uma metodologia através da qual se agrupam tributos
comuns e permanentes entre diversas formas de organização do poder, o que
permite a inclusão em categorias.
Sistemas parlamentaristas:
O traço comum a todos os sistemas parlamentaristas consiste no facto de
repousar exclusivamente na vontade funcional de um Parlamento
democraticamente eleito, a fonte da investidura ou legitimação, de
responsabilidade política e da subsistência em funções do Governo, bem como
pelo facto de o Chefe de estado não exercer poderes independentes da direção
e controlo político, com caráter relevante, sobre as demais instituições.
O sistema parlamentar, como um todo, assenta nos seguintes atributos:
• Coexistência, num cenário de separação de poderes de: Chefe de Estado,
Parlamento e Governo;
• Poder assente na confiança política entre Parlamento e Governo, pautada
por controlos recíprocos, mas com dependência do segundo perante o
primeiro, no sentido em que o Governo emana do Parlamento, é por este
confirmado em funções com base num voto de investidura. O Governo
responde a título exclusivo perante o Parlamento, e só se mantém em
funções quanto não receber a sua reprovação política;
• Existência de uma diarquia institucional e simbólica no poder Executivo,
formado pelo Governo e pelo Chefe de Estado – ambos encabeçam o
poder executivo, mas a posição do Chefe de Estado é quase que
meramente simbólica.
• Menor peso político do Chefe de Estado na triangulação institucional
descrita, na qualidade de Monarca ou de Presidente da República – exerce
funções honoríficas de representação, bem como faculdades certificatórias
(promulgação obrigatória de leis) e poderes limitadamente arbitrais ou
reguladores.
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Sistemas Presidencialistas
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Sistemas semipresidencialistas
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Exemplo:
As constituições francesa e portuguesa preveem um sistema semipresidencialista.
Em Portugal, o costume fez caducar as normas que atribuíam ao Presidente
competências de demissão de governos, sendo que esta faculdade é
percecionada como uma última solução, em caso de extrema necessidade. Por
outro lado, em França está-se perante um mecanismo comum de direção
presidencial, que o Chefe de Estado usa para criar uma maioria parlamentar
favorável ou para reforçar a maioria existente. Sempre que é eleito ou reeleito e
se defronta com uma maioria parlamentar adversa, o Presidente dissolve.
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Sistemas eleitorais
A escolha entre este ou aquele sistema eleitoral envolve diferentes
conceções de democracia: ou se opta por um modelo de pendor maioritário e
decisional que privilegia um vencedor entre os grandes partidos, facilitando
maiorias parlamentares politicamente homogéneas e aptas a formar governo, ou
se escolhe um modelo de pluralismo dispersivo e igualitário, preferindo-se a
representação equitativa de todas as forças com um mínimo de expressão
eleitoral, ou se opta ainda por uma vertente híbrida entre estes modelos.
No Estado democrático de direito, o sistema eleitoral condiciona o formato
de sistema de partidos e contribui para a própria consolidação da democracia.
Eleição presidencial
Sistema a duas voltas (se nenhum candidato
obtiver maioria absoluta no primeiro turno,
realiza-se segunda volta com os dois
candidatos mais votados).
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Os parlamentos racionalizados
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Constituição:
A constituição britânica é única pelo seu caráter fragmentado,
preponderantemente consuetudinário e não escrito, evolutivo na sua adaptação
a novas contingências e flexível quanto ao seu processo de alteração (pode ser
revista a todo o tempo). É sobretudo um produto histórico, resultando de um
complexo de normas de valor diferenciado, composta por textos que se foram
acumulando desde a Magna Carta (1215), passando pelo “Fixed Term Parliament
Act” de 2011.
Apesar da Constituição estar suscetível a várias revisões, isso não implica que
mude com muita frequência, resultado da arreigada tradição do povo britânico.
Existem dois blocos de normas constituições:
• Satute Law – leis constitucionais escritas ditadas através dos séculos, onde
ressaltam importantes documentes normativos, muitos deles já parcial ou
totalmente derrogados e com valor histórico. Estas leis em nada se
distinguem em termos de procedimento ou força jurídica das leis comuns.
• Normas consuetudinárias, que se dividem em duas categorias jurídicas, de
vinculatividade distinta:
i. Common Law- integrada por costumes reconhecidos como
obrigatórios por parte de decisões de tribunais superiores, de onde
se deduzem princípios jurídicos que assumem e uma hierarquia e
vinculatividade idênticas à “statute law”.
ii. “Conventions” ou regras oriundas das práticas constitucionais,
consolidadas pela força da sua aplicação constante e da sua
afirmação na consciência coletiva por via da tradição e que, não
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Statute Law e Common Law têm idêntico valor jurídico integrando as chamadas
rules ou regras constitucionais. As conventions envolvem um valor jurídico
inferior, pese o facto de constituírem a teia de ligamentos que articula a ossatura
do sistema político.
O monarca:
O monarca britânico influi no sistema por aquilo que representa e não por aquilo
que realiza. O Rei tem um peso representativo substancial e uma palavra sua pode,
em termos de crise, produzir um impacto significativo. Contudo, deve manter um
discurso imparcial e contido
Os seus poderes constitucionais são limitados e assumem uma natureza
honorífica, simbólica, cerimonial e religiosa (o Rei é o chefe da igreja anglicana).
