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DANÇA NA PERSPECTIVA DA SAÚDE

UNIDADE III
GRUPOS HETEROGÊNEOS
Elaboração
Aline Raquel Baños Rodeguer Antonio

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
GRUPOS HETEROGÊNEOS.................................................................................................................................................................. 5

CAPÍTULO 1
ADAPTAÇÃO DE LINGUAGEM E ABORDAGENS................................................................................................................ 7

CAPÍTULO 2
PRATICANTES DE IDADES DIFERENTES............................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 3
ENTENDENDO O GRUPO E SEUS OBJETIVOS.................................................................................................................. 16

CAPÍTULO 4
PRIMEIROS SOCORROS I.......................................................................................................................................................... 20

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................25
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GRUPOS HETEROGÊNEOS UNIDADE III

A postura do profissional de dança


Sei que você já fez a disciplina sobre desenvolvimento profissional, mas vamos refletir
sobre a forma de lidar com a profissão. E o que isso tem a ver com grupos heterogêneos?

É normal você ter preferência por um tipo de público, com idade ou característica
específica, de acordo com sua evolução na modalidade, mas a forma como você interage
pode representar a diferença entre seu sucesso e dificuldades no caminho.

Por isso, antes de falar das especificidades de grupos, como trabalhar com grupos
diferentes, vamos refletir se você, como professor, já tomou estes cuidados, afinal você
não convence apenas antes de ser contratado, você será vendedor do seu serviço o tempo
todo, e manter um bom atendimento antes, durante e após trará maiores oportunidades
profissionais a você. Avalie esses itens e veja qual você já desenvolve e quais vai precisar
dedicar tempo para se aprofundar sobre o assunto e começar a fazer de fato sua carreia
se destacar:

» Não reclame do espaço e do ambiente de trabalho na frente dos alunos ou divida


problemas internos.

» Use linguagem clara e cuidado ao expressar opiniões particulares polêmicas.

» No trato com o aluno, cuidado ao chamar atenção em público.

» Cuidado nas correções que envolvem toques.

» Não permita que os alunos chamem a atenção um do outro durante a atividade.

» Evite ter uma postura na frente dos alunos e outra por trás.

» Administre pequenos conflitos com sabedoria.

» Valorize o português bem pronunciado e a nomenclatura correta das estruturas


corporais.

» Sua fala deve atender todos os presentes com atenção, sem brincadeiras internas
fora de contexto com alguém que se tenha mais liberdade no grupo.

» Não permita e não promova fofocas.

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UNIDADE III | Grupos heterogêneos

» Não demonstre favoritismo a algum aluno.

» Não dispute espaço com outros professores. Faça seu trabalho.

» Cuidado com o cansaço, ele traz uma leitura corporal que pode ser interpretada
como desinteresse pelos alunos.

» Desenvolva um material registrado sobre seu processo.

» Elabore a promoção do seu trabalho através de sites, redes sociais profissionais


desvinculadas de suas contas pessoais.

» Promova vídeos sobre os assuntos que mais domina.

» Deixe boas impressões por onde passar, se onde estiver não contribuir para seu
crescimento, promova sua mudança de forma planejada e consciente.

» Aprenda sobre diversos assuntos. Cultura é essencial para quem trabalha com arte.

» Seja a pessoa que gostaria de ter na sua equipe. Fazer apenas o básico dentro do
seu serviço levará você apenas a ser mais um. Se quiser resultados diferentes, terá
que agir diferente.

Vamos analisar agora as características de grupos diferentes para que com a compreensão
de suas características você tenha maiores condições de direcionar seu trabalho com a
equipe.

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CAPÍTULO 1
ADAPTAÇÃO DE LINGUAGEM E ABORDAGENS

É comum acontecer em aulas de dança, a recepção de um novo aluno dentro de um grupo


que já estava em andamento, portanto com mais conhecimento técnico e possivelmente
com habilidades desenvolvidas. Como prosseguir o atendimento?

Dependendo da modalidade, a inclusão de membros diferentes de um grupo pode


contribuir com o processo, mas, em alguns casos, o desenvolvimento do trabalho pode
ficar prejudicado.

