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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de


Ribeirão Preto
Departamento de Química

Movimento com Resistência


Laboratório de Física I

Docente responsável: Marina Batistuti


Curso: Bacharelado em Química
Discente: Giovanna Letícia Lourenço e Laura Romão Cruz
N° USP: 13690926 e 13731452

Ribeirão Preto
Outubro, 2022
1. RESUMO
Neste experimento foi tratado sobre os movimentos com resistência em
temperatura ambiente, utilizando bolinhas de diversos volumes e diâmetros, balança,
termômetro, micrometro, régua, glicerina e cronômetro, consistindo com o objetivo de
analisar o tempo de queda sem desprezar a força de resistência causada pelo fluido
determinado, neste caso, a glicerina. Especificamente, foi analisado a viscosidade da
glicerina a partir do tempo cronometrado em que os objetos esféricos percorriam a
distância já determinada pela glicerina. Primeiramente, pesou-se todas as bolinhas
em uma balança analítica e mediu-se cada diâmetro com o micrometro. Logo após,
foi verificada a temperatura da glicerina no ambiente a partir de um termômetro, e
assim, começou-se a medir a velocidade de cada bolinha ao joga-las no tubo contendo
a glicerina, contendo uma distância marcada de 20 cm com uma régua. A velocidade
foi medida indiretamente pelo auxilio de um cronometro, ao cronometrar o tempo em
que a bolinha demorava para percorrer a distância de 20cm. Com isso, pode-se
verificar experimentalmente a viscosidade da glicerina, responsável por causar um
retardo no movimento de cada objeto, a partir do calculo do coeficiente angular do
gráfico velocidade x razão entre a força P resultante e o raio de cada esfera. O dado
obtido (viscosidade de 0,265 Pa/s) foi discrepante do tabelado previsto teoricamente
(0,954 Pa/s) devido aos erros experimentais, como, por exemplo, qualidade da
glicerina, erros nas medidas e possíveis erros ao realizar o experimento.

2. INTRODUÇÃO

Nesta experiência trataremos de movimentos que ocorrem em uma dimensão,


levando em conta a existência de forças de resistência que são desprezadas no caso
ideal. Em particular, quando um corpo tem movimento retilíneo em um fluido, encontra
(à parte de eventuais esforços transversais, os quais não nos ocuparemos aqui) um
esforço resistente, isto é, em sentido oposto ao movimento. Essa resistência é nula
quando a velocidade é zero e cresce com o aumento da velocidade. No regime de
movimento uniforme, ela deve-se à viscosidade do fluido, realizando trabalho e
gerando calor. Aqui é importante saber que a dependência entre a força de resistência
e a velocidade não possui uma forma única:
Regime de baixa velocidade: para velocidades pequenas, a força de resistência
R é aproximadamente proporcional à velocidade v, (onde b é o coeficiente de
resistência): 𝑅 = 𝑏 𝑣
Regime de alta velocidade: para velocidades maiores, entra um regime
quadrático, e uma sucessão de regimes quadráticos, com valores diversos de h (onde
h é o coeficiente de resistência quadrático): 𝑅 = ℎ v2
Regime de velocidades muito altas: para velocidades muito elevadas, como
dos projéteis, apresenta-se uma dependência mais que quadrática, exemplo: 𝑅 =
𝛼 𝑣2 + 𝛽 𝑣3
Essas leis empíricas são aproximadas: a resistência e a inércia equivalente do
fluido podem variar de modo complicado e sofrer descontinuidades para alguns
valores de v. Dentro de certos intervalos de velocidade pode acontecer ainda que dois
regimes diferentes de resistência sejam possíveis e que outras circunstâncias façam
passar bruscamente de um regime para outro. Para velocidades que variam
rapidamente, os efeitos mecânicos do fluido dependem não apenas do movimento
num dado instante, mas também daqueles antecedentes. Mostramos alguns desses
cálculos, baseados em hipóteses simples, aplicados apenas a movimentos com
resistência linear.
Resistência em um fluxo laminar aplica-se a objetos movendo-se com
velocidades não muito elevadas, de modo que o fluxo de fluido em torno do objeto
seja do tipo laminar, em contraposição ao fluxo turbulento existente no regime
quadrático. Muitas situações práticas são descritas nesse regime, como por exemplo
a queda de gotas de água no ar, a sedimentação de partículas em meio líquido e a
queda de objetos esféricos em líquidos viscosos.
A força de resistência tem a forma 𝑅 = − 𝑏𝑣 onde o coeficiente de resistência
b depende tanto do objeto como do fluido. No caso de corpos esféricos, pode-se
escrever: 𝑏 = 6𝜋𝜂𝑟, onde 𝜂 é a viscosidade do fluido e r é o raio da esfera. Esta
equação é chamada equação de Stokes.
Considerando-se a força P como a resultante da força gravitacional e do
empuxo, a força total resultante é: 𝐹 = 𝑃 – 𝑏𝑣, onde o sinal positivo em P aplica-se
ao caso em que o movimento tem o mesmo sentido da propulsão (movimento de
queda) e o sinal negativo corresponde ao movimento oposto ao sentido da propulsão
(p.ex., lançamento do corpo para o alto).
3. OBJETIVO

