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LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO
AULA 2- GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS
Campo Grande, MS
2021
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SUMÁRIO
AULA 1- TEXTUALIDADE
PROFISSIONAL
COERÊNCIA,
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GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS
Aula “Gêneros não são apenas formas. Gêneros são formas de vida, modo de ser. São frames
02 para a ação social. São ambientes para aprendizagem. São lugares onde o sentido é
construído. Os gêneros moldam os pensamentos que formamos e as comunicações
através das quais interagimos. Gêneros são os lugares familiares para onde nos dirigimos
para criar ações comunicativas inteligíveis uns com os outros e são os modelos que
G utilizamos para explorar o não-familiar”.
Charles Bazerman, 2006
Ê
N
E No dia a dia é comum compartilharmos nossas experiências de trabalho em
reuniões, com os amigos e familiares. Desde o momento em que acordamos a
R
interação se inicia, seja por palavras, gestos, imagens, ícones, entre outras.
O São ações pelas quais podemos tornar nossas intenções e sentidos
S inteligíveis para os outros. Como resultado, o gênero dá forma a essas ações, um
meio de agência e não pode ser ensinado desvinculado da ação e situações
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SEÇÃO 1: GÊNEROS E TIPOS DE TEXTO
-CONTEXTUALIZAÇÃO E FINALIDADES
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Gêneros textuais
São modelos comunicativos que nos
possibilitam gerar expectativas e
previsões para compreender um
texto e, assim, interagir com o outro.
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Vamos imaginar que um jornalista queira escrever para um jornal um texto sobre uma
experiência estética que viveu com um bom espetáculo teatral.
Para decidir qual gênero utilizar, antes de começar a escrever, o autor tem de
estabelecer: Qual o objetivo do texto? Quem serão os leitores? Como será estruturado? Quais
as informações que vão compor o texto?
Exemplo: Há dois personagens no palco. O cenário é uma sala de estar de uma casa de
aristocratas. Há objetos de valor e o ambiente é luxuoso. O diálogo é cheio de agressividade.
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Quer um texto mais subjetivo, coloquial, informal e facilitado, ou quer utilizar uma
linguagem formal, objetiva, distanciada?
• na escolha do vocabulário;
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maneiras de começar uma palestra, as diversas possibilidades de participação em uma
conversa, a melhor maneira de contar uma anedota, como relatar um acontecimento...
Ao utilizar um gênero numa comunicação verbal oral ou escrita empregamos tipologias
variadas de texto. Um gênero é composto por sequências tipológicas diversas, sendo que,
geralmente, há um tipo de texto predominante. Enquanto os gêneros são infinitos, os tipos
textuais constituem uma lista restrita.
Assim, em um romance encontramos prioritariamente sequências narrativas, mas há
também sequências descritivas, dialógicas, dissertativas, expositivas e argumentativas
que se sucedem e se entrelaçam compondo o enredo.
Podem mesmo ocorrer sequências injuntivas, como é o caso de Machado de Assis, que
se dirige ao leitor orientando o percurso da leitura: "Sim, leitora castíssima, como diria o meu
finado José Dias, podeis ler o capítulo até ao fim, sem susto nem vexame." Dom Casmurro,
cap. 57.
"A leitora, que é minha amiga e abriu este livro com o fim de descansar da cavatina de ontem
para a valsa de hoje, quer fechá-lo às pressas, ao ver que beiramos um abismo. Não faça isso,
querida; eu mudo de rumo." Dom Casmurro, cap. 119.
TIPOS TEXTUAIS
Os tipos textuais se definem pela natureza linguística intrínseca de sua composição. As
escolhas lexicais, os aspectos sintáticos, o emprego de tempos verbais, as relações lógicas
estabelecidas definem o tipo textual. No tipo textual narrativo predominam verbos no
pretérito passado, há estruturas circunstanciais que indicam acontecimentos, ou seja, ações de
agentes no tempo e no espaço.