Como solucionar, então?

Abra diálogo com o espaço para separar as turmas por suas características dentro das
possibilidades (seja a pessoa que resolve problemas e não a que traz mais um, pense em
uma sugestão viável para resolver o problema e a apresente com clareza).

Agora, não havendo possibilidades, se você deseja continuar com o trabalho, deve se
adaptar à realidade apresentada. Neste caso, a melhor forma de trabalhar é com o auxílio
do grupo, usando uma linguagem que atenda todos, que não fique infantil demais para
os adultos e que não seja desinteressante para os menores. O grupo só se manterá ativo
na aula com características tão diferentes se algo os aproximar na sua didática, se não
é natural que as crianças se afastem dos mais velhos e que os mais velhos percam a
paciência com as crianças.

Um exemplo em que esta divisão de grupos tão heterogêneos funciona bem pode ser
aprendida com a ginástica acrobática, que precisa dos mais novos para os elementos
aéreos e dos mais velhos para realizar a base. Se o objetivo é comum, pode-se criar
estratégias dentro da modalidade com algo que seja comum a todos; é claro, dentro das
possibilidades apresentadas. Quando não for possível agregar este novo aluno, busque,
imediatamente, a possibilidade de abrir nova turma com lista de espera dentro da
proposta que gostaria de aplicar sem expor o aluno e trazendo-o motivado para novas
possibilidades.

Cada caso deve ser tratado com cautela e com inteligência, e o que pode ser um problema
no começo, pode terminar com mais atendimentos especializados.

Aqui apresento um exemplo de estratégia de divisão de grupos que são comuns em


aulas de dança:

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UNIDADE III | Grupos heterogêneos

Figura 13. Divisão clássica de grupos de dança.

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Fonte: Elaboração da autora.

» Idade: dividir o grupo por idades diferentes e com a intenção de aproximar suas
intenções e afinidades.

» Habilidade: colocar membros com características motoras similares e


desenvolvimento dentro da modalidade para não ter que ficar voltando em conceitos
e técnicas que são pertinentes a outro período de aprendizado.

» Objetivos: um grupo que deseja se profissionalizar deve ter responsabilidades


diferentes daqueles que buscam a aula apenas por entretenimento, diversão ou
como opção de atividade física. Um programa de formação, por exemplo, deve
partir do pensamento de quais são os saberes necessários para que este aluno
possa dar sequência sozinho; se for trabalhar com isso, precisará de habilidades
específicas? Como desenvolvê-las?

Se for criar um programa de qualidade de vida, quais são os pontos comuns a serem
trabalhados dentro do grupo? Melhora no condicionamento físico, atenção com a
promoção da saúde mental?

Para cada grupo eu devo ter uma abordagem de acordo com suas características, dar às
crianças o universo lúdico no qual se desenvolvam com segurança e sejam instigadas
através da curiosidade ao aprendizado. Os desafios na abordagem com o adolescente e a
compreensão do seu espaço, onde se fortalecem nesse período conceitos morais que são
questionados o tempo todo e aqui cuidado, eles são grandes fiscais de comportamento e
copiam quem admiram. Eu, por exemplo, só fui ter noção da minha interferência junto
ao grupo da EMEBS Neusa Bassetto por conta das aulas depois que cortei radicalmente
meu cabelo e na aula seguinte mais da metade do grupo tinha feito a mesma coisa.

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Grupos heterogêneos | UNIDADE III

A curiosidade sobre o estilo de vida, a necessidade de validação de comportamentos e


questionamentos naturais aparecem por conta da avaliação da sociedade, da percepção
dos seus desejos e sonhos, sua visão sobre si e sobre o outro.