O costume e a referenda ministerial tornam praticamente todos os seus atos
dependentes de iniciativa governamental, nomeadamente as dissoluções
parlamentares (foi solicitada pelo Primeiro Ministro).
Outro poder compartilhado com o Gabinete consiste na nomeação de membros
da Câmara dos Lordes e de altos funcionários, a tomada de medidas de exceção,
decisões em matéria militar, ratificação de tratados depois de aprovados pelo
Parlamento, etc.
Direito ao veto: se bem que as normas constitucionais atribuem ao monarca o
direito ao veto sobre a legislação, essa previsão foi derrogada pelo costume
constitucional, caindo em completo desuso (o último data de 1708).
Apesar de ter o poder de nomear o primeiro ministro, a mecânica do sistema
eleitoral maioritário faz com que este coincida sempre com o líder do partido
mais votado. Quando não há maioria absoluta monopartidária ou quando o
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partido vencedor não tenha liderança constituída, o Rei tem algum poder de
decisão sobre o assunto, como aconteceu em 1974.
O Monarca não pode demitir o Primeiro-Ministro.
O Parlamento:
Fonte do poder democrático do Estado e suprema autoridade legislativa.
O órgão é composto por duas câmaras: a Câmara dos Comuns, eleita
democraticamente por sufrágio universal e que desempenha um papel
claramente dominante; Câmara dos Lordes, que desde o Pariament Act de 1911,
assume um peso institucional claramente secundário: bicameralismo
assimétrico.
O Parlamento é o legislador por excelência e nenhuma das suas leis pode ser
questionada, seja pelo Monarca seja pelos tribunais. O Parlamento é a fonte de
poder do Gabinete, dado que este é designado pelo monarca em razão de
composição parlamentar, é objeto de constante fiscalização e só se mantém em
funções enquanto houver confiança parlamentar. Controla a atividade os
ministros e é o fórum de discussão dos assuntos de relevante interesse público.
No entanto, estes poderem sofrem condicionamentos. As leis que o Parlamento
vota são, na sua larguíssima maioria, resultantes de iniciativa do Gabinete. Isto
porque o Primeiro Ministro e os membros do Gabinete são também
parlamentares, e votam nas sessões plenárias, estabelecendo uma relação
conetiva com a maioria que suporta o Executivo na Câmara dos Comuns, mais
concretamente através da ligação entre o Chefe de Governo e os chefes de
bancada (chief whips).
Os membros da Câmara dos Comuns são eleitos por sufrágio universal e por uma
forma de escrutínio maioritário a uma volta, o qual incide em 650 círculos
eleitorais. Favorece um sistema bipartidário e governos de maioria absoluta – o
mandato é de 5 anos.
A Câmara dos Comuns é presidida por um speaker e funciona em Plenário,
desenvolvendo uma intensa atividade legislativa e fiscalizadora da atividade do
Governo.
Desde o Fixed Term Parliamente Act, a Câmara dos comuns reforçou os seus
poderes face ao Gabinete, sendo que a legislatura foi fixada nos 5 anos e a
dissolução antecipada passou a requerer a aprovação de uma moção de não
confiança ou de eleições antecipadas (2/3 dos votos).
A oposição, por sua vez, goza de um estatuto especial, constituindo um
“Governo Sombra” que não só acompanha e critica a atividade da maioria, como
também desenvolve uma relevante atividade parlamentar, intervindo no debate
sobre o discurso da Coroa e no debate orçamental, formulando moções e
propostas-leis e questionando o Primeiro Ministro nas sessões semanais.
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A câmara dos Lordes é constituída por pares espirituais (da igreja anglicana)
e temporais (aristocratas eleitos entre si ou designados pelo monarca) – esta
posição é regra geral vitalícia. A câmara dos lordes opera como câmara de
“esfriamento” da legislação adotada na Câmara dos comuns, podendo propor
emendas e retardar a aprovação de diplomas de natureza não financeira pelo
período de 1 ano e financeira pelo período de 3 meses. 2 a 4 membros desta
Câmara costumam integrar o governo mas nenhum pode ser Primeiro Ministro.
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O sistema alemão:
Constituição
Na Alemanha, o sistema parlamentarista foi consagrado pela designada “lei
básica” ou Lei Fundamental de Bona, em 1949. A constituição alemã é uma
constituição rígida, isto é, é difícil incutir-lhe alterações – só é possível modifica-
la pela maioria de dois terços obtida em cada uma das câmaras parlamentares. A
constituição, soerguida sobre os princípios republicano e democrático, consagra
o federalismo como modelo de organização territorial e é garantida por um
Tribunal Constitucional, que protagoniza uma fiscalização atenta da
constitucionalidade dos atos jurídico-públicos, de acordo com um modelo
concentrado – Tribunal de Karlsruhe.
Sistema político:
Trilogia formada por Presidente, Parlamento e Governo. Destaca-se o binómio
fiduciário Governo-Parlamento e um consequente apagamento do chefe de
estado, a ascendência do Governo e neste, o papel liderante do Chanceler.
Presidente da república:
Eleito por uma Convenção Federal, integrada pelos membros do Bundestag
(câmara baixa do Parlamento) e por representantes nomeados pelos estados
federados. O mandato é de 5 anos, sem possibilidade de reeleição – processo de
eleição indireta de base parlamentar. O objetivo deste processo é a manutenção
da dependência do presidente face ao parlamento.
