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TEORIA E

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EDITAL DE ACORDO SEJUSP Nº. 02/2021


DE 17 DE AGOSTO DE 2021
Polícia Penal de Minas Gerais

PP-MG
Agente Penitenciário

NV-002AG-21
Cód.: 7908428800888
Obra

PP-MG – Polícia Penal de Minas Gerais


Agente Penitenciário

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

INFORMÁTICA • Fernando Nishimura

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich, Ana Philippini e Giovana Marques

NOÇÕES DE DIREITO PENAL • Rodrigo Gonçalves e Renato Philippini

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL • Camila Cury e Ana Philippini

LEGISLAÇÃO ESPECIAL (ON-LINE) • Samantha Rodrigues, Renato Philippini, Eduardo Gigante, Bruno
Oliveira e Kamila G. S. Gomes

REDAÇÃO (ON-LINE) • Nelson Sartori

Edição:

Agosto/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital SEJUSP
Nº. 02/2021 de 17 de Agosto de 2021 para o cargo de Policial
Penal.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abordan-
do todos os itens do edital e reorganizando-os quando necessá-
rio, de uma maneira didática para que você realmente consiga
aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas e a seção Hora de Praticar, trazendo questões comen-
tadas do Instituto SELECON, além de questões de organizadoras
variadas para concursos da Polícia Penal, selecionadas de acor-
do com os principais assuntos do edital oficial.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-


dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-
sa plataforma: Redação Discursiva e Legislação Especial, além
do Curso Bônus em videoaulas, conforme os assuntos cobrados
no edital. Para acessar, basta seguir as orientações na próxima
página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à Língua Portuguesa: Introdução a Leitura De Textos E Tipologia Textual; Acentuação
Gráfica
à Raciocínio Lógico: Implicação Lógica
à Informática: Ferramentas E Aplicativos Comerciais De Navegação: Google Chrome
à Noções De Direito Constitucional: Defesa Do Estado E Das Instituições Democráticas:
Segurança Pública
à Noções De Direito Penal: Da Aplicação Da Lei Penal
à Noções De Direitos Humanos E Participação Social: Declaração Universal Dos Direitos
Humanos
à Legislação Especial: Lei N° 7.210/1984 - Lei De Execuções Penais: Dos Estabelecimentos
Penais; Lei Nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime: Alterações Na Lei N. 7.210/84 - Lei De
Execução Penal

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Redação Discursiva.
• Legislação Especial completa e atualizada.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA................................................................................................................ 9

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO..............................................................................................................................9

SINONÍMIA...........................................................................................................................................................9

ANTONÍMIA..........................................................................................................................................................9

HOMONÍMIA........................................................................................................................................................9

POLISSEMIA......................................................................................................................................................10

FUNÇÕES DE LINGUAGEM................................................................................................................................10

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS............. 11

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES......................................................................13

PONTO DE VISTA DO AUTOR............................................................................................................................14

TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS DE CIRCULAÇÃO SOCIAL: ESTRUTURA COMPOSICIONAL;


OBJETIVOS DISCURSIVOS DO TEXTO; CONTEXTO DE CIRCULAÇÃO; ASPECTOS
LINGUÍSTICOS..................................................................................................................................... 15

TEXTO E TEXTUALIDADE: COESÃO, COERÊNCIA E OUTROS FATORES DE TEXTUALIDADE...... 26

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA................................................................................................................... 32

HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICA: ASPECTOS CULTURAIS, HISTÓRICOS, SOCIAIS E REGIONAIS NO


USO DA LÍNGUA PORTUGUESA........................................................................................................................32

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL..............................................................................................................33

FONÉTICA E FONOLOGIA................................................................................................................... 34

ORTOGRAFIA.....................................................................................................................................................34

ACENTUAÇÃO GRÁFICA...................................................................................................................................37

CRASE.................................................................................................................................................................37

COLOCAÇÃO PRONOMINAL: SINTAXE DE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES


OBLÍQUOS ÁTONOS............................................................................................................................ 39

SINAIS DE PONTUAÇÃO COMO FATORES DE COESÃO.................................................................. 39

MORFOSSINTAXE............................................................................................................................... 42

CLASSES DE PALAVRAS...................................................................................................................................42

FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PERÍODO SIMPLES..............................................................................................59


SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO: PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO.......................64

RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS..................................................................................................................65

CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL APLICADAS AO TEXTO............................. 66

CONHECIMENTO GRAMATICAL DE ACORDO COM O PADRÃO CULTO DA LÍNGUA E ORTOGRAFIA


OFICIAL..............................................................................................................................................................72

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO........................................................................................................................72

RACIOCÍNIO LÓGICO.........................................................................................................85
RACIOCÍNIO LÓGICO: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS..................................................................... 85

FRAÇÕES............................................................................................................................................................85

TEORIA DE CONJUNTOS...................................................................................................................................85

PORCENTAGEM.................................................................................................................................................93

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS...............................................................................................................................94

SEQUÊNCIAS COM FIGURAS E SEQUÊNCIAS DE PALAVRAS........................................................................96

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO................................................................................................ 97

PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES..................................................................................................................97

PROPOSIÇÕES COMPOSTAS...........................................................................................................................98

Conectivos......................................................................................................................................................... 98

EQUIVALÊNCIA LÓGICA NOTÁVEL.................................................................................................................100

IMPLICAÇÃO LÓGICA......................................................................................................................................103

ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO............108

INFORMÁTICA.................................................................................................................. 121
CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET ........................................................................................121

CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS


E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET.......................................................121

FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO................................................................122

FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE CORREIO ELETRÔNICO.......................................................................125

GRUPOS DE DISCUSSÃO.................................................................................................................................128

SITES DE BUSCA E PESQUISA........................................................................................................................129

REDES SOCIAIS ...............................................................................................................................................130


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE WINDOWS)..................................................131

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE


E BROFFICE).......................................................................................................................................143

NOÇÕES DE VIDEOCONFERÊNCIA..................................................................................................178

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................. 193


DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ....................................................................................193

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.......................................................................................194

Garantias Constitucionais Individuais; Garantias dos Direitos Coletivos, Sociais e Políticos...................207

DIREITOS SOCIAIS ..........................................................................................................................................210

NACIONALIDADE ............................................................................................................................................216

CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS..............................................................................................................218

PARTIDOS POLÍTICOS ...................................................................................................................................220

PODER EXECUTIVO ..........................................................................................................................221

FORMA E SISTEMA DE GOVERNO..................................................................................................................221

CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE GOVERNO................................................................................................222

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.....................................................225

ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA ..................................................................................................225

DA ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE


MINAS GERAIS..................................................................................................................................226

DA SEGURANÇA PÚBLICA..............................................................................................................................226

NOÇÕES DE DIREITO PENAL..................................................................................... 235


APLICAÇÃO DA LEI PENAL.............................................................................................................................235

PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................235

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO............................................................................................................243

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA......................................................................................................243

CONTAGEM DE PRAZO....................................................................................................................................244

Frações não Computáveis da Pena............................................................................................................... 244

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL....................................................................................................................244

ANALOGIA........................................................................................................................................................247
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL...............................................................................................................248

O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS...............................................................................................248

CRIME CONSUMADO E TENTADO .................................................................................................................248

ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO.............................................................................................................250

EXCESSO PUNÍVEL..........................................................................................................................................251

CRIMES CONTRA A PESSOA...........................................................................................................252

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO...................................................................................................277

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA.....................................................................................................301

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..........................................................................314

CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO EM GERAL................314

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL.........................................344

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL.................... 351


DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS................................................................351

RESOLUÇÃO 217-A (III) DA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948........................................351

REGRAS MÍNIMAS DA ONU PARA O TRATAMENTO DE PESSOAS PRESAS...............................360

DECRETO Nº 7.037/2009 E SUAS ALTERAÇÕES...........................................................................363

PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS........................................................................................363

CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA .........................................368

ARTS. 62 A 64 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL E SUAS ALTERAÇÕES..........................................................368

CONSELHO PENITENCIÁRIO .........................................................................................................................369

Arts. 69 e 70 da Lei de Execução Penal e suas Alterações ........................................................................ 369

CONSELHO DA COMUNIDADE........................................................................................................................369

Arts. 80 e 81 da Lei de Execução Penal e suas Alterações ........................................................................ 369


LÍNGUA PORTUGUESA

SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Denotação

O sentido denotativo da linguagem compreende o


significado literal da palavra independentemente do Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
seu contexto de uso. Preocupa-se com o significado
mais objetivo e literal associado ao significado que
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
aparece nos dicionários.
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
A denotação tem como finalidade dar ênfase à infor-
mação que se quer passar para o receptor de forma mais “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos nes-
objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utilizada se contexto.
em textos informativos, como notícias, reportagens, jor-
nais, artigos, manuais didáticos, entre outros. HOMONÍMIA
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas) Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
O coração é um músculo que bombeia sangue para núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
o corpo. (coração: parte do corpo) rentes. É importante atentar-se a essas palavras e a
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
Conotação nimos importantes:
O sentido conotativo compreende o significado
acender (colocar fogo) ascender (subir)
figurado e depende do contexto em que está inserido. A
conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
quais a língua dispõe para expressar diferentes senti- acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
dos ao texto, de maneira subjetiva, afetiva e poética. apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
Neste sentido, a conotação tem como finalidade bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
dar ênfase à expressividade da mensagem, de manei- bucho (estômago) buxo (arbusto)
ra que ela possa provocar sentimentos ou diferentes
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
sensações no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada
em poesias, conversas cotidianas, letras de músicas, cegar (deixar cego) segar (cortar; ceifar)
anúncios publicitários e outros. sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. arreio)
Você mora no meu coração. censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
SINONÍMIA cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
São palavras ou expressões que, empregadas em um cerrar (fechar) serrar (cortar)
determinado contexto, têm significados semelhantes. cervo (veado) servo (criado)
É importante entender que a identidade dos sinô- chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
nimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos, uma cheque (ordem de
palavra pode ser empregada no lugar de outra, o que xeque (lance no jogo de xadrez)
pagamento)
pode não acontecer em outras situações. O uso das círio (vela) sírio (natural da Síria)
palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por exem-
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
plo, pode ocorrer de maneira equivocada se utilizadas
como sinônimos, uma vez que a intensidade de suas concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
significações é diferente. concerto (sessão musical) conserto (reparo)
LÍNGUA PORTUGUESA

O emprego dos sinônimos é um excelente recurso coser (costurar) cozer (cozinhar)


para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve- exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
la, além do domínio do vocabulário do falante, a capaci- público)
dade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o que espectador (aquele que expectador (aquele que tem
contribuiu para uma melhor fluidez da leitura do texto. assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
ANTONÍMIA
espiar (observar) expiar (pagar pena)
São palavras ou expressões que, empregadas em espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
um determinado contexto, têm significados opostos. estático (imóvel) extático (admirado)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em esterno (osso do peito) externo (exterior)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) 9
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) Funções da Linguagem
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) São, ao todo, seis funções da linguagem, as quais
laço (nó) lasso (frouxo) estão relacionadas a cada um dos elementos da lin-
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) guagem. Vejamos:
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
z Emotiva/Expressiva: Nos textos em que predomina
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
a função emotiva, o foco está em transmitir a men-
sagem, de acordo com os sentimentos do autor. A
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. maior preocupação do emissor é conseguir externar
Acessado em: 17/10/2020. suas opiniões, sensações, emoções e sentimentos.

Suas principais características são:


POLISSEMIA
„ Verbos na primeira pessoa;
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- „ Pronomes em primeira pessoa (eu, meu, nosso,
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras minha);
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre „ Utiliza linguagem subjetiva;
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- „ Utiliza figuras de linguagem;
semia é encontrada no exemplo a seguir: „ Explora o ponto de vista do emissor.

Os gêneros em que mais vemos a função emotiva


em destaque são as cartas, alguns poemas, diários,
relatos, depoimentos e artigos de opinião.
Exemplo:

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. Dele se encante mais meu pensamento.
(Soneto da Felicidade, Vinícius de Moraes)
FUNÇÕES DE LINGUAGEM
z Conativa/Apelativa: A função conativa está cen-
O processo de comunicação é composto por vários trada no receptor da mensagem. A mensagem é
elementos. O linguista Jakobson estudou esse proces- construída com a intenção de convencer ou per-
so e entendeu que, para que a comunicação ocorra, suadir o leitor/receptor.
são necessários alguns elementos que compõem esse
Suas principais características são:
processo. A partir dessa teoria, cada elemento está
associado a uma função da linguagem. „ Verbos no imperativo;
O esquema a seguir mostra a relação que cada um „ Linguagem clara e objetiva;
desses elementos exerce dentro do contexto da emis- „ Pode mesclar linguagem verbal e não verbal.
são de uma mensagem. Após uma visualização aten-
ta, conheceremos, de modo mais detalhado, cada um Seus gêneros mais comuns são: anúncios publici-
desses elementos, a fim de compreender suas funções tários escritos ou em vídeo, cartas argumentativas,
dentro do processo comunicativo. discursos políticos, sermões religiosos, dentre outros.

Contexto/Referente
Exemplo:

Emissor Mensagem Receptor

Canal

Código

Elementos da Comunicação

z Emissor: quem formula a mensagem para enviar.


O emissor pode ser uma “pessoa” ou o eu-lírico,
uma empresa, uma instituição; é quem estabelece
a intencionalidade da mensagem;
z Receptor: recebe a mensagem do emissor;
z Mensagem: trata-se da mensagem propriamente
dita, o que foi comunicado;
z Canal: é o meio através do qual a mensagem é
transmitida; z Poética: A função poética não está restrita aos poe-
z Referente: trata-se do contexto e do assunto sobre mas. Ela é caracterizada pela construção de uma
o qual trata a mensagem; mensagem, valorizando a estilística com a presença
z Código: é o sistema linguístico utilizado para pro- de figuras de linguagem, rimas e escolha vocabular.
duzir a mensagem. No caso das mensagens em lín- Costuma estar presente em textos em poesia ou em
10 gua portuguesa, o código é a própria língua. prosa, sendo mais comum em textos poéticos.
Suas principais características são: A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (4)
a Operação Quarta Parcela, para combater fraudes
„ Tempo verbal variável; ao auxílio emergencial pago pelo governo federal à
„ Linguagem subjetiva; população para aliviar os efeitos econômicos da pan-
„ Presença de figuras de linguagem; demia de covid-19.
„ Presença de rimas e repetições; Cerca de 100 policiais federais cumprem 28 man-
„ Pode mesclar linguagem verbal e não verbal. dados de busca e apreensão e sete mandados de
sequestro de bens, nos estados do Amazonas, Bahia,
Exemplo: Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rondônia, Maranhão e
São Paulo. Por determinação judicial, mais de R$ 170
João amava Teresa que amava Raimundo mil foram bloqueados.
que amava Maria que amava Joaquim que amava “Os objetivos da atuação conjunta e estratégica são
Lili a identificação de fraudes massivas e a desarticulação
que não amava ninguém. de organizações criminosas que atuam causando pre-
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o juízos ao programa assistencial e, por consequência,
convento, atingindo a parcela da população que necessita desses
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para
valores”, informou a Polícia Federal.
tia,
Além da PF, participam dessa operação o Ministé-
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
rio Público Federal, Ministério da Cidadania, a Caixa,
Fernandes
Receita Federal, Controladoria-Geral da União e o Tri-
que não tinha entrado na história.
bunal de Contas da União.
(Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade)
(Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2021/03/04/
operacao-da-pf-combate-fraudes-ao-auxilio-emergencial-em-oito-
z Fática: O foco dessa função é no canal de comu- estados.html)
nicação, havendo interesse apenas em manter a
comunicação com o interlocutor. Geralmente, está Podemos resumir, portanto, a relação entre os ele-
presente na oralidade, mas também pode aparecer mentos da linguagem e as funções da linguagem con-
na escrita. forme o esquema a seguir, que destaca as funções e o
elemento mais importante para cada uma delas.
Suas principais características são:

„ Tempo verbal variável; Função Referencial


„ Linguagem objetiva; (Contexto/Referente)
„ Uso da linguagem verbal.

Exemplos: Alô!/ Bom dia!/ Tchau!/ Oi!/ Até logo! Função Poética
(Mensagem)
z Metalinguística: A função metalinguística é carac- Função Função
terizada por usar determinada forma de código Emotiva Conotativa
para explicar o próprio código, como as músicas (Emissor) (Receptor)
Função Fática
que falam de canções, um vídeo do youtube que (Canal)
apresenta um tutorial de como postar vídeos nessa
plataforma, dentre outros.

Suas principais características são: Função Metalinguística


(Código)
„ Não apresenta estrutura fixa;
„ Linguagem objetiva.

Exemplo: Lutar com palavras é a luta mais vã.


(Carlos Drummond de Andrade) LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
z Referencial: O objetivo principal dessa função é
TEXTOS: INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E
informar. Portanto, o foco está no referente (con- EXPLÍCITAS
texto de uso). Também pode ser chamada de fun-
ção informativa. INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

Suas principais características são: A inferência é uma relação de sentido conhecida


LÍNGUA PORTUGUESA

desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre


„ Impessoalidade; interpretação de texto. Interpretar é buscar ideias,
„ Texto escrito na terceira pessoa; pistas do autor do texto nas linhas apresentadas.
„ Linguagem objetiva; Cabe destacar que, apesar de parecer algo subje-
„ Linguagem denotativa. tivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. A
primeira e mais importante delas é identificar a orien-
Seus principais gêneros são: artigos científicos,
tação do pensamento do autor do texto, que fica per-
notícias, textos jornalísticos e materiais didáticos.
ceptível quando identificamos como o raciocínio dele
Exemplo: foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da
análise de dados, informações com fontes confiáveis
Operação da PF combate fraudes ao auxílio ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
emergencial em oito estados das consequências, a fim de se identificar as causas. 11
A seguir, apresentamos estratégias de leitura que fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
focam nas formas de inferência sobre um texto. Inicial- detalhados e impotentes para generalizar, cur-
mente, é fundamental identificar como ocorre o pro- vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
cesso de inferência, que se dá por dedução ou por adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
indução. Para entender melhor, veja esse exemplo: dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza.
O marido da minha chefe parou de beber. (BARRETO, 2010, p. 21)

O trecho em destaque na citação do escritor Lima


Observe que é possível inferir várias informa-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
enunciador é casada (informação comprovada pela
indutivo compõe a interpretação e decodificação de
expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
dor está trabalhando (informação comprovada pela
gias usadas para identificar essa forma de interpretar,
expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada
ção cronológica de um texto.
pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas
contextuais do próprio texto que induzem o leitor a
interpretar essas informações. A propriedade vocabular leva o cérebro
PROCURE
Tratando-se de interpretação textual, os processos a aproximar as palavras que têm maior
SINÔNIMOS
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par- associação com o tema do texto
tem de uma certeza prévia para a concepção de uma Os conectivos (conjunções, prepo-
interpretação construída pelas pistas oferecidas no ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
texto junto da articulação com as informações aces- CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos e
sadas pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos um localizadores textuais
fluxograma que representa como ocorre a relação
desses processos: A DEDUÇÃO

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado. Em questões de concur-
INFERÊNCIA
so, as bancas costumam procurar nos enunciados implí-
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA citos do texto aspectos para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
A partir desse esquema, conseguimos visualizar que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
melhor como o processo de interpretação ocorre. ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo forme Kleiman (2016, p. 47):
as estratégias que compõem cada maneira de inferir
informações de um texto. Por isso, vamos apresentar Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema;
dedutivo, indutivo e, ainda, como articular o nosso ele estará também postulando uma possível estru-
conhecimento de mundo na interpretação de textos. tura textual; na predição ele estará ativando seu
conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri-
A INDUÇÃO quecendo, refinando, checando esse conhecimento.

Atente-se a essa informação, pois é uma das primei-


As estratégias de interpretação que observam ras estratégias de leitura para uma boa interpretação
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto textual: formular hipóteses a partir da macroestrutura
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- textual; ou seja, antes da leitura inicial, o leitor deve
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- buscar identificar o gênero textual ao qual o texto
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras infor-
texto e que variam conforme o tipo textual. mações que podem vir como “acessórios” do texto e,
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos então, formular hipóteses sobre a leitura que fará em
identificar uma organização cronológica e espacial no seguida. Uma outra dica importante é ler as questões
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação O processo de interpretação por estratégias de dedu-
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma z Conhecimento Linguístico;
ideia/ponto de vista. z Conhecimento Textual;
No processo interpretativo indutivo, as ideias são z Conhecimento de Mundo.
organizadas a partir de uma especificação para uma
generalização. Vejamos um exemplo: Conhecimento Linguístico

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa Esse é o conhecimento basilar para a compreen-
espécie de animal. O que observei neles, no tempo são e decodificação do texto, pois envolve o reco-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- nhecimento das formas linguísticas estabelecidas
te para não os amar, nem os imitar. São em geral socialmente por uma comunidade linguística, ou seja,
12 de uma lastimável limitação de ideias, cheios de envolve o reconhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe- Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
cimento sobre o funcionamento da língua não são, conhecimento de mundo que é relevante para a com-
necessariamente, as regras gramaticais, mas, sim, as preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
regras que estabelecem, por exemplo, no caso da lín- cérebro associar informações, a fim de compreender
gua portuguesa, que o feminino é marcado pela desi- o novo texto que está em processo de interpretação.
nência -a, que a ordem de escrita respeita o sistema A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
sujeito-verbo-objeto (SVO) etc. cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora, tente responder as seguintes perguntas sobre


o texto:

Quem é o herói de que trata o texto?


Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?

Certamente, você não conseguiu responder nenhu-


ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto chama-se “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
vio que é essencial para a interpretação de questões.

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E


Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. EXPRESSÕES

Como é possível notar, o texto é uma peça publici- Estudar os campos semânticos quer dizer entender
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores o que cada palavra significa, tanto individualmente
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar quanto em um determinado contexto. Aqui, trataremos
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento de contexto, porque há situações nas quais uma pala-
vra pode ter mudança de significado pela influência de
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
outras. A semântica classifica as palavras em relação
são algumas estratégias de interpretação em que
ao contexto e em relação ao sentido da palavra isolada.
podemos usar métodos dedutivos.
Podemos relacionar campos semânticos ao con-
Conhecimento Textual ceito de polissemia. No entanto, não se trata da mes-
ma coisa. Polissemia é quando uma mesma palavra
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conhecimento é capaz de assumir diversos significados, a depender
linguístico e desenvolve-se pela experiência leitora. Quan- do contexto de uso. Podemos citar como exemplo de
to maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se palavras polissêmicas:
dá a sua compreensão. Nesse conhecimento, o leitor desen-
z Banco:
volve sua habilidade, porque prepara sua leitura de acordo
com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de „ Local que administra recursos financeiros: On-
remédio como se lê uma receita de bolo ou um romance.
LÍNGUA PORTUGUESA

tem, os bancos entraram em greve;


Não se lê uma reportagem como se lê um poema. „ Objeto para sentar: Os bancos da praça vão ser
Em outras palavras, esse conhecimento se relacio- trocados por modelos mais novos;
na com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de „ Verbo bancar no presente: Eu banco as contas
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. da minha família.
Conhecimento de Mundo z Boca:
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental „ Parte do corpo: Um beijo é um segredo que se
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre diz na boca e não no ouvido. (Jean Rostand);
importante que o candidato a cargos públicos reserve „ Abertura da garrafa: Quero saber onde está a
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes tampa pra essa boca;
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- „ Metonímia para indicar quantidade de pessoas
tar seu conhecimento de mundo. que vão comer: Na minha casa comem seis bocas. 13
z Folha: escritos presentes em jornais. Além disso, para respon-
der questões de interpretação em concursos, deve-se
„ Papel: Preciso comprar uma resma de folhas; observar, além do título e do nome do autor, a fonte da
„ Partes das árvores na natureza: No outono, a qual o texto foi retirado (livro, blog, site, jornal ou outro).
cidade fica cheia de folhas nas ruas. A primeira coisa que deve ser observada para uma
melhor interpretação do texto é a questão que está
z Letra: sendo discutida. A partir daí, outros pontos devem
„ Caligrafia: A letra dessa menina é muito bonita!; ser considerados, como, por exemplo, o que o autor
„ Símbolo do alfabeto: O alfabeto brasileiro so- defende, o que ele rejeita e os argumentos utilizados
freu alterações no número de letras; para sustentar ambos os lados.
„ Sequência de frases (letra de música): A letra Alguns aspectos que também devem ser identifi-
dessa canção é muito profunda. cados ao ler um texto são as relações entre as ideias
mais relevantes do texto e a conclusão do autor após
z Manga: apresentar todos os argumentos pró e contra.
A forma como o autor conta a narrativa muda nos-
„ Fruta: Preciso comprar manga para a salada de sa perspectiva ao ler a obra. Quando lemos um texto,
frutas do lanche; seja um livro, um artigo científico ou uma matéria de
„ Parte de uma roupa: Prefiro camisas de manga jornal, sempre nos deparamos com diferentes formas
curta. de contar histórias, que mudam nossa visão dos perso-
nagens principais ou do tema que está sendo abordado.
Assim, é possível estabelecer conjuntos de pala- Existem três formas básicas de narração chama-
vras que juntas significam a mesma coisa, ou seja, que das de ponto de vista literário em primeira pessoa, em
pertencem ao mesmo campo semântico. Neste senti- segunda e em terceira.
do, essas palavras podem ser usadas dentro de deter- A narração em primeira pessoa é fácil de identi-
minado contexto como sinônimos. ficar, pois o personagem conta a história a partir da
própria perspectiva, do seu ponto de vista. Nesse caso,
a leitura do livro ou do texto é feita partindo da visão
Importante! do personagem, o que torna a leitura mais intimista.
É relevante destacar que o campo semântico está Nessa primeira forma de narrativa, há certas coi-
sempre “aberto”, ou seja, novas palavras podem sas que descobrimos apenas no decorrer da história.
ser incorporadas a qualquer momento a um cam- Vejamos um exemplo:
po semântico desde que faça sentido a este. Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho
Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.
A seguir, veremos exemplos de campos semânticos Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou
de algumas palavras da língua portuguesa: da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me ver-
sos. A viagem era curta, e os versos pode ser que
z Brincadeira: Divertimento, distração, piada, goza-
não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém,
ção, palhaçada, zoação;
que, como eu estava cansado, fechei os olhos três
z Breve: Rápido, curto, ligeiro, resumido, conciso,
ou quatro vezes; tanto bastou para que ele inter-
abreviado, pouca duração;
rompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
z Cansaço: Canseira, fadiga, esgotado, pregado, lom-
Trecho do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
beira, prostrado, exausto;
z Conta: Fatura, cálculo, consideração, nota, estima-
tiva, avaliação, estima; Na segunda pessoa, o autor costuma dialogar
z Fabricar: Construir, montar, criar, projetar, edifi- diretamente com o leitor como se ele também fizes-
car, confeccionar, fazer, elaborar; se parte da narrativa. Essa é uma situação rara, que
z Natureza: Espécie, meio ambiente, natural, tipo, faz o leitor se sentir como um personagem da história.
temperamento, caráter, gênio; Observe, no trecho a seguir, um exemplo:
z Nota: Bilhete, dinheiro, grana, som, anotação, Você veste a camisa, passa um papel nas pontas dos
cédula, comentário; seus sapatos e escuta, desta vez, o aviso do sino que
z Partir: Sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer, parece vaguear pelos corredores da casa e fecha a
quebrar, espatifar; porta. Você olha para o corredor; Aura anda com o
z Expressões relacionadas à morte: Bater as botas, sino na mão, inclina a cabeça para vê-lo, lhe diz que
passou dessa para melhor, não está mais entre nós, o café da manhã está pronto.
falecer, apagar, bater as botas, passar para um pla- Trecho do conto Aura, de Carlos Fuentes.
no superior, apagar, foi para o céu etc.
A narração em segunda pessoa também é muito
Podemos concluir, portanto, que o campo semânti- utilizada em letras musicais, como podemos ver no
co de determinada palavra ou expressão é um conjun- trecho a seguir:
to de palavras que podem ser utilizadas para alcançar
o objetivo comunicativo. Essas palavras, por vezes, Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
estão no nosso conhecimento prévio da língua. Utili- Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
zando esses conjuntos, torna-se mais simples a comu- No teu cavalo
nicação cotidiana. Peito nu, cabelo ao vento
E o Sol quarando nossas roupas no varal
PONTO DE VISTA DO AUTOR Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Para compreender um texto, é preciso identificar as Tu vens, tu vens
ideias relevantes propostas pelo autor quando se trata Eu já escuto os teus sinais
14 de textos argumentativos, como artigos científicos ou Trecho da canção Anunciação, de Alceu Valença.
Já a narração em terceira pessoa coloca o leitor
em uma posição externa, como se ele estivesse apenas TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS DE
observando a ocorrência da ação. Os diálogos são dife-
rentes dos que aparecem da narrativa em primeira
CIRCULAÇÃO SOCIAL: ESTRUTURA
pessoa, pois, neste caso, o autor relata a história como COMPOSICIONAL; OBJETIVOS
alguém que está apenas expondo o que cada persona- DISCURSIVOS DO TEXTO; CONTEXTO
gem disse. Leia o seguinte trecho:
DE CIRCULAÇÃO; ASPECTOS
O sol estava começando a abaixar e a luz da tarde esta-
va sobre a paisagem quando desceram a colina. Até
LINGUÍSTICOS
agora não tinham encontrado vivalma na estrada. [...]. CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
Já estavam andando havia uma hora ou mais quando
Sam parou por um momento, como se escutasse algo. Tipos ou sequências textuais são unidades que estru-
Estavam agora em terreno plano, e a estrada, depois turam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVALCANTE,
de muitas curvas, estendia-se em linha reta através de 2013), “são unidades estruturais, relativamente autôno-
um capinzal salpicado de árvores altas, [...]. mas, organizadas em frases”. Os tipos textuais marcam
Trecho da obra O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, tradução de uma forma de organização da estrutura do texto que se
Lenita Maria Rímoli Esteves.
molda a depender do gênero discursivo e da necessidade
comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam
Ponto de Vista do Autor na Literatura
a predominância de narrações – contos, fábulas, roman-
O elemento básico da narrativa (que geralmente é o ces, história em quadrinhos etc. –, em outros predomina
elemento menos considerado na análise ou construção) a argumentação – redação dissertativa-argumentativa,
é o ponto de vista do autor. Quando o autor cria uma teses, dissertações, artigo de opinião etc.
obra, ele insere em suas palavras muito de si. Sua visão No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
de mundo, seus valores, sua construção psicológica e inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
seu ideal de personagens e cenas, seu desejo de expor, essa figura que demonstra como podemos identificar
revelar ou ocultar a verdade, dentre outras coisas. os tipos textuais e suas principais características, tendo
O ponto de vista do autor pode mudar muito o enre- em vista que cada sequência textual apresenta carac-
do a ser elaborado: pode dar dicas ou camuflar even- terísticas próprias as quais, conforme mencionamos,
tos, pode atribuir ritmo, ajustar pensamentos, nortear pouco ou nada sofrem em alterações, mantendo uma
interpretações, explicar detalhes e até mesmo produzir estrutura linguística quase rígida que nos permite clas-
narrativas fora do texto. Por isso, é necessário investir sificar os tipos textuais em 5 categorias: Narrativo, Des-
algum tempo à análise desse elemento narrativo para critivo, Expositivo, Instrucional, Argumentativo.
tornar a produção o mais adequada possível, expondo
não apenas o enredo que está sendo narrado, mas tam- GÊNERO TEXTUAL
bém o autor que está por trás da narrativa.
O ponto de vista na literatura é a ótica da narrativa
do autor. Esse elemento aparece sorrateiramente na FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
trama por meio dos seis sentidos do protagonista que
são, normalmente, os cinco sentidos, potencializando
sua intuição. O autor tem total liberdade para criar A partir desse esquema, podemos identificar que a
novos significados para a sua narrativa e também orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
pode definir se ela será apresentada ao leitor por meio tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
de um ou mais personagens. predominante que o texto deve manter, organizado
Quando a história é contada por mais de um perso- pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
nagem fictício, a transição do ponto de vista do autor
deve ser bem definida e os detalhes devem estar bem TIPO TEXTUAL
claros, para que isso não confunda o leitor. A menos Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresenta-
que o enredo exija, a trama não precisa ser narrada por das no texto. Também é chamado de sequência textual
todos os personagens, então o autor deve determinar
qual deles deterá o “ponto de vista”. Isso não signifi- GÊNERO TEXTUAL
ca que, quando for essencial para o desenvolvimento Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
da história, um ou mais capítulos não possam conter o socialmente
ponto de vista de outros personagens. Após definir esse
ponto, o autor passa a dar um contexto ao seu protago- Uma última informação muito importante sobre
nista, traçando uma linha geográfica e temporal. tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
O autor também deve se atentar em estabelecer inti- texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
midade com o leitor, para que ele se conecte à trama e ao re é a existência de predominância de algumas sequên-
LÍNGUA PORTUGUESA

protagonista e seja capaz de imaginar todos os detalhes, cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
as sensações e os sentidos que o personagem está viven- Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
ciando naquele momento. Por exemplo, quando o autor diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
descreve o trecho na perspectiva do personagem princi- suas principais características e marcas linguísticas.
pal, ele não deve citar seu choro, a menos que o prota-
gonista esteja olhando seu reflexo em um espelho. Mas CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
o autor pode descrever a sensação dos olhos enchendo- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
-se de lágrimas, uma ou outra escapando pelo canto dos
olhos e o toque da lágrima fria escorrendo pelo rosto. Narrativo
Assim, o ponto de vista é muito importante para
a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é Os textos compostos predominantemente por se-
essencial para interpretar o texto e responder corre- quências narrativas cumprem o objetivo de contar
tamente às questões. uma história, narrar um fato, por isso precisam man- 15
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos Importante!
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um Os gêneros textuais predominantemente narra-
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. tivos apresentam outras tipologias textuais em
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- sua composição, tendo em vista que nenhum
vo pode ser caracterizado por sete aspectos: texto é composto exclusivamente por uma
sequência textual. Por isso, devemos sempre
z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi- identificar as marcas linguísticas que são predo-
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa; minantes em um texto, a fim de classificá-lo.
z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente;
z Ações (para o clímax): acontecimentos que ampliam Para sua compreensão, também é preciso saber o
a tensão; que são marcadores temporais e espaciais.
z Resolução: momento de solução da tensão; São formas linguísticas como advérbios, pronomes,
z Situação final: retorno da situação equilibrada; locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físi-
z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre co ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
a resolução; esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e
z Moral: apresentação de valores morais que a his- a tensão da história, além de garantirem a coesão do tex-
tória possa ter apresentado. to. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atual-
mente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
te exemplo: a canção Era um garoto que como eu amava sença do narrador da história. Por isso, é importante
os Beatles e os Rolling Stones, da banda Os Incríveis. aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem rador de um texto:
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo. Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
responsável por contar os fatos que compõem o texto.
Era um garoto que como eu
1. Situação ini- Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes-
Amava os Beatles e os Rolling Stones
cial: predomínio soa. O narrador participa dos fatos.
Girava o mundo sempre a cantar
de equilíbrio Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pes-
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Havia uma garota afim porém não participa das ações.
Cantava Help and Ticket to Ride Narrador onisciente: os fatos podem ser contados em 3ª
Oh Lady Jane, Yesterday ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade participa das ações, porém o fluxo de consciência do nar-
início da tensão
Mas uma carta sem esperar rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Stop! Com Rolling Stones predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Stop! Com Beatles songs rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Lutar com vietcongs narrativos não significa que não possam apresentar
Era um garoto que como eu outras sequências em sua composição.
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Girava o mundo, mas acabou classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Fazendo a guerra no Vietnã ção nas marcas que predominam no texto.
Cabelos longos não usa mais Após demarcarmos as principais características do
Não toca a sua guitarra e sim tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Um instrumento que sempre dá cas mais importantes da sequência textual classifica-
5. Situação final
A mesma nota, da como descritiva.
6. Avaliação
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas Descritivo
Só gente morta caindo ao chão O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
Ao seu país não voltará
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Pois está morto no Vietnã zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequência
Stop! Com Rolling Stones descritiva como suporte para um propósito maior. São
Stop! Com Beatles songs exemplos de textos em que o tipo textual predominan-
7. Moral
Stop! Com Beatles songs te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
No peito, um coração não há classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
Mas duas medalhas sim Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra- sões a respeito de alguns aspectos do território que
tivo podem ser resumidas em marcas de organização viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
linguística caracterizadas por: presença de marcado- Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
res temporais e espaciais; verbos, predominante- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
mente, utilizados no passado; presença de narrador que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
16 e personagens. entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim
nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela
tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos
dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha

Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml 17
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico anterior apresenta as informações
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- pertinentes sobre o panorama mundial da situação
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a da água no ano de 2016. O gênero foi construído com
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira
riormente, os textos expositivos também apresentam
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente.
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
Organização do texto descritivo: outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argumenta-
tivos que são classificados como expositivos, pois utilizam
exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:

z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-


sença de verbos de estado;
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
Expositivo organizam a informação;
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
z Presença de figuras de linguagem como metáfora
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
e comparação;
textual, é muito comum a presença de dados, informa- z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem final do texto.
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
horóscopos e também nos manuais de instrução.
A principal marca linguística dessa tipologia é a
presença de verbos conjugados no modo imperati-
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
18 mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
Para que possamos identificar corretamente essa
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- Importante!
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
exemplo a seguir: O tipo textual argumentativo não pode ser
confundido com o gênero textual dissertativo-
-argumentativo. Esse gênero é composto por
Como faço para criar uma conta do Instagram? sequências argumentativas, mas também há
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPho-
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor.
ne) ou Google Play Store (Android).
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
para abri-lo. O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insi- Quando pensamos em uma definição para gêne-
ra seu endereço de e-mail ou número de telefone (que
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
exigirá um código de confirmação), toque em Avançar.
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
Também é possível tocar em Entrar com o Facebook
cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
para se cadastrar com sua conta do Facebook.
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
na conta do Facebook, caso tenha saído dela. seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
07/09/2020.
sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
No exemplo acima, podemos destacar a presença de peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe, na época em que foram escritas.
toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como: De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos ros textuais, devemos identificar os elementos que
textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
Argumentativo entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
plo, e também é fundamental identificar as razões que
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais nos levam a classificar cada um desses gêneros com
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior
termos diferentes.
grau de dificuldade na identificação, bem como em
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo E importante saber que, esse ponto de interseção é
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a o que podemos estabelecer como os principais aspec-
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- tos de classificação de um gênero textual.
tos que visam sustentar essa tese. Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.
Nesse tipo de texto, a introdução apresenta o ponto 71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual
de vista (tese) a ser defendido pelo autor de maneira con- gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
textualizada. No segundo e terceiro parágrafos, o autor comportamentos estereotipados e anônimos que se
pode utilizar estratégias argumentativas para sustentar estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
o seu ponto de vista, como dados estatísticos, definições,
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro
exemplificações, alusões históricas e filosóficas, referên-
cias a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o elemento que precisamos identificar para classificar
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apresenta um gênero é o papel social, marcado pelos compor-
possíveis soluções para o problema em questão. tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem
Outro aspecto importante dos textos argumentati- vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com-
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- preender tão bem quanto ser compreendido.
cas conhecidas como operadores argumentativos, que Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife-
organizam as orações subordinadas, estruturas mais rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos
comuns nesse tipo textual.
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
A seguir, apresentamos um quadro sintético com
algumas estruturas linguísticas que funcionam como to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
LÍNGUA PORTUGUESA

operadores argumentativos e que facilitam a escrita e fator social dos gêneros textuais também irá direcio-
a leitura de textos argumentativos: nar outros aspectos importantes na classificação des-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social
OPERADORES ARGUMENTATIVOS em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de
É incontestável que... alterações em sua estrutura.
Tal atitude é louvável, repudiável, notável... Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
É mister, é fundamental, é essencial... tornando o gênero completamente modificado, como
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju- a uma finalidade específica e momentânea, como
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da
estrutura argumentativa desse tipo textual. loja “O Boticário”: 19
Outra importante característica que devemos refor-
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS

Relação com aspectos Associação a aspectos


sociais linguísticos

Não podem sofrer altera-


Podem ser alterados ção, sob pena de serem
reclassificados
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. (Adaptado) Estabelecem uma função Organizam os gêneros
social textuais
O gênero anúncio apresenta uma clara referência ao
gênero contos de fada, porém, a estrutura desse gênero
que é, predominantemente, narrativo foi modificada Apesar de não existir um número quantificável
para que o propósito do anúncio fosse alcançado, ou de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
seja, persuadir o leitor e levá-lo a adquirir os produtos gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
da marca. No caso do gênero anúncio publicitário, usar
fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
outros gêneros e modificar sua estrutura básica é uma
na resolução de questões que envolvam esse assun-
estratégia que é estabelecida a fim de que a principal fun-
ção do anúncio se cumpra, qual seja: vender um produto. to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
A partir desses exemplos, já podemos enumerar gêneros textuais abordados em importantes bancas
mais algumas características comuns a todos os tipos de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e tões de provas de concursos anteriores que irão nos
do propósito dos gêneros textuais que é, para alguns auxiliar a praticar esse conteúdo.
autores, como Swales (1990), chamado de propósito
comunicativo. Segundo esse autor, os gêneros têm a NOTÍCIA
função de realizar um objetivo ou objetivos; então, ele
sustenta a posição de que o propósito comunicativo é A notícia é um gênero textual de caráter jornalís-
o critério de maior importância, pois é o que motiva tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de
uma ação e é vinculado ao poder do autor. maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
Além disso, um gênero textual, para ser identifica- tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o composição linguística, por isso, é fundamental sem-
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
pre termos em mente as características basilares de
textual, que resguarda características básicas do gêne-
todos os principais tipos textuais, os quais tratamos
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
nado acima, identificamos traços do gênero contos de anteriormente.
fada tanto na porção textual do anúncio que começa Como aprendemos no início deste capítulo, os gêne-
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens ros textuais possuem características que os distinguem
que remetem ao conto da “Branca de Neve”. dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os a questões sociais, um propósito comunicativo e apre-
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e sentar uma configuração mais ou menos padrão que
também a escrever esse gênero quando necessitam. varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Isso é o que torna a característica da prototipicidade tão Por ser um gênero, a notícia também apresenta
importante no reconhecimento e na classificação de um essas características. Seu propósito comunicativo é
gênero. Ademais, os traços estereotipados de um gênero informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
devem ser reconhecidos por uma comunidade, reafir- resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
mando o teor social desses elementos e estabelecendo a com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
importância de um indivíduo adquirir o hábito da leitu- transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra
ra, pois quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto. importante característica da notícia é a sua configura-
Portanto, a partir de todas essas informações sobre os
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por
gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira resu-
leitores de uma comunidade.
mida, os gêneros textuais são ações linguísticas situa-
das socialmente que servem a propósitos específicos Essa configuração própria da notícia é reconheci-
e são reconhecidos pelos seus traços em comum. A da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia.
seguir, demonstramos uma tabela com as características Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro-
básicas para a correta identificação dos gêneros textuais: totípico desse gênero:

GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: Casal suspeito de assaltos é preso após


z Ações sociais colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete
z Ações com configuração prototípica da polícia, em Fortaleza
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade Foram apreendidos três aparelhos celu-
z O propósito de uma ação social lares roubados e uma arma de fogo com Lead
z Divididos em classes seis munições.
20
Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
Um casal suspeito de realizar assaltos foi
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
preso após capotar um carro ao dirigir na
contramão enquanto fugia da polícia na como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri- As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
que Jorge, em Fortaleza. ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo podem ser veiculadas em suportes escritos, como
tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
em alta velocidade pelas ruas após abor- redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
dar de forma fria os pertences. “A mulher ção desse gênero atualmente.
estava conduzindo o carro e o comparsa Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
dela abordava as pessoas colocando a tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
arma na cabeça”, afirmou. um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020. que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja
A despeito dessas diferenças na construção dos
seu propósito de informar, é fundamental que o autor
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
nar seu texto imparcial e objetivo:
perguntas: O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
primeira por seu caráter essencialmente informativo.

NOTÍCIA REPORTAGEM

Apresenta um fato de Questiona fatos e efeitos


forma simples e objetiva; de um fato determinado;

Apresenta argumentos
Objetivo é informar;
sobre um mesmo fato;

Apuração dos fatos


Apuração extensa;
objetiva;
É importante ressaltar que, com o advento das
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o Conteúdo sem ordem
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas determinada, pode apre-
diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a Conteúdo de curto prazo;
sentar entrevistas, dados,
informação, porém também abre margem para a cria- imagens, etc.
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema
de organização das notícias tentando passar alguma Conteúdo segue o mode-
credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos lo da pirâmide invertida
afirmar que a fonte de publicação é tão importante
para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru- Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.
tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
O próximo gênero que trataremos é a reportagem É importante ressaltar que nenhum gênero é com-
que guarda sutis diferenças em comparação com a notí- posto apenas por uma única sequência textual e que,
cia e também é muito abordada em provas de concursos. portanto, a reportagem também apresentará esse
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
REPORTAGEM mentativo, porém pode apresentar outras sequências
textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu-
temente da notícia, além de oferecer informações
dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro-
acerca de um assunto, também apresenta os pontos
vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
provas de seleções: o artigo de opinião.
argumentativo; essa é a principal diferença entre os
gêneros notícia e reportagem. ARTIGO DE OPINIÃO
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon- para analisar, avaliar e responder a uma questão con-
LÍNGUA PORTUGUESA

tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com troversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula,
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre principalmente, em jornais e revistas impressos ou
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre- virtuais. Com o artigo de opinião, temos a discussão
diente” dos textos desse gênero que são representados, de um problema de âmbito social. E, por meio dessa
predominantemente, pela sequência argumentativa. discussão, podemos defender nossa opinião, como tam-
É importante relembrarmos que o tipo textual bém refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda,
argumentativo é organizado em três macro partes: propor soluções para a questão controversa.
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele
de ampla repercussão e interesse do público, algo que terá que usar de informações, fatos, opiniões que
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar-
busca apenas a divulgação da informação. bosa aponta: 21
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que EDITORIAL
se busca convencer o outro de uma determinada
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
meio de um processo de argumentação a favor de cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi-
uma determinada posição assumida pelo produtor torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
um processo que prevê uma operação constante de
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos
sustentação das afirmações realizadas, por meio
da apresentação de dados consistentes que possam textos argumentativos de uma forma geral, iremos
convencer o interlocutor (2011, p. 305). nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, opinião, por exemplo.
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como:
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos.
É por meio da escolha de determinados recursos lin- EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade de um tema atual;
de interpretação presente no cotidiano da linguagem z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas leitores sobre alguma temática importante;
intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22). z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a
Quando queremos dar uma opinião sobre determi- favor de uma causa de interesse coletivo;
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento z Sua estrutura também é baseada em: Introdu-
sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos
ção, Desenvolvimento e Conclusão.
de opinião são especialistas no assunto por eles abor-
dado. Ao escolherem um assunto, os autores devem
O início de um editorial é bem semelhante ao de
considerar as diversas “vozes” já existentes sobre
mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
ou negar determinadas vozes. ou problema social a ser debatido no texto, poste-
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de riormente segue-se a apresentação do ponto de vista
um texto de opinião deve ser simples, direta, convin- defendido e conclui-se com a retomada da opinião
cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei- apresentada incialmente. A principal diferença entre
ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal; editorial e artigo de opinião é que aquele representa
porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique
centrada só em suas próprias opiniões. EDITORIAL — MARCAS LINGUÍSTICAS
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;
estruturação: z Uso do modo indicativo nas formas verbais
predominante;
z Identificação do tema, acompanhada de seus ante- z Linguagem clara, objetiva e impessoal.
cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de O editorial, além de ser um gênero muito comum
modo a justificar a tese;
nas provas de interpretação textual em concursos
z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti- públicos, também é, recorrentemente, cobrado por
culadas e o texto é concluído. muitas bancas em provas de redação. Por isso, a
seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
que cobrem redação.
Identificação da questão polêmica
Introdução
alvo de debate no texto
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR
Tese do autor (posicionamento PARÁGRAFOS
defendido) – Tese contrária (posi-
Desenvolvimento cionamentos de terceiros) – Acei- Apresentação do tema (situando o leitor)
tação ou refutação – Argumentos Parágrafo 1 e já com um posicionamento definido. Ser
a favor da tese do autor do texto didático ao apresentar o assunto ao leitor.
Fechamento do texto e reforço do Contextualização do tema, comparando-
Conclusão -o com a realidade e trazendo as causas
posicionamento adotado
Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
No processo de escrita de qualquer texto, é preci- Mais uma vez, posicionamento sobre o
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as assunto.
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex- Análise e as possíveis motivações que
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais tornam o tema polêmico (ou justificativas
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. dados factuais, exemplos concretos que
A fim de mantermos a linha de pensamento nos ilustram a argumentação.
estudos de textos argumentativos, seguimos nossa
abordagem apresentando outro gênero sempre pre- Conclusivo, com o posicionamento crí-
sente nas provas de língua portuguesa em concursos Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento
22 públicos: o editorial. inicial sem se repetir.
CRÔNICA – Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte
que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite- música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
ponto de encontro com nosso núcleo mais profundo.
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser
um gênero curto de cunho social voltado para temas Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada
atuais, é muito usado em provas de concurso para um possa abrir a sua.
ilustrar questões de interpretação textual e também – A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dra-
para contextualizar questões que avaliam a compe- gões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras
tência gramatical dos candidatos. agitam suas múltiplas cabeças.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidia- – Todas as palavras do sagrado, todas elas foram
na sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou postas nos livros que deram origem às religiões e
argumentativas. neles conservadas.
Crônica Narrativa Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.

z Limita-se a contar fatos do cotidiano


Como podemos notar, a crônica trata de um assun-
z Pode apresentar um tom humorístico
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci-
z Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua
opinião e segue argumentando sobre a importância
Crônica Argumentativa
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea-
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
z Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto
em debate
CARTA ARGUMENTATIVA
z Uso de argumentos e fatos
z Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
z Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo As cartas argumentativas são textos que pretendem
advogar pelo ponto de vista de quem escreve e convencer
Apesar de as formas de texto verbais serem o for- quem está lendo.
mato mais comum na construção de uma crônica, São formadas pelas seguintes partes: data, vocativo,
atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas corpo do texto, despedida e assinatura.
em outros formatos, como vídeo, muito divulgados O corpo do texto possui três elementos: a ideia
nas redes sociais. principal do escritor, o desenvolvimento dos argu-
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, mentos e a conclusão da ideia.
trata-se de um texto com estrutura argumentativa A linguagem utilizada deve ser objetiva, com cla-
padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão), reza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no
muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é presente do indicativo (as vezes, no imperativo), pre-
um gênero que passeia pelos ambientes literários e dominantemente na 1ª ou 3ª pessoa.
jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com Confira o modelo a seguir:
observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac-
terística presente nesse gênero é o uso de figuras de
linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam Brasília, 30 de julho de 2009.
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney,
que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que
podemos identificar as principais características des- Com as minhas considerações, venho tratar
se gênero: de um assunto bastante recorrente na mídia nos
últimos meses, o qual envolve diretamente V. Exa.,
O que é um livro? como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual
tenho o maior respeito. Trata-se de denúncias de
O que é um livro? A pergunta se impõe neste favorecimento a vários senadores, por via de Atos
momento em que que a isenção de impostos sobre Secretos, inclusive o Senhor, fato que envergonha a
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento todos nós, brasileiros.
está em risco. Uma contribuição tributária de 12%
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto precisa A minha visão é de que o Senhor Presidente
dela. deveria pedir afastamento do cargo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo Sem querer fazer um julgamento precipita-
para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de do, mesmo porque todos são inocentes até que se
um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a cama prove o contrário, o fato é que as denúncias exis-
das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com tem e não são simples. São muitos os indícios de be-
harmonia. neficiamento ilícito, como casos de nepotismo e au-
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo mento de verba indenizatória, sem publicação nos
devidos órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelên-
para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo
cia aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso,
em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de
acho que sair, pelo menos temporariamente, seria
vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do
uma prova de que pretende colaborar com as in-
presente, com todos os conhecimentos adquiridos e as
vestigações.
novas maneiras de viver. […] 23
z Linguagem: segue a norma culta da língua, mas
Tais investigações constituem um elemen- pode apresentar marcas de oralidade e linguagem
to decisivo para a transparência pública, uma vez coloquial para se aproximar do leitor, a fim de
que a sociedade precisa ter conhecimento de como
persuadi-lo.
o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo
aplicados. Num país em que a educação e saúde, só z Função social: está presente tanto na forma oral
para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de como escrita, em redes de televisão, sites e outros
mal a pior, é inadmissível aceitarmos que ocorrên- meios digitais, jornais, revistas, dentre outros.
cias dessa natureza sejam consideradas normais.
Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Se- CARTA DE RECLAMAÇÃO OU DE SOLICITAÇÃO
nador deve pedir licença, visando sempre ao inte-
resse público. z Público: o leitor sempre está especificado no início
da carta e o autor também.
Como cidadão brasileiro, consciente de mi-
nhas obrigações e direitos, é este o meu posiciona- z Escrita: há marcas de primeira pessoa e experiên-
mento. Se quem não deve não teme, dê-se a chance cias pessoais para explicar a reclamação ou solici-
de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de de- tação. Além disso, a linguagem é clara e objetiva,
núncias infundadas, e isso só pode ser feito a partir seguindo a norma culta da língua.
do momento em que não mais ocupar a Presidência z Função social: a carta pode ser enviada direta-
dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem estará des- mente a alguma instituição, entidade ou pessoa
vinculada de toda e qualquer “manobra” que por-
responsável, ou ainda publicada em meios de comu-
ventura exista para não prolongar o caso.
nicação. A função social depende especificamente
Com os meus respeitos. do conteúdo reclamado ou solicitado na carta.

