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Odontologia

Parasitologia

Aula 6
Gênero Entamoeba e Amebíase
Gênero Giardia e Giardíase
Gênero Trichomonas e Tricomoníase
Prof. Dr. Müller Ribeiro Andrade
Entamoeba spp.

Filo Sarcomastigophora

Sub-filo Sarcodina

Família Hexamitidae

Classe Lobosa

Família Entamoebidae

Gênero Entamoeba
Amebas

Protozoários intestinais:

Vida livre Vários gêneros e espécies

Parasitas Entamoeba histolytica

Comensais Entamoeba coli, E. dispar, E. hartmanni, E.


gengivalis, Endolimax nana, Iodamoeba bütschlii

Vida livre
eventualmente Naegleria, Acanthamoeba, Balamuthia
parasitas
Amebas
Características morfológicas

E. histolytica: invasiva, patogênica

E. dispar: não invasiva, comensal (?)

• Principais diferenças
§ Bioquímicas: eletroforese de
isoenzimas
§ Imunológicas (lectina de adesão)
§ Genéticas (subunidade 18s de RNAr)
§ Epidemiológicas
Entamoeba histolytica

• Causa de disenteria amebiana no homem;

• Cosmopolita;

• Eucariotos primitivos, não tem:


• Mitocôndria, REG ou Aparelho de Golgi
• Possuem mitossoma
Entamoeba histolytica - Trofozoíto

• 1 núcleo, pleomórfico

• Citoplasma: ecto e endoplasma

• Ingestão pinocitose/fagocitose:

• Bactérias/Hemáceas

• Multiplicação: divisão binária simples


Entamoeba histolytica - Trofozoíto

• Forma ativa, que se alimenta (via pinocitose,


fagocitose e membrana) e se reproduz rapidamente

• Pleomórfico, com grande variabilidade


tamanho

• Metabolismo
• Aeróbico facultativo - microaerófila
• Principal fonte energética – glicose
(estoque glicogênio)

• Motilidade – pseudópodes
Entamoeba histolytica - Cisto

• Forma de resistência eliminada com as fezes


• Membrana plasmática + parede cística (quitina)
• 1-4 núcleos (N)
• Vacúolos de glicogênio (V)
• Corpos cromatóides (CC) – agregados de ribossomos

V
N
CC
N

Cisto jovem Cisto maduro


Ciclo da vida
Ciclo da vida
Ciclo da vida

• Desencistamento

• Intestino delgado -eclosão

• 37 º C – ambiente anaerobiose

• 1 Cisto 4 núcleos - divisões sucessivas

• 8 amebas pequenas (fase metacística)

• Se alimentam e crescem

• (fase trofozoítica)
Mecanismo de transmissão
• Ingestão de cistos
• Direta: indivíduo-indivíduo
• Indireta: água ou alimentos contaminados
• Cistos são viáveis por até ~ 30 dias no meio externo
• Passam pelo estômago
• Resiste pH ácido
• Enzimas digestivas, pH alcalino
• Resencistamento – intestino delgado

• Ciclo: luz intestino grosso

• Trofozoítos - destruídos no estômago


Amebíase - Epidemiologia

• Cosmopolita - 5 a 50% pessoas infectadas


• 500 milhões de infectados, 10% com formas invasivas
• Óbito anual 100.000 pessoas
§ Regiões tropicais/subtropicais
§ Condições precárias de higiene
§ Estado nutricional deficiente

• África e Ásia – mais atingidos


• Regiões frias e temperadas – ausente
• Américas: México, América Central, Perú, Colômbia, Equador
• Brasil: Até 30% (AM, PA, BA, PB, RS)
Amebíase – Formas clínicas
Amebíase - Patogenia

LECTINA DE ADESÃO – Adesina citolitica


Trofozoítos Inibição pela Galactose intestinal
Estímulo a resposta T supressora
Aumento Th2
Destruição celular, fagocitose por trofozoítos e ulceração
Adesão Cisteinoprotinases, hemolisinas e fisfolipases atuam degradando
elástica, colágeno e fibronectin
IL-1 e TNFa
lise de células da
mucosa intestinal

Penetração

Citotoxicidade
Amebíase – Formas clínicas

- Forma intestinal (não invasiva)


- ~90% dos casos
- Ausência de Ac
- Assintomáticos
- Agudo
- Dores abdominais
- Perda de pesa
- Diarreias (pode ficar crônica)
Amebíase – Formas clínicas

