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Capacitação de Técnicos/as que intervêm com agressores/as

Módulo I: Dinâmicas de Violência

Estudo de Caso

Bruno iniciou uma relação de namoro com Cláudia, no Brasil em 2004 e, em 2005 passaram a coabitar em Portugal,
como se fossem marido e mulher, até data não concretizada do mês de setembro de 2020.

Desta relação nasceu um filho em comum, Diogo, nascido em 6 de setembro de 2009. Diogo encontra-se a frequentar
o 8º ano de escolaridade.

Bruno é motorista da UBER e Cláudia é professora do ensino básico.

A relação do casal é descrita como “boa” (sic) mas com algumas discussões em torno da educação do filho que ambos
enquadram como “discussões normais” (sic).

Em data não concretizada do mês de agosto de 2020, na residência comum do casal, Diogo sentiu grandes dificuldades
respiratórias, tendo Cláudia dito a Bruno que deviam levar o filho à urgência do hospital.

Dada situação pandémica, Bruno hesitou considerando que seria uma situação transitória e de menor gravidade.
Cláudia, não aceitando a decisão de Bruno, decide pedir a um vizinho para que os levassem ao hospital.

Nesse momento, Bruno começou a gritar com Cláudia apodando-a de “histérica, maluca, burra, você é uma mã mãe!
Anda sempre doente e põe o menino igual” (sic), acrescentando para o seu vizinho que se tratava de “uma maluquice”
(sic) da mesma. O vizinho, diante a discussão e atitude violenta de Bruno, por quem tinha uma grande consideração,
ficou chocado e, acionou a polícia que ocorreu ao local.

Com o apoio da polícia, Claúdia transportou o filho Diogo até à urgência Pediátrica do Hospital Dona Estefânia, tendo
este sido sujeito a tratamento urgente com Aerossóis, Ventilan e Atrovent.

Regressam a casa de táxi, durante a madrugada, após recusa de Bruno em ir buscá-los.

Tal postura de Bruno desiludiu Cláudia pelo que, temendo a reincidência de novos episódios de maior desorganização
de Bruno, decidiu romper com a relação em setembro de 2020.

Corre processo crime por violência doméstica na Secção Especializada Integrada de Violência Doméstica de Lisboa.

Formadora Sónia Alves Soares


psi.soniasoares@gmail.com
Tendo em conta os conteúdos programáticos abordados no Módulo I – Dinâmicas de Violência, os seus conhecimentos
pessoais e profissionais e a sua experiência de trabalho nesta área e em rede, que respostas oferece às seguintes
questões:

1. Identifique a(s) tipologia(s) de violência, de acordo com a classificação de Johnson e Ferraro, descrita(s) no caso
e os modos como a violência se manifestam.

R.: De acordo com as tipologias classificatórias de Johnson e Ferraro (2000) e, tendo por base
as informações disponibilizadas no caso em apreço, estamos diante de um contexto de violência
comum, uma vez que as manifestações de violência psicológica (sob a forma de insultos)
decorrem de uma resposta inadequada por parte de Bruno face a uma situação geradora de maior
stress e desacordo entre o casal – problema respiratório evidenciado pelo filho e vontade
manifesta em levá-lo a uma urgência hospitalar em época de confinamento por parte de Cláudia.
Não é feita, ainda menção, a outras manifestações de violência na dinâmica relacional tendo a
relação sido descrita como “boa” e com “discussões normais” pelo que se infere que tal episódio de
violência verbal tenha sido episódico e num contexto de violência situacional.

Formadora Sónia Alves Soares


psi.soniasoares@gmail.com

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