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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


CAMPUS DE GUARULHOS

THAIS SALVADOR MACHADO


Pedagogia – 9º termo - 123077

RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA


PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

GUARULHOS - SP

JANEIRO / 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
CAMPUS DE GUARULHOS

THAIS SALVADOR MACHADO


Pedagogia – 9º termo - 123077

RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA


PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Universidade Federal de São Paulo como
requisito para obtenção do grau de
Licenciado do curso de Pedagogia da
Universidade Federal de São Paulo -
Campus Guarulhos.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Cezar de
Freitas.

GUARULHOS - SP
JANEIRO / 2022
Na qualidade de titular dos direitos autorais, em consonância com a Lei de direitos
autorais nº9610/98, autorizo a publicação livre e gratuita desse trabalho no
Repositório Institucional da UNIFESP ou em outro meio eletrônico da instituição,
sem qualquer ressarcimento dos direitos autorais para leitura, impressão e/ou
download em meio eletrônico para fins de divulgação intelectual, desde que citada
a fonte.

MACHADO, S., Thais

Relato de experiência acerca da residência pedagógica na perspectiva da

educação inclusiva. – Guarulhos, 2022.

Trabalho de conclusão de curso para Licenciatura em Pedagogia – Universidade

Federal de São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Guarulhos,

2022.

Orientador: Professor Doutor Marcos Cezar de Freitas.

Experience report of the pedagogical residency in the perspective of inclusive

education.

1. Residência Pedagógica. 2. Educação Especial. 3. Educação Inclusiva.

I. Professor Doutor Marcos Cezar de Freitas. II. Relato de experiência acerca da

residência pedagógica na perspectiva da educação inclusiva.


THAIS SALVADOR MACHADO
RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Universidade Federal de São Paulo como
requisito para obtenção do grau de
Licenciado do curso de Pedagogia da
Universidade Federal de São Paulo -
Campus Guarulhos.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Cezar de
Freitas.

Aprovação: __/__/____
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que foi meu companheiro nos momentos difíceis,
pelo dom da vida e pelas oportunidades que tive ao longo da vida que me trouxeram até
aqui.
Agradeço à minha mãe, meu exemplo de ser humano e de Mulher por todo apoio e
incentivo durante toda a minha vida e, principalmente, durante minha graduação, me
auxiliando, cuidando e puxando a orelha quando necessário.
Agradeço ao meu pai por ter sido sempre muito presente e muitas vezes ter estudado
comigo durante a minha vida escolar, me apoiando e incentivando.
Agradeço ao meu orientador, professor doutor Marcos Cezar de Freitas, que me encantou
na primeira UC onde foi meu professor e, que no fim desta UC já sabia que seria o meu
orientador e aqui estamos no fim deste processo e, aproveito para agradecer a todos os
educadores que tive o prazer de encontrar durante toda a minha formação até hoje.
Agradeço à Thais Helena Inglêz Silva, que tive a grande sorte de encontrar durante essa
graduação e, com certeza, levarei nossa amizade para toda a vida já que somos quase a
mesma pessoa. Com você aprendi muitas coisas com as nossas conversas, momentos
na pedra e durante as caronas de volta para a casa.
Agradeço ao John Halles meu amigo artista que sempre chegava com uma novidade ou
um assunto interessante para pensarmos, além de suas lindas músicas.
Agradeço à Vitória Louise Alves Monteiro, minha amiga famosa em todas as “unifesps”,
que me ensinou muito sobre lutar pelos nossos direitos e sempre me acalmava nos dias
de apresentação de trabalho e/ou provas.
Agradeço à Priscila Aparecida Rodrigues, minha parceira durante o período em que estive
como monitora do Programa de Residência Pedagógica, que em todos os momentos
soube respeitar e entender minha rotina e ajudar nas nossas tarefas.
Agradeço à Gabrielle Lira por me acolher em sua casa durante o período em que estava
realizando a imersão na modalidade de Ensino Fundamental da Residência Pedagógica
e, com certeza, se tornou uma amiga especial.
Agradeço à Damali Moreira, que mesmo tendo uma primeira experiência ruim, me deu
uma segunda chance e permitiu nossa amizade especial acontecer. Tivemos muitos
momentos incríveis que não esquecerei, obrigada por todo seu apoio e incentivo.
Agradeço ao Roberto Severino que foi o veterano que me deu várias dicas de como
encarar a graduação, vários conselhos sobre a vida, várias conversas e muitas risadas
durantes nossos cafés.
Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente fizeram parte de todo esse
processo formativo e me auxiliaram, cada um ao seu modo, vocês foram fundamentais
em todo esse processo, obrigada!
Verdades da Profissão de Professor

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível.


Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam
que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o
trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses
profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com
baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande
parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos
papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a
educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem
de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de
educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade
muda.
Paulo Freire
“Consagre ao Senhor tudo o que você faz e os seus planos serão
bem-sucedidos”

provérbios 16:3

“Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com


asas como águias, correrão e não cansarão; caminharão e não se
fatigarão”

Isaías 40:31
RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo apresentar um relato de


experiência vivida no Programa de Residência Pedagógica da Universidade Federal de
São Paulo destacando aspectos que permitiram observar a educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. A Residência Pedagógica é um programa diferenciado
de estágio obrigatório, que propicia aos estudantes do curso de Pedagogia períodos de
imersão orientada em escolas públicas do entorno da Universidade. Este rico Programa
teve como fundamento a importância da vivência em sala de aula para a formação do
pedagogo e como as minúcias do chão da escola podem enriquecer a teoria estudada. A
seguir se tem um relato de experiência de quem já cumpriu as quatro modalidades do
Programa de Residência Pedagógica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação
de Jovens e Adultos e Gestão Escolar) e que esteve como monitora do Programa por dois
anos.

Palavras-chave: Residência Pedagógica, Educação Especial, Educação Inclusiva


ABSTRACT

This Course Completion Work aims to present an experience report in the Pedagogical
Residency Program of the Federal University of São Paulo in the light of special education
in the perspective of inclusive education. This is a differentiated program of mandatory
internship, which provides Pedagogy students with periods of guided immersion in public
schools around the University. This rich Program was based on the importance of living in
the classroom for the formation of the pedagogue and how the details of the school floor
can enrich the theory studied. The following is an experience report of someone who has
already completed the four modalities of the Pedagogical Residency Program (Child
Education, Elementary School, Youth and Adult Education and School Management) and
who was a monitor of the Program for two years.

Keywords: Pedagogical residency, special education and inclusive education


SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 4
RESUMO 8

ABSTRACT 9
INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO 1: O QUE É EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO


INCLUSIVA 15
CAPÍTULO 2: RELATO COMO FOI A EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NAS
MODALIDADES: EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL, EDUCAÇÃO DE JOVENS
E ADULTOS E GESTÃO ESCOLAR 19

CAPÍTULO 3: LEMBRAR DE MOMENTOS QUE SE APROXIMAM E SE DISTANCIAM DA


EDUCAÇÃO INCLUSIVA 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS 34
ANEXOS 36

REFERÊNCIAS 41
10

INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi construído por meio de um relato de experiência
acerca do Programa de Residência Pedagógica, evidenciando aspectos da Educação
Inclusiva. O Programa de Residência Pedagógica surgiu na necessidade de ressignificar
o estágio obrigatório da Graduação em Pedagogia, tornando-o mais significativo e
próximo a prática para os estudantes. Este Programa é inovador e audacioso e teve
inspiração na tradicional Residência Médica, por proporcionar aos estudantes a imersão
em escolas públicas por um determinado tempo ininterrupto, porém se distancia desta em
alguns pontos, por exemplo os estudantes de Medicina frequentam a Residência após o
término da graduação com caráter de especialização enquanto na Licenciatura em
Pedagogia a Residência compõe as atividades obrigatórias para a conclusão do curso.
O Programa de Residência Pedagógica estabelece parcerias com as escolas públicas do
da mesma cidade em que a Universidade está localizada, com a intenção de fortalecer a
relação entre a instituição formadora e a escola pública, chamada de escola-campo.
Nesta parceria, a Universidade se beneficia com a imersão de seus estudantes,
chamados residentes neste contexto, proporcionando uma aprendizagem prática, a
socialização das vivências dos residentes, de seus registros e de suas atividades
aplicadas e da possibilidade de correções necessárias para o aperfeiçoamento constante
e, as escolas-campo se beneficiam com a formação continuada constante de seus
professores, chamados professores-formadores, o apoio técnico-pedagógico na
manutenção do currículo e da gestão da escola, em outras palavras

“Esse Programa pretende superar a distância entre teoria e prática, usualmente,


presente na formação desses profissionais. É uma modalidade inovadora de
estágio baseada na participação sistemática de grupos de graduandos - Os
Residentes -, em práticas pedagógicas nas escolas públicas de Educação Básica,
por tempo determinado.” (VÓVIO, 2014).