- Forma intestinal invasiva


- Colite não disentérica
- Desinteria grave (fezes líquidas, 10 evacuações/
dia)
- Úlceras intestinais, peritonite, apendicites,
hemorragias

-Forma extra-intestina
- fígado – abcessos, icterícia e hepatimetria
alterada
- pulmão – amebíase pleuropneumonar (dor tórax,
tosse e expectoração com odor de “molho de tomate”
- cérebro (raras)
Amebíase - Diagnóstico

• Clínico

• Parasitológico de fezes
-Pesquisa de cistos em fezes sólidas
-Pesquisa de trofozoítos em fezes líquidas
-Cultura de fezes

• Diagnóstico imunológico
-ELISA para detecção de antígeno nas fezes
-ELISA para detecção Acs IgG soro - amebíase invasiva

• Diagnóstico Molecular
-PCR (distingue espécies)
Amebíase – Diagnóstico diferencial

• Colite por Shygella e Campylobacter


• Esquistossomose
• Helmintíases intestinais
• Broncopneumonia
• Tumorações hepáticas
• Abscessos hepáticos amebianos x piogênicos
Amebíase - Tratamento

Abscessos amebianos
Drogas Intraluminais
Derivados Dicloroacetamida - Drenagem

Drogas Tissulares
Derivados Nitroimidazólicos

Nitazoxanida – agente alternativo


Amebíase - Profilaxia

• Educação sanitária
• Saneamento básico
• Tratamento de água
• Limpeza dos alimentos (lavar frutas e verduras)
• Tratamento das fontes de infecção
• Cuidados com higiene pessoal (lavar as mãos)
Entamoeba gingivalis
• Vive na saliva, sobre os dentes, gengivas e,
às vezes, tonsilas.

• Presente em casos de periodontite ativa

• Não produz os cistos


Giardia spp. e Giardíase
Taxonomia

Filo Metamonada

Classe Trepomanadea

Ordem Giardiida

Família Giardiidae

Gênero Giardia
Giardia spp.

Species Hosts Site


Giardia duodenalis Human, primates, dog, cat,
Small intestine
(syn. G. intestinalis) livestock, rodents, wild mammals
Human, primates, dog, cat, some
Giardia enterica Small intestine
wild mammals
Giardia canis Dog, other canids Small intestine
Giardia bovis Cattle, other ungulates Small intestine
Giardia cati Cat Small intestine
Giardia simondi Rat Small intestine
Giardia muris Rodents Small intestine
Giardia microti Rodents Small intestine
Giardia psittaci Birds Small intestine
Giardia ardeae Birds Small intestine
Giardia duodenalis

• G. duodenalis, G. intestinalis e G. lamblia - sinônimos

• ZOONOSE

• 6 genótipos: A, B, C, D, E e F;

• Genótipo A dois subgenótipos: AI e AII

§ AI - Transmissão zoonótica;
Giardia duodenalis

• Distribuição cosmopolita
• Características de:
§ Eucarioto – membrana nuclear, citoesqueleto
§ Procarioto – ausência de mitocôndria.
• Habitat
o Mitossoma
§ Duodeno e jejuno
§ Aderidos mucosa

§ Metabolismo – anaeróbio

§ Glicose e glicogênio;
§ Etanol, CO2 e acetato;
Giardia spp. - Trofozoíto

• Piriforme a elipsoidal
• Bilateralmente simétrico
• Dorso - Convexo
• Ventre - Disco de sucção
• Oito flagelos
• 1 par de corpos medianos
• 2 núcleos
Giardia spp. – Cistos

• Ovóides com parede cística (quitina)


• 4 núcleos (duplas estruturas internas)
• Eliminados com as fezes formadas
• Formas de resistência ambiental
Giardia – Ciclo de vida monoxênico
Giardia – Ciclo de vida monoxênico

• Intestino delgado - disco adesivo adere aos


enterócitos.
• Um único hospedeiro pode eliminar bilhões de
parasitas.