Povo Consciente. O gênero Carta de reclamação e de solicitação


necessariamente deve ter a estrutura de carta, que
Disponível em: <http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/ inclui:
modelo-de-carta-argumentativa.html>. Acesso em 28 jan. 2021.
z Local e data;
DISSERTAÇÃO z Destinatário;
z Saudação;
z Público: qualquer pessoa pode ser o leitor, não há z Corpo do texto e
especificamente um perfil de leitor. z Despedida.
z Escrita: não há marcas de pessoalidade nesta
escrita. GÊNEROS DIGITAIS
z Linguagem: a linguagem é objetiva e segue a nor-
ma culta da língua. Os gêneros digitais são formas de construção de tex-
z Função social: geralmente, aparece em situações tos que foram criadas especificamente para serem usa-
acadêmicas. das em meios digitais, sejam eles orais ou escritos. Como
já abordamos, muitos deles surgiram naturalmente, de
RESENHA CRÍTICA acordo com as demandas das plataformas digitais. Exis-
tem plataformas cuja apresentação das informações
z Público: geralmente, tem um público específico a ocorre por vídeos, outras somente por áudio, outras por
depender do tema tratado.
fotos com legendas, por isso, cada um deles configura
z Escrita: podemos explicar a resenha como sendo
um gênero que vamos abordar mais à frente.
um resumo de uma obra ou fragmento dela (filme,
série, livro, exposição) que apresenta a opinião do
Características dos gêneros digitais
autor, por isso, a escrita apresenta linguagem pes-
soal, mas sempre alinhada com a expectativa do
z Variedade: ao contrário do que pensamos, os
leitor e de acordo com a temática.
gêneros digitais apresentam grande variedade de
z Linguagem: a escrita segue a norma culta da lín-
tipos textuais e de características, por isso, esse é o
gua, com linguagem clara e objetiva.
primeiro ponto a ser destacado. Não há uma una-
z Função social: a resenha pode ser acadêmica,
nimidade de características, nem tampouco uma
publicada em livros e revistas acadêmicas ou não,
linearidade entre os gêneros digitais.
publicada em sites, blogs, jornais e revistas de
grande circulação. z Grau de formalidade: podem apresentar diferen-
tes graus de formalidade, a depender da platafor-
ANÚNCIO PUBLICITÁRIO ma e da intenção do texto.
z Escrita: existem alguns gêneros que exigem o uso
z P
úblico: cada anúncio tem seu público específico, da norma culta da língua, seguindo a variedade
que pode estar em diversos segmentos da sociedade. padrão e uma linguagem mais formal, no entan-
z Escrita: o anúncio geralmente usa as lingua- to, há também os gêneros informais, que aceitam
gens verbal e não verbal para tentar convencer o o uso de abreviações, gírias e vocabulário próprio
24 interlocutor. para um grupo social.
z Linguagem: a linguagem das mídias digitais geral- z Canal: Publicado em sites com temáticas específi-
mente é clara e objetiva, pois há um interesse na cas como moda, maquiagem, beleza, jogos eletrô-
rapidez das informações e conversas. Além dis- nicos, política, ciência, medicina, as temáticas são
so, os produtores de conteúdo buscam audiência quase infinitas, qualquer tema pode ser tratado
e para tanto, precisam atrair os interlocutores o em um site ou blog.
mais rápido possível, para que eles permaneçam z Função social: em uma visão mais ampla, a fun-
em suas postagens, sejam elas escritas, fotos ou ção é informar e transmitir conhecimento, em
vídeos. O que nos leva ao próximo tópico. uma visão mais centrada, a função vai depender
z Forma: a forma é muito variável. Existem gêne- da temática e do público-alvo.
ros em texto, como a notícia, que já existia antes
das mídias digitais; outros são apenas em formato Podcast
de áudio, como o podcast; outros ainda são curtos
como as legendas das fotos; podem ser também Consiste em um áudio, que pode ser curto ou lon-
híbridos, utilizando imagens e textos verbais, go, do qual participam uma ou mais pessoas com a
como os vídeos ou memes. A forma varia de acor- intenção de compartilhar informações ou debater um
do com a plataforma na qual é utilizada e a inten- tema e compartilhar esse debate.
cionalidade do autor.
z Temática: existem desde podcasts de humor até
podcasts de aulas sobre marketing, empreende-
Importante! dorismo, línguas estrangeiras ou psicologia, qual-
quer tema pode ser tratado em um podcast.
Os gêneros digitais são diversos e têm uma z Linguagem: a linguagem é muito variável, de
ampla abrangência, prezando, no geral, pela rapi- acordo com a temática e o contexto, mas, no geral,
dez na transmissão das informações e variando usa a norma culta da língua.
em outros aspectos. z Canal: existem plataformas e aplicativos para pos-
tar e para ouvir podcast. Sua forma é unicamente
por áudio.
PRINCIPAIS GÊNEROS DIGITAIS E SUAS z Função social: na maioria das vezes, a função é
CARACTERÍSTICAS compartilhar conhecimento a respeito de um tema.

Anúncio publicitário on-line E-mail

z Estrutura: Tem a mesma estrutura de uma carta,


Aparecem em diversos formatos, em vídeo, foto com remetente, destinatário, saudação e despedi-
e texto ou apenas texto (mais difícil), ele tem como da. Costuma ser mais formal, mas pode ser infor-
finalidade promover um produto, campanha gover- mal também.
namental ou serviço. Para isso, precisa estar alinhado z Temática: geralmente, trata de assuntos profissio-
com as necessidades/expectativas do interlocutor, que nais ou educacionais, mas também está disponível
pode ser seu consumidor. para qualquer tema.
z Linguagem: segue a norma culta da língua, poden-
z Temática: pode abordar diferentes temáticas, a do ter características da linguagem formal e da
depender do produto ou serviço apresentado. Des- linguagem informal, a depender do tema e do con-
de itens para crianças até serviços de profissionais texto de uso.
autônomos. z Canal: é enviado por plataforma, aplicativo ou site
z Linguagem: no geral, segue a norma culta da lín- específico.
gua, mas admite a presença da linguagem colo- z Função social: o e-mail existe, basicamente, para a
quial e informal, a depender da intencionalidade. comunicação rápida utilizando textos longos e outros
z Canal: pode ser publicado em qualquer esfera recursos como imagens e documentos anexos.
digital, sites, blogs, redes sociais, dentre outros.
z Função social: a função é de convencer o leitor/ Meme
espectador a se tornar um cliente da marca ou par-
ticipar de um evento, sendo assim, a função deve Trata-se de um gênero híbrido (linguagem verbal
ir neste sentido, a depender do produto/serviço e não verbal)  com caráter humorístico que viraliza
oferecido. rapidamente em diferentes formatos (imagem, vídeo
ou áudio) e que é adaptado a depender do contexto.
Post em site ou blog z Temática: temáticas relacionadas a atualidades,
como política ou situações cotidianas com as quais
LÍNGUA PORTUGUESA

Geralmente é apresentado em formato de texto, as pessoas se identificam.


mas pode incluir também imagens e gráficos, poden- z Linguagem: a linguagem é coloquial e informal,
do ou não ter algum vídeo associado ao texto. Tem admite o uso de gírias, abreviações e mescla texto
como objetivo passar informações mais completas, e imagem, além disso, usa de figuras de linguagem
por isso é um texto mais longo que se aprofunda em como a hipérbole e ironia para cumprir sua função
determinado tema. de ser divertido e engraçado.
z Canal: sendo um gênero híbrido, geralmente uma
z Temática: os temas podem ser variáveis, a depen- imagem com o texto é compartilhado em qualquer
der da área de atuação do site ou blog. mídia digital, conversas em chat, redes sociais de
z Linguagem: a linguagem é adequada ao público imagens ou vídeos e há sites específicos para cap-
que irá buscar pelo tema em sites e blogs, mas, no turar um meme e utilizar em qualquer contexto.
geral, deve seguir a norma culta e aceita traços de z Função social: sua função é entreter os usuários
informalidade como abreviações e gírias. com imagens ou vídeos. 25
Chat Os textos não são somente um aglomerado de pala-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
Tem como objetivo promover conversas em grupo das e organizadas harmoniosamente de maneira que
ou em duplas, utilizando a escrita, áudios, imagens e o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
vídeos. Pode ser utilizado por empresas ou instituições ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
de ensino para facilitar o diálogo entre seus colaborado- chama de coesão textual. Os articuladores responsá-
res/alunos ao mesmo tempo. Dois aplicativos são os mais veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
utilizados para isso no Brasil: Whatsapp e Telegram. são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
articulados de forma que garanta uma relação lógica
entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
z Temática: qualquer temática pode ser abordada
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
em um chat.
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
z Linguagem: admite o uso de linguagem coloquial,
diretamente à significação do texto, aos sentidos que
com gírias e abreviações, com tom de informali-
ele produz para o leitor.
dade, no entanto, em algumas situações formais,
é exigida a formalidade e o uso da norma padrão.
z Canal: utilizada em plataformas e aplicativos pró- COESÃO
prios para isso. Utiliza-se de elementos superficiais, dando-se ênfase na
z Função social: basicamente, a função é de comu- forma e na articulação entre as ideias.
nicação simples, fácil e rápida.
COERÊNCIA
Dica Subjacente ao texto, enfatiza-se o conteúdo e a produ-
A função social não pode ser determinada aqui ção de sentido/relação lógica.
nem em outro material didático, ela depende
especificamente da análise de cada texto. Aqui, Podemos usar uma metáfora muito interessante
tratamos no geral de como você pode identificar quando se trata de compreender os processos de coe-
a função social de um texto dos gêneros digitais, são e coerência.
mas é necessário ter muita atenção para identifi- Essa metáfora nos leva a comparar um texto com
car e interpretar cada texto. um prédio, tal qual uma boa construção precisa de
um bom alicerce para manter-se em pé; um texto bem
A FUNÇÃO SOCIAL DAS NOVAS TECNOLOGIAS construído depende da organização das nossas ideias,
da forma como elas estão dispostas no texto. Isso sig-
As novas tecnologias deixaram de ser o futuro nifica que precisamos utilizar adequadamente os pro-
para se tornar o presente. A pandemia da Covid-19 cessos coesivos, a fim de defendermos nossas ideias
acelerou esse processo e hoje é possível fazer muitas adequadamente.
coisas utilizando tecnologias e meios digitais. Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
No início, as tecnologias e mídias digitais eram usa-
que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
das apenas para lazer e diversão, para compartilhar
palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
brincadeiras, piadas e algumas poucas notícias. Hoje,
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
todos os canais de notícias sérios e relevantes estão
cas que os processos envolvendo a coerência.
presentes nas plataformas digitais e, por meio delas, Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
podemos trabalhar, nos comunicar, pedir entregas de características da coerência em um texto e como esse
supermercado, farmácia, lanches, e qualquer outro processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
item. Além disso, podemos estudar, assistir a aulas e mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
reuniões ao vivo, participar de encontros distantes geo- vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
graficamente, mas que estão dentro de nossas casas. coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- chi (2007), afirmou que a coerência é “algo dinâmico
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os que se encontra mais na mente que no texto”.
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
algumas metodologias (e também em alguns editais de passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. são. A autora afirma que a coerência:

[...] Não está no texto em si; não nos é possível


apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
TEXTO E TEXTUALIDADE: COESÃO, [...] numa dada situação comunicativa, na qual o
COERÊNCIA E OUTROS FATORES DE leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
TEXTUALIDADE confere sentido ao que lê (2013, p. 31).

COERÊNCIA E COESÃO A seguir iremos nos ater aos processos de coesão


importantes para uma boa compreensão e elaboração
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- textual. É importante destacar que esses processos
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e de coesão não podem ser dissociados da construção
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- de sentidos implícita no processo de organização da
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
26 e por que buscar esse padrão é importante. com fins estritamente didáticos.
COESÃO REFERENCIAL para a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader
Ginsburg. O presidente defendeu que tem esse direi-
A coesão é marcada por processos referenciais to, pois os republicanos têm maioria no Senado [Casa
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que que ratifica essa escolha] e criticou os democratas,
inserem ou retomam uma porção textual. dizendo “que eles ainda não aceitaram que perderam
Os processos marcados pela referenciação caracte- a eleição”. […].
rizam-se pela construção de referentes em um texto, O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
os quais se relacionam com as ideias defendidas no são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
texto. Esse processo é marcado por vocábulos gra- de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris
maticais e pode ser reconhecido pelo uso de algumas Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até que
classes de palavras, das quais falaremos a seguir. uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
dizendo que Trump “não tem um plano para essa
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
“as expressões que retomam referentes já apresenta- a China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no
dos no texto por outras expressões são chamadas de começo” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: e da própria China e, com pouca modéstia, disse que
fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA.
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro,
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
que vivia de suas discretas lutas, no início de sua car-
debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
reira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um
jovem promissor, mas nunca se interessou realmen-
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-
te em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota ita-
liano chamado Tony Gazzo, com quem manteve uma peração da informação apresentada é feita a partir de
certa amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-
descendente de italiano e o ajudou dando US$ 500,00 mes destacados recupera o assunto informado e ajuda
para o seu treinamento, na primeira luta que fez com o leitor a construir seu posicionamento. É importante
Apollo Creed. buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”,
30/09/2020. Adaptado. já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
A partir da leitura, podemos perceber que todos os pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
termos destacados fazem referência a um mesmo refe- to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs-
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza- tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas maior, fazendo referência ao momento de pandemia
gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. pelo qual o mundo passa.
Já os processos referenciais catafóricos apontam O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
para porções textuais que ainda não foram mencio- da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
Não é possível saber qual dos homens estava
são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras
Dica relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
Em provas de concursos e seleções, ainda se são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
encontra a terminologia “expressões referenciais va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no escolares. O interesse das principais bancas de con-
material. No entanto, é importante salientar que, cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
de processos coesivos visa analisar a capacidade do
processos referenciais que recuperam e/ou apon-
candidato de reconhecer a que e qual elemento está
tam para porções textuais.
construindo as referências textuais.
USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
USO DE NUMERAIS
Utilizar pronomes para manter a coesão de um
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
LÍNGUA PORTUGUESA

categorias gramaticais concorre para a progressão tex-


rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro-
a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste cesso é o uso de numerais.
estudo os principais pronomes utilizados em recursos Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
textuais para manter a coesão. essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias
A pronominalização é a base de recursos anafóri- em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-
cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-
específico a que o autor faz referência no texto. Veja- riores numa relação de coesão.
mos dois exemplos: Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
foi quente, com diversas interrupções e acusações As formas destacadas são numerais ordinais que
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indi- recuperam informação no texto, evitando a repetição
cação de Trump da juíza conservadora Amy Barrett de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. 27
USO DE ADVÉRBIOS
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”.
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
processo de coesão. As formas adverbias que marcam fizemos”.
tempo e espaço podem também ser denominadas de Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: falta de interesse”.
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”.
Perceba que esses advérbios só podem ser associa-
dos a um referente se forem instaurados no discurso, USO DE ELIPSE
isto é, se mantiverem associação com as pessoas que
produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos
compreenderá que a marcação temporal refere-se a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso, linguagem de uma gramática; neste material, iremos
esses elementos são conhecidos como dêiticos. nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-
Independentemente de como são chamados, esses sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
to, auxiliando também a construção da coesão textual. pósito de manter a coesão textual.
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
USO DE NOMINALIZAÇÃO recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
As expressões que retomam ideias e nomes, já cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
apresentados no texto, mediante outras formas de zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
expressão, podem ser analisadas como processos recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo:
outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações median-
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o “O Brasil evoluiu bastante
uso de pronomes. Vejamos um exemplo: desde o início do século XXI.
O país proporcionou a inclu-
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel- são social de muitas pessoas.
SEM ELIPSE
chior foi um cantor, compositor, músico, produtor, A nação obteve notoriedade
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem- internacional por causa disso.
bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, A pátria, porém, ainda enfren-
Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros ta certas adversidades...”
cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso “O Brasil evoluiu bastante des-
internacional, em meados da década de 1970. de o início do século XXI e pro-
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em: porcionou a inclusão social
30/09/2020. Adaptado. de muitas pessoas, por causa COM ELIPSE
disso obteve notoriedade in-
Todas as marcações em negrito fazem referência ao ternacional, porém ainda en-
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se frenta certas adversidades...”
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
COESÃO SEQUENCIAL
USO DE ADJETIVOS
A coesão sequencial é responsável por organi-
Os adjetivos também são considerados expressões zar a progressão temática do texto, isto é, garantir a
nominalizadoras que fazem referência a uma porção manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a
textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo promover a evolução do debate assumido pelo autor.
acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a par-
músico, produtor, artista plástico e professor” apre- tir de locuções que marcam tempo, conjunções, desi-
senta seis nomes que funcionam como adjetivos de nências e modos verbais. Neste material, iremos nos
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são
sobre essa personalidade, referida anteriormente. utilizadas para garantir a progressão textual.
É importante recordar que não podemos identifi-
Conjunções Coordenativas
car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
que ela está inserida. No exemplo mencionado, as As conjunções coordenativas são aquelas que
palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis- ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
ta, professor são substantivos que funcionam como semântico independente. Na construção textual, elas
adjetivos e colaboram na construção textual. são importantes, pois, com seus valores, adicionam
informações relevantes ao texto.
USO DE VERBOS VICÁRIOS
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e na coesão:
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
são verbos usados em substituição de outros que já Não apenas conversava com os
foram muito utilizados no texto. ADITIVA demais alunos como também
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós atrapalhava o professor.
esperávamos.
Eram ideias interessantes, porém
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas.
28 oração pelo verbo “foi”.
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
Superou o estigma que pregava
essencial para manter a progressão temática do texto,
ALTERNATIVAS “ou estuda, ou trabalha” e conse-
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-
guiu ser aprovada.
dido, levando o escritor a fugir da temática.
Ao final, faça os exercícios, pois é uma Embora também não recomendemos as repetições
EXPLICATIVA
forma de praticar o que aprendeu. exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
O candidato não cumpriu sua pro- quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,
CONCLUSIVA messa. Ficamos, portanto, desa- alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
pontados com ele.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
precisam manter uma relação contextual, estabeleci- O candidato foi encontrado com
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, Marcar ênfase duzentos milhões de reais na
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá- mala, duzentos milhões!
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver- Marcar contraste Existem Políticos e políticos.
sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
“Agora que sentei na minha cadeira
Conjunções Subordinativas de madeira, junto à minha mesa de
madeira, colocada em cima deste
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi- Marcar a
assoalho de madeira, olho minhas
nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre- continuidade
estantes de madeira e procuro um
sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas, temática
livro feito de polpa de madeira para
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi- escrever um artigo contra o desma-
nadas, ou seja, orações que precisam de outra para tamento florestal” Millôr Fernandes.
terem o sentido apreendido.
Exemplos de conjunções subordinativas atuando
na coesão: Uso de Paráfrase

Como não havia estudado suficiente, A paráfrase é um recurso de reiteração que propor-
CAUSAL ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no
resolvi não fazer essa prova.
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre
Falaram tão mal do filme que ele algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu-
CONSECUTIVA
nem entrou em cartaz. nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em
COMPARATIVA Trabalhou como um cavalo. outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
Conforme o Ministro da Economia,
CONFORMATIVA
os concursos não irão acabar.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Ainda que vivamos um período de
Castelão. Ceará no Castelão.
CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
desanimar.
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
Se estudarmos, conseguiremos da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
CONDICIONAL
ser aprovados! ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
À proporção que aumentava seus posições diferentes, cumpre um papel importante na
PROPORCIONAL horários de estudo, mais forte o progressão temática do texto.
candidato se tornava. Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Estudava sempre com afinco, a uso de expressões textuais bem características, como: em
FINAL outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
fim de ser aprovado.
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
Quando o edital for publicado, já cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
TEMPORAL
estarei adiantado nos estudos. to, garantindo a informatividade do texto.

Uso de Paralelismo
Importante!
Não confundir: As ideias similares devem fazer a correspondência
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
LÍNGUA PORTUGUESA

“Física e Química são disciplinas afins”. nome de paralelismo. Quando as construções de frases
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje- e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”. tático. Quando há sequência de expressões simétricas
no plano das ideias e coerência entre as informações,
COESÃO RECORRENCIAL ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
sentido.
Uso de Repetições

As recorrências de repetições em textos são comu- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. JUNTAS
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
vras e expressões! 29
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti- Compreendida a ideia de intertextualidade e apresen-
ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo tada sua importância para a análise textual em provas,
em que houve quebra de paralelismo: questões e textos, faz-se necessário conhecer algumas das
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” principais formas de realização da intertextualidade em
– Errado. textos e em gêneros utilizados por bancas de concurso.
Antes, porém, é necessário apontar que, conforme
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
Koch e Elias (2015), todos os textos são, em alguma medi-
– Correto. da, recuperadores de outros. Quando o leitor acessa as
Devemos manter a organização das orações, pois ideias e reconhece essa intertextualidade, estamos diante
não podemos coordenar orações reduzidas com orações de um processo de intertextualidade stricto sensu. Quan-
desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá- do não é possível acessar esse teor intertextual, trata-se
-las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas. de uma intertextualidade lato sensu. Desenvolvemos o
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é quadro abaixo para tornar essa divisão mais didática:
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- Intertextualidade
mos o seguinte exemplo:
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamen-
te, por outro podem não ter agido errado” – Incorreto.
Stricto Sensu Lato Sensu
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
lação” – Correto. Temática
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma Estilística
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto. Explícita
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma Implícita
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
PARÓDIA
INTERTEXTUALIDADE
A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
Existem diversos mecanismos que são meios verbal ou não-verbal. É muito comum tanto em tex-
importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
intertextualidade. Como vimos neste material, ao nos como no exemplo a seguir:
referirmos à ideia de construção dos sentidos median-
te o uso de gêneros textuais destacamos a estrutura, o
propósito comunicativo e a função dos gêneros. Um
outro elemento importante para a compreensão tex-
tual é a intertextualidade, que diz respeito à proprie-
dade de um texto se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020.
da qual podemos dar origem a um outro texto.
A intertextualidade está presente em nosso dia
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e
a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina-
internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
lidade textual.
tamos dois exemplos que resumem a ideia de inter-
textualidade que iremos trabalhar neste material: PARÁFRASE

A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-


siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada
um tipo de intertextualidade temática.
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos
de Luís Vaz de Camões.

Monte Castelo – Legião Urbana

Ainda que eu falasse a língua dos homens


E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria. É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
30 COLARES, Cátia. Informação Verbal. 2020. (Adaptado). Não sente inveja ou se envaidece [...]
I Carta de São Paulo aos Coríntios z Citação indireta:

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios sário atentar-se para os diversos tipos de citação
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de aqui mencionados.
maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria [...]
Importante!
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
A citação indireta é um tipo de paráfrase.
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
ALUSÃO
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
A alusão é um intertexto que faz referência a uma
É um não querer mais que bem querer; obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
é um andar solitário entre a gente; mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
é nunca contentar se de contente; cita ou implícita.
é um cuidar que ganha em se perder. Ex.: Ganhei um jogo de um aniversário que foi um
verdadeiro presente de grego.
É querer estar preso por vontade; A expressão “presente de grego” faz alusão aos
é servir a quem vence, o vencedor; fatos da Guerra de Tróia, em que os gregos fingiram
é ter com quem nos mata, lealdade [...] presentear os troianos com um cavalo de madeira
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
REFERÊNCIA invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro.

A referência é um tipo de intertextualidade explí- EPÍGRAFE


cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní-
ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe- cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê-
rências, indicando os nomes dos títulos mencionados micos ou de outros gêneros para manter uma relação
ao final do trabalho. dessa citação com o assunto abordado na obra.
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve- Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo-
mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor- cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe-
mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas”
exemplo de referência com a indicação de uma das (trecho da música Quase sem querer da banda Legião
obras citadas neste material: Urbana), para iniciar nosso debate sobre intertextua-
lidade e as possibilidades de escrevermos algo com-
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda pletamente inédito em nosso contexto atual.
Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3.
ed. São Paulo: Contexto, 2015. OUTROS POSSÍVEIS PROCESSOS INTERTEXTUAIS

As referências também são muito comuns em textos Bricolagem


jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais
documentos que sirvam de embasamento teórico. A bricolagem é um tipo de intertextualidade que
atua explicitamente no texto, pois se refere à mes-
CITAÇÃO cla de vários elementos advindos de vários textos ou
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal
A citação também é um tipo de intertextualidade característica da bricolagem é o uso de outros frag-
explícita e diz respeito às formas de citação de uma mentos textuais para a formação de uma nova com-
obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan- posição textual.
do utilizamos as palavras de outros autores, devemos Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor
mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu
fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz,
de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do para compor a letra da música.
LÍNGUA PORTUGUESA

autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a


citação passa a ser indireta. “Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen-
Independente da maneira como citamos em um tex- te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que calor amoroso que saía delas, como um corpo res-
também seguem o padrão estabelecido pela ABNT. sequido que se estira num banho lépido; Sentia um
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe
z Citação direta: que entrava enfim uma existência superiormente
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito
“A confiabilidade das fontes citadas confere rele- diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma
vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan- se cobria de um luxo radioso de sensações.”
to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
(BOAVENTURA, 2004, p. 81). Eça de Queirós – O Primo Basílio. 31
Amor I Love You – Marisa Monte O pastiche também é comum em textos imagéticos,
como o exemplo a seguir:
Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver
[...]
Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui
Amor, I love you (x8)
Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!
Era a primeira vez que lhe escreviam
Aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido
Que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acessado
em: 12/10/2020.

Tradução

A tradução é uma espécie de paráfrase para muitos


autores, pois, como sabemos, há palavras e expressões Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acessado em: 12/10/2020.
que só existem na língua de origem do escritor original.
Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferen-
tes é uma aproximação de sentidos, construída a par-
tir das leituras e do ponto de vista do tradutor. Muitos VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
escritores brasileiros são considerados como “literatu-
ra complexa” por manterem em seus textos expressões
HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICA: ASPECTOS
tão brasileiras que se tornam difíceis de expressar em
CULTURAIS, HISTÓRICOS, SOCIAIS E REGIONAIS
outras línguas. É o caso do mineiro de Cordisburgo, Gui-
marães Rosa, que apresenta uma linguagem peculiar NO USO DA LÍNGUA PORTUGUESA
repleta de neologismos, como os destacados a seguir:
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível;
Enxadachim: Designa um trabalhador do cam- ela pode ser considerada um conjunto de dialetos.
po, que luta pela sobrevivência. A palavra reúne Alguém já disse que em país algum se fala uma língua
“enxada” e “espadachim”. só, há várias línguas dentro da língua oficial. E no Bra-
Taurophtongo: Significa mugido, sendo a palavra sil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cida-
uma junção de dois termos gregos, relativos a tou- dão tem a sua. A essa característica da língua damos
ro (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
o nome de variação linguística. De forma sintética,
Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”:
“(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa
que, de tão bêbada, chega a engatinhar. padrão formal e padrão informal; cada um desses
Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa tipos apresenta suas peculiaridades e espécies deriva-
“veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o das. Vejamos:
nome dado para uma planta de folhas aveludadas.
Circuntristeza: Como a própria palavra sugere, Língua Formal
refere-se à “tristeza circundante”.
A língua formal não está, diretamente, associada a
Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acessado em: 16/10/2020.
padrões sociais; embora saibamos que a influência social
Diante desse complexo léxico, como traduzir exerce grande poder na língua, a língua formal busca for-
expressões que até para um brasileiro pode ser difícil malizar em regras e padrões as suas normas a fim de esta-
compreender? Por isso, a tradução é um texto inter- belecer um preceito mais concreto sobre a linguagem.
textual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafrasear
trechos cuja complexidade só poderia ser alcançada PADRÃO FORMAL
por falantes nativos.
Norma Culta
Pastiche
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
pelos padrões definidos conforme a classe social mais
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
abastada, detentora de poder político e cultural. As
quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
típico deste último era o programa de TV “Os trapa- pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri-
lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os três vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive,
patetas”, na década de 1960, inspirou programas no as regras da língua, direcionando o que é considerado
32 mundo todo. permitido e aquilo que não é.
Norma Padrão z Variação diafásica ou estilística

A norma padrão diz respeito às regras organizadas A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a padrões sociais; embora saibamos que a influência de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica sintática.
busca formalizar em regras e padrões as suas normas
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre VARIAÇÃO DIAFÁSICA
a linguagem. Mudança no som, como veio (pronúncia com
Diafásica E aberto) e more (pronúncia com E fechado,
fonética assemelhando-se quase a pronúncia de i)
PADRÃO INFORMAL

Coloquialismo Ocorre em contextos de informalidade, em


Diafásica que há mais liberdade para usar gírias e ex-
lexical pressões lexicais diferentes
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné-
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que
Diafásica Ocorre com a alteração dos elementos sintá-
apresenta formas informais no falar e/ou escrever.
sintática ticos, ocasionando erros
Oralidade
z Variação diacrônica
A oralidade marca as maneiras informais de se
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos.
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali- Podemos citar alguns exemplos comuns, como as
zados apenas pela linguagem oral. palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
Além dessas, a variação diacrônica também marca a
Linguagem Coloquial presença de gírias comuns em determinadas épocas,
como broto, chocante, carango etc.
A linguagem coloquial marca formas fora do
padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
existem alguns tipos de variação linguística; dentre
Quando falamos sobre a linguagem, vimos que ela
elas, as mais comuns em provas de concurso são:
abrange muito mais que a língua, pois compreende,
z Variação diatópica ou geográfica também, cores, gestos e entonação. Neste sentido, em
se tratando de texto escrito, podemos falar em lingua-
A variação diatópica pode ocorrer com sons dife- gem verbal e não verbal.
rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig- letras e palavras para passar uma informação, como,
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos por exemplo, artigo de opinião, romance, notícia, tex-
também o exemplo das variações que ocorrem em tos científicos, dentre outros. Já a linguagem não ver-
diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha- bal consegue transmitir uma mensagem sem nenhuma
mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e palavra escrita, apenas com imagens, desenhos e cores,
lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro como em fotos ou histórias em quadrinhos sem balões
para representar um carinho feito em alguém. O que de fala, bem como as charges e cartuns.
em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, Desse modo, pode-se afirmar que uma tirinha sem
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa escrita e sem balões de fala compreende um texto cuja
variação denominamos diatópica lexical, já que lexi- linguagem é não verbal. Atente-se a essas característi-
cas sobre a linguagem, pois são constantes as questões
LÍNGUA PORTUGUESA

cal significa algo relativo ao vocabulário.


que abordam esse assunto em concursos públicos.
z Variação diastrática ou sociocultural Ainda, a linguagem mista ou híbrida apresenta
esses dois tipos de linguagens juntos, que podemos
A variação diastrática, como também ocorre com ver cotidianamente em histórias em quadrinhos
a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática, com balões de falas, anúncios publicitários, dentre
dependendo do que seja modificado pelo falar do indi- outros. A união das duas linguagens promove uma
víduo. Falar adevogado, pineu e bicicreta é exemplo melhor compreensão do texto e nenhum detalhe deve
de variação diastrática fonética. Usar “presunto” ser negligenciado – texto escrito, escolha vocabular,
no lugar de corpo de pessoa assassinada é variação cores, disposição do texto e das imagens, tamanho da
diastrática lexical. Por fim, falar “Houveram menas letra, expressão facial (caso haja) –, pois absolutamen-
percas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação te tudo dentro de um contexto com linguagem mista
diastrática sintática. comunica e deve ser interpretado. 33
Atente-se à diferença entre vogal e semivogal:
FONÉTICA E FONOLOGIA a vogal sempre apresentará um som mais forte,
enquanto a semivogal designa um som mais fraco.
CONCEITOS BÁSICOS DE FONOLOGIA Além disso, a vogal é o núcleo da sílaba, por isso, serve
de apoio às semivogais.
A fonologia é a área do saber que se dedica aos
estudos dos sons e de sua organização dentro de uma ORTOGRAFIA
língua natural. O objeto de estudo da fonologia é o
fonema, que se trata da menor unidade significativa As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos
diferençável na língua. Ex.: p/a/t/o ≠ b/a/t/o. casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica
Dessa forma, podemos afirmar que o fonema é da grafia e da acentuação das palavras é derivada de
uma unidade distintiva, ou seja, reconhecemos um processos históricos de evolução da língua. Por isso, vale
fonema distinguindo-o de outro a partir dos significa- lembrar a dica de ouro do aluno craque em ortografia:
dos diferentes que esses sons ensejam nas palavras, leia sempre! Somente a prática de leitura irá lhe
como no exemplo: pato ≠ bato, pois, trocando um des- garantir segurança no processo de grafia das palavras.
ses sons, o significado sofrerá alterações. Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
Logo, um som pode alterar completamente o senti- parte das regras não são efêmeras, porém, são em
do de uma palavra; esse som deve ser denominado de grande número. Neste material, iremos apresen-
fonema. Ele representa os sons emitidos pelos falan- tar uma forma condensada e prática de nunca mais
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
tes; é, portanto, a representação gráfica das letras.
vras são acentuadas.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
Importante! cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto
à escrita correta.
Nem sempre há correspondência entre o núme-
ro de fonemas e de letras. Ex.: a palavra carro- Emprego do X e do CH
ça tem 7 letras, porém só apresenta 6 fonemas
[karosa]. O “X” é utilizado:

Conhecer o alfabeto fonético internacional e as � Após os ditongos (encontro de duas vogais).


regras de transcrição fonética são passos importan- Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
tes para compreender outros processos da ortografia, encaixe, paixão, rouxa, frouxo
bem como da divisão silábica.
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho;
VOGAL, SEMIVOGAL E CONSOANTE
� Após as sílabas “en” e “me”.
A vogal é o núcleo da sílaba em língua portuguesa. Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar, enxugar,
Não há sílaba sem vogal; o som das vogais é puro, ou mexerica, mexilhão, mexer, mexicano, enxovalho.
seja, sem obstáculos sonoros. As vogais são: a, e, i, o, u.
A semivogal é um som de vogal que perdeu a força Algumas palavras formadas por prefixação (pre-
sonora da vogal, juntam-se a uma vogal e são pronun- fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
ciadas com menos força. São semivogais clássicas: /i/ encharcar etc.).
e /u/. Exceção: mecha (de cabelo);
Consoantes são os sons emitidos com obstáculos;
em nossa língua há 21 consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, � Em palavras de origem indígena e africana e pala-
m, n, p, q, r, t, v, x, y, z, w. vras inglesas aportuguesadas.
O encontro na mesma sílaba de duas consoantes, Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante;
como RR, LH, PR etc. configura um encontro conso- � Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo,
caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa-
nantal. Dentre os encontros consonantais, destaca-se
ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo,
os dígrafos, que são o encontro de duas consoantes
graxa, puxar, rixa.
que representam um único som, como: CH, NH, LH,
SC, SÇ, XC, XS, RR, SS, QU, GU.
Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi-
Já o encontro de duas vogais origina um encontro
marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto-
vocálico, que pode ser:
che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche,
z Tritongo: três sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.: mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
Pa-ra-guai, I-guais, Sa-guão. chuchu, charque, cochicho.
� Ditongo: dois sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
Pei-xe, Trou-xa, A-mei-xa. � Há, ainda, algumas palavras homófonas, que
z Hiato: sons vocálicos em sílabas diferentes. Ex.: podem ser escritas das duas formas, porém têm
Pa-ís, Ci-ú-me, Pi-a-da. significados diferentes. Veja algumas:

A diferença entre ditongo, tritongo e hiato é a pre- � Brocha (pequeno prego);


sença de vogal e de semivogais nos dois primeiros, � Broxa (pincel para caiação de paredes);
enquanto o hiato apresenta duas vogais e, por isso, � Chá (planta para preparo de bebida);
precisa designar uma sílaba para cada uma, tendo em � Xá (título do antigo soberano do Irã);
vista que, na língua portuguesa, não há espaço para � Chalé (casa campestre de estilo suíço);
34 duas vogais em uma mesma sílaba. � Xale (cobertura para os ombros);
� Chácara (propriedade rural); Emprego do G e do J
� Xácara (narrativa popular em versos);
O “G” é utilizado em:
� Cheque (ordem de pagamento);
� Xeque (jogada do xadrez). z Palavras terminadas em “–gio”;
� Estágio, relógio, refúgio, presságio;
Emprego do C, Ç, S e SS z Substantivos terminados em “-em”;
� ferrugem, carruagem, passagem, viagem.
Por possuírem o mesmo som, o uso de C, Ç, S e SS
costuma causar bastante confusão. Porém, existem O “J” é utilizado:
algumas regrinhas que nos ajudam a saber quando
usar cada uma das letras. Veja: z Em palavras de origem indígena:

z O C só é usado com valor de “s” com as vogais “e” e “i”: „ Pajé, canjica, jerimum.

„ Ex.: acém, ácido, aceso, macio. z Em palavras de origem africana:

„ Jiló, jagunço, jabá.


z Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç:
É importante saber:
„ Ex.: Açougue, açúcar, caçula.
z A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do
m início de palavras, o Ç e o SS não são usados.
z E Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles(as) viajem.
O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer z Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e”
uma das vogais: ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas fle-
xões, para manter o mesmo som:
„ Ex.: Sapato, segurança, solteiro, sucesso.
„ Afligir: aflija, aflijo;
z O
“C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de „ Agir: ajam, ajo;
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”: „ Eleger: elejam, elejo.

„ Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema. DÚVIDAS FREQUENTES EM RELAÇÃO À


ORTOGRAFIA
z O
“S” tem sempre som de /z/ quando está entre
Demais e de mais
vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
das de uma palavra com “S” no início passam a ser z Demais
escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
„ E
x.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir ção de pronome indefinido.
– Prosseguir. Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos
roucos. (advérbio).
z O “SS” é utilizado somente entre vogais: Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio)
Sabemos o motivo principal, os demais não foram
„ Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível. divulgados. (pronome indefinido)

z De mais
Emprego do C e QU
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para
É comum encontrarmos algumas palavras que nos diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo,
colocam na dúvida: usar C ou QU? “de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”.
Existem palavras que podem ser escritas tanto de Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o
uma forma, como de outra. Veja: meu paladar.
Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano / Preparei comida de mais, vou precisar congelar.
quotidiano; cotizar / quotizar. É só uma injeção, não tem nada de mais.
As seguintes palavras só podem ser escritas de
uma forma: A cerca de / acerca de / há cerca de
Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
z A cerca de
LÍNGUA PORTUGUESA

Emprego do K, W e Y Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de


quantidade aproximada.
Símbolos e siglas Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes.

� Kg – quilograma; z Acerca de
� Km – quilômetro;
� k – potássio; Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”.
z Nomes próprios e seus derivados originados de Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos
científicos.
língua estrangeira;
� Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo; z Há cerca de
z Palavras estrangeiras não adaptadas para o
português; Quando se trata de uma média de tempo passado.
� Feedback, hardware, hobby. Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta. 35
Dica Se não (separado): Caso não
Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Para evitar redundância, não se deve usar o “há
Senão (junto): Caso contrário
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas-
Ex.: Estude, senão será reprovado.
sado numa mesma sentença.
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado) Há / a (expressão de tempo)
Há cerca de trinta dias. (adequado)
z Há
Seção / sessão / cessão
Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
z Seção Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Saiba que o verbo há pode ser substituído também
Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”. por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada. Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
casa faz duas horas.
z Sessão
z A
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de
tempo”. Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão Ex.: Ele chegará daqui a duas horas.
disponíveis.
Em vez de / ao invés de
z Cessão
z Em vez de
Tem sentido de “ceder”, “repartir”.
Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para Significa “substituição”, “troca”.
as escolas. Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os
amigos.
Ao encontro de / de encontro a
z Ao invés de
z Ao encontro de
Indica “algo inverso”, “oposição”.
Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”. Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das
nossas. (sentido de “corresponder”) Traz / trás / atrás
Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de
“encontrar-se com”) z Traz

De encontro a Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do


singular.
Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”. Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver.
Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à
minha. (sentido de “confronto”) z Trás
O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de
“colisão”) Significa “na parte posterior” e é sempre precedi-
O que ele fez foi de encontro ao que havia dito. do de preposição.
(sentido de oposição”) Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo.
Ande mais depressa, senão ficará pra trás.
Senão / se não
z Atrás
z Senão
Advérbio de lugar.
Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim, Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping.
mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”,
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”. Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo acon-
Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado. teceu”, o advérbio atrás pode apresentar dois significa-
Não era diamante nem rubi, senão cristal. dos: no sentido literal, “estar atrás” é localizar-se atrás
Ninguém, senão os convidados, podia entrar na festa. de alguém, mas o “estar atrás” também apresenta um
O aprendizado não depende somente do professor, sentido figurado de “estar buscando” ou “procurando”.
senão do esforço do aluno.
Não encontrei um senão em seu texto. (substanti- Mal / mau
vo com sentido de “falha”)
z Mal
z Se não
Conjunção ou substantivo. Como substantivo,
Formado de uma conjunção condicional se e do refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença,
advérbio de negação não, tem valor de “caso não”, enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro-
“quando não”. blema, maldade. O substantivo mal forma o plural
Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas. males. Como conjunção subordinativa temporal,
Havia duas pessoas interessadas, se não três. tem sentido de “assim que” e “logo que”.
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal.
36 Para não errar mais: (substantivo)
Não temos como fugir dos males do mundo. Antes de concluir, é importante mencionar o uso
(substantivo) do acento nas formas verbais TER e VIR:
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção)
Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção) Ele tem / Eles têm
Ele vem / Eles vêm
z Mau
Percebam que, no plural, essas formas admitem o
Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz cia verbal quando usar esses verbos.
infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo,
é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos- CRASE
tumes, é travesso e desobediente.
Ex.: Que chato! Sempre de mau humor! Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
Ele seguiu por maus caminhos. crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
Desculpa o mau jeito! Eu estava nervoso! da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
Você está fazendo mau uso desse equipamento. junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
Para não errar mais, faça a seguinte operação sem- marcação (`) + (a) = (à).
pre que em dúvida: Mal é antônimo de Bem / Mau é
antônimo de Bom. Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Regra geral: haverá crase sempre que o termo
Muitas são as regras de acentuação das palavras
antecedente exija a preposição a e o termo conse-
da língua portuguesa; para compreender essas regras,
quente aceite o artigo a.
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo).
respeitar a divisão das sílabas. Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
ge preposição).
Regras de Acentuação
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí- palavra que não aceita artigo).
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
dam no momento de identificação:
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua- Casos Convencionados
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto- z Locuções adverbiais formadas por palavras
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: femininas:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
abdômen, hímen. Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
Espero vocês à noite na estação de metrô.
Estou à beira-mar desde cedo.

Importante! z Locuções prepositivas formadas por palavras


femininas:
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
ditongo.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, z Locuções conjuntivas formadas por palavras
rádio etc. femininas:
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
� Quando indicar marcação de horário, no plural
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
ser acentuadas! Fique atento ao seguinte: entre números teremos
que de = a / da = à, portanto:
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê- Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
LÍNGUA PORTUGUESA

mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo:
ou proparoxítona. Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
São as chamadas proparoxítonas aparentes. Essas àquele outono.
palavras apresentam um ditongo crescente no final de Por favor, entregue as flores àquela moça que está
suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou pode ser sentada.
considerado hiato. É o que ocorre com as palavras: Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A de:
VÁ-CUO/ VÁ-CU-O Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
PÁ-TIO/ PÁ-TI-O Referimo-nos à de preto. 37
� Com o pronome relativo a qual, as quais: Astronauta volta a Terra em dois meses.
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Os pesquisadores chegaram a terra depois da
de sair. expedição marinha.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Vocês o observaram a distância.
férias.
Crase Facultativa
Casos Proibitivos
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor detalhadamente, observe as seguintes dicas:
orientação de quando não usar a crase.
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
� Antes de nomes masculinos se tem proximidade
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
rial agrada a todos.” (MM)
O carro é movido a álcool. � Antes de pronomes possessivos no singular
Venda a prazo. Ex.: Iremos a/à sua residência.

� Antes de palavras femininas que não aceitam artigos � Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Macete de crase:
afeto.” (CBr. 1, 67)
Se vou a; Volto da = Crase há!
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. Casos Especiais
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
� Antes de forma verbal infinitiva
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
Ex.: Os produtos começaram a chegar.
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
evitar ambiguidades.
com franqueza, parecem dar a entender que o
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
fazem por exceção de regra.” (MM)
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
� Antes de expressão de tratamento instrumento)
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Excelência. Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
instrumento)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando
a regência do verbo exigir preposição
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Nomes de Lugares
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
o pacote. Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio. moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
passo pela Bahia)
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
contrato. Macetes
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude. z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Eles estavam conservando a certa altura. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Faremos a obra a qualquer custo. a, com a, à moda de, durante a;
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
� Antes de pronomes demonstrativos que não acei- Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
tam artigo (esse, essa, isso / este, esta, isto)
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
personalidades históricas
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin. z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
por a este, a esta e a isto;
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
O pacote foi entregue a ti ontem. z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a lado) nomes de cidades quando esses termos estiverem
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
de justiça. tância de 200 metros do pico da montanha.

� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância A compreensão da crase vai muito além da estética
sem determinante gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
38 Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, Por que se deve realizar esta tarefa?;
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- � Se o verbo estiver no futuro do presente ou
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipa-
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o ção pronominal. Exs.:
advérbio de instrumento da ação de pintar. Eu me dedicarei aos estudos gramaticais
quando...
Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...;
„ Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
COLOCAÇÃO PRONOMINAL: SINTAXE aconselhável, por revelar-se pedante. Embora
o pronome pessoal do caso reto não tenha força
DE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES atrativa, é recomendável a próclise para evitar
OBLÍQUOS ÁTONOS o preciosismo da mesóclise;
� Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se
Colocação Pronominal usar ênclise e não próclise.”