Os residentes visitam e vivenciam o chão da escola e suas minúcias a fim de estabelecer


relações mais sólidas entre a teoria e a prática e, no sentido contrário, propicia que os
professores-formadores tenham acesso às pesquisas mais recentes, encontros de
formação e palestras na Universidade. O residente durante o período de imersão
acompanha os encontros de formação continuada, as atividades extracurriculares, as
reuniões de planejamento, os encontros de conselho, os encontros da associação de pais
11

e mestres e todas as atividades desempenhadas com as crianças nas aulas de todas as


disciplinas. Cada residente precisa participar de quatro diferentes modalidades da
Residência Pedagógica divididas em dois blocos: Docência e Gestão Educacional. No
bloco de Docência existem três modalidades, são elas: Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, cada uma delas com o olhar voltado para
uma diferente etapa da escolarização que compõe o curso de Pedagogia e, no bloco de
Gestão Educacional existe apenas uma modalidade que é a de Gestão Escolar, que tem
um caráter mais administrativo dentro da escola e compõe o curso de Pedagogia
juntamente com as outras três modalidades citadas anteriormente. A universidade orienta
os residentes acerca do momento ideal para a realização de cada modalidade, que é
entre o quinto semestre e o sétimo, cada modalidade juntamente com a Unidade
Curricular (UC) referente aos aprendizados necessários sobre o segmento da
escolarização estudado.
Durante os períodos de imersão os estudantes são orientados por um professor da
Universidade, chamado preceptor. O preceptor orienta um pequeno grupo de estudantes
durante cada período de imersão e media as relações entre as escolas-campo e os
residentes. Durante os períodos de imersão os estudantes acompanham a rotina,
observam e fazem registros, chamados de diários de bordo. É importante que o residente
tente interferir o mínimo possível na rotina da sala de aula que está acompanhando, com
a intenção de observar as reais relações que ocorrem naquele ambiente, além disso, é
importante que o residente mantenha uma postura adequada e respeite o
professor-formação. Durante o período de imersão os residentes têm a oportunidade de
vivenciar momentos que remetem a teoria, estudada durante as aulas na universidade,
vezes porque notam a teoria na prática e vezes porque elas fazem falta. O papel do
estudante nesses momentos onde a teoria e a prática não convergem é observar,
registrar e levar para discussão com seu preceptor.
O Programa de Residência Pedagógica envolve o Residente no contexto do chão da
escola, com isso, o Residente tem a oportunidade de observar o cotidiano escolar e de
maneira crítica e reflexiva identificar aspectos que aproximam-se e distanciam-se da
Educação Inclusiva. O Residente inicia os períodos de imersão após o quinto semestre e,
no segundo semestre, é indicado que ele cumpra as Unidades Curriculares: “Educação
12

Especial: fundamentos, política e práticas na perspectiva da educação inclusiva”1 e


“História social da infância”2, que dão embasamento para uma observação mais profunda
e reflexões elaboradas sobre as relações, e além disso, possibilita que o residente busque
estratégias com base na Educação Inclusiva para a aplicação de seu Plano de Ação
Pedagógica (PAP).
O Residente, durante o período de imersão, acompanha a turma por 15 ou 30 dias3
seguidos todas as atividades das crianças, isso possibilita que o Residente crie suas
hipóteses sobre o processo educacional das crianças da turma observada e tenha tempo
para observá-las com profundidade para relacionar com as teorias estudadas dentro da
universidade. Além disso, nos primeiros dias de imersão o Residente é alguém diferente
dentro da sala de aula e acaba se tornando uma distração, conforme os dias vão se
passando as crianças e, até mesmo, a professora-formadora se acostuma com a
presença do Residente e as relações observadas vão se tornando mais naturais e mais
próximas da realidade.
Para a validação do Programa de Residência Pedagógica para o residente ele deve
cumprir uma carga horária mínima que são trezentas horas divididas nas quatro
modalidades, essa divisão de horas não é feita igualmente entre as quatro modalidades.
As modalidade de Educação Infantil e Ensino Fundamental têm a carga horária mínima de
cento e cinco horas cada uma e as modalidades de Educação de Jovens e Adultos e
Gestão Escolar têm quarenta e cinco horas cada uma. Para compor essas horas o
residente vivencia a imersão na escola-campo, acompanhando as atividades supracitadas
e o residente tem reuniões semanais com o preceptor, para entrega dos cadernos de
bordos, esclarecimento de dúvidas e orientações. Nos períodos de imersão e nas
reuniões de preceptoria é exigido aos residentes 100% de frequência para a validação
oficial do cumprimento da modalidade.
Os preceptores se utilizam de artefatos para a supervisão e avaliação das atividades
realizadas pelos residentes, a primeira delas é um encontro marcado entre o preceptor e
o grupo de residentes que irá orientar a fim de transmitir todas as orientações iniciais e os
combinados para o bom funcionamento, neste momento também são definidas todas as
regras. Com o início do período de imersão inicia-se também o processo de controle da

1
Matriz Pedagógica - Curso de Pedagogia - UNIFESP
2
Matriz Pedagógica - Curso de Pedagogia - UNIFESP
3
15 dias para as modalidades de Educação de Jovens e Adultos e Gestão Educacional. 30 dias para as
modalidades de Educação Infantil e Ensino Fundamental.
13

frequência dos residentes durante o período de imersão, em cada escola-campo existe


um caderno onde os residentes assinam ao chegar e ao sair, marcando a data e horário
de cada visita, posteriormente, no fim de cada período de imersão, a escola-campo envia
para a escola esses dados de frequência. Além de assinar esse livro os residentes,
diariamente registram todas as suas observações e reflexões num caderno, chamado
diário de bordo, este diário de bordo servirá para orientar as conversas com o preceptor e
a realização do Plano de Ação Pedagoǵica (PAP), que é realizado quando o residente
está próximo de terminar seu período de imersão nas modalidades de Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos.
O Plano de Ação Pedagógica, é planejado e construído com base nos aspectos
observados durante o todo o período de imersão, buscando trabalhar algum
conceito/tema que o residente tenha observado de comum interesse ou dificuldade da
turma acompanhada. Após esse tempo de observação e construção do Plano de Ação
Pedagógica, este é apresentado numa reunião de preceptoria para orientação e
aprovação do preceptor. Cumprido as etapas citadas o Plano de Ação Pedagógica está
pronto para ser aplicados com as crianças, no dia da aplicação na escola-campo o
professor-formação entrega a liderança da turma para o residente, sem deixar de exercer
sua função, e passa a interagir junto com as crianças observando e participando da
atividade proposta pelo residente, normalmente a aplicação dura no mínimo uma aula e
no máximo três aulas, mas nunca seguidas elas podem ser divididas em dias diferentes,
tomando assim a forma de uma sequência didática. Após a aplicação acontece uma nova
reunião de preceptoria para trocas entre preceptor e residente sobre como foi aplicar o
Plano de Ação Pedagógica com as crianças e comentar sobre o que deu certo e o que
saiu fora do esperado. Desta conversa surgirá uma nova versão do PAP, o Plano de Ação
Pedagógica Comentado, nesta nova versão é adicionado os comentários e as ações que
não funcionaram com as adaptações realizadas para concluir a atividade. Na Gestão
Educacional o Plano de Ação Pedagógica não é realizado, pois não há estudantes para
interagir. Nesta modalidade ele é substituído pelos Cadernos de Campo, e as leituras dos
Documentos Escolares que dão embasamento para a escrita do Relatório Final.
Este relato de experiência foi construído a partir das memórias construídas nas vivências
e experiências durante as quatro modalidades da Residência Pedagógica por uma
estudante que também esteve no papel monitora deste mesmo programa da Universidade
Federal de São Paulo durante dois anos. Os relatos registrados neste trabalho serão
14

correlacionados com os aspectos da Educação Especial na perspectiva na Educação


Inclusiva, buscando entender os momentos onde ela esteve e não esteve presente.
Mediante o exposto, este trabalho será organizados em quatro parágrafos da seguinte
forma: O primeiro parágrafo explica o que é a Educação Inclusiva na perspectiva da
Educação Especial e como essa Educação Inclusiva pode ser observada no contexto
escolar; o segundo parágrafo explica o que é o Programa de Residência Pedagógica e o
relato de experiência que vivenciei nas quatro modalidades; o terceiro parágrafo foi
composto por uma reflexão sobre como a Educação Inclusiva se dá durante toda a
Residência Pedagógica; e o quatro que contém as considerações finais sobre todos os
temas apresentados ao longo deste trabalho.
15

CAPÍTULO 1: O QUE É EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA


EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Primeiramente definiremos o questionamento colocado a priori já no título desse capítulo:


O que é Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva diz respeito a um
processo que ocorre dentro do ambiente escolar e que tem como objetivo incluir as
minorias excluídas até então desse ambiente, garantindo o direito à educação, obrigatório
por lei, a todos sem distinção, garantindo a dignidade humana, respeitando a identidade e
promovendo o exercício da cidadania.
Ao falar de Educação Especial e de Educação Inclusiva se faz necessário relembrar
algumas conquistas legislativas acerca do tema, como essa conquistada na Constituição
Federal de 1988:

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988)

que nos garante legalmente o direito de todos à educação e coloca como dever do Estado
e da Família a garantia desse direito conquistado sem discriminação. Esta lei busca
superar a lógica de exclusão até então tratada como normal em todo o processo de
escolarização, que foi herdada historicamente após anos de segregação e a ideia de a
escola ser um privilégio de um determinado grupo e que foi legitimada até então por
políticas e práticas educacionais de exclusão.
Dessa mesma forma, é importante dizer que somente a garantia por lei não é suficiente, é
necessário que a Educação Inclusiva seja vivenciada naturalmente em todas as relações
dentro do ambiente escolar, ou seja,
Cada criança tem suas especificidades que geram demandas específicas e que precisam
ser atendidas de forma consciente pelos educadores durante todo o processo de
escolarização, seja de crianças pequenas, crianças, jovens ou adultos. A partir das
conquistas legais na Constituição Federal de 1988 foi sancionado em 13 de julho de 1990,
o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, que se tornou o principal instrumento
normativo do Brasil sobre direitos de crianças e de adolescentes, com isso, no Brasil,
iniciou-se um processo de democratização da escola, buscando a universalização do
acesso. Neste processo o acesso à educação foi alavancado e teve uma alta considerável
16

e, em 20 de dezembro de 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases (LDB)


tornando a educação mais formativa de forma humanizada. Os avanços foram
importantes para educação, sem dúvidas, mas ainda não foram suficientes para reparar
todo o prejuízo histórico que foi construído ao longo de muitos anos, por esse motivo,
grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores continuaram excluídos,
deixando claro que necessário a todo momento confrontar práticas discriminatória e
promover uma escolarização democrática que inclua e acolha a todos.
Tradicionalmente a Educação Especial funcionava com atendimento substitutivo ao
ensino comum, ou seja, os grupos que não se enquadraram nos padrões definidos eram
segregados e passavam a frequentar um ambiente diferente com intencionalidades
diferentes também.
Sabendo disso, o papel do educador em formação ou já formado é buscar a equidade de
oportunidades e condições de permanência para todos, buscando não estigmatizar
relações e diagnósticos no dia a dia escolar, a fim de que todos possam vivẽnciar o
processo de escolarização como um todo mas cada uma a sua maneira e tempo. Além
disso, é importante não permitir que diagnósticos definam as Práticas Pedagógicas
Escolares e transformar estigmas de normalidade e anormalidade, rápido e devagar, bom
e ruim, entre tantas outras, que apenas os comparam sem nenhum caráter benéfico, em
afirmações de qualidades e habilidades alcançadas.
Para que a Educação Inclusiva aconteça verdadeiramente é necessário eliminar alguns
obstáculos importantes e fundamentais impostos pelo sistema considerado como regular
de ensino. Colocando em prática uma educação voltada para a formação individual de
cada criança, propiciando o exercício da cidadania, o pensamento crítico e a autonomia
para realização de todas as atividades cotidianas dentro e fora do ambiente escolar. O
aprendizado deve, além de contribuir com o conhecimento técnico, deve contribuir com a
construção de uma cultura diversificada e ampla, para que conheçam tipos de cultura
diferentes das prestigiadas no seio familiar e possam, com propriedade, construir seus
gostos e suas preferências.
Nesse sentido, o educador precisa entender a heterogeneidade de sua turma e respeitar
o que diferencia cada criança. Assim, o educador poderá valorizar os conhecimentos
prévios dos estudantes e, com base nisso, realizar com a turma uma pedagogia
respeitosa, significativa e, de fato, inclusiva. Desta maneira aproveito para reiterar a
importância da formação inicial e continuada do educador, que realiza em trabalho cheio
17

de minúcias que têm impactos significativos, positivos ou negativos, na vidas das


crianças. Então a responsabilidade assumida pelo educador faz com seja necessário
buscar sempre a formação continuada de qualidade para um embasamento que
possibilite buscar novas estratégias para a sala de aula com as crianças.
A escola é um ambiente de constantes relacionamentos, ou seja, todos os participantes
do contexto escolar se relacionam de maneiras diferentes todos os dias, dessa forma, o
professor ainda precisa estar preparado e bem formado para que possa lidar com as
relações entre os alunos dentro da sala de aula, com a intenção de apresentar aos alunos
a Educação Inclusiva e seus princípios de forma sutil e didática, por meio do exemplo, de
histórias, dinâmicas e outras estratégias. O professor preocupado com a formação
completa e a preparação para o exercício da cidadania deve acompanhar de forma atenta
as relações que ocorrem dentro da escola para verificar como a Educação Inclusiva está
sendo colocada em prática pelas crianças e demais participantes da comunidade escolar,
e intervir quando perceber que é necessário retomar algum conceito ou prática
apresentados anteriormente, sempre de forma respeitosa e sem expor os envolvidos.
Da mesma forma que os professores, os alunos também podem assumir a
responsabilidade de intervir em momentos onde a Educação Inclusiva não está sendo
praticada da forma correta, assim como os professores, de forma respeitosa e sem expor
os envolvidos. Para que isso funcione de forma eficiente, o exemplo é fundamental, ou
seja, o professor se torna um exemplo dos alunos, então a forma como o professor se
portará dentro da sala de aula irá interferir na práticas das crianças que estarão usando o
professor como exemplo a ser seguido.
Assim sendo, quando a escola conseguir verdadeiramente colocar em prática os temas
citados ao longo desse capítulo ela passará a, de fato, incluir todas as crianças e não
mais apenas compartilhar o ambiente escolar para convívio e socialização. Nesse sentido,
é importante lembrar que a Educação Inclusiva não é como um projeto que tem início
meio e fim, ela deve se desenvolver dentro das relações na escola e enraizar-se e tornar
cada vez mais natural dentro desse ambiente e nas relações estabelecidas nele, a fim de
quem ela não acabe nos muros da escola e que consiga ultrapassá-los e que atinja outros
ambientes por onde a comunidade escolar visite.
Considerando tudo que foi dito anteriormente, vou rememorar minhas experiências
enquanto Residente e Monitora do Programa de Residência Pedagógica durante a minha
formação em Pedagogia na Universidade Federal de São Paulo no campus Guarulhos
18

durante os anos de 2018 e 2020. O relato dessas memórias se faz necessário para que
em seguida seja feita uma análise buscando entender em quais momentos a Educação
Inclusiva esteve presente e ausente nas relações observadas no contexto escolar em
cada uma das quatro modalidades do Programa de Residência Pedagógica.
19

CAPÍTULO 2: RELATO COMO FOI A EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA


PEDAGÓGICA NAS MODALIDADES: EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO
FUNDAMENTAL, EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E GESTÃO
ESCOLAR

Conforme descrito anteriormente o Programa de Residência Pedagógica acontece em


quatro modalidades, são elas: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de
Jovens e Adultos e Gestão Escolar e, em cada uma delas, o residente tem a oportunidade
de vivenciar rotinas de salas de aula e observações as relações entre os personagens do
ambiente escolar, como as relações se dão e, o mais importante, relacionar a teoria
estudada na Universidade com a prática desenvolvida no chão da escola.
A fim de cumprir as horas de estágio durante a minha graduação em Pedagogia na
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), realizei a primeira Residência
Pedagógica na modalidade de Ensino Fundamental durante o quinto semestre de forma
presencial; no 6º semestre participei da segunda, na modalidade de Gestão Escolar,
também de forma presencial e simultaneamente estive como monitora do Programa de
Residência Pedagógica, no qual fiquei durante dois anos auxiliando outros residentes a
fazerem suas matrículas no Programa de Residência Pedagógica e a manterem um bom
relacionamento com os preceptores e com as escolas-campo, bem como gerenciei o
transporte oferecido pela Universidade para os residentes irem e voltarem das
escolas-campo e organizei documentos e apresentações nos Congressos Acadêmicos.
No sétimo semestre da graduação iniciei a terceira Residência Pedagógica, na
modalidade de Educação Infantil, e no oitavo semestre participei da quarta e última
modalidade, que foi Educação de Jovens e Adultos, sendo que essas, devido ao início da
pandemia do Coronavírus, tiveram que acontecer de forma remota.
O direito das crianças pequenas à educação está garantido por lei desde 1988, ano em
que a Constituição Federal estabeleceu que é um dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar às crianças e adolescentes o direito à vida, à alimentação e à
educação. A Constituição Federal deu início a um processo importante na garantia dos
direitos das crianças e adolescentes, pois embasou e incentivou a criação do Estatuto da
Criança e do Adolescente, logo em seguida, em 1990.
A modalidade de Residência Pedagógica em Educação Infantil consiste na observação de
20