Manipular e analisar um sistema mecânico estabelecido por variados objetos


esféricos e um fluido. Ainda, medir distâncias percorridas pelos objetos em queda e
os tempos correspondentes para calcular as velocidades e verificar se foi alcançado
o regime de velocidade constante previsto pela teoria. Por fim, determinar o
coeficiente de viscosidade do líquido utilizado através da observação do movimento
unidimensional de objetos esféricos não desprezando as forças resistivas ao
movimento, e os dados coletados.

4. DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL
4.1 Materiais utilizados:
Balança.
Objetos esféricos.
Cronômetro.
Micrômetro.
Termômetro.
Tubo contendo glicerina.
Régua.
4.2 Procedimento experimental:
Inicialmente, o tubo contendo glicerina em estudo foi colocado na posição
vertical. Ainda, duas posições foram fixadas no tubo com distância D entre elas de
20,4 cm, sendo deixada uma distância inicial para que possa ser alcançado o estado
de inércia (equilíbrio entre as forças gravitacional, empuxo e resistência do fluído).
Outrossim, as esferas tiveram seus raios medidos com um micrômetro, e suas
massas foram encontradas a partir de uma balança. Por fim, uma esfera foi solta na
glicerina e o tempo gasto para percorrer a distância D foi medido com um cronômetro,
além de sua temperatura ser encontrada com o auxílio de um termômetro. Os
procedimentos foram refeitos para todas as esferas que foram fornecidas.
4.3 Equações utilizadas:
O regime de baixa velocidade, para velocidades pequenas, é dado pela fórmula
em que a força de resistência R é aproximadamente proporcional à velocidade v,
(onde b é o coeficiente de resistência).
𝑅 = 𝑏𝑣
A força de resistência tem a forma 𝑅 = − 𝑏𝑣 onde o coeficiente de resistência
b depende tanto do objeto como do fluido. No caso de corpos esféricos, pode-se
escrever:

𝑏 = 6𝜋𝜂𝑟
Onde 𝜂 é a viscosidade do fluido e r é o raio da esfera. Esta equação é chamada
equação de Stokes.
Considerando-se a força P como a resultante da força gravitacional e do
empuxo, a força total resultante é:

𝐹 = 𝑃 − 𝑏𝑣
Onde o sinal positivo em P aplica-se ao caso em que o movimento tem o
mesmo sentido da propulsão (movimento de queda) e o sinal negativo corresponde
ao movimento oposto ao sentido da propulsão (p.ex., lançamento do corpo para o
alto).
Ainda, a velocidade constante foi calculada a partir da seguinte fórmula:
𝛥𝑠
𝑣=
𝛥𝑡
Onde 𝛥𝑠 é o deslocamento e 𝛥𝑡 é a variação do tempo.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1 – Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera
branca em um movimento com resistência.
Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera branca.

Massa (g) Diâmetro (10-3 m) Distância (10-2 m) Tempo (s) Velocidade (m/s)
0,2306 5,845 20,4 2,75 7,42
0,2316 5,834 20,4 2,65 7,69
0,2333 5,815 20,4 2,77 7,36
0,2304 5,897 20,4 2,71 7,52
0,2305 5,908 20,4 2,76 7,39
0,2298 5,893 20,4 2,69 7,58
0,2302 5,905 20,4 2,76 7,39
0,2297 5,898 20,4 2,68 7,61
0,2293 5,921 20,4 2,59 7,99
0,2303 5,913 20,4 2,74 7,44
Tabela 2 – Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera branca em
um movimento com resistência.
Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera branca.