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Exemplo: Ontem eu fui ao teatro e assisti a uma peça de Nelson Rodrigues. Os atores se
apresentaram de forma magnífica.
Há descrições narrativas quando os fatos são apresentados no presente,
simultaneamente ao acontecimento, como é o caso da narrativa de um jogo de futebol.
Exemplo: O jogador passa pela esquerda. O artilheiro chuta na direção do gol. O goleiro
abraça a bola.
O tipo textual descritivo se compõe prioritariamente com verbos estáticos no presente ou
no imperfeito e complementos circunstanciais.
Exemplo: As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar toda a hipocrisia que paira sobre
uma sociedade vítima da repressão sexual. É o seu teatro que abre as portas para a
modernidade na dramaturgia brasileira.
O tipo dissertativo pode tender também à argumentação (tipo dissertativo-
argumentativo), quando organiza as ideias no sentido de persuadir o leitor, de convencê-lo.
Os enunciados (argumentos) atribuem qualidades e informações em relação ao objeto ou
fenômeno de que se fala no sentido de reforçar uma posição, um ponto de vista. Os
argumentos podem ser exemplos, qualidades, depoimentos, citações, fatos, evidências,
pequenas narrativas, dados estatísticos entre outros recursos de convencimento.
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preciso. É predominante em textos didáticos, manuais, guias, receitas e outros gêneros que
transmitem instruções de como realizar alguma ação.
Exemplo: Para chegar ao teatro João Caetano pegue o metrô até a Estação Carioca, siga pela
Rua da Carioca até a Praça Tiradentes.
Esses tipos textuais são utilizados, combinados, entrelaçados e organizados para compor
cada um dos gêneros. Geralmente há um tipo textual predominante que contribui para permitir
que o texto seja classificado como exemplar de um determinado gênero.
Para produzir cada tipo de texto e cada gênero algumas habilidades específicas de
linguagem são necessárias, e muitas delas se desenvolvem durante o período de
escolarização por meio de atividades de leitura, de análise e de produção de textos.
Como já vimos, a lista de gêneros é aberta e pode ser infinita. Observe o quadro abaixo,
em que estão listados alguns dos gêneros mais conhecidos.
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Fig. 5- tabela de gêneros e tipos textuais Google
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trabalhar com exemplos que permitem uma simplificação de categorias classificatórias para
que os alunos tenham uma aproximação didática, de forma antecipada, a cada um dos gêneros
mais importantes que circulam nas práticas sociais.
É muito importante esclarecer qual é o seu objetivo, qual o seu funcionamento
pragmático, em que prática comunicativa ocorre, quais são as suas características essenciais,
de que sequências tipológicas é formado, quais as habilidades de linguagem que exige.
Sempre que possível, o professor deve aproveitar as situações reais da escola para exercitar
gêneros específicos, tais como: carta ao diretor fazendo alguma reivindicação, carta de
congratulações para um colega, abaixo-assinado solicitando alguma providência, artigos e
resenhas para o jornal escolar, entre muitos outros.
Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica
definida pela natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos
verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de
categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.
Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir
os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são
inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva,
reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito
policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta
eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.
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Os gêneros possuem finalidade própria e estes, por sua vez, podem ser expressados
por diferentes instrumentos. Os gêneros do discurso permitem capturar, para além de aspectos
estruturais presentes em um texto, também possuem aspectos socio-históricos e culturais, cuja
conconsciência é fundamental para favorecer os processos de compreensão e produção de
textos. Pode-se inferir sobre o contexto histórico e social através de um gênero.
Os gêneros textuais nos permitem concretizar um pouco mais a que forma de dizer em
circulação social estamos nos referindo, permitindo parâmetros mais claros para compreensão
e produção de textos.
Segundo Bakhtin (1997) e do seu grupo Círculo de estudos “A língua materna, seu
vocabulário e sua estrutura gramatical, não conhecemos por meio de dicionários ou manuais
de gramática, mas graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na
comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam". Nessa concepção, a língua só existe
em função do uso que locutores (quem fala ou escreve) e interlocutores (quem lê ou escuta)
fazem dela em situações (prosaicas ou formais) de comunicação.
O ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam necessariamente pelo sujeito, o
agente das relações sociais e o responsável pela composição e pelo estilo dos discursos. Esse
sujeito se vale do conhecimento de enunciados anteriores para formular suas falas e redigir
seus textos. Além disso, um enunciado sempre é modulado pelo falante para o contexto social,
histórico, cultural e ideológico. Caso contrário, ele não será compreendido.
Um dos aspectos mais inovadores dos estudos de Bakhtin foi enxergar a linguagem
como um constante processo de interação mediado pelo diálogo - e não apenas como um
sistema autônomo. Nessa relação dialógica entre locutor e interlocutor no meio social, em que
o verbal e o não-verbal influenciam de maneira determinante a construção dos enunciados,
outro dado ganhou contornos de tese: a interação por meio da linguagem se dá num contexto
em que todos participam em condição de igualdade. Aquele que enuncia seleciona palavras
apropriadas para formular uma mensagem compreensível para seus destinatários. Por outro
lado, o interlocutor interpreta e responde com postura ativa àquele enunciado, internamente
(por meio de seus pensamentos) ou externamente (por meio de um novo enunciado oral ou
escrito).
Nesse sentido, a organização do planejamento pedagógico pressupõe a reflexão sobre a
linguagem a partir de temáticas que exploram os diferentes gêneros discursivos e tipos de
textos, com o objetivo de analisar as práticas de linguagem, ou seja, leitura, análise linguística
e produção textual.
Os gêneros textuais
Para Porto (2009) os gêneros textuais são “modelos” de textos que circulam, socialmente
e que estabelecem formas próprias de organização do discurso. Segundo Bakhtin (1997,
p.179), são caracterizados pelo conteúdo temático, pelo estilo e pela construção composicional,
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que numa esfera de utilização apresentam tipos relativamente estáveis de enunciados, tais
como o conto, o relato, o texto de opinião, a entrevista, o artigo, o resumo, a receita, a conta de
luz, os manuais, entre outros. A escolha do gênero depende do contexto imediato e,
consequentemente, da finalidade a que se destina, dos destinatários e do conteúdo.
Segundo Marcuschi (2002), os gêneros textuais são fenômenos históricos,
profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros
contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia. São entidades
sóciodiscursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa.
Hoje contamos com uma diversidade infinita de gêneros. (...) os gêneros não são
instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos
textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos”. Em nossas práticas comunicativas,
fazemos uso de inúmeros gêneros textuais, considerando-se o contexto, o tema, a relação
entre os interlocutores, etc.
São exemplos de gêneros textuais: diálogo face a face, bilhete, carta (pessoal, comercial,
etc.), receita culinária, horóscopo, artigo, romance, conto, novela, cardápio de restaurante, lista
de compras, aula virtual, piada, resenha, inquérito policial, ofício, requerimento, ata, relatório, o
bate-papo on-line (MSN), blog, twitter (micro blog), Facebook, mensagens SMS (celular),
Whatsapp, etc.
Bakhtin evidencia inúmeras maneiras de interação entre a humanidade, nas mais
variadas atividades sociais: vendendo, comprando, trabalhando, brincando, se divertindo, etc.
O gêneros são instrumentos dessas práticas. Ele classifica os gêneros em:
Primários: são simples e procedem da comunicação verbal espontânea (diálogos, cartas);
Secundários: frutos de uma comunicação cultural mais evoluída e mais complexa: romance,
discurso científico, teatro, etc. O trabalho com a diversidade de gêneros textuais possibilita o
confronto de diferentes discursos sobre a mesma temática e ainda, permite uma metodologia
“interdisciplinar com atenção especial para o funcionamento da língua e para as atividades
culturais e sociais” (MARCUSCHI, 2005, p.18).