O presidente constitui uma instituição secundária, exercendo funções
representativas de natureza honorífica e protocolar, ou certificatórios no caso de
decisões do Governo e do Parlamento. Os seus atos são controlados pelo
Governo através da referenda ministerial.
Não dispõe de direito de veto sobre as leis que promulga.
Faculdades do presidente:
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O Parlamento
O Parlamento tem uma estrutura bicameral. O fulcro da sua autoridade sedia-se
no Bundestag (dieta federal), cujos deputados com um mandato de 4 anos são
eleitos através do sistema misto de pendor proporcional, completado por uma
cláusula de barreira de 5%.
Apesar deste sistema ter sido criado com o intuito de geral bipolarismo
partidários relativos, o escrutínio eleitoral falhou pois não conseguiu evitar a
representação de partidos heterogéneos de média dimensão, o que tem
dificultado a formação de governos. Ao mesmo tempo o sistema foi concebido
para evitar que um partido governasse sem apoio de uma coligação.
O Bundestag, composto por 630 deputados, dispõe de importantes poderes no
plano político, investido em funções o Chanceler e procedendo à sua destituição
(a qual acarreta também a demissão do Governo, através do regime de censura
construtiva) e atuando como órgão de fiscalização do Executivo. Aprova o plano
da política financeira e política externa. O Bundestag é o órgão legislativo por
excelência, sem prejuízo de conceder autorizações legislativas ao Governo.
Esta câmara só pode ser dissolvida antecipadamente em casos muito excecionais.
O Bundesrat / Conselho Federal, com 69 membros, opera como segunda câmara,
com a função representativa dos estados federados (Länder), sendo os seus
membros designados pelos órgãos do poder de cada estado. Não há o mesmo
número de representantes por estados já que os mais populosos nomeiam um
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O Governo e o Chanceler
O Governo é subsiste através do depósito de confiança por parte do Parlamento.
A Constituição favorece a posição do Chanceler como polo de presidencialização
do Executivo alemão.
O Chefe de Governo não responde perante o Presidente, mas sim perante o
Bundestag.
No plano governamental, é o Chanceler que propõe a nomeação dos restantes
membros do Governo ao Presidente, define a estrutura do Executivo, traças as
suas linhas de ação com o acompanhamento de cada um dos ministérios- detém
uma posição de clara supremacia sobre os demais ministros, que respondem
perante ele. É o grande mediador de relações entre o Governo e o Presidente da
República e entre o Governo e as duas câmaras do Parlamento, mantendo uma
interação próxima com os chefes de bancada.
Apesar de, em casos de coligação homogéneas, o Chanceler exercer uma
liderança quase monocrática, a sua proeminência não atinge a do Chefe de
Governo Britânico, já que o Chanceler pode ver o seu poder limitado por “veto
players” – Tribunal Constitucional, estados federados, Bundesrat, parceiros de
coligação, etc.
Por outro lado, em ciclos de bloco central (coligações entre os maiores partidos),
o Chefe de Governo vê-se obrigado a concertar políticas com os ministros dos
partidos da coligação e a respeitar também as suas vontades.
O governo só é demitido com a aprovação de uma moção de censura pela
maioria dos deputados do Bundestag, se estes acordarem a formação de um
Governo alternativo com um candidato a Chanceler.
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O presidencialismo norte-americano
Constituição
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Controlo da Constitucionalidade
O Supremo Tribunal Federal (STF) exerce o controlo de constitucionalidade das
normas violadores da Constituição, tomando como norma de referência a
Supremacy Clause, que distingue a Constituição como lei de hierarquia superior
às restantes, a nível federal ou federado.
Compete aos tribunais dos estados controlarem a constitucionalidade das
normas federadas contrárias à Constituição Federal; compete-lhes desaplicar
normas contrárias. O STF tem o poder de proferir a última palavra sobre
controvérsias que resultem da impugnação das decisões de tribunais estaduais
ou federais em feitos que envolvam a violação da Constituição federal. Embora
as decisões do STF apenas vinculem diretamente as partes em conflito, a sua
decisão deve ser seguida por tribunais inferiores.
Sistema de Governo
O sistema presidencialista norte-americano assenta no binómio Presidente-
Congresso e resulta do triunfo da corrente federalista, que defendia um modelo
de poder quase encimado por um “monarca eleito” e com mandato limitado.
Erigiu-se assim um sistema político inovador, cuja estrutura institucional se
aproximou mais eficazmente do modelo de divisão de poderes de Montesquieu.
O sistema de governo norte-americano assenta num modelo de freios e
contrapesos (checks and balances), isto é, de controlos interorgânicos recíprocos.
Desta forma, o Presidente tem direito de vetar leis do Congresso e o Congresso
pode ratificar nomeações presidenciais para cargos executivos e jurisdicionais, ou
tratados pela Administração). Na prática, apesar da repartição de poderes, há um
certo grau de preponderância de um poder Executivo unipessoal.
A tradição é que haja cooperação bipartidária na resolução de questões de
interesse nacional, mas quando a maioria presidencial não coincide com a maioria
partidária das câmaras, avulta um critério menos ideal de competição entre o
Legislativo e o Executivo pelo exercício do poder. Esta é uma realidade comum
em termos mais recentes, nas presidências de Nixon, Clinton, Obama e Donald
Trump.
O Presidente
O presidente é eleito por sufrágio universal, apesar desta votação ser indireta.