� Próclise: quando o pronome é colocado antes do � Ênclise: quando o pronome é colocado depois do
verbo, sendo comum nos seguintes casos: verbo. Esse tipo de colocação pronominal se rela-
ciona aos seguintes casos:
� Quando o verbo segue uma partícula negativa:
não, nunca, jamais, nada, ninguém. � Verbo no imperativo afirmativo.
Ex.: Não nos responsabilizaremos por sua ati- Ex.: Depois de terminar, chamem-nos.
tude rebelde. Para começar, joguem-lhes a bola!;
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. � Verbo no infinitivo impessoal.
Um vendedor de nossa empresa jamais se con- Ex.: Gostaria de pentear-te à minha maneira.
tentará com níveis de faturamento tão baixos. O seu maior sonho é casar-se;
O relatório fora bem escrito, mas nada o reco- � Verbo inicia a oração.
mendava como modelo que devesse ser imitado. Ex.: Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra Acordei e surpreendi-me com o café da manhã;
no escritório; � Verbo no gerúndio (sem a preposição em pois
� As orações que se iniciam por pronomes e quando regido pela preposição em deve ser
advérbios interrogativos também exigem ante- usada a próclise).
cipação do pronome ao verbo. Ex.: Vive a vida encantando-me com as suas
Ex.: Por que o diretor se ausentou tão cedo? surpresas.
Como se justificam essas afirmações? Faço sempre bolos diferentes experimentan-
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se do-lhes ingredientes novos.
interessaria por tal fato?;
� As orações subordinadas também exigem ante- � Mesóclise: o pronome é colocado no meio do ver-
cipação do pronome ao verbo. bo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Ex.: Ainda que lhe enviassem relatórios subs- Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
tanciais, não poderia tomar nenhuma decisão. Orgulhar-me-ei dos meus alunos;
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a Orgulhar-me-ia dos meus alunos.
cabeça.
Aquela correspondência que te chegou às
mãos...;
� Alguns advérbios exercem força atrativa sobre SINAIS DE PONTUAÇÃO COMO
o pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez, FATORES DE COESÃO
não. Ex.:
Mal se despedira... Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no mos a seguir as regras sobre seus usos.
deserto.
Já se falou aqui da inconsequente... Uso de Vírgula
Só se acredita naquilo por que se interessa.
Os relatórios talvez se abstenham de informar... A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor- funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
comemoração; orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
� A palavra ambos, bem como alguns indefinidos qualquer ambiguidade.
(alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também Quando se trata de separar termos de uma mesma
tem força atrativa. Ex.: oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ambos os empregados me inquiriram sobre


suas férias. � Para separar os termos de mesma função
Alguém te dirá aos ouvidos... Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
Todos te olharão de esguelha... z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Tudo se transformará com o tempo. enumeração.
Outro secretário se ajustará ao cargo com Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
dificuldade. arrastado pelo tsunami.
Qualquer pessoa se persigna quando a situa-
ção está complicada; � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
� Nas locuções verbais, se houver negação ou já apareceu na frase) do verbo
pronome relativo, interrogativo. Ex.: Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Não se pode deixar de realizar... Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
Coisas que se podem deixar de realizar... filmes de terror. 39
� Para separar palavras ou locuções explicativas, � Em enumerações, portarias, sequências
retificativas Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 o Procurador-Geral da República;
anos. o Colégio de Procuradores da República;
o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
� Para separar datas e nomes de lugar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
Dois pontos
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto
e, nem, ou. Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. não foi concluída.Servem para:
A vírgula também é facultativa quando a expres-
� Introduzir uma citação (discurso direto):
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
mas uma palavra só. Exemplos:
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço respostas”.
em casa. � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / distributivo ou uma oração subordinada substan-
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. tiva apositiva
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, sores, jornalistas, médicos.
ficou com sono durante a aula.
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia � Introduzir uma explicação ou enumeração após
amanhã, se não chover. expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
saber, como.
Não se usa vírgula nas seguintes situações Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...
� Entre o sujeito e o verbo
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
(relação semântica de oposição, explicação/causa
ram a explicação. (errado)
ou consequência)
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
sertaram minha visão. (errado)
homem culto.
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
dicativo do sujeito: cautela.
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- � Marcar invocação em correspondências
ção. (errado) Ex.: Prezados senhores:
Os alunos precisam de, que os professores os aju- Comunico, por meio deste, que...
dem. (errado)
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
Travessão
(errado)
� Entre um substantivo e seu complemento nominal � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
ou adjunto adnominal. discurso de interlocutor: Ex.:
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida – Bom dia, Maria!
pelos alunos. (errado) – Bom dia, Pedro!
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
� Serve também para colocar em relevo certas
passiva:
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
professor para a feira. (errado)
colchetes:
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
Uso de Ponto e Vírgula
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
e vírgula (;):
Parênteses
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Têm função semelhante à dos travessões e das
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
ficou triste.
mos, expressões ou orações.
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
to, exausto. Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
jantar. (oração intercalada)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o Ponto-final
ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, É o sinal que denota maior pausa.
40 sorvete. Usa-se:
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” � Para indicar hesitação:
Carlos Drummond de Andrade Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha.
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
sec. = secretário mente com outras intenções:
a.C. = antes de Cristo Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!

Uso das Aspas


Importante!
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- São usadas em citações ou em algum termo que
tos químicos não vêm com ponto final: precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
Exemplos: km, m, cm, He, K, C por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
destaque.
Usam-se nos seguintes casos:

Ponto de Interrogação � Antes e depois de citações:


Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Marca uma entonação ascendente (elevação da afirma Dad Squarisi, 64.
voz) em tom questionador.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
Usa-se:
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:
� Em frase interrogativa direta:
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
que desejava.
� Entre parênteses para indicar incerteza: Não gosto de “pavonismos”.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Dê um “up” no seu visual.
que havia palavra melhor no contexto.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar às vezes com ironia ou malícia
surpresa: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
sonoro.
� E interrogações retóricas:
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro � Para citar nomes de mídias, livros etc.
que não jogaremos comida fora à toa”). Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.

Ponto de Exclamação Colchetes

Representam uma variante dos parênteses, porém


� É empregado para marcar o fim de uma frase com
tem uso mais restrito.
entonação exclamativa:
Usam-se nos seguintes casos:
Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança! � Para incluir num texto uma observação de nature-
� Aparece após uma interjeição: za elucidativa:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?” a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer que pareça, o texto original é assim mesmo:
marcar uma ênfase: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 do.” (Machado de Assis)
metros em 20 segundos!!! � Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Fonologia:
Reticências Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽ]
� Para suprimir parte de um texto (assim como
LÍNGUA PORTUGUESA

São usadas para:


parênteses)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
� Assinalar interrupção do pensamento:
desceu as escadas apressadamente. ou
Ex.: ― Estou ciente de que...
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
― Pode dizer...
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
� Indicar partes suprimidas de um texto: vel segundo as normas da ABNT)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode Asterisco
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
� É colocado à direita e no canto superior de uma
depois desceu as escadas apressadamente.)
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
� Para sugerir prolongamento da fala: comentário qualquer sobre o termo em uma nota
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias? de rodapé: 41
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
triste acrescido do sufixo -eza*. MORFOSSINTAXE
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo. CLASSES DE PALAVRAS

� Quando repetido três vezes, indica uma omissão Artigos


ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio: São palavras que antecedem o substantivo, defi-
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- nindo ou não o seu sentido. Podem ser classificados
nhado aos responsáveis. em definidos e indefinidos.
Há apenas um artigo definido – o – e um arti-
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- go indefinido – um, que depois variam em gênero e
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
número (os, a, as) para artigos definidos e (uma, uns,
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
umas) para os indefinidos.
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
O artigo definido serve para indicar um ser defi-
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- nido entre outros e indicar todo conjunto de seres.
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras Ex.: A menina saiu contente. / Os garotos adoram
da gramática. jogar futebol.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. Já o artigo indefinido pode ser:
Uso da Barra � indefinido entres os outros;
� subconjunto de seres indefinidos;
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
reforço de ideia.
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser Ex.: Uns gostam de cão, outros de gato.
substituída pela conjunção “ou”: � Contaram-me uma história antiga e duvidosa.
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. Os artigos indefinidos (um, uma, uns, umas)
podem ser confundidos com o numeral. Como dito,
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- os artigos acompanham substantivos, enquanto os
ção das conjunções e/ou. numerais indicam número, ou seja, quantidade. Veja
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais os exemplos:
e/ou escritos. Nas férias, pretendo ler um livro. = Artigo indefini-
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- do. Pode ser um livro qualquer; aqui, trata-se do ter-
ção entre si. mo “livro” de forma mais geral.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número Nas férias, vou ler apenas um livro. = Numeral. A
(plural/singular). quantidade de livros a serem lidos nas férias é apenas
O carro atingiu os 220 km/h. um.
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Numerais
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
barras para indicar a separação das estrofes. Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Os numerais podem ser:
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra meninos eram bons em português.
não foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de; z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
s/ = sem série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
� Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da fração: z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
Ex.: 1/3 = um terço nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
novo emprego.
� Nas datas:
Ex.: 31/03/1983 z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
� Nos números de telefone:
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
Ex.: 225 03 50/51/52
metade do pagamento.
� Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 Um: numeral ou artigo?
� Na indicação de dois anos consecutivos: A forma um pode assumir na língua a função de
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso. artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: podemos reconhecer cada função? É preciso observar
Ex.: /s/ o contexto em uso.
Durante a votação, houve um deputado que se
Embora não existam regras muito definidas sobre posicionou contra o projeto.
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
42 lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. cionou contra o projeto.
Na primeira frase, podemos substituir o termo um por Flexão de Gênero
uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e o senti-
do será mantido, pois o que se pretende defender é que a Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
espécie do indivíduo que se posicionou contra o projeto é ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
um deputado e não uma deputada, por exemplo. para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
Já na segunda oração, a alteração do gênero não formes. Os substantivos uniformes podem ser:
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
deputado, marcando a quantidade. nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o / a cliente; o líder / a líder.
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta-
sentam distinção entre masculino e feminino; a
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre-
diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
cede será sempre no masculino
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. girafa macho / girafa fêmea.
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que
Dica não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
A forma 14 por extenso apresenta duas formas ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze. A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.

Substantivos Os substantivos biformes, como o nome indi-


ca, designam os substantivos que apresentam duas
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
característica básica dessa classe é admitir um deter- professor/professora.
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio- Destacamos que alguns substantivos apresentam
nam-se em gênero, número e grau. formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
Tipos de Substantivos
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
A classificação dos substantivos admite nove tipos
diferentes de substantivos. São eles: Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Simples: Formados a partir de um único radical.
Ex.: vento, escola;
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente; Gênero e Significação
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
É importante salientar que alguns substantivos
substantivo. Ex.: pedra, dente;
uniformes podem aparecer com marcação de gênero
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.: diferente, ocasionando uma modificação no sentido.
pedreiro, dentista; Veja, por exemplo:

z Concreto: Designam seres com independência z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- z O testemunho: relato de experiência, associado a
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: religiões.
Deus, fada, carro;
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali- Algumas formas substantivas mantêm o radical,
dade. Ex.: coragem, Liberalismo; mas a alteração do gênero interfere no significado:

z Comum: Designam determinados seres e lugares. z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
Ex.: homem, cidade; z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Maria, Fortaleza;
Além disso, algumas palavras na língua causam
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun- dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
to de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada. das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese;
É importante destacar que a classificação de um a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o
substantivo depende do contexto em que ele está inse- telefonema; o trema.
rido. Vejamos: Algumas formas que não apresentam, necessaria-
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 43
Flexão de Número Variação de Grau

Os substantivos flexionam-se em número, de manei- A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
Porém, podem apresentar outras terminações: males, diminuição.
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
mal/males. fogaréu, boqueirão, poetastro.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
aceitas meles e méis. pequenina, papelucho.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. Dica
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
tantivos que admitem até três formas de plural: O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães. vras, podendo assumir um valor:
Afetivo: filhinha;
z Ancião: anciãos, anciões, anciães. Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
órgãos; órfão / órfãos.
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
Plural dos Substantivos Compostos
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;
Os substantivos compostos são aqueles formados Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
por justaposição; o plural dessas formas obedece às Vice-presidência.
seguintes regras:
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
z Variam os dois elementos: Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, este também deverá ser escrito com
inicial maiúscula.
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
Substantivo + adjetivo: zes e Bases da Educação (LDB).
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Vacina; Guerra Fria.
Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas; Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
Numeral + substantivo: formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
Ex.: terça-feira / terças - feiras. sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
z Varia apenas um elemento: devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
-Bretanha, Timor-Leste.
Substantivo + preposição + substantivo.
Ex.: canas-de-açúcar; Adjetivos
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
Ex.: navios-escola. tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
Palavra invariável + palavra invariável. podem indicar:
Ex.: abaixo-assinados.
z Qualidade: professor chato.
Verbo + substantivo. z Estado: aluno triste.
Ex.: guarda-roupas. z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
Redução + substantivo. Locuções Adjetivas
Ex.: bel-prazeres.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
Destacamos, ainda, que os substantivos compos- adjetivos, indicando as mesmas características deles.
tos formados por verbo + advérbio e verbo + subs- Elas são formadas por preposição + substantivo,
tantivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
44 saca-rolha. tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas z Grau comparativo: exprime a característica de
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, um ser, comparando-o com outro da mesma classe
importantes para seu estudo: nos seguintes sentidos:

z Voo de águia / aquilino; „ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;
z Poder de aluno / discente; „ Superioridade: mais do que;
z Cor de chumbo / plúmbeo; „ Inferioridade: menos do que.
z Bodas de cobre / cúprico; Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
z Sangue de baço / esplênico; (comparativo de igualdade);
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; O amor é mais suficiente do que o dinheiro
z Noite de inverno / hibernal ou invernal. (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulhe-
É importante destacar que mais do que “decorar” res (comparativo de inferioridade).
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é funda-
mental reconhecer as principais características de uma z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresen- vo, é importante considerar que o valor semântico
tar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da desse grau apresenta variações, podendo indicar:
porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela preposição „ Característica de um ser elevada ao último
“de”, ela pode ser confundida com a locução adverbial. grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
a locução adjetiva apresenta valor de posse, pois, nesse ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”, indicado „ Característica de um ser relacionada com
na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução outros indivíduos da mesma classe: Superla-
destacada está caracterizando o substantivo “abertura”. tivo relativo, que pode ser de superioridade (O
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- mais) ou de inferioridade (O menos)
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, absoluto analítico).
demonstrando seu caráter adverbial. O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
As locuções adjetivas também desempenham fun- sintético).
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, O candidato é o mais humilde dos concorren-
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café tes? (Superlativo relativo de superioridade).
com açúcar. O candidato é o menos preparado entre os con-
Já as locuções adverbiais desempenham função correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, inferioridade).
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
fome; agiu com rapidez. Ao compararmos duas qualidades de um mesmo
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta,
Adjetivo de Relação mais magra, mais bonito etc.).

No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar Ex.: A modelo é mais alta que magra.
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de Porém, se uma mesma característica se referir
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. a seres diferentes, empregamos a forma sintética
Para identificar um adjetivo de relação, observe as (melhor, pior, menor etc.).
seguintes características: Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- Formação dos Adjetivos
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos simples ou compostos.
de quem o descreve.
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de
relação sempre são posicionados após o substanti- outras palavras e, a partir deles, é possível formar
vo. Ex.: casa paterna. novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan- z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Não admitem variação de grau: os graus compa- z Simples: Os adjetivos simples apresentam um
rativo e superlativo não são admitidos.
LÍNGUA PORTUGUESA

único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.


Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- z Compostos: são formados a partir da união de
te americano (não é subjetivo; posicionado após o dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra-
substantivo; derivado de substantivo; não existe a sileiro, amarelo-ouro etc.
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; Dica
roteiro carnavalesco. O plural dos adjetivos simples é realizado da
mesma forma que o plural dos substantivos.
Variação de Grau
Plural dos adjetivos compostos
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
respectivas categorias. tes regras: 45
z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Veja abaixo alguns deles:

Advérbios

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir delas,
consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
46 Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).
Locuções Adverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções adver-
biais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) – Tão bem
Mal Pior (mais mal*) – Tão mal
Muito Mais – –
Pouco menos – –
47
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo – Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo – Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas.
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada.

Pronomes

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de posse, indefinição,
quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpreta-
ção textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar
a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso; algumas informações relevantes sobre eles são:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO

1ª pessoa do singular EU Me, mim, comigo


2ª pessoa do singular TU Te, ti, contigo
3ª pessoa do singular ELE/ELA Se, si, consigo, o, a, lhe
1ª pessoa do plural NÓS Nos, conosco.
2ª pessoa do plural VÓS Vos, convosco
3ª pessoa do plural ELES/ELAS Se, si, consigo, os, as, lhes
48
Os pronomes pessoais do caso reto costumam z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. e das Forças Armadas membros do alto escalão;
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio- z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi respectivos femininos;
com o namorado; Maura saiu comigo. z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor- cerimonioso a comerciantes importantes;
mei-o sobre todas as questões. z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por Bispos.
preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
Os exemplos acima fazem referência a pronomes
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais de tratamento e suas respectivas designações sociais
são pronomes substantivos; além disso, é importante conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre-
saber que eu e tu não podem ser regidos por preposição sidência da República; portanto, essas designações
e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós podem ser devem ser seguidas com atenção quando o gênero
retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem. textual abordado for um gênero oficial.
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
com força e precedidos de preposição. Costumam ter mento, é importante destacar:
função de complemento: O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
(plural). com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
(plural). O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s) tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
da República nunca deve ser abreviado.
Importante lembrar que não devemos usar prono-
mes do caso reto como objeto ou complemento ver- Pronomes Indefinidos
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
caso reto como complemento verbal, desde que ante- maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon- variar e podem ser invariáveis, vejamos:
trei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci- z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni- Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
Pronomes de Tratamento tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
Os pronomes de tratamento são formas que expres- Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis- z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
ticamente. As formas de pronomes de tratamento Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
apresentam algumas peculiaridades importantes:
As palavras certo e bastante serão pronomes
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a modelo de carro certo (adjetivo).
Constituição. A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo a 3ª quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do Supre- do, por isso, fique atento:
mo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
Como mencionamos anteriormente, os pronomes
te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
LÍNGUA PORTUGUESA

z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente


linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
instituídos pelos falantes. foram bastantes para a festa.
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
de tratamento só devem ser utilizados em contextos cos aumentaram os juros”
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre Pronomes Demonstrativos
outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes
de tratamento com as funções sociais que designam: Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
apontam elementos a que se referem as pessoas do
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu- discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
ques e seus respectivos femininos; da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; textual. 49
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas. São pronomes relativos:
z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas. z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quan-
z Invariáveis: isto, isso, aquilo. tos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, quantas.
z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
Usamos este, esta, isto para indicar: z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi- o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é va doente morreu; A caneta que emprestei nunca
minha; Entreguei-lhe isto como prova. recebi de volta.
z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
prestação da casa. relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana que dizer).
e Carla no shopping, esta procurava um presente
para o marido (o pronome refere-se ao último ter- z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
mo mencionado). ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
nós quem fizemos o bolo.
Usamos esse, essa, isso para indicar: O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
combinou muito com você. tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.: quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
Não me fale mais nisso; A população não confia pei a vida inteira.
nesses políticos. z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana, para indicar posse e aparecer relacionando dois
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo. termos que devem ser um possuidor e uma coisa
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes- suidor) a matéria (coisa possuída).
sa sua expressão.
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- cujo: Cujo o, cuja a
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, Não podemos substituir cujo por outro pronome
quem é aquele ali perto da porta? relativo;
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo diretor
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o rapaz
conheço aquela mulher. cujas pernas você se referiu (pernas de quem? Do rapaz.)
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- z Emprego do pronome relativo onde: empregado
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
aquela, refrigerante. onde meu pai nasceu.
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
Dica do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
O relativo onde pode ser empregado sem antece-
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun- dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
ção demonstrativa referencial, veja:
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque- z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
ceu de preencher o gabarito. errado suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
O candidato fez a prova, porém esqueceu de do em substituição a outros pronomes relativos,
preencher o gabarito. correto sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
Pronomes Relativos sado do qual (que) ninguém se lembra.

Uma das classes de pronomes mais complexas, os O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
pronomes relativos têm função muito importante na textual, desfazendo estruturas ambíguas.
língua, refletida em assuntos de grande relevância
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, Pronomes Interrogativos
é essencial conhecer adequadamente a função desses
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente. São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
50 nado anteriormente) chamamos de antecedente. anos tem seu pai?
O ponto de interrogação só é usado nas interrogativas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção inter-
rogativa, indicada por um verbo como: perguntar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Os pronomes interrogativos que e quem são pronomes substantivos.

Pronomes Possessivos

Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso e indicam posse:

1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas


SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas

Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo a uma
coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação do
pronome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:

z Delimitam o substantivo a que se referem;


z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
z Não concordam com o referente;
z O pronome possessivo que acompanha o substantivo exerce função sintática de adjunto adnominal.

Verbos

Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe
sempre abordada nos editais de concursos; por isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo está
no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal, que indica
em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada; iremos apresentar estas desinências a seguir. Antes, porém,
de abordarmos as desinências modo-temporais, precisamos explicar o que são o modo e o tempo verbais:

Modos

Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.

z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

Tempos

O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
po dessa ação no Passado, Presente ou Futuro. Porém, existem ramificações específicas.

z Presente: pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os
dias no mesmo horário.
Uma ação passada.
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
z Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. Ex.: Estu-
dava todos os dias.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já transbordara
da banheira.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro. Ex.: Estudarei bas-
tante ano que vem.

z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria muito, se
tivesse me planejado.

A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos tempos
compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no presente, passado
ou futuro; já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, nesse caso, o verbo auxi-
liar é o único a sofrer flexões. Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos,
respectivamente: 51
Flexões Modo-Temporais – Tempos Simples

MODO MODO
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
-e (1ªconjugação)
Presente *
e -a ( 2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
-va (1ª conjugação)
Pretérito imperfeito -sse
-ia (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito
-ra *
mais-que-perfeito
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

* Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (presente do indicativo) + verbo principal particípio. Ex.:
Tenho estudado.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo princi-
pal no particípio. Ex.: Tinha passado.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: Terei saído.
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particí-
pio. Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos (Subjuntivo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (presente o subjuntivo) + Verbo principal particípio. Ex.: (que
eu) Tenha estudado.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo princi-
pal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse estudado
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Ex.:
(quando eu) tiver estudado.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas infinitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em determina-
dos contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.

z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcio-
nar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente ao adjetivo,
pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal.

„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem que ele ensina.
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.

O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.

„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de + verbo prin-
cipal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas; Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de
encontrar uma solução.

Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz ativa
não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregu-
lares, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das formas
52 nominais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, as terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma mor-
fológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.

PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

z Verbos irregulares: ao contrário dos regulares, ao serem conjugados sofrem algumas alterações.Um exemplo
é o verbo dizer. Veja:

„ Eu digo, eu direi...

Observe a lista a seguir com os principais verbos irregulares:

VERBOS IRREGULARES
Ser Trazer
Estar Dizer
Haver Vir
Saber Querer
Poder Pedir
Medir Ouvir
Fazer Caber
Dar

Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical,
já em outros, em suas terminações, e há aqueles nos quais as alterações ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:

z Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo, apresen-
tam um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela a seguir, que indica
quais são esses verbos e como se diferem nestas conjugações.

VERBO CABER DIZER ESTAR FAZER HAVER PODER QUERER SABER TRAZER
Presente do In-
eles eles eles eles eles eles eles eles
dicativo (3ª pes- eles hão
cabem dizem estão fazem podem querem sabem trazem
soa do plural)
Pretérito Perfei-
to do Indicativo eles eles eles eles eles eles eles eles eles
(3ª pessoa do couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxeram
plural)

z Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja a seguir alguns
exemplos nas tabelas apresentadas:

„ F
ormas irregulares na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
subjuntivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIR MEDIAR ODIAR PEDIR REMEDIAR REQUERER VALER
Presente do in-
eu eu eu eu eu eu eu eu
dicativo (1ª pes- eu requeiro
anseio incendeio meço  medeio odeio peço remedeio valho
soa do singular)
Presente do
que
subjuntivo que ele que ele que eu ele eu que ele que ele que ele
eu
(3ª pessoa do anseie incendeie meça medeie odeie remedeie requeira valha
peça
singular)

„ Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear. 53
VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIAR ODIAR REMEDIAR
Presente do Indicativo (1ª pessoa do singular) eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
Presente do Indicativo (3ª pessoa do singular) ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia

„ Q
uando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indi-
cativo e do imperativo afirmativo.

VERBO CONSTRUIR DESTRUIR SACUDIR SUMIR


Presente do Indicativo ele ele
ele constrói ele destrói
(3ª pessoa do singular) sacode some
Imperativo Afirmativo sacode some
constrói tu constrói tu
(2ª pessoa do singular) tu tu

z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas, por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbos dessa catego-
ria é o verbo ser. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma, os verbos ser e ir.
Vejamos a conjugação do verbo ser:

PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele/ você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles/ vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade, que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação, por isso, são classificados como anômalos.

z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio aceitas
pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular; falare-
mos disso posteriormente, quando trataremos das formas nominais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Acender Acendido Aceso
Afligir Afligido Aflito
Corrigir Corrigido Correto
Encher Enchido Cheio
Fixar Fixado Fixo

� Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um defeito
na conjugação, por isso o nome. São defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Bem como: Aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir,
banir, brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
� Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal; é importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se

PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
54
z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro- O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta- ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses acontece com verbos que deste derivam.
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum- Vozes Verbais
primentamos friamente.
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos As vozes verbais definem o papel do sujeito na
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
verbal ou se ele recebe a ação verbal.
O verbo haver com sentido de existir ou marcando
tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
aprovado em concurso público. z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal.
Os verbos ser e estar também são verbos impes- Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo. siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos. siva sintética.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
concorda com esses elementos. tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
O verbo fazer também poderá ser impessoal, bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti- z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz tempo, porém percebemos que há uma ação com-
muito calor. partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin- se olharam antes do julgamento.
taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
A voz passiva é realizada a partir da troca de
funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos
Dica
melhor desse processo no capítulo funções do SE em
O verbo ser será impessoal quando o espaço sin- verbos transitivos direto.
tático ocupado pelo sujeito não estiver preenchi- Só podemos transformar uma frase da voz ativa
do: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma do para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo Mariana” com a presença do objeto direto.
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
empregados nas formas compostas dos verbos e ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
também nas locuções verbais. Os principais verbos sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- No último caso, a voz reflexiva é também chamada
mina a regência estabelecida na oração. de recíproca, por isso, fique atento.
Apresentam forte carga semântica que indica Não confunda os verbos pronominais com as
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
São importantes na formação da voz passiva -se, entre outros acompanham um pronome que faz
analítica. parte integrante do seu significado, diferentemente
das vozes verbais que acompanham o pronome SE
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos com função sintática própria.
três formas nominais dos verbos:
Outras funções do “SE”
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
também acumula outras atribuições. Vejamos:
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é
e -IDO. feita com verbos transitivos direto (TD) ou transiti-
vos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE
LÍNGUA PORTUGUESA

A norma culta gramatical recomenda o uso do par- junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio -se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu-
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- la apassivadora)
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. O SE exercerá essa função apenas:

„ Infinitivo: marca as conjugações verbais. „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, „ Verbos concordam com o sujeito;
PasseAR); „ Com a voz passiva sintética.
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
pÔR); Lembramos que na voz passiva nunca haverá
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujeito
tIR, SaIR) paciente. 55
z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun- Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
cionará nessa condição quando não for possível mente, são irregulares e apresentam alguma modifica-
identificar o sujeito explícito ou subentendido. ção no radical ou nas desinências. Assim como o verbo
Além disso, não podemos confundir essa função passear, são derivados dessa terminação os verbos:
do SE com a de apassivador, já que para ser índi-
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa PRESENTE - INDICATIVO
estar na voz ativa.
Eu Passeio
Outra importante característica do SE como índi- Tu Passeias
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos Ele/Você Passeia
transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar Nós Passeamos
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus. Vós Passeais

z Pronome reflexivo: na função de pronome refle- Eles/Vocês Passeiam


xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
Conjugação de Alguns Verbos
cidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Vamos agora conhecer algumas conjugações de
cipais características são: verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
to de questões em concursos.
„ Sujeito recebe e pratica a ação; Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
„ funcionará, sintaticamente, como objeto direto as mesmas desinências desse verbo, as formas
ou indireto;
„ o sujeito da frase poderá estar explícito ou PRESENTE - INDICATIVO
implícito. Ex.: Ele se via no espelho / Deu-se um
presente de aniversário. Eu Adiro
Tu Aderes
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
Ele/Você Adere
parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE Nós Aderimos
exerce essa função, jamais terá uma função sin- Vós Aderis
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da Eles/Vocês Aderem
mãe, quando olhou a filha.
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE PRESENTE - INDICATIVO
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
sentido e na compreensão global do texto. A partícu- Eu Ponho
la de realce não exerce função sintática, pois é desne- Tu Pões
cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
z Conjunção: o SE será conjunção condicional, quan- Ele/Você Põe
do sugerir a ideia de condição. A conjunção SE exer- Nós Pomos
ce função de conjunção integrante, apenas ligando
Vós Pondes
as orações e poderá ser substituída pela conjunção
caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser aprovado. Eles/Vocês Põem

Conjugação de Verbos Derivados São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,


interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- entrepor, supor.Preposições
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- São palavras invariáveis que ligam orações ou
preensão dessas conjugações verbais. outras palavras. As preposições apresentam funções
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os importantes tanto no aspecto semântico quanto no
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais aspecto sintático, pois complementam o sentido de
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
ção são, predominantemente, regulares. sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais1.
PRESENTE - INDICATIVO As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
Eu Crio com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
te, por, sem, sob, trás.
Tu Crias Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Ele/Você Cria chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais,
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições.
Nós Criamos Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a
Vós Criais “de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo,
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi-
Eles/Vocês Criam
valer a “por causa de”).
1  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
56 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
Locuções Prepositivas chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
São grupos de palavras que equivalem a uma pre-
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca tarão função deverbal.
do tema da prova. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
A locução prepositiva na segunda frase substitui pela regência do verbo concordar).
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
positivas sempre terminam em uma preposição, e há complemento nominal).
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos gida pelo adjetivo).
alguns exemplos de locuções prepositivas: Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito advérbio).
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; Em todos esses casos, a preposição mantém uma
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
lhanças morfológicas, mas significados completamen- nal é preponderante apresentam uma modificação
te diferentes, como: no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- componentes obrigatórios na construção da senten-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do ça, divergindo das preposições de valor relacional.
público foram de encontro à proposta do programa As preposições de valor nocional estabelecem uma
= Discordância. noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas etc. Vejamos algumas:
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou
cedo = oposição.
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020. PREPOSIÇÕES

Combinações e Contrações Posse Carro de Marcelo

O cachorro está sob a


As preposições podem ser contraídas com outras Lugar
mesa
classes de palavras.
Veja: Votar em branco, chegar
Modo
aos gritos
z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. Causa Preso por estupro
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
dos, dum, duns, duma, dumas. Assunto Falar sobre política
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no, Descende de família
Origem
nos, num, nuns, numa, numas. simples
z Preposição + pronome demonstrativo: Olhe para frente! Iremos
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque- Destino
a Paris
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
Conjunções
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes- Assim como as preposições, as conjunções também
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na- são invariáveis e também auxiliam na organização
queles, naquelas, naquilo. das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es- ções. Por manterem relação direta com a organização
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser:
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
coordenativas ou subordinativas.
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
les, daquelas, daquilo.
z Preposição + advérbio: Conjunções Coordenativas
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
z Preposição + pronomes pessoais: As conjunções coordenativas são aquelas que
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas. ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
LÍNGUA PORTUGUESA

De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.


z Preposição + pronome relativo: conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
A + onde: aonde. ção. As conjunções coordenadas podem ser:
z Preposição + pronomes indefinidos:
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras. z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
Preposições
ferido, não só da filha, senão de toda família.
É importante ressaltar que as preposições podem z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
apresentar valor relacional ou podem atribuir um tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
valor nocional. As preposições que apresentam um Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a
valor relacional cumprem uma relação sintática população, senão dos vereadores (equivale a “mas
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são sim”). 57
„ Importante: a conjunção E pode apresentar z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
valor adversativo, principalmente quando é fessora dá exemplos para que você aprenda!
antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
mir, e o barulho não deixava.
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja guei à cidade, fui assaltado.
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Os valores semânticos das conjunções não se
„ Importante: a palavra senão pode funcionar prendem às formas morfológicas desses elementos.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão O valor das conjunções é construído contextualmen-
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou). te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início por que você não a procura? (SE = causal = já que);
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
mais leve que a enxada! puro no campo. (quando = causal = já que).

„ Importante: Pois com sentido explicativo ini- Conjunções Integrantes


cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
sinto saudades. As conjunções integrantes fazem parte das orações
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre vír- uma oração principal à outra, subordinada. Existem
gulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subir. apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.

z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, z Quando é possível substituir o que pelo pronome
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase). isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero. o quê? Isso.

As conjunções e, nem não devem ser empregadas z Sempre haverá conjunção integrante em orações
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a substantivas e, consequentemente, em períodos
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
em redundância. Perguntei. O quê? Isso.
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Conjunções Subordinativas bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- Brasil é um país desigual (certo).
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto; porém, diferentemente Interjeições
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra As interjeições também fazem parte do grupo de
para terem o sentido apreendido. palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti-
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava. a uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
sos pelo uso de interjeições:
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO

z Conformativa: Conforme, como, segundo, de Advertência Cuidado! Devagar! Calma!


acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
Alívio Arre! Ufa! Ah!
forme o planejado.
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva!
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!
falar com você, teria respondido sua mensagem.
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
z Proporcional: À proporção que, à medida que,
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.: Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
58 aprovado.
É salutar lembrar que o sentido exato de cada inter- z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
jeição só poderá ser apreendido diante do contexto; por de dois ou mais termos.
isso, em questões que abordem essa classe de palavras, o As luzes e as cores são bem visíveis.
candidato deve reler o trecho em que a interjeição apa- Sujeito: As luzes e as cores
rece, a fim de se certificar do sentido expresso no texto. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar Dica
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen-
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
Antes do verbo.
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o Ex.: A população pediu uma providência ao
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras governador.
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! quem pediu uma providência ao governador?
Ora bolas! Valha-me Deus! Resposta: A população (sujeito).
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PERÍODO SIMPLES Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
o que iria de um lado para o outro?
Os termos que formam o período simples são dis- Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
grantes (complemento verbal, complemento nominal Tipos de Sujeito
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
adjunto adverbial e aposto). Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:

Termos Essenciais da Oração Simples


São aqueles indispensáveis para a estrutura básica DETERMINADO Composto
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Elíptico
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
Com verbos flexionados na 3ª
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
pessoa do plural
seguir cada um deles.
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
Sujeito se (índice de indeterminação do
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada sujeito)
pelo verbo. Usado para fenômenos da
O sujeito pode ser: INEXISTENTE natureza ou com verbos
impessoais
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo; z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
� o termo que pode ser substituído por um pronome lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
do caso reto; „ Simples: quando há apenas um núcleo.
� o termo com o qual o verbo concorda. Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina Núcleo: aluguel
da COVID-19. Sujeito simples: O aluguel da casa
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
No exemplo anterior a população é: Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores.
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo- Sujeito composto: Os sons e as cores
rou pela compra da vacina); „ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
z O elemento que pratica a ação de implorar; aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular); Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)
z O termo que pode ser substituído por um pronome
do caso reto. z Indeterminado: quando não é possível identificar
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
LÍNGUA PORTUGUESA

Núcleo do Sujeito do por um índice de indeterminação do sujeito, a


partícula “se”.
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O „ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural,
não se referindo a nenhuma palavra determi-
núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
nada no contexto.
do determinada função sintática, que atua ou sofre a
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo,
Entende-se que alguém passou cedo.
ou uma palavra com valor de substantivo, ou pronome.
„ Colocando-se verbos sem complemento direto
z O sujeito simples contém apenas um núcleo. (intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)
Ex.: O povo pediu providências ao governador. na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
Sujeito: O povo nome se, que atua como índice de indetermina-
Núcleo do sujeito: povo ção do sujeito. 59
Ex.: Não se vê com a neblina. Classificação do Predicado
Entende-se que ninguém consegue ver nessa
A classificação do predicado depende do significa-
condição.
do e do tipo de verbo que apresenta.
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
nificativo se concentra em um nome (corresponde
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração a um predicativo do sujeito).
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
são impessoais e normalmente representam fenôme- O predicado nominal tem por núcleo um nome
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer (substantivo, adjetivo ou pronome).
ou haver no sentido de existir. Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Geia no Paraná. Mendes)
Fazia um mês que tinha sumido. Predicado: são mais bonitas.
Basta de confusão. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Há dois anos esse restaurante abriu. Bilac)
Predicado: estão cheias de calafrios.
Classificação do Sujeito Quanto à Voz
É importante não confundir:
z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- mas um estado momentâneo ou permanente que
ce a ação na frase. relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
o predicativo do sujeito.
z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
Ex.: Corta-se cabelo.
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito “cabe-
Ex.: O garoto está bastante feliz.
lo” sofre uma ação, diferente do exemplo do item
Verbo de ligação: está.
anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da oração.
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Importante notar que não há preposição entre Ex.: Seu batom é muito forte.
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, Verbo de ligação: é.
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais Predicativo do sujeito: muito forte.
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo. Predicado Verbal
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e
não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é indeter- Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
minado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”. verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
z Voz passiva analítica (sujeito paciente) objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
Ex.: A minha saia azul está rasgada. demais termos do predicado.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen- O verbo do predicado pode ser classificado em
ça da partícula -se. transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Predicado
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre um complemento não preposicionado, o objeto direto.
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter- Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
mos essenciais na oração, há casos em que a oração Noel Rosa
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em Verbo Transitivo Direto: Fazer.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
impossível existir uma oração sem sujeito. Verbo Transitivo Direto: trouxe.
O predicado pode ser: z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti-
vo indireto tem como necessidade o complemento
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” Ex.: Nós acreditamos em você.
(José de Alencar) Verbo transitivo indireto: acreditamos
Predicado: seguem sua marcha Preposição: em
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei- Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
to (oração sem sujeito): Verbo transitivo indireto: obedeceu
Ex.: Chove pouco nesta época do ano. Preposição: a (a + os)
Predicado: Chove pouco nesta época do ano. Ex.: Os professores concordaram com isso.
Verbo transitivo indireto: concordaram
Para determinar o predicado, basta separar o Preposição: com
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves indireto (com preposição).
Dias) Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. tras.” (Machado de Assis)
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. Objeto direto 1: anedotas
60
Objeto indireto 1: lhe Complementos Verbais
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
São termos que completam o sentido de verbos
Objeto direto 2: outras
transitivos diretos e transitivos indiretos.
Objeto indireto 2: lhe.
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de construir z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
sozinho o predicado, que não precisa de complemen- panhado de preposição.
tos verbais, sem prejudicar o sentido da oração. Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Verbo intransitivo: adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
aqueles)
Predicado Verbo-Nominal
Pronomes e sua relação com o objeto direto
Ocorre quando há dois núcleos significativos:
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
transitivo, predicativo do objeto). pre exercem função de objeto direto, os pronomes
oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) essa função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
considerado predicativo do sujeito. “Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Receberam quem? Nós”)
Verbo intransitivo: marchou Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
Predicativo do sujeito: desorientado ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que.
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
esse algo é o objeto direto)
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- feminino definido)
do de Assis)
z Objeto direto preposicionado
Verbo transitivo direto: achou
Objeto direto: o raciocínio Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
Predicativo do objeto: exato preposição no seu complemento, algumas palavras
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza tido de “alvo” do sujeito.
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
que é o objeto direto dessa oração. facultativos.
Com isso, podemos concluir que temos um caso de
predicativo do objeto, visto que “exato” não se liga a
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
“Ptolomeu”, que é o sujeito.

O que é o predicativo do objeto? Não entendo nem a ele nem a ti.


Respeitava-se aos mais antigos.
É o termo que confere uma característica, uma Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
qualidade, ao que se refere. Amavam-se um ao outro.
A formação do predicativo do objeto se dá por um “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
adjetivo ou por um substantivo. feita.” (Ciro dos Anjos)
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Predicativo do objeto: proveitoso Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
Para facilitar a identificação do predicativo do
le templo.
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
A escultura atrai a todos os visitantes.
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
LÍNGUA PORTUGUESA

Não admito que coloquem a Sua Excelência num


fica é relacionar o predicativo ao nome.
pedestal.
O filme foi proveitoso.
Ao povo ninguém engana.
Ela era vitoriosa.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
ligação (foi e era, respectivamente).
sente para indicar parte de um todo, quando assim
Termos integrantes da oração for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
bebeu uma porção da água, e não ela toda.
São vocábulos que se agregam a determinadas
estruturas para torná-las completas. De acordo com z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
a gramática da língua portuguesa, esses termos são dessa função sintática na mesma oração, a fim de
divididos em: enfatizar um único significado. 61
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
Andrade) ser, estar, viver, andar, ficar.

z Objeto direto interno: Representado por palavra Termos Acessórios da Oração


que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
mesmo significado. Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
Ex.: Riu um riso aterrador. ra básica da oração, são importantes para compreen-
Dormiu o sono dos justos. são do enunciado porque trazem informações novas.
Esses termos são chamados acessórios da oração.
Como diferenciar objeto direto de sujeito? Adjunto Adnominal
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) São termos que acompanham o substantivo,
O objeto direto pode ser passado para a voz passi- núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
va analítica e se transforma em sujeito. especificar o elemento representado pelo substantivo.
Os jogos da seleção foram ignorados. Categorias morfológicas que podem funcionar
como adjunto adnominal:
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
preposição obrigatória, que se liga diretamente a z Artigos
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa z Adjetivos
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação. z Numerais
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da z Pronomes
casa 260. z Locuções adjetivas
Gosto de ti, meu nobre.
Não troque o certo pelo duvidoso. Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
Vamos insistir em promover o novo romance de ficaram esquecidos no quarto.
ficção. Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus.
Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais O novo regulamento originou a revolta dos
funcionários.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor. adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, exercem essa função sintática quando assumem
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto valor de pronomes possessivos.
indireto, já que sempre ocorrem com preposição. Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida plemento nominal?
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
uma mensagem. Quando o adjunto adnominal for representado
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda. por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
Complemento nominal a dica:

Completa o sentido de substantivos, adjetivos e advér- „ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao


bios. É uma função sintática regida de preposição e com qual se liga for concreto.
objetivo de completar o sentido de nomes. A presença de Ex.: A casa da idosa desapareceu.
um complemento nominal nos contextos de uso é funda- Se indicar posse ou o agente daquilo que
mental para o esclarecimento do sentido do nome. expressa o substantivo abstrato.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo
Para melhor identificar um complemento nomi-
daquilo que expressa o substantivo.
nal, siga a instrução:
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
Nome + preposição + quem ou quê
foi respeitada.
Como diferenciar complemento nominal de com-
Notava-se o amor pelo seu trabalho.
plemento verbal? Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
diretamente ao verbo “obedecia”) Adjunto Adverbial
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora- Termo representado por advérbios, locuções
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”). adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
Agente da Passiva circunstâncias.

É o complemento de um verbo na voz passiva ana- z Tempo: Quero que ele venha logo;
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
62 raramente, da preposição de. z Modo: O dia começou alegremente;
z Intensidade: Almoçou pouco; Exs.: O mês de abril.
z Causa: Ela tremia de frio; O rio Amazonas.
z Companhia: Venha jantar comigo; Meu primo José.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
z Aposto da oração: É um comentário sobre o fato
roupas;
expresso pela oração, ou uma palavra que condensa.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
z Finalidade: Vivia para o trabalho; preocupação.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel; ideia que não me agrada.
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
z Origem: Descendia de nobres. Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
para as perguntas.
Não confunda! Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- Dica
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido. � O aposto pode aparecer antes do termo a que
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui se refere, normalmente antes do sujeito.
é um adjunto adnominal) Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um na marcou uma geração.
adjunto adverbial) � Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
Aposto to se refere a um termo preposicionado, pode ele
vir igualmente preposicionado.
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, tudo ele tinha medo.
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- � O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
tar algo, alguém ou um fato. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
bicicleta.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
Aposto: filha de D. Raimunda
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras. de modo).
Aposto: Machado de Assis.
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Classifica-se nas seguintes categorias: adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
Separa-se do substantivo a que se refere por uma fica prejudicada.
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
ou dois-pontos. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram O clima de Fortaleza é quente.
ontem, acabaram de voltar de férias. (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O apos-
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que to não pode ser um adjetivo nem ter núcleo adjetivo.
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.(pre-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. dicativo do sujeito; núcleo: desesperado – adjetivo)
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e Homem desesperado, João sempre perde o controle.
riachos. (aposto; núcleo: homem – substantivo)
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância. Vocativo
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- O vocativo é um termo que não mantém relação
malmente, por um pronome indefinido. sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
estavam empolgados com a feira. chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné- ja se comunicar. É um termo independente, pois
LÍNGUA PORTUGUESA

-Bissau, países africanos onde se fala português. não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita. Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
� Circunstancial: Exprime uma característica z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
circunstancial. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas outro termo da oração.
apropriadas. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um termo da oração.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por Sujeito: a cozinha de lufe.
substantivos próprios. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito). 63
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO: PROCESSOS DE Dica
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
As orações coordenadas apresentam, predomi-
Período Composto por Coordenação nantemente, o uso de verbos no imperativo ou no
indicativo. Em raros contextos, porém, apresen-
As orações são sintaticamente independentes. Isso tam uso do subjuntivo, quando a coordenação é
significa que uma não possui relação sintática com ver- feita com orações de valor optativo (que expri-
bos, nomes ou pronomes das demais orações no período. mem desejo): Deus o guarde!
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Período composto por subordinação
(Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer Formado por orações sintaticamente dependentes,
Oração coordenada 2: o homem sonha considerando a função sintática em relação a um ver-
Oração coordenada 3: a obra nasce. bo, nome ou pronome de outra oração.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da Tipos de orações subordinadas:
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho z Substantivas;
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à z Adjetivas;
porta da sala de Damasceno z Adverbiais.
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Orações Subordinadas Substantivas
Conjunção adversativa: mas nada
São classificadas nas seguintes categorias:
Orações Coordenadas Sindéticas
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
As orações coordenadas podem aparecer ligadas são introduzidas pelas conjunções subordinativas
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- integrantes que e se.
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
sindética. Veremos agora cada uma delas: impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite.
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou z Orações subordinadas substantivas justapos-
simultaneidade. tas: introduzidas por advérbios ou pronomes
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- interrogativos (onde, como, quando, quanto,
bém, mas ainda, bem como, como também, se- quem etc.)
não também, que (= e). Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
Os convidados não compareceram nem explica-
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
ram o motivo. não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- no infinitivo.
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. rir a nenhum termo na oração.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
morte.” (Laurindo Rabelo) Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou cional) (or. sub. subst. subje.)
se excluem. z Orações subordinadas substantivas objetivas
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... diretas: exercem a função de objeto direto de um
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
... talvez). reto da oração principal.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Você quer suco de laranja ou refrigerante? Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica subst. obj. dir.)
sobre um raciocínio. z Orações subordinadas substantivas completi-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- vas nominais: exercem a função de complemento
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
de frase). da oração principal.
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
semana. mento nominal)
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Mendes Campos) plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem pl. nom.)
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, z Orações subordinadas substantivas predicati-
porquanto, pois. vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale oração principal. Sempre figuram após o verbo de
a “pois”) ligação ser.
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
64 com fome. sujeito)
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do � Orações subordinadas adverbiais conformati-
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante.
z Orações subordinadas substantivas apositivas: Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois � Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
de dois-pontos ou entre vírgulas. são introduzidas por: que (precedido na oração
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) anterior de termos intensivos como tão, tanto,
Só quero uma coisa: que você volte imediata- tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.) que, sem que.
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
raramente, aposto explicativo). São introduzidas fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os � Orações subordinadas adverbiais finais: indicam
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por:
orações subordinadas adjetivas classificam-se em: para que, a fim de que, porque e que (= para que).
explicativas e restritivas. Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
tivessem bom estudo.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas: � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
tam uma explicação sobre o termo antecedente.
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
São consideradas termo acessório no período,
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio.
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
das por vírgulas.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
cria trinta gatos.
agora que etc.
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
especificam ou limitam a significação do termo
antecedente, acrescentando-lhe um elemento Para separar as orações de um período composto, é
indispensável ao sentido. Não são isoladas por necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
vírgulas. tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
incurável. esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
Dica ções verbais. Exs.:

Como diferenciar as orações subordinadas adje- [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- [para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração
vas explicativas?
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
ção (M. de Assis)
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
visitar apenas o que mora em Recife) Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. basta, pertencente a 1ª (oração principal).
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
mora em Recife) ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem uma
circunstância relativa a um fato expresso em outra RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS
oração. Têm função de adjunto adverbial. São intro-
Conectivos ou conectores são palavras ou expres-
duzidas por conjunções subordinativas (exceto as
sões que têm a função de ligar os períodos e parágrafos
integrantes) e se enquadram nos seguintes grupos:
do texto estabelecendo as relações lógico-semânti-
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
cas necessárias para que o texto atinja seu propósito
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc. comunicativo.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- Os conectivos podem ser conjunções ou advérbios/
que ficamos sem gasolina. locuções adverbiais e sempre promovem uma rela-
� Orações subordinadas adverbiais comparati- ção entre os termos conectados. É muito importante
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal saber identificar a relação que indicam, pois isso pode
LÍNGUA PORTUGUESA

qual, como, mais etc. modificar o sentido de um texto. A seguir veremos as


Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) principais relações que os conectores expressam:
que a importada.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: z Adição: e, também, além disso, mas também;
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São entanto;
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, z Causa: por isso, portanto, certamente;
por mais que, se bem que etc. z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na sociedade
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até que;
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: z Consequência: logo, consequentemente;
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, z Confirmação/Reafirmação: Ou seja, nesse senti-
contanto que, a menos que etc. do, nessa perspectiva, em suma, em outras pala-
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. vras, dessa forma; 65
z Hipótese/Probabilidade: A menos que, mesmo Objeto direto: natação
que, supondo que; Objeto indireto: a futebol
z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem
como; Concordância Verbal com o Sujeito Simples
z Finalidade: afim de, para, para que, com a finali-
dade de, com o objetivo de; Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto é; sujeito.
z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente, Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
com efeito; exorbitante.
z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente,
possivelmente; Diferentes situações:
z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
Dica! sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
É necessário observar o contexto de uso de cada multidão gritou entusiasmada.
conector, pois vários deles podem mudar de sen- z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
tido de acordo com a situação em que está sen- bo posterior ao pronome relativo concorda com o
do usado. antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
Na língua portuguesa, o contexto é essencial Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
para entender uma proposição.
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
quem resolveu a questão.

CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
E NOMINAL APLICADAS AO TEXTO cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
nós quem resolvemos a questão.
CONCORDÂNCIA
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
Observe o exemplo: viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
essa questão.
A pequena garota andava sozinha pela cidade. z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
A: Artigo, feminino, singular; zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
Garota: Substantivo, feminino, singular. ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o Unidos continuam uma potência.
número (singular) do substantivo. Estados Unidos continua uma potência.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân- Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
cia: verbal e nominal. de de Santos fica em São Paulo.”)

Concordância Verbal
Importante!
É a adaptação em número – singular ou plural –
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
sujeito. verbo fica no singular ou no plural.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
peus, asiáticos e africanos.” obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de Mais de um aluno compareceu à aula.
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- Mais de cinco alunos compareceram à aula.
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no A expressão mais de um tem particularidades:
singular. se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
Destrinchando o período, temos que os termos recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- Mais de um irmão se abraçaram.
cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Ex.: Prefiro natação a futebol. Mais de um aluno, mais de um professor esta-
66 Verbo bitransitivo: Prefiro vam presentes.
z Quando o sujeito é formado por um número per- z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
centual ou fracionário, o verbo concorda com o aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
numerado ou com o número inteiro, mas pode como; não só... mas também etc.)
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
vier precedido de um determinante, o verbo con- popularidade em alta.
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é com o núcleo único. Mas, se houver determinante
viver bem. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. sujeito passa a ser composto.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
combustíveis aumentaram.
s verbos bater, dar e soar concordam com o
z O
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a Concordância Verbal do Verbo Ser
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou. (Duas horas deram...) � Concorda com o sujeito
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) Ex.: Nós somos unha e carne.
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez � Concorda com o sujeito (pessoa)
badaladas soaram) Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio � Em predicados nominais, quando o sujeito for
da escola soou dez badaladas) representado por um dos pronomes tudo, nada,
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o dará com o predicativo (preferencialmente) ou
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- com o sujeito
dem-se casas de veraneio aqui. Ex.: No início, tudo é/são flores.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
interessada. que ou quem
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Ex.: Quem foram os classificados?
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
Majestade está preocupada? (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
Suas Excelências precisam de algo? Ex.: São nove horas.
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou É frio aqui.
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� O verbo fica no singular quando precede termos
Concordância Verbal com o Sujeito Composto como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
menos etc. junto a especificações de preço, peso,
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- quantidade, distância, e também quando seguido
ticais diferentes do pronome o
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com Divertimentos é o que não lhe falta.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- Dez reais é nada diante do que foi gasto.
garam ontem. � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
ou nenhum ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- verbo concordará com o termo não preposiciona-
ter o espírito esportivo. do entre eles.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
singular São eles que sempre chegam cedo.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
davam. (preferencialmente no singular) trução adequada)
� Gradação entre os núcleos do sujeito São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para (construção inadequada)
me acalmar. (preferencialmente no singular)
� Núcleos do sujeito no infinitivo Concordância com o infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- O infinitivo é uma das formas nominais do verbo e
LÍNGUA PORTUGUESA

mitivo (nada, tudo, ninguém) enuncia uma ação, estado, fato ou fenômeno de modo
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. indefinido, podendo ser conjugado de duas maneiras:
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, pessoal ou impessoal.
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. � Infinitivo pessoal: está ligado às pessoas discursi-
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem vas, sendo, portando, conjugável.
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu Ex.: por Eu amar;
foco nos estudos. por Tu amares;
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras por ele/ ela/ você amar;
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões por nós amarmos vós amardes ;
bem como, assim como, tanto quanto por eles/ elas/ vocês amarem;
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na O infinitivo pessoal usa-se em orações reduzidas.
final. Ex.: Fez tudo para eu reclamar. 67
� Infinitivo impessoal: não pode ser flexionado, é � Verbos impessoais (haver e fazer)
o nome do verbo, servindo apenas para indicar a Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
conjugação. Havia problemas no setor.
Ex.: Amar (1ª conjugação); Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Comer/ pôr (2 ª conjugação); vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Pedir (3ª conjugação). � Verbo na voz passiva sintética
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
O infinito impessoal deve ser usado em locuções
� Verbo concordando com o antecedente correto
verbais, tendo em vista que, nesses casos, o verbo
do pronome relativo ao qual se liga
principal deve ficar no infinitivo.
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Ex.: Eles podem falar toda a verdade.
tinham experiência.
Em orações reduzidas, introduzidas por uma pre-
� Sujeito coletivo com especificador plural
posição, se o sujeito estiver oculto (sendo o mesmo da
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
oração principal), a flexão do infinitivo é facultativa.
� Sujeito oracional
Ex.: Eles vieram para estudar “ou para estudarem”.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no singular)
Os verbos causativos (mandar, deixar, fazer, ver,
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
ouvir) não formam locuções verbais na posição de ver-
to ou complemento no plural
bo auxiliar. Nesses casos, pode acontecer o seguinte:
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
� O infinitivo se flexiona se o sujeito estiver expres- atrito. (verbo no singular)
so antes do verbo.
Ex.: Eu mandei os alunos estudarem. Casos Facultativos

� A flexão do verbo se torna facultativa se o sujeito z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o estádio.


estiver depois do infinitivo. z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
Ex.: Eu mandei estudar ou estudarem os alunos. fizeram rir.
� A flexão verbal se torna proibida se o sujeito for z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
um pronome pessoal oblíquo átono. z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Ex.: Eu mandei-os estudar. z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira.
Para facilitar, observe a lista a seguir com todas as z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
regras estabelecidas sobre a concordância de verbos ciência. (1,5% corresponde ao singular)
no infinitivo flexionado: z Chegaram/Chegou João e Maria.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
� Quando o sujeito da oração estiver claramente aqui.
expresso. z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
Ex.: É melhor nós irmos embora. brasileira.
� Quando o verbo se referir a um agente não expres- z O problema do sistema é/são os impostos.
so, identificado pela desinência verbal. z Hoje é/são 22 de agosto.
Ex.: Convém exercitarmos questões sobre esse z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
tema. a aprovação.
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
� Quando o sujeito for indeterminado (3ª pessoa).
Ex.: Faço isso para não me acharem inútil. Silepse de Número e de Pessoa
� Quando o verbo for pronominal ou reflexivo.
Ex.: O Juiz obrigou os litigantes a se cumprimentarem. Conhecida também como “concordância irregular,
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
� Quando o verbo, no infinitivo, vier regido por pre-
posição e preceder a oração principal. z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Ex.: Antes de chegarmos à resposta correta, con- do número da palavra referente, para concordar
sultamos o professor. com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
Não devemos flexionar o infinitivo nos seguintes dade: todas as flores)
casos: z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
z quando o verbo for impessoal; ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
z quando o verbo fizer parte de uma locução verbal; diversas etnias, somos multiculturais.
z quando o verbo vier, imediatamente, depois de ver-
bos causativos e sensitivos (ver, ouvir, sentir etc.). Concordância Nominal

Casos mais frequentes em provas Define-se como a adaptação em gênero e número


que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Veja agora uma lista com os casos mais abordados o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
em concursos: adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
� Sujeito posposto distanciado gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
68 brasileira seres estranhos. Muro alto. / Muros altos.
Casos com Adjetivos z Só / sós
Variáveis quando significarem “sozinho” /
z Com função de adjunto adnominal: quando o “sozinhos”.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Invariáveis quando significarem “apenas,
ver após os substantivos, poderá concordar com somente”.
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / apenas queriam ficar sozinhas.)
Encontrei colégios e faculdades ótimos. A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Há casos em que o adjetivo concordará apenas ficar a sós.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
tencer somente a este. � Quite / anexo / incluso
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Concordam com os elementos a que se referem.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- � Meio
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Quando significar “metade”: concordará com o
Existem complicadas regras e conceitos. elemento referente.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
do por dois ou mais adjetivos pode-se: Quando significar “um pouco”: será invariável.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
francesa e alemã. � Grama
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo do significar unidade de medida, é masculino.
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
língua inglesa, a francesa e a alemã. “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
� É proibido entrada / É proibida a entrada
z Com função de predicativo do sujeito Se o sujeito vier determinado, a concordância do
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará seja, tanto o verbo quanto o predicativo concor-
com a soma dos elementos. darão com o determinante.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- nhada está boa.
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por É proibido entrada de crianças. / É proibida a
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos entrada de crianças.
quanto com o nome mais próximo. Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
vam abandonados a casa e o quintal. � Menos / pseudo
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- São invariáveis.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Ex.: Havia menos violência antigamente.
substantivos por um pronome: Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argu-
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. mento é pseudo-objetivo.
(substitui-se por “eles”)
� Muito / bastante
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
Quando modificam o substantivo: concordam
existem complicados”.
com ele.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
Quando modificam o verbo: invariáveis.
então é um adjunto adnominal.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
irritados.
z Com função de predicativo do objeto
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram
bastante irritados.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Se ambos os termos puderem ser substituídos
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- por “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser
dância com o termo mais próximo. substituídos por “bem”, ficarão invariáveis.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e � Tal qual


seus subordinados. Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
com o substantivo posterior.
Algumas Convenções Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais
os pais.
� Obrigado / próprio / mesmo Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. quais os pais.
A própria enfermeira virá para o debate. Silepse (também chamada concordância
Elas mesmas conversaram conosco. figurada)
É a que se opera não com o termo expresso, mas
O termo mesmo no sentido de “realmente” será o que está subentendido.
invariável. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. linda!) 69
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos Flexão Apenas do Primeiro Elemento
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
z Nos substantivos compostos formados por subs-
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
tantivo + substantivo em que o segundo termo
leiros, estamos esperançosos.)
limita o sentido do primeiro termo:
� Possível decreto-lei – decretos-lei;
Concordará com o artigo, em gênero e número, em cidade-satélite – cidades-satélite;
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. público-alvo – públicos-alvo;
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / elemento-chave – elementos-chave.
Conheci crianças as mais belas possíveis. Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
Plural de Substantivos Compostos públicos-alvos, elementos-chaves.
z Nos substantivos compostos preposicionados:
O adjetivo concorda com o substantivo referen- cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
te em gênero e número. Se o termo que funciona pôr do sol – pores do sol;
como adjetivo for originalmente um substantivo fica fim de semana – fins de semana;
invariável. pé de moleque – pés de moleque.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Flexão Apenas do Segundo Elemento
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular)
� Nos substantivos compostos formados por tema
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
Plural de Adjetivos Compostos
adjetivo:
bate-papo – bate-papos;
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- quebra-cabeça – quebra-cabeças;
mo elemento concordará com o substantivo referente. arranha-céu – arranha-céus;
Os demais ficarão na forma masculina singular. ex-namorado – ex-namorados;
Se um dos elementos for originalmente um subs- vice-presidente – vice-presidentes.
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o ção do primeiro elemento:
plural, pois ambos são adjetivos. zum-zum – zum-zuns;
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no tico-tico – tico-ticos;
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. lufa-lufa – lufa-lufas;
Nesse caso, o termo composto não concorda com o reco-reco – reco-recos.
plural do substantivo referente, “folhas”. � Nos substantivos compostos grafados ligada-
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. mente, sem hífen:
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- girassol – girassóis;
bém pode ser um substantivo. pontapé – pontapés;
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma mandachuva – mandachuvas;
lógica de “musgo” do exemplo anterior. fidalgo – fidalgos.
Dica � Nos substantivos compostos formados com
grão, grã e bel:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- grão-duque – grão-duques;
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são grã-fino – grã-finos;
sempre invariáveis. bel-prazer – bel-prazeres.
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- Não flexão dos elementos
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
Lista de Flexão dos dois Elementos formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos
� Nos substantivos compostos formados por pala- compostos por um tema verbal e uma palavra
vras variáveis, especialmente substantivos e invariável ou outro tema verbal oposto:
adjetivos: o disse me disse – os disse me disse;
segunda-feira – segundas-feiras; o leva e traz – os leva e traz;
matéria-prima – matérias-primas; o cola-tudo – os cola-tudo.
couve-flor – couves-flores; REGÊNCIA
guarda-noturno – guardas-noturnos;
primeira-dama – primeiras-damas. Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
� Nos substantivos compostos formados por posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou
temas verbais repetidos: advérbio) exige complemento preposicionado, esse
corre-corre – corres-corres; nome é um termo regente, e seu complemento é um
pisca-pisca – piscas-piscas; termo regido, pois há uma relação de dependência
pula-pula – pulas-pulas. entre o nome e seu complemento.
Nestes substantivos também é possível a flexão O nome exige um complemento nominal sempre ini-
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca- ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
70 -piscas, pula-pulas. forma de pronome oblíquo átono.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
foram leais. sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- como complemento)
to (desprovido de preposição) � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Pronome oblíquo átono: lhe Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do vo direto com sentido de “respirar”)
sujeito (desprovido de preposição). Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
indireto no sentido de “desejar”)
Regência Verbal � Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
Relação de dependência entre um verbo e seu
“prestar assistência”
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
O médico assistia os acidentados.
retas, isto é, com ou sem preposição.
O médico assistia aos acidentados.
Há verbos que admitem mais de uma regência - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
sem que o sentido seja alterado. Não assisti ao final da série.

Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
V. T. D: esquecia É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos. res de pessoas.”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
V. T. I.: se esquecia
direto e indireto
Objeto indireto: dos favores recebidos.
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, vo indireto)
alterando seu significado. O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
to e indireto)
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
(aspiramos = sorvemos) predicativo do objeto
V. T. D.: aspiramos Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
Objeto direto: ar poluídos. to com sentido de “convocar”)
Os funcionários aspiram a um mês de férias. Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
(aspiram = almejam) dicativo do objeto com sentido de “denominar,
V. T. I.: aspiram qualificar”)
Objeto indireto: a um mês de férias � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
A seguir, uma lista dos principais verbos que Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
geram dúvidas quanto à regência: indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
� Abraçar: transitivo direto vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço � Esquecer: admite três possibilidades
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- Esqueci-me dos acontecimentos.
to com sentido de “acariciar”) Esqueceram-me os acontecimentos.
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
no sentido de “ser agradável a”) transitivo direto e indireto
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
transitivo direto e indireto (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
personificado)
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
disposição”)
personificado)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto � Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
preposição a, rege indiferentemente objeto direto coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
LÍNGUA PORTUGUESA

e objeto indireto. sobre


Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) Informaram o réu de sua condenação.
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Informaram o réu sobre sua condenação.
indireto) Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, rege sa: objeto indireto, com a preposição a
apenas objeto direto: Informaram a condenação ao réu.
Ajudaram o ladrão a fugir. � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto reto, com as preposições em e por
direto: Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
Ajudei-o muito à noite. � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto tivo direto e indireto
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sitivo direto com sentido de “angustiar”) sitivo com sentido de “cortejar”) 71
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Garret) (transitivo direto e indireto com sentido de “encantar-se”)
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo indireto)
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo direto e indireto)
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e indireto)
� Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no sentido de “ocorrer”)
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido de “vir depois”)

Regência Nominal

Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem complementos preposicionados, exceto quando
vêm em forma de pronome oblíquo átono.

Advérbios terminados em “mente”

Os advérbios derivados de adjetivos seguem a regência dos adjetivos:

análoga / analogicamente a
contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de
relativa / relativamente a

Preposições Prefixos Verbais

Alguns nomes regem preposições semelhantes a seus “prefixos”:

dependente, dependência de
inclusão, inserção em
inerente em/a
descrente de/em
desiludido de/com
desesperançado de
desapego de/a
convívio com
convivência com
demissão, demitido de
encerrado em
enfiado em
imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre

CONHECIMENTO GRAMATICAL DE ACORDO COM O PADRÃO CULTO DA LÍNGUA E ORTOGRAFIA OFICIAL

Estes dois assuntos são explorados ao longo de todo o conteúdo e, especificamente, o conteúdo “Ortografia
Oficial” foi tratado em tópico anterior: “Ortografia”.

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

O Novo Acordo Ortográfico foi aprovado no Brasil em 2009, com a intenção de unificar a língua portuguesa
escrita nos 9 países que firmaram o Acordo.
72 Alguns aspectos foram modificados e serão detalhados a seguir:
Alfabeto

z Como era:

ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXZ

z Como está:

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto, agora, foram acrescentadas as letras K, W e Y, tendo,
ao todo, 26 letras no alfabeto do português brasileiro desde então.
A causa dessa mudança é basicamente organizar e “legalizar” o uso dessas letras que já estavam presentes
na prática da língua, inseridas em nomes próprios e abreviaturas, como por exemplo: km, Ygor, Walter, Karolina,
dentre outras palavras.
É importante saber que, o uso dessas letras não modifica a escrita de outras palavras, mas sim propõe novas
possibilidades de escrita para novas palavras bem como nomes próprios, estrangeirismos e abreviaturas.
Veja também, na tabela a seguir, as principais mudanças oriundas do Acordo Ortográfico na área de acentua-
ção de palavras:

PRINCIPAIS MUDANÇAS
Assunto Mudança Como era Como ficou
ACENTUAÇÃO
Só aparece em palavras estrangeiras.
Conseqüência Consequência
Trema Deixou de ser utilizado em palavras da
Agüentar Aguentar
língua portuguesa
Idéia Ideia
Ditongo em palavras paroxítonas Não recebem mais acento
Assembléia Assembleia
Hiatos com paroxítonas com “i”
Não recebem mais acento Feiúra Feiura
ou “u”
Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem
Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo
Acento diferencial em conjuga- Ele tem. Ele tem.
Mantido
ções verbais Eles têm. Eles têm.

Uso do hífen conforme o Novo Acordo Ortográfico

O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformulado com a reforma ortográfica da língua que entrou em
vigor em 2009 no Brasil.
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos contextos, o que podemos ver como uma facilitação do
aprendizado de quando usá-lo ou não.
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, conforme o novo acordo ortográfico, é esta:

z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório.

Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exemplos para
organizar o uso desse diacrítico e facilitar seu aprendizado.

z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão unidos por hífen quando o segundo termo apresentar vogal,
seja igual seja diferente. Ex.: coorientador, coautor, preenchimento, reeleição, reeducação, preestabelecer.
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen deve permanecer caso a palavra seguinte seja iniciada pelas
consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, hiper-requintado, inter-racial, super-racional.
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixo terminado em
vogal seguido de palavra iniciada por R ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, antirrugas etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

z É importante esclarecer que em prefixos terminados em vogais, aplicados a palavras cuja primeira letra seja
H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói; anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo.
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem ser
empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal; pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice-governador;
soto-mestre; além-mar; aquém-oceano; recém-nascido; sem-teto.
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam hífen. Ex.:
circum-navegação; pan-americano.
z Também devemos empregar hífen em palavras formadas pelos sufixos de origem tupi-guarani, como Açu, Gua-
çu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu; capim-açu.

A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen das palavras compostas por justaposição com um termo de
ligação. Assim, palavras como Pé de moleque, que antes contavam com o hífen, agora já não utilizam mais. Porém,
não foram todas as palavras justapostas que foram atingidas pela reforma; palavras justapostas que designam 73
plantas ou bichos ainda são escritas com hífen. Ex.: as npessoas possam se apoiar para dialogar, trocar
Cana-de-açúcar; pimenta-do-reino; castanha-do-Pará; ideias e identificar-se é vital para a constituição de
João-de-barro; bem-te-vi; porco-da-Índia.Quando não uma sociedade. E é preferível que esse universo seja
se utiliza hífen? povoado por autores densos, que comportem interpre-
tações complexas e que resistiram ao teste do tempo
z Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal a que seja determinado pelos modismos simplificado-
e quando a segunda palavra começa em r ou s. res das guerras culturais.
Ex.: auto-retrato (incorreto) → autorretrato (correto);
Hélio Scwartsman (Folha de S. Paulo, 04 de maio de 2021)
Essa regra não vale no caso de palavras ligadas por
hiper, inter e super. A palavra “porém” é acentuada pelo mesmo motivo de:
Ex.: Inter-regional (mantém-se o hífen).
a) cânon
z Quando o prefixo termina com uma vogal diferen- b) difícil
te da que se inicia a segunda palavra, não se usa c) ciência
o hífen. d) avançará
Ex.: auto-estima (incorreto) → autoestima (correto);
z Em palavras compostas formadas por uma unida- 2. (SELECON – 2020)
de também não se utiliza hífen.
Ex.: manda-chuva (incorreto) → mandachuva A mobilidade da criança
(correto).
O que significa a mobilidade para os pequenos habi-
É importante saber que o “r” e o “s” são dobrados tantes das cidades brasileiras? Para parte deles, o ir e
quando estão perto de vogais, como já vimos, mas não vir está sempre relacionado ao carro. Das janelas dos
se juntam com consoantes. automóveis, eles enxergam reflexos da cidade, mas
não participam dela.
Para a maior parcela, que se locomove a pé e de trans-
HORA DE PRATICAR! porte coletivo, há insegurança, medo e a certeza de
que o pedestre é considerado um intruso, um invasor
1. (SELECON – 2021) Texto l (Para responder à questão) do espaço. Além de aprender que precisa atraves-
sar a rua correndo porque o tempo do semáforo é
Os clássicos estão morrendo? insuficiente e o pedestre não é respeitado, a criança
brasileira se acostuma a caminhar em calçadas mui-
Catástrofe espiritual. Foi assim que Cornel West, um to estreitas e até em ruas sem a presença delas. As
dos mais destacados intelectuais negros dos EUA, décadas de planejamento urbano focado no carro tor-
classificou a decisão da Universidade Howard, talvez naram as ruas um território de guerra – o fato de que o
a mais importante instituição de ensino negra do país, Brasil é o quarto país do mundo em mortes no trânsito
de fechar seu departamento de estudos clássicos. fala por si só. Pesquisadores internacionais há tem-
pos discutem os efeitos da “imobilidade” e da violên-
West, que escreveu um contundente artigo de opinião cia no trânsito no desenvolvimento físico, cognitivo,
para o Washington Post, afirma que a noção de crimes motor e social das crianças. Exercer a independência
do Ocidente se tornou tão central na cultura america- numa cidade segura é fundamental para o crescimen-
na que ficou difícil reconhecer as coisas boas que o to saudável. Nos países em que as crianças andam de
Ocidente proporcionou, notadamente os clássicos, bicicleta e a pé com segurança, como na Holanda e
que são clássicos justamente porque permitem uma na Dinamarca, por exemplo, os acidentes são pratica-
conversação universal, abarcando pensadores de dife- mente inexistentes e a infância é um período de feliz
rentes eras e povos. interação na sociedade.
Diretores de Howard responderam, no New York Sobrepeso e falta de luz solar Segundo a urbanista
Times. Dizem que, ao contrário de universidades e arquiteta espanhola Irene Quintáns, os urbanistas
brancas de elite, a instituição não tem dinheiro para usam a presença de crianças no espaço público como
tudo e teve de estabelecer prioridades. Afirmam que indicador de sucesso urbano. “A ausência delas nas
os alunos de Howard não ficarão sem ler Platão, Aris- ruas aponta as falhas das nossas cidades”, ela diz.
tóteles e outros clássicos, apenas que não haverá
Moradora da capital paulista há sete anos e mãe de
mais um departamento exclusivo dedicado a esses
dois filhos, Irene acredita que privar os pequenos de
pensadores.
caminhar não é positivo. “Uma criança que fica cir-
Os clássicos estão morrendo? Morrer, eles não mor- cunscrita à locomoção no carro tende a ficar insegura
rerão. Haverá sempre, nas universidades e fora delas, para se movimentar. Ela também tem mais dificulda-
uma legião de estudiosos que garantirão que nosso de em perceber o outro. Isso se chama empatia e é
conhecimento sobre esses autores não só não regre- muito importante para a vida em sociedade. Há ainda
dirá como avançará. Eu receio, porém, que o chamado a questão do sedentarismo, do sobrepeso e da falta
cânon ocidental será cada vez mais objeto de estudo de luz solar. Crianças que caminham para a escola
de especialistas e menos um corpo de referências que têm mais concentração para desenvolver atividades
todos os cidadãos educados reconheçam. complexas”.
Isso é ruim, porque, assim como a concordância acer- Mesmo com todas as dificuldades já citadas, é impor-
ca do que são fatos é fundamental para a ciência e a tante usar o transporte público, caminhar e participar
74 democracia, um universo de noções comuns em que da vida na cidade. Na próxima vez que levar seus filhos
à escola, reflita: por que ir de carro? Que tal descobrir Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, con-
a cidade ao lado deles, trocando ideias sobre o que siderado a “caixa d’água do Brasil” por causa de sua
vocês veem? Assim, eles aprendem a ser cidadãos e a posição estratégica na formação de bacias hidrográfi-
viver o coletivo, enquanto exigimos que o poder públi- cas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira
co priorize a proteção das nossas crianças. agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a
uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de
(https://www.metrojornal.com.br/colunistas/2018/10/11/ extrema relevância para obtenção de recursos hídri-
mobilidade-da-crianca.html)
cos brasileiros”, afirma Gonçalves.
A acentuação está corretamente justificada em: Para o professor, o uso do solo do bioma teve um
efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta
a) “automóveis” – proparoxítona de uma regulação mais firme tem levado a uma supe-
b) “país” – oxítona terminada em “-i(s)” rexploração, com vários danos. “Perda de território, de
c) “saudável” – paroxítona terminada em “-l” recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nas-
d) “décadas” – paroxítona terminada em “-a(s)” centes e uma degradação e diminuição da disponibili-
dade de água”, enumera.
3. (SELECON – 2020) Leia o texto a seguir para respon-
der às questões 3 e 4. (Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%
C3%A7%C3%A30-da-;%C3%A 1 gua-no-brasil/a-4 7996980)
Os desafios da conservação da água no Brasil
A acentuação está corretamente explicada em:
Um dos países com maior disponibilidade de recursos
hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus a) países - segunda vogal tônica de hiato
indicadores de água. O acesso à água tratada e à cole- b) hídricos - penúltima sílaba tônica
ta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas c) água - monossílabo tônico
urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto d) média - paroxítona terminada em a
áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas.
Além de políticas públicas que assegurem o atendi- 4. (SELECON – 2020) “outro imbróglio é a conservação
mento, que é dificultado pela distribuição desequili- do próprio recurso, que enfrenta desafios” (1° parágra-
brada da água e da população no território brasileiro, fo). Na frase, a palavra “imbróglio” tem sentido equiva-
outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, lente à seguinte expressão:
que enfrenta desafios.
a) equilíbrio momentâneo
Falta de saneamento b) posição extrema
c) desejo próximo
Um dos maiores vilões da qualidade da água no Bra- e) situação difícil
sil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da
metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de 5. (SELECON – 2019) Leia o texto a seguir para respon-
esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é trata- der às questões 5 e 6.
do, de acordo com o Sistema Nacional de Informação
sobre Saneamento. A violência que bate à porta (fragmento)
Dessa forma, um grande volume de esgoto não cole-
tado ou não tratado é despejado em corpos d’água, Segundo dados do Relatório Mundial 2019, divulgados
provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa recentemente pela ONG Human Rights Watch, 64 mil
falta de infraestrutura de saneamento básico tem um homicídios aconteceram no Brasil em 2017. são dois mil
impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, a mais que em 2016. Este crescimento não foi freado em
diz o especialista Carlos. 2018, pelo contrário. Os dados já apresentados por Ongs
e Instituições mostram que o número de assassinatos
Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto segue crescendo a passos largos. O crime, cada vez
é problemática, mas também a poluição causada por mais, sai da marginalidade e assola toda a sociedade,
indústrias e pela agricultura, como o lançamento de sem distinguir classes sociais. Estados pararam nos últi-
agrotóxicos. mos meses (Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará,
e por aí vai) na mão de criminosos e a população se vê à
Desmatamento, em especial no Cerrado mercê desta realidade que bate à porta.
LÍNGUA PORTUGUESA

O desmatamento de matas ciliares, que acontece em O retrato atual é esse e os noticiários teimam em nos
todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quan- lembrar que o filho morto hoje pode ser o nosso ama-
tidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vege- nhã. Esta sensação de insegurança aumenta a busca
tação protege o solo, ajuda na infiltração da água da por segurança privada. A Pesquisa Nacional sobre
chuva e na alimentação do lençol freático e permite a Segurança Eletrônica, realizada pela Associação Bra-
recarga dos aquíferos. sileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segu-
rança (Abese), afirma que houve um crescimento nas
Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do residências que investiram em sistemas de segurança
solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segun-
nos últimos 12 meses.
do José Francisco Gonçalves Júnior, professor do
Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília Mas quem deve cuidar da segurança do cidadão? E
(UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a quem não tem dinheiro para investir em sistemas? É
uma indisponibilidade natural de recursos hídricos. protegido por quem? 75
Os sistemas privados de segurança servem para inibir O direito humano à alimentação adequada consiste
a ação de criminosos, mas isto não pode ser a úni- no acesso físico e econômico de todas as pessoas
ca solução. O Estado precisa ser cobrado e deve agir. aos alimentos e aos recursos, como emprego ou ter-
Para deter o crime organizado, é necessário muito ra, para garantir esse acesso de modo contínuo. Esse
mais esforço público do que portões e muros altos. direito inclui a água e as diversas formas de acesso
à água na sua compreensão e realização. Ao afirmar
Marco Antônio Barbosa Hoje em Dia, 01/03/2019 (Extraído e que a alimentação deve ser adequada, entende-se que
adaptado de: hojeemdia.com.br/opinião) ela seja adequada ao contexto e às condições cultu-
rais, sociais, econômicas, climáticas e ecológicas de
A palavra “desvantagens” apresenta o mesmo proces- cada pessoa, etnia, cultura ou grupo social.
so de formação que:
Para garantir a realização do direito humano à ali-
mentação adequada, o Estado brasileiro tem as obri-
a) envelhecimento gações de respeitar, proteger, promover e prover a
b) necessariamente alimentação da população. Por sua vez, a população
c) feminização tem o direito de exigir que eles sejam cumpridos, por
d) prestação meio de mecanismos de exigibilidade. Exigibilidade é
e) sobressai o empoderamento dos titulares de direitos para exigir
o cumprimento dos preceitos consagrados nas leis
6. (SELECON – 2019) A palavra “cidadão” apresenta sua internacionais e nacionais referentes ao direito huma-
forma no plural com a mesma terminação de: no à alimentação adequada no âmbito dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esferas federal,
a) escrivão estaduais e municipais. Esses meios de exigibilidade
b) capitão podem ser administrativos, políticos, quase judiciais e
c) eleição judiciais.
d) cordão Durante várias décadas, por influência dos países
e) mão centrais, o Brasil e outros países em desenvolvimen-
to procuraram responder ao problema da fome com a
7. (SELECON – 2020) Texto para responder à questão: introdução da chamada revolução verde, que foi uma
espécie de campanha de modernização da agricultu-
ra mediante a introdução de um pacote tecnológico
baseado no uso intensivo de máquinas, fertilizantes
químicos e agrotóxicos para aumentar a produção
e, consequentemente, a humanidade acabaria com
a fome. Introduziu-se, assim, um modelo agroexpor-
tador centrado nas monoculturas, que favoreceu a
concentração das empresas, cada vez mais inter-
nacionalizadas, de modo que atualmente 30 conglo-
merados transnacionais controlam a maior parte da
produção, da industrialização e do comércio agroali-
Em “magrinha”, a terminação expressa a noção de: mentar no mundo, violando a soberania alimentar.
Muitos países, regiões e municípios, também dentro
a) intensidade do Estado brasileiro, vivem sem soberania alimentar
b) contrariedade e outros tantos vivem com sua soberania alimentar
c) consequência ameaçada pelos fatores supramencionados. Nesse
d) comparação contexto, a soberania alimentar significa o direito dos
países definirem suas próprias políticas e estratégias
8. (SELECON – 2020) Leia o texto a seguir para respon- de produção, distribuição e consumo de alimentos que
der à questão. garantam a alimentação para a população, respeitan-
do as múltiplas características culturais dos povos em
Direito humano à alimentação adequada e soberania suas regiões.
alimentar Entre os desafios para a garantia do direito humano
à alimentação adequada e da soberania e segurança
O direito humano à alimentação adequada está con- alimentar e nutricional no Semiárido, encontram-se: a
templado no artigo 25 da Declaração Universal dos necessidade de respeitar a diversidade cultural e as
Direitos Humanos de 1948 e sua definição foi amplia- formas de organização e produção, de modo que as
da em outros dispositivos do Direito Internacional, comunidades tenham sua autonomia para produzir e
como o artigo 11 do Pacto de Direitos Econômicos, consumir seus alimentos; e a importância de avançar
Sociais e Culturais e o Comentário Geral nº 12 da ONU. na realização da reforma agrária, na regularização fun-
No Brasil, resultante de amplo processo de mobiliza- diária e no reconhecimento dos territórios para que os
ção social, em 2010 foi aprovada a Emenda Constitu- povos tenham maior autonomia para produzir seus
cional nº 64, que inclui a alimentação no artigo 6º da alimentos.
Constituição Federal. No entanto, isso não necessaria-
Irio Luiz Conti (integra o Consea Nacional e é membro da Fian
mente significa a garantia da realização desse direito
Internacional.) (Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/
na prática, o que permanece como um desafio a ser consea/comunicacao/ artigos/2014/direito-humano-a-alimentacao-
76 enfrentado. adequada-esoberania-alimentar)
“Durante várias décadas, por influência dos países Acontece, porém, que um menino, para empinar um
centrais, o Brasil e outros países em desenvolvimen- papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos
to procuraram responder ao problema da fome com a e perdeu a vida.
introdução da chamada revolução verde, que foi uma E os loucos que sonharam a sair de seus pavilhões,
espécie de campanha de modernização da agricultu- usando a fórmula do incêndio para chegarem à liber-
ra mediante a introdução de um pacote tecnológico dade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade
baseado no uso intensivo de máquinas, fertilizantes nas mãos!...
químicos e agrotóxicos para aumentar a produção e,
consequentemente, a humanidade acabaria com a São essas coisas tristes que contornam sombriamen-
te aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para
fome”.
alcançá-la, estamos todos os dias expostos à morte.
E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mes-
No trecho acima, as palavras destacadas designam mo prender melhor suas correntes e não pensar em
ações consideradas, respectivamente: assunto tão ingrato.

a) continuada/recusada Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus


b) concluída/projetada papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as
c) sugerida/orientada crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que
falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus
d) iniciada/acabada
antepassados, estranha linguagem humana, nestes
andaimes dos construtores de Babel...
9. (SELECON – 2019) Leia o texto a seguir para respon-
der às questões 9 e 10. Texto extraído do livro “Escolha o seu sonho”, Editora Record Rio de
Janeiro, 2002, p 07, Adaptado.
Liberdade
Releia o parágrafo pera responder à questão:
Cecília Meireles
“Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos
de outrora (muito de outrora!. ) não acreditavam que
Deve existir nos homens um sentimento profundo que
se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de
corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela
linha e um pouco de vento!...”
se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado
estátuas e monumentos, por ela se têm até morrido Um recurso utilizado pelo autor para realçar, valorizar
com alegria e felicidade. e ampliar a comunicação expressiva do trecho a:
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de
a) exemplificação
cada acaba onde começa a liberdade de outrem; que
b) comparação
onde não há liberdade não há pátria, que a morte é pre-
c) enumeração
ferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é
d) pontuação
renunciar à própria condição humana; que a liberdade
é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto 10. (SELECON – 2019) Releia o parágrafo pera responder
à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam à questão:
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade!” ; nossos avós
cantaram: “Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Bra- “Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos
sil”; nossos pais pediam: “Liberdade! \abre as asas de outrora (muito de outrora!. ) não acreditavam que
sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de
sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da linha e um pouco de vento!...”
Pátria...” em certo instante.
Passando-se para o futuro do pretérito do modo Indi-
Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito cativo o verbo da primeira frase, a forma correta é:
tempo , com disposições de cantá-la, amá-la, comba-
ter e certamente morrer por ela. a) Os papagaios iriam pelos ares até onde os meninos de
outrora
Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser
b) Os papagaios foram pelos ares até onde os meninos
escravo; é agir segundo nossa cabeça e o nosso cora-
de outrora
ção, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabe-
c) Os papagaios iam pelos ares até onde os meninos de
ça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser
outrora.
responsável, é repudiar a condição de autômato e de
d) Os papagaios irão pelos ares até onde os meninos de
teleguiado, é proclamar o triunfo luminoso do espírito.
outrora.
(Suponho que seja isso.)
LÍNGUA PORTUGUESA

Ser livre ir mais além: é buscar outro espaço, outras 11. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar
acorrentado. É não viver |obrigatoriamente entre qua-
tro paredes. Por isso, os meninos atiram pedras e sol-
tam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o
sonho das crianças deseja ir (Ás vezes, é certo, quebra
alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de
outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se
pudessem chegar tão simplesmente, com um fio de
linha e um pouco de vento!.... Disponível em: https://twitter.com/Metropoles 77
A palavra “já” é advérbio com valor de: empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava resti-
tuí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores.
a) modo Eu a furtara, eu a via morrer.Já murcha, e com a cor
b) tempo particular da morte, peguei-a docemente e fui deposi-
c) companhia tá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava
d) instrumento atento e repreendeu-me.
- Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
12. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. Rio de Janeiro,
… e cheio de perigos virtuais José Olympio, 1985. p. 80.

E tal como no mundo real, no qual há aquelas pessoas Na frase “Renovei a água do vaso, mas a flor empali-
mal-intencionadas, a internet também possui perigos decia.”, a palavra sublinhada tem o mesmo significado
e exige precauções. No mundo real, usamos diversos que:
tipos delas. Instalamos fechaduras nas portas das
nossas casas e carros e as trancamos para ter maior a) desmanchava
segurança pessoal e dos nossos bens. Usamos cor- b) desbotava
tinas nas nossas janelas para, além da claridade, ter c) escurecia
mais privacidade em relação a vizinhos e pedestres. d) reluzia
Não saímos por aí contando para qualquer desconhe-
cido como foi aquela aventura amorosa ou quais são 14. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
os hábitos dos nossos familiares. E ainda evitamos
que nossos filhos tenham contatos com pessoas que O drama do degelo da Groenlândia em uma só foto
não conhecemos sem a nossa presença ou de alguém
da nossa confiança. Uma imagem mostra as consequências da mudança
climática na região, que registrou até 17 graus Celsius
Do mesmo modo, também devemos nos proteger na semana passada, quando a temperatura máxima
e ser precavidos no mundo virtual. E isso vale para nesta época é de 3,2 graus
empresas e governos. Com o progressivo crescimento
da digitalização dos negócios, tornou-se mais frequen- Os cientistas concordam que, embora a imagem seja
te a ocorrência de crimes e golpes virtuais. E os seus surpreendente, não é inesperada. Ainda assim, a foto,
tipos são tão variados quanto a criatividade humana tirada em 13 de junho por Steffen M. Olsen, deu a vol-
permite, indo desde roubo de informações sensíveis ta ao mundo. Nela aparecem vários cães puxando um
(políticas, estratégicas, segredos industriais etc.), trenó no fiorde de Inglefield Bredning, no noroeste da
sequestro de dados, controle remoto de dispositivos Groenlândia, e se vê como os animais estão cami-
pessoais para finalidades ilegais… nhando sobre o gelo derretido. Embora o verão já
esteja muito próximo, nesta região da Terra as tempe-
BRASIL, país digital (Extraído de: brasilpaisdigital.com.br/seguranca- raturas máximas em junho costumam ser de 3,2 graus
e-cidadania- no-mundo-digital). Adaptado Celsius, segundo o pesquisador espanhol Andrés
Barbosa, diretor de campanhas no Àrtico. Na semana
“E os seus tipos são tão variados quanto a criatividade passada, a estação meteorológica mais próxima do
humana permite”. Os elementos destacados marcam aeroporto de Qaanaaq, no noroeste da Groenlândia,
relação de: registrou uma máxima de 17,3°C na quarta-feira, 12 de
junho, e 15°C no dia seguinte.
a) retificação O cientista que fez a foto contou que os caçadores e
b) comparação pescadores locais se surpreenderam ao encontrar tan-
c) condição ta água em cima do gelo, especialmente no princípio
d) assunto da temporada. Embora não seja um fato isolado, nun-
e) meio ca tinham visto tanto gelo derretido antes de julho.

13. (SELECON – 2019) Os sinais da mudança climática são cada vez mais
evidentes. As temperaturas superiores à média em
Furto de flor quase todo o oceano Ártico e Groenlândia durante o
mês de maio fizeram o gelo derreter antes do habitual,
Carlos Drummond de Andrade resultando no menor bloco de gelo registrado em 40
anos, segundo os dados do Centro Nacional de Neve e
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício Gelo dos EUA.

cochilava, e eu furtei a flor. As temperaturas registradas na semana passada na


Groenlândia e em grande parte do Ártico foram impul-
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. sionadas por um ar mais quente que subia do sul.
Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se “Este fato ocorre de vez em quando, mas há evidên-
a beber, e flor não é para ser bebida. cias de que está se tornando mais comum, embora
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, seja uma área de pesquisa que evolui com muita rapi-
dez. Além disso, à medida que a atmosfera se tornar
revelando melhor sua delicada composição. Quantas
mais calorosa haverá um maior derretimento”, afirma
novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Ruth H. Mottram, cientista do Instituto Meteorológico
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de Dinamarquês e colega de Steffen M. Olsen, o pesqui-
78 conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor sador que tirou a foto.
O autor da popular imagem revelou no Twitter que se exercício. Quando isso acontece, o desconforto cessa
tratava de um “dia incomum” e que a imagem “para mui- e, após algum tempo, os músculos estão prontos para
tos é mais simbólica que científica”. Os pesquisadores continuar a contrair.
concordam que o alarmante não é o aumento pontual Para que haja recuperação da contração muscular,
das temperaturas, e sim a tendência de alta que obser- é importante que o lactato acumulado no músculo
vam há anos. “Por causa desse aumento 63% das gelei- tenha sua concentração diminuída. Mas, qual a rela-
ras da Groenlândia estão em retrocesso, e já houve uma ção do lactato com a V. atypica? Bem, os cientistas
perda de 30% do gelo marinho”, diz Barbosa. descobriram que essas bactérias consomem o lacta-
Além disso, Mottram explica que, embora o degelo to, isto é, usam o lactato como nutriente. Assim, as
bactérias contribuem para reduzir mais rapidamente
marinho não contribua imediatamente para o aumen-
a concentração do lactato nos músculos e, dessa for-
to do nível do mar, em longo prazo isso ocorre. Seus
ma, apressar a recuperação muscular. Isso é, decidi-
modelos de simulações climáticas preveem que o
damente, uma vantagem para os atletas que têm a V.
gelo marinho se derreta, com consequências para as atypica em seu intestino.
populações locais e os ecossistemas do Ártico. “Tam-
bém é provável que no futuro haja uma quantidade Os pesquisadores realizaram experimentos com
cada vez maior de água que contribua para a elevação camundongos para demonstrar esse efeito. Trans-
do nível do mar a partir da Groenlândia”, conclui. plantaram as bactérias para os roedores e os testaram
em uma esteira adaptada para eles. Os animais que
Belén Juaréz (Adaptado de: https:l/brasil.elpais.com/brasil[) receberam as bactérias corriam durante bem mais
tempo que aqueles controles, que não as receberam.
Em “e em grande parte do Ártico foram impulsionadas Descobriu-se também que a V. Atypica, além de con-
por um ar mais quente que subia do sul” (4º parágra- sumir o lactato, produz propionato – composto que
fo), o termo destacado exerce a função sintática de: é produto do metabolismo do lactato. Já se mostrou
em camundongos que o propionato aumenta os bati-
a) objeto indireto mentos cardíacos e, também, o consumo máximo de
b) agente da passiva oxigênio (que é importante para gerar energia na fase
c) adjunto adverbial aeróbica do exercício). Assim, estar contaminado com
d) complemento nominal V. atypica é tudo de bom – se você for um atleta, é claro.

