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Consolidação em serviços terceirizados ganha

tração
Só neste ano, companhias cujo faturamento somado chega a quase R$ 2 bi
mudaram de mãos - GPS puxa o movimento

Por Luciana Marinelli — De São Paulo

10/11/2023 05h03 · Atualizado há 4 meses

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Marita Bernhoeft, diretora da GPS: “É um mercado muito pulverizado” — Foto: Nilani Goettems/Valor

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O setor de serviços terceirizados, como limpeza, segurança e manutenção, passa por

uma onda de consolidação nos últimos três anos. Só em 2023, empresas cujo
faturamento somado chega a quase R$ 2 bilhões mudaram de mãos. O movimento
é puxado pela GPS, que neste ano fez oito aquisições. Outras consolidadoras são a
Verzani & Sandrini e a Sapore. Segundo o Valor apurou, a Sodexo também olha
possíveis alvos.

Estudo da TSA Capital, consultoria especializada em fusões e aquisições, aponta que

os cinco principais segmentos desse mercado geraram um faturamento de R$ 154
bilhões em 2021 e devem movimentar R$ 196 bilhões em 2025. O levantamento
considera as áreas de segurança, refeições coletivas, manutenção industrial, logística
interna e “facilities”, como é chamado o conjunto de serviços corporativos que inclui
limpeza, conservação predial, recepção, jardinagem, entre outros.

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“Esse é um mercado em fase de concentração no Brasil”, diz Thiago Simões, sócio da

TSA. “Se você olhar os mercados americano e europeu são muito mais
concentrados, os principais ‘players’ têm uma participação muito maior. A GPS, que é
a maior no Brasil tem ao redor de 4%, então tem espaço para muita consolidação.”

Nos Estados Unidos, as três maiores empresas de serviços terceirizados têm uma
participação combinada de 25%. Na Europa, esse percentual é de 28%, e no Reino
Unido, de 52%, de acordo com dados da AT Kearney. No Brasil, observa a TSA, as
maiores - GPS, Verzani e Brasanitas - detêm 8,1%.

“É um mercado muito pulverizado, são mais de 120 mil CNPJs”, diz Marita Bernhoeft,
diretora de relações com investidores da GPS, considerando os serviços terceirizados
como um todo. “E também é muito regionalizado, são poucas as empresas que
competem com a gente de maneira nacional.”

O objetivo das empresas consolidadoras é ampliar o portfólio e aumentar a

abrangência geográfica da operação, ganhando escala, e permitindo aos clientes
contratar um só fornecedor para as mais diversas necessidades. “Quando você pega
hoje os 100 maiores contratantes de serviços de terceirização, eles não querem
contratar três, quatro empresas”, diz André Rolim, sócio da TSA Capital, explicando
que as companhias também buscam “escala de compra” com um só fornecedor.

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Do lado das empresas compradas, a alta de juros dos últimos anos encareceu a
busca de recursos para crescimento. Nesse setor, novos contratos dependem de
capital de giro, porque requerem contratações e a aquisição de equipamentos bem
antes de receber o primeiro pagamento do cliente. Com o crédito mais restrito, a
busca de um sócio ou a venda integral do negócio acaba sendo a saída.

O movimento de consolidação tem ganhado tração com a entrada de fundos nesse

setor. A gestora de investimentos em “private equity” americana Acon, por exemplo,
entrou em abril do ano passado na Sapore, uma das três maiores operadoras de
restaurantes corporativos do país, dando o pontapé para a estratégia de aquisições
da companhia.

Em agosto deste ano, a Sapore comprou a empresa de “facilities” Branco Branco, de

São Paulo, fortalecendo sua participação nesse segmento, em que tinha entrado em
2018, com a compra do controle da Unifacilities. A empresa adquirida foi
assessorada pela TSA na transação, cujo valor não foi divulgado. “Agora a operação
ganha muito mais musculatura”, diz Daniel Mendez, fundador e presidente do
conselho da Sapore. Com a Branco Branco, a nova área passa a faturar R$ 150
milhões.

Ainda é pouco no faturamento total da Sapore, que atingiu R$ 2,6 bilhões em 2022,
mas representa um passo importante na sua estratégia de diversificação. “Outras
aquisições virão”, diz Mendez, que prevê uma receita bruta de quase R$ 3 bilhões
neste ano. O empresário diz que a área de limpeza, uma das especialidades da
Branco Branco, cresceu muito com a pandemia.

Com novos segmentos capazes de abrir mais vias de crescimento, a Sapore

pretende atingir, no futuro, um lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda) de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões, com vistas a abrir capital
em bolsa. Em 2022, o Ebitda somou R$ 132,5 milhões.

Em 2020, a entrada da Kinea Investimentos no capital da Verzani & Sandrini, de

serviços de limpeza, segurança e manutenção também impulsionou a estratégia de
aquisições. As compras começaram em 2017, após um aporte da NEO
Investimentos. No ano passado, a gestora de private equity americana Siguler Guff
investiu R$ 150 milhões na empresa.

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Desde 2020, a Verzani fez oito aquisições. As últimas três ocorreram no ano passado:
as empresas de segurança Arjo e Fortknox, e a Emmo, de multisserviços. Procurada
para comentar sua estratégia de crescimento, a Verzani preferiu não se manifestar.

As aquisições são um pilar estratégico da GPS, que foi intensificado com a entrada
dos fundos Warburg Pincus, em 2016, e Gávea, de 2017, e ganhou ainda mais
velocidade após sua oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês), em abril de 2021,
no qual levantou quase R$ 2,5 bilhões. Desde a entrada na bolsa foram 21 compras,
acrescentando R$ 4,6 bilhões ao seu faturamento.

O grupo, que divulgou resultados na noite de ontem, atingiu receita líquida de R$ 7,7
bilhões nos nove primeiro meses de 2023, um crescimento de 15% sobre o mesmo
período do ano anterior. O lucro líquido ajustado (tirando a despesa de amortização
do ágio das aquisições) somou R$ 453 milhões, alta de 21%.

A Sodexo, outra das maiores operadoras de restaurantes corporativos do país, foi

uma das empresas de atuação nacional pioneiras em oferecer serviços integrados,
fortalecendo sua área de “facilities” a partir de 2014. Segundo o Valor apurou, a
empresa não está parada, e olha novas aquisições na área também. Procurada,
afirmou que não comenta especulações e continua com foco em crescer no Brasil. “A
Sodexo está sempre atenta ao mercado, estuda as tendências e possíveis
oportunidades”, afirmou Andrea Krewer, CEO da Sodexo On-site.

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