Em cada estado existe um conjunto de eleitores (delegados) que representam os
candidatos. O candidato que obtiver num estado a maioria dos votos (basta ser
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Mandato
O mandato é de 4 anos e o presidente pode apenas ser eleito por dois mandatos
consecutivos.
Competências
O presidente:
• Chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas
• Chefe da Administração central que é encimada pelo Governo
• Conduz a política externa, de defesa e segurança do país – assina acordos
internacionais e conclui tratados que submete à aprovação do Senado
• Não responde perante o Congresso, mas também não o pode dissolver
• Único responsável político pelo funcionamento do poder do Executivo
federal (Administração) – constituída pelos secretários federais
responsáveis pelos departamentos, conselheiros e altos funcionários,
todos sujeitos ao poder hierárquico presidencial.
• Dispõe da última palavra no uso de armas nucleares
• Na esfera económica, prepara o Orçamento e dirige a sua execução
• Nomeia membros da Administração, membros dos altos comandos
militares, representantes diplomáticos, altos funcionários e membros do
STF – power of appointment – na sua maioria, necessita da aprovação do
Senado ou de audições parlamentares (hearings)
• Produzir legislação sob autorização do Congresso (delegated legislation)
ou emitir Executive Orders – normas que podem assumir a força de lei
• Vetar leis do Congresso (que podem ser passadas através da confirmação
por dois terços dos votos contra o veto)
No entanto, a competência presidencial está limitada pela War Power Resolution
de 1973 – o Presidente não pode envolver o país numa guerra sem a aprovação
do Congresso.
O Presidente nem sempre tem um efetivo controlo sobre o correspondente
grupo parlamentar devido à força da independência de muitos deputados e
senadores, cuja conduta é marcada pelo interesse dos estados de que são
oriundos e dos grupos de pressão (lobbies) que os apoiam. Os partidos nos EUA
não têm lideranças fortes.
O Congresso
Órgão parlamentar bicamaral: Câmara dos Representantes e Senado.
Exerce essencialmente o primado da função legislativa, bem como importantes
atividades de controlo político. O Congresso pode:
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B. Senado
O Senado é presidido pelo Vice-Presidente dos Estados Unidos e é a câmara alta
que assegura a representação dos estados, sendo cada estado representado por
dois senadores que são eleitos sob a forma de escrutínio maioritário, na
generalidade a uma volta.
Os 100 senadores cumprem um mandato de 6 anos. A engenharia bipartidária
perfeita faz com que todos os senadores sejam ou democratas ou republicanos.
Competência da Câmara Alta:
• controlo das nomeações do presidente: segue critérios para escrutinar se
a pessoa é digna para o cargo ou não.
• Ratificação de tratados
• Partilha com a Câmara dos Representantes a revisão constitucional, a
função legislativa e o desenvolvimento de fiscalização do executivo
• Julga altos funcionários através do impeachment iniciado na Câmara dos
Representantes.
O Senado é composto pelo Plenário e por 16 comités com competências
específicas.
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política é concebida pelo Presidente e tende a ser executada pelas duas câmaras
após negociações com o chefe de estado e a bancada do seu partido, que acaba
por ser uma estrutura “carimbante”.
- Presidente apoiado por uma das câmaras e que logra nesta o controlo sobre a
bancada maioritária. Embora assuma liderança efetiva, o Chefe de Estado deve
ter capacidade para criar consensos bipartidários com a oposição na câmara que
não domina. Se tiver maioria no Senado terá mão livre para a política externa e
nomeação de membros do STF, entre outras; se tiver maioria na Câmara terá
maior liberdade para fazer reformas financeiras e sociais.
- Presidente não goza de apoio em nenhuma das câmaras- a governação torna-
se extremamente difícil, face a constantes bloqueios e vetos, arrastamento do
processo de aprovação do orçamento, etc. Foi o que aconteceu com Obama em
2015.
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A Constituição de 1958
Esta constituição institui um regime político democrático e republicano, servido
por um sistema político semipresidencialista e estabeleceu uma forma territorial
de Estado unitária, com regionalização administrativa a partir da década de 80.
Influência determinante da República de Weimar, 1919.
Concebida num contexto de crise política, marcada por uma transição
constitucional da IV para a V República, esta constituição foi aprovada por um
plebiscito. A elaboração pela Comissão Debré passou pela aprovação do
Executivo e foi submetida a voto popular. O que deveria ter sido uma revisão
constitucional transformou-se numa nova Lei Fundamental.
A constituição de 1958 incorpora um complexo de direitos de liberdade e direitos
sociais, rececionando ainda a Declaração dos Direito do Homem e do Cidadão de
1789 (documento que inaugurou o constitucionalismo moderno na europa).
Na sua força jurídica, a Lei Fundamental da V República consiste num texto
constitucional rígido: as alterações ocorrem, por proposta do Presidente ou de
deputados, quando aprovada pelas duas câmaras parlamentares e submetida a
referendo, seja mediante dos três órgãos ao mesmo tempo em Congresso, com
uma aprovação de três quintos.
1962 – o Presidente da República passa a ser eleito por sufrágio direto universal.