Além disso, contribui para que o aluno perceba a organização e os elementos de
construção dos diferentes gêneros ou tipos textuais para que possa reconhecer a finalidade, as
características e produzir textos, seja do tipo narrativo, descritivo, argumentativo ou expositivo,
entre outros. Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais são fenômenos históricos,
profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros
contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia.
Quanto a esse último aspecto, uma simples observação histórica do surgimento dos
gêneros revela que, numa primeira fase, povos de cultura essencialmente oral desenvolveram
um conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da escrita alfabética por volta do século VII
A. c., multiplicam-se os gêneros, surgindo os típicos da escrita. Numa terceira fase, a partir do
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século XV, os gêneros expandem-se com o florescimento da cultura impressa para, na fase
intermediária de industrialização iniciada no século XVIII, dar início a uma grande ampliação.
Hoje, em plena fase da denominada cultura eletrônica, com o telefone, o gravador, o rádio, a
TV e, particularmente o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a internet,
presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na
oralidade como na escrita. Eles surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas
em que se desenvolvem.
Pode-se constatar por meio dos dois últimos séculos que as novas tecnologias, em
especial as ligadas à área da comunicação, contribuíram e propiciaram o surgimento de novos
gêneros textuais. Por certo, não são propriamente as tecnologias, por si só, que originam os
gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades
comunicativas diárias.
Os novos gêneros não são totalmente inovações pois todos tem uma ancoragem em
outros gêneros já existentes. O fato já fora notado por Bakhtin [1997] que falava na
'transmutação' dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos. Ex.: a
diferença entre uma conversação face a face e um telefonema, com as estratégias que lhe são
peculiares. O e-mail (correio eletrônico) gera mensagens eletrônicas que têm nas cartas
(pessoais, comerciais, etc.) e nos bilhetes os seus antecessores. Contudo, as cartas
eletrônicas são gêneros novos com identidades próprias.
Segundo Marcuschi (2002), a tipologia textual é um termo que deve ser usado para
designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua
composição.
Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narração, argumentação, exposição,
descrição e injunção. Segundo ele, o termo tipologia textual é usado “para designar uma
espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição
(aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas).
Observe a tabela de Werlich (1973) a seguir, a qual propõe uma matriz de critérios,
partindo de estruturas linguísticas típicas dos enunciados que formam a base do texto. Werlich
toma a base temática do texto representada ou pelo título ou pelo início do texto como
adequada à formulação da tipologia.
Assim, são desenvolvidas as cinco bases temáticas textuais típicas que darão origem
aos tipos textuais:
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Algumas observações sobre os tipos textuais, em geral, a expressão "tipo de texto",
muito usada nos livros didáticos e no nosso dia a dia, é equivocadamente empregada e não
designa um tipo, mas sim um gênero de texto. Quando alguém diz, por exemplo, "a carta
pessoal é um tipo de texto informal!", ele não está empregando o termo "tipo de texto" de
maneira correta e deveria evitar essa forma de falar. Uma carta pessoal que você escreve para
sua mãe é um gênero textual, assim como um editorial, horóscopo/ receita médica, bula de
remédio, poema, piada, conversação casual, entrevista jornalística, artigo científico, resumo de
um artigo, prefácio de um livro.
É evidente que em todos estes gêneros também se está realizando tipos textuais,
podendo ocorrer que o mesmo gênero realize dois ou mais tipos. Assim, um texto é em geral
tipologicamente variado (heterogêneo).
Veja-se o caso da carta pessoal, que pode conter uma sequência narrativa (conta uma
história), uma argumentação (argumenta em função de algo), uma descrição (descreve uma
situação) e assim por diante.
