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16/01/2010
Com desemprego em alta, japoneses buscam cápsulas
para morar
Hiroko Tabuchi
Em Tóquio (Japão)
Para Atsushi Nakanishi, desempregado desde o Natal, seu lar é um cubículo pouco
maior que um caixão - um de dezenas de leitos empilhados em um dos decrépitos
"hotéis-cápsulas" de Tóquio.
"É apenas um lugar para chegar e dormir", disse ele, torcendo o pescoço e dando
batidinhas em seu terno preto - um dos dois que ele possui, pois se livrou do resto de
seu guarda-roupa por falta de espaço. "Você se acostuma", disse.
Quando o Capsule Hotel Shinjuku 510 abriu, há quase duas décadas, o Japão estava
apenas começando a sair de sua bolha econômica, e os minúsculos cubículos de
plástico do hotel ofereciam um refúgio noturno para trabalhadores assalariados que
tinham perdido o último trem de volta para casa.
Hoje, as cápsulas do Hotel Shinjuku 510, que não medem mais de 2 metros de
comprimento por 1,5 metros de largura, e são tão baixas que uma pessoa não
consegue ficar de pé, se tornaram uma opção acessível para quem não tem outro
lugar para ir, enquanto o Japão sofre com sua pior recessão desde a Segunda
Guerra.
"Nesta temporada gelada de fim de ano, o governo pretende fazer tudo que for
possível para ajudar os que estão em dificuldades", disse o primeiro-ministro Yukio
Hatoyama em um vídeo divulgado no YouTube no dia 26 de dezembro. "Você não
está sozinho".
Recentemente, ele visitou um abrigo em Tóquio que acolhia 700 sem-tetos, dizendo a
repórteres que "a ajuda não pode esperar".
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06/03/2019 Com desemprego em alta, japoneses buscam cápsulas para morar - 16/01/2010 - The New York Times
O aluguel é surpreendentemente alto para um espaço tão pequeno: 59 mil ienes por
mês, ou cerca de US$ 640, para uma cama alta. No entanto, sem o depósito
adiantado ou cobranças adicionais por água e luz, além de cortesias como lençóis
limpos e uso gratuito de um banheiro e sauna comuns, o custo é muito menor que o
aluguel de um apartamento em Tóquio, diz Nakanishi.
Mesmo assim, é difícil dormir profundamente aqui. As cápsulas não têm portas,
apenas telas que sobem e baixam. Todas as batidas de ombro nas paredes de
plástico, todas as tosses abafadas ecoam alto através das fileiras de cama.
Cada cápsula é mobiliada apenas com uma luz, uma pequena TV com fones de
ouvido, um gancho para casaco, um lençol fino e um travesseiro duro de casca de
arroz.
A maioria dos objetos dos hóspedes, de camisas a creme de barbear, deve ser
guardada em armários trancados. Há uma sala de uso comum com sofás velhos, uma
área de refeição e fileiras de pias. Fumaça de cigarro está em toda parte, assim como
as câmeras de segurança. No entanto, os funcionários do hotel fazem o máximo para
deixar os hóspedes à vontade: "Bem-vindo ao lar", dizem os funcionários na entrada.
Porém, há cerca de dois anos, o hotel começou a notar que os hóspedes ficavam ali
por várias semanas, depois meses, disse ele. Este ano, o hotel passou a oferecer um
aluguel reduzido para hóspedes que permaneciam um mês ou mais; agora, cerca de
100 das 300 cápsulas são alugadas por mês.
Após pedidos de seus moradores de longa data, o hotel recebeu uma permissão
especial do governo para permitir que as pessoas registrem suas cápsulas como seu
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06/03/2019 Com desemprego em alta, japoneses buscam cápsulas para morar - 16/01/2010 - The New York Times
domicílio oficial; isso facilitou a obtenção de entrevistas de trabalho.
"É difícil viver assim, mas não vai ser por muito tempo", disse ela. "Pelo menos há
mais trabalho aqui do que em Gunma".
O governo afirma que cerca de 15.800 pessoas moram nas ruas no Japão, mas
grupos de ajuda afirmam que os números são muito maiores, com pelo menos 10 mil
pessoas apenas na capital, Tóquio. Esses números não contam os sem-tetos
"escondidos" da cidade, como os que vivem em hotéis-cápsulas. Há também uma
população flutuante que dorme nos vários cybercafés e saunas 24 horas do país.
Mesmo assim, Naoto Iwaya, 46 anos, está prestes a se unir àqueles que já não têm
mais esperanças. Ex-pescador de atum, ele mora em outro hotel-cápsula de Tóquio
desde agosto. Seu trabalho mais recente foi em um aterro no aeroporto Haneda, mas
acabou em dezembro.
"Procurei, procurei, mas não há emprego. Agora minhas economias estão quase
acabando", disse Iwaya, depois de se registrar em um abrigo de emergência em
Tóquio, onde poderá ficar temporariamente.
Depois, disse ele, "não sei mais para onde posso ir".
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