crianças pequenas, de zero a seis anos de idade, etapa onde os espaços, o tempo, a
organização e as práticas se tornam objetos do ensinar e do aprender de uma forma
única e específica. A Educação Infantil, baseada em projetos, busca aproximar as
crianças de seu contexto social propiciando às crianças vivências significativas e com
intencionalidade. Para isso é necessário que a equipe gestora e pedagógica esteja
alinhada, preocupada com a formação íntegra, valorizando o presente e elaborando
projetos que visem um aprendizado completo das crianças e não um ensino focado em
datas comemorativas ou conteúdos isolados. Essa etapa da escolarização é muito
importante pois ela promove às crianças a sua primeira socialização fora do convívio
familiar, ou seja, nela as crianças têm a oportunidade de conviver num ambiente coletivo,
processo esse que deve ser mediado com sabedoria e respeito com as especificidades da
faixa etária para que gere aprendizados que serão a base para todas as próximas
socializações que essas crianças terão durante toda a suas vidas. Além disso as crianças
pequenas são expostas a situações inéditas de interlocução, onde elas precisam entender
suas necessidades e se fazer entender nas novas relações, dessa forma, ela precisa
expressar suas vontades, necessidades e descontentamentos de uma forma diferente
daquela que ocorre na socialização primária, ou seja, em casa no seio familiar, neste
contexto as crianças precisam verbalizar, balbuciar ou apontar para informar suas
vontades ou necessidades. No ambiente escolar as crianças pequenas necessitam além
de interagir de uma forma diferente, elas precisam relacionar-se com outras crianças, o
que para a maioria das crianças é algo nunca vivenciado, a convivência com outras
crianças implica em compartilhar objetos, aguardar a vez do outro, respeitar opiniões
diferentes e respeitar o tempo do outro. Esses aprendizados são desenvolvidos conforme
a convivência se dá, durante esse desenvolvimentos há conflitos que devem ser
estrategicamente mediados pelos educadores que acompanham as crianças diariamente
durante o período escolar.
Estive como residente da modalidade da Educação Infantil durante a pandemia do
Coronavírus, por isso, aconteceu, excepcionalmente, de forma remota com discussões
sobre o tema e não no chão da escola como acontece normalmente. Esta modalidade
desenrolou-se no formato de Atividades Domiciliares Especiais, chamadas de ADEs, essa
modalidade consistia em leituras, encontros on-line e remotos para debates sobre o tema
e encontros on-line e remotos com professores(as) que lecionam em turmas da Educação
Infantil. Mesmo com a adversidade, foi possível conhecer, estudar, discutir, compreender
21

e conversar com os professores que atuam com crianças pequenas. Durante esse
processo foi possível entender que a Educação Infantil é uma etapa importante onde as
relações são intensas e dão início ao processo de escolarização, conforme a Constituição
Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB),
dessa forma, “é necessário que essas instituições ofereçam experiências significativas às
crianças, favorecendo seu desenvolvimento e garantindo que elas possam viver
plenamente suas infâncias.” (SÃO PAULO, 2016, , p. 8).
Para cumprir com o currículo da modalidade realizamos leituras que norteiaram os
encontros remotos sobre temas como a educação remota para crianças pequenas, o
trabalho docente em berçários e as possíveis tensões e conflitos na vida familiar dos
bebês durante a pandemia sem convívio, na maioria das vezes, com outros bebês, a
observação crítica de registros em vídeos de elementos como carícias, balbucios,
vocalizações, risos, olhares ou musicalizações da fala em crianças pequenas e a
observação de desenhos de crianças questionando sobre quais histórias e enredos são
revelados por meio dos desenhos, se há elementos que evidenciam as experiências e
possíveis cenas de um cotidiano vivido pela criança, como os elementos da imaginação e
fantasia permeiam esta produção da criança e quais foram as escolhas, suporte, materiais
utilizados, ocupação dos espaços, cores, formas e traçados e, por fim, o que aprendemos
nesta escuta. Além disso, discutimos com uma professora negra sobre a escolarização de
crianças negras, importância da representatividade dentro do ambiente escolar e as
formas de construir uma pedagogia antirracista na Educação infantil. Ao fim de todos os
encontros, todas as discussões e atividades entregues, produzimos um relatório final que
foi construído com toda a bagagem adquirida durante o semestre e foi uma análise crítica
dos aprendizados construídos ao longo da jornada na Residência Pedagógica na
modalidade de Educação Infantil.

Assim como na modalidade de Educação Infantil na modalidade de Residência


Pedagógica em Ensino Fundamental também está amparada pela Constituição Federal,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Juntamente com o início do Ensino Fundamental, inicia-se o processo de alfabetização,
enfatizando e explicando, processo pois ele se dá ao longo de um tempo não determinado
com exatidão ele tem o início junto com o Ensino Fundamental e se desenrola pelos
próximos anos, tem-se uma ideia de que a alfabetização acontece somente durante o
22

primeiro ano do Ensino Fundamental e deve se findar exatamente ao fim deste primeiro
ano de alfabetização. A alfabetização é fundamental para a continuidade da
escolarização, pois ler e escrever são habilidades extremamente importantes e utilizadas
em todos os anos seguintes da escolarização. Dessa forma, é de extrema importância
que os adultos que acompanham a criança neste processo, sejam os educadores ou a
família, saibam respeitar o processo de cada criança sem fazer comparações e sem
desmotivá-las. A Educação Infantil tem um papel bem importante neste processo de
alfabetização, pois na Educação Infantil a criança aprender a oralizar seus pensamentos,
vontades e descontentamentos e, consequentemente, está criando sua bagagem para a
alfabetização, além disso, na Educação Infantil inicia-se também o contato com as letras,
o formato de cada uma delas e seus nomes.
O educador deve estar muito bem formado e preparado para desempenhar um bom
trabalho com essas crianças que chegam nas salas de aula com bagagens e repertórios
distintos. Cada criança teve uma infância diferente e, por isso, chega com uma bagagem
diferente. O professor tem a função de perceber essa heterogeneidade da turma,
entender como ela se dá e quais são os contextos ali presentes e criar estratégias que
favoreçam e respeitem cada criança, buscando não criar rótulos que estigmatizam as
crianças.
Na Educação Infantil as crianças são colocadas em novas situações de interlocução pois
estão saindo do seio familiar e iniciando no ambiente escolar, no Ensino Fundamental
esse processo se repete mas agora de uma forma diferente pois as crianças passam a
ser mais independentes e começa a ganhar autonomia para a realização das tarefas e
das rotinas cotidianas, resumindo, o processo se repete mas desta vez de uma forma
mais desafiadora. Seguindo a mesma lógica, as tarefas de estudo passam a ser mais
complexas e mais desafiadoras conforme as etapas do Ensino Fundamental vão
avançando, em consequência disso há uma natural formalização das aulas.
Diferentemente da modalidade de Educação Infantil, a Residência Pedagógica em Ensino
Fundamental aconteceu de forma presencial presencial, pois aconteceu antes da
Pandemia do Coronavírus, além disso, esta foi a primeira modalidade vivenciada por mim.
A Residência Pedagógica, é uma etapa da graduação que preocupa os estudantes e os
deixa tensos antes de iniciar por se tratar de algo onde o residente sai do ambiente de
estudos que é a Universidade e vai ver de perto como é a sala de aula real, com diretores,
coordenadores, professores e crianças reais, além disso é um programa que necessita de
23