É válido lembrar que nessa fase temos no Brasil um enorme índice de suicídios entre
jovens e transtornos dos mais variados: desde distúrbio de imagem, que pode resultar em
anorexia e bulimia, e você não tem ideia do que se pode aprender na internet, fortalecer
seus ideais e sua forma de agir, mostrar sua importância na sociedade e questionar
padrões pode ser uma alternativa de abordagem, mas cuidado ao abordar temas que
possam ser sensíveis ao grupo como a violência contra a mulher. Muitas sofrem abuso
caladas e sentir segurança num local de acolhimento como a sala de dança e a devida
intervenção interdisciplinar quando necessária: polícia, assistente social, psicólogo,
quando necessário.

O adulto, por vezes, pode ter restrição com professores mais jovens que ele, mas isso é
rompido com a prática e a demonstração de conhecimento. A cobrança excessiva pela
crença do corpo perfeito, o rendimento ideal e a imagem que acreditam que os outros
constroem dele por sua prática podem ser fatores que afastam o aluno da prática.
Nunca vivemos tantos anos e estamos aprendendo ainda a envelhecer. A forma com
que vemos o envelhecimento é sempre com olhar da doença, da incapacidade e do fim
da vida, deixando de aproveitar os benefícios do aprendizado construído, da percepção
de aproveitamento da vida e de ser grato aos momentos que se viveu com sede do que
ainda se tem para viver.

Envelhecer é uma vitória! São tantos fatores que podem acometer a saúde e a integridade
da pessoa até essa fase que não deveríamos ter um olhar pejorativo sobre as conquistas
e valores de alguém na velhice. Nossa sociedade está abrindo portas para o namoro na
melhor idade, pessoas que moram, viajam e são completamente independentes, como o
caso daquelas que destruíram sua saúde pelo estilo de vida adotado e que ainda são os
provedores da família com sua aposentadoria. As crenças limitantes se misturam com
seus hábitos, e mudar a rotina é uma grande resistência.

O que eu costumo dizer aos meus alunos em formação é a importância da empatia no


processo de aprendizagem, colocar-se no lugar do outro, construir um modelo de aulas
com desenvolvimento lento e gradativo, valorizando os pequenos sucessos e sempre
reforçando valores de uma vida saudável integrando corpo x mente x espírito.

Cada fase da vida tem sua beleza. Como professor, você pode se afinar mais com uma
ou com todas, mas o poema que é viver entre pessoas e aprender com elas sobre a vida
através de outras formas de ver e perceber o mundo, a reeducação constante e necessária

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UNIDADE III | Grupos heterogêneos

para a promoção do bom atendimento e acolhimento de novas necessidades farão com


que você seja sempre o primeiro aluno da sua aula, aquele que compreende que quanto
mais se aprende, mais falta ao seu conhecimento.

A humildade deve ser característica. Nunca saberemos de tudo e teremos sempre por
aprender. Não recuse conhecimento e nem a origem dele; às vezes, temos grandes
professores da vida escondidos atrás de pessoas muito humildes no plano material, mas
grandiosas no campo da sabedoria.

Agora vamos verificar algumas caraterísticas por idades.

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CAPÍTULO 2
PRATICANTES DE IDADES DIFERENTES

A criança
A infância é a fase que traz frescor ao trabalho do professor.

Momento da vida em que as coisas são naturalmente questionadas e ressignificadas.


Uma vontade sem fim de querer descobrir!

Diversos foram os pesquisadores sobre o aprendizado nessa época da vida. Trago aqui a
visão famosa de Jean Piaget sobre desenvolvimento infantil e recomendo aprofundamento
sobre o assunto.

Estágios de desenvolvimento infantil segundo Piaget:

» Fase sensório-motora (de 0 a 2 anos):

Quando o mundo das descobertas se apresenta pelo universo das sensações, toques,
texturas. Nesta fase, você compra um presente superbacana e a criança se encanta
com a sacola. Ela ainda não faz imagens mentais dos objetos e seu mundo é voltado
a controlar seu corpo (reflexos) e descobrir seus movimentos.

» Fase pré-operatória (2 a 7 anos)

Você já falou para uma criança: “o pé da mesa” e ela imaginou um pé humano na


mesa?

Nessa fase, as crianças começam a criar uma linguagem baseada na representação,


em que com pouco estímulo você consegue transformar o ambiente e levar essa
criança a se sentir numa floresta, assim como estimular medos se não tomar cuidado.