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2017- Inicia-se uma nova dinâmica não testada na V República no que toca à
morfologia do sistema partidário. O presidente Macron, centralista liberal e
progressista, foi eleito com base num movimento ideologicamente inespecífico
que se converteu em partido (agregando personalidades de centro-esquerda,
centro, centro-direita e independentes) num contexto de crise aguda do sistema
de partidos. Neste ano, as formações liderantes das alianças tradicionais foram
duramente fulminadas por crises de liderança e desgaste de poder e corrupção.
As eleições de 2017 pulverizaram o sistema partidário bipolar e uma Assembleia
Nacional de composição multipartidária fragmentada passou a ser dominada por
um partido pró-presidencial hegemónico, dotado de uma maioria absoluta
acentuada que tanto pode operar reforças e alterações constitucionais, como
evoluir como bloco político de difícil gestão e disciplina, com aptidão para se
desagregar em caso de irromper uma grave crise de poder.
Presidente da República
O presidente da República é eleito por sufrágio universal direto, na medida em
que obtenha a maioria absoluta dos sufrágios. Se essa maioria não for alcançada,
há uma segunda volta entre os candidatos mais votados e considera-se eleito o
candidato mais sufragado.
O seu mandato tem a duração de cinco anos e só pode haver uma reeleição
consecutiva, por escrutínio de uma ou duas voltas.
O sufrágio direto e o facto de ser uma das cabeças do Executivo (que partilha
com o primeiro-ministro) e o seu papel de garante de Constituição, da
independência nacional e dos tratos, conferem-se uma posição única no exercício
de poderes. Não tem de responder perante o Parlamento (só perante o povo)
mas pode ser destituído por este, se uma das câmaras exercer, para o efeito,
funções de Tribunal Supremo, decidindo por maioria de dois terços.
O Chefe de Estado preside ao Conselho de Ministros e estabelece a ordem de
trabalhos, sem ser responsável pela direção dos trabalhos do governo – isso cabe
ao primeiro-ministro.
Promulga e exerce o veto absoluto sobre as “ordonnances” do Governo
(legislação delegada pelo parlamento) e assina decretos regulamentares
governamentais.
Cabe ao Presidente a nomeação do Primeiro-Ministro (normalmente é o líder do
partido mais votado, mas isto não é obrigatório). O Presidente pode solicitar a
demissão do primeiro-ministro, pois apesar da Constituição não prever esta
faculdade, o costume enraizou-a. Aliás, quando o primeiro-ministro começa a
cumprir funções, é obrigado a assinar uma carta de demissão em branco não
datada.
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Governo
O Governo é nomeado pelo Presidente da República mas depende da confiança
do Parlamento para se manter em funções. O Governo responsabiliza-se perante
a Assembleia Nacional, apresentando, para o efeito, o seu programa ou uma
declaração política. O Parlamento pode responsabilizar o Governo, ao rejeitar
uma moção de confiança ou aprovar uma moção de censura pela Assembleia
Nacional, adotada pela maioria dos membros efetivos do órgão. O Governo
conduz a Nação, dirigindo a Administração e as forças armadas.
O Governo é um órgão autónomo e os poderes do Primeiro-Ministro variam
consoante e coabitação ou a homogeneidade partidária (se o chefe de governo
e do estado são do mesmo partido).
O Primeiro-Ministro gere a ação do Governo e faz executar as leis; propõe ao
Presidente a nomeação e demissão de ministro.
O Conselho de Ministros delibera colegialmente. Pode aprovar, a par de
regulamentos de execução das leis, regulamentos de caráter inovador: os
regulamentos independentes, que dispõe sobre um domínio reservado (toda a
matéria não coberta pela lei) – âmbito administrativo. Em regra, um regulamento
está subordinado à lei. Neste caso os regulamentos independentes são imunes à
revogação da lei. Trata-se de uma norma primária da função legislativa.
A nível legislativo o Governo aprova legislação delegada pelo Parlamento. Pode
decretar estado de sítio e estado de emergência.
Parlamento:
O Parlamento francês é bicameral, composto por:
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proeminente se vai alterando consoante o ciclo eleitoral, mas isso não faz com
que o regime deixe de ser semipresidencialista.
• Fontes internas
O segundo Pacto MFA-Partidos (Plataforma de Acordo Constitucional), celebrado
em pleno processo revolucionário, a 1975, constituiu o documento político-chave
que enformou o sistema de governo semipresidencial nascido da Constituição de
1976.
Este pacto só foi conseguido após o afastamento da ala militar marxista mais
extremista do Conselho da Revolução, após a revolução de 25 de novembro de
1975 (um primeiro pacto existia, de índole tipicamente marxista, que propunha
um Presidente eleito pelas câmaras e uma importante atuação do Conselho da
Revolução.
No segundo Pacto previa-se já a eleição do Presidente por sufrágio universal e a
responsabilidade política do Governo perante o Presidente e o Parlamento,
suprimindo-se a ideia de uma segunda câmara militar. O Presidente, que presidia
também o Conselho da Revolução, podia dissolver o Parlamento, desde que
tivesse o consentimento do Conselho.
Note-se, portanto, que ficaram consagradas as linhas de força do
semipresidencialismo.
O facto do Presidente ser inicialmente um militar e o General das Forças Armadas,
moldou-o a uma figura equidistante dos partidos e revestiu a figura presidencial
com alguma neutralidade, que se manteve, em menor ou maior grau, até aos dias
de hoje, já que o Presidente deve ser uma figura arbitral e moderadora.