15. (SELECON – 2019) Franklin Rumjanek Adaptado de: http://cienciahoje.org.br/

De onde menos se espera “Os animais que receberam as bactérias corriam


durante bem mais tempo que aqueles controles, que
O sucesso de atletas de elite depende de muitos fato- não as receberam”. O trecho em destaque assume, em
res. Estamos acostumados a acompanhar relatos relação à expressão “os animais”, o papel de:
diversos que descrevem protocolos rígidos, geral-
mente envolvendo treinamento árduo, alimentação a) especificar o conjunto a que se refere
controlada, descanso e, em alguns casos, a dopagem b) caracterizar genericamente uma classe
– prática proibida que consiste na injeção de compos- c) relativizar uma característica conhecida
tos, como a testosterona (hormônio anabolizante), d) comentar uma crença considerada cristalizada
para aumentar a massa muscular dos atletas. Jamais
imaginaríamos que um dos segredos do sucesso 16. (SELECON – 2020)
poderia ter origem no intestino dos atletas, mais espe-
cificamente, num gênero de bactérias com o curioso Ciência e epidemia, construções coletivas
nome de Veillonela atypica.
Vacinas, atuando por meio de agentes semelhantes ao
Pesquisadores norte-americanos descobriram que, patógeno da doença, mas incapazes de causá-Ia, geram
durante – e logo após – o exercício vigoroso, ocorre uma memória imunológica que nos protege da doença,
o crescimento agudo de populações de bactérias V. às vezes por toda a vida. Mais que seu efeito individual,
atypica nos intestinos de alguns maratonistas. A per- porém, importa seu efeito comunitário. Se bem utiliza-
gunta seguinte foi: qual a relação desses microrga- das, podem proteger até quem não se vacinou.
nismos com o desempenho dos atletas de elite? Essa
pergunta foi respondida recentemente e se encontra Epidemias são fenômenos intrinsecamente sociais:
no artigo do biólogo molecular Jonathan Scheiman e contraímos as doenças infecciosas e as transmitimos
colaboradores, publicado na revista Nature Medicine para as pessoas ao redor. E a reação do grupo deter-
mina o curso e a gravidade do surto.
LÍNGUA PORTUGUESA

em junho último.
Para explicar esse fenômeno, é preciso antes descre- Se boa parte da população já tem imunidade contra
ver rapidamente um pouco o que acontece no meta- determinada doença, é mais difícil que um indivíduo
bolismo. Um exercício como a maratona implica a infectado contamine outras pessoas. Esse fenômeno,
contração muscular repetitiva durante um período inicialmente estudado em animais, é chamado de imu-
relativamente longo. Para que a contração ocorra, o nidade de rebanho.
músculo usa a glicose como combustível.
Para a gripe, observa-se a proteção comunitária quan-
Acontece que a glicólise também produz o lactato ou do cerca de 40% da população é imune ao vírus; para
ácido láctico. Quem já fez exercícios repetitivos sabe o sarampo, a taxa fica por volta de 95%. Se um número
que, ao final de certo tempo, o músculo sofre fadiga, o suficiente de indivíduos for vacinado de modo a atingir
que produz uma sensação bem conhecida de queima- a imunidade de rebanho, então a população como um
ção ou dor e, nesse momento, a pessoa deve parar o todo recebe proteção contra a epidemia. 79
É nesse contexto que segue a busca por uma vacina Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, sur-
para a Covid-19. Calcula-se que atingiremos a imuni- gem continuamente problemas como estes: devo
dade de rebanho quando entre 60 e 70% da população cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y,
estiver imune ao vírus. Há quem estime que a taxa seja embora hoje perceba que o cumprimento me causará
menor, dada a heterogeneidade da população. certos prejuízos? Devo dizer sempre a verdade ou há
ocasiões em que devo mentir? Quem, numa guerra de
De um modo ou de outro, várias pesquisas (inclusive invasão, sabe que o seu amigo z está colaborando
brasileiras) evidenciam que sem a vacina essas taxas com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou
não serão alcançadas no curto prazo. Para agravar a deve denunciá-lo como traidor? Podemos considerar
situação, pairam dúvidas sobre a imunidade a longo bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo
prazo para a doença. que bate à sua porta e, durante o dia — como patrão —,
explora impiedosamente os operários e os emprega-
Essa é uma batalha que precisa ser travada com as dos da sua empresa? Se um indivíduo procura fazer
armas da ciência. Pela primeira vez na história, o públi- o bem e as consequências de suas ações são prejudi-
co acompanha tão de perto e com tanta expectativa a ciais àqueles que pretendia favorecer, porque lhes cau-
produção do conhecimento científico. E esse proces- sa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que
so pode às vezes parecer caótico. age corretamente de um ponto de vista moral, quais-
quer que tenham sido os efeitos de sua ação? (...)
A ciência é um processo de construção coletiva, tão
social quanto a epidemia que ela tenta enfrentar. Em situações como essas que acabamos de enu-
Esforços colossais foram canalizados para o enfren- merar, os indivíduos se defrontam com a necessida-
tamento da Covid-19 - só de vacinas temos 135 ini- de de pautar o seu comportamento por normas que
ciativas, 22 delas sendo testadas em humanos (duas se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser
cumpridas. Estas normas são aceitas intimamente e
das quatro que estão no último estágio de ensaios em
reconhecidas como obrigatórias: de acordo com elas,
humanos estão sendo testadas no Brasil). Enquanto
os indivíduos compreendem que têm o dever de agir
assistimos ao desenrolar dessa busca, vemos o fra- desta ou daquela maneira. Nestes casos, dizemos que
casso de projetos promissores e o questionamento de o homem age moralmente e que neste seu comporta-
informações antes tidas por favas contadas. mento se evidenciam vários traços característicos que
Esse processo de construção do conhecimento cientí- o diferenciam de outras formas de conduta humana.
fico costuma se estender por anos. Mas a urgência e a Sobre este comportamento, que é o resultado de uma
decisão refletida e, por isto, não puramente espontâ-
intensidade da pesquisa sobre a Covid-19 têm forçado
nea ou natural, os outros julgam, de acordo também
adaptações e aperfeiçoamento.
com normas estabelecidas, e formulam juízos como
A demanda do público por informação vem estimulan- os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas circuns-
do estudiosos a melhorar o modo de comunicar seus tâncias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor” etc.
achados e também as discussões sobre a construção Dessa maneira temos, pois, de um lado, atos e formas
do conhecimento. É um momento único: pela primeira de comportamento dos homens em face de determi-
vez experimentamos uma pandemia de tais propor- nados problemas, que chamamos morais, e, do outro
ções, com os atuais níveis de conhecimento científico lado, juízos que aprovam ou desaprovam moralmente
e recursos de comunicação. os mesmos atos. Mas, por sua vez, tanto os atos quan-
to os juízos morais pressupõem certas normas que
Vamos torcer para que as pessoas, confrontadas com apontam o que se deve fazer. Assim, por exemplo, o
estudos de resultados conflitantes, descubram um juízo: “Z devia denunciar o seu amigo traidor”, pressu-
pouco mais a respeito da formação do conhecimento põe a norma “os interesses da pátria devem ser postos
científico. E, com sorte, passem a admirar a beleza e o acima dos da amizade”. Por conseguinte, na vida real,
esforço envolvido na construção da ciência. defrontamo-nos com problemas práticos do tipo dos
enumerados, dos quais ninguém pode eximir-se. E, para
Gabriella Cybis Folha de São Paulo, 15/07/2020 1. resolvê-los, os indivíduos recorrem a normas, cumprem
determinados atos, formulam juízos e, às vezes, se ser-
Ao reescrever o trecho “quando cerca de 40% da popu- vem de determinados argumentos ou razões para justi-
lação é imune ao vírus”, o acento grave está correta- ficar a decisão adotada ou os passos dados.
mente indicado em: Tudo isso faz parte de um tipo de comportamento efe-
tivo, tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais e
a) quando cerca de 40% da população é imune à grupos tanto de ontem quanto de hoje.(...)
comuns de doença
b) quando cerca de 40% da população é imune à seus A este comportamento prático-moral, que já se encon-
tra nas formas mais primitivas da comunidade, sucede
efeitos prolongados
posteriormente — muitos milênios depois — a refle-
c) quando cerca de 40% da população é imune àquele
xão sobre ele. Os homens não só agem moralmente
tipo de contágio (isto é, enfrentam determinados problemas nas suas
d) quando cerca de 40% da população é imune à vetor relações mútuas, tomam decisões e realizam certos
mais próximo atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou
avaliam de uma ou de outra maneira estas decisões
17. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à e estes atos), mas também refletem sobre esse com-
questão. portamento prático e o tomam como objeto da sua
reflexão e do seu pensamento. Dá-se assim a passa-
Ética gem do plano da prática moral para o da teoria moral;
ou, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a
80 Adolfo Sanchez Vásquez moral reflexa.
Quando se verifica essa passagem, que coincide com que as últimas estimativas indicam 7,5 mil toneladas
os inícios do pensamento filosófico, já estamos pro- de objetos fora de uso entulhando os arredores do pla-
priamente na esfera dos problemas teórico-morais ou neta, colocando em risco novas missões espaciais.
éticos. À diferença dos problemas prático-morais, os
Muitas são as ideias para limpar essa quantidade de
éticos são caracterizados pela sua generalidade. Se
lixo espacial, incluindo armas a laser. Uma iniciativa
na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma deter-
da Universidade de Surrey, no Reino Unido, acaba de
minada situação, deverá resolver por si mesmo, com
fazer, com sucesso, O primeiro teste para pôr em práti-
a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intima-
ca um satélite que funciona como lixeiro espacial.
mente, o problema de como agir de maneira a que sua
ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. A 300 quilômetros de altitude, o RemoveDebris (Remo-
vedor de detritos), como foi batizado, lançou uma rede
Será inútil recorrer à ética com a esperança de encon-
para capturar um objeto do tamanho de uma caixa
trar nela uma norma de ação para cada situação
de sapatos que estava entre seis e oito metros a sua
concreta. Aética poderá dizer-lhe, em geral, o que é
frente.
um comportamento pautado por normas, ou em que
consiste o fim — o bom — visado pelo comportamento “Funcionou exatamente como esperávamos”, disse à
moral, do qual faz parte o procedimento do indivíduo BBC o professor Guglielmo Aglietti, diretor do Centro
concreto ou o de todos.(...) Espacial de Surrey. “O alvo estava girando como você
esperaria que um lixo não cooperativo se comportas-
Sem dúvida, esta investigação teórica não deixa de ter
se, mas você pode ver claramente que a rede o cap-
consequências práticas, porque, ao se definir o que é
tura, e estamos muito felizes com a maneira como o
o bom, se está traçando um caminho geral, em cujo
experimento foi feito.”
marco os homens podem orientar a sua conduta nas
diversas situações particulares. Neste sentido, a teo- É verdade que o lixo em questão tinha acabado de ser
ria pode influir no comportamento moral-prático. lançado pelo próprio satélite, mas foi somente o pri-
meiro de quatro testes a serem desempenhados pelo
(ÉTICA. VÁSQUEZ, A. S., Ética, Ed. Civilização Brasileira, R. J.,95. satélite. Ainda esse ano, a ideia é que coloquem em
Adaptado ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espa-
cial. Em seguida, será a vez de um outro sistema de
Em “e, às vezes, se servem de determinados argumen- captura, que utiliza um arpão, ser testado.
tos”, ocorre o fenômeno da crase obrigatória por se
tratar de uma locução adverbial. Por fim, uma espécie de rede de arrasto, como as uti-
lizadas por pescadores, será lançada para capturar
Há ocorrência de crase obrigatória também em: tudo que encontrar em seu caminho pela alta atmos-
fera. Depois de cumprida a missão, o satélite, que cus-
a) Referiu-se a que estava sentada próxima ao coordenador. tou US 17 milhões, entrará em rota de colisão com a
b) Gota a gota, seguiu a recomendação do medicamento. Terra e vai se desintegrar junto com todo o lixo confor-
c) Respondia a qualquer pessoa da mesma forma grosseira. me mergulha na atmosfera.
d) Dirigiu-se aquele site, onde haveria outras informações.
(por Redação Galileu, em 19/09/2018) Disponível em >https://
revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/ noticia/2018/09/satelite-
18. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão: utiliza-rede-para-capturar-lixo-espacial- veja- video.html> Acesso em
25/09/2018. Adaptado.
Você passa o dia na A minha geração lutará
internet, é um volume
enorme de informações
contra a poluição na
rede, papai.
Em relação às informações contidas no texto, é possí-
inútil. vel concluir que o lixo espacial, proveniente de objetos
lançados no espaço e que continuam soltos e circu-
lam ao redor da Terra:

a) faz parte de uma normalidade, pois não afeta o espa-


ço sideral
Disponível em: malvados.com.br b) irá arrastar todos os satélites provenientes do planeta
Terra
No contexto da tirinha, a imagem presente no terceiro c) constitui-se um perigo para as futuras explorações
quadrinho é irônica pelo seguinte motivo: espaciais
d) poderá ser reciclado para as novas missões no siste-
a) reforça a importância atribuída à internet ma solar
b) indica a profissão do personagem adulto
LÍNGUA PORTUGUESA

c) apresenta a situação da verdadeira poluição 20. (SELECON – 2019)


d) relativiza a necessidade do transporte urbano
Vacinas, para que as quero?
19. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda às
questões. Em um momento em que os menos avisados suspei-
tam das vacinas, as autoridades em saúde pública
Satélite utiliza rede para capturar lixo espacial e imunologia apresentam dados mostrando que, na
realidade, as vacinas precisam, sim, ser inoculadas
Desde 4 de outubro de 1957, quando a União Soviéti- com mais frequência. Esse é o teor do artigo ‘Quanto
ca lançou o primeiro satélite artificial para o espaço, tempo duram as vacinas?’, assinado por Jon Cohen e
milhares de objetos foram lançados para fora de nos- publicado na prestigiosa revista Science em abril de
so planeta. É tanta coisa colocada em órbita da Terra 2019 Nele, Cohen indaga, entre outros assuntos, por 81
que o efeito protetor das vacinas contra a gripe dura
tão pouco (em média, depois de 90 dias, a proteção
GABARITO COMENTADO
começa a cair) e em outras, como as da varíola e da 1.
febre amarela, a ação é bem mais prolongada.
A palavra “porém” é acentuada por ser uma oxíto-
Alguns especialistas argumentam que certos vírus
na terminada em “em”. Na letra A, “cânon” é paro-
sofrem altas taxas de mutação e geram novos clones,
xítona, o mesmo ocorre com “difícil”. Na letra C,
que, por serem ligeiramente diferentes dos originais,
“ciência” é uma palavra paroxítona terminada em
não seriam reconhecidos pelas células do sistema
ditongo, por isso é acentuada. Na letra D, “avan-
imune. Mas, a coisa não é tão simples assim.
çará” é acentuada, por ser oxítona terminada em
Ao estudar a caxumba (que ainda afeta os humanos), vogal, por isso esse é o gabarito. Resposta: Letra D.
por exemplo, os epidemiologistas descobriram que a
recorrência da doença acontece com mais frequência 2.
em uma determinada faixa etária (entre 18 e 29 anos
de idade). Se a reinfecção dependesse apenas de Na letra A, a palavra “automóveis” é paroxítona e,
mutações, todas as idades deveriam ser igualmente não, proparoxítona. Na letra B, “país”, foi acentua-
afetadas. Assim, o enigma perdura. da, pela ocorrência de hiato. Já na letra C, “saudá-
vel” foi acentuada, por ser paroxítona terminada
No entanto, o consenso entre os imunologistas espe-
em “l” — são acentuadas as paroxítonas termina-
cializados em vacinas é que, de fato, precisamos de
das em “L, I(s), N, US, PS, Ã, R, UM, UNS, ON, X, ÃO
mais exposição aos agentes infecciosos ou às pró-
e ditongo” — por isso, é o gabarito. Já na letra D,
prias vacinas. Em outras palavras, no caso da gripe,
“décadas” é uma palavra proparoxítona e todas as
teríamos que tomar doses seguidas da vacina a fim
proparoxítonas são acentuadas. Resposta: Letra C.
de aumentar seu efeito protetor. Em razão desses
achados, os pesquisadores chegaram até a criticar
3.
a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS)
de recomendar que a vacina contra a febre amarela Na letra A, a justificativa está correta, porque “aí”
devesse ser inoculada apenas uma vez, isto é, seria forma hiato. Na letra B, “hídricos” é acentuada por
uma vacina vitalícia. ser proparoxítona (a sílaba tônica é a antepenúlti-
A necessidade da exposição constante aos agentes ma e, não, a penúltima). Na letra C, “água” não é
infecciosos vai de encontro à hipótese do biólogo nor- monossílaba tônica, mas, sim, palavra paroxítona.
te-americano Jared Diamond que, em seu livro Armas, Já na letra D, “média” é paroxítona, porém é acen-
germes e aço, defende a ideia de que, ao longo da tuada por terminar em ditongo oral crescente. Res-
história, o sucesso dos conquistadores se deveu, em posta: Letra A.
parte, ao fato de eles serem originalmente cosmopoli-
tas e, dessa maneira, terem adquirido resistência imu- 4.
nológica aos agentes infecciosos da época. Mesmo
resistentes, seriam portadores desses agentes, o que A palavra “imbróglio” significa “circunstância em
manteria a memória imunológica. Já os conquistados, que há confusão; momento dificultoso.” Sendo assim,
grupo formado por populações menores, sucumbi- nesse caso, a opção que apresenta significado aná-
riam ao confronto por não serem capazes de se defen- logo é a letra D: situação difícil. Resposta: Letra D.
der tanto dos invasores humanos quanto daqueles
microscópicos. 5.

Embora o avanço nessa área seja promissor, o meca- A palavra “desvantagens” é formada pelo processo
nismo que torna uma vacina mais duradoura ou não de derivação prefixal. Na letra A, “envelhecimen-
ainda segue sem resposta. Como afirma Cohen em to” é formada por derivação parassintética. Na
seu artigo, “essa é uma pergunta de um milhão de letra B, “necessariamente” é formada por derivação
dólares!” (aproximadamente, o valor do prêmio Nobel). sufixal. Na letra C, “feminização” também é forma-
A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder da por derivação sufixal — feminizar + ação = femi-
das vacinas Muito pelo contrário A tendência atual nização. Já na letra D, “prestação” ocorre, também,
no tratamento de doenças crônicas, como o câncer e por derivação sufixal. Na letra E, sobressai é for-
a artrite reumatoide, é a imunoterapia. Um dia, quem mada pelo prefixo “sobre” e o verbo “sair”. Diante
sabe, teremos vacinas contra todos esses males. disso, observa-se que, assim como “desvantagens”,
na letra E há um caso de derivação prefixal. Respos-
Franklin Rumjanek (Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/ ta: Letra E.
vacinaspara- que-as-guero/)
6.
A ideia central do segundo parágrafo é apresentada
pelo seguinte procedimento recorrente em gêneros O plural de “cidadão” é feito apenas com “ãos”:
discursivos midiáticos: cidadãos. As palavras das letras A e B formam plu-
ral com “ães”: escrivães e capitães. Já as letras C e D
a) narrativa imprecisa formam plural com “ões”: eleições e cordões.
b) descrição subjetiva A única palavra que forma plural com “ãos” é mão
c) falsa suposição – mãos, por isso a letra E é o gabarito da questão.
82 d) discurso indireto Resposta: Letra E.
7. 16.

A terminação “inha” não necessariamente quer Na letra A, não deve haver crase, por se estar dian-
indicar diminução no tamanho de algo, mas muitas te de uma palavra masculina (grupos). Na letra B,
vezes pode expressar desdém, carinho, intensidade, ocorre o mesmo problema: “seus efeitos” é um ter-
dentre outros sentidos. Na tirinha, a terminação mo masculino. Na letra C, a crase está correta, por-
“inha” de “magrinha” expressa a intensidade. que o verbo exige a preposição “a” e, quando temos
Resposta: Letra A. a palavra “aquele” ou “aquela” (pronomes demons-
trativos), a palavra recebe crase. Já na letra D, não
8.
deve haver crase, por ser seguida de uma palavra
O verbo “procuraram” está no pretérito perfeito do masculina. Resposta: Letra C.
indicativo e “acabaria” está no futuro do pretérito
do indicativo. Sendo assim, a opção que melhor se 17.
encaixa para o sentido dos verbos destacados é a
letra B. Resposta: Letra B. Na letra A, não há crase, porque não há “união” da
preposição “a” com o artigo “a”. Na letra B, não há
9. crase no primeiro “a”, por se tratarem de palavras
repetidas, e, no segundo “a”, o verbo “seguir” não
As reticências constituem um recurso muito utiliza-
exige o uso da preposição “a”. Na letra C, não há
do, com o objetivo de realçar, valorizar e ampliar a
crase, porque “a” está diante de pronome indefini-
produção de sentido de determinado trecho do tex-
do. Na letra D, deve haver crase, porque o verbo
to. Resposta: Letra D.
“respondia” exige a preposição “a” e, diante das
10. palavras “aquele” ou “aquela” (pronomes demons-
trativos), a palavra recebe crase. Resposta: Letra D.
Na letra A, o verbo “iriam” está conjugado no futu-
ro do pretérito do indicativo. Na letra B, o verbo 18.
“foram” está no pretérito perfeito ou mais-que-per-
feito. Já na letra C, o verbo “iam” está no pretérito A ironia da tirinha está no fato de que a “juventu-
imperfeito do indicativo e, na letra D, “irão” está no de” está preocupada em limpar a poluição das redes
futuro do presente do indicativo. Resposta: Letra A. digitais enquanto a poluição da natureza aumenta
em níveis alarmantes. A verdadeira poluição não
11. está sendo vista como um problema e nem sendo
O advérbio “já” expressa o tempo em que uma ação combatida pelos jovens, segundo a tirinha. Respos-
foi executada. Portanto, a única apção que se encai- ta: Letra C.
xa nesse valor é a letra B. Resposta: Letra B.
19.
12.
De acordo com o texto, o lixo espacial é um peri-
Os elementos “tão” e “quanto” são utilizados para go para as futuras explorações espaciais, por isso
estabelecer o grau comparativo com o adjetivo estão sendo desenvolvidas tecnologias para limpar
“variados”, estabelecendo uma comparação entre esse lixo. Resposta: Letra C.
os termos “variados” e “criatividade humana”. Res-
posta: Letra B. 20.
13. No segundo parágrafo, o autor faz uso do discurso
indireto, introduzido pelos termos “Alguns especia-
A palavra destacada “empalidecia” tem sentido de
listas argumentam que”. A partir dessa introdução,
tornar mais claro, branco, pálido. Sendo assim, a
o autor, indiretamente, cita especialistas no assun-
única palavra entre as alternativas dadas que man-
tém o significado de “empalidecia” é “desbotava”. to, passando, assim, credibilidade e autoridade a
Resposta: Letra B. respeito do tema dentro do gênero discursivo midiá-
tico. Resposta: Letra D.
14.

A oração está na voz passiva, portanto o sujeito


está sofrendo a ação. O agente da passiva é o com-
plemento de um verbo na voz passiva. Representa o
ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA

ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo.


Geralmente, é regido pela preposição “por”. O termo
destacado atua como agente da passiva. Resposta:
Letra B.

15.

Nesta questão, o pronome relativo “que” inicia uma


oração subordinada adjetiva restritiva (sem pon-
tuação — não está separada por vírgulas). Essa
oração tem como função restringir ou especificar o
sentido dos animais que foram mencionados ante-
riormente. Resposta: Letra A. 83
ANOTAÇÕES

84
Todo número que é dividido apenas por ele mes-
mo e pelo número 1 é um número primo.

Exemplo:

RACIOCÍNIO LÓGICO 3 (apenas por ser dividido por 1 e 3)


13 (apenas por ser dividido por 1 e 13)

Multiplicação de Fração
RACIOCÍNIO LÓGICO: RESOLUÇÃO DE
Fazer a multiplicação entre frações é muito sim-
PROBLEMAS
ples! Basta multiplicar o numerador de uma das fra-
ções pelo numerador da outra fração e fazer o mesmo
Para um melhor aproveitamento de seus estudos,
veremos, neste tópico, conceitos básicos relativos à dis- processo entre os denominadores. Veja:
ciplina de Raciocínio Lógico, que são imprescindíveis 2 5 2 $ 5 10
para a resolução de questões de prova. 3 $ 4 = 3 $ 4 = 12

FRAÇÕES Ainda não chegamos ao resultado final da ope-


ração, pois, neste caso, é possível simplifica-la. Para
Frações nada mais são do que operações de divisão. realizar esse procedimento, devemos achar um núme-
Podemos, representá-las de diversas formas, por exem- ro que divide, ao mesmo tempo, o denominador e o
plo, a divisão de 4 por 8, pode ser escrita como 4 ÷ 8 ou numerador. No caso apresentado anteriormente,
4 sabemos que é o número 2. Aplicando, fica assim:
, em que, o número 4 recebe o nome de numerador
8
e o número 8 de denominador.
Agora, vamos estudar todas as operações que 10÷2 5
envolvem as frações. São elas: adição, subtração, mul- 12÷2 = 6
tiplicação e divisão. Pronto! Chegamos no resultado final, pois não há
mais como simplificar.
Adição e Subtração de Fração
Divisão de Fração
Para somar ou subtrair frações, é necessário olhar-
mos para os denominadores, ou seja, para a “base”
Vou te ensinar uma maneira bem simples para
das frações. Há duas situações possíveis. Vejamos:
resolver esse tipo de operação. Para dividir frações,
deve-se repetir a primeira fração e multiplicar pelo
z Denominadores iguais (quando acontece essa situa-
ção, basta repetir as bases e operar os numeradores) inverso da segunda fração. Depois, basta realizar a
multiplicação normalmente, da mesma forma que
1 3 aprendemos. Veja:
+ = 1+3 = 4
5 5 5 5
3 ' 5 3 2 3$2 6 6'2 3
4-2 4-2 2 4 2 = 4 $ 5 = 4 $ 5 = 20 = 20 ' 2 = 10
3 3 = 3 =3
z Denominadores diferentes (quando acontece essa Importante!
situação, é necessário encontrar o mínimo múltiplo
comum, para operar as frações). Veja: Podemos simplificar frações, dividindo o nume-
rador e o denominador pelo mesmo número.
1 3
3+4
TEORIA DE CONJUNTOS
O número 12 é o mínimo múltiplo, ao mesmo
tempo, de 3 e 4. Então, dividiremos 12 pelos denomi-
A Teoria de Conjuntos deve ser vista como
nadores e, depois, multiplicaremos o resultado pelos
um dos tópicos mais importantes da Matemática
numeradores.
Contemporânea.
É ela que dá sustentação lógica a outros tópicos
1 3 4$1 3$3 4 + 9 13
3 + 4 = 12÷3 + 12÷4 = 12 = 12 inerentes à Matemática, como por exemplo: Funções,
RACIOCÍNIO LÓGICO

Probabilidade, Análise Combinatória, Polinômios, Pro-


Achando o mínimo múltiplo comum (mmc) entre gressões (Aritméticas e Geométricas) etc.
3 e 4, temos: Acreditar nos alicerces estabelecidos por essa Teo-
ria é ter a garantia de que o rigor matemático, a coe-
3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
são e a elegância na exposição do conteúdo terão seu
lugar de destaque garantidos.

3–2 2 Noções Primitivas

3–1 3
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não
1–1 mmc: 2 · 2 · 3 = 12
necessitam de demonstração. 85
São elas: P
z Conjunto,
2 17
z Elemento;
z Pertinência entre Conjunto e Elemento. 3
11 5
Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa-
dos por letras latinas maiúsculas: A, B, C etc. 7
Alguns exemplos de Conjuntos: 13
19
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro,
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos-
suem 31 dias;
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme- N
ros primos até 19;
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto Estados Unidos
dos países da América do Norte.
México
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos
componentes dos Conjuntos apresentados são ele-
Canadá
mentos destes (por exemplo: no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um
elemento deste conjunto).
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre estes. Para Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
tanto utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não
pertence). Conjunto Unitário
Nos exemplos acima temos algumas situações para
destacar esta relação:
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
z O mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim- junto Unitário quando ele apresentar exatamente
bolicamente, Abril ∉ M; um único elemento (ou objeto).
z O número 11 pertence ao conjunto P, ou simboli- São exemplos de Conjuntos Unitários:
camente, 11 ∈ P;
z O Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- z H = {1986} é o conjunto formado pelo ano do Século
mente, Haiti ∉ N. XX em que o Cometa Halley pôde ser visto por quem
estava na Terra. Observe que este conjunto apre-
Representação de Conjuntos senta somente um único elemento, ou seja, 1986;
z F = {Michael Phelps} é o conjunto formado pelo
Existem três maneiras distintas de representar os esportista que mais ganhou medalhas olímpicas.
Conjuntos, quais sejam: Observe que este conjunto apresenta somente um
único elemento, ou seja, ele é composto pelo meda-
z Analítica; lhista Norte-Americano Michael Phelps (ganhador
z Sintética; de 28 medalhas olímpicas, em um total de 4 Olím-
z Diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).
piadas que participou);
z Conjunto dos números primos pares. Neste caso, a
Na representação Analítica, destaca-se cada um
dos elementos que pertence a um determinado con- este conjunto pertence somente o número 2.
junto. Nos exemplos mencionados (conjuntos M, P e
N), todos eles foram representados dessa maneira. Conjunto Vazio
Na representação Sintética, devemos destacar
uma característica que seja comum a todos os elemen- Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
tos pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exem- junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou
plos que mencionamos, essa representação ficaria da objeto) algum. A notação utilizada para representar
seguinte maneira (abaixo Lê-se x/x como “x é tal que x um Conjunto Vazio é: {} ou ∅
tem a propriedade”:

z M = {x / x é mês do ano com 31 dias}; Importante!


z P = {x / x é número primo};
z N = {x / x é país da América do Norte}. É muito comum as pessoas representarem o
Conjunto Vazio da seguinte maneira: {∅}
Na representação por Diagramas, devemos definir Na verdade, o que se tem aí é um conjunto que
uma região (normalmente um círculo) onde devem possui um único elemento que é o conjunto vazio.
ser representados todos os elementos pertencentes Complicado?
ao conjunto. Importante não esquecer de nomear o O importante é não cometer esse erro de forma
conjunto. alguma: utilize {} ou ∅, mas nunca as duas repre-
Observe as situações abaixo (já apresentados ante- sentações ao mesmo tempo!
86 riormente) que são exemplos desta representação:
São exemplos de Conjuntos Vazios: Subconjunto

z Conjunto dos meses que apresentam 32 dias; Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
z Países que fazem parte da América do Norte e que e somente se, todo elemento de A pertence também a B.
começam com a letra W; A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z Número primo irracional; utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ A
z Seleção de Futebol que tenha conquistado 10 ⇒ x ∈ B) (Lê-se: A está contido em B, se, e somente se, Para
todo x, se x pertence a A, então x pertence a B).
Copas do Mundo.
Por diagramas poderíamos representar essa situa-
ção da seguinte maneira:
Conjunto Universo
B
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
junto Universo quando a ele pertencem todos os
elementos.
No exemplo abaixo o conjunto universo conside- A
rado poderia ser os seguintes:

z Se fossemos escolher um aluno qualquer do 1º ano


B do Ensino Médio de uma Escola que apresen-
tasse uma determinada característica (como por
exemplo o uso de óculos de grau), nosso Conjunto
Universo poderia ser representado pela Turma ao
qual o aluno pertence (no caso o 1º ano B), ou ainda Figura 2. Subconjunto A do conjunto B
a Escola onde ele estuda. Percebam que neste caso
dá para escolher mais de um conjunto Universo. Perceba que todo elemento pertencente ao conjun-
to A (no interior da região cinza), automaticamente,
Você poderá escolher o Conjunto Universo ao pertence também a B.
qual pertencem todos os elementos que são de seu É desta maneira que representamos por Diagra-
interesse. mas a relação de inclusão A ⊂ B. Concluímos que A é
Dentre estes, você selecionará aqueles que apre- subconjunto de B.
sentam a característica procurada (ou de interesse). Diferentemente do que acontece quando relaciona-
mos elementos com conjuntos (ali vigoram as relações
de pertinência, ou seja, somente utilizamos ∈ (pertence)
Conjuntos Iguais
ou ∉ (não pertence)), quando tratamos da relação entre
conjuntos, utilizamos os símbolos abaixo:
Dois conjuntos A e B são iguais quando todo ele-
mento de A pertence a B e vice-versa.
z ⊂ (está contido) ou;
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z ⊄ (não está contido) ou;
utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (∀x)(x ∈
z ⊃ (contém) ou;
A ⟺ x ∈ B) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se, para z ⊅ (não contém).
todo x, x pertence a A se, e somente se, x pertence a B).
Duas observações são bastante importantes e
Dá-se o nome de Subconjunto Impróprio de B à
impactam diretamente na compreensão de outros
seguinte situação:
conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
A=B
z A ordem na Teoria de Conjuntos não importa (não
interfere)! Observe o conjunto A = {1, 2, 3, 4}. Se
trocarmos a ordem dos elementos deste conjun-
to, como por exemplo {3, 1, 4, 2}, este conjunto
continua recebendo o nome de A, pois apresenta
os mesmos elementos (mesmo estando estes em
ordem distinta daquela apresentada inicialmen-
te). Portanto, variações do conjunto A (outras pos-
síveis são: {1, 3, 4, 2}, {4, 3, 1, 2}, {2, 3, 1} etc.) no
que tange a ordem dos elementos não interferem
em sua nomeação.
z A repetição na Teoria de Conjuntos não importa Figura 3. Subconjunto Impróprio de B
RACIOCÍNIO LÓGICO

(não interfere)! Observe o mesmo conjunto A = {1,


2, 3, 4}. Se repetirmos os elementos deste conjunto, A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
como por exemplo {2, 2, 3, 4, 4, 1, 1, 1}, este conjun- utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (A ⊂ B
to continua recebendo o nome de A, pois apresenta e B ⊂ A) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se, A está
os mesmos elementos (mesmo estando estes repe- contido em B e B está contido em A).
tidos). Cabe destacar que neste caso a quantidade Duas propriedades são bastante importantes e
de elementos continua sendo a mesma, ou seja, impactam diretamente na compreensão de outros
4 elementos pertencem ao conjunto A. Portanto, conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
variações do conjunto A (outras possíveis são: {1,
2, 2, 3, 3, 3, 4, 4, 4, 4}, {1, 2, 3, 3, 3, 4}, {4, 4, 2, 2, 3, 1, z O conjunto vazio está contido em qualquer con-
4} etc.) no que tange a repetição dos elementos não junto. Representamos esta situação da seguinte
interferem em sua nomeação. maneira: Ø ⊂ A. Apesar de parecer insignificante 87
em um primeiro momento (aquelas observações C
que passam desapercebidas quando estudo um
determinado assunto), esta propriedade é extre-
mamente importante para a simplificação de 1
demonstrações de Teoremas. Sem ela, diversas
situações envolvendo conjuntos teriam suas “com-
provações ou demonstrações” apresentadas de
uma maneira muito mais extenuante (cansativa)!
z Todo conjunto está contido em si mesmo. Repre- 2 3
sentamos esta situação da seguinte maneira: A ⊂ A.
Também aparentemente insignificante, esta pro-
priedade tem seu “lugar de destaque” no contexto
da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil no
que se refere a simplificação de demonstrações de Figura 4. Partição do conjunto C, com elementos tomados 1 a 1
Teoremas. Ela também recebe o nome de Proprie-
dade Reflexiva. Situação que apresenta cada um dos elementos de
C tomados 1 a 1, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla-
Conjunto das Partes ou Partição ramente separados: {1}, {2} e {3}.

Dado um conjunto A, chama-se Conjunto das Par- C


tes (ou Partição) de A (representado por P(A)), aquele
que é formado por todos os subconjuntos de A. 1
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: P(A) = {X / X ⊂ A},
onde X é subconjunto de A (Lê-se: X é tal que, X está
contido em A).
Por intermédio do Conjunto das Partes de um 2 3
determinando conjunto dado (A por exemplo), pode-
mos reforçar aquilo que talvez você já tenha perce-
bido intuitivamente, ou seja, um conjunto pode ser
elemento de outro conjunto.
Antes de apresentarmos um exemplo que possa
ilustrar essa situação, uma propriedade importante C
deve ser destacada: o número de elementos de P (A) é
dado por 2n, ou seja, 2 elevado ao número de elemen- 1
tos do conjunto A.

Exemplo 1: Determine o conjunto das partes de B


= {1, 2, 3, 4}.
2 3
Resposta: P(B) = {{1}, {2}, {3}, {4}, {1, 2}, {1, 3}, {1, 4},
{2, 3}, {2, 4}, {3, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1, 3, 4}, {2, 3, 4}, {1,
2, 3, 4}, ∅}
Observe que temos representados, todos os sub-
conjuntos do conjunto B, ou seja, P(B). Atenção
especial deve ser dada aos elementos (que aqui são C
conjuntos) {1, 2, 3, 4} (perceba que é o próprio conjun-
to B, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅
1
(o conjunto vazio está contido em qualquer conjunto).
Observe também que a quantidade de elementos é
dada por 2n = 24 = 16 subconjuntos!

Exemplo 2: Determine o conjunto das partes de C 2 3


= {1, 2, 3}.
Resposta: P(C) = {{1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3},
{1, 2, 3}, ∅}
Observe que temos acima representados todos os
subconjuntos do conjunto C, ou seja, P(C). Atenção Figura 5. Partições do conjunto C, com elementos tomados 2 a 2
especial deve ser dada aos elementos (que aqui são
conjuntos) {1, 2, 3} (perceba que é o próprio conjunto Situação que apresenta cada um dos elementos de
C tomados 2 a 2, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla-
C, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅ (o
ramente separados: {1, 3}, {1, 2}, {2, 3}. Perceba que
conjunto vazio está contido em qualquer conjunto). aqui vale a observação referente a repetição de ele-
Observe também que a quantidade de elementos é mentos na Teoria de Conjuntos, ou seja, os elementos
dada por 2n = 23 = 8 subconjuntos. {1}, {2} e {3} aqui aparecem repetidos, mas já foram
Vamos utilizar de diagramas para entender melhor tomados na primeira situação abordada neste exem-
88 a importância da Partição do conjunto C: plo. Portanto, você não irá tomá-los novamente!
C A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∩ B = {x / x ∈ A
e x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A interseção
1 com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x pertence a B).
Por diagramas, poderíamos representar esta
situação da seguinte maneira:

2 A B
3

Figura 6. Partição do conjunto C, com elementos tomados 3 a 3

Situação que apresenta o próprio conjunto C toma-


do 3 a 3, ou seja, 1 subconjunto aparece claramente:
{1, 2, 3}. Perceba que aqui vale a observação referente Figura 8. Interseção dos conjuntos A e B
ao fato de que todo conjunto está contido nele mesmo.
Por fim tente “dar um up” em sua abstração e per- Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
ceber que o conjunto vazio é complementar (veremos to A ∩ B (A interseção com B) são aqueles que perten-
adiante o que isto signifique! Depois de ter acesso a este cem a A e B simultaneamente.
conteúdo não se esqueça de voltar aqui!) do conjunto C. É desta maneira que representamos por Diagra-
De certa maneira, podemos dizer que ele está represen- mas a relação de conjunção lógica A ∩ B.
tado acima (onde aparece o próprio conjunto C). Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos
(interseção vazia) e Conjuntos Intersecantes (inter-
União ou Reunião de Conjuntos seção não vazia).
Na figura 8, por diagramas, representamos dois
Dados dois conjuntos A e B, chama-se União de A e conjuntos A e B Intersecantes. Veja na figura abaixo
B o conjunto formado pelos elementos que pertencem como devemos representar Conjuntos Disjuntos.
a A ou a B (disjunção lógica).
A B
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∪ B = {x / x ∈
A ou x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A união
com B são representados por x, tal que x pertence a A
ou x pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:
Figura 9. Conjuntos A e B disjuntos

A B Apresentadas as operações de União e Interseção


entre dois ou mais conjuntos (isso mesmo, você poderia
expandir o que aprendemos nestes dois últimos tópicos
para 3 ou 4 conjuntos por exemplo) um princípio é de
extrema importância para não contabilizarmos a mais a
quantidade de elementos de um conjunto qualquer.
Trata-se do Princípio da Inclusão-Exclusão cuja
notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) é a
seguinte: n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) (Lê-se: o
número de elementos do conjunto A união com B é dado
pelo número de elementos de A, somado com o número
de elementos de B, menos o número de elementos de A
interseção com B).
Figura 7. União dos conjuntos A e B Observe as seguintes passagens para constatar a
veracidade do Princípio:
Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
A B
RACIOCÍNIO LÓGICO

to A ∪ B (A união com B) são aqueles que pertencem


exclusivamente a A, unidos com aqueles que perten-
cem exclusivamente a B, unidos com aqueles que per-
tencem a interseção (como veremos em seguida!).
É desta maneira que representamos por Diagra-
mas a relação de disjunção lógica A ∪ B.

Interseção de Conjuntos

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Interseção


de A e B o conjunto formado pelos elementos que per- Figura A Representação do Conjunto A de acordo com o Princípio da
tencem a A e a B (conjunção lógica). Inclusão-Exclusão 89
A B Diferença Simétrica de Conjuntos

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença


Simétrica de A com B o conjunto formado pelos ele-
mentos que pertencem exclusivamente a A ou a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: A Δ B = (A ∪
B) – (A ∩ B) = (A – B) ∪ (B – A) (Lê-se: os elementos do
conjunto A diferença simétrica com B são representa-
dos pela diferença entre o conjunto A união com B e A
interseção com B, ou ainda, este mesmo conjunto pode
Figura B: Representação do Conjunto B de acordo com o Princípio da ser representado pela união entre a diferença de A com
Inclusão-Exclusão
B e de B com A).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
Observe que, ao representarmos na (figura A) o ção da seguinte maneira:
conjunto A, automaticamente a interseção de A com
B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está contida em A ((A
∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em relação ao conjunto B:
A B
automaticamente a interseção de A com B (A ∩ B) foi
adicionada (figura B), pois ela está contida em B ((A ∩
B) ⊂ B). Portanto temos que eliminar a interseção
uma vez (correspondente ao termo n(A ∩ B) no Prin-
cípio da Inclusão-Exclusão), para que esses elementos
não sejam contados duas vezes.
Diferença de Conjuntos

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença


entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A
que não pertencem a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) Figura 13. Conjunto Diferença Simétrica de A com B
utilizada neste contexto é a seguinte: A – B = {x / x ∈
A e x ∉ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A diferença Complementar de B em relação a A
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x não pertence a B). Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, cha-
Por diagramas poderíamos representar esta situa- ma-se Complementar de B em relação a A o conjunto
ção da seguinte maneira: A – B, isto é, o conjunto dos elementos de A que não
pertencem a B.
A B
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: CBA = A – B
(Lê-se: complementar de B em relação a A, equivale à A
diferença com B).
O complementar de B em relação a A também pode
c
ser representado por: B ou B .
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:

A
Figura 11. Conjunto A diferença com B

Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-


to A – B (A diferença com B) são aqueles que perten-
cem exclusivamente ao conjunto A.
Da mesma maneira podemos definir o conjunto B
B – A (B diferença com A) são aqueles que pertencem
exclusivamente ao conjunto B (veja figura abaixo).

A B

Figura 14. Conjunto Complementar de B em relação a A

Importante!
c
O conjunto CBA = B = B só será diferente do con-
junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de
que B ⊂ A.
90 Figura 12. Conjunto B diferença com A
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES proporcional ao tempo de serviço deles na fábrica.
Carlos está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos
A razão entre dois números é dada pela divisão
na fábrica. Quanto cada um vai receber?
obedecendo a ordem na qual os números foram dados.
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
Dizemos que a razão entre a e b, em que b =/ (diferente
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
de) 0 pode ser escrita como:
Diego vai receber, temos:
a
b C D
=
Tal razão pode ser representada na forma fracio- 3 2
nária (como acima), decimal e percentual.
Veja o exemplo: Utilizando a propriedade das somas externas:

2 C D C+D
5 = =
3 2 3+2
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está
Observe que, conhecemos o valor de C+D já que
para 5).
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: este corresponde a quantia total do prêmio, que é
10.000. Então podemos substituir na proporção:
2 4
= C D C+D
3 6 10.000 = 2.000
= = =
3 2 3+2 5
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
está para 3 assim como 4 está para 6). Neste caso, dize- Aqui cabe uma observação importante!
mos que as razões são proporcionais. Esse resultado recebe o nome de “Constante de Pro-
Quando se estuda o assunto de razão e proporção é porcionalidade”, como sabemos que C+D/3+2 = 2.000,
comum aparecer questões em que se deseja encontrar temos que C/3=2.000 e D/2=2.000. Sendo assim, temos:
o valor da variável. Neste caso, a variável atua como
um dos termos de uma das razões envolvidas na pro- C
porção. Veja o exemplo: = 2.000
3

2 x ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 C = 2000 · 3
=
3 6 C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D
= 2.000
usar a Propriedade Fundamental da razão e pro- 2
porção: produto dos meios é igual ao produto dos
D = 2.000 · 2
extremos.
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Meio: 3 e x;
Extremos: 2 e 6.
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles e
ber R$ 4.000.
igualá-los. Observe:
3·x=2.6 z Somas Internas
3x = 12
x = 12/3 a c a+b c+d
= = =
x=4 b d b d
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie- Essa propriedade diz que, se temos duas razões
dade fundamental. Porém, algumas questões acabam proporcionais, a diferença dos numeradores e dos
sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe- denominadores gera uma terceira razão, que também
cer algumas propriedades para facilitar. Vejamos: é proporcional às duas primeiras.
É possível, ainda, trocar o denominador pelo
Propriedade das Proporções numerador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
z Somas Externas proporção.
Essa propriedade também pode ser escrita da
seguinte maneira:
RACIOCÍNIO LÓGICO

a c a+c
= =
b d b+d
a c a+b c+d
= = =
b d a c
Essa propriedade diz que, se temos duas razões
proporcionais, a soma dos numeradores e dos deno-
minadores gera uma terceira razão, que também é Vejamos um exemplo:
proporcional às duas primeiras.
Vamos entender um pouco melhor resolvendo x 2
=
uma questão-exemplo: 14 - x 5
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Car- x + 14 - x 2+5
=
los e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma x 2 91
14
=
7 A = 2.000
x 2
Fazendo a mesma resolução em B:
7 . x = 2 · 14
3B
= 1.000
14 · 2 9
x= =4
7 3B = 9 · 1.000

Portanto, encontramos que x = 4. 3B = 9.000


B = 3.000

Importante! Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa


Vale lembrar que essa propriedade também ser- receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
ve para subtrações internas. anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:

z Soma com Produto por Escalar 2 · 2000 + 3 · 3000 = 4000 + 9000 = 13000

a c a + 2b c + 2d
= = = REGRA DA SOCIEDADE
b d b d
Diretamente Proporcional
Essa propriedade diz que, se temos duas razões
proporcionais, a soma dos numeradores com os deno-
Um dos tópicos mais comuns em questões de prova
minadores multiplicados por escalares gera uma
é “dividir uma determinada quantia em partes propor-
terceira razão, que também é proporcional às duas
cionais a determinados números. Vejamos um exemplo
primeiras.
para entendermos melhor como esse assunto é cobrado:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 Exemplo:
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. dessas partes corresponde a:
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos: porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
A B cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
=
2 3 razão. Veja:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
funcionários na categoria B, podemos escrever que a X Y Z
= = = constante de proporcionalidade.
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. 4 5 6

2A + 3B = 13.000 Usando uma das propriedades da proporção,


somas externas, temos:
Agora, multiplicando a primeira razão por 2 e a
segunda razão por 3, temos: X+Y+Z 900.000
= 60.000
4+5+6 15
2A 3B
=
4 9 A menor dessas partes é aquela que é proporcional
a 4, logo:
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte: X
= 60.000
4
2A 3B 2A + 3B
= =
4 9 4+9 X = 60.000 · 4

Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- X = 240.000


porção, temos:
Inversamente Proporcional
2A 3B 2A + 3B 13.000
= = = = 1.000
4 9 4+9 13 É um tipo de questão menos recorrente, mas não
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
Logo, tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
2A
= 1.000 quinhão inversamente proporcional a três números.
4
Vejamos um exemplo:
2A = 4 · 1.000
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
92 2A = 4.000 inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de x as quantias que devem ser distri- 30% =
30
= 0,3 =
3
buídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, respectiva- 100 10
mente. Devemos somar as razões e igualar ao total que
dever ser distribuído para facilitar o nosso cálculo, veja: Também é possível fazer a conversão inversa, isto
é, transformar um número qualquer em percentual.
x x x Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:
+ + = 740.000
4 5 6
Observação: Diferente do caso anterior, as razões 25 x 100 = 2500%
não são proporcionais, sendo assim, elas não podem 0,35 x 100 = 35%
ser igualadas a uma constante de proporcionalidade 0,586 x 100 = 58,6%
e, consequentemente, não é possível usar as proprie-
dades de proporção. Número Relativo
Agora vamos precisar tirar o MMC (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
mos a fração. um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
4–5–6|2 que estamos especificando. Para descobrir a quanto
2–5–3|2 isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
1–5–3|3
1–5–1|5 10% de 1000 =
10 · 1000 = 100
1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60 100

Assim, dividindo o MMC pelo denominador e mul- Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
tiplicando o resultado pelo numerador temos: parte que corresponde a 10% de 1000. Quando o todo
varia, a porcentagem também varia.
15x 12x 10x
+ + = 740.000 Veja um exemplo:
60 60 60
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
37x
= 740.000 de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
60
por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
x = 1.200.000
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
Agora basta substituir o valor de x nas razões para
2 1
achar cada parte da divisão inversa. =
8 4
x 1.200.000
= = 300.000 Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
4 4
vamos multiplicar a fração por 100:
x 1.200.000
= = 240.000
5 5 1 · 100 = 25%
x 1.200.000 4
= = 200.000
6 6
Soma e Subtração de Porcentagem
Logo, as partes dividas inversamente proporcionais aos
números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300.000, 240.000 e As operações de soma e subtração de porcenta-
200.000. gem são as mais comuns. É o que acontece quando se
diz que um número excedeu, reduziu, é inferior ou
PORCENTAGEM é superior ao outro em tantos por cento. A grandeza
inicial corresponderá sempre a 100%. Então, basta
A porcentagem é uma medida de razão com base somar ou subtrair o percentual fornecido dos 100%
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi- e multiplicar pelo valor da grandeza. Podemos tam-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar bém utilizar igualdade entre razões (proporção) para
como podemos representar um número porcentual. encontrar o percentual procurado.
Exemplo 1:
RACIOCÍNIO LÓGICO

30 Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.


30% = (forma de fração)
100 Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
30 horas-aula do curso ao final?
30% = = 0,3 (forma decimal)
100 Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
30 3 aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
30% = = (forma de fração simplificada)
100 10 15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
de horas-aula do curso será:
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
várias maneiras: (1 + 0,15) · 200 = 1,15 · 200 = 230 horas-aula 93
Outra forma de resolver, usando proporção é: Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10.
200 x Caso os números estejam diminuindo, você pode
=
100 15 buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
100x = 200 · 15 entre os termos.
x = 30 Agora, observe essa outra sequência:
Logo, 30 horas equivale a 15% de 200 e o total de
horas será 200 + 30 = 230. 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...

Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem


Dica
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
A avaliação do crescimento ou da redução per- cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
centual deve ser feita sempre em relação ao cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
valor inicial da grandeza. 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
-
Variação percentual = Final Inicial do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Nesse
Inicial
caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor. les números que só podem ser divididos por eles mes-
Exemplo 2: mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
Juliano percebeu que ainda não assistiu a 200 o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
caído 20%? SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
A variação percentual de uma grandeza corres-
ponde ao índice: É bem comum aparecerem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
Final - Inicial 180 - 200 Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
Variação percentual = = =
Inicial 200 te exemplo:

20 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...


– = - 0,10
200
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar dizer que temos uma sequência que, de um número
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
para outro, devemos somar 2 unidades e também
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
podemos notar que temos a sequência que, de um
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS estão em sequências numéricas alternadas. Veja:

Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes- 1ª Sequência: 2, 4, 6, 8,...


mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com- 2ª Sequência: 5, 10, 15, 20, ...
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da
sequência é o seu principal objetivo, pois nas questões PROGRESSÃO ARITMÉTICA
sobre sequências/raciocínio sequencial, você será apre-
sentado a um conjunto de dados dispostos de acordo Uma progressão aritmética é aquela em que os
com alguma “regra” implícita, alguma lógica de for- termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
mação. O desafio é exatamente descobrir essa “regra” tante, normalmente representada pela letra r.
para, com isso, encontrar outros termos daquela mes-
ma sequência.
Veja o exemplo abaixo: z Termo inicial: valor do primeiro número que
compõe a sequência;
2, 4, 6, 8,... z Razão: regra que permite, a partir de um termo,
obter o seguinte.
A primeira pergunta que podemos fazer para
achar a lei de formação é: os números estão aumen- Observe o exemplo abaixo:
tando ou diminuindo?
{1,3,5,7,9,11,13, ...}
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos. Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces-
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei-
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
depois repetimos isso. são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
2+2=4 gressões aritméticas, é importante você saber obter o
4+2=6 termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
94 6+2=8 a seguir.
Termo Geral da PA Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:

Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer crescente.
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
an = a1 + (n-1)r
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o decrescente.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA. Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} iguais.

z o termo que buscamos é o da décima posição, isto Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.


é, a10;
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
10: n = 10
PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
Logo, PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4.
an = a1 + (n-1)r
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
a10 = 1 + (10-1)2
a10 = 1 + 2·9
Observe a sequência a seguir:
a10 = 1 + 18
a10 = 19 {2, 4, 8, 16, 32...}

Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
posição 200 é: do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
mo número, o que chamamos de razão da progressão
an = a1 + (n-1)r geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
a200 = 1 + (200-1)2 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a200 = 1 + 2 · 199 a1 = 2. Da mesma maneira que vimos para o caso de
a200 = 1 + 398 PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
a200 = 398 e a soma dos termos.

