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Universidade Federal da Integração Latino Americana

Engenharia Química - Laboratório de Engenharia Química 1


Professor: Daniel José de Oliveira Ferreira
Roteiro original: Andréia Furtado
Primeiro semestre de 2023
Aula prática 4

EXPERIMENTO DE REYNOLDS

Objetivos
Demonstrar e discutir como os regimes de escoamento variam com o número de Reynolds quando
confinado em um tubo.
Estudar o efeito da viscosidade na velocidade do fluido em função de sua temperatura.

1. Introdução
No estudo da dinâmica dos fluidos, uma diferenciação (e conveniente na maioria dos casos) entre
propriedades relativas ao fluido de trabalho e ao escoamento é necessária. Propriedades como
densidade, viscosidade, compressibilidade são ditas propriedades do fluido, mas são não
suficientes para caracterizar o regime de escoamento. Um escoamento classificado como laminar
é caracterizado pelo comportamento predominantemente ordenado das camadas de fluido
paralelas à direção principal da velocidade e ausência de misturas convectivas ou macroscópicas
de quantidade de movimento entre tais camadas. Quando um escoamento é dito turbulento, o
fluxo cruzado e desordenado das linhas de corrente em direções normais à direção principal da
velocidade é predominante, resultando em um comportamento caótico e aleatório com elevado
grau de mistura. O regime de escoamento entre o laminar e o turbulento é denominado regime de
transição em que pode ser observada uma certa intermitência de comportamento entre os regimes
previamente citados.
Osborne Reynolds realizou em 1883 o famoso “experimento de Reynolds” que permitiu, pela
primeira vez uma análise criteriosa dos regimes de escoamento laminar, transição e turbulento.
Um filete de corante era inserido em tubo com escoamento unidirecional de água, também imerso
em água, com a finalidade de observar o comportamento desse filete com o aumento da
velocidade de escoamento. A Figura 1 apresenta um esquema simplificado desse experimento.

Figura 1: Experimento de Reynolds realizado em 1883. Fonte: https://sites.cnam.fr/industries-


de-procedes/ressources-pedagogiques-ouvertes/hydraulique/co/3grain_Reynolds.html
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A Figura 2 apresenta o comportamento esperado do filete de corante de acordo com o regime de


escoamento.

Figura 2: Comportamento do filete de corante quando inserido em um escoamento sob os


regimes (a) laminar, (b) de transição e (c) turbulento.

1.1 Número de Reynolds


O adimensional de Reynolds, Re, é o parâmetro utilizado para caracterizar o regime de
escoamento, definido por:
𝜌𝑈𝐷
𝑅𝑒 = (1)
𝜇
Em que:

  é a densidade do fluido [kg/m3]


 U é a velocidade média do escoamento [m/s]
 D é o diâmetro do tubo [m]
  é a viscosidade do fluido [Pas].
É consenso na literatura (Çengel, e Cimbala, 2012, Welty et al., 2007, Fox e McDonald, 2014)
que o escoamento em um duto circular é classificado em função de seu Re da seguinte forma:

 Laminar: Re < 2100


 Transição: 2100 < Re < 4000
 Turbulento: Re > 4000
De acordo com a eq (1), o valor de Re aumenta com a velocidade do escoamento e a densidade
do fluido mas diminui com a viscosidade. Na maioria dos casos, não é viável mudar o diâmetro
da tubulação por questões de limitações geométricas do processo. Sendo assim, é mais comum
variar , U e , seja por meio de variações no fluido, seja por meio de variações nas condições
operacionais. Uma forma de promover mudanças no Re em função apenas da viscosidade de um
líquido é alterando sua temperatura pois, na maioria dos casos, líquidos são considerados fluido
incompressíveis. A Figura 3 apresenta o comportamento da viscosidade da água com a
temperatura.
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Figura 3: Viscosidade da água em função da temperatura. Fonte:


https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2018/085/

2. Materiais e métodos
2.1 Materiais

 Kit experimental do experimento de Reynolds;


 Água;
 Corante;
 Cronômetro;
 Termômetro;
 Béquer de 500 mL ou 1000 mL.
2.2 Metodologia

 Abra o suprimento de água e abra parcialmente a válvula na base do kit experimental.


 Ajuste o suprimento de água até que o nível no tanque de carga constante esteja
ligeiramente acima do tubo de descarga e mantenha-o neste nível permitindo uma
pequena vazão através do tubo de descarga.
 Abra e ajuste a válvula do injetor do corante para obter um fino filamento na vazão do
tubo de vidro.
 Registre a temperatura da água e meça a vazão com auxílio de um béquer ou recipiente
de volume conhecido e cronômetro no tubo de descarga.
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 Aumente lentamente a vazão abrindo a válvula de descarga até observar alguma


perturbação do filete de corante. Registre a temperatura e a vazão da água.
 Aumente lentamente a vazão até que as perturbações sejam intensificadas de forma que
o filamento esteja altamente espalhado e uniformemente distribuído. Registre a
temperatura e a vazão da água.
 Reduza lentamente a vazão até que o corante volte a formar m filete fixo. Registre a
temperatura e a vazão da água.
 Ajuste o controle de temperatura utilizando o módulo de controle de temperatura do kit
experimental para estabilizar o experimento em outra temperatura e repita o passos
anteriores para essa nova temperatura.
3. Referências recomendadas
Çengel, Y. A.; Cimbala, J. M.; Mecânica dos Fluidos – Fundamentos e Aplicações. McGraw Hill,
Bookman, AMGH Editora Ltda. (2012).
Welty, J. R.; Wicks, C. E.; Wilson, R. E.; Rorrer, G. L.; Fundamentals of Momentum, Heat and
Mass Transfer, 5th edition. John Wiley & Sons Inc. (2007).
Fox, R. W.; McDonald, A. T.; Introdução à Mecânica dos Fluidos. John Wiley. (2014)
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T (°C) V (mL) t (s) U (m/s) / (m2/s) Re

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