A Revisão de 1982 completou o ciclo de transição para uma democracia plena,
removeu o Conselho da Revolução cujas competências foram distribuídas pelo
Governo, pelo Parlamento e por um Tribunal Constitucional recém-criado, e
libertou os poderes do Presidente do órgão militar.
Com a Revisão, o Presidente da República passou a ter, sem condicionamentos,
o poder de dissolução da Assembleia da República; alargamento das matérias
legais sujeitas a veto qualificado (superável por dois terços). Perdeu o poder de
livremente demitir o Governo por motivos de confiança política, só podendo
fazê-lo quando as instituições democráticas estiverem em risco.
O Parlamento ganhou responsabilidades: pode promover uma espécie de
impeachment do Presidente por crimes praticados no exercício de funções;
alargou a sua competência legislativa; passou a dar consentimento às ausências
do Presidente do território nacional em viagens oficiais não superiores a 5 dias;
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• Fontes externas
A fonte externa por excelência foi a Constituição francesa de 1958, bem como a
austríaca e a alemão.
Traços essenciais:
• Eleição do Presidente da República por sufrágio universal
Artigo 121º, nº1. No caso de não obter no ato eleitoral mais de metade dos votos
validamente expressos, realizar-se-á uma segunda volta, com os dois candidatos
mais votados da primeira (artigo 126º, nº 1 e 3). A eleição por sufrágio permite
ao Presidente legitimar-se diretamente no voto popular e assumir-se como órgão
representativo da República (artigo 120º), a par da Assembleia da República, que
é definida como órgão representativo de todos os portugueses (artigo 147º). Esta
legitimida fundamente poderes de direção e de controlo político que lhe são
atribuídos e que lhe conferem o “status” de garante do regular funcionamento
das instituições democráticas.
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Traços complementares
• O presidente como órgão regulador do sistema institucional de
estatuto suprapartidário e não envolvido na atividade governativa
Os poderes executivos limitados do Presidente afastaram-no da atividade
governativa, a qual não está sujeita às suas diretrizes.
Poderes de controlo/regulação:
- direito ao veto: enquanto nos restantes sistemas o veto político é
ordinariamente reversível por maioria simples, o Presidente da República
Portuguesa:
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maioria por dois terços dos deputados presentes, para o caso das leis
orgânicas, entre outras.
Apesar da confirmação por maioria absoluta ser exequível, o veto por maioria
de dois terços reforça o poder de impedimento do Presidente sobre leis
especialmente relevantes, aproximando-o parcialmente do modelo
presidencial norte-americano.
Por outro lado, o Chefe de Estado pode promover perante o Tribunal
Constitucional a fiscalização da constitucionalidade de leis da República e de
qualquer outra norma publicada.
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Por sua vez, o “poder arbitral” que a Constituição não define, coloca o Presidente
numa posição de imparcialidade, que corresponde ao exercício político
desformalizado de um poder neutro – destina-se a dirimir conflitos políticos entre
outros órgãos, partidos e entidades.
Exemplos: conflitos entre órgãos de soberania e órgãos de governo próprio das
RGA; entre um Governo minoritário e os protagonistas de uma maioria partidária
negativa, na Assembleia; entre os parceiros de uma coligação, quando está em
causa a governabilidade; entre os partidos políticos no contexto de formação de
um novo Governo ou no contexto de crise política; o Governo e agentes
económicos/financeiros/sociais.
O poder arbitral é, assim, mais informal, mas a sua regularidade confere-lhe
pertinência.
Já o poder moderador, assente na tradição portuguesa, é o principal poder
presidencial, previsto na constituição de 1976. Esta faculdade implica que o
Presidente passe de mediador a ator político, e se for caso disso, responsável pela
ativação de válvulas de segurança do sistema de governo.
Isto é, o presidente, ao abrigo do estatuto de moderador, pode interferir nos
demais órgãos de soberania e órgãos de governo regional. Essa faculdade
coloca-o numa posição de superioridade, sem qualquer sistema de freios e
contrapesos, exceto perante os limites impostos pela Constituição e pela prática.
O Presidente age politicamente em fidelidade ao seu programa eleitoral,
podendo exercer faculdades de influência e persuasão relevantes.
Nesta esfera encontram-se os poderes de direção: nomeação e demissão do
Governo, designação de altos funcionários, dissolução da Assembleia da
República e dos parlamentos regionais.
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Mandato
O mandato presidencial tem a duração de cinco anos (artigo 128º, nº1), e o
Presidente só pode ser reeleito por mais um mandato consecutivo (artigo 123º).
Salvaguarda-se, desta forma, o princípio republicano da renovação de titulares
nos cargos. O limite à reeleição visa evitar uma corrupção dos titulares do poder,
ou uma personalização excessiva do cargo, que certamente alteraria o equilíbrio
do sistema político.
O Presidente também não poder ser reeleito durante o quinquénio
imediatamente subsequente ao termo do mandato consecutivo. Com isto
evitam-se tentações caudilhistas em que um adepto do Presidente cessante seja
eleito com o seu apoio, renunciando logo de seguida para permitir ao Chefe de
Estado contornar a proibição de reeleição.
Em caso de renúncia, o Presidente não pode recandidatar-se, nem nas eleições
imediatas nem nas que se realizem no seguinte quinquénio subsequente à
renúncia (nº2, artº 123). Com isto procura-se obstar a renúncias tendentes a um
regresso plebiscitado e orientado contra as restantes instituições
Cessação de funções:
O Presidente cessa funções antes do fim do mandato por: morte, impossibilidade
física permanente, renúncia, condenação pela prática de crimes cometidos
durante o exercício de funções, ou ausência de território nacional não autorizado
pelo Parlamento.