inscrição, seleção de modalidades e escolas e por se tratar de algo com uma carga
horária a se cumprir deve ser conciliada com as demais Unidades Curriculares da
Universidade e com os compromissos pessoais desses residentes como o trabalho por
exemplo, tudo isso causa nos residente uma insegurança do novo, do desconhecido. Na
minha vez de passar por isso, tudo isso também aconteceu comigo mas de uma maneira
mais branda pois no mesmo período estava como monitora do Programa de Residência
Pedagógica e já orientava os residentes e conhecia os procedimentos. Com tudo, ainda
foi difícil conciliar a carga horária da Residência Pedagógica com as aulas na
Universidade e com meu trabalho, esse é uma dificuldade encontrada pela maioria dos
residentes, porém a Universidade e a coordenação do Programa olha para esses
residentes com empatia para auxiliar nesse processo e criar estratégias que busquem
facilitar todo esse processo, visto que todos os estudantes da graduação precisam
cumprir e passar pelas quatro modalidades do Programa de Residência Pedagógica.
Passada toda essa insegurança do início, após as reuniões de preceptoria de início,
comecei o período de imersão acompanhando uma turma de quarto ano, no período da
manhã numa escola-campo no bairro dos Pimentas em Guarulhos. Para conseguir
conhecer todas as crianças e participar da aula de diferentes perspectivas a cada dia eu
sentava em uma cadeira diferente na sala e, com isso, percebi já nos primeiros dias que
na turma existiam crianças que não sabiam ler e escrever e fazer as quatro operações
básicas da matemática.
Percebi que os alunos que não sabiam ler e escrever não conseguiam fazer grande parte
das atividades propostas e no momento da atividade conversavam e se distraíam com
outras coisas. A professora descontente com a falta de interesse na atividade por parte
dessas crianças, separa a turma da seguinte forma, os alunos que faziam as atividades e
ficam quietos podiam ir fazer no pátio do lado de fora da sala e na sala de aula ficavam
apenas aqueles que estavam conversando e brincando pois não conseguiam fazer as
atividades. Dessa forma, essas crianças que sempre ficavam na sala se chateavam com
isso e perdiam mais ainda o interesse em fazer as atividades e buscavam se divertir com
outras coisas dentro da sala, como jogar objetos pela sala, prender mochilas na cadeira,
recortar partes do livro e colar em outros cadernos, desenhar nos cadernos dos colegas
entre outras coisas. A professora não incentivava esses alunos a fazer as atividades, não
adaptava as atividades pensando nas dificuldades de cada um e nem auxiliava de perto,
em algumas atividades o que acontecia era chamar os alunos e ir ditando as letras que
24

formavam a resposta correta, e as crianças iam escrevendo sem saber o que estavam
registrando nas atividades.
Além das dificuldades com os conteúdos pude observar também que algumas crianças
dependiam da alimentação disponibilizada pela escola. Logo pela manhã ao chegar na
escola as crianças tinham a oportunidade de tomar café da manhã com bolachas e leite
com achocolatado antes do início da aula, porém as crianças que chegavam atrasadas
perdiam esse café da manhã e só comiam no horário do lanche.
Na modalidade de Educação de Jovens e Adultos ainda estávamos vivendo o período de
pandemia pelo Coronavírus e, por esse motivo, essa modalidade também aconteceu de
forma remota e com discussões com estudantes que frequentaram essa modalidade para
cumprir a escolarização.
Assim como nas modalidades supracitadas, esta também está garantida na Constituição
Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. No Art. 22 da LDB nº 9.394/96 nos
diz que:
Está prevista a Educação de Jovens e Adultos – EJA, classificada como parte
integrante da Educação Básica, sendo, portanto, dever do Estado disponibilizar
vagas nessa modalidade de ensino aos que não foram escolarizados na idade
considerada como correta. Antes, porém, é necessário analisar, mesmo que de
forma breve, a história da Educação de Jovens e Adultos (LDB nº 9.394/96).

Anteriormente falamos sobre a importância e os agentes que devem garantir o acesso à


educação das crianças, quando falamos de Educação de Jovens e Adultos o acesso
também é importante mas tem algo que toma a frente e se torna mais importante para
garantir que essa modalidade funcione de forma efetiva que é a permanência, ou seja, os
estudantes que não cumpriram a etapas da escolarização da idade esperada tem a
oportunidade de cursar nessa modalidade de jovens e adultos seguindo algumas regra
como a idade mínima que é 15 anos para o Ensino Fundamental e 18 anos para o ensino
médio, como esses estudantes estão numa idade diferente da esperada suas ocupações
e responsabilidades também são diferentes das esperadas. Na maioria das vezes esse
jovens já estão inseridos no mercado de trabalho e/ou tem obrigações na manutenção do
lar e, por esses motivos, o tempo para dedicar-se aos estudos fica mais escasso e o
cansaço durante as aulas cresce. Dessa forma, a quantidade de estudantes que acabam
abandonando no meio é muito alta e, por isso, nessa modalidade de ensino é muito
importante pensar e criar programas de incentivo à permanência desses jovens e adultos.
No entanto, a permanência não é o único problema ocasionado, quando o jovem ou
25

adulto está desmotivado e cansado ele não consegue absorver os conteúdos passados
facilmente e sente mais dificuldades na hora de acompanhar um raciocínio mais
complexo. Neste momento, é importante o papel do educador para criar estratégias que
motivem os estudantes e propicie uma aprendizagem mais significativa, além disso, o
docente pode trazer para a sala de aula aspectos do cotidiano dos estudantes pois, em
muitas das vezes, eles têm o conhecimento mas não de forma escolarizada e sim na
forma do cotidiano, um exemplo muito comum é passar troco e fazer continhas usando as
quatro operações, normalmente passar o troco é algum natural e simples, mas na hora de
fazer as continhas na forma escolarizada a dificuldade surge, não só isso mas, atividades
que proponham o trabalho em grupo, pois relacionar-se com o outro pode causar um
certo desconforto pela comparação natural que eles fazem entre eles mesmo, visto que,
cada estudantes vem de um lar diferente e viveu experiências diferentes e traz consigo
uma bagagem rica e diversificada, e também exigir um tempo além daquele que eles
estão na escola para o estudo pode gerar dificuldade, visto que, na maioria das vezes
esses estudantes estão deixando de estar em outros lugares com outras tarefas para
estar na escola e não tem outro momento para estudo e ter uma tarefa não entregue
também pode gerar desanimo por não sentir que pode se dedicar totalmente. Com tudo, o
trabalho docente nesse contexto deve ser extremamente planejado com intencionalidade
buscando tratar a turma de forma inclusiva dando atenção a cada especificidade dos
jovens e adultos, respeitando seu tempo e momento de vida. O que foi dito anteriormente
está amparado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação no art 37, parágrafos 1º e 2º:

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,


que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Além disso, a Educação de Jovens e Adultos deve ser emancipatória desde a preparação
do currículo até sua aplicação junto com os estudantes. Normalmente os jovens e adultos
que buscam a Educação de Jovens e Adultos estão em busca de condições melhores de
vida, oportunidades melhores de trabalho, melhores oportunidades de crescimento em
seus trabalhos e/ou crescimento e desenvolvimento pessoal.
O período de imersão da modalidade de Gestão Educacional precedeu a Pandemia do
26

Coronavírus, por isso, aconteceu da forma tradicional, ou seja, presencial dentro do


ambiente escolar. A Gestão Educacional é a modalidade que mais se diferencia pois se
trata de uma modalidade de caráter mais administrativo, durante a imersão nessa
modalidade acompanhei a diretora, coordenadores e agentes escolares da escola-campo
selecionada.
Os estudantes são a parte mais importante dentro da escola, dessa forma a coordenação
e direção precisa olhar para seus estudantes de forma atenta e profunda para identificar
possíveis necessidades de auxílio e ouvir de forma respeitosa e buscar ajudá-los com
suas necessidades entendendo e respeitando a fase de cada um sem desmerecer e
compará-los com outros estudantes. Após essas conversas individuais a coordenação
e/ou direção deve buscar auxílio das famílias para resolução dos problemas encontrados
com os estudantes, caso ainda não seja possível resolver a escola ainda pode buscar ou
indicar que a família busque outras instituições que possam ajudar esses estudantes.
Além desse cuidado com os estudantes, a Gestão Escolar deve garantir que os
estudantes tenham ambientes higienizados e adequados para a aprendizagem, tenham
alimentação de qualidade e com responsabilidade nutricional para todos os estudantes. A
direção deve manter o sistema de abastecimento de alimentos sempre atualizado para
que os prazos de validade não sejam ultrapassados evitando que os alimentos estraguem
e para que não falte alimentos, dessa forma, a direção deve ir regularmente até a cozinha
e a dispensa da escola acompanhar o uso dos alimentos e verificar sempre as
quantidades para atualizar no sistema e fazer novas solicitações quando necessário e
acompanhar a entrega desses alimentos e a qualidade que esses alimentos chegam na
escola.
Durante o período de imersão pude acompanhar algumas atividades como conversar de
instrução da direção e coordenação para os estudantes em casos de indisciplina e em
casos onde foi necessário uma conversa para conscientização e resolução de conflitos
entre alunos. Essas conversas aconteciam de algumas formas diferentes dependendo do
tipo e gravidade do conflito, algumas vezes a direção ou coordenação subia até a sala de
aula para conversar com toda a turma ao mesmo tempo e tratar o conflito de forma geral
com a turma, às vezes os estudantes envolvidos no conflito eram chamados para o lado
de fora da sala de aula para uma conversa mais pontual sobre o conflito e combinar com
os estudantes envolvidos uma mudança de comportamento para que os mesmos conflitos
não se repitam, ou em casos mais complexos os estudantes eram chamados na sala da
27