Soma do Primeiro ao n-ésimo Termo da PA Termo Geral da PG

A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
primeiro termo (a1) e da razão (q):
n $ (a1 + a n)
Sn =
2 an = a1 · qn-1
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
lar a soma dos 7 primeiros termos do exemplo que já
ser encontrado assim:
foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- {2, 4, 8, 16, 32...}
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o a5 = 2 · 25-1
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
RACIOCÍNIO LÓGICO

a5 = 2 · 24
temos: a5 = 2 · 16
n $ (a1 + an)
Sn = a5 = 32
2

7 $ (1 + 13) Soma do Primeiro ao n-ésimo Termo da PG


S7 =
2
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
7 $ 14 primeiros termos da progressão geométrica:
S7 =
2
n
a1 : (q -1)
S7 =
98
= 49 Sn =
q -1
2 95
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a c) 10.
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, d) 12.
16, 32...} e) 8.
4
2 $ (2 - 1)
S4 = 1 mesa = 4 cadeiras
2-1
2 mesas = 6 cadeiras
2 $ (16 - 1) 3 mesas = 8 cadeiras
S4 = 1 4 mesas = 10 cadeiras
2 $ 15
S4 = 1 5 mesas = 12 cadeiras
6 mesas = 14 cadeiras
S4 = 30
7 mesas = 16 cadeiras
8 mesas = 18 cadeiras
Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão
9 mesas = 20 cadeiras
Geométrica
10 mesas = 22 cadeiras
Suponha que você corra 1000 metros, depois, Resposta: Letra C.
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você 2. (CONTEMAX – 2020) Considere o seguinte padrão de
correu anteriormente. Quanto você correrá no total? números
Observe que o que temos é exatamente uma progres-
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos:

a1 $ (0 - 1) - a1
S∞ = = O número que substitui o símbolo “?” é:
q-1
q-1
a) 25.
a1
S∞ = b) 23.
1-q c) 32.
Dica d) 20.
e) 28.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
termo do meio é igual ao produto dos extremos. Note o seguinte padrão:
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna)
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} 3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna)
82 = 4 × 16 8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna)
64 = 64. 20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna)
Resposta: Letra E.
SEQUÊNCIAS COM FIGURAS E SEQUÊNCIAS DE
PALAVRAS 3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a
seguir:
Não há teoria específica para este assunto, mas res-
ponderemos, a seguir, algumas questões para “pegar-
LOGICALOGICALOGICALOGICA...
mos o jeito” dos exercícios que envolvem sequências
com figuras e de palavras. Esse é o modo como se
A 2020ª letra dessa sequência é:
aprende essa matéria. Mãos à obra!

1. (FURB – 2019) Em um restaurante, usam-se mesas a) C.


que comportam 4 cadeiras. Se juntarem duas dessas b) A.
mesas, consegue-se espaço para 6 cadeiras. Se jun- c) L.
tarem três dessas mesas, o espaço fica restrito a 8 d) O.
cadeiras. A imagem a seguir ilustra essa situação: e) I.

Temos o ciclo “L O G I C A”, com 6 elementos. Agora,


basta dividir a posição 2020 pela quantidade de ele-
mentos do ciclo. Veja:
2020 / 6 = 336 + resto 4
Ou seja, temos 336 ciclos completos mais 4
Seguindo esse padrão, pode-se afirmar que a quantida- elementos:
de de mesas que se deve juntar para que a quantidade Resto 1 = L
de lugares disponíveis (cadeiras) seja igual a 22 é: Resto 2 = O
Resto 3 = G
a) 6. Resto 4 = I (Gabarito)
96 b) 15. Resposta: Letra E.
4. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2019) Observe a sequên- z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa :
cia de palavras: ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro
OSSOS – NEVOEIRO – DESENHO – JANTARES – ou o valor lógico falso para a declaração.
FIBRILADOR – MILÍCIA – ABRIDOR – ? –. A palavra
que substitui corretamente o ponto de interrogação é: Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen-
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição
a) GARAPA. lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma
b) MAMÃO. informação completa (temos o sujeito claro na oração)
c) JONATAS. e podemos afirmar se é verdade ou falsa.
d) AGROPECUÁRIO.

A sequência apresentada segue um padrão em rela- Importante!


ção aos meses do ano. A primeira palavra, OSSOS,
começa com letra “O”, mês de outubro; a segunda Proposição Lógica é uma oração declarativa que
palavra, NEVOEIRO, começa com a letra “N”, mês admite apenas um valor lógico: V ou F.
de novembro...
OSSOS → Outubro Ou então podemos também esquematizar o que é
NEVOEIRO → Novembro uma proposição lógica assim:
DESENHO → Dezembro Chama-se proposição toda sentença declarativa
JANTARES → Janeiro que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
FIBRILADOR → Fevereiro como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta-
MILÍCIA → Março mente com o sentido completo (caráter informativo).
ABRIDOR → Abril
? → Maio
Verdadeira
O ponto de interrogação está associado ao mês de
Maio, devendo ser substituído por uma palavra que Sentença
Ou Sentido
comece com a letra “M” = MAMÃO, apresentada nas Declarativa
completo
opções. Resposta: Letra B.
Falsa

5. (IBADE – 2019) A palavra MALOTE está para LOMAET,


assim como CAMILO está para: Obrigatório

Verbo
a) MIOLCA.
b) MICAOL.
Toda proposição pode ser representada simbolica-
c) CAOLMI.
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo:
d) MILOCA.
e) LOCAMI.
z p: Sabino é um pintor esperto;
z r: Kate é uma mulher alta.
Na palavra MALOTE, foi invertida a ordem das
duas primeiras sílabas (LOMA) e invertida a ordem
das duas últimas letras (ET). Basta seguir o mes- Na situação, temos duas proposições sendo repre-
mo raciocínio para a palavra CAMILO, que fica: sentadas pelas letras p e r.
MICAOL. Resposta: Letra B. Agora que já sabemos o que são proposições lógicas,
fica tranquilo distinguir o que não são proposições. Isto
é fundamental, pois várias questões de prova pergun-
tam exatamente isso – são apresentadas algumas frases
e você precisa identificar qual delas não é uma proposi-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO ção. Vejamos os casos em que mais aparecem:
VALORES LÓGICOS
� Perguntas: são as orações interrogativas.
Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
Na lógica, temos apenas dois valores lógicos – ver-
Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver-
dadeira ou falsa;
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F). � Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
sentam percepções subjetivas;
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Ex.: Paula vai à praia.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci- Uma ordem não pode ser classificada como verda-
samos de três requisitos fundamentais: deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; sição lógica.
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen- Atenção! Não são proposições: perguntas, excla-
tando uma situação, um fato; mações e ordens. 97
Temos um outro caso menos cobrado em provas, PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
mas que também não é proposição lógica, sendo o
paradoxo. Conectivos

Ex.: Esta frase é uma mentira. Temos proposições compostas quando há duas ou
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
Quando atribuímos um valor de verdade para a tivos lógicos. Veja os exemplos:
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso, z Sabino corre e Marcos compra leite;
então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira z O gato é azul ou o pato é preto;
e já sabemos que isso é falso. z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de Cada conectivo tem sua representação simbólica e
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
definição de um paradoxo.
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA
SENTENÇA ABERTA
e Conjunção ^
Dizemos que uma sentença é aberta quando não ou Disjunção v
conseguimos ter a informação completa que a oração Disjunção
nos mostra. Veja o exemplo a seguir: ou...ou v
Exclusiva
se...então Condicional →
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
se e somente se Bicondicional ⟷
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer. Exemplos:
Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa
informação não consegue ser completa e por isso temos z Na linguagem natural:
mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou-
tros exemplos: „ O macaco bebe leite e o gato come banana;
X + 5 = 10 „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
Aquele carro é amarelo. „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
5+5 „ Se estudar, então vai passar;
X – Y = 20 „ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.
Todos os exemplos acima são sentenças abertas,
então podemos resumir da seguinte forma: z Na linguagem simbólica:
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta. „ p ^ q;
Esquematizando o que não são proposições lógicas: „ p v q;
„ p v q;
Sentenças Interrogativas(?) „ p → q;
„ p ⟷ q.
Sentenças sem Verbo
Não São Agora que conhecemos os conectivos lógicos,
Proposições
vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
Sentenças com Verbo no Imperativo cos que podem aparecer na prova. Veja:
Sentenças Abertas
� Conectivos “e” usando “mas”:
Paradoxo
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”:
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
não ambos;
É fundamental que você conheça três princípios � Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
para deixarmos tudo alinhado quanto às proposições Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:
lógicas. Veja: Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
praia;
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Caso você estude, irá passar no concurso;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra Basta Ana comer massas, e engordará;
possibilidade. Não é possível que uma proposição Quem joga bola é rápido;
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; Todos os médicos sabem operar;
z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma Qualquer criança anda de bicicleta;
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, Toda vez que chove, não vou à praia.
verdadeira e falsa;
z Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou É importante saber que na condicional a primeira
seja, uma proposição não assume o significado de proposição é o termo antecedente e a segunda é o
98 outra proposição lógica. termo consequente.
P→Q Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren-
P = antecedente der todas as combinações lógicas possíveis para cada
Q = consequente conectivo lógico.

TABELA VERDADE Negação (~P)

Trata-se de uma tabela na qual conseguimos Uma proposição, quando negada, recebe valores
apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
proposição. que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.

Números de Linhas de Tabela Verdade


P ~P
Neste momento, vamos aprender a construir tabe- V F
las verdade para proposições compostas. F V
1º passo: Contar a quantidade de proposições
envolvidas no enunciado.
Dupla Negação ~(~P)
Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
2º passo: Calcular a quantidade de linhas da tabela
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número de A dupla negação nada mais é do que a própria pro-
proposições). posição. Isto é, ~(~P) = P
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
P ~P ~(~P)
P Q PvQ V F V
F V F

Conectivo Conjunção “e” (^)

Só teremos uma resposta verdadeira quando todos


os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros.

3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira


P Q P^Q
coluna fazendo o agrupamento pela metade do núme-
ro de linhas da tabela. V V V
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da V F F
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F). F V F
F F F
P Q PvQ
V Conectivo Disjunção “ou” (v)
V
Teremos resposta verdadeira quando, pelo menos,
F
um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro.
F
P Q PvQ
4º passo: Preencher as demais colunas com agru- V V V
pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela meta- V F V
de do agrupamento anterior. F V V
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
F F F
será de 1 em 1).
Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v )
P Q PvQ
V V Teremos resposta verdadeira quando os valores
V F lógicos envolvidos forem diferentes.
RACIOCÍNIO LÓGICO

F V
P Q PvQ
F F
V V F
V F V
Note que, ao seguir esses passos todas as combinações
F V V
entre as opções de verdadeiro ou falso estarão dispostas
na tabela. F F F
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- Conectivo Bicondicional “se e somente se” (⟷)
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógico.
Número de linhas da tabela verdade: Teremos resposta verdadeira quando os valores
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições). lógicos envolvidos forem iguais. 99
P Q P⟷Q componentes, dizemos que a proposição em questão é
V V V uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda-
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda-
V F F deiros e alguns falsos.
F V F Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
F F V contingência, conforme a tabela verdade.

Conectivo Condicional “se...,então” (→) P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)


V V F F F
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
do teremos o resultado falso, pois o conectivo con- V F V V V
dicional só tem uma possibilidade de tal ocorrência F V F V V
Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
F F F V V
do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.
Resumo:
P Q P→Q
z Tautologia: uma proposição que é sempre verdadeira;
V V V
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa;
V F F z Contingência: uma proposição que pode assumir
F V V valores lógicos V e F, conforme o caso.
F F V
EQUIVALÊNCIA LÓGICA NOTÁVEL
Condicional falsa: Vai Ficar Falsa Afirma-se que uma proposição P é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q se as
VF=F
tabelas verdade dessas duas proposições são iguais. E
TAUTOLOGIA o que isto significa? Ora, duas proposições são equiva-
lentes quando elas dizem exatamente a mesma coisa;
É uma proposição cujo valor lógico é sempre quando elas têm o mesmo significado; quando uma
verdadeiro. pode ser substituída pela outra. Para indicar que são
Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautologia, equivalentes, usaremos a seguinte notação:
pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela P⟺Q
verdade.
Distribuição (equivalência pela distributiva)
P ~P P V ~P z p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
V F V
P (P ∧ Q)
F V V
P Q R Q∨R ∧ P∧Q P∧R ∨
(Q ∨ R) (P ∧ R)
Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (P⟷Q) é uma
tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só V V V V V V V V
possui V. V V F V V V F V
V F V V V F V V
P Q (P^Q) (P⟷Q) (P^Q)→(P⟷Q) V F F F F F F F
V V V V V F V V V F F F F
V F F F V F V F V F F F F
F V F F V F F V V F F F F
F F F V V F F F F F F F F

CONTRADIÇÃO z p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso. P (P ∨ Q)


Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradição, pois P Q R Q∧R ∨ P∨ Q P∨R ∧
o seu valor lógico é sempre F, conforme a tabela verdade. (Q ∧ R) (P ∨ R)
V V V V V V V V
P ~P P ^ (~P) V V F F V V V V
V F F V F V F V V V V
F V F V F F F V V V V
F V V V V V V V
CONTINGÊNCIA
F V F F F V F F
Sempre que uma proposição composta recebe F F V F F F V F
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente- F F F F F F F F
100 mente dos valores lógicos das proposições simples
Associação (equivalência pela associativa)
(P ∧ Q) P→
P Q R P∧Q Q→R
→R (Q → R)
z p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
V F F F V V V
P (P ∧ Q) F V V F V V V
P Q R Q∧R ∧ P∧Q P∧R ∧ F V F F V F V
(Q ∧ R) (P ∧ R)
F F V F V V V
V V V V V V V V F F F F V V V
V V F F F V F F
V F V F F F V F Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)

V F F F F F F F
Podemos dizer que as três proposições condicio-
F V V V F F F F nais que contêm p e q são associadas a p → q. Veja a
F V F F F F F F seguir:

F F V F F F F F
z Proposições recíprocas: p → q: q → p;
F F F F F F F F z Proposição contrária: p → q: ~p → ~q;

z p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r) Note que em todos os casos anteriores, as colunas


destacadas que equivalem à primeira e segunda pro-
P (P ∨ Q) posição, respectivamente, são iguais e enfatizam a
P Q R Q∨R ∨ P∨Q P∨R ∨ equivalência das proposições.
(Q ∨ R) (P ∨ R)
V V V V V V V V ~P → ~Q →
P Q ~P ~Q P→Q Q→P
~Q ~P
V V F V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V V V V
V F F V F V V F
V F F F V V V V F V V F V F F V
F V V V V V V V F F V V V V V V
F V F V V V F V
z Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p.
F F V V V F V V
F F F F F F F F Vale ressaltar que olhando para a tabela, a condi-
cional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária
~p → ~q não são equivalentes.
Idempotência
EQUIVALÊNCIA CONDICIONAL
z p ⇔ (p ∧ p)

Agora vamos tratar duas equivalências impor-


P P P∧P tantes desse conectivo que tem a maior incidência
V V V nas provas de concursos. A primeira delas ensina
F F F como transformar uma proposição composta pelo
“se…então” em outra proposição composta pelo “se…
b) p ⇔ (p ∨ p) então”. A outra ensina como transformar uma propo-
sição composta pelo “se…então” em uma composta
P P P∨P pelo conectivo “ou” (e vice-versa). Vamos lá!
V V V
Contrapositiva
F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pela exportação-importação Para fazermos essa equivalência devemos inverter


as proposições e depois negar todas as proposições.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)] Inverte e nega tudo mantendo o se então
Exemplo: A → B ⇔ ~B → ~A
(P ∧ Q) P→ Se Marcos estuda, então ele passa. ⇔ Se Marcos
P Q R P∧Q Q→R não passa, então ele não estuda.
→R (Q → R)
V V V V V V V Estas duas proposições são equivalentes. Percebeu
o processo de construção da segunda a partir da pri-
V V F V F F F
meira? Você deve inverter a ordem das proposições e
V F V F V V V negar ambas. 101
z “se...então” vira “ou” O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
⇔ O céu ficará azul e hoje não vai chover ou o céu não
Essa equivalência é feita negando a primeira pro-
ficará azul e hoje vai chover.
posição, trocando o conectivo “se...então” pelo conec-
Agora observe a tabela verdade envolvendo todas
tivo “ou”, repetindo a segunda proposição.
Nega ou Repete. as equivalências da Bicondicional:
Exemplo:
A → B ⇔ ~A v B (A→B) (A ^ B)
Se o urso é ovíparo, então o macaco voa. ⇔ O urso A B ~A ~B A ⟷ B B⟷A ^ V
não é ovíparo ou o macaco voa. (B→A) (~A ^ ~B)
Observe a tabela a seguir e veja que os resultados
V V F F V V V V
são iguais, ou seja, equivalentes:
V F F V F F F F
A B ~A ~B A→B ~B → ~A ~A V B F V V F F F F F
V V F F V V V F F V V V V V V
V F F V F F F
F V V F V V V COMUTAÇÃO
F F V V V V V
Leis Comutativas
EQUIVALÊNCIA BICONDICIONAL
Conjunção “e”
Geralmente aprendemos somente a equivalência A^B⇔B^A
básica desse conectivo (a comutação), mas precisa- Joana é magra e Maria é baixa. ⇔ Maria é baixa e
mos ficar atentos para os casos especiais. O conectivo Joana é magra.
“se e somente se” tem mais duas equivalências lógicas
quando interpretamos de maneira mais minuciosa o
seu significado e sua tabela verdade. E eu como um A B A^B B^A
professor que sempre busca entender e mapear os V V V V
perfis das bancas de concursos, não poderia deixar de
V F F F
te ensinar esses detalhes que estão aparecendo cada
vez mais nas provas. Então vamos lá! F V F F
F F F F
Comutação

Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A Disjunção Inclusiva “ou”


O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. Exemplo: A v B ⇔ B v A
⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul.
João anda de barco ou Sabrina vai à praia.⇔ Sabri-
z Com o conectivo “e” e “se...então” na vai à praia ou João anda de barco.

Para fazer essa equivalência vamos interpretar o


A B AvB BvA
conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura
temos uma bicondicional e o quê isso significa exa- V V V V
tamente? Significa que temos duas condicionais (se...
então). E, pensando nisso, podemos dizer então que V F V V
temos uma condicional indo e uma condicional vol- F V V V
tando; repare que a simbologia (⟷) são duas setas. F F F F
Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo.
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A)
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. Disjunção Exclusiva “ou...ou”
⇔ Se o céu ficará azul, então hoje não vai chover e se Exemplo: A v B ⇔ B v A
hoje não vai chover, então o céu ficará azul. Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o carro.
z Com o conectivo “ou” ⇔ Ou Romeu vende o carro ou ele compra uma moto.

Já para entendermos essa equivalência, precisa-


A B A⊻B B⊻A
mos lembrar dos casos na tabela verdade do conetivo
“se e somente se” quando temos resultados verdadei- V V F F
ros, ou seja, quando os valores lógicos são iguais. Se V F V V
você não lembra direito, então volte lá no módulo de
F V V V
tabela verdade e relembre aquela tabela de valoração
lógica que fiz para você, ok? Sabendo disso, podemos F F F F
dizer então que o conectivo “se e somente se” terá
resultado verdadeiro quando as proposições forem
Bicondicional “se e somente se”
todas verdadeiras ou quando forem todas falsas
(vale lembrar que a negação de “V” será “F”). Logo, Exemplo: A ⟷ B ⇔ B A
veja o exemplo de como ficará essa equivalência: O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
102 Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A ^ B) v (~A ^ ~B) ⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul.
Propriedade Transitiva
A B A⟷B B⟷A
V V V V Se P implica Q, e Q implica R, então, naturalmente,
V F F F podemos dizer que P implica R. Veja:
F V F F P⇒Q
Q⇒R
F F V V
Então P ⇒ R.

LEIS DE MORGAN
Importante!
Quando fazemos a negação de uma proposição
Condicional “Se então”
composta primitiva, geramos outra posição que tam-
É o único conectivo lógico que não aceita a pro-
bém é composta e equivalente à sua primitiva. É
priedade de comutação, pois o seu antecedente recorrente em provas a cobrança para que você res-
não pode ser o consequente e vice-versa. ponda qual a equivalência da negação de determina-
A→B≠B→A da proposição.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


IMPLICAÇÃO LÓGICA

Dizemos que há uma implicação lógica sempre que Para negarmos a conjunção, devemos trocar pela
a proposição P for verdadeira e a proposição Q for ver- disjunção ou e negar todas as proposições envolvidas.
dadeira também. Veja o exemplo na tabela verdade: Veja: ~ (A ^ B) ⇔ ~A v ~B
P^Q⟹P↔Q Exemplo: Vou comprar um carro e vou ganhar di-
nheiro.
Proposição 1: vou comprar um carro.
P Q P^Q P↔Q
Proposição 2: vou ganhar dinheiro.
V V V V 1º : trocar o “e” pelo “ou”
V F F F 2º : negar todas as proposições
F V F F Negação:
~P1: Não vou comprar um carro
F F F V
~P2: Não vou ganhar dinheiro
Assim, temos: Não vou comprar um carro ou não
Podemos notar que a conjunção entre a proposi- vou ganhar dinheiro.
ção P e a proposição Q implica na bicondicional entre
a proposição P e a proposição Q, pois quando a pri- A B ~A ~B A^B ~(A ^ B) ~A V ~B
meira assume o valor lógico verdadeiro na segunda
V V F F V F F
também encontramos o valor verdade.
Vejamos mais um exemplo: V F F V F V V
P↔Q⇒P→Q⇒Q→P F V V F F V V
F F V V F V V
P Q P↔Q P→Q Q→P
V V V V V
Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
V F F F V
F V F V F Para negarmos a disjunção, devemos trocar pela
F F V V V conjunção e e negar todas as proposições envolvidas.
Veja: ~ (A v B) ⇔ ~A ^ ~B
Exemplo: Vou pegar a bola ou Pedro vai chutar a lata.
Note, agora, que podemos afirmar que temos uma Proposição 1: vou pegar a bola.
implicação realmente entre as proposições, pois quando Proposição 2: Pedro vai chutar a lata.
a proposição (P ↔ Q) assume valor verdade as proposi- 1º - trocar o “ou” pelo “e”
ções (P → Q) e (Q → P) também assumem valor verdadeiro. 2º - negar todas as proposições
Com a definição vista sobre a implicação, podemos Negação:
chegar a duas conclusões: ~P1: Não vou pegar a bola.
RACIOCÍNIO LÓGICO

~P2: Pedro não vai chutar a lata.


z Toda proposição implica uma tautologia; Assim, temos:
z Apenas uma contradição implica outra. Não vou pegar a bola e Pedro não vai chutar a lata.

PROPRIEDADE DE IMPLICAÇÃO LÓGICA


A B ~A ~B AvB ~(A v B) ~A ^ ~B
Propriedade Reflexiva V V F F V F F
V F F V V F F
Toda proposição composta implica nela mesma, F V V F V F F
uma vez que todas proposições contêm a mesma colu-
F F V V F V V
na final em suas tabelas verdade, ou seja, P ⇒ P. 103
Negação de uma Disjunção Exclusiva Negação de uma Condicional

Para negarmos a disjunção exclusiva, devemos A negação de uma proposição composta por uma
apenas trocar o conectivo “ou...ou” pelo “se e somente condicional é uma das mais cobradas em provas e,
se”. Isso mesmo! Trocamos um conectivo pelo outro e por esse motivo, devemos aprendê-la e resolver mui-
o restante é só deixar igual. Veja um exemplo: ~ (A ⊻ B) tas questões sobre o assunto. Então a sua negação é
⇔ A ⟷ B Ou faz sol ou chove muito. feita repetindo a primeira proposição E negando a
Negação: Faz sol se e somente se chove muito. segunda proposição.
Exemplo: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B
A B A⊻B ~ (A ⊻ B) A⟷B Se o gato late, então o cachorro mia.
V V F V V Negação: O gato late e o cachorro não mia.

V F V F F
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B
F V V F F
V V F V F F
F F F V V
V F V F V V
F V F V F F
Negação de uma bicondicional
F F V V F F
A bicondicional pode ser negada das seguintes
maneiras, veja: DUPLA NEGAÇÃO (TEORIA INVOLUTIVA)

z Trocando pelo conectivo “ou...ou” De uma proposição simples


~ (~A) ⇔ A
Exemplo: ~ (A ⟷ B) ⇔ A v B
Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao cinema. A ~A ~ (~A)
Negação: Ou Marta viaja ou Paulo não vai ao
cinema; V F V
F V F
z (Mantém e Nega) ou (Mantém e Nega)
De uma proposição condicional
Essa negação é feita vindo da equivalência lógica Vamos fazer duas negações lógicas para o conecti-
que usa o conectivo “se...,então”. vo se então de forma que sua resposta será equivalen-
Exemplo: te à sua proposição primitiva. Veja:
Proposição Primitiva:A → B
(A ⟷ B) ⇔ (A → B) ^ (B → A) 1ª negação: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B
~[(A → B) ^ (B → A)] ⇔ (A ^ ~B) v (B ^ ~A) 2ª negação: ~ (A ^ ~B) ⇔ ~A v B
A: Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao Logo, A → B ⇔ ~A v B
cinema.
Negação: Marta viaja e Paulo vai ao cinema ou
1ª 2ª
Paulo não vai ao cinema e Marta não viaja; negação negação

A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B ~A v B
z Mantendo o conectivo “se e somente se”
V V F V V F V
Para fazermos essa negação vamos manter o V F V F F V F
conectivo “se e comente se” e negar apenas uma das
F V F V V F V
proposições.
Exemplo: F F V V V F V

1 - ~ (A ⟷ B) ⇔ ~A ⟷ B
ESTRUTURA LÓGICA E LÓGICA DE
2 - ~ (A ⟷ B) ⇔ A ⟷ ~B
ARGUMENTAÇÃO
A: Passo se e somente se estudo muito.
Negação:
Neste tópico, revisaremos alguns conceitos que são
1 – Não passo se e somente se estudo muito.
fundamentais ao aprendizado desta matéria.
2 – Passo se e somente se não estudo muito.

A negação com o Conectivo “não”


A A (A ^ ~B) ~A A
A B ~A ~B ⟷ ~(A ⟷ B) ⊻ V ⟷ ⟷
Representação simbólica: (~p) ou (¬p).
B B (B ^ ~A) B ~B
Sabemos que o valor lógico de p e ~p são opostos,
V V F F V F F F F F isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será falsa,
V F F V F V V V V V e vice-versa. Exemplo:
F V V F F V V V V V
p: Matemática é difícil.
F F V V V V F F F F
104 (~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.
Outras maneiras que podemos usar para negar validade de um predicado sobre um conjunto de cons-
uma proposição e que vem aparecendo muito nas pro- tantes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
vas de concursos são: que indicam que houve quantificação. São exemplos
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
z Não é verdade que matemática é difícil; pelo menos um, nenhum.
z É falso que matemática é difícil. Esses quantificadores podem ser classificados em
dois tipos:
Conjunção (Conectivo E)
z Quantificador Universal;
Representação simbólica: ^ z Quantificador Existencial (particulares).
Exemplos:
Nos quantificadores universais temos todo e
z Na linguagem natural: nenhum, já nos particulares temos pelo menos um,
„ O macaco bebe leite e o gato come banana. existe um e o algum.
Agora, vamos estudar a representação de cada um
z Na linguagem simbólica: dos quantificadores por meio dos diagramas lógicos.
„ p ^ q.
Quantificador Universal “Todo” (afirmativo)
Disjunção Inclusiva (Conectivo ou)
Exemplos:
Representação simbólica: v
Exemplos: z Todo A é B;
z Todo homem joga bola.
z Na linguagem natural:
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar que
z Na linguagem simbólica: Todo A é B significa que todo elemento de A também é ele-
„ p v q. mento de B. Logo, podemos representar com o diagrama:

Disjunção Exclusiva (Conectivo Ou...ou)


B
Representação simbólica: ⊻
Exemplos:

z Na linguagem natural: A
„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
O conjunto A dentro do conjunto B
z Na linguagem simbólica:
„ p ⊻ q. Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi-
cos das outras proposições categóricas, interpretando
Condicional (Conectivo Se e então) os diagramas, serão os seguintes:

Representação simbólica: → z Nenhum A é B: falso;


Exemplo: z Nenhum B é A: falso;
z Todo B é A: verdadeiro;
z Na linguagem natural: z Todo A é B: verdadeiro;
„ Se estudar, então vai passar.
z Algum A é B: verdadeiro;
z Algum A não é B: falso.
z Na linguagem simbólica:
„ p → q.
Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)
Bicondicional (Conectivo “Se e somente se”)
Exemplos:
Representação simbólica: ⟷
Exemplo: z Nenhum A é B;
z Nenhum homem joga bola.
RACIOCÍNIO LÓGICO

z Na linguagem natural:
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
dinheiro. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
z Na linguagem simbólica: mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
„ p ⟷ q. tação com diagrama:

DIAGRAMAS LÓGICOS
A B

Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos


Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas,
que são elementos que especificam a extensão da Não há interseção entre o conjunto A e o conjunto B 105
Quando Nenhum A é B é verdadeira, os valores De acordo com a representação acima, o conjunto
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
tando o diagrama, serão os seguintes: conjunto B. Então, quando Algum A não é B é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
z Todo A é B: falso; góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
z Algum A é B: falso;
z Algum A não é B: verdadeiro. z Todo A é B : É falso;
z Todo B é A: falso.
Quantificador Particular (Afirmativo): Algum / Pelo z Nenhum A é B : falso;
Menos um / Existe z Nenhum B é A : falso;
z Algum A não é B: verdadeiro.
Exemplos: z Algum B não é A: verdadeiro.

z Algum A é B. SILOGISMOS
z Algum homem joga bola.
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
No exemplo acima, temos dois conjuntos envolvi- do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
três proposições, em que de duas delas, que funcio-
dos, o do homem e o de jogar bola. Como Algum A é
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
B, podemos concluir que conjunto A tem pelo menos
proposição que é a sua conclusão ou consequente.
um elemento em comum com o conjunto B, ou seja,
Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
há interseção entre os círculos A e B. Logo, podemos
argumento.
representar isso da seguinte forma:
Estrutura do Silogismo Categórico
A
A B z Premissa maior: Geralmente é a primeira Con-
B têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
qual faz parte;
z Premissa menor: Geralmente é a segunda Con-
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
Veja que no diagrama acima, há a uma interseção z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
(que indica que algum A é B, e vice-versa. Então, quando médio (M);
Algum A é B é verdadeira, os valores lógicos das outras z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
proposições categóricas, interpretando o diagrama, maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
serão os seguintes: sas, mas nunca aparece na conclusão.

z Todo B é A: falso; Veja os exemplos a seguir:


z Todo A é B: falso; Exemplo 1:
z Nenhum A é B: falso;
z Nenhum B é A: falsa; z Todos os mamíferos são animais;
z Algum A não é B: verdadeiro; z Os cães são mamíferos;
z Algum B não é A; verdadeiro. z Logo, os cães são animais.

Quantificador Particular (negativo): Algum / Pelo „ Termo maior: animais;


Menos um / Existe + a partícula Não „ Termo menor: cães;
„ Termo médio: mamíferos.
Exemplos:
Exemplo 2:
z Algum A não é B;
z Todos os homens são mortais;
z Algum homem não joga bola.
z Sócrates é homem;
z Logo, Sócrates é mortal.
No exemplo acima, temos dois conjuntos envolvi-
dos, o do homem e o de não joga bola. Vale lembrar
„ Termo maior: mortais;
que Algum A não é B significa que o conjunto A tem pelo „ Termo menor: Sócrates;
menos um elemento que não pertence ao conjunto B. „ Termo médio: homem.
Considerando o disposto, podemos representar isso por
meio do seguinte diagrama: REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO

Regras Relativas aos Termos


A
A B z 1ª Regra: O silogismo tem três termos: o maior, o
B menor e o médio. Exemplos:

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há „ As margaridas são flores;
106 contato de alguns elementos de A com B „ Algumas mulheres são Margaridas;
„ Logo, algumas mulheres são flores.

Veja que margaridas e Margaridas são termos equívocos. Não respeitam essa regra, porque esse silogismo
tem quatro termos. O termo margaridas está empregado em dois sentidos, valendo por dois termos;

z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na conclusão, tem de estar distribuído nas premissas. Exemplos:

„ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não distribuído);


„ Os portugueses não são espanhóis;
„ Logo, os portugueses não são inteligentes.

Menor extensão na conclusão do que nas premissas;

z 3ª Regra : O termo médio nunca pode estar na conclusão. Exemplos:

„ Toda planta é ser vivo;


„ Todo animal é ser vivo;
„ Todo ser vivo é animal ou planta.

z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:

„ Alguns (não distribuído) homens são ricos;


„ Alguns (não distribuído) homens são artistas;
„ Alguns artistas são ricos.

Regras Relativas às Proposições

z 5ª Regra: De duas premissas negativas nada se pode concluir. Exemplos:

„ Nenhum palhaço é chinês;


„ Nenhum chinês é holandês;
„ Logo, (não se pode concluir).

Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);

z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:

„ Todos os mortais são desconfiados;


„ Alguns seres são mortais;
„ Alguns seres não são desconfiados.

z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:

„ Todos os homens são felizes;


„ Alguns homens são espertos;
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca pode ser geral).

z 8ª Regra: De duas premissas particulares, nada se pode concluir. Exemplos:

„ Alguns italianos não são vencedores;


„ Alguns italianos são pobres;
„ Logo, nada se pode concluir.

Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Esquematizando:

REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z De duas premissas negativas, nada se conclui z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu- médio e menor
são negativa z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca que os termos das premissas
z De duas premissas particulares, nada se conclui z O termo médio não pode entrar na conclusão
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez 107
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/ Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta- lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
remos interessados em verificar se eles são válidos falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o valores lógicos para proposição composta pelo conec-
que significa um argumento válido e um argumento
tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,
inválido.

Argumentos Válidos (V) (F)


Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Também podem ser chamados de argumentos Fez sol. (V)
bem construídos ou legítimos.
Para que o argumento seja válido, não basta que Logo, vou à praia. (F)
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente, Como podemos notar, quando temos a combina-
ou seja, quando a conclusão é uma consequência ção lógica verdade no antecedente e falso no conse-
necessária das premissas, dizemos que o argumento
quente (V  F) para o conectivo “se...,então”, o nosso
é válido.
Vamos analisar o exemplo: resultado só poderá ser falso.

z p1: Todo padre é homem; (V) (F)


z p2: José é padre; Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
z c: José é homem.
Fez sol. (V)
Quando temos argumentos utilizando os quantifi- Logo, vou à praia. (F)
cadores lógicos, representamos por meio dos diagra-
mas lógicos para saber a validade de um argumento. Percebe-se, então, que não está de acordo com a
Veja que temos uma proposição do tipo Todo A é B, nossa valoração inicial, ou seja, deu erro. Logo, nosso
logo:
argumento é válido.

Homem
Argumentos Inválidos

Padre Também podem ser chamados de argumentos mal


construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos.
Dizemos que um argumento é inválido quando a
José verdade das premissas não é suficiente para garantir
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo:

p1: Todas as crianças gostam de chocolate;


Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
p2: Patrícia não é criança;
ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
padres. Sendo assim, como não há possibilidade de c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
um padre não ser homem, podemos afirmar que José
também é homem, como afirma nossa conclusão. Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura
Logo, o argumento é válido. de argumentos utilizando os quantificadores lógicos,
Vamos analisar agora um argumento usando
vamos representar por meio dos diagramas lógicos
conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usa o seguinte lembrete: para saber a validade de um argumento. Veja que
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo:
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
premissas são verdadeiras; Gostam de chocolate
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do
conectivo envolvido no argumento;
3°. Se der erro (não ficar de acordo com o padrão de
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- Crianças
mento é válido.

Veja na prática:
Patrícia
Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Fez sol. (V)
108 Logo, vou à praia. (F)
Gostam de chocolate Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)

Crianças Percebe-se, então, que o argumento está de acordo


com a nossa valoração inicial, ou seja, não deu erro.
Logo, nosso argumento é inválido.
Patrícia Sabendo disso, guarde o esquema a seguir:

Não gostam de chocolate Deu Erro Argumento Válido

Não Deu Argumento


Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é crian- Erro Inválido
ça, temos duas interpretações:

1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ou; ria com exercícios comentados de diversas bancas.
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate. Vamos lá!
Sendo assim, não há possibilidade de afirmar com
100% de certeza que Patrícia não gosta de chocola- 1. (IBID – 2020) Considere falsas as seguintes proposi-
ções a seguir:
te, como consta na conclusão. Logo, o argumento é
inválido.
I. Ou Luna gosta de tango ou Levi gosta de samba.
II. Se Lia gosta de jazz, então Levi não gosta de samba.
Para um argumento usando conectivos lógicos,
Analisando-se as proposições, é possível concluir cor-
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
retamente que
válidos, só muda um detalhe. Veja:
a) Luna gosta de tango e Levi gosta de samba.
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as b) se Levi gosta de samba, então Luna não gosta de
premissas são verdadeiras; tango.
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do c) Lia não gosta de jazz ou Levi não gosta de samba.
conectivo envolvido no argumento; d) Luna gosta de tango e Lia não gosta de jazz.
3°. Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- Veja que o enunciado afirmou que as sentenças são
mento é inválido. falsas, então devemos começar pela condicional:
I. Ou Luna gosta de tango (V) ou Levi gosta de samba
Veja na prática: (V). (Se a segunda parte sabemos que é V, então a pri-
meira terá que ser V também, pois a disjunção exclu-
Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine- siva é falsa quando as proposições têm valores iguais)
ma. (V) II. Se Lia gosta de jazz (V), então Levi não gosta de sam-
ba (F). (A condicional só é falsa nessa situação VF)
O tempo ficou nublado. (V) Agora basta valorar as alternativas para achar o
Logo, vou ao cinema. (F) gabarito:
a) Luna gosta de tango (V) e Levi gosta de samba
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada (V). (verdadeira).
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso Resposta: Letra A.
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro. 2. (VUNESP – 2019) Sobre a família de Ana, sabe-se que
Distribuímos os valores lógicos para proposição com- seu pai e sua tia são técnicos em suporte de informá-
posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre- tica. Sendo assim, conclui-se, corretamente, que
missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
a proposição não vou ao cinema está negando o que a) João não é pai de Ana e, portanto, não é técnico em
está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o suporte de informática.
b) Ana é técnica em suporte de informática.
valor lógico dela. Assim,
c) Rita é técnica em suporte de informática e, portanto, é
tia de Ana.
RACIOCÍNIO LÓGICO

(V) (V)
d) Ana não é técnica em suporte de informática.
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) e) Roberto não é técnico em suporte de informática e,
O tempo ficou nublado. (V) portanto, não é pai de Ana.

Logo, vou ao cinema. (F) Veja que se é pai e tia de Ana, então são técnicos
em suporte de informática. Agora basta uma pessoa
Como já estudamos lá no módulo de tabela verdade, não ser técnico em suporte de informática para que
tudo que não estiver no padrão de combinação lógica ela não tenha a possibilidade de ser Pai ou Tia de
- verdade no antecedente e falso no consequente (V Ana. Logo, a alternativa E fala exatamente essa con-
 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro. clusão, ou seja, se Roberto não é técnico em suporte
de informática e, portanto, não é pai de Ana.
(V) (V) Resposta: Letra E. 109
3. (FCC – 2019) Considere que as seguintes premissas p: se aumentar o tamanho da memória ou instalar um
são verdadeiras: novo antivírus, então a velocidade da internet aumentará;
q: se a velocidade da Internet aumentar, então os apli-
z Todo bombeiro sabe nadar. cativos abrirão mais rapidamente.
z Geraldo é contador. Concluída a manutenção, foi verificado que a velocida-
z Alguns contadores sabem nadar. de da Internet não aumentou.
Nessa situação, é correto concluir que
De acordo com essas premissas, é correto afirmar:
a) os aplicativos não abrirão mais rápido.
b) o tamanho da memória não foi aumentado e também
a) Geraldo é bombeiro.
não foi instalado um novo antivírus.
b) Existem bombeiros que são contadores. c) ou o tamanho da memória não foi aumentado ou um
c) Todo contador que também é bombeiro sabe nadar. novo antivírus não foi instalado.
d) Geraldo não sabe nadar. d) o tamanho da memória pode ter sido aumentado, mas
e) Alguns contadores que sabem nadar, também são um novo antivírus não foi instalado.
bombeiros. e) um novo antivírus pode ter sido instalado, mas o tama-
nho da memória não foi aumentado.
Para acharmos uma conclusão lógica para esse
enunciado é necessário fazer uso de diagramas lógi- Começando a valoração pela proposição simples,
cos para facilitar a resolução. Veja: temos:
p: se aumentar o tamanho da memória (F) ou ins-
Sabe nadar talar um novo antivírus (F), então a velocidade da
internet aumentará (F);
Contadores q: se a velocidade da Internet aumentar (F), então os
aplicativos abrirão mais rapidamente (V/F).
A velocidade da Internet não aumentou (V).
Bombeiro Geraldo Geraldo
Sendo assim,
B) o tamanho da memória não foi aumentado (V)
e também não foi instalado um novo antivírus (V).
Resposta: Letra B.

VERDADES E MENTIRAS

Analisando todas as alternativas, chegamos na con- Estamos diante de um assunto bem interessante,
clusão de que a alternativa C é a única que podemos pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a
ter 100% de certeza, pois é justamente a região de um caso onde várias pessoas afirmam certas situações
e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas
interseção que demonstra isso uma vez que todo
também há aquela que só mente. Então, o seu dever
bombeiro tem que saber nadar obrigatoriamente de
é entender o que o enunciado está querendo e achar
acordo com o enunciado, sendo ele contador ou não.
quem são os mentirosos e verdadeiros.
Resposta: Letra C.
Em algumas questões, você terá que fazer um teste
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis-
4. (FEPESE – 2019) Se Ancelmo não é educado, então posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
Maria não é malandra e Joana é fiel. Se Joana é fiel, entre as informações, sua suposição estará correta e
então Afonso é bonito. Sabemos que Afonso não é você conseguirá achar quem está falando a verdade
bonito. ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
Logo, podemos afirmar corretamente que: que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio
a) Joana é fiel. Lógico, então, vamos aprender como resolver esse
b) Maria é malandra. tipo de questão praticando bastante.
c) Maria não é malandra.
d) Ancelmo não é educado. 1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três
e) Ancelmo é educado. irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação.
Vamos valorar as proposições lógicas para con- Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles
cluirmos algo. Veja: quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
Se Ancelmo não é educado (F), então Maria não é cada um.
malandra (V/F) e Joana é fiel (F). Se Joana é fiel (F),
então Afonso é bonito (F). Sabemos que Afonso não Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!”
é bonito (V). Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
Sendo assim, alternativa E “Ancelmo é educado” é
verdade. Sabendo que somente um dos três falou a verdade,
Resposta: Letra E. conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que
disse a verdade são, respectivamente,
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Considere a situação
hipotética seguinte, que aborda compreensão de a) Huguinho e Luizinho.
estruturas lógicas. b) Huguinho e Zezinho.
c) Zezinho e Huguinho.
No processo de manutenção de um computador, as d) Luizinho e Zezinho.
110 seguintes afirmações são válidas: e) Luizinho e Huguinho.
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- 3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
mações contraditórias, pois numa contradição Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
haverá uma “verdade e mentira”. uma pessoa. Na delegacia:
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
mações contraditórias: z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se z Rogério disse que tinha sido Paulo;
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
contradizem.
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou
assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que-
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira
a) Lucas.
para quem não está na contradição).
b) Sandro.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo
c) Rogério.
ele quebrou o vaso. d) Vitor.
Eliminamos as letras C, D e E. e) Paulo.
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Luizinho falando a verdade. Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Resposta: Letra A. Se um estiver falando a verdade, outro está
mentindo.
2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as
quatro amigas com diferentes idades. Quando se per- demais frases são verdadeiras. Assim, analisando as
guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as afirmações, percebemos que a frase de Rogério (que
seguintes respostas: é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi Paulo.
Resposta: Letra E.
z Ângela: Eu sou a mais velha;
z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem; 4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão
z Carol: Eu não sou a mais jovem; cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
� Denise: Eu sou a mais jovem. e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen- nota que um deles não entregou sua parte, consegue
te, são: detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
do as seguintes alegações:
a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha.
b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Vamos analisar:
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-
� Ângela: Eu sou a mais velha;
tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
� Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem;
a) Arnaldo.
� Carol: Eu não sou a mais jovem;
b) Belarmino.
� Denise: Eu sou a mais jovem.
c) Cleocimar.
Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois
d) Dionésio.
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem
e) Ercílio.
e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
jovem, teremos um cenário em que todas as meni- ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
RACIOCÍNIO LÓGICO

nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que o que diz Dionésio e Ercílio:
ser a mais jovem. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
Como o enunciado diz que apenas uma delas está IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao a verdade:
mesmo tempo, o que é logicamente impossível em I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
um grupo de 4 meninas. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
jovem. a verdade e disse que foi o Ercílio.
Resposta: Letra D. Resposta: Letra E. 111
5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair c) 150.
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas d) 170.
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus- e) 190.
peitos deram as seguintes declarações:
Temos uma questão que relaciona os conceitos de
Cássio: Jair é o culpado do crime. conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. somar todos os valores e descontar do total. Fica:
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime. Total = 320.
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. Séries = 256.
Filmes = 194.
Jair: Eu não cometi o crime. Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B.
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos, 2. (FCC – 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram uma
exatamente três mentiram na declaração. Sendo
maratona. Logo após a largada, Antônio estava em
assim, o único inocente que declarou a verdade foi
primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e Carlos em
terceiro lugar. Durante a corrida Bruno e Antônio tro-
a) Cássio.
caram de posição 5 vezes, Bruno e Carlos trocaram de
b) Ernesto.
posição 4 vezes e Antônio e Carlos trocaram de posi-
c) Geraldo.
d) Álvaro. ção 7 vezes. A ordem de chegada foi
e) Jair.
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó- b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA. c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º).
Cássio: Jair é o culpado do crime. d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
Jair: Eu não cometi o crime. e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º).
Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul-
pado e disse a verdade como o enunciado afirmou. Para resolver essa questão basta saber que: se o
Mas, note que não podemos ter duas verdades como número de trocas for PAR (não importa a quantida-
a situação apresentada nos mostrou, pois é uma de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não
contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e importa a quantidade), serão trocadas.
não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen- Logo,
te e falou a verdade. 1º Antônio
Resposta: Letra E. 2º Bruno
3º Carlos
PROBLEMAS ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO Bruno e Antônio trocaram 5 vezes  número ímpar,
LÓGICO então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru-
no 2º Antônio 3º Carlos
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre Bruno e Carlos trocaram 4 vezes  número par,
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos cada um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio
agora resolver algumas questões que envolvem pro- 3º Carlos
blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, Antônio e Carlos trocaram 7 vezes  número ímpar,
pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos então, Antônio trocará de lugar com Carlos:
já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação 1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B.
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
resolver questões para entendermos como são cobra-
3. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra-
das em provas.
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana
chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana.
1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram
Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço.
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de
A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no
séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
serviço nesse dia foram:
dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam
de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos
uma das duas opções e que ninguém disse que não a) Bete, Ana e Carol.
gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e b) Bete, Carol e Ana.
filmes ao mesmo tempo? c) Ana, Carol e Bete.
d) Ana, Bete e Caro.
e) Carol, Bete e Ana.
Filmes Série
Ana chegou depois de Bete  Então, Ana não foi a
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
194 256 Carol chegou antes de Ana  Se Carol chegou antes
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A.
Carol não foi a primeira a chegar no serviço.  Já
Total: 450
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a
alternativa E.
a) 110. Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana.
112 b) 130. Resposta: Letra B.
4. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO
dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con- Vamos entender e praticar a técnica básica para
clui-se que: resolver esse tipo de questão. Teremos que montar uma
tabela, contendo todas as possíveis associações, para
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. então analisar as informações dadas no enunciado.
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios.
1. (FCC – 2016) Amanda, Brenda e Carmen são: médica,
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante.
engenheira e biblioteconomista, não necessariamente
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola.
nessa ordem. Comparando a altura das três, a biblioteco-
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios.
nomista, que é a melhor amiga de Brenda, é a mais baixa.
Sabendo-se também que a engenheira é mais baixa do
Primeiro: Escola__Correios__Restaurante
que Carmen, é necessariamente correto afirmar que
Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
Ótica__Escola__Correios__Restaurante a) Brenda é médica.
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa b) Carmen é mais baixa que a médica.
representação). c) Amanda é biblioteconomista.
Resposta: Letra E. d) Carmen é engenheira.
e) Brenda é biblioteconomista.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Seis amigos — Alberto,
Bruno, Carla, Dani, Evandro e Flávio — estão enfileira- Note que há 3 amigas, 3 profissões e 3 alturas na
dos, da esquerda para a direita, e dispostos da seguin- questão. Precisamos associar cada amiga a uma
te forma: altura e profissão já que não sabemos quem é quem.
Vamos construir uma tabela relacionando as ami-
I. Bruno está em uma posição anterior à de Carla; gas a cada profissão e altura. Veja:
II. Carla está imediatamente após Dani;
III. Evandro não está antes de todos os outros, mas está AMIGA PROFISSÃO ALTURA
mais próximo da primeira posição do que da última; médica, engenheira,
Amanda baixa, média, alta
IV. Flávio está em uma posição anterior à de Bruno; biblioteconomista
V. Bruno não ocupa a quarta posição da fila. médica, engenheira,
Brenda baixa, média, alta
biblioteconomista
Com base nessas informações, julgue o item a seguir, médica, engenheira,
considerando a ordenação da esquerda para a direita. Carmen baixa, média, alta
biblioteconomista
Bruno e Dani estão, necessariamente, em posições
consecutivas. Você também poderia construir a tabela usando
apenas as inicias de cada palavra para ganhar tem-
( ) CERTO  ( ) ERRADO po na prova, ok? A tabela ficaria assim:

A primeira informação nos diz que Bruno está antes AMIGA PROFISSÃO ALTURA
de Carla. A m, e, b b, m, a
Da esquerda para a direita;
____Bruno___Carla___ B m, e, b b, m, a
No espaço pode conter outros amigos ou não; C m, e, b b, m, a
O item II deixa claro que Carla está logo após Dani,
sem ninguém entre elas. Bom! Agora vamos analisar as informações que a
___Dani-Carla___ questão nos deu e eliminar os dados que não fazem
Juntando à anterior, fica: sentido na tabela.
___Bruno___Dani-Carla___ Observe a passagem: “a biblioteconomista, que é a
Item IV fala que Flávio está antes de Bruno: melhor amiga de Brenda, é a mais baixa”. Percebe-
__Flávio___ Bruno___ Dani-Carla___ mos que Brenda não é a biblioteconomista (pois ela
Falta Alberto e Evandro, lembrando que: é amiga da biblioteconomista) e não pode ser a mais
Só a Dani pode ser a quarta pessoa ou não: baixa. Então vamos cortar essas opções na tabela
Flávio – Evandro – Bruno – Alberto – Dani – Carla relacionada a Brenda.
Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber-
to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item AMIGA PROFISSÃO ALTURA
RACIOCÍNIO LÓGICO

errado, pois tem outra forma. médica, engenheira,


Amanda baixa, média, alta
Resposta: Errado. biblioteconomista
médica, engenheira,
Brenda baixa, média, alta
ASSOCIAÇÃO LÓGICA biblioteconomista
médica, engenheira,
Carmen baixa, média, alta
Nas questões sobre associações normalmente tere- biblioteconomista
mos um conjunto de pessoas e a uma série de infor-
mações com objetivo de associar cada pessoa algumas Nessa outra afirmação, temos: “a engenheira é
características (exs.: idade, profissão, cores, animais mais baixa do que Carmen”. Vemos que Carmen
etc.). O objetivo principal é descobrir a correlação não pode ser a engenheira e nem a mais baixa, então
entre os dados dessas informações. cortamos na tabela também. 113
AMIGA PROFISSÃO ALTURA Primeiro precisamos montar nossa tabela e depois
médica, interpretar o que a questão nos fornece.
Amanda engenheira, baixa, média, alta
biblioteconomista PESSOAS PROFISSÃO IDADE
médica, en- engenheiro, médico,
Brenda genheira, baixa, média, alta André 30, 35 ,40
psicólogo
biblioteconomista
engenheiro, médico,
médica, en- Paulo 30, 35 ,40
psicólogo
Carmen genheira, baixa, média, alta
biblioteconomista engenheiro, médico,
Raul 30, 35 ,40
psicólogo
Veja que obrigatoriamente sobrou “baixa” para
Amanda e por conseguinte ela é a biblioteconomista Na passagem “André não tem 40 anos de ida-
(o enunciado diz que a biblioteconomista é a mais de nem é engenheiro” podemos cortar na tabela
baixa). Nossa tabela fica assim: essas informações sobre André.