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Substituição Interina
Em caso de vacatura do cargo ou impedimento temporário do Presidente, entra
em funções o Presidente da Assembleia da República, que não é obrigado a fazer
juramento, até ao novo chefe de estado tomar posse ou até o impedimento ter
cessado.
Em caso de vacatura o presidente interino deve marcar eleições no prazo de 60
dias após a vacatura do cargo.
Apesar de gozar das honras presidenciais, o Presidente Interino não perde o seu
estatuto de deputado do parlamento, ficando esse cargo meramente suspenso.
Caso renuncie ao cargo de Presidente da Assembleia da República ou coincidam
eleições legislativas, sendo eleito um novo presidente, as funções do presidente
interino cessam e o cargo passa para as mãos do novo presidente parlamentar.
O Chefe de Estado interino encontra-se proibido de dissolver o Parlamento, fazer
referendos, nomear membros do Conselho de Estado e do Conselho Superior da
Magistratura.
A chefia de Estado por um Presidente Interino é, desta forma, um período de forte
pendor governamental ou parlamentar, para o sistema político.
Prerrogativas presidenciais
O Presidente exerce funções políticas de Direção e Controlo.
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Governo
A) Nomeação do Primeiro-Ministro
A CRP regula juridicamente o procedimento de formação do Governo a partir do
momento em que o Presidente nomeia, por decreto, o Primeiro-ministro (alínea
f) do artigo 133º).
Antes da nomeação, A Constituição só se reporta à audição formal dos partidos
representados no Parlamento, que logicamente deve anteceder a aprovação do
decreto de nomeação do Chefe de Governo. Dado que a referida nomeação deve
ter em conta resultados eleitorais, a mesma converte-se num ato jurídico de
exercício politicamente condicionado, dependente de um circunstancialismo
fático (faz sentido auscultar os partidos com representação, dos quais depende a
viabilidade de formação de um Governo estável).
O Presidente assume, assim, funções de condução e preparação informais
relativas à escolha do Primeiro-Ministro, que funciona como instrumento do
poder de nomeação.
A competência preparatória remete para a necessidade de ser aprovado um
decreto de nomeação, sobretudo em casos de maior dispersão representação
parlamentar.
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mas tal não impede o Presidente de quebrar essa convenção, com os custos
políticos inerentes, se achar necessário.
2015: a coligação PSD/CDS não alcança a maioria mas o Presidente Cavaco Silva
cumpriu com a prática constitucional de nomear o líder do partido com mais
mandatos, pese o facto de presumir que o novo Governo formado correria um
grande risco de ser demitido pelo Parlamento, como veio a acontecer.
A nomeação do Primeiro Ministro é um ato jurídico-político de competência
própria e pessoal, cuja discricionariedade é limitado nos termos do nº1 do artº
187 da CRP, pelas condicionantes: audição prévia dos partidos representados no
Parlamento, necessidade da nomeação ter em conta os resultados eleitorais.
A audição partidária não vincula o Presidente. O Presidente não tem de consultar
os partidos, pode limitar-se a ouvir.
O respeito pelos resultados eleitorais diz respeito à responsabilidade política do
Governo perante o Parlamento – o Governo deve estar protegido contra
sucessivas inviabilizações do Parlamento. Quando o resultado eleitoral é
maioritário, há uma margem de manobra política menor para não nomear a
personalidade indicada pela força maioritária.
Num cenário de Parlamento fragmentado, o Presidente vê acrescidos os seus
poderes na formação do Governo.
No sistema semipresidencial, o Presidente não está vinculado a nomear um
Governo composto pelos partidos que perderam as eleições parlamentar, mesmo
que formam maioria no Parlamento.
Se o Primeiro-Ministro indigitado não tiver sucesso na formação do Governo ou
se o Governo nomeado pelo Presidente for demitido por força da reprovação do
seu programa ou por uma moção de censura, nada obsta que o Presidente o
indigite de novo para formar um Executivo diferente ou, em alternativa, indigite
o líder do segundo partido mais votado para formar um novo Governo.
Esta segunda variante ocorreu precisamente em 2015, com a indigitação de
António Costa, após a reprovação do Programa do II Governo de Passos Coelho.
O Presidente pode ainda, nos casos em que no Parlamento não exista base
consistente para a formação de um Governo, designar um executivo técnico da
sua iniciativa com vigência transitória, cuja viabilidade está dependente da
aceitação da maioria parlamentar.
Na data de posse do Primeiro-Ministro nomeado, o Presidente exonera o
Primeiro-Ministro do Governo que cessa funções (artº186, nº4), o que assegura a
continuidade da atividade do Estado.
Razão de Ordem
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B) Representantes da República
O Presidente, na qualidade de garante da unidade do Estado, tem competência
para nomear e exonerar os representantes da República nas regiões autónomas,
ouvido o Governo, cujo parecer não é vinculativo. Os representantes são figuras
comissariais com funções representativas da República. Trata-se de um reforço
do poder presidencial, já que este detém exclusividade na nomeação. A revisão
de 2008 do Estatuto da RGA dos Açores tentou limitar este poder, sujeito a
decisão à audição prévia das assembleias regionais, o que criaria uma situação
insustentável em caso do parecer desfavorável desses órgãos. A norma foi
considerada inconstitucional por violar o artigo 112º, nº2 da CRP.