direção para uma conversa mais séria e, normalmente, com a presença dos
responsáveis.
Outra tarefa importante acompanhada durante o período de imersão foi a gestão dos
professores efetivos e professores substitutos, todos os dias momentos antes do início
das aulas a coordenadora se dirigia a sala dos professores para verificar quais
professores já haviam chego e quais estavam atrasados, nesse momentos também ela
aproveitava para verificar se algum professor avisou de última hora que não conseguirá
chegar para a aula e, em caso afirmativo, logo aciona os professores substitutos para que
eles possam vir até a escola-campo e ministrar as aulas nas turmas que o professor que
faltou tem aula no dia. Além disso, a coordenadora conversava com os professores que
frequentemente se atrasam ou faltam nas aulas, a fim de conscientizar do prejuízo
pedagógico e a quebra da sequência didática das atividades desempenhadas com a
turma. Ainda sobre gestão de professores a coordenação precisa estar alinhada com os
professores substitutos para que eles desempenhem um trabalho semelhante aos
elaborados e desempenhados pelos professores efetivos das turmas. Nesse mesmo
sentido, a coordenação deve acompanhar e auxiliar os professores nos planejamentos de
atividades e conteúdos desempenhados com os estudantes para que estejam e
mantenham-se de acordo com os parâmetros de educação estabelecidos para cada série
e, por meios dos planejamentos, controlar se as atividades estão sendo realizadas
conforme o planejamento e, se não, buscar entender e auxiliar nas causas para
solucioná-las para que o planejamento seja cumprido.
Além das atividades mais administrativas a coordenação e direção também deve estar
alinhada com o time pedagógico e organizar e garantir a realização das avaliações
externas, cadastrando os estudantes, orientando sobre a realização das avaliações,
garantindo o acesso às avaliações, garantindo a correção e o envio dos resultados de
forma íntegra e transparente, cumprindo a responsabilidade com a verdade. Após a
realização das avaliações externas um trabalho muito importante e a análise dos dados
produzidos, que podem sinalizar déficits em conteúdos específicos de uma série ou de
uma disciplina pela escola, por exemplo. Com esses dados bem analisados a escola pode
tomar ciência de aspectos que poderiam não ser detectados e possibilita que a Gestão
Escolar crie estratégias para solucioná-las. Durante o período que estive em imersão
nessa escola pude acompanhar e auxiliar no processo de digitação dos gabaritos de uma
avaliação externa que havia sido realizada pelos estudantes do ensino fundamental.
28

Para promover o bem estar e integrar os estudantes a Gestão Educacional também deve
promover eventos para participação dos estudantes e a socialização entre eles, de forma
intencionalizada e organizada para a participação de todos. Enquanto estava em período
de imersão pude acompanhar um evento de interclasse com várias modalidades e
esportes propostos para as turmas competirem entre si de forma esportiva. Durante esse
evento foi muito interessante ver a união dos estudantes para apoiar e incentivar suas
turmas em cada modalidade da interclasse, também pude observar a empatia entre os
estudantes quando os colegas de turma acabavam sendo desclassificados em alguma
modalidade, no sentido de entender e incentivar nas outras modalidades.
Além das vivências como Residente, tive a oportunidade de vivenciar o Programa de
Residência Pedagógica como Monitora do programa, estive como monitora durante dois
anos. Como monitora do programa, a tarefa com maior recorrência era auxiliar os
Residentes durante o processo de matrícula que acontecia primeiramente on-line e, após
a organização de Residentes e escolas-campo, acontecia uma confirmação presencial
para que a lista de espera pudesse ser acionada caso houvesse alguma desistência, visto
que a primeira matrícula, on-line, acontecia no fim do semestre anterior e a segunda,
presencial, acontecia no início do semestre vigente, ou seja, existe um tempo
considerável entre uma matrícula e outra, o que pode gerar mudanças no planejamentos
dos residentes e, consequentemente, nas escolhas realizadas na primeira etapa da
matrícula. Além disso, auxiliava os Residentes no início do período de imersão pois é
período de muito preocupação por parte dos Residentes, e o trabalho da monitoria é
importante para orientar e tranquilizar os Residentes para a realização do período de
imersão.4
Além do auxílio aos Residentes, os monitores devem relacionar-se com as escolas
públicas do entorno para que se tornem ou continuem como escolas-campo, resolver os
possíveis conflitos que possam acontecer durante o processo, negociar as vagas e
períodos ofertados. Esse relacionamento com as escolas-campo, ainda envolvem os
relatórios sobre a participação dos residentes durante os períodos de imersão, tanto da
parte dos residentes como das escolas-campo.
A universidade oferece aos estudantes transporte da universidade até as escolas-campo,
para que isso ocorra de forma eficiente é necessário uma boa organização entre os

4
Relato sobre os anos de 2018 e 2019.
29

residentes inscritos e confirmados que optaram pelo transporte, os carros disponíveis, o


endereço das escolas-campo, os horários de imersão e funcionário da universidade
responsável pela organização dos motoristas disponíveis para tarefa. Durante esse
processo, acontecem intercorrências que precisam ser resolvidas rapidamente, como,
carros que ficarão indisponíveis de última hora, residentes que não utilizarão o transporte
em um dia especifico ou mesmo acontecimentos na escola que interrompam as aulas.
30

CAPÍTULO 3: LEMBRAR DE MOMENTOS QUE SE APROXIMAM E SE


DISTANCIAM DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Após relembrar as vivências nos períodos de imersão nas quatro modalidades, este
capítulo terá o foco nos momentos onde pude observar a educação inclusiva acontecendo
e momentos onde ela não esteve presente. O intuito dessa análise é entender a
importância de uma educação inclusiva dentro das escolas e como ela é modificadora do
contexto escolar para as crianças.
Dessa mesma forma, o programa de Residência Pedagógica contribui com a manutenção
da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva dentro do ambiente escolar,
visto que, o Residente estará acompanhando, observando e registrando todas as relações
que ocorrem e, com esses registros, por meio do preceptor, a universidade pode levar
pontos de melhorias para as escolas-campo e se disponibilizar a ajudá-las a ajustar as
ações para tornar sempre o ambiente escolar mais inclusivo em todas as modalidades do
Programa de Residência Pedagógica.
Durante a Residência Pedagógica na modalidade da Educação Infantil, que aconteceu de
maneira online e remota, onde tivemos a participação de professores que estão no chão
da escola com crianças dessa faixa etária, e em seus relatos pudemos perceber algumas
limitações na inclusão de crianças negras, onde essas crianças recebem tratamentos
diferentes daqueles recebidos por crianças brancas, em relação ao choro, ao banho, à
necessidade de colo, á higiene recebida em casa, aos cuidados recebidos em casa e os
objetos trazidos de casa para a escola. Nesse sentido, é necessário conscientizar e
formar os educadores para que desenvolvam e acreditem em uma Pedagogia Antirracista
na escolarização das crianças, prezando o bem estar, respeitando as diversidades
trazidas pelas crianças e promovendo a solicialização entre todas as crianças de forma
igualitária. Para isso, a parceria entre escola-campo e universidade é de extrema
importância pois a universidade promove encontros de formação e palestras para
formação continuada desses professores-formadores sobre esse tema e outros que
também são importantes para o trabalho com as crianças dessa faixa etária.
Outro aspecto importante é que nesse momento de pandemia as crianças ficaram
afastadas da escola e, consequentemente, afastadas dos professores formadores e
passaram a conviver somente com as suas famílias. A maioria das famílias não
31

conhecem e entendem o contexto educacional e suas intencionalidades e, com isso,


algumas necessidades pedagógicas foram deixadas de lado nesse período. A escola de
longe tentou diminuir os prejuízos causados por esse afastamento, porém, muitas das
demandas da Educação Infantil estão relacionadas à convivência e ao relacionamento
com outras crianças. Por exemplo, a fase de adaptação na escola é de extrema
importância para a criança adquirir autonomia e ocupar diferentes espaços de
interlocução, e é na escola nessa etapa da escolarização que ocorre a segunda
socialização da criança, onde a criança aprende a relacionar-se com outras crianças,
dividir os seus objetos, respeitar diferentes opiniões e respeitar tempos diferentes.
Na Residência Pedagógica na modalidade do Ensino Fundamental a imersão foi realizada
presencialmente e, pude observar aspectos importantes sobre a educação inclusiva,
enquanto observava o dia a dia das relações em uma turma de quarto ano de uma escola
pública em Guarulhos. Uma das alunas dessa turma acompanhada estava num quadro de
baixa visão e não conseguia enxergar os conteúdos escritos na lousa e sentia bastante
dificuldade para enxergar as páginas dos livros e, consequentemente, sentia dificuldade
para escrever em seu caderno. A aluna não tinha um óculos, por isso, ela utilizava uma
pequena lupa para enxergar as páginas dos livros, porém enxergar a lousa ainda não era
possível mesmo sentado na primeira carteira, por esse motivos, os colegas de turma após
copiarem os conteúdos em seus cadernos, copiavam no caderno dela para que pudesse
visualizar o conteúdo com auxílio da lupa. Nas escolas públicas de Guarulhos existe um
projeto chamado Meninas dos Olhos5 que tem como objetivo diagnosticar aquelas
crianças que necessitam de óculos, dessa forma, a professora formadora ou a família
pode avisar a Gestão Educacional para que essa criança seja encaminhada para o
projeto e receba os cuidados necessários e, se necessário, receba um óculos para utilizar.
Durante meu período de imersão a aluna já estava cadastrada no projeto e estava
aguardando ser chamada para fazer as avaliações e os exames para receber um óculos
que a ajudasse nos dia a dia dentro e fora da escola. A escola fornecia para a aluna
cópias ampliadas das páginas do livro diariamente pois mesmo com a lupa ela ainda
sentia dificuldades e com as páginas ampliadas ela conseguia realizar melhor as
atividades e sentia se melhor nas aulas. O programa Meninas dos Olhos promove a
inclusão dessas crianças que, sem esse programa, não teriam acesso aos tratamentos e