• Os cistos são eliminados por 1 a 2 semanas


após a infecção.
• Quando as fezes ficam desidratadas no
intestino grosso, aparecem as formas de cistos.
• Os cistos novos podem ter dois núcleos e os
mais antigos quatro.
• Quando ingeridos pelo hospedeiro, resistem à
passagem pelo estômago, se excistam no
duodeno e os flagelos voltam a crescer.
Giardia spp. - Transmissão

• Fecal-oral
• Ingestão de água, alimento ou
fômites
• Hospedeiros infectados eliminam
cistos por meses, mas infecção é
auto-limitante (27 a 35 dias)
Giardíase - Manifestações

• Assintomáticos
• Enterite branda e autolimitada
• Diarreias crônicas e debilitantes
• Esteatorréia
• Perda de peso
§ Linhagens com grau variável de virulência
• Evacuação líquida/pastosa
§ Número de cistos ingeridos
• Cólicas § Estado do sistema imune do indivíduo

• Síndrome de má-absorção grave § Susceptibilidade à infecção


§ Duração e gravidade da doença
Giardíase - Diagnóstico
• Clínico

• Parasitológico de fezes
-Pesquisa de cistos em fezes sólidas
-Pesquisa de trofozoítos em fezes líquidas/diarreicas

• Fluido e biopsia por endoscopia


- Pacientes com diarreia crônicas (AIDS) • Imunosseparação magnética
- observação microscópica acoplada à imunofluorescência
(IMS-IFA)
• Diagnóstico imunológico
-ELISA para detecção de antígeno nas fezes
-ELISA para detecção Acs IgG soro - amebíase invasiva

• Diagnóstico Molecular
-PCR (distingue espécies)
Giardíase - Tratamento
Giardíase – Epidemiologia

• Distribuição mundial: maior incidência/clima temperado;


• Incidência mais alta em crianças
• Condições higiênicas; instituições fechadas

Profilaxia
• Educação sanitária e higiene pessoal
• Qualidade da água de uso doméstico
• Saneamento básico
Trichomonas spp. e
Tricomoníase
Taxonomia
• 3-5 flagelos
Filo Parabasalia
Classe Trichomonadea • Membrana ondulante
Ordem Trichomonadida
• Não apresenta forma cística
Família Trichomonadidae
Gêneros • Reprodução – fissão binária

Tritrichomonas Trichomonas Trichomitus

Tetratrichomonas Pentatrichomonas
Família Trichomonadidae

• Tritrichomonas – 3 flagelos anteriores e um flagelo posterior e


sem pelta.

• Trichomonas – 4 flagelos anteriores, 1 membrana ondulada, sem


flagelo posterior, axoestilo espesso e curta extensão posterior.

• Tricomitus – 3 flagelos anteriores, uma membrana ondulante, um


flagelo pelta e posterior (à direita).

• Tetratrichomonas – 4 flagelos, um flagelo posterior, uma membrana


ondulante e uma pelta.

• Pentatrichomonas – 5 flagelos anteriores, 1 membrana ondulante, uma


pelta e flagelo posterior.
Trichomonas vaginalis

• TROFOZOÍTOS

• Piriforme
• 10–30 µm x 5–12 µm
• Único núcleo
• 4 flagelos
• Membrana ondulada
• Axoestilo - haste hialina função esquelética
• Costa proeminente
Trichomonas vaginalis
• DIRETA – Relação sexual, parto, banhos e por fômites
Tricomoníase vaginal – Epidemiologia

• IST não viral mais comum dos mundo;


• América - maiores prevalências
• Aumento incidência global (2005 a 2008)
• Relação com HIV e parto prematuro

• USO DE PRESERVATIVO!
Tricomoníase vaginal – Manifestações clínicas

• Infecções geralmente assintomáticas


• MULHER - Hiperemia vulvovaginal, e
descamação do epitélio, ulceração, ardor,
corrimento vaginal amarelado (fétido), prurido
vulvar

• HOMEM - Uretrite com fluxo mucopurulento,


disúria, prurido uretral, ardência após a relação
sexual.
Tricomoníase vaginal - Tratamento

• Metronidazol
• Rápida absorção
• Distribuição nos tecidos
• 2g em dose única (MS)
• Intolerância – 400-500 mg, BID, 7 dias
• Gestante/lactante – 250 mg, TID, 7 dias
Trichomonas tenax

• Ovóide

• Necrófagos bucais

• Alta prevalência em pessoas com doenças periodontais

• Cavidade oral e no trato respiratório - localizado no tártaro


entre os dentes, criptas tonsilares e margem gengival
• Gengivite ulcerativa necrosante e periodontite
ulcerativa necrosante;
• Secreção de fosfatases alcalinas e fibronectina
OBRIGADO!!!

muller.andrade@icbs.ufal.br

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