AMIGA PROFISSÃO ALTURA PESSOAS PROFISSÃO IDADE


médica, engenheiro, médico,
Amanda engenheira, baixa, média, alta
André 30, 35 ,40
psicólogo
biblioteconomista
engenheiro, médico,
médica, Paulo 30, 35 ,40
psicólogo
Brenda engenheira, baixa, média, alta
biblioteconomista engenheiro, médico,
Raul 30, 35 ,40
médica,
psicólogo
Carmen engenheira, baixa, média, alta
biblioteconomista Veja que em “Paulo possui 35 anos de idade” e
que “Raul não é médico”, vamos também atuali-
zar nossa tabela com as informações:
Note que sobrou apenas a profissão “médica” para
Carmen e, com isso, sobra apenas “engenheira”
PESSOAS PROFISSÃO IDADE
para Brenda. Como a engenheira é mais baixa do
que Carmen, então Carmen deve ser a mais alta e André engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
Brenda a do meio: Paulo engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
Raul engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
AMIGA PROFISSÃO ALTURA
médica,
Amanda engenheira, baixa, média, alta
Sobrou a idade de 30 anos para André e na pas-
biblioteconomista sagem “o médico não possui 30 anos de idade”
podemos ver que André é o psicólogo, pois a questão
médica,
já disse que ele também não é engenheiro. Por con-
Brenda engenheira, baixa, média, alta
biblioteconomista seguinte, Raul tem 40 anos e é o engenheiro. Assim:
médica,
Carmen engenheira, baixa, média, alta
PESSOAS PROFISSÃO IDADE
biblioteconomista André engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
Paulo engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
Agora já conseguimos associar cada amiga com
Raul engenheiro, médico, psicólogo 30, 35 ,40
uma profissão e uma altura. Vejamos: Amanda é a
mais baixa e biblioteconomista, Brenda é a de altura
média e engenheira, e por fim Carmen que é a mais Logo, respectivamente, as profissões de André,
alta e médica. Paulo e Raul são: psicólogo, médico e engenheiro.
Resposta: Letra C. Resposta: Letra B.

2. (FUNRIO – 2012) André, Paulo e Raul possuem 30, 35 e 3. (FCC – 2013) As irmãs Luciana, Rosana e Joana, de
40 anos de idade, não necessariamente nessa ordem. idades diferentes, possuem cada uma delas apenas
Eles são engenheiro, médico e psicólogo, porém não um cão de estimação. Os nomes dos cães são: Rex,
se sabe a correta associação entre nomes e profissão. Bobby e Touro. Um dos cães é preto, outro é marrom
Sabe-se, porém, que André não tem 40 anos de idade e o outro é branco. A ordem expressa na questão não
nem é engenheiro, que Paulo possui 35 anos de idade, representa a ordem das cores nem a ordem das donas.
que Raul não é médico, e que o médico não possui 30 Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de Joana e
anos de idade. pertence à irmã com idade do meio. Rosana, que não
Respectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul é a mais nova, tem um cão branco que não é o Touro.
são: Sendo assim, é possível concluir corretamente que

a) psicólogo, engenheiro e médico. a) Rex é marrom e é de Rosana.


b) psicólogo, médico e engenheiro. b) Bobby é branco e é de Luciana.
c) médico, psicólogo e engenheiro. c) Touro não é branco e pertence a Rosana.
d) médico, engenheiro e psicólogo. d) Touro não é marrom e pertence à irmã mais nova.
114 e) engenheiro, médico e psicólogo e) Rosana é a dona de Bobby que é preto.
Montando a tabela: IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO
Nova, do meio, Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Luciana
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO velha branco
Nova, do Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar- Rosana
Luciana meio, velha branco
meio, velha Touro rom, branco
Nova, do Rex, Bobby, Touro Preto, marrom,
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar- Joana
Rosana meio, velha branco
meio, velha Touro rom, branco
Nova, do Rex, Bobby, Preto, mar-
Joana Com isso, podemos analisar as alternativas e achar
meio, velha Touro rom, branco
como gabarito a alternativa D que diz: Touro não é
marrom e pertence à irmã mais nova.
Vamos utilizar as informações dadas no enunciado
Resposta: Letra D.
para “cortar” algumas das possibilidades e marcar
outras. “Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de
4. (VUNESP – 2019) Carlos, Denis, Elvis e Flávio têm 1,
Joana e pertence à irmã com idade do meio. Rosana,
2, 3 ou 4 netos, um veículo de marca diferente, sendo
que não é a mais nova, tem um cão branco que não as marcas A, B, C ou D, e moram em cidades distin-
é o Touro”. Assim, perceba que Rex não é de Joana. tas, sendo Sorocaba, Itu, Valinhos, ou Araraquara, não
E que Rosana não é a mais nova, e não é dona do necessariamente nessas ordens. Sabe-se que:
Touro. Até aqui temos:
z Carlos, que mora em Valinhos, tem mais netos do
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO que Denis e do que quem tem o carro da marca A;
Nova, do Preto, marrom, z Denis tem o carro da marca D;
Luciana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco z Quem mora em Sorocaba tem o carro da marca A;
Nova, do Preto, marrom, z O morador de Itu tem menos netos do que Elvis e
Rosana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco do que quem tem o carro da marca C;
Nova, do Preto, marrom, z Quem mora em Araraquara tem 2 netos e não tem
Joana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco o carro da marca D;
z Quem tem o carro da marca B tem 4 netos.
O cão de Rosana é branco. Podemos marcar essa cor z Com essas informações, assinale a alternativa que
para ela, e eliminar as demais possibilidades. Tam- contém uma associação correta.
bém podemos cortar a cor branca das demais irmãs:
a) Quem mora em Valinhos tem o carro da marca C.
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO b) Quem mora em Itu tem o carro da marca D.
c) Flávio mora em Sorocaba.
Nova, do Preto, marrom,
Luciana Rex, Bobby, Touro d) Elvis tem 4 netos.
meio, velha branco
e) Flávio tem 3 netos.
Nova, do Preto, marrom,
Rosana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
Vamos montar a tabela e analisar as afirmações:
Nova, do Preto, marrom,
Joana Rex, Bobby, Touro
meio, velha branco
NOMES NETOS MARCAS DE CIDADES
“Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de Joana CARRO
e pertence à irmã com idade do meio. Rosana, que Sorocaba, Itu,
não é a mais nova, tem um cão branco que não é Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara
o Touro”. Veja que Rex só pode ser de Luciana ou
Rosana. Mas Rex é marrom, e o cão de Rosana é Sorocaba, Itu,
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
branco. Logo, Rex só pode ser de Luciana. Como Rex
Araraquara
é da irmã do meio, esta também é Luciana. Assim:
Sorocaba, Itu,
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
IRMÃ IDADE NOME DO CÃO COR DO CÃO Araraquara
RACIOCÍNIO LÓGICO

Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom,


Luciana Sorocaba, Itu,
velha Touro branco
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom, Araraquara
Rosana
velha Touro branco
Nova, do meio, Rex, Bobby, Preto, marrom, De acordo com as primeiras afirmações: “Carlos,
Joana
velha Touro branco
que mora em Valinhos, tem mais netos do que Denis
e do que quem tem o carro da marca A” (Carlos não
Repare que sobrou para Rosana apenas a opção de pode ter apenas 1 neto, também não tem o carro
ser a irmã mais velha, e ser dona do Bobby. Com isso, da marca A, mora em Valinhos e Denis não tem 4
sobra para Joana apenas a opção de ser a irmã mais netos) e “Denis tem o carro da marca D” podemos
nova, ser dona do Touro, e ser este cão da cor preta: atualizar nossa tabela: 115
NOMES NETOS MARCAS CIDADES NOMES NETOS MARCAS CIDADES
DE CARRO DE CARRO
Sorocaba, Itu, Sorocaba, Itu,
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara Araraquara
Sorocaba, Itu, Sorocaba, Itu, Vali-
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, nhos, Araraquara
Araraquara Sorocaba, Itu, Vali-
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
Sorocaba, Itu, nhos, Araraquara
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Sorocaba, Itu, Vali-
Araraquara Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
Sorocaba, Itu,
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Nesse momento, eu paro e te mostro uma dica infalí-
Araraquara
vel para esse tipo de questão: toda vez que tivermos
uma tabela grande, interprete todas as informações
Prosseguindo analisando as afirmações “Quem que estão claras e depois tente achar a resposta!
mora em Sorocaba tem o carro da marca A” (Denis Perceba que olhando para as alternativas já temos
não mora em Sorocaba, pois tem o carro da marca o nosso gabarito, pois na letra B fala exatamente o
D) e “O morador de Itu tem menos netos do que Elvis que já achamos até aqui, ou seja, Denis mora em Itu
e tem um carro da marca D.
e do que quem tem o carro da marca C” (Elvis não
Caso você não encontre o gabarito usando essa dica,
mora em Itu, não tem apenas 1 neto e não tem o car-
volte e tente interpretar de maneira mais minuciosa
ro de marca C), assim temos uma nova atualização: as informações, mas lembre-se: todo tempo é valio-
so na hora da prova, então seja estrategista sempre.
NOMES NETOS MARCAS CIDADES Resposta: Letra B.
DE CARRO
Sorocaba, Itu, 5. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Os professores Alfa, Beta
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, e Gama lecionam Física, Química e Matemática, não
Araraquara necessariamente nesta ordem. Sabe-se também que
um deles é especialista, outro é mestre e o outro,
Sorocaba, Itu, doutor.
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Sobre eles são feitas as seguintes afirmações:
Araraquara
Sorocaba, Itu, z Alfa não é o professor especialista;
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, z Beta não leciona Física;
Araraquara z O professor de Matemática é o mestre;
Sorocaba, Itu, z Gama é o doutor.
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos,
Araraquara A partir das informações acima, é correto afirmar que

a) Alfa leciona Química e é especialista.


Sabe-se que “Quem mora em Araraquara tem 2 b) Beta leciona Matemática e é mestre.
netos e não tem o carro da marca D” (sabendo c) Beta leciona Química e é especialista.
disso então Denis não mora em Araraquara e não d) Gama leciona Química e é doutor.
tem 2 netos) e “Quem tem o carro da marca B tem
4 netos” (Denis não pode ter 4 filhos) Precisamos montar uma tabela relacionando pro-
fessores, disciplina e qualificação. Então temos:
NOMES NETOS MARCAS CIDADES
DE CARRO PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES
Sorocaba, Itu, Física, Química, Especialista, Mestre,
Alfa
Carlos 1, 2, 3, 4 A, B, C, D Valinhos, Matemática Doutor
Araraquara
Física, Química, Especialista, Mestre,
Beta
Sorocaba, Itu, Vali- Matemática Doutor
Denis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
Física, Química, Especialista, Mestre,
Gama
Sorocaba, Itu, Vali- Matemática Doutor
Elvis 1, 2, 3, 4 A, B, C, D
nhos, Araraquara
Sorocaba, Itu, Vali- Agora vamos analisar as informações para atuali-
Flávio 1, 2, 3, 4 A, B, C, D zarmos nossa tabela. Sobre eles são feitas as seguin-
nhos, Araraquara
tes afirmações:
� Alfa não é o professor especialista; (já pode-
Perceba que sobrou a cidade de Itu para Denis e mos cortar especialista)
fazemos mais uma atualização na nossa tabela cor- � Beta não leciona Física; (aqui cortamos Física)
tando ou circulando as informações que tiramos � O professor de Matemática é o mestre; (não
116 das afirmações do enunciado. fazemos nada por enquanto)
� Gama é o doutor. (Circulamos doutor e corta- 4. (SELECON – 2018) Considere verdadeiras as seguin-
mos matemática) tes proposições:

P1: Todo professor gosta de ler.


PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES
P2: Todo aventureiro não gosta de ler.
Física, Química, Especialista, Mestre,
Alfa
Matemática Doutor Portanto, é possível concluir que:
Física, Química, Especialista, Mestre,
Beta
Matemática Doutor a) Algum aventureiro é professor.
Física, Química, Especialista, Mestre, b) Nenhum professor é aventureiro.
Gama c) Alguém que gosta de ler é aventureiro.
Matemática Doutor
d) Ninguém que gosta de ler é professor.

Perceba que agora já conseguimos completar nossa 5. (SELECON – 2019) Ana, Beto, Carlos e Daniel colecio-
tabela, pois sobrou apenas a qualificação de mes- nam canecas.
tre para Alfa e automaticamente ele é professor de Considere verdadeiras as seguintes afirmações sobre
matemática. A partir disso as outras informações essas coleções.
irão se completar. Veja:
z Ana e Beto têm a mesma quantidade de canecas.
PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES z Ana possui menos canecas do que Carlos.
Física, Química, Especialista, Mestre, z Daniel e Carlos têm a mesma quantidade de canecas.
Alfa
Matemática Doutor
Logo, é verdade que:
Física, Química, Especialista, Mestre,
Beta
Matemática Doutor
a) Carlos têm menos canecas do que Beto.
Física, Química, Especialista, Mestre, b) Daniel têm menos canecas do que Beto.
Gama
Matemática Doutor c) Carlos e Ana têm a mesma quantidade de canecas.
d) Daniel têm mais canecas do que Ana.
Resposta: Letra C.
6. (SELECON – 2019) Os números da sequência abaixo
foram obtidos segundo um determinado padrão.
HORA DE PRATICAR!
4 17 3 10 7 50 1 2 8 x
1. (SELECON – 2020) Considere as 4 proposições abaixo:

z Se 3+2 = 6 então 4+4 = 9 Se esse padrão foi mantido até o 10º número dessa
z Se 3 = 3 então 3+4 = 9 sequência, o valor de x é:
z Se 2 < 3 então 7 > 4
z Se 1/3 é um número inteiro então 4 é número par a) 54
b) 57
Se n dessas proposições possui valor lógico verdadei- c) 60
ro, o valor de n é igual a: d) 65

a) 1 7. (SELECON – 2018) Sejam os conjuntos B = {1, 2, 3, 4, 5,


b) 2 6} e A = {2, 3, 4, 7} e as seguintes proposições p, q e r:
c) 3
d) 4 Se V representa o valor lógico verdade e F falsidade, as
proposições p, q e r têm respectivamente, os seguin-
2. (SELECON – 2019) A negação da proposição “João é tes valores lógicos:
bonito e estuda” está representada na seguinte opção:
a) F, F, V
a) João não é bonito e não estuda. b) V, F, V
b) João não é bonito ou não estuda. c) F, V, V
c) João não é bonito ou estuda. d) F, F, F
RACIOCÍNIO LÓGICO

d) João não é bonito e estuda.


8. (SELECON – 2018) Certo dia um professor propôs
3. (SELECON – 2018) Considere a seguinte afirmação: para sua turma o seguinte desafio:
“Iogurte contendo açúcar não é saudável”. Uma afir-
mativa que possui o mesmo significado da proposição “Encontrem um número natural ímpar, com três alga-
dada acima é: rismos de modo que:

a) iogurte sem açúcar é saudável z o algarismo da ordem das centenas seja igual ao quá-
b) iogurte não saudável tem açúcar druplo do algarismo da ordem das dezenas;
c) iogurte saudável não tem açúcar z o algarismo da ordem das dezenas seja maior do que
d) iogurte saudável pode ter açúcar o algarismo da ordem das unidade simples.” 117
Os alunos que acertaram o desafio encontraram um 2.
número cuja soma dos algarismos é igual a:
Temos um caso de negação da disjunção P ^ Q ( P e
a) 12 Q). A negação da disjunção é dada por ~P V ~Q (não
b) 11 P ou não Q). Vamos considerar P: João é bonito, Q:
c) 10 João estuda. Temos que: ~P: João não é bonito , ~Q :
d) 9 João não estuda. Concluímos, portanto, que a nega-
ção da proposição citada fica: João não é bonito ou
9. (SELECON – 2020) Uma frota é composta apenas de João não estuda, que podemos escrever como João
não é bonito ou não estuda. Resposta: Letra B.
carros de passeio e vans, num total de 144 veículos.
Se um terço dessa frota corresponde ao número de 3.
vans, a quantidade de carros de passeio existente na
frota é igual a: Temos uma questão de condicional e a proposição
acima pode ser reescrita como:
a) 48 “Se iogurte contém açúcar, então não é saudável”.
b) 54 Como foi solicitado uma afirmativa com mesmo
c) 82 significado, podemos pensar em proposição equiva-
d) 96 lente da condicional. Uma proposição equivalente à
condicional Se bastante presente nas provas de con-
10. (SELECON – 2021) O valor de um imóvel comprado cursos é a Contrapositiva. A contrapositividade da
em 2010 é estimado em V (x) = 300000. ( 5
)x reais proposição “Se P, então Q” é “Se ~Q, então ~P”. Daí
4 podemos concluir que uma proposição equivalente
após x anos do ano da compra.
à “Se iogurte contém açúcar, então não é saudável”
é “Se iogurte é saudável, então iogurte não contém
Essa estimativa prevê que o imóvel, a partir de sua
açúcar”. Resposta: Letra C.
compra, terá uma valorização anual de:
4.
a) 10%
b) 15% P1
c) 20% Gosta de ler
d) 25%

Professores

GABARITO COMENTADO
1. P2
Não gosta de ler
É possível obeservar que as 4 proposições são
formadas com o conectivo Se, então (Condicional).
E é preciso lembrar que a Condicional “Se P, então
Q” é falsa em apenas uma situação: quando P é ver- Aventureiros
dadeira e Q é falsa (Verdade -> Falso). Em qualquer
outra situação a condicional é verdadeira. Daí che-
garemos à seguinte conclusão:
Não existe interseção entre as pessoas que gostam
(V) Se 3+2 = 6 então 4+4 = 9 de ler e as que não gostam de ler. Concluímos, por-
Consideremos P: 3+2 = 6 que é falsa, Q: 4+4=9 que tanto, que não existem professores que são aventu-
também é falsa. Temos Falsa -> Falsa, logo, pela reiros. Resposta: Letra B.
regra da condicional, temos o resultado verdadeiro.
(F) Se 3 = 3 então 3+4 = 9 5.
Considerando P: 3 = 3 que é verdadeira e Q = 3+4=9
que é falsa. Temos Verdadeira -> Falsa que é a unica Para responder uma questão de ordenamento basta
situação que a condicional é falsa. que sigamos as instruções:
(v) Se 2 < 3 então 7 > 4 Pela primeira informação concluímos que:
Considerando P: 2<3 que é verdadeira e Q: 7>4 que Conclusão I: Canecas de Ana = Canecas de Beto
é verdadeira. Temos Verdadeira -> Verdadeira que Pela segunda informação temos que:
pela regra da condicional é verdadeira Conclusão II: Canecas de Ana < Canecas de Carlos
Junto à primeira e segunda informações temos que:
(v) Se 1/3 é um número inteiro então 4 é número par
Conclusão III: Canecas de Ana = Canecas de Beto <
Considerando que P: 1/3 é um número inteiro e Q: 4 é
Canecas de Carlos
numero par, temos Falso -> Verdade, que pela regra Pela terceira informação temos que:
da condicional é verdadeiro. Conclusão IV: Canecas de Daniel = Canecas de
Após analisar as 4 proposiçoes encontramos 3 ver- Carlos
dadeiras e uma falsa, portanto, como n é o número Pelas conclusões III e IV temos que:
de proposições verdadeiras concluímos que n = 3. Canecas de Ana = Canecas de Beto < Canecas de Car-
118 Resposta: Letra C. los = Canecas de Daniel. Resposta: Letra D.
6. 9.

Podemos observar que: A frota é composta por Carros de passeio e Vans


O primeiro termo é 4 e a partir dele encontramos o totalizando 144 veículos. Um terço dessa frota cor-
segundo termo que é 17 responde ao número de vans, ou seja, 1/3 de 144 =
4² + 1 = 17 144/3 = 48. Consequentemente, o número de carros
O terceiro termo é 3 e a partir dele encontramos o de passeio é 144 – 48 = 96. Resposta: Letra D.
quarto termo que é 10
3²+ 1 = 10 10.
O quinto termo é 7 e a partir dele encontramos o
sexto termo que é 50 V(X) = 300000 (5/4) x
7² + 1 = 50 V(X) = 300000 (1,25) x
O sétimo termo é 1 e a partir dele encontramos o O fator de valorização do imóvel é de 1,25 que repre-
oitavo que é 2 senta uma valorização de 25% Resposta: Letra D.
1² + 1 = 2
O nono termo é 8 e a partir dele encontramos o déci-
mo termo que é 65
8² + 1 = 65. Resposta: Letra D. ANOTAÇÕES
7.

p: A ⊂ B Falso, pois todo conjunto A não está dentro


de B.
q: A ∪ B = B ∩ A Falso, AUB = {1,2,3,4,5,6,7} e B ∩ A =
{2,3,4} e esses resultados são diferentes.
r: B – A = {1, 5, 6, 7} Falso, pois B – A é o conjunto
formado pelos elementos que pertencem a B e não
pertencem a A. Nesse caso teríamos B – A = {1,5 ,6}
Resposta: Letra D.

8.

Como o número procurado é ímpar, podemos afir-


mar que o algarismo da unidade é ímpar e pertencen-
te ao conjunto I = {1; 3; 5; 7; 9}. Temos também que o
número procurado possui três algarismos e, portan-
to, é um número da classe das unidades simples.

Centena Dezena Unidade


(C) (D) (U)
3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem

CD1
CD3
CD5
CD7
CD9
Como o número procurado possui três algarismo,
o algarismo das centenas não poderia ser igual a
zero. Por outro lado, temos que o algarismo das
centenas é o quádruplo do algarismo das dezenas,
então C = 4D.
C = 4D
RACIOCÍNIO LÓGICO

C = 4 . (1) = 4 -> é possível que a dezena seja 1


C = 4 . (2) = 8 -> é possível que a dezena seja 2
C = 4 . (3) = 12 -> não é possível que a dezena seja
maior ou igual a 3, já que resultará em um número
com dois algarismos pra centenas. Daí, os possíveis
números para dezenas {1; 2}. Como o algarismo
da ordem das dezenas é maior que o algarismo da
ordem das unidades, podemos afirmar que D = 2, U
= 1 e C = 4D, portanto, C = 4 . 2 = 8.
Concluímos que o número procurado é 821 e a soma
dos seus algarismos é 8 + 2 + 1 = 11. Resposta: Letra B. 119
ANOTAÇÕES

120
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
Ambiente seguro que exige
identificação, podendo es-

INFORMÁTICA
tar restrito a um local, que
Conexão com poderá acessar a Internet
Intranet
autenticação ou não. A Intranet utiliza o
mesmo protocolo da Inter-
net, o TCP, podendo usar o
UDP também.
CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET
Conexão remota segura,
A Internet é a rede mundial de computadores que protegida com criptografia,
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, Conexão en-
entre dois dispositivos, ou
para proteger os sistemas de comunicação em caso de Extranet tre dispositi-
duas redes. O acesso re-
ataque nuclear, durante a Guerra Fria. vos ou redes
moto é geralmente supor-
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta- tado por uma VPN.
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced Importante!
Research Projects Agency, era um modelo de troca e com- Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
partilhamento de informações que permitisse a descen-
mas também questionam Extranet. A conexão
tralização das mesmas, sem um ‘nó central’, garantindo a
continuidade da rede mesmo que um nó fosse desligado. remota segura que conecta Intranets por meio de
A troca de mensagens começou antes da própria um ambiente inseguro que é a Internet, é natural-
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio mente um resultado das redes de computadores.
a Internet como conhecemos e usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e Internet, Intranet e Extranet
comercial, permitindo o acesso de todos. Redes de
computadores

Internet Intranet Extranet


Usuário Modem Rede mundial de Rede local de Acesso remoto
Provedor de Acesso Internet computadores acesso restrito seguro

Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se conecta


a um provedor de acesso através de uma linha telefônica Protocolos Utiliza os mesmos Protocolos
TCP/IP protocolos da seguros
A navegação na Internet é possível a partir da Padrão de Internet Criptografia em
combinação de protocolos, linguagens e serviços, ope- comunicação Família TCP/IP VPN

rando nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP


(5 camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes cen- A Internet é transparente para o usuário: qualquer
tros urbanos por meio de estruturas físicas chamadas usuário poderá acessá-la sem ter conhecimento técni-
de backbones. São conexões de alta velocidade que co dos equipamentos que existem para possibilitar a
permitem a troca de dados entre as redes conectadas. conexão.
O usuário não consegue se conectar diretamente no
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso
ou contratar uma operadora de telefonia por meio da
utilização de um modem e, nesse caso, a empresa se
conecta na “espinha dorsal”. CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS,
utilizar programas específicos para realizar a navega-
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
INFORMÁTICA

Nos dia a dia, estes são os itens mais utilizados


Conhecido como nuvem, e pelas pessoas para acessar o conteúdo disponível na
também como World Wide Internet, o que faz com que sejam os mais cobrados
Web, ou WWW, a Internet em concursos.
Conexão entre é um ambiente inseguro, As informações armazenadas em servidores,
Internet
computadores que utiliza o protocolo TCP
sejam páginas web ou softwares como um serviço
para conexão em conjunto
(SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
a outros para aplicações
são acessadas por programas instalados em nossos
específicas
dispositivos. São eles: 121
z Navegadores de Internet ou browsers, para conteúdo em servidores web;
z Softwares de correio eletrônico, para mensagens em servidores de e-mail;
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por empresas e usuários;
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft Bing, para encontrar informações na rede mundial;
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de WhatsApp e Telegram, como no formato clássico do Facebook e
Yahoo Grupos.

Este tópico é muito prático. Nos concursos públicos, são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como “Histórico”, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.

Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Esses são os itens questionados em concursos públicos.

FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO

As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos) identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira, a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Edge
Navegador padrão do Windows 10, que substi-
Microsoft
tuiu o Microsoft Internet Explorer

Internet
Explorer Navegador padrão do Windows 7, um dos mais
Microsoft questionados em concursos públicos, por ser
integrante do sistema operacional

Firefox
Software livre e multiplataforma que é leve,
Mozilla
intuitivo e altamente expansível

Chrome
Um dos mais populares navegadores do merca-
Google
do, multiplataforma e de fácil utilização

Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da
Apple Apple, atualmente está disponível para outros
sistemas operacionais

Opera
Navegador leve com proteções extras contra
Opera
rastreamento e mineração de moedas virtuais

Vejamos mais detalhadamente a respeito dos navegadores comerciais mais utilizados pelos usuários e mais
cobrados em provas de concurso a seguir.

Microsoft Edge

Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o kernel
(núcleo) Google Chromium, o que traz uma série de itens semelhantes ao Google Chrome.
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartScreen, permite o bloqueio de sites que contenham phishing
(códigos maliciosos que procuram enganar o usuário, como páginas que pedem login/senha do cartão de crédito).
Outro recurso de proteção é usado para combater vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que favo-
122 recem o ataque de códigos maliciosos ao compartilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o Google Chrome
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- O navegador mais utilizado pelos usuários da
nhar’ sobre o conteúdo do PDF. Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
Mantém as características dos outros navegado- como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
res de Internet, como a possibilidade de instalação de muitos outros.
extensões ou complementos, também chamados de Uma das pequenas diferenças do navegador em
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
específicos para a navegação em determinados sites. para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas você acessar pelo Google Chrome.
como PDF no dispositivo do usuário. Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
para permitir que a navegação inicie em um dispositi- do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
vo e continue em outro dispositivo logado na mesma
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’
sugestões do Pinterest.
do site de buscas, como a tradução automática de
Outro recurso específico do navegador é a repro-
páginas pelo Google Tradutor.
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
Internet Explorer cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows, rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o usuário conecta ou não em sua conta Google.
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
A compatibilidade é um princípio no desenvolvimen- gle, o navegador armazena localmente as informa-
to de substitutos para os programas, que determina que a ções da navegação para o perfil atual do sistema
nova versão ou novo produto, terá os recursos e irá ope- operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
rar como as versões anteriores ou produtos de origem. consultar as informações armazenadas;
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de z Modo Normal conectado na conta Google: o
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. navegador armazena localmente as informações
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- da navegação e sincroniza com outros dispositivos
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
conectados na mesma conta Google;
de Controle do Windows, devido à alta integração do
z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet,
navegador com o sistema operacional.
mas não acessa as informações da conta Google
Mozilla Firefox registrada;
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces-
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- janela é fechada.
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre, Importante!
que permite download para estudo e modificações.
Possui suporte ao uso de applets (complementos de A navegação anônima é um recurso que muitos
terceiros), que são instalados por outros programas usuários utilizam para aumentar a sua privacida-
no computador do usuário, como o Java. de enquanto navega na Internet. Entretanto, ela
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização não te deixa anônimo. As informações acessa-
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- das serão registradas em dispositivos na rede e
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- pelos servidores que foram acessados.
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
dados não serão sincronizados.
Assim como nos outros navegadores, é possível O navegador Google Chrome, quando conectado
definir uma página inicial padrão, uma página inicial em uma conta Google, permite que a exclusão do his-
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar tórico de navegação seja realizada em todos os dis-
a navegação das guias abertas na última sessão. positivos conectados. Esta funcionalidade não estará
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela per- disponível, caso não esteja conectado na conta Google.
INFORMÁTICA

mite copiar para a Área de Transferência do computador, Como já dito, um dos atalhos de teclado diferente
parte da imagem da janela que está sendo acessada. A no Google Chrome em comparação aos demais nave-
seguir, em outro aplicativo o usuário poderá colar a ima- gadores é F6. Para acessar a barra de endereços nos
gem capturada ou salvar diretamente pelo navegador. outros navegadores, pressione F4. No Google Chrome
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles o atalho de teclado é F6.
oferecem pequenas dicas para que você possa apro- Para verificar a versão atualmente instalada do
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
muito mais. instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. 123
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos Outra forma de analisar um endereço URL é na
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício, sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites
com as mesmas credenciais de login. na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
O Google Chrome permite a personalização com de símbolos que não parecem legíveis. No entanto,
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- como tudo na Internet está padronizado, vamos ver as
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. partes de um endereço URL “completão”.
Confira:
URL
esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
Na Internet, as informações (dados) são arma-
querystring#fragmento
zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
servidores são computadores, que utilizam pastas
Onde “esquema” é o protocolo que será usado na
ou diretórios para o armazenamento de arquivos.
transferência.
Ao acessarmos uma informação na Internet, estamos
acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns ques- “Domínio” é o nome da máquina, o nome do site.
tionamentos: como é a identificação desse arquivo? “:” e “porta”, indica qual, entre as 65536 portas TCP
Como acessamos essas informações? Isso ocorre atra- será usada na transferência.
vés de um endereço URL. O endereço URL (Uniform “Caminho” indica as pastas no servidor, que é um
Resource Locator) que define o endereço de um recur- computador com muitos arquivos em pastas.
so na rede. Na sua tradução literal, é Localizador Uni- “Recurso” é o nome do arquivo que está sendo
forme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe: acessado.
“?” é para transferir um parâmetro de pesquisa,
protocolo://máquina/caminho/recurso usado especialmente em sites seguros.
“#” é para especificar qual é a localização da infor-
“Protocolo” é a especificação do padrão de comuni- mação dentro do recurso acessado (marcas)
cação que será usado na transferência de dados. Pode- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo ail?path=/mail/inbox#open
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text esquema: https://
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- domínio: outlook.live.com
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – porta: 5012
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. caminho: /owa/
“://” faz parte do endereço URL, para identificar recurso: hotmail
que é um endereço na rede, e não um endereço local querystring: path=/mail/inbox
como “/” no Linux ou ‘:\’ no Windows. fragmento: open
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a
informação que desejamos acessar. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui-
navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
vo está armazenado.
servidor de nomes de domínios) será contactado para
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos
traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
acessar.
mação será localizada e transferida para o navegador
que solicitou o recurso.
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas
características.

ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO Servidor DNS
Usando o protocolo http, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial
Internet
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos a Endereço URL
Usuário
divisão multimídia (www) com arqui-
h t t p : // w w w .
vos textuais, vídeos, áudios e imagens. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados
abc.com.br/
O recurso acessado é o index.html, são armazenados em servidores web com números de IP. O servidor
entendido automaticamente pelo na- DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na
vegador, por não ter nenhuma especi- Internet.
ficação de recurso no fim.
Usando o protocolo https, acessare- Conceitos e Funções Válidas para Todos os
mos o servidor abc, que é comercial Navegadores
h t t p s : // m a i l .
(.com) e pode estar registrado nos
abc.com/caixa z Modo normal de navegação: as informações serão
Estados Unidos. Acessaremos o dire-
s/inbox/ registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
saremos o serviço mail no servidor.
Formulários, Favoritos e Downloads;
Usando o protocolo de transferência
de arquivos ftp, acessaremos o servi-
ftp://ftp.abc.g
dor ftp da instituição governamental
ov.br/edital.pdf
(gov) brasileira (br) chamada abc, que
124 disponibiliza o recurso edital.pdf.
z Modo de navegação anônima: as informações de z Definir zoom em 100%: Ctrl+0 (zero).
navegação serão apagadas quando a janela for fecha- z Para acessar a página inicial do navegador: Alt+ Home
da. Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos; z Para visualizar os downloads em andamento ou
concluídos: Ctrl+J.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página:
Ctrl+F.
z Atualizar a página: F5.
z Recarregar a página: Ctrl+F5.

Nos navegadores de Internet, os links poderão ser


z Dados de formulários: informações preenchidas abertos de 4 (quatro) formas diferentes.
em campos de formulários nos sites de Internet;
z Favoritos: endereços URL salvos pelo usuário z Clique: abre o link na guia atual.
para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá- z Clique + CTRL: abre o link em uma nova guia.
rio poderão ser exportados do navegador atual e z Clique + SHIFT: abre o link em uma nova janela.
importados em outro navegador de Internet; z Clique + ALT: faz download do arquivo indicado
z Downloads: arquivos transferidos de um servidor pelo link.
remoto para o computador local. Os gerenciadores
de downloads permitem pausar uma transferência FERRAMENTAS E APLICATIVOS DE CORREIO
ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja ELETRÔNICO
mais disponível;
z Uploads: arquivos enviados do computador local O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma
para um servidor remoto; forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
z Histórico de navegação: são os endereços URL acessa- que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
dos pelo navegador em modo normal de navegação; armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
z Cache ou arquivos temporários: cópia local dos disponível até ela ser acessada novamente.
arquivos acessados durante a navegação;
O correio eletrônico (popularmente conhecido
z Pop-up: janela exibida durante a navegação para
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
funcionalidades adicionais ou propaganda;
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
z Atualizar página – acessar as informações armaze-
nadas na cópia local (cache); mantendo-se usual até os dias de hoje.
z Recarregar página: acessar novamente as infor-
mações no servidor, ignorando as informações PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
armazenadas nos arquivos temporários;
z Formato PDF: os arquivos disponíveis na Internet O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail
no formato PDF podem ser visualizados direta- gratuito com código aberto que poderá ser
usado em diferentes plataformas.
mente no navegador de Internet, sem a necessida-
de de programas adicionais.
O eM Client é um cliente de e-mail gratuito
Recursos de Sites, Combinados com os Navegadores para uso pessoal no ambiente Windows e
Mac. Facilmente configurável. Tem a versão
de Internet
Pro, para clientes corporativos.
z Cookies: arquivos de texto transferidos do servidor O Microsoft Outlook, integrante do pacote
para o navegador com informações sobre as prefe- Microsoft Office, é um cliente de e-mail que
rências do usuário. Eles não são vírus de compu- permite a integração de várias contas em
tador, pois códigos maliciosos não podem infectar uma caixa de entrada combinada.
arquivos de texto sem formatação;
z Feeds RSS: quando o site oferece o recurso RSS, o O Microsoft Outlook Express foi o cliente
navegador receberá atualizações para a página de e-mail padrão das antigas versões do
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre Windows. Ainda aparece listado nos editais
sites para troca de conteúdo; de concursos, porém não pode ser utilizado
z Certificado digital: os navegadores podem utilizar nas versões atuais do sistema operacional.
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, Webmail. Quando o usuário utiliza um na-
aceitam certificados digitais para validação de cone- vegador de Internet qualquer para acessar
xões e transferências com criptografia e segurança; sua caixa de mensagens no servidor de
z Corretor ortográfico: permite a correção dos tex- e-mails, ele está acessando pela modalida-
tos digitados em campos de formulários a partir de de webmail.
dicionários on-line disponibilizados pelos desen-
volvedores dos navegadores.
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem
Atalhos de Teclado o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha-
z Para acessar a barra de endereços do navegador: mento e também recursos relacionados a reuniões e
INFORMÁTICA

F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome: é F6.


compromissos.
z Para abrir uma nova janela: Ctrl+N.
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser
z Para abrir uma nova janela anônima: Ctrl+Shift+N.
No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P. enviados na forma de notificação por e-mail para os
z Para fechar uma janela: Alt+F4. participantes.
z Para abrir uma nova guia: Ctrl+T. O Outlook possui o programa para instalação no
z Para fechar uma guia: Ctrl+F4 ou Ctrl+W. computador do usuário e a versão on-line. A versão
z Para reabrir uma guia fechada: Ctrl+ Shift+T. on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
z Para aumentar o zoom: Ctrl + = (igual). mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte-
z Para reduzir o zoom: Ctrl + - (menos). grante do Microsoft Office 365). 125
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet,
Usuário o qual é usado pelo navegador de Internet (sobre os
protocolos HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso
webmail, para transferir cópias das mensagens para a
@ janela do navegador, mantendo as originais na caixa
de mensagens do servidor remoto.
Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor de
e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador de
Internet

Formas de Acesso ao Correio Eletrônico Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP

Podemos usar um programa instalado em nosso Enviar – SMTP

dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador Receber – POP3 Enviar e Receber


IMAP4
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
Remetente
suas características e protocolos. Confira: Cliente
Destinatário
Webmail

FORMA DE O remetente está usando o programa Microsoft Outlook (cliente)


CARACTERÍSTICAS para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo (Exchange).
ACESSO
O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail e ele utiliza
Protocolo SMTP para enviar mensagens
um navegador de Internet (webmail) para ler e responder os e-mails
e POP3 para receber. As mensagens são
recebidos.
Cliente de E-mail transferidas do servidor para o cliente e
são apagadas da caixa de mensagens
remota. Uso do correio eletrônico
Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
ceber mensagens. As mensagens são Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o
Webmail copiadas do servidor para a janela do usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço
navegador e são mantidas na caixa de
mensagens remota. de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial-
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
zada na RFC5322.

Dica
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
Receber – POP3 Receber IMAP4 usado nas redes de computadores.

De forma semelhante ao endereço URL para recur-


sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
Usuário Usuário
também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
formato reduzido usuário@provedor, no enunciado
Cliente de e-mail Navegador de Internet
das questões, em vez do formato detalhado usuário@
Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para o
provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@
Internet e mantida no servidor de e-mails. PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS

Os protocolos de e-mails são usados para a troca COMPONENTE CARACTERÍSTICAS


de mensagens entre os envolvidos na comunicação. Antes do símbolo de @, identifica um
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas, Usuário
único usuário no serviço de e-mail.
em concursos públicos, o que vale é a configuração
padrão, a qual foi apresentada neste material. Significa AT (lê-se “em” ou “no”) e é usa-
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco- do para separar a parte esquerda, que
@ identifica o usuário, da parte a sua direi-
lo para Transferência Simples de E-mails usado pelo
ta, que identifica o provedor do serviço
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- de mensagens eletrônicas.
sagens e entre os servidores de mensagens do reme-
tente e do destinatário. Imediatamente após o símbolo de @,
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o identifica a empresa ou provedor que ar-
Protocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de Nome do domínio mazena o serviço de e-mail (o servidor
de e-mail executa softwares como o Mi-
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto,
crosoft Exchange Server por exemplo).
126 removendo-as da caixa de entrada remota.
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@ CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS CAMPO CARACTERÍSTICAS
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS Identifica o conteúdo ou título da
SUBJECT (assunto)
mensagem. É um campo opcional
Identifica o tipo de provedor, por exem-
plo: COM (comercial), .EDU (educa- Anexar Arquivo: Identifica o(s) arqui-
cional), REC (entretenimento), GOV vo(s) que está(ão) sendo enviado(s)
Categoria do junto com a mensagem. Existem res-
(governo), ORG (organização não gover-
domínio ATTACH (anexo) trições quanto ao tamanho do anexo
namental) etc., de acordo com as defi-
nições de Domínios de Primeiro Nível e tipo (executáveis são bloqueados
(DPN) na Internet. pelos webmails). Não são enviadas
pastas.
Informação que poderá ser omitida, quan- O conteúdo da mensagem de e-mail
do o serviço está registrado nos Estados Mensagem poderá ter uma assinatura associada
País Unidos. O país é informado por duas letras, inserida no final.
como: BR, Brasil; AR, Argentina; JP, Japão;
CN, China; CO, Colômbia etc.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
salvas estarão em pastas do servidor de correio ele-
Dica trônico, nominadas como “caixas de mensagens”.
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
Quando o símbolo @ é usado no início, antes recebidas, lidas e não lidas.
do nome do usuário, identifica uma conta em A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
rede social. Para o endereço URL do Instagram tivamente enviadas.
https://www.instagram.com/novaconcursos/, o A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
nome do usuário é @novaconcursos. apagadas.
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- não enviadas.
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
da mensagem, entre outros. Para enviar a mensagem,
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
é preciso que exista um destinatário informado em ocorre quando enviamos uma mensagem no app
um dos campos de destinatários. WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.
Se um destinatário informado não existir no servi- A mensagem permanece com um ícone de relógio
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida. enquanto não for enviada.
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece- Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se são direcionadas as mensagens sinalizadas como
o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado, lixo. Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails
a mensagem tentará ser entregue depois. não solicitados, que geralmente são enviados para
Conheça os elementos e seu papel na criação de um grande número de pessoas. Quando o conteúdo
uma nova mensagem de e-mail: é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL E-mail – e-mail comercial não solicitado). Essas men-
sagens são marcadas pelo filtro AntiSpam e procuram
CAMPO CARACTERÍSTICAS
identificar mensagens enviadas para muitos destina-
Identifica o usuário que está enviando tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para
a mensagem eletrônica, o remetente. o usuário.
FROM (De)
É preenchido automaticamente pelo
sistema.
Outras Operações com o Correio Eletrônico
Identifica o (primeiro) destinatário da
mensagem. Poderão ser especificados
vários endereços de destinatários nes- O usuário poderá sinalizar as mensagens, tanto
se campo e serão separados por vírgula as recebidas como as enviadas. Ele poderá solicitar
TO (Para)
ou ponto e vírgula (segundo o serviço). confirmação de entrega e confirmação de leitura. Vale
Todos que receberem a mensagem co- dizer que as mensagens recebidas podem ser impres-
nhecerão os outros destinatários infor- sas, ignoradas ou, ainda, podem ter seu código-fonte
mados nesse campo. exibido.
Identifica os destinatários da men- Confira, a seguir, operações extras para o uso do
sagem que receberão uma cópia do correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
e-mail. CC é o acrônimo de Carbon lismo, facilitando a organização do usuário.
CC (com cópia ou
Copy (cópia carbono)
cópia carbono)
INFORMÁTICA

Todos que receberem a mensagem


conhecerão os outros destinatários Ação e características
informados nesse campo.
Identifica os destinatários da men-
z Alta prioridade: quando marca a mensagem como
sagem que receberão uma cópia do Alta Prioridade, o destinatário verá um ponto de
BCC (CCO – com cópia e-mail. BCC é o acrônimo de Blind exclamação vermelho no destaque do título;
oculta ou cópia carbo- Carbon Copy (cópia carbono oculta). z Baixa prioridade: quando o remetente marca a
no oculta) Todos que receberem a mensagem mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
não conhecerão os destinatários in- verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
formados nesse campo.
taque do título; 127
z Imprimir mensagem: o programa de e-mail ou GRUPOS DE DISCUSSÃO
navegador de Internet prepara a mensagem para
ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza- Existem serviços na Internet que possibilitam a
ção do e-mail; troca de mensagens entre os assinantes de uma lista
z Ver código fonte da mensagem: as mensagens pos- de discussão. O Grupos do Google é o último serviço
suem um cabeçalho com informações técnicas sobre em atividade, segundo o formato original.
o e-mail as quais podem ser visualizadas pelo usuário; Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro
z Ignorar: disponível no cliente de e-mail e em alguns de 2019 e seus membros não poderão mais enviar ou
webmails, ao ignorar uma mensagem, as próximas receber e-mails.
mensagens recebidas do mesmo remetente serão Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou
excluídas imediatamente ao serem armazenadas Fórum de Discussão são denominações equivalentes
para um serviço que centraliza as mensagens recebi-
na Caixa de Entrada;
das que foram enviadas pelos membros redistribuin-
z Lixo Eletrônico: sinalizador que move a mensa-
do-as para os demais participantes.
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den-
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente
mensagens recebidas daquele remetente; pela facilidade de acesso, associação e participação.
z Tentativa de Phishing: sinalizador que move a
mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o ITEM CARACTERÍSTICAS
serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
estar enviando links maliciosos que tentam captu- Privacidade O grupo poderá ser público e visível, ou
rar dados dos usuários; restrito e visível (qualquer um pode pedir
z Confirmação de Entrega: o servidor de e-mails do para participar), ou secreto e invisível (so-
destinatário envia uma confirmação de entrega, mente convidados podem ingressar).
informando que a mensagem foi entregue na Cai- Proprietário Criador do grupo.
xa de Entrada dele com sucesso; Gerentes ou Participantes convidados pelo proprie-
z Confirmação de Leitura: o destinatário pode con- Moderadores tário para auxiliar na moderação das
firmar ou não a leitura da mensagem que foi mensagens e gerenciamento do grupo.
enviada para ele.
Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
A confirmação de entrega é independente da con- criador ou gerente/moderador convi-
firmação de leitura. Quando o remetente está elabo- dado pelo dono do grupo.
rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar Assinatura Como receberá as mensagens. Poderá
as duas opções simultaneamente. Se as duas opções ser uma por uma, ou resumo das men-
forem marcadas, o remetente poderá receber duas sagens por e-mail, ou e-mail de re-
confirmações para a mensagem que enviou, sendo sumos (com os tópicos recebidos no
uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do grupo), ou nenhum e-mail (para leitura
próprio destinatário. na página do grupo).

Quais são as vantagens de um grupo?


Servidor Exchange Servidor Gmail
z Os participantes podem enviar uma mensagem,
Enviar e-mail
com confirmação O servidor confirma a que será enviada para todos os participantes;
de entrega entrega do e-mail na caixa z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses;
de entreda do destinatário
z Organizar reuniões, eventos e conferências;
Recebendo a z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com
confirmação de entrega
possibilidade de acesso aos conteúdos que foram
Destinatário enviados antes do seu ingresso no grupo.
Webmail
Remetente
Cliente Os antigos grupos de discussão constituíram o
modelo a ser seguido para o desenvolvimento dos
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Entrega, grupos do Facebook, WhatsApp e Telegram. Nesses
o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails do grupos, o participante envia um post, ou anúncio, ou
destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na arquivo e todos podem consultar na página o que foi
Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
compartilhado.
Enviar e-mail
Como funcionam os grupos de discussão?

Servidor Exchange Servidor Gmail O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
Enviar e-mail nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
com confirmação O destinatário
de leitura confirma a leitura incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
Recebendo a
da mensagem o link recebido em um convite por e-mail.
confirmação de leitura Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
e-mail as mensagens que os outros usuários envia-
Remetente Destinatário rem. Poderá optar por um resumo das mensagens, ou
Cliente
Webmail resumo semanal, ou apenas visualizar na página do
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Leitura, o
grupo. Lembrando que, nos anos 90/2000, os e-mails
destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do conteúdo tinham tamanho limitado para a caixa de entrada de
128 do e-mail. cada usuário.
O envio para um endereço único permite a distribuição para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia da men-
sagem e anexos, se houverem, será disponibilizada no mural da página do grupo, para consultas futuras.