Já que mencionamos o caso da carta pessoal, tomemos este breve exemplo de uma
carta entre amigos. Aqui foram suprimidos alguns trechos e mudados os nomes e as siglas
para não identificação dos atores sociais envolvidos:
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Exemplo: Carta pessoal
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está nomeando o gênero e sim o predomínio de um tipo de sequência de base. Um elemento
central na organização de textos narrativos é a sequência temporal. Já no caso de textos
descritivos predominam as sequências de localização. Os textos expositivos apresentam o
predomínio de sequências analíticas ou então explicitamente explicativas. Os textos
argumentativos se dão pelo predomínio de sequências contrastivas explícitas. Por fim, os
textos injuntivos apresentam o predomínio de sequências imperativas.
Se voltarmos agora ao exemplo da carta pessoal apresentada anteriormente, veremos
que cada uma daquelas sequências lá identificadas realiza os traços linguísticos aqui
apresentados. Não é difícil tomar os gêneros textuais e analisá-los com esses critérios,
identificando-lhes as sequências.
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Com isso, a escrita digital tem que ser breve e concisa, ou seja, uma escrita abreviada
que causa modificações no próprio ato de ler e de escrever das crianças e dos jovens.
Gênero textual relacionado com o humor, as charges constroem seus significados a partir
da relação entre linguagem verbal e não verbal.
A charge é um tipo de ilustração que geralmente apresenta um discurso humorístico e
está presente em revistas e principalmente jornais. Trata-se de desenhos elaborados por
cartunistas que captam de maneira perspicaz as diversas situações do cotidiano, transpondo
para o desenho algum tipo de crítica, geralmente permeada por fina ironia.
Mas o que tem a charge a ver com a linguagem? A resposta para essa pergunta é: Tudo!
A charge não se resume a uma imagem, engana-se quem acha que ela nada mais é do que
uma piada gráfica. Não é por acaso que elas são normalmente publicadas em meio a artigos
de opinião e cartas de leitores. A charge constitui um gênero textual interessante, que combina
a linguagem verbal e a não verbal, e pode indicar opiniões e juízos de valores por parte de
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quem enuncia (o chargista). Também não é por acaso que cada vez mais as charges estejam
presentes nos diversos vestibulares como objeto de análise.
Fig. 7 Charge de Duke utiliza as linguagens verbal e não verbal para tecer uma crítica social e
política. Disponível em http://dukechargista.com.br/
Fig. 8- Charge do cartunista Angeli, publicada na Folha de São Paulo em 14 de maio de 2000 e texto-
base para questão do Enem do mesmo ano
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Fig. 9- Charge do cartunista Henfil, texto-base para questão da prova de Geografia da Fuvest em 2012
Fig. 10 A charge de Nani faz uma crítica severa através da linguagem não verbal. Disponível em
http://www.chargeonline.com.br/doano.htm
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Fig.11- Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-
fLrE52Ov4Rc/UCAWrVfcdyI/AAAAAAAAAeg/qmAmVTwuijE/s1600/trai.jpg>. Acesso em 19 jun. 2013.
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Fig.13- Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-7GkQ70iY3LM/UFtxJ8yTXQI/AAAAAAAAAAw/SKlD0-
LUjj4/s1600/charge_cristo_rio_de_janeiro.jpg>. Acesso em 19 jun. 2013
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Fig. 15 Disponível em:https://brainly.com.br/tarefa/10941403
A ARGUMENTAÇÃO E O DISCURSO
Senhora Aparecida, milagrosa padroeira, sede nossa guia nesta mortal carreira! a
Virgem Aparecida, sacrário do redentor, dai à alma desfalecida vosso poder e valor. A
Virgem Aparecida, fiel e seguro norte, alcançai-nos graças na vida, favorecei-nos na
morte!
(In: Rezemos o Terço. Aparecida} Editora Santuário, 1977, p.54)
Deve-se ter o cuidado de não confundir texto e discurso como se fossem a mesma coisa.
Embora haja muita discussão a esse respeito, pode-se dizer que texto é uma entidade concreta
realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um
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texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza
nos textos. Em outros termos, os textos realizam discursos em situações institucionais
históricas, sociais e ideológicas.
Os textos são acontecimentos discursivos para os quais convergem ações linguísticas,
sociais e cognitivas} segundo Robert de Beaugrande (1997).
