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VERACITY WORLDWIDE: RISCOS DA ESG

Case Harvard Business School Fev 2021 – Tradução livre

Desde que seus trabalhos na África Ocidental a colocaram em destaque junto a investidores globais e corporações de
primeira linha, a Veracity Worldwide expandiu sensitivamente seus trabalhos. Por volta de 2020 a empresa tinha mais
de 2000 projetos em mais de 130 países em todos os continentes. Seus clientes incluíam 5 das 50 maiores empresas
listadas na Forbes, 6 das 10 maiores firmas de Private Equity gestoras de ativo e 18 das 25 empresas co mas maiores
receitasi.

Os trabalhos da empresa também se expandiram em escopo, indo além de investigações relacionadas com corrupção e
violações da FCPA (Foreign Corrupt Practices Act). Em 2020 os projetos incluíam análises de due-dilligences para
investidores e empresas de advocacia, monitoramento político para corporações e uma variedade de atribuições para
cada uma das 6000 pessoas na sua rede de relacionamento, que disponibilizassem respostas para questões difíceis em
mercados desafiadores. No entanto, a liderança da Veracity tinha “fome” de crescer ainda mais e identificou diversas
áreas de expansão.

No final de 2019, o CEO Steven Fox e o diretor Bem Weiss estreitaram o foco em uma dessas áreas em particular e
discutiram a criação de uma prática consultiva em riscos relacionados a ESG. ESG era uma área emergente, de interesse
da comunidade de investidores, e projetos anteriores costumavam cobrir tópicos e desafios para empresas que, em
2020, poderiam ser consideradas como tendo problemas com ESG. Na verdade, as práticas originais anticorrupção e de
riscos políticos da Veracity estavam cada vez mais sendo conduzidas pelo time de ESG de muitos clientes.

Fox e Weiss acreditavam que esse poderia ser um espaço de atuação onde as capacidades da Veracity poderiam
acrescentar enorme valor para clientes similares ao grupo com o qual já trabalhavam, assim como para grandes
investidores que não representavam – ainda – uma parcela significativa de resultados da empresa.

Pelo final dos anos 2010 investimentos em ESG ganharam proeminência na comunidade de investidores, culminando
com o “Statement on the Purpose of a Corporationii” assinado em agosto de 2019 por influentes CEOs de 181 empresas,
incluindo o CEO da JP Morgan, Jamie Dimon (MBA em Harvard – turma 1982), o CEO da Johnson & Johnson Alex Gorsky,
e o CEO da Amazon à época, Jeff Bezos. Em janeiro de 2020, o CEO da Blackrock, Lary Fink, colocou as preocupações
com o meio ambiente como prioridade em sua anual “Carta do CEO”. Com mais de U$7 trilhões em ativos sob gestão, o
mundo dos investidores passou prestar muita atenção ao foco em ESG da Blacrock.

Fox e Weiss também viram essas evoluções com grande interesse, e suas discussões sobre o assunto se tornaram mais
frequentes nos primeiros meses de 2020. Poderia ser um argumento o fato de que a Veracity já estava fazendo
diligência ESG, particularmente para empresas com cadeias de suprimentos em mercados emergentes?

“Desde o início, a Veracity se especializou em tratar de muitas questões que agora estão sob o guarda-chuva de ESG”
disse Weiss, “nosso legado em apoio a due-dilligences e em análise de riscos políticos nos fornece uma posição única
para apoiar clientes a antecipar riscos relacionados a ESG e desbloquear valores”.

Fox concordou dizendo “nós examinamos regularmente questões relacionadas a direitos humanos e práticas
trabalhistas e somos excelentes em detectar e avaliar denúncias de propina, corrupção e governança inadequada. nosso
foco sempre foi a coleta de informações sobre a reputação das empresas por atividades éticas, socialmente conscientes
e ambientalmente corretas”.

No entanto, na comunidade de investidores, o conceito de investimento em ESG tinha muitos detratores. Em julho de
2020, a o Departamento de Administração do Trabalho do governo Trump propôs uma nova regra para “deveres de
investimento” que impedia os gestores de fundos de pensão de levar em consideração questões relacionadas a ESG nas
decisões e investimento.

O secretário do trabalho, Eugene Scalia, deixou claro seu posicionamento dizendo “planos de aposentadoria privados
patrocinados não são veículos para promover metas sociais ou objetivos de política que não sejam do interesse
financeiro do plano”
Alguns dos membros do time de executivos da Veracity estavam céticos com relação às tendências de longo prazo, bem
como quanto à habilidade da Veracity em desenvolver projetos específicos relacionados a ESG. Um deles questionou:
“Temos uma real expertise em ESG no nosso time? Podemos realmente oferecer consultoria num nicho com demandas
tão específicas sem a adequada expertise?” Mais importante, havia dúvidas sobre a real força e “longevidade” das
preocupações com ESG no círculo de investidores.

No meio dessas discussões, a Veracity e o resto do mundo foram impactados pela pandemia COVID19. Inicialmente,
havia preocupações dentro da Veracity sobre se os objetivos ESG num momento em que as corporações estavam
tentando sobreviver numa turbulência econômica de proporções nunca vistas e sem fim conhecido, apesar de, em
meados de 2020, parecer que os fundos ESG continuavam a performar bem.

“No meio dessa incerteza, Fox e Weiss avançaram com os esforços até mesmo lançando uma
nova iniciativa experimental para criar uma ferramenta de banco de dados de risco ESG com a
marca Veracity. No entanto, muitos dos conselheiros da empresa alertaram de que já havia mais
do que suficientes ferramentas de avaliação de risco ESG no mercado e continuaram a
questionar se a Veracity tinha capacidades internas para realmente sustentar essa iniciativa.

Nós realmente acreditamos que nossa capacidade de avaliar o histórico e a reputação de


empresas pelas lentes ESG, assim como fusões e aquisições e cadeias de suprimento. Avaliando
prática sociais e de governança, em particular de empresas nos setores envolvidos com
sustentabilidade, e provendo avaliações independentes das práticas e indicadores reportados
pelas empresas seria uma extensão natural de nossas atividades. Além do mais, pensamos que
estaríamos em uma boa posição saindo da pandemia para entender os riscos residuais
relacionados a ESG e as realidades políticas decorrentes do coronavírus. Na contabilidade,
mesmo com padrões de auditoria claros, ainda há espaço para malfeitorias. ESG está aquém da
contabilidade em termos de padronização.”

A Veracity estaria realmente adequada para oferecer serviços no campo ESG? O interesse por ESG se
sustentaria após a pandemia? Fox e Weiss consideravam os próximos passos com muito cuidado.

i
Dados fornecidos pela empresa
ii
NT: “Declaração de Propósito da Corporação”

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