A fase do “por quê” e a fase que a criança ainda não tem filtro de convenções sociais
e fala coisas que geralmente podem deixar ruborizados seus responsáveis.

Fase caracterizada pelo egocentrismo.

» Fase operacional concreto (7 a 11 anos)

Aqui as crianças são um pouco mais independentes, estreitam relações de amizade,


e existe uma queda nas características egocêntricas. As crianças já começam a
diferenciar o mundo da fantasia do real. Para a prática de dança é uma fase muito
boa para se trabalhar, pois as crianças aceitam com muita facilidade atividades

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recreativas e lúdicas. Invista em possibilidades diferentes; o universo infantil precisa


de estímulos saudáveis e do brincar para fortalecer relacionamentos e valores.

» Fase operacional formal (acima de 11 anos)

Nessa fase, a ideologia se fortalece, a maturação sexual se apresenta e os desejos de


uma sociedade justa aflora. A compreensão da linguagem é mais rápida e associativa.

Ela parte de dois conceitos principais, a acomodação, em que se tira informações


novas do ambiente e altera informações que existiam para se adequar a essas novas
informações; e a assimilação, ou a forma como os seres humanos reorganizam
as novas informações.

A criança vai aprender a aprender. Ela vai desenvolver seu processo de criação e
desenvolvimento do pensamento de acordo com sua idade, estímulo recebido e
ambiente.

Cada fase tem características especiais e é importante saber reconhecer as fases do


aprendizado, as interpretações cognitivas de cada fase para atender essas crianças que
se aproximam com universos tão diferentes uns dos outros.

Recomendo para aprofundamento sobre esse assunto os vídeos. Disponíveis em:

https://www.youtube.com/watch?v=CRokAZi_RWM.

https://www.youtube.com/watch?v=gfOdV_MV8Ug.

Características de indivíduos

Crianças de 3 a 5 anos

Crianças desta idade têm seu aprendizado associado aos estímulos sensoriais e a dança
nesta idade pode ser além de exercício e estímulos para o corpo, uma forma de acalmar
a criança, ser um recurso ao desenvolvimento de suas múltiplas inteligências, além de
poder ser proporcionada juntamente com sua mãe ou pai, aliviando estresse e ampliado
o vínculo entre eles.

» A criança já deve saber correr e controlar a pausa.

» Sobe e desce escada com alternância de pés.

» Salta, balança, segura, mas os movimentos de coordenação motora fina ainda


precisam ser trabalhados.

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Grupos heterogêneos | UNIDADE III

» Poucas crianças sabem diferenciar direita e esquerda.

» Aumento do estatismo.

» Perda gradativa da flexibilidade.

Crianças de 6 e 7 anos
» Média cardíaca de 105 bpm.

» Já conseguem saltar mais de 30cm do chão.

» Têm preferência por atividades que envolvam o corpo todo.

» A dificuldade para se vestir simboliza a dificuldade de interpretação espacial e falta


de reconhecimento do próprio corpo.

» Surgimento do lado dominante.

» A criança pode ser estimulada à lateralidade referindo apenas um membro e não


o identificar mesmo que tenha noção de direita e esquerda.

Crianças de 8 e 9 anos
» Início dos processos curtos de reflexão.

» Aumento da coordenação motora.

» Refinamento da percepção espacial.

» Confia em resultados como ganhar e perder.

» Desenvolve estreitas amizades.

O adolescente
Fase em que temos uma enorme evasão na prática da atividade física e aumento
significativo do sedentarismo. Com um estilo de vida cada vez menos envolvido com
esportes, atividades coletivas e excesso de tempo aplicado aos recursos eletrônicos de
toda ordem: de videogames a celulares e seus de apps.

Resultado disso: aumento da obesidade, problemas de saúde, distúrbios de imagem e


outros transtornos psíquicos, como a depressão.