Pode-se observar que a definição dada aos termos aqui utilizados é muito mais
operacional do que formal:
• Tipo textual - predomina a identificação de sequências linguísticas típicas como
norteadoras;
• Gênero textual - predominam os critérios de ação prática, circulação sócio-históricas,
funcionalidade, conteúdo temático, estilo e composicionalidade;
• Domínios discursivos - são as grandes esferas da atividade humana em que os textos
circulam.
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A argumentação é o direcionamento que o locutor faz, com o objetivo de levar seu
interlocutor a chegar à conclusão que ele deseja.
Segundo CITELLI (2003, p.7-8), [...] Convencer e persuadir, através do arranjo dos
diversos recursos oferecidos pela língua. é, numa formulação muito simples, a marca
fundamental do texto argumentativo. Percebe-se, nessa medida, por que a linguagem é uma
forma de ação e os textos argumentativos são modalidade onde se exerce com maior vigor a
persuasão.
A argumentação e o gênero textual-discurso anúncio publicitário impresso
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As pessoas compram o que você apresenta e não o que você sabe
Todos nós devemos ter em mente que só temos uma chance de causar uma primeira boa
impressão e todo designer ou criativo deve saber que não é apenas o seu trabalho que deve garantir
bons negócio. Segundo Kress e van Leeuwen (2001), o texto multimodal oferece várias
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orientações de leitura, dependendo da distribuição e do tamanho das imagens, sua nitidez, suas
cores e figura e fundo. Tratar das cognições sociais implica tratar de valores e de ideologia que estão
presentes no discurso publicitário.
Segundo Almeida (2001), o anúncio publicitário tem por objetivo primário o de convencer o
consumidor que se ele adquirir o produto anunciado, sua satisfação e prazer será atingido, ou seja, é
atingida a máxima da necessidade humana de adquirir um bem tão almejado, na busca incessante
da felicidade plena.
Partimos do pressuposto de que a linguagem publicitária é, por si só, argumentativa. Carvalho
(2007) ressalta que todo enunciado é argumentativo por essência, ou seja, ele tenta intervir
persuasivamente no destinatário, a fim de mudar suas crenças, suas atitudes, seus valores, dentre
outros. Na linguagem publicitária essa afirmativa torna-se evidente e marcada, pois "os enunciados
que compõem a mensagem publicitária potencializam essa tendência, e para isso contam com os
recursos cotidianos da língua, acrescidos daqueles que decorrem da preocupação estética"
(CARVALHO, 2007, p.94).
O que caracteriza a publicidade, essencialmente, é o uso da linguagem retórica, aquela que
objetiva convencer e persuadir. Para conseguir conquistar o consumidor, além de apresentar as
informações sobre o produto ou serviço o qual se oferece a linguagem publicitária tenta convencer o
leitor, levando-o a aderir a uma tese que, quase sempre, é comprar um produto ou criar uma atitude
frente ao serviço que está sendo vendido, mesmo quando não há a necessidade disso.
Por isso, é extremamente importante conseguir ler nas entrelinhas, isto é, perceber o sentido
implícito de uma mensagem em um anúncio publicitário, por exemplo. Os textos publicitários
merecem uma leitura crítica e inteligente do consumidor.
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SEÇÃO 2: PERSUASÃO
Para saber mais sobre persuasão, leia o livro na íntegra. Ele é parte da nossa
bibliografia básica.
Antônio Suárez Abreu, em sua obra A arte de argumentar, detém-se a levar aos leitores o
conhecimento acerca das estratégias argumentativas. Oferece uma leitura prazerosa e
simplificada para quem quer saber um pouco a respeito do assunto. Primeiramente, parte da
explicação da palavra argumentar que é "obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo
e construtivo" (p.10), desmistificando o senso comum que permite o significado de que
argumentar é vencer alguém.