5
Para saber mais, acesse o vídeo em (http://portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br/menina/?portal=MTk).
32

aos óculos, porém se mostrou um processo excessivamente burocrático e demorado, o


que faz com que atrase seu caráter inclusivo.
Como dito anteriormente, a alfabetização é um processo que se dá nos primeiros anos do
ensino fundamental e, neste processo, o tempo de cada criança deve ser respeitado e
observado pelo professor para esteja em constante evolução, cada um ao seu modo. Na
turma acompanhada os alunos estavam no quarto ano do ensino fundamental e alguns
deles ainda não dominavam a escrita e leitura. A professora da turma, dividia a turma em:
os alunos que dominavam e os que não dominavam essas duas habilidades, pois os
alunos que não dominavam a leitura e a escrita normalmente durante as atividades, como
não conseguiam fazer sozinhos, faziam outras coisas entre si buscando se distrair e,
inconscientemente, fugir da frustração de não conseguir fazer as atividades sozinhos.
Nesses momentos, parecia que a visão da professora sobre esses alunos era que
estavam desinteressados e estavam "aprontando" durante as atividades e para resolver
isso ela autorizava que as crianças consideradas quietas e comportadas fizessem as
atividades no pátio do lado de fora da sala de aula e as crianças consideradas
desinteressadas tinha que ficar na sala de aula e manter o silêncio. No ponto de vista da
Educação Inclusiva, segregar e comparar as crianças não é benéfico para o ensino e a
aprendizagem delas, justamente porque leva essas crianças a frustração de nunca
conseguir ser igual ao outro que está sendo comparado. Desse modo, por se tratar de
uma turma de quarto ano, é necessário trabalhar com essas crianças de forma paralela
ao ensino regular da turma habilidades que eles ainda não consolidaram para ir aos
poucos eliminando as dificuldades acumuladas ao longo dos anos no Ensino
Fundamental.
Assim como na Educação Infantil a Residência Pedagógica na modalidade de Educação
de Jovens e Adultos também aconteceu de forma online remota, e durante as reuniões de
discussão levantamos a discussão sobre a necessidade de políticas de permanência
desses estudantes. Os estudantes que frequentam a Educação de Jovens e Adultos em
outrora já precisarem deixar a escola por motivos diversos e a volta à escola num outro
momento da vida requer muita força de vontade, disciplina e auxílio dos profissionais de
educação envolvidos no processo. Muitos dos estudantes da Educação de Jovens e
Adultos já têm filhos, família e seus empregos, tudo isso, podem se tornar dificultadores
da permanência dentro da escola, além disso, a maioria dos estudantes dispõem de
pouco ou nenhum tempo de estudo fora do horário de aula já frequentado. Desse modo, a
33

Educação Inclusiva pode trazer para esse processo de permanência dos estudantes mais
efetivo, ou seja, possibilitando que mais estudantes permaneçam estudando até a
conclusão do ensino, a empatia com os estudantes e seus dificultadores torna esse
processo mais ameno e mais assertivo.
A Residência Pedagógica na modalidade de Gestão Educacional aconteceu
presencialmente e foi possível observar diversas atividades que compõem o dia a dia da
equipe gestora da escola. Ainda sobre empatia, durante a Residência Pedagógica na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos percebi que em alguns momentos quando
algumas crianças e ou jovens procuravam a coordenação para se queixar de dores e
desconfortos, não acreditavam nas queixas e relutavam em ligar para os pais, com a
justificativa que eles iriam tirar as famílias dos empregos para vir buscá-los. Além de
empatia após alguns atendimentos com as famílias por indisciplina, surgiam alguns
comentários sobre como essas famílias lidavam com os conflitos em casa ou como
tratavam seus filhos nas situações de conflito.
34

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa maneira, as experiências acumuladas em cada modalidade do Programa de


Residência Pedagógica proporcionaram ao meu processo formativo uma bagagem mais
completa sobre a Educação Inclusiva, pois lá pude pensar alguns aspectos da Educação
Inclusiva levando em consideração o chão da escola e suas relações cotidianas. Além
disso, as relações cotidianas lá vivenciadas deram um caráter mais próximo à realidade
das escolas aos meus conhecimentos teóricos estudados anteriormente dentro da
Universidade Federal de São Paulo. Dessa mesma forma, foi possível pensar a Educação
Inclusiva com ênfase e mais facilmente identificar a falta dela nas relações dentro e fora
da sala de aula, ou seja, o Programa de Residência Pedagógica nos dá a oportunidade
de, ainda como estudantes, conhecer, observar e participar da rotina escolar e, de perto,
identificar as teorias estudados e intensificá-las, pensando na nossa prática futura como
educadores.
O Programa de Residência Pedagógica propiciou vivências importantes e indispensáveis
para a minha formação como profissional da Educação, pois durante os períodos de
imersão, reuniões de preceptoria, momentos de registro e estudo e nas atividades como
monitora pude observar e praticar aspectos estudados durantes as aulas na universidade.
Esse processo é de extrema importância, pois dá a oportunidade de relacionar a teoria
com a prática ainda no papel de estudantes, ou seja, com amparo de especialistas e com
a possibilidade da reiteração de conteúdos ainda não assimilados por completo. Esse
momento também é importante para o Residente repensar estratégias e conhecer
estratégias diversas já trabalhadas no chão da escola-campo onde realiza a imersão. Por
exemplo, enquanto realizava a imersão na modalidade de Gestão Educacional, tomei
ciência de tarefas dos Gestores Educacionais que até então não conhecia, como o
controle de estoque dos alimentos para as merendas escolares e refeições oferecidas
para os estudantes.
A experiência de viver a Residência Pedagógica é de extrema importância na formação
dos educadores, como dito anteriormente, alguns temas mais específicos da prática tive
contato apenas durante o período de imersão, tornando a minha formação mais completa
e significativa. Ou seja, no início da minha atuação como educadora já formada levarei
comigo toda a bagagem teórica desenvolvida durante a graduação e toda a aprendizagem
prática vivenciada no Programa de Residência Pedagógica, que é um programa inovador
para o cumprimento do estágio obrigatório e, que tem uma grande importância na
formação dos educadores e na preparação para lidar com turmas heterogêneas no
contexto escolar.
Além da formação mais completa dos estudantes do curso de Pedagogia na Universidade
Federal de São Paulo, essa parceria entre Universidade e escola-campo possibilita uma
constante melhoria no serviço oferecido pelas escolas-campo, pois com base nas
observações dos residentes é possiveis observam aspectos que poderiam passar
despercebido pelo professor formador que está com a turma diariamente. O residente
35

como tem a oportunidade de aplicar uma atividade com as crianças da turma observada,
o Plano de Ação Pedagógica (PAP), e com isso precisa encontrar um ponto de interesse,
uma dificuldade coletiva ou um descontentamento da turma para tomar como tema de seu
PAP e, nesse processo, o residente pode sinalizar aspectos importantes para o trabalho
do professor-formador.
Relembrar essas experiências vividas no âmbito da Residência Pedagógica, agora em um
outro momento da minha vida, no fim da graduação, foi muito prazeroso e importante para
uma análise mais critica do que ali foi vivenciado, quase como se eu pudesse voltar
naquele momento e assistir tudo aqui que vivi durante o período de imersão nas quatro
modalidades do Programa de Residência Pedagógica.
36

ANEXOS

ANEXO A - Plano de ação Pedagógica desenvolvido na modalidade de Ensino


Fundamental da Residência Pedagógica:

1. Contexto para o desenvolvimento do PAP:

1.1. O que motivou a elaboração do PAP?


Após duas semanas de imersão pude notar a dificuldade na compreensão da turma acerca
dos conceitos de divisão de palavras. Nem todos os alunos da turma são alfabetizados, daí
surgiu a motivação para realizar uma reiteração de conceitos gramaticais do processo de
leitura.