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O estímulo a atividades físicas pode contribuir com a reversão dos quadros citados acima,
além de inserção social, na qual terá os desafios da convivência para o desenvolvimento
do seu aprendizado emocional e caráter. Vamos aos aspectos de cada fase:

De 10 e 11 anos
» Perda de flexibilidade de membros inferiores.

» Domínio do equilíbrio: em um pé, de olhos fechados etc..

» Aumento da flexibilidade do ângulo poplíteo (região atrás do joelho).

» Saltam mais de 40cm do chão.

» Aumento no resultado de saltos através de impulso.

» A velocidade para processar informações é mais lenta comparada ao adulto.

» Pode ser muito severo consigo mesmo.

De 12 a 13 anos
» Meninos no ápice do crescimento.

» Aumento de cerca de 65% da sua força.

» As meninas são mais flexíveis que os meninos.

» Estabilização de valores após os 13 anos.

» O cérebro é capaz de processar informações com rapidez.

» Fase em que se estabelece sua identidade pessoal.

» São geralmente influenciáveis.

De 14 e 15 anos
» Diminuição do ritmo de ganho de estatura.

» Maturidade sexual.

» Aumento do peso corporal.

» As meninas têm o centro de gravidade mais baixo pelo aumento dos quadris.

» Pensamento analítico.

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Adulto

Adulto Jovem
» Máximo da potência física.

» Auge da condição cardiorrespiratória.

» Desafios do amadurecimento da vida psicossocial.

» Desenvolvimento da escrita e da fala formal.

» Formalização de relacionamentos.

Adulto médio
» Declínio da massa óssea.

» Aumento natural no peso corporal.

» Desaceleração do metabolismo.

» A prática de atividade física nesta fase tende a diminuir.

» Aparecem os primeiros sinais concretos na saúde decorrentes do estilo de vida.

» Auge da vida intelectual.

Adulto maduro
» Surgimento de doenças comuns aos desgastes do organismo.

» Menor tempo de reflexo.

» As mulheres entram em menopausa e os homens na andropausa.

» A produção artística pode trazer contribuições significativas.

» A dança nesta fase pode ampliar o vínculo social, aumentar a autoestima e melhorar
o condicionamento físico.

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CAPÍTULO 3
ENTENDENDO O GRUPO E SEUS OBJETIVOS

Criando um sistema de aulas


Quais são os cuidados que o professor deve ter antes de iniciar um plano de aulas?

Se for construir um projeto, o que deve ser observado?

» Espaço físico adequado, seguro e materiais necessários para a prática (se não
estiverem adequados, devem ser orientados e solicitados ao espaço).

» Se o negócio for próprio, cuidado com a escolha de ponto comercial, estabelecimento


de preço de acordo com seus gastos e projeção de lucro (conheça o que o mercado
oferece, mas trabalhe com margem para seguir com seu negócio).

» Grupo a ser atendido – quantidade de alunos, idade, características gerais.

» Tempo total do projeto – se você estiver trabalhando por contrato temporário,


planeje com o período completo e já avise eventuais pausas por feriados ou períodos
de festas; se estiver em posto de saúde, escolas, ongs ou lugares com atendimento
regular, faça planejamento segundo a coordenação do espaço e seus eventos, pois
eles geralmente interferem no seu programa com apresentações ou intervenções.

» Tempo de cada aula – considere o tempo de explicar as atividades, montagem de


materiais quando necessário e distribua suas atividades durante os minutos de aula.

» Métodos de avaliação – pré, sequencial e pós-programa de aulas.

Construindo um plano de aulas, quais princípios devem ser considerados?

» Macrociclo:
A visão do programa durante toda a sua duração.
Exemplo: metas e objetivos para um ano.
» Mesociclo:
A visão das subdivisões do período.
Exemplo: plano para o trimestre.
» Microciclo:
A visão de cada aula.
Exemplo: a construção do grupo que você deseja.

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Alguns fatores influenciam na resposta do grupo à atividade: ambientais, sociais, empatia


entre membros do grupo e para com o professor, empatia com o processo, conquista
de resultados, motivação, estrutura de aula com planejamento de pequenos sucessos,
trabalho em equipe.