Segundo o autor, o ato de transformar as informações recebidas pelos diversos meios é
mais importante que as próprias informações pois, desta forma, pode-se perceber uma
manipulação, uma visão distorcida acerca de um assunto.
Assim, deve-se aprender a gerenciar as informações que são veiculadas no meio de
comunicação. Abreu também observa que há de se aprender gerenciar as relações com o
outro, uma vez que não podemos viver isolados, sem contato com a sociedade. Partindo
deste pressuposto, se vivemos em sociedade e compartilhamos relações, necessitamos,
assim, da argumentação para convencer e persuadir o outro.
Persuadir, para o autor, é "falar à emoção" (p.25) e convencer é "falar à razão" (p.25);
logo, a argumentação é o ato de convencer o outro por meio do gerenciamento da informação,
já que usamos argumentos racionais, e persuadir por meio do gerenciamento da relação, pois
presumimos os valores do outro.
O autor aponta que há de se ter um ponto referencial, ou seja, uma tese a ser defendida
e ela, por conseguinte, deve ser resposta a alguma pergunta já pré-formulada. O outro, aquele
a quem devemos convencer, deve entender nossa comunicação, por isso, devemos nos utilizar
de uma linguagem pertinente ao público e termos um contato positivo com ele, observarmos
com atenção o que ele diz e como age, ser honestos, éticos e transparentes para mantermos
uma relação favorável com o público. Tecnicamente, toda argumentação estabelece um elo da
tese de adesão inicial com a tese principal.
As técnicas podem ser divididas em dois grupos: o dos argumentos quase lógicos e o dos
argumentos fundamentados na estrutura real. Os argumentos quase lógicos são aqueles que
demonstram a tese de adesão inicial compatível ou incompatível com a tese inicial, já a técnica
quase lógica é a que se estabelece por meio de assuntos lógicos como a física, química e
matemática.
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do real, ou seja, em um ponto de vista, os principais argumentos são: argumentos pragmáticos,
de desperdício, de exemplo, pelo modelo e pela analogia.
A argumentação pelo exemplo é uma das mais utilizadas, pois é com ela que utilizamos
outros modelos para embasar nossa tese, usamos citações de pessoas competentes e ilustres
que compartilham a nossa ideia.
O recurso da presença ilustra a tese da qual queremos defender, são as histórias que
inserimos em nosso texto "procure sempre agregar histórias aos seus argumentos. Eles ficarão
infinitamente mais sedutores" (p.70).
Na persuasão, devemos fazer com que o outro saiba o que ele tem a ganhar aderindo o
que queremos, por exemplo num anúncio de carro, queremos persuadir o comprador a adquirir
o bem pois ele é confortável, bonito etc; desta forma, o futuro consumidor saberá que está
ganhando ao comprar o automóvel.
Para persuadirmos, então, devemos saber os valores do outro, pois o homem é um ser
predominantemente emocional e não racional como se imaginava "os homens planejam o
futuro sobretudo com suas emoções" (p.74). Esses valores podem ser considerados concretos,
quando são bens materiais; e abstratos que são os sentimentos e valores, por exemplo, a paz,
a justiça, a felicidade. E para cada valor, há uma hierarquia individual e variável, por isso, para
persuadirmos uma pessoa, devemos ter noção dos valores por ela hierarquizados.
Caso queiramos que nossa plateia re-hierarquize os valores, utilizamo-nos de algumas
técnicas que recebem o nome de lugares da argumentação, que são seis: lugar de quantidade,
que se utiliza quantidade para valorar coisas; lugar de qualidade, que não se preocupa com
quantidade, valoriza a estima, um exemplo de lugar de qualidade é um bicho de estimação;
lugar de ordem estabelece a superioridade ou inferioridade, por exemplo quando se fala que a
mulher brasileira é a mais bonita do mundo; lugar de essência valoriza o indivíduo como
representante de uma essência, por exemplo o concurso para miss; lugar de pessoa, que
estabelece superioridade das pessoas sobre as coisas; e, por fim, lugar do existente, que
prefere aquilo que existe em detrimento de aquilo que não existe.