C) Conselho de Estado
Trata-se de um órgão de aconselhamento do Presidente da República que se
pode pronunciar sobre os assuntos que lhe foram submetidos pelo Presidente
(alínea e) do artigo 145º): dissolução da Assembleia e parlamentos regionais;
demissão do Governo por iniciativa do presidente; declaração de guerra e feitura
de paz; atos do presidente interino.
Em nenhum caso o seu parecer vincula o Presidente. Caba a este convocar o
órgão e conduzir as atividades, designando 5 cidadãos para o mesmo Conselho,
que é composto por: Presidente do Parlamento, Primeiro-Ministro, Presidente do
Tribunal Constitucional, Provedor de Justiça, presidentes dos governos regionais,
antigos Presidentes eleitos na vigência da Constituição e não destituídos do caro,
bem como 5 cidadãos eleitos pelo Parlamento – artigo 142º.
Os membros do Conselho são inamovíveis enquanto exercerem o cargo principal
e os que tiverem sido eleitos pelo Parlamento permanecem em funções enquanto
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A magistratura de influência
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Composição:
A Assembleia da República é composta por deputados e por grupos
parlamentares em que os primeiros se agrupam, sempre que os partidos elegem
uma pluralidade determinada de mandatários.
O órgão parlamentar, de acordo com o 148º, tem um mínimo de 180 e máximo
de 230 deputados, nos termos da lei eleitoral. O número atual é 230. As normas
da lei orgânica eleitoral que fixam o número de deputados devem ser aprovadas
na especialidade por maioria de dois terços – 168º, nº6, alínea d).
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O PRESIDENTE DA
ASSEMBLEIA
A MESA DA ASSEMBLEIA
COMISSÕES
PARLAMENTARES
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O Governo
Composição
Compõe o governo: o Primeiro-Ministro, Ministros, Secretários e subsecretários
do Estado, todos eles órgãos singulares e unipessoais – artigo 183º, nº1.
O Governo integra igualmente um órgão colegial, o Conselho de Ministros, que
opera como instância deliberativa das mais importantes normas e atos
governamentais – artigo 200º. A Constituição prevê a possibilidade de se criarem
conselhos de ministros especializados em razão da matéria, cuja competência é
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Demissão do Governo
Depende nos termos dos nº1 e nº2 do artigo 195º da CRP.
- do próprio Governo e do Parlamento, quando o primeiro submete ao segundo
uma moção de confiança e esta é reprovada;
- do Primeiro Ministro, quando apresenta ao Presidente o seu pedido de
demissão e este o aceita, acarretando a demissão do Governo;
- do Parlamento, quando rejeita o Programa do Governo ou aprova uma moção
de censura por maioria absoluta dos deputados efetivos;
- do Presidente, quando está em causa o regular funcionamento das instituições,
ouvido o Conselho de Estado;
- de vicissitudes institucionais objetivas decorrentes do início de uma nova
legislatura;
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O Primeiro-Ministro
É nele que radica a força motriz da atividade do Governo que é o centro de
direção política do Estado – artº 201, nº1.
• Coordena a atividade dos membros do Executivo, através do
acompanhamento dos eixos reitores da política governativa (ministérios),
visando o cumprimento do respetivo Programa;
• Orientar individualmente a ação dos referidos membros do Executivo;
• Presidir ao Conselho de Ministros – artº 184, nº1, e coordenar o seu
processo deliberativo;
• Intervir na formação e composição do Executivo, ao propor a nomeação e
exoneração de membros;
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A. Observações gerias
-Na medida em que do programa do Governo constam “as principais orientações
politicas e medidas a adotar ou a propor nos diversos domínios da atividade
governamental”, os membros do Executivo estão vinculados ao mesmo programa
e à deliberação tomadas em Conselho de Ministros, deles não se podendo
publicamente dissociar. Nisto consiste a solidariedade expressa no art. 189º.
-Trata-se de uma refração do principio da responsabilidade politica global que
predica a coesão governativa e a liderança do Chefe do Governo. Dela decorre
que se verifica uma rotura nessa solidariedade, no caso de um ministro contestar
publicamente diretrizes ínsitas no programa do Governo ou, no caso de se ter
oposto a uma medida deliberada em Conselho e manifestar publicamente a sua
oposição à mesma.
-O art. 191º da CRP estabelece de responsabilidade interna e externa dos
membros do governo. Enquanto o PM é institucionalmente responsável perante
o PR e politicamente responsável perante a AR (nº1 do 191º).
2. Competências do Governo
-Sendo caracterizada pelo art. 182º como “órgão de condução da politica geral
do país” o Governo, em consonância com as competências constitucionais que
difluem dessas atribuições, é a instituição a quem compete programar e dirigir e
executar a politica do Estado.
-Atividade politica em sentido estrito (197º);
-Atividade legislativa (198º);
-Atividade administrativa (199º);
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-Na alógica de que quem pode o mais pode o menos, o governo exerce
cumulativamente sobre a administração direta que dele depende, os três poderes
descritos (hierarquia, tutela e superintendência); sobre a administração indireta a
superintendência e a tutela (neste caso in fine na alínea d do art. 198º).
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