Grandeza Média Desvio Padrão Desvio Padrão da Média


Massa 0,2306 0,00114 0,00036
Diâmetro 5,883 0,03718 0,00118
Tempo 2,71 0,05811 0,01838
Velocidade 7,54 0,19255 0,06089

Tabela 3 – Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera


laranja em um movimento com resistência.
Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera laranja.

Massa (g) Diâmetro (10-3 m) Distância (10-2 m) Tempo (s) Velocidade (m/s)
0,4121 7,822 20,4 5,92 3,44
0,3821 7,861 20,4 5,61 3,64
0,3931 7,985 20,4 5,58 3,65
0,3939 7,946 20,4 5,86 3,48
0,3759 7,885 20,4 5,76 3,54
0,3837 7,858 20,4 5,94 3,43
0,3812 8,035 20,4 5,88 3,47
0,3954 7,937 20,4 5,65 3,61
0,3944 7,856 20,4 5,91 3,45
0,3974 7,901 20,4 5,64 3,61

Tabela 4 – Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera laranja em


um movimento com resistência.
Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera laranja.

Grandeza Média Desvio Padrão Desvio Padrão da Média


Massa 0,3909 0,01047 0,00331
Diâmetro 7,909 0,06643 0,21009
Tempo 5,76 0,14300 0,04522
Velocidade 3,53 0,08816 0,27880

Tabela 5 – Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera


prata em um movimento com resistência.
Quantificação da massa, diâmetro, distância, tempo e velocidade da esfera prata.

Massa (g) Diâmetro (10-3 m) Distância (10-2 m) Tempo (s) Velocidade (m/s)
0,2551 3,942 20,4 0,84 24,3
0,2559 3,946 20,4 0,91 22,4
0,2546 3,941 20,4 0,93 21,9
0,2542 3,962 20,4 1,06 19,2
0,2553 3,965 20,4 1,04 20,1
0,2557 3,966 20,4 0,85 24,1
0,2567 3,961 20,4 0,94 21,7
0,2558 3,964 20,4 1,07 19,1
0,2544 3,958 20,4 0,84 24,3
0,2538 3,963 20,4 1,04 24,1

Tabela 6 – Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera prata em um


movimento com resistência.
Médias, desvios padrão e desvios padrão da média da esfera prata.

Grandeza Média Desvio Padrão Desvio Padrão da Média


Massa 0,25515 0,00090093 0,0002849
Diâmetro 3,9568 0,00985224 0,00311555
Tempo 0,952 0,09366607 0,02961981
Velocidade 22,12 2,09167663 0,66334359

Gráfico 1 – A partir da utilização do papel milimetrado, um gráfico da velocidade média


calculada (considerada constante) versus a razão força P/raio de cada esfera.

Gráfico milimetrado da velocidade pela razão força P/raio do sistema.


O coeficiente angular obtido foi de aproximadamente 50 para o descolamento
de 20 cm. Assim, substituindo na fórmula e calculando:
50 = 6𝜋𝜂
Dessa forma, η = 2,65 poise ou, no Sistema Internacional, 0,265 Pa/s.
Comparando com os valores tabelados, houve certa discrepância na viscosidade
obtida pela glicerina, onde o ideal seria de 0,954 Pa/s. Isso pode ser responsável
devido a vários motivos: validade e qualidade da glicerina, erros sistemáticos, erros
instrumentais.

Tabela 7 – Valores esperados para a viscosidade a partir da temperatura


6. CONCLUSÃO
O valor encontrado para a viscosidade da glicerina (0,265 Pa/s) foi discrepante
do que o esperado (0,954 Pa/s). Como dito anteriormente, isto é, em razão de diversos
fatores: tempo de armazenamento da glicerina, erros sistemáticos e instrumentais.
Entretanto, mesmo com o valor discriminante, foi possível com o experimento
perceber a aplicação da força de resistência, nesse caso, a viscosidade de um fluido,
sendo assim, mostrando que grande parte dos movimentos, na realidade, não
ocorrem em queda livre ou livre de outras forças.
Como também, caso houvesse um experimento mais minucioso, seria possível
achar um valor mais próximo ao tabelado para a temperatura respectiva.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Young, H. D. e Freedman, R. A., Física de Sears e Zemansky. Volume I:


Mecânica, 12ª edição. Pearson Education do Brasil, São Paulo, SP, 2008.
Material da professora.

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