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Reunião

Iniciamos a conversa com a Sherol esclarecendo sobre o imaginário da


escravidão do Rio Grande do Sul. Existem duas generalizações equivocadas que se
perpetuam: a primeira é que a escravidão no RS era mais branda e a segunda que não
tinha. Esses pensamentos partem muito do próprio modelo de produção do Rio Grande,
pois diferente do sudeste e nordeste, no Rio Grande o modelo usado eram as pequenas
plantações com foco na pecuária. Grandes plantéis não faziam sentido. Existia também
do imaginário do “escravo a cavalo”, ou seja, o escravizado poderia fugir caso quisesse.
Porém esta perspectiva foi refutada pela historiografia quando se passaram a entender
sobre lógica da família escrava. Logo, aqueles escravizados mesmo que vivendo
situações sub-humanas prezava por estar perto da sua família e arrumar estratégias para
libertar os seus.

Esse movimento de renovação da historiografia só foi possível por uma revisão


da na década de 1990, quando historiadores buscaram pesquisar tabelionato, registro de
batismo, certidão. Paulo Moreira, orientador na época da Sherol, é também um nome de
referência nesse trabalho.

Esse discurso generalizante da escravidão acaba por trazer conseqüência para


invisibilidade dos brancos hoje em dia. Sherol apontou que atualmente, do que ela
lembrava, pelos dados oficiais, os negros formam 13% da população no Rio Grande do
Sul. Não é uma quantidade tão alta comparada ao Rio de Janeiro ou Bahia, porém essas
pessoas existem e merecem sair da invisibilidade. Sherol comenta para a importância de
chamar os não negros para a discussão, com a responsabilidade de se informar,
pesquisar sobre práticas antirracistas. É necessário também, segundo a autora, afro-
centrar o currículo, numa lógica mesmo de habilidade. Ou seja, racializar o outro. Não
se ausentar do debate. Re-educar. A neutralidade de cor não existe e também da escola

Essa perspectiva de invisibilidade é problemática, sobretudo, quando assente um


racismo que aponta quem é negro e quem não é. Pra Sherol, esse racismo tem requinte
de crueldade.

A autora passa falar da Exposição “Palmares não é só 1, são milhares: 50 anos


do 20 de novembro”, que se encontra no MARS (Museu Antropologico do Rio Grande
do Sul). São alguns módulos. No primeiro, eles é dedicado a memória de Oliveira
Silveira, líder do grupo Palmares. No segundo é o espaço “esquina democrática”, que
era no centro de Porto Alegre. Espaço importantíssimo de discussão. No próximo trata
sobre a territoriedade, que mostra a ocupação, a importância das regiões charqueadoras
Pelotas/Rio Grande do Sul. Trata do militarismo e como essa questão se liga aos negros:
o tambor de sopapo, muitos dos negros que entram no exército tocam instrumento de
sopro.

Outro módulo da exposição destacado pelo Sherol é de sociabilidade de grupos


negros. Irmandades e clubes exclusivo para negros. Mais um modelo é do
tradicionalismo. Busca pelo que acham que é tradicionalmente do Rio Grande do Sul.
Nesse ponto busca também resgatar a cultura indígena. Sherol chama atenção para
década de 1920, de nomes como Milonga e César Passarinho. Outro módulo é sobre
intelectualidade negra acadêmica e o último módulo é sobre futurismo, decolonialismo,
o que está vindo de novo, como nomes do hip hop.

Sherol me indica algumas bibliografias de acordos com as demandas da Mahin,


como a demografia e a lei de incentivo. Ela cita o trabalho de Marcos Vinícius Freitas
Rosa, “Territoridade e Invisibilidade urbana”. Temos o trabalho de Fernanda Oliveira,
clube sociais dos amigos.

Uma solicitação destacada para ela e que seria de importante destaque nas
nossas trilhas seria os quilombola. Quem são os territórios, o que é uma comunidade
quilombola, suas lutas para permanecer na terra. É importante para saber um pouco
mais da cultura e de como esse território foi cronstruído

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