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Texto:
KI-ZERBO, Joseph. “Introdução Geral”, História Geral da África. Volume I
– Metodologia e Pré-História. (Brasília: UNESCO, [1981] 2010), XXXI-
LVII.
I - PORQUÊ?
O início do projeto da UNESCO tem como propósito aumentar e garantir a
autenticidade das pesquisas feitas da historiografia africana, que estava sendo feita de forma
errônea (nas palavras do próprio autor).
Outro motivo levantado e dessa vez mais simples, a história da África não é
conhecida, já que, boa parte dos conteúdos expostos estão mal contados, incompletos pu
enviesados. (32-33)
“A história é igualmente feita para o homem, para o povo, para aclarar e motivar
sua consciência.” (33)
II – COMO?
Por se tratar de um continente que é considerado “distante” do continente europeu,
formas diferentes de pesquisa devem ser adotadas das utilizadas para documentos que
geralmente são achados em regiões “ocidentalizadas”. (34)
A. As fontes Difíceis
“Três fontes principais constituem os pilares do conhecimento histórico: os
documentos escritos, a arqueologia e a tradição oral.” (36)
Escrita
As fontes escritas (que seriam as principais fontes) não são encontradas
facilmente no território africano, pois, de acordo com o próprio autor e com exceção
do norte africano não se tem conhecimento de grandes quantidades de material escrito
em boa parte do continente, e quando encontradas seu entendimento e tradução são de
difícil compreensão. (36)
Alguns documentos que ajudariam a entender a história africana e seu
funcionamento se encontram fora do continente como Ásia, Europa e mesmo as
Américas. (36-37)
Arqueologia
A arqueologia, por ser uma forma de análise muda e sem rosto só pode dizer
sobre alguém ou um povo se ali jaz o dono do objeto estudado, em contra partida, é
uma ótima forma de medida da civilização e em que estado ela se encontrava: trabalho
em ferro, bronze, tecelagem, vidro, etc... (38)
Oral
Adendo do professor: Griots = instituição para a manutenção/preservação da tradição
oral (Animadores, poetas, atores performáticos, feiticeiros, profetas, políticos,
historiadores)
“Paralelamente às duas primeiras fontes da história africana (documentos
escritos e arqueologia), a tradição oral aparece como repositório e o vetor do capital
de criações socioculturais acumuladas pelos povos ditos sem escrita” (38)
A fonte oral torna-se a mais importante das fontes para se construir uma
história africana, como citado pelo autor: “Para o africano, a palavra é pesada” (40). Em
volta de grandes contos e relatos do passado, seu estudo é essencial para averiguar fatos -
muitas das vezes confirmados com materiais escritos ou arqueológicos. (38-41)
O estudo da tradição oral é dificultoso, pois, diante de uma tradução feita para
uma língua aversa, perde-se muito material ou possuem partes modificadas,
principalmente se feitas por péssimos tradutores. (40)
Para tal estudo, deve-se compreender ao máximo a cultura estudada, suas
técnicas e execuções. (42)
Linguística
O estudo das línguas pode mostrar genealogias de povos. (44)
Mostrar rotas e por onde certos povos passaram, deixando ali sua marca
linguística presente. (44)
Mostrar genealogias de línguas e pra onde foram ou mesmo de a mesma se
originou.
Antropologia e etnologia
“...o discurso etnológico tem sido, por força das circunstâncias, um discurso
com premissas explicitamente discriminatórias e conclusões implicitamente
políticas, havendo entre ambas um exercício “científico” forçosamente ambíguo.”
(46)
A etnologia produzida por “pesquisadores” causou grandes danos a forma como os
povos africanos são “vistos” na sociedade, gerando preconceitos e problemas sociais
até o momento atual. (46-49)
“A antropologia deve criticar seu próprio procedimento, insistir tanto nas
normas quanto nas práticas, não confundir as relações sociais, decifráveis pela
experiência, e as estruturas que as sustentam.” (48)