Fique atento:

» Conheça os interesses do aluno.

» Ofereça feedbacks que projetem novas conquistas.

» Incentive o estudo e a pesquisa extra-aula.

» Cada turma terá uma abordagem segundo suas características.

» Entender como a turma absorve o conteúdo pode ser a chave do sucesso.

Dados da educação no Brasil


O Brasil é o terceiro maior país em evasão escolar no mundo. Pouco mais de 40% dos jovens
até 19 anos não se formam. O assunto é grave e interfere, sim, na sua aula! Como tratar
de alguns assuntos já que falta base de alguns conhecimentos? Como ter tranquilidade
no trabalho com o grupo se pode querer dizer uma coisa e as pessoas entendem outra
ou se acostumaram a não refletir e simplesmente passar por informações de forma
superficial sem entender sua amplitude e compartilhando dados falsos?

Nos dias de hoje é muito comum ver pessoas brigando por conta de conversas na internet;
muitas vezes, essas brigas são originadas pelo erro ao interpretar ou escrever.

Segundo censo do IBGE de 2019, há 11,3 milhões de analfabetos no Brasil. Três em cada
10 brasileiros são analfabetos funcionais. Entre os formados em nível superior, 38% não
têm habilidade da escrita e leitura desenvolvidas segundo Instituto Paulo Figueiredo
(Inaf). Um a cada cinco brasileiros chegam à categoria plenamente alfabetizados.

Desde a antiguidade o erro na interpretação traz prejuízos enormes à sociedade, como


no caso do Tratado de Wuchale, assinado pelo rei Menelik II de Schewa, foram assinadas
duas versões do tratado, uma em italiano e outra em amárico. No artigo 17 da versão
italiana, a Etiópia estava obrigada a tratar as relações internacionais com outros países
através da Itália, tornando-a uma província, e a outra recomendava apenas consultar
a Itália. Esse “detalhe” trouxe a Guerra ítalo-etíope entre 1895 e 1896, finalizando com
a derrota da Itália.

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O que caracteriza o analfabetismo funcional?

» Embora alfabetizado, a pessoa não consegue compreender construções frasais


simples.

» Apesar de conhecer números, não interpreta gráficos simples e símbolos.

» Não realiza operações matemáticas um pouco mais complexas.

» Não exerce a leitura, pois não compreende o que está escrito.

Indicadores de analfabetismo funcional:

» Analfabetos: pessoas incapazes de ler, escrever e reconhecer símbolos.

» Analfabetos em nível rudimentar: conseguem juntar sílabas e reconhecer


alguns números.

» Alfabetizados em nível básico: lê e escreve, mas a resolução de equações


matemáticas e interpretações de gráficos ainda encontra falhas.

» Alfabetizados em nível pleno: Interpretam plenamente textos complexos e


resolvem equações matemáticas elaboradas. Representam 30% no Brasil.

Atenção: Não confunda analfabetismo com ignorância!

O papel do professor é ensinar sem julgar, com paciência e acompanhando as necessidades


do aluno, sem expor a falta de algum saber específico e tomando cuidado para não expor
o aluno quando algum conhecimento não foi construído previamente. Você entrará na
sala convicto de que irá ensinar o aluno sobre dança, mas seu alcance vai muito além
disso. Não desperdice oportunidades.

Como dividir a estrutura do tempo da aula?

Figura 14. Divisão do tempo de aulas.

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Fonte: Elaboração da autora.

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Exemplo de aula de uma hora:

15 a 20 minutos iniciais com aquecimento e depois alongamento; em seguida, de 30


a 40 minutos da aula com a parte principal: estudo da técnica + desenvolvimento
coreográfico e os minutos finais com o reforço do que foi aprendido ao longo da aula e
uma atividade de relaxamento.

Com esta compreensão você poderá elaborar planos incríveis, ter registros da sua
metodologia e criar projetos em lugares diferentes, destacando seu trabalho. Na elaboração
de projetos não é necessário mandar todo o quadro de planejamento de aulas até
mesmo com os microciclos detalhados, pois podem copiar seu projeto e entregar a outro
profissional, mas destacar a forma do macrociclo pode ser a introdução para aprovação
do seu projeto.

