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Estudo de Caso
Helena, 72 anos está casada com António, 78 anos, há 52 anos, após 4 anos de relação de namoro. Desta união
Afirma ser vítima de violência física, psicológica, sexual e privação financeira alegadamente perpetrada pelo seu
marido desde a relação de namoro. Reportou assim para o terceiro ano de namoro o primeiro episódio de violência,
em que após recusa em perder a virgindade antes de casar, foi empurrada por aquele e violada sexualmente. Por
tal facto e movida pela vergonha do sucedido, sentiu-se na obrigação de casar com aquele – “casamo-nos como
Após o casamento, Helena passou a ser agredida de forma reiterada. Relatou inúmeros episódios de violência com
recurso frequente a pontapés, murros, bofetadas, tentativa de estrangulamento, agressões com objectos (eg.:
mangueira, candeeiro, cinto, pratos, entre outros), gritos, proibições, insultos, humilhação ameaças de morte, cuspir
na cara, coação e violação sexual. Paralelamente alegado agressor nunca contribuiu para as despesas do agregado
Mais acrescentou que a violência esteve presente no dia a dia do casal, assinalando ter abortado em duas das suas
quatro gravidezes, na sequência “dos grandes tareões que ele me deu” (sic).
Alegado agressor é descrito como um homem muito violento que, pese embora ter já tido dois cancros, continua a
assumir uma postura de grande autoritarismo e agressividade para com a Helena – “ está um monte de ossos mas
mesmo assim tem uma força bruta (…) quando ele está zangado eu sei logo… fica com umas cordas aqui no pescoço
da grossura dos meus dedos” (sic).
António tem ainda antecedentes criminais pelo crime de tentativa de homicídio, tendo cumprido uma pena de prisão
Frequentemente Helena é ameaçada de morte sendo que António tem em sua posse duas armas de fogo, pelo que
teme que o mesmo efetive as ameaças que tem vindo a proferir diariamente.
No decurso do último episódio de violência, ocorrido a 12 de Setembro de 2013, em que a sra. foi agredida com
pontapés, empurrões, tentativa de estrangulamento e tentativa de colocar a sua cabeça dentro do forno, decidiu
formalizar denúncia por violência doméstica na esquadra da PSP.
Na sequência dos episódios de violência, a Sra. ficou por inúmeras vezes com hematomas por todo o corpo, fraturas
bem como traumatismos cranianos.
Tendo em conta os conteúdos programáticos abordados no Módulo I – Dinâmicas de Violência, os seus conhecimentos
pessoais e profissionais e a sua experiência de trabalho nesta área e em rede, que respostas oferece às seguintes
questões:
1. Identifique a(s) tipologia(s) de violência, de acordo com a classificação de Johnson e Ferraro, descrita(s) no caso
e os modos como a violência se manifestam.
De acordo com as tipologias classificatórias de Johnson e Ferraro (2000) e, tendo por base as
informações disponibilizadas no caso em apreço, estamos diante de um contexto de terrorismo
íntimo, em que o agressor é o homem e a vítima é a mulher. A violência exercida sobre Helena
é múltipla – física, psicológica, sexual -, severa e reiterada, integrada num padrão de controlo e
de dominância por parte de António (violência instrumental). Da leitura do caso ressalta ainda
o sentimento de medo permanente evidenciado por Helena.
2. A hipótese apresentada convoca-nos para a reflexão acerca de algumas características dos agressores no
contexto da violência doméstica. Convidamo-la/o a apresentar algumas delas procurando enquadrá-las num
dos perfis abordados durante o presente módulo.
Tendo por referência as tipologias/perfis de agressores podemos afirmar que, de acordo com a
tipologia de Holtzworth–Munroe and Stuart (1994) considera-se que o Sr. António apresenta
um perfil GVA – Geralmente Violento/Antissocial, inserindo-se no subtipo mais perigoso, com
níveis severos de violência intrafamiliar e extrafamiliar, com histórico de reclusões.