Mensagem
enviada para
Grupos de todos os
discussão participantes
inscritos no
Mensagem enviada grupo
para o endereço de de discussão
e-mail do grupo

Usuários da Internet
Quem não é inscrito
no grupo, não recebe a
Usuário participante mensagem

Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam mensagens por meio de um hub que centraliza e distribui para os demais
participantes.

A qualquer momento o usuário poderá desistir e sair do grupo, tanto pela página como por um endereço de
e-mail próprio (unsubscribe).
A principal diferença entre um grupo de discussão e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada com a exi-
bição do endereço dos participantes. Em um grupo de discussão, cada membro tem acesso a um endereço que enviará
cópia para todos os participantes do grupo. Nas mensagens respondidas, aparece o endereço original do remetente.
Apesar do tópico aparecer em diversos editais de concursos, faz vários anos que não são aplicadas questões
sobre o tema, em todos os concursos, independente da banca organizadora.

Dica
Os Grupos de Discussão (com as características e funcionalidades originais) desapareceram ao longo do
tempo, sendo substituídos pelos grupos nas redes sociais (com novos recursos e integração com os perfis
delas). Esse é um tópico que deverá ser questionado cada vez menos.

SITES DE BUSCA E PESQUISA

Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos
a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços
do cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa
inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para comple-
tar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.

SÍMBOLO USO EXEMPLO


Aspas duplas Pesquisa exata, na mesma ordem que forem digitados os termos “Nova Concursos”
INFORMÁTICA

Menos ou traço Excluir termo da pesquisa concursos –militares


Til (acento) Pesquisar sinônimos concursos ~públicos
Substituir termos na pesquisa, para pesquisar “inscrições encerradas”, e “inscrições
Asterisco inscrições *
abertas”, e “inscrições suspensas” etc
Cifrão Pesquisar por preço celulares $1000
Dois pontos Intervalo de datas ou preço campeão 1980..1990
Arroba Pesquisar em redes sociais @ novaconcursos
Hashtags Pesquisar nas marcações de postagens #informática
129
COMANDO USO EXEMPLO
site: Resultados de apenas um site livro site:www.uol.com.br
filetype: Somente um tipo de arquivo apostila filetype:pdf
define: Definição de um termo define:smtp
intitle: No título da página intitle:concursos
inurl: No endereço URL da página inurl:nova
time: Pesquisa o horário em determinado local time:japan
related: Sites relacionados related:uol.com.br
cache: Versão anterior do site cache:uol.com.br
link: Páginas que contenham link para outras link: novaconcursos
location: Informações de um determinado local location:méxico terremoto

Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.

PEDIDO USO EXEMPLO


traduzir ... para ... Google Tradutor traduzir maçã para japonês
lista telefônica:número Páginas com o telefone Lista telefônica:99999-9999
código da ação Cotação da bolsa de valores GOOG
clima localidade Previsão do tempo clima são paulo
código do voo Status de um voo (viagens) ba247

Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.

Importante!
As bancas costumam questionar funcionalidades do Microsoft Bing que são idênticas às funcionalidades do
Google Buscas, com o intuito de confundir os candidatos acerca do recurso questionado.

REDES SOCIAIS

As redes sociais se tornaram populares entre os usuários ao oferecerem os pilares dos relacionamentos em
formato digital: curtir, comentar e compartilhar.
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. Na
prática, esses conceitos acabam sendo sobrepostos nas novas redes.
O modelo pode ser centralizado, descentralizado ou distribuído. No modelo centralizado, as informações são exi-
bidas para os usuários a partir de servidores de uma empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuário. Locali-
zação, idade, sexo, preferências políticas e todas as demais informações dadas pelos usuários no perfil da rede social
serão usadas para a apresentação dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um exemplo centralizado, com
distribuição de conteúdo semelhante à topologia Estrela, das redes de computadores, com um nó centralizador.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são aquelas que, apesar de existirem nós maiores e principais,
os usuários acessam apenas parte das informações disponíveis. Critérios informados nos perfis dos usuários,
postagens que ele curtiu, postagens que ele ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos dentro das redes
sociais etc. O Facebook é um exemplo de rede descentralizada, na qual as conexões pessoais são expandidas para
o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que dependem das conexões de um usuário para terem acesso a
outras conexões. O LinkedIn, por exemplo, prioriza as conexões conhecidas e as conexões relacionadas, indepen-
dente dos grupos dos quais o usuário está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de dados de usuários pode comprometer a segurança da informa-
ção. Técnicas de Engenharia Social podem ser usadas para vasculhar as informações publicadas pelos usuários
à procura de conexões, relacionamentos, senhas, dados de documentos e outras informações que poderão ser
130 usadas contra o usuário.
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

O Facebook é a maior rede social da atualidade Todos os usuários de Internet e empresas

O Twitter é uma rede social para publicações curtas e


Ativistas, artistas, empresas e políticos
rápidas

O LinkedIn é uma rede social para conexões entre empre-


Empresas, empregados, empregadores e candidatos
sas e empregados

Facebook Workplace, usado por empresas para conectar


Empresas que contratem o serviço e seus colaboradores
seus colaboradores

O Instagram é uma rede social para compartilhamento de


Todos os usuários de Internet e empresas
fotos, vídeos e venda de produtos

O Tumblr é uma rede social para compartilhamento de con-


Todos os usuários de Internet e empresas
teúdo, como blogs (textos, imagens, vídeos, links, etc.)

MÍDIAS
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS

Wordpress é um portal de blogs que permite o armaze-


Usuários de Internet com foco em produção de conteúdo
namento de website

O Youtube é um portal de vídeos com recursos de redes


Produtores de conteúdo multimídia e consumidores
sociais

O Wikipedia é um site para publicação de conhecimento Usuários colaboradores e voluntários que contribuem
no formato colaborativo com novos conteúdos e revisões

Saiba:
Redes sociais é um tópico pouco questionado em concursos públicos, devido às atualizações que elas oferecem
quase diariamente em seus recursos e operação de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje com as regras e
recursos do Facebook do ano passado, verá que muitas funcionalidades foram alteradas.

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTE WINDOWS)


O sistema operacional Windows foi desenvolvido pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em meados
dos anos 80, oferecendo uma interface gráfica baseada em janelas, com suporte para apontadores como mouses,
touch pad (área de toque nos portáteis), canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispositivos apontadores tradi-
cionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário, como no sistema Kinect
do videogame X – Box).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
O Windows 10 apresenta algumas novidades em relação às versões anteriores, como assistente virtual, nave-
INFORMÁTICA

gador de Internet, locais que centralizam informações etc.

z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos instalados no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Windows
8 com a lista de programas do Windows 7.
z Pesquisar – com novo atalho de teclado, a opção pesquisar permite localizar, a partir da digitação de termos,
itens no dispositivo, na rede local e na Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte atalho de teclado: Win-
dows+S (Search).
z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de informações no dispositivo, na rede local e na Internet. 131
Importante!
A assistente virtual Cortana é uma novidade do Windows 10 que está aparecendo em provas de concursos
com regularidade. Semelhante ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e Alexa (Amazon), essa integra
recursos de acessibilidade por voz para os usuários do sistema operacional.

z Visão de Tarefas – permite alternar entre os programas em execução e abre novas áreas de trabalho. Seu
atalho de teclado é: Windows+TAB.
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão do Windows 10. Ele está configurado com o buscador padrão
Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário baixar novos aplicativos para Windows.
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico, que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
tornar um hub de e-mails com adição de outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de programas para acessar rapidamente.
z Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápi-
do, que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
z Central de Ações – centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado.
z Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
z Gerenciador de Tarefas – para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc.
z Minimizar todas as janelas – com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar
todas as janelas abertas, visualizando a área de trabalho.
z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados
de uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será gra-
vada em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
z Windows Hello – sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessi-
dade de uso de senha.
z Windows Defender – aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e
antispyware.

O botão direito do mouse aciona o menu de contexto, sempre.

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS

No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de arqui-
vos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O
usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos arqui-
vos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.

Pasta com Pasta sem Pasta vazia


subpasta subpasta

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO


Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e
Disco de armazenamento
mantém os dados gravados.
Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS,
Sistema de Arquivos
FAT32, FAT são alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.
Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas).

132 Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas.


TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO
Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.
Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco.
Arquivos Dados. Podem ter extensões.
Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome.
Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
Megabyte (GB)
(MB) bilhão
Kilobyte
milhão
(KB) mil
Byte
(B)

Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia... Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8
bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para repre-
sentação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um
pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua
residência está operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arqui-
vo com 75 MB de tamanho levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.

Importante!
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exibido em modo de visualização de Detalhes, nas Propriedades
(botão direito do mouse, menu de contexto) e na barra de status do Explorador de Arquivos. Poderão ter as
unidades KB, MB, GB, TB, indicando quanto espaço ocupam no disco de armazenamento.

Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.

Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos

Pastas e subpastas Tronco e galhos


INFORMÁTICA

Diretório raiz Raiz

Árvore de diretórios 133


No Windows 10, a organização segue a seguinte definição:

z Pastas

„ Estruturas do sistema operacional: Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users), Windows.
A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da árvore de diretórios), representada pela barra inverti-
da: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas
Músicas) – bibliotecas
„ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite acesso à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, programas e
atalhos.
„ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos, permitindo a recupe-
ração dos dados.

z Atalhos

„ Arquivos que indicam outro local: Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT ou CTR-
L+SHIFT pressionado.

z Drivers

„ Arquivos de configuração: Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software com o hardware.

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador de
Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para um
arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são independentes dos objetos que os referenciam, portanto, se
forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:

z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado, e ao soltar, o atalho é criado;


z No menu de contexto (botão direito) escolha “Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sendo exibido no Explorador de Arquivos pode ser criado na
área de trabalho arrastando o ícone da pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-o na área de trabalho.

Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

ÁREA DE TRABALHO

A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox


Edge Chrome Thunderbird Secure Co.

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Downloads caragua.docx
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Imagem da área de trabalho do Windows 10.


134
Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico.

Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos

Itens Excluídos

Lixeira Firefox
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Arquivos
Pastas de Edge Chrome Thunderbird
Arquivos Secure Co..

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


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Central de
Botão Iniciar Barra de Área de
Cortana Visão de Tarefas Ações
Acesso rápido Notificação
INFORMÁTICA

Barra de Tarefas

Elementos da área de trabalho do Windows 10.

Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop) 135
Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.

Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.

Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.

1 +1 não está em
execução execução execução

ÁREA DE TRANSFERÊNCIA

Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windo-
ws+V (View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.

Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.

As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pressionar Del ou
Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
Windows.

136
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, realização
de ações e controle das ações que serão desfeitas.

MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.

z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX.
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local.
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. As
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes utilizam imagens
nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO


Atalhos de teclado Resultado da operação
Ctrl+X e Ctrl+V
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de erro.
na mesma pasta
Ctrl+X e Ctrl+V
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido.
em locais diferentes
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para diferenciar do
na mesma pasta original.
Ctrl+C e Ctrl+V
Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e extensão.
em locais diferentes
Tecla Delete em um Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item estiver em
item do disco rígido um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.
Tecla Delete em
Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades removíveis
um item do disco
(pendrive), ópticas ou unidades remotas.
removível
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente.
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo nome no
F2 mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens. Não é permitido re-
nomear um item que esteja aberto na memória do computador.
INFORMÁTICA

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item. 137
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clique simples no botão principal Selecionar o item
Clique simples no botão secundário Exibir o menu de contexto do item
Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for editável, com
Duplo clique o programa padrão que está associado. Nos programas do com-
putador, poderá abrir um item através da opção correspondente.
Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será sugeri-
Duplo clique pausado
do numerar o item renomeado com um sufixo.
Arrastar com botão principal pressionado e soltar na
O item será movido
mesma unidade de disco
Arrastar com botão principal pressionado e soltar
O item será copiado
em outra unidade de disco
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar na mesma unidade soltar)
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar em outra unidade de disco soltar) ou “Mover aqui”

Arrastar na mesma unidade, será movido. Arrastar entre unidades diferentes, será copiado.

OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE

AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO

Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, indepen-
com a tecla CTRL pressionada dente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, indepen-
com a tecla SHIFT pressionada dente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item Será criado um atalho para o item, independente da origem ou
com a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) do destino da ação

Clique em itens com o botão principal, enquanto


Seleção individual de itens
mantém a tecla CTRL pressionada

Clique em itens com o botão principal, enquanto Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o início, e o
mantém a tecla SHIFT pressionada último item será o final, de uma região contínua de seleção

Extensões de arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.

Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executar ele, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
manipulado).
138
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer.

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc.

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador.

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.

MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som.

BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.
PNG, TIF

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.

EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados.
BAT

Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text Format, uma
tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para múltiplas plata-
formas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word e LibreOffice
Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
INFORMÁTICA

cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi-Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. 139
Modo Avião é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida,
a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
demais tipos de uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, por exemplo, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.

Modos de Exibição do Windows 10

z ícones extras grandes: ícones extra grandes com nome (e extensão);


z ícones grandes: ícones grandes com nome (e extensão);
z ícones médios: ícones médios com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita;
z ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados da esq. para a direita;
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados de cima para baixo;
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho;
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esq. para a direita;
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.

Um dos temas mais questionado em provas anteriores são os modos de exibição do Windows. Se tem um
computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar
a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

1. Barra de menus

Área de trabalho do aplicativo

6. Barra de Rolagem

Elementos de uma janela do Windows 10.

1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
140 Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
PROGRAMAS E APLICATIVOS

Os programas associados ao Windows 10 podem ser classificados em:

z Componentes do sistema operacional;


z Aplicativos e Acessórios;
z Ferramentas de Manutenção e Segurança.
z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows Store) para instalação no computador do usuário.

Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.

Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações,
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).
No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como
por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.

Firewall do Windows
Painel de controle

A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira.

WINDOWS 10 O QUE
Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.
Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos e
Este Computador
pastas Favoritas.
Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, melho-
Desfragmentar e Otimizar Unidades
rando o tempo de leitura dos dados.
Win+S Pesquisar.
Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.
Configurações Permite configurar software e hardware do computador.
Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows.
xBox (Games, músicas = Groove) Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do Xbox One.
INFORMÁTICA

Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar.


Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida.
Menu Iniciar, Barra de Tarefas e Blo-
Fixar aplicativos.
cos Dinâmicos
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.

1  Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
2  Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster. 141
WINDOWS 10 O QUE
Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explora-
OneDrive integrado
dor de Arquivos.
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente per-
Windows Store
mite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
Windows Update, Windows Update for
Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
Business, Current Branch for Business
Windows as a Service – WaaS.
e Long Term Servicing Branch
Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado.
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dispo-
Modo tablet
sitivos tipo conversíveis.
Email, Calendário, Notícias, entre ou-
Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas.
tros – também foram melhorados.
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha.
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Configurações > Sistema >
Analisar o espaço de armazenamento em seu PC.
Armazenamento
Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando.
Cortana Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em português.
Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as mensa-
Central de Notificações
gens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras.

Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.

Atalhos de teclado – Windows 10

Dica
Os atalhos de teclado do Windows são de termos originais em inglês. Por serem atalhos de teclado do siste-
ma operacional, são válidos para os programas que estiverem sendo executados no Windows.

ATALHO AÇÃO
Alt+Esc Alterna para o próximo aplicativo em execução.
Alt+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução.
Backspace Volta para a pasta anterior, que estava sendo exibida no Explorador de Arquivos.
Ctrl+A Selecionar tudo.
Ctrl+C Copia o item (os itens) para a Área de Transferência.
Ctrl+Esc Botão Início.
Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar.
Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas.
Ctrl+V Cola o item (os itens) da Área de Transferência no local do cursor.
Ctrl+X Move o item (os itens) para a Área de Transferência.
Ctrl+Y Refazer.
Desfaz a última ação. Se acabou de renomear um arquivo, ele volta ao nome original. Se acabou
Ctrl+Z
de apagar um arquivo, ele restaura para o local onde estava antes de ser deletado.
Del Move o item para a Lixeira do Windows.
F1 Exibe a ajuda.

142 F11 Tela Inteira.


ATALHO AÇÃO
Renomear, trocar o nome: dois arquivos com mesmo nome e mesma extensão não podem estar
F2 na mesma pasta, se já existir outro arquivo com o mesmo nome, o Windows espera confirmação,
símbolos especiais não podem ser usados, como / | \ ? * “ < > :
F3 Pesquisar, quando acionado no Explorador de Arquivos. Win+S fora dele.
F5 Atualizar.
Shift+Del Exclui definitivamente, sem armazenar na Lixeira.
Win Abre o menu Início.
Win+1 Acessa o primeiro programa da barra de tarefas.
Win+2 Acessa o segundo programa da barra de tarefas.
Win+B Acessa a Área de Notificação.
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho).
Win+E Abre o Explorador de Arquivos.
Win+F Feedback – hub para comentários sobre o Windows.
Win+I Configurações (Painel de Controle).
Win+L Bloquear o Windows (Lock, bloquear).
Win+M Minimiza todas as janelas e mostra a área de trabalho, retornando como estavam antes.
Selecionar o monitor/projetor que será usado para exibir a imagem, podendo repetir, estender ou
Win+P
escolher.
Win+S Search, para pesquisas (substitui o Win+F).
Win+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução em 3D (Visão de Tarefas).
Win+X Menu de acesso rápido, exibido ao lado do botão Iniciar.

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT


OFFICE E BROFFICE)
Um pacote de aplicativos para escritório é sem dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um computador pode
ter instalado. Independente do perfil de utilização do usuário, algum dos aplicativos disponíveis em um pacote
como o Microsoft Office, atendem a diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as mais complexas.
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de produtividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice.
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente está na
versão Office 365, que disponibiliza recursos via Internet (computação nas nuvens), com armazenamento de
arquivos no Microsoft OneDrive.
Serviços adicionais de comunicação, como o Microsoft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote Micro-
soft Office 365.

PROGRAMAS MICROSOFT OFFICE LIBREOFFICE

Editor de Textos Microsoft Word LibreOffice Writer

Planilhas de Cálculos Microsoft Excel LibreOffice Calc

Apresentações de Slides Microsoft PowerPoint LibreOffice Impress

As extensões dos arquivos editáveis produzidos pelos pacotes de produtividade são apresentadas na tabela a
seguir.

EXTENSÕES DE
MICROSOFT OFFICE LIBREOFFICE
ARQUIVOS
INFORMÁTICA

Editor de Textos DOCX ODT

Planilhas de Cálculos XLSX ODS

Apresentações de Slides PPTX ODP

As extensões do Microsoft Office, para arquivos editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo forma-
tado com XML, que foi introduzido na versão 2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em referência ao
Open Document, do Open Office. 143
Microsoft Office MS – WORD2016 OU SUPERIOR

Estrutura Básica dos Documentos


Office 2003 Office 2007 Office 365
Os documentos produzidos com o editor de textos
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo
Microsoft Office eram identificados com extensões z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
de concursos ainda apresentam estas extensões nas editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha-
alternativas das questões. dos com outros usuários para edição colaborativa;
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup z Os Modelos (Template), com extensão DOTX con-
Language) foi implementado para oferecer portabili- tém formatações que serão aplicadas aos novos
dade aos documentos produzidos. As extensões dos documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras, do para a padronização de documentos;
como DOCX, XLSX e PPTX. z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
Com o avanço dos recursos de computação na (Document Template Macros – modelo de docu-
nuvem, o Office foi disponibilizado na versão on-line, mento com macros). Os macros são códigos desen-
que posteriormente se chamou 365, e é a versão atual volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
do pacote. Com um novo formato de licenciamento, para a automatização de tarefas;
com assinaturas mensais e anuais, ao invés da venda z Páginas: unidades de organização do texto, segundo
de licenças de uso, a instalação do Office 365 no com- a orientação, o tamanho do papel e margens. As prin-
putador disponibiliza a última versão do pacote para cipais definições estão na guia layout, mas é possível
escritórios. encontrar algumas definições na guia design.
Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft z Seção: divisão de formatação do documento, on-
Office usar ou estudar?
de cada parte tem a sua configuração. Sempre que
LibreOffice forem usadas configurações diferentes, como mar-
gens, colunas, tamanho da página, orientação, ca-
beçalhos, numeração de páginas, entre outras, as
Open Office BrOffice LibreOffice
seções serão usadas.
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi- formatação. Finalizado com a tecla Enter, conten-
ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de do formatação independente do parágrafo ante-
arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para rior e do parágrafo seguinte;
os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen- z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
(Presentation – apresentação de slides). finalizado com quebra de linha, a configuração
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o atual permanece na próxima linha;
pacote com recursos especificamente úteis para os z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo caracteres de formatação etc.
programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas. Durante a edição de um documento, o Microsoft
O LibreOffice é o pacote atual, disponível para Word:
download e instalação em diversas plataformas. Está
na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme- z Faz a gravação automática dos dados editados
lhantes às versões anteriores, com uma interface enquanto o arquivo não tem um nome ou local de
redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis- armazenamento definidos. Depois, se necessário, o
ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro- usuário poderá “Recuperar documentos não salvos”;
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc). z Faz a gravação automática de auto recuperação
Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi- dos arquivos em edição que tenham nome e local
ce usar ou estudar? definidos, permitindo recuperar as alterações que
No site do LibreOffice você poderá fazer o download não tenham sido salvas;
gratuito. Ao passo que para outras bancas organiza- z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
doras é recomendável verificar se o edital pede uma vamento automático”, associado à conta Microsoft,
versão específica (como LibreOffice 5) ou se pede várias para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
versões (LibreOffice 5 ou superior). Se for uma versão ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
específica, serão questionados ícones e atalhos de tecla- vamento será realizado.
do apenas dela. Se for uma versão específica com o “ou z O formato de documento RTF (Rich Text Format)
superior” complementando, então serão questionados é padrão do acessório do Windows chamado Wor-
os recursos válidos para todas as versões, e você pode- dPad, e por ser portável, também poderá ser edita-
rá usar a última versão disponível para estudos. do pelo Microsoft Word.
Grande parte das questões de concursos públicos
procuram questionar as diferenças entre os aplica- Dica
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um
recurso que é acionado com um atalho de teclado no Em questões de informática, as extensões dos
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem arquivos produzidos pelo usuário costumam ser
144 um atalho de teclado diferente. questionadas com regularidade.
z Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel;
z O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações, como, por exemplo, a Faixa de
Opções com os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida;
z O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web;
z Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo;
z O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos
gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele;
z Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office;

Guia atual
Acesso rápido
Item com listagem

Guias ou abas

Caixa de diálogo do grupo Grupo Ícone com opções

z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:

GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Pincel de Formatação
Página Inicial

Nome da fonte

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte
INFORMÁTICA

Diminuir fonte

145
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
As bancas priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de arquivos
(parte prática dos programas). Nas questões de editores de textos, a produção de documentos formatados
com imagens ilustrativas no formato antes/depois são os assuntos mais abordados.

z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:

BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar.
Tarefas iniciais: O início do documento, acesso à área de transferência, formatação de fontes,
Página Inicial
parágrafos e formatação do conteúdo da página.
Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustrações
Inserir
e instantâneos.
Layout da Página Configuração da página: Formatação global do documento e formatação da página.
Design Reúne formatação da página e plano de fundo.
Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
Correspondências Mala direta: Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos.
Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de
Revisão
alterações, comentários, comparar, proteger etc.
Exibir Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de formata-
ção no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação. O conteúdo
não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários
locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.

Seleção

Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
146 grafos e até o documento inteiro.
Dica
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a
seleção poderá ser diferente para algumas ações.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO


- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento
Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor
Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra
Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo
Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha
Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo
Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento
- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha
- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha
- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento
- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento
Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal pressionado Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
Botão principal pressionado Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia a dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.

PARÁGRAFOS

Edição e Formatação de Parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números ou algarismos romanos ou letras, no início dos parágrafos;
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem;
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem;
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado;
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo;
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior;
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte;
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo;
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Recuo especial de primeira linha –


apenas a primeira linha será deslocada
em relação à margem
Margem esquerda Margem direita
INFORMÁTICA

Recuo deslocamento – as linhas serão


Recuo esquerdo – todas as linhas deslocadas em relação à margem
serão deslocadas em relação esquerda, exceto a primeira linha Recuo direito – todas as linhas
à margem esquerda serão deslocadas em relação
à margem direita

147
Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem;


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras;
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos;
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa;
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais;
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem;
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas;
z Sumário: índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD


Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode mudar a


Enter -
formatação

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a formatação


Shift+Enter -
atual

Quebra de página: muda de página, no local atual do cur-


Ctrl+Enter ou sor. Disponível na guia Inserir, grupo Páginas, ícone Que-
Ctrl+Return bra de Página, e na guia Layout, grupo Configurar Página,
ícone Quebras
Quebra de coluna: indica que o texto continua na próxima
Ctrl+Shift+Enter coluna. Disponível na guia Layout, grupo Configurar Pági-
na, ícone Quebras

Separador de Estilo – usado para modificar o estilo no


Ctrl+Alt+ Enter -
documento

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se estiver no


TAB
início de um texto, aumenta o recuo

- - Fim de célula, linha ou tabela

Espaço Espaço em branco

Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D)

- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

148
FONTES

Edição e Formatação de Fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.

Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:

z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I)
e sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre
as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + =), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)

A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016 ou superior.

COLUNAS

O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.

INFORMÁTICA

149
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS

• Usados por parágrafos, apresentam símbolos no início de cada, do lado esquerdo;


o Podem ser círculos preenchidos (linha acima), ou círculos vazios, como esta
 Outra forma de apresentação são os quadrados, ou então...
• O desenho do Office;
 Um símbolo neutro;
 Setas;
 Check ou qualquer símbolo que o usuário deseja personalizar.

Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.

MÚLTIPLOS
NÚMEROS LETRAS ROMANOS
NÍVEIS
1. Exemplo a. Exemplo i. Exemplo 1) Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo ii. Exemplo a) Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo iii. Exemplo 2) Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo iv. Exemplo a) Exemplo

Para trabalhar com a formatação de marcadores Múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.

Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.

IMPRESSÃO

Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impres-
são permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel
de Controle.
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual.
O agrupamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as
páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão
de miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.

CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

As quebras são divisões e podem ser do tipo Página ou de Seção.


Além disso, elas podem ser automáticas, como quando formatamos um texto em colunas, todavia, elas tam-
bém podem ser manuais, como Ctrl+Enter para quebra de página, Shift+Enter para quebra de linha, Ctrl+Shift+En-
ter para quebra de coluna, e outras.

150
Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos Quebras.
Cabeçalhos diferentes... quebras inseridas. Colunas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de página dife-
rente... quebra inserida.

Numeração de Páginas

Disponível na guia Inserir permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
INFORMÁTICA

em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.

151
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.

ÍNDICES

Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.


Os índices podem ser construídos a partir dos Estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente por
meio da adição de itens manualmente.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referên-
cias Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

INSERÇÃO DE OBJETOS

Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:

z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
152 SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).
Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:

z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.

CAMPOS PREDEFINIDOS

Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências.

INFORMÁTICA

153
Atalhos de Teclado – Word 2016 ou Superior

ATALHO AÇÃO
Ctrl+A Abrir: carrega um arquivo da memória permanente para a memória RAM.

Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”.

Ctrl+C Copiar: o texto selecionado será copiado para a Área de Transferência.

Ctrl+D Formatar Fonte.

Ctrl+E Centralizar: alinhamento de texto entre as margens.

Ctrl+F Limpar formatação do parágrafo.

Ctrl+G Alinhar à direita: alinhamento de texto na margem direita.

Ctrl+I Estilo Itálico.

Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Ctrl+L Localizar: procurar uma ocorrência no documento.

Ctrl+M Aumentar recuo.

Ctrl+N Estilo Negrito.

Ctrl+O Novo documento.

Ctrl+P Impressão rápida (imprimir na impressora padrão).

Ctrl+Q Alinhar à esquerda: alinhamento de texto na margem esquerda.

Ctrl+R Refazer.

Ctrl+S Estilo Sublinhado simples.

Ctrl+Shift+ > Aumentar o tamanho da fonte.

Ctrl+Shift+ < Reduzir o tamanho da fonte.

Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.

Ctrl e = Formatação de Fonte = Subscrito.

Ctrl e Shift e + Formatação de Fonte = Sobrescrito.

Ctrl+T Selecionar tudo: seleciona todos os itens.

Ctrl+U Substituir: procurar uma ocorrência e trocar por outra.

Ctrl+V Colar: o conteúdo da Área de Transferência é inserido no local do cursor.

Ctrl+X Recortar: o selecionado será movido para a Área de Transferência.

Ctrl+Z Desfazer.

F1 Ajuda.

F5 Ir para (navegador de páginas, seção etc).

F7 Verificar ortografia e gramática: procurar por erros ou excesso de digitação no texto.

Shift+F1 Revelar formatação.

Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas.

LIBREOFFICE WRITER

Antes de começarmos, vale a pena relembrar que o pacote que antes era conhecido como BrOffice teve seu
nome trocado para LibreOffice, mudança que ocorreu em todos os programas do pacote (Writter, Calc e Impress).
A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interface da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um fundo
cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando mais parecido com o Word 2016.
154 A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
O LibreOffice Writer é integrado com os demais programas do pacote, permitindo a inserção de fórmulas avan-
çadas de cálculos do LibreOffice Calc em uma tabela do documento de textos, por exemplo.
O LibreOffice Writer grava documentos com a extensão ODT, mas também poderá gravar em outros formatos
como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos que são gravados pelo programa, também poderão ser abertos por ele.

Importante!
O que você faz no Word, você faz no Writer. Quase tudo tem correspondente entre os aplicativos. Alguns
atalhos de teclado são diferentes, alguns nomes de comandos são diferentes, mas a maioria dos itens são
iguais.

O botão abc é usado para fazer a verificação ortográfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação ortográfi-
ca o atalho é Shift+F7. A auto verificação ortográfica é para correção automática de todos os erros do documento
segundo as configurações pré-determinadas pelo editor de textos Writer.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma pala-
vra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado verde). Já
a autocorreção é um recurso diferente, que permite substituir erros comuns, como a ausência de maiúscula no
início de uma frase, corrigir o uso acidental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre maiúscula e minúscu-
la), acentuação na palavra não (quando digitamos naõ), e principalmente a substituição de símbolos por palavras,
definidos pelo usuário, no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.

Estrutura básica dos documentos

Os documentos do LibreOffice Writer possuem a seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos do Micro-
soft Word e conceitos:

z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text). Os documentos são arquivos editáveis pelo usuário. Os
Modelos, com extensão OTT (Open Template Text), contém formatações que serão aplicadas aos novos documen-
tos criados a partir dele.
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo o tamanho do papel e margens. Definições estão no menu
Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.

A4

z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem
usadas configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho etc., as seções serão usadas. Disponível no
menu Inserir, item Seção...
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação indepen-
dente do parágrafo anterior, e do parágrafo seguinte.
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha.
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação etc. Podemos definir a formatação
do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Texto.
A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.

Edição e formatação de textos


INFORMÁTICA

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágra-
fos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.

Edição e formatação de FONTES.

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador. 155
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.

ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - - Exemplo de Texto

Contorno - - Exemplo de Texto

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Diminuir tamanho Ctrl+Shift+vírgula Ctrl + [ Exemplo de Texto

Maiúsculas EXEMPLO DE TEXTO

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo de Texto


156
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto

Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de teclado dos editores de textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos está relacionada
aos atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.

ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS


Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D3 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G4 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

Ctrl+J5 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador

Ctrl+L6 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo7 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N8 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)


INFORMÁTICA

3 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
4 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
6 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
7 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
8 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação. 157
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual9 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F310 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta.

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+A Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Selecionar a frase

Botão principal - 4 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.

MENU SIGNIFICADO

Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).

Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux.

9  O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
158 10  O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também.
MENU SIGNIFICADO

Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom.

Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.

Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e nume-
Formatar
ração, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.

Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.

Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recur-
Tabelas
so. Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.

Permite a edição e programação de formulários diretamente no documento aberto, para entrada de


Formulários
dados padronizados.

Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os pró-


Ferramentas
ximos arquivos editados pelo aplicativo.

Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos em edição.

Impressão

Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).
Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.

MS-EXCEL 2016 OU SUPERIOR

As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde a cria-
ção de uma agenda de compromissos, passando pelo controle de ponto dos funcionários e folha de pagamento, ao
controle de estoque de produtos e base de clientes. Diversas funções internas oferecem os recursos necessários
para a operação.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o Office 2007, e permanece até hoje.
O Microsoft 365 é o pacote de aplicações para escritório que possui a versão online acessada pelo navegador de
Internet e a versão de instalação no dispositivo. O Microsoft 365, ou Office 365 como era nomeado até pouco tempo
atrás, é uma modalidade de aquisição da licença de uso mediante pagamentos recorrentes. O usuário assina o ser-
viço, disponibilizado na nuvem da Microsoft, e enquanto perdurarem os pagamentos, poderá utilizar o software.

Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.
INFORMÁTICA

Guias – Excel

BOTÃO/GUIA LEMBRETE

Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.

Página Inicial Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial),
formatação de fontes, células, estilos etc.
159
Inserir Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc.

Layout da Página Configuração da página: Formatação global da planilha, formatação da página.

Fórmulas Funções: Permite acesso a biblioteca de funções, gerenciamento de nomes, auditoria de


fórmulas e controle dos cálculos.

Dados Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
tras ferramentas de dados.

Revisão Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle
de alterações, comentários, proteger etc.

Exibição Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Atalhos de teclado – Excel

Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.

ATALHO AÇÃO ÍCONE

Ctrl+1 Formatar células.


CTRL+PgDn Alterna entre guias da planilha, da direita para a esquerda.
CTRL+PgUp Alterna entre guias da planilha, da esquerda para a direita.
Ctrl+R Repetir o conteúdo da célula que está à esquerda.
Ctrl+G Ir Para (o mesmo que F5) tanto no Word como Excel.

Ctrl+J Mostrar fórmulas (guia Fórmulas, grupo Auditoria).

F2 Edita o conteúdo da célula atual.

F4 Refazer.

F9 Calcular planilha manualmente.

MS-EXCEL - ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS

A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
160 resultou em 5 (como =10/2)
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;

Barra de Acesso Rápido Coluna


Barra de Fórmulas
Faixa de
Opções

Célula

Linha

z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante;

E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:

z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
INFORMÁTICA

z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.

ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICO

A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados). 161
Para a elaboração, poderemos:

z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.

Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

123 GERAL: SEM FORMATO ESPECÍFICO


12 NÚMERO: EX.: 4,00

MOEDA: EX.: R$4,00

CONTÁBIL: E.: R$4,00

DATA ABREVIADA: EX.: 04/01/1900

DATA COMPLETA: EX.: QUARTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO DE 1900

HORA: EX.: 00:00:00

PORCENTAGEM: EX.: 400,00 %

1 FRAÇÃO: EX.: 4
2
102 CIENTIFICO. EX.: 4,00E + 00

ab TEXTO: EX.: 4

Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.

Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00

O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
162 Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0

1 100% 100,00%

0,5 50% 50,00%

2 200% 200,00%

100 10000% 10000,00%

0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000

1500 R$1.500,00 1.500,00

16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00

1 R$1,00 1,00

400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia Específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

* (asterisco) Multiplicação =5*4 Multiplica 5 (multiplicando) por 4 (multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100

Exponenciação Cálculo Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) =3^2=8^(1/3)
de raízes Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica de 8

Ordem das Operações Matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
INFORMÁTICA

Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).
163
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre 15,


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mostre 20,


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
senão mostre 40

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


Maior ou
>= (maior ou igual) = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
igual a
mostre 1

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


Menor ou
<= (menor ou igual) = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
igual a
mostre 23

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mostre


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
100, senão mostre 8

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50

Princípios dos Operadores Relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor

Informa o caminho de outro arquivo do Ex-


=’C:\NovaConcursos\
‘ (apóstrofe) Caminho cel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos

Princípios dos Operadores de Referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.

Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
164
SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Início de fórmu- = 15 + 3 Faz a soma de 15 e 3


= (igual) la, função ou = SOMA ( 15 ; 3 ) Compara o valor de A1 com 5, e caso seja verda-
comparação =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 ) deiro, mostra 10, caso seja falso, mostra 11

Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária

; (ponto e Separador de A função SE tem 3 partes, e estas estão separa-


=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
vírgula) argumentos das por ponto e vírgula

Executa uma operação sobre as células em co-


Espaço Intersecção =SOMA(F4:H8 H6:K10)
mum nos intervalos

As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Nova


“ (aspas duplas) Texto exato = “Nova”
Se usado em testes, é “igual a”

Exibe os zeros não significativos, 0001 como


‘ (apóstrofe) Número como texto ‘0001
texto (ex: placa de carro)

= “Nova”&” Exibe “Nova Concursos” (sem as aspas), o resul-


& (“E” comercial) Concatenar
Concursos” tado da junção dos textos individuais

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Função Operação Exemplos

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7)

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3)

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3)

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4)

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a


=CONCATENAR(A1;A2;A3)

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144)

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
INFORMÁTICA

mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe; 165
z #VALOR! indica que a fórmula possui um tipo erra- =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
do de argumento; área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
z ##### indica que o tamanho da coluna não é sufi- nas um será mostrado.
ciente para exibir seu valor.
z MAIOR(valores;posição): exibe o maior valor de
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS uma série, segundo o argumento apresentado.

Funções Básicas Valores iguais ocupam posições diferentes.


=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
z SOMA(valores): realiza a operação de soma nas las A1 até D6.
células selecionadas.
z MÍNIMO(valores): exibe o menor valor das célu-
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição las selecionadas.
dos valores numéricos informados em seus argumen-
tos. Se existirem células com textos, elas serão ignora- =MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
das. Células vazias não são somadas. área de A1 até D6.

=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de
tentes nas células A1, A2 e A3; uma série, segundo o argumento apresentado.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
tentes nas células A1 até A5; Valores iguais ocupam posições diferentes.
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas cé-
célula A1, com 34 (valor literal) e B3; lulas A1 até D6.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e
operando apenas áreas quadrangulares; retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 outro caso seja falso.
com B1 e C1 até C3;
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
3 e o valor A1 duas vezes. A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última
de soma nas células selecionadas, se uma condição parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais se-
for atendida. rão realizadas as duas operações, somente uma delas,
segundo o resultado do teste.
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para A função SE usa operadores relacionais (maior,
que seja somado): menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15; textos literais.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. „ =SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor
da célula A1 não é 10”)
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média „ =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
nas células selecionadas e exibe o valor médio valor não é negativo”)
encontrado. „ =SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O
valor não é positivo”)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- É possível encadear funções, ampliando as áreas
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
vazias não entram no cálculo da média.
„ =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor
z MED(valores): informa a mediana de uma série é negativo”;”Valor é positivo”))
de valores.
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequên- exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for
cia de valores com quantidade ímpar, eles serão orde- igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
nados e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não é
a mediana é 5. menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a
Se temos uma sequência de valores com quantida- mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
de par, a mediana será a média dos valores que estão Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), usado somente no início da digitação da célula.
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A As funções CONT são usadas para informar a quanti-
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). dade de células, que atendem às condições especificadas.

z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das célu- z CONT.NÚM: para contar quantas células possuem
166 las selecionadas. números;
z CONT.VALORES: quantidade de células que estão „ SOMASES (células para somar; células1;
preenchidas; teste1;células2;teste2)
z CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não
estão preenchidas; Verifica as células que atendem aos testes e soma
z CONT.SE: quantidade de células que atendem à as células correspondentes.
uma condição específica; Os intervalos de teste e de soma podem ser os
z CONT.SES: quantidade de células que atendem a mesmos.
várias condições simultaneamente.
„ MÉDIASE(células para testar; teste; células
para calcular a média)
„ CONT.VALORES(células): esta função conta
todas as células em um intervalo, exceto as Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
células vazias. a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da mesmos.
contagem, informando quantas células estão preen-
chidas com valores, quaisquer valores. „ PROCV(valor_procurado; matriz_tabela;
núm_índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
„ CONT.NÚM (células): conta todas as células
A função PROCV é utilizada para localizar o va-
em um intervalo, exceto células vazias e célu-
lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
las com texto.
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).

„ CONT.SE(células;condição): Esta função conta Por exemplo: =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO)


quantas vezes aparece um determinado valor e =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)
(número ou texto) em um intervalo de células
(o usuário tem que indicar qual é o critério a A função PROCV é um membro das funções de pes-
ser contado) quisa e Referência, que incluem a função PROCH.

Use a função TIRAR ou a função ARRUMAR para


=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. „ ESQUERDA(texto;quantidade)

„ CONT.SES(células1;condição1;células2;con- Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade


dição2): Esta função conta quantas vezes apa- de caracteres especificados, a partir do início (esquerda).
rece um determinado valor (número ou texto)
em um intervalo de células (o usuário tem que =ESQUERDA(“Nova Concursos”;8) exibe “Nova”
indicar qual é o critério a ser contado), aten- „ DIREITA(texto;quantidade)
dendo a todas as condições especificadas.
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”) Efetua a conta- de caracteres especificados, a partir do final.
gem de quantas células existem no intervalo de A1 até
A10 contendo o valor 5 e ao mesmo tempo, quantas =DIREITA(“Nova Concursos”;7) exibe “Concursos”.
células existem no intervalo de B1 até B10 contendo
„ CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
o valor 7.
Junta os textos especificados em uma nova sequência.
„ CONTAR.VAZIO (células): conta as células
vazias de um intervalo. Esta função foi mantida por compatibilidade com
as versões anteriores. Ela concatena apenas células
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células individuais.
vazias existem no intervalo A1 até A8.
=CONCATENAR(“Apostila “;”Nova “;”Concursos”)
exibe “Apostila Nova Concursos”.
„ SOMASE(células para testar;teste;células para
somar) „ CONCAT(intervalo)

Efetua um teste nas células especificadas, e soma Junta os textos especificados em um intervalo de
INFORMÁTICA

as correspondentes nas células para somar. células para uma nova sequência.
Os intervalos de teste e de soma podem ser os
mesmos. =CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1
até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona
nas versões antigas do Office.
=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
de A1 até A10 que sejam maiores que 6. „ NÚM.CARACT(célula)
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem Informa a quantidade de caracteres existentes em
menores que 3. uma célula. 167
Datas contém 5 caracteres, pois o Microsoft Excel armazena datas como números.

=NÚM.CARACT(“Nova Concursos”) resultado 14

=NÚM.CARACT(HOJE()) resultado 5 (a função HOJE retorna a data de hoje registrada no computador)

=NÚM.CARACT(AGORA()) resultado 15 (a função AGORA retorna a data de hoje registrada no computador e a


hora atual, como 01/08/2021 09:51)

„ INT(valor)

Extrai a parte inteira de um número.

=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor 3,14159 exibe 3.

„ TRUNCAR(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, sem arredondar.

=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.

„ ARRED(valor;casas decimais)

Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.

=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.

„ HOJE() Exibe a data atual do computador;


„ AGORA() Exibe a data e hora atuais do computador;
„ DIA(data)Extrai o número do dia de uma data;
„ MÊS(data) Extrai o número do mês de uma data;
„ ANO(data) Extrai o número do ano de uma data;
„ DIAS(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas;
„ DIAS360(data1;data2) Informa a diferença em dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias);
„ POTÊNCIA(base;expoente).

Eleva um número (base) ao expoente informado.

=POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16

„ MULT(número;número;número; ... ) Multiplica os números informados nos argumentos.

FUNÇÕES LÓGICAS

Retorna VERDADEIRO se todos os seus argumentos forem


E (Função E)
VERDADEIROS

OU (Função OU) Retorna VERDADEIRO se um dos argumentos for VERDADEIRO

NÃO (Função NÃO) Inverte o valor lógico do argumento

FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO

VERDADEIRO (Função VERDADEIRO) Retorna o valor lógico VERDADEIRO

Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula

Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.

CLASSIFICAÇÃO DE DADOS

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas. Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por
formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de classificação
168 é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá se ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’


Classificar números
ou ‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor de uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por es-
fonte ou ícones sas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones criados
ao aplicar uma formatação condicional

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK

Classificar por mais de uma


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação
coluna ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Con-
intervalo de células sem afetar as
tinuar com a seleção atual”
demais

LIBREOFFICE CALC

O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante ao
INFORMÁTICA

Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças (que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Google Plani-
lhas. O arquivo produzido em um aplicativo poderá ser editado por outro programa, pois são compatíveis entre si.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir normalmen-
te. O LibreOffice Calc reconhece o formato XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de armazenamento não
influencia nos recursos disponíveis no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é um com-
ponente do ODF (Open Document Format). O arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABALHO, e poderá
ser gravado no formato do Microsoft Office, todas as versões. 169
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc ini- A formatação Condicional permite exibir célu-
cia com 1 planilha (folha de dados), identificada por las de diferentes cores e padrões, segundo condições
abas na parte inferior da tela de visualização. Cada estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os
planilha é independente das demais, e usamos o números negativos sejam vermelhos e os positivos em
sinal de ponto final para referenciar dados em outras azul, é um caso.
planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de
Formatar
A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui
1024 colunas). As linhas são numeradas com números,
de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Micro-
soft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor
ou pior. Cuidado com as comparações. Quando a ban-
ca sugere uma comparação, menosprezando um dos
itens, geralmente está errado.

Conceitos básicos
Condiconal
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon-
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional); Geranciar...
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea-
das com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números;
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
folha de dados. Writer representa com (ponto final).
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de A formatação condicional pode apresentar visual-
memória RAM disponível, nomeadas como Planilha mente as diferenças existentes nos dados da planilha
1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS; de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da provas.
célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, Simbologia específica
ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência
será criada. No Calc, 1 número cria uma sequência z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
com incremento 1. Datas, dias da semana, nome dos la da planilha. Colunas com letras, linhas com
meses, estas opções criam listas pré-definidas; números. O formato de referência é idêntico no
Excel e Calc.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.

z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou


faz uma comparação dentro de um teste.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
te e exibe uma mensagem.

z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/
LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a função.
forma como as células serão mescladas. Ao clicar Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo- com o valor em A2.
go “Mesclar células” será exibida.
z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/
A célula pode receber diferentes formatações, função com inversão de resultado.
especialmente na exibição de valores numéricos. Para Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
a exibição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A com o valor em A2, invertendo o resultado.
formação de células, linhas e colunas possibilita defi-
nir bordas, sombreamento, e padrões que serão apli- z * (asterisco) multiplicação.
cados a estas. Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no em A1 pelo valor em A2.
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e z / (barra ‘normal’) divisão.
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi- Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1
170 derado na impressão. pelo valor em A2.
z ^ (acento circunflexo) Exponenciação. z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma
Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do função ou separador de células em uma referência.
valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2. Pode significar E em uma referência de valores.
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o iguais”) – separando os três argumentos da função.
valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu- =SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu-
mentos que serão somados.
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
resultado (por cento, por 100).
z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de
faixa de células.
z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo-
dois ou mais valores em uma única sequência. res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3,
Exemplo: C1 e C2.
=”Nova”&”Concursos”
=15&30 z “ (aspas) indicam expressões de textos literais.
Nova Concursos Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
1530 iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas.

z . (ponto final) Significa Planilha. z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans-
Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua formando a referência relativa em referência mista
a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções,
valor de A2 que está em Planilha2. quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
Importante!
Planilha2.
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto apenas um) Erro.
de exclamação, no Calc é o ponto final.
Mensagens de Erros

Seguem abaixo os erros mais comuns que podem


z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes, ocorrer em uma planilha do LibreOffice Calc:
para comparação.
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) – z ##### A célula não é larga o suficiente para mos-
efetua um teste e exibe uma mensagem. trar o conteúdo;
z NUM! ou Err:503! Operação de ponto flutuante
z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes, inválida. Um cálculo resulta em overflow no inter-
valo de valores definido;
para comparação.
z #VALOR ou Err:519! Sem resultado. A fórmula
Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) – resulta em um valor que não corresponde à sua
efetua um teste e exibe uma mensagem. definição; ou a célula que é referenciada na fórmu-
la contém um texto em vez de um número;
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos, z #REF ou Err:524! Referências inválidas. Em uma
sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes, fórmula, está faltando a coluna, a linha ou a plani-
para comparação. lha que contém uma célula referenciada;
Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2 z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi
possível avaliar um identificador, por exemplo,
é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem.
não foi possível encontrar uma referência válida,
um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu-
z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos, na/linha, uma macro, um separador decimal incor-
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes, reto, suplemento não encontrado;
para comparação. z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação
Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a de divisão / quando o denominador é 0.
A2”;”A2 é menor que A1”) – teste e exibe uma
mensagem. Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti-
menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
INFORMÁTICA

vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o compreender a sequência de comandos e menus do
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação. Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São LibreOffice Impress.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem.
MENU SIGNIFICADO
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores,
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel Oferece comandos para o gerencia-
Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na
está em primeiro plano.
matemática, apenas parênteses. 171
MENU SIGNIFICADO TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Acesso a recursos temporários (loca-
Formato do LibreOffice
Editar lizar, substituir, selecionar) e área de Open Document Impress, que pode ser
transferência do Windows/Linux. ODP
Presentation. editado e salvo pelo
Microsoft PowerPoint.
Acesso aos controles sobre o que será
Exibir mostrado na tela de edição, e como Formato de documen-
será exibido. to portável, sem alguns
Portable Docu-
PDF/XPS recursos multimídia
ment Format.
Adicionar qualquer objeto no arquivo inseridos na apresen-
Inserir atualmente editado. Se este objeto é tação de slide.
atualizável, será um campo.

Mudar a aparência, mudar a configura-


Formatar ção, dar uma forma, alterar o que está Importante!
em edição.
Apresentações de slides é um tópico pouco
Opções de controle da planilha de questionado em provas de concursos. Conhe-
Planilha
dados no Calc. cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint,
você poderá aproveitá-los quando estudar
Oferece