Na turma há uma aluno com baixa visão, a Isabela. Ela enxerga porém com dificuldades,
por exemplo, ela utiliza uma régua de ampliação para realizar as tarefas. A posição médica
que foi dada é que ela pode tornar-se cega. Então, trabalhar com os alunos o tema da
mediação é de grande importância para que entendam que fazer pela mediação do outro ou
ver com os olhos do outro não é algo que diminui a pessoa, apenas a torna uma pessoa que
não faz como você.

1.2. Quais as relações do PAP com o plano de trabalho do


professor(a) para o grupo/ano ou ciclo?
A turma, junto com a professora, está trabalhando com a habilidade de leitura:
“Compreensão de informações explícitas no texto”. Com isso, a leitura e a boa
compreensão das palavras que compõem o texto se faz bastante necessária; Visto que
algumas crianças ainda não dominam bem os conceitos necessários para a leitura e outras
às vezes se confundem quando deve-se separar as sílabas ou mantê-las juntas na
formação correta da palavra desejada. Enxerguei a necessidade de fazer uma reiteração de
conceitos mais básicos da leitura.
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1.3. Quais as possibilidades de continuidade do PAP pelo


professor(a) ou pelo próximo residente?
Acredito que a aplicação deste PAP, auxiliará no trabalho da professora com as
crianças, pois observei que elas em geral têm algumas dificuldades ou às vezes se
confundem na divisão silábica. A reiteração não é algo negativo e sinônimo de atraso
ou regressão, pelo contrário se faz necessário durante todo o processo educacional
em geral. Dessa forma, este PAP além de obter o papel de reiteração de conceitos
gramaticais mas também pode atuar como uma abertura para futuras atividades.

Assim. como a reiteração se faz necessária em todo o processo educacional, um


próximo residente poderá usar esta PAP como um ponto de partida e aprofundar os
conceitos ou abordar sob outras perspectivas os conceitos gramaticais proposto
neste documento.

2. Plano de Ação Pedagógica:

2.1. O que vou fazer?


Farei uma roda de conversa, relacionando o projeto estruturante da escola com o PAP,
acerca das tecnologias de escrita utilizadas pela humanidade ao longo do tempo. Para
sintetizar e auxiliar na compreensão da conversa, faremos um jogo, onde os alunos irão
criar frases sobre o tema e terão de escrevê-las com a mediação do outro, visto que
estarão vendados. Ambas as atividades mencionadas serão feitas no primeiro dia de
aplicação do PAP.

Para o segundo dia iniciaremos com leituras, separados em grupos as crianças irão ler e
conversar sobre a história. Feito isso, elas escolherão uma palavras ou uma frase
pequena (terá um número determinado de letras). Com a palavra ou frase construída as
crianças farão um jogo chamado “Rouba Bandeira”. Após a finalização do jogo, farei uma
conversa final como avaliação do PAP aplicado.

2.2. Para que vou fazer?


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Farei uma reiteração dos conceitos gramaticais de divisão silábica, de forma a auxiliá-los
na compreensão de informações explícitas no texto, que é a habilidade trabalhada no
momento pela professora formadora juntamente com as crianças. Julgo importante a
interação entre as crianças, então será feita uma atividade de mediação para tentar
desnaturalizar que fazer com a mediação do outro é algo negativo e, que pelo contrário é
bastante benéfico, pois todos nós fazemos algo pela mediação do outro principalmente
pessoas com deficiência e com redução de mobilidade. Trabalhar isso com eles fará com
que não olhem de forma deficientizadora para pessoas que fazem através do outro, visto
que todos fazem, alguns mais e outros menos.

Além disso, para reiterar os conceitos gramaticais sobre divisão silábica, que irão auxiliar
e aprimorar o entendimento e a compreensão dos textos trabalhados com as crianças
pela professora.

2.3. Quais áreas de conhecimento / desenvolvimento são


predominantes?
Nas atividades propostas neste PAP será desenvolvido áreas do conhecimento da língua
Portuguesa, mais especificamente a leitura, a escrita e a conversa, ou seja, organização
das ideias para a fala oral. Além dos conceitos acerca da gramática, vamos trabalhar
conceitos sobre o projeto da escola, focado nas tecnologias da escrita.

2.4. Quais aprendizagens esperadas (objetivos / competências /


conteúdos)?
É esperado que as crianças ampliem seus conhecimentos sobre a tecnologia da escrita,
mas não somente, espera-se que elas apropriem-se mais do discurso oral, conseguindo
argumentar expressando seus conhecimentos prévios e seus questionamentos,
respeitando a fala do outro.

Este PAP também tem o objetivo de fazer trabalho em grupo com as crianças, construindo
o respeito do a opinião do outro. Assim como auxiliar os colegas para que todos consigam
participar de forma efetiva e prazerosa.

É esperado também que as crianças reiterem os conceitos gramaticais de divisão das


sílabas e que isso possa auxiliá-los em seus processos de aprendizagem acerca da
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leitura e da escrita.

2.5. Quais as possibilidade de avaliação das aprendizagens são


previstas na ação pedagógica?
Faremos um processo de aprendizagem durante os dois dias de aplicação do PAP. No
processo, acontecerão jogos que atuarão, também, como avaliação da compreensão das
crianças e ao mesmo tempo como uma reiteração caso haja dúvidas.

3. Desenvolvimento do Plano de Ação Pedagógico:

3.1. Parte I - Síntese:

1º Dia (10/04/2019)
Farei uma apresentação do que será feito, apresentando cada atividade proposta e
aceitando sugestões das crianças (Duração 10 minutos). Para essa apresentação utilizarei
a sala de aula e a fala.
Em seguida, iremos para o Ateliê da escola para fazermos uma roda de conversa, que
terá como tema as tecnologias da escrita (Duração 30 minutos). A partir da roda de
conversa, as crianças irão escolher palavras para realizar a atividade seguinte. Com as
palavras prontas e as crianças divididas em grupos, daremos início a atividade que
acontecerá na quadra (Duração de 50 minutos).

2º Dia (12/04/2019)
Neste dia daremos início com uma atividade de leitura que será feita pelas crianças. Para
isso, as crianças se dividiram em grupos e cada grupo terá um leitor, a atividade se
desenvolverá no pátio (Duração 40 minutos).
A partir da leitura as crianças irão formar frases sobre a história. Tendo as frases prontas
nós vamos para a quadra para jogar “Rouba Bandeira” modificado, onde no lugar da
bandeira entrarão as letras das frases formadas por eles; O intuito do jogo será formar a
frase antes que o grupo adversário o faça (Duração 50 minutos).
Ao final farei um encerramento do PAP, conversando com elas na quadra.
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3.2. Parte 2 - Descrição detalhada de cada etapa:


A Apresentação será feita na sala de aula, terá o intuito de situar as crianças na que será
feito e como as atividades irão acontecer.
A Roda de conversa acontecerá no Ateliê, iniciaremos com questionamentos acerca das
tecnologias da escrita, vendo suas diferenças, seus modos de fazer e como isso
influenciou na evolução humana.
Atividade de mediação, nesta atividade as crianças vão escolher palavras para realizar a
atividade. Uma criança do grupo ficará vendada e as outras do grupo vão guiá-la até cada
letra da palavra. Dependendo de como a atividade se desenvolver, a criança vendada
poderá ir alterando.
Leitura dos alunos, para esta atividade vou trazer livros, que seus textos sejam
predominantemente imagens. As crianças se organizarão em grupos e cada grupo terá
um leitor. Dessa forma, no fim da leitura os alunos farão uma pequena conversa sobre a
história.
“Rouba Bandeira” (modificado), as crianças formarão frases sobre o livro, as frases terão
que ter um número determinado de letras para que todos os grupo tenham a mesma
quantidade. Neste momento as crianças vão formar dois grandes grupos e vão jogar até
completarem todas as palavras/frases. O objetivo do jogo será completar as
palavras/frases antes que o time adversário as complete.
A Finalização acontecerá na quadra. Questionarei as crianças sobre um retorno acerca
das atividades desenvolvidas ao longo dos dois dias, que digam quais foram as suas
impressões e quais recomendações fariam para mim.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei


n. 9.394/96. Disponível em:
https://www.cpt.com.br/ldb/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao-completa-interativa-e-at
ualizada.

FREITAS, Marcos Cezar de. Palavras-chave da Educação Especial e da Educação


Inclusiva. 2020.

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).


Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555,
de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007,
entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. Brasília: MEC.Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação


Técnica. Indicadores de Qualidade da Educação Infantil Paulistana. São Paulo: SME
/DOT, 2016. Disponível em:
https://www.sinesp.org.br/images/9_-_INDICADORES_DE_QUALIDADE_NA_EDUCACA
O_INFANTIL_PAULISTANA.pdf.

VÓVIO, Cláudia Lemos (coord.). Manual do Programa de Residência Pedagógica. São


Paulo: Porto de Ideias, 2014.

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