Na argumentação, algumas figuras da retórica são importantes, porque permeiam e
marcam o texto. As figuras de palavras são amplamente utilizadas, a metonímia e a metáfora
representam sensações quando utilizadas. As figuras de construção retomam ideias,
referentes, são o pleonasmo, anáfora, epístrofe e concatenação. As figuras de pensamento
constroem oposição ou aludem algo, são a antítese, o paradoxo e a alusão. Por fim,
podemos verificar os recursos argumentativos em todos os textos e eles marcam a retórica, a
persuasão e o convencimento. Por meio da argumentação, estabelecemos a relação com o
outro, com a informação, e sabemos como entender melhor o público ou um texto.
Trata-se, portanto, de um livro que retoma e resume os estudos da Retórica de
Aristóteles e da Nova Retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca. Tem o objetivo de simplificar
os conceitos em uma só obra, com leitura agradável e clara, de forma objetiva, contendo
exemplos atuais, que possibilitam maior aprendizagem sobre argumentação e como utilizá-la
no dia-a-dia.
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SEÇÃO 3- RESUMO: COLAGEM OU UM NOVO TEXTO?
Resumir um texto não é reproduzir frases ou partes integrais do texto original, construindo uma
espécie de colagem de suas ideias principais. Isso é fragmentar um texto. Em um resumo,
devemos apresentar, com nossas próprias palavras, os pontos relevantes de um texto.
Fazer um resumo, portanto, requer técnica e significa elaborar um novo texto. Assim, é
impossível fazê-lo sem antes compreender o conteúdo global do texto primitivo. (CEREJA,
WILLIAN ROBERTO; MAGALHÃES, T.C.; 2005).
Sugestões para a elaboração de um resumo:
a) Ler integralmente o texto a ser resumido, do começo ao fim, tentando responder
mentalmente à pergunta: DO QUE TRATA O TEXTO?
b) Ler uma segunda vez, interpretando a leitura para compreender o significado de palavras
desconhecidas (e recorrer ao dicionário, se preciso) ou para captar o sentido das frases
mais longas ou complexas, que contenham inversões etc. Nessa leitura é preciso,
ainda, estar atento à relação entre frases, prestando atenção nas locuções adverbiais,
como em primeiro lugar, consequentemente, de novo, em breve etc., e nos elementos
conectivos, ou seja, aqueles que estabelecem conexões entre as ideias, como,
entretanto, já que, embora etc.
c) Segmentar o texto em blocos de ideias que contenham alguma unidade de significação.
Dessa forma, se o texto a ser resumido for pequeno, pode-se segmenta-lo em
parágrafos, se for um capítulo de um livro, ou um livro todo, convém procurar outros
critérios de segmentação, de acordo com o tipo de texto. Se for um romance, por
exemplo, pode-se segmenta-lo com base em oposição de fatos, personagens, tempo
etc. Feito isso, resumir a ideia contida em cada segmento, procurando empregar
palavras abrangentes.
d) Redigir o resumo, procurando reduzir as segmentações ao essencial e encadeá-las numa
ordem em que as ideias se sucedam e se relacionem.
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REFERÊNCIAS
CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T.C., Texto e interação: uma proposta de interação textual a
partir de gêneros e projetos. Atual Editora, São Paulo, 2005.
DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel, BEZERRRA, Maria Auxiliadora. Gêneros
Textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
FREITAS, Henrique Campos & MARRA,Mayra Natanne Alves .Tipos de argumentos utilizados
nos anúncios publicitários das Havaianas. DOI: 10.14393/DL21-v10n1a2016-16. Dispoível em:
MIRANDA, Daniela. Resumo da obra A arte de argumentar , escrito por ABREU, Antônio
Suárez. Cotia: Atiliê Editorial, 2006.Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/37308/40028.
SCHNEUWLY Bernard e DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. São Paulo: Mercado de
Letras, 2010.
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