Já elaborou o plano? Agora, como organizar as aulas?

» Chegue cedo e prepare o ambiente.

» Organize a lista de materiais.

» Elabore sua playlist, abuse das plataformas de streaming de música.

» Estude as criações que deseja aplicar para atender à musicalidade.

» Organize os grupos segundo seus objetivos.

» Perceba os níveis de desenvolvimento dentro da turma e direcione-os dentro de


suas necessidades.

» Controle a inclusão de novos alunos de perto.

» Tenha o hábito de registrar suas criações e processos. Serve também como validação
do programa executado.

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CAPÍTULO 4
PRIMEIROS SOCORROS I

A ideia da inclusão de primeiros socorros dentro desta disciplina tem o intuito de atender
a eventuais problemas que podem surgir durante a aula até a chegada de um especialista.

Em minhas pesquisas sobre o assunto, averiguei o apontamento de pesquisas que citam


a falta de conhecimento na averiguação dos sinais vitais, básico no atendimento aos
primeiros socorros.

O que devemos avaliar neste processo?

Figura 15. Avaliação dos sinais vitais.

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Fonte: Elaboração da autora.

Os sinais vitais são os primeiros cuidados no atendimento a uma pessoa desacordada.

Na figura acima, citamos medidas de referência para avaliação.

O que fazer em casos de atendimento emergenciais?

» Procure agir com calma.

» Não faça mais do que tenha conhecimento para não piorar o quadro.

» Afaste curiosos.

» Isole o ambiente e mantenha a segurança da vítima e a sua.

» Procure ajuda rápido.

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Grupos heterogêneos | UNIDADE III

» Reúna os pertences da vítima e deixe-os próximo dela.

» Oriente já na ligação de emergência todas as informações solicitadas com clareza.

» Acompanhe até que chegue o socorro e repasse todas as informações do quadro


ao socorrista.

Pulso, como aferir?

» Higienize as mãos.

» Aqueça as mãos.

» Coloque as polpas digitais dos dedos médios e indicador sobre uma artéria
superficial e comprima levemente.

» Conte os batimentos durante um minuto. Para isso, conte pelo menos 30 segundos.
Existem outras formas que multiplicam por 10 a conta de batimentos em seis segundos,
mas eles podem sofrer alterações ao longo do tempo; portanto, é recomendada a
avaliação por períodos maiores, no mínimo, 15 segundos, e multiplica-se por 4.

» Observe arritmias e amplitude.

» Comum de acontecer durante a aula por diversos fatores como esforço repetitivo,
fadiga ou traumas, por exemplo, é necessária a intervenção imediata do professor
no atendimento.

Como proceder diante das lesões mais comuns em dança?


É impossível prevenir todo tipo de lesão em uma atividade de conta com fatores ambientais,
cognitivos e físicos para seu desenvolvimento. Eventualmente pode acontecer e algumas
medidas devem ser providenciadas:

» Entorse: recomenda-se aplicação de gelo e imobilização.

» Luxação: coloque gelo sobre a lesão. Não tente imobilizar a área, muito menos
colocar no lugar. Garanta o transporte do aluno de forma segura até o pronto
atendimento.

» Cãibra: indica-se alongamento e aplicação de calor no local.

Estiramento: aplicação de gelo no local da lesão, compressão da área para evitar


inchaço, elevação do membro em que ocorreu o ferimento, avaliação médica.

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UNIDADE III | Grupos heterogêneos

» Fratura:

Imobilizar o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos


dolorosa para o acidentado, o mais natural possível. É importante salientar
que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas acima e abaixo
da lesão. · Trabalhar com muita delicadeza e cuidado. Toda atenção é
pouca. os menores erros podem gerar sequelas irreversíveis. Usar talas,
caso seja necessário. As talas irão auxiliar na sustentação do membro
atingido. As talas têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar as
articulações acima e abaixo da fratura. (FIOCRUZ, 2003).

É importante retirar o aluno da atividade ao menor sinal de dor para compreender o


grau da lesão e prevenir que ele amplie de qualquer maneira a lesão pelos efeitos da
adrenalina no corpo que podem mascarar a dor do trauma.

Dor no peito

Pode ser dor muscular ou problemas cardíacos. É importante questionar sobre os sintomas,
região que dói e outros sintomas associados antes de ministrar ácido acetilsalicílico ao
aluno, ainda mais sem saber se ele tem alergia a esta substância.

Se houver dor intensa que persista por mais de dois minutos e somar a outros sintomas
como falta de ar, enjoo ou vômito, podem indicar alterações como o infarto ou angina
(dor torácica ocasionada pela falta de sangue no músculo cardíaco).

Procedimentos recomendados:

Acalme a vítima, chame a emergência, promova o repouso absoluto, desabotoe botões,


caso necessário; liberar as vias aéreas, não oferecer líquidos para a vítima não se engasgar
caso desmaie; conferir os medicamentos que toma em crise e no dia a dia para orientar
o socorrista.

Parada cardiorrespiratória

Sinais apresentados:

» A vítima não responde (perdeu a consciência).

» A vítima não respira (observe por cinci ou 10 segundos a elevação do tórax).

» Ausência de pulso em grande artéria (pulso carotídeo).

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Grupos heterogêneos | UNIDADE III

Cuidados:

Analise os três sinais anteriores, chame ajuda, prepare-se para a massagem cardíaca
(sem intervenção respiratória).

1. Entre em contato com a emergência.

2. Inicie imediatamente a massagem cardíaca com 100 compressões por minuto.

3. A massagem deve ser feita no meio do tórax na altura dos mamilos, com os braços
estendidos e afunde o tórax cerca de 5cm nas compressões.

Para maior aprofundamento no assunto, indico a apostila do Ministério da Saúde e


os vídeos indicados:

Vídeo sobre massagem cardíaca. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=e7Jd_Ldb7g4.

Esse procedimento pode aumentar a chance de sobrevida da vítima. Cada minuto


sem essa atuação pode diminuir em 10% a chance de recuperação.

Você já imaginou que o corpo pode dar sinais antes de graves problemas?

Confira esta reportagem muito interessante sobre o assunto. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=dRdp5e-quPs.

Siga o modelo das apostilas de intervenção do material de apoio.

Quadros de infartos sob a ótica de Drauzio Varella. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=sEY_kS4fb-g.

Protocolo de suporte básico à vida


O pronto atendimento realizado de forma eficiente pode aumentar em 60% a taxa de
sobrevivência das vítimas.

Ela consiste em uma série de medidas de pronto atendimento que antecedem o atendimento
dos socorristas e visa não agravar o quadro clínico da vítima ou trazer novos danos.

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UNIDADE III | Grupos heterogêneos

No material de apoio você encontrará duas apostilas diferentes sobre o assunto: uma
preparada pelo Corpo de Bombeiros e outra pelo Ministério da Saúde. Recomendo que
salve este material ou imprima para seus estudos e consultas futuras.

Primeiros socorros do Ministério da Saúde. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=NJmVPbDQP04.

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REFERÊNCIAS

ARAUJO, A.C.; LOTUFO NETO, F.L. A nova classificação americana para ostranstornos mentais. Revista
Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, vol. 16, n. 1, São Paulo, 2014.

COELHO, C.; WECHSLER, A.; AMARAL, V. L. (1). Dizer e fazer: a prática de exercícios físicos em portadores
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DIAZ, G. B.; GURGEL, L. G.; REPPOLD, C.T. Influência da Dança na memória e atenção: uma
revisão sistemática da literatura. Ciência em Movimento | Reabilitação e Saúde | nº 35, vol. 17,
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98432005000200002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 10 de março de 2020.

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fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em 2
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por idades. Tradução: Adriana de Almeida, Flavia Ferreira dos Santos e Mônica Iglesias de Cirone. Madrid,
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www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-65742010000300022&lng=en&nrm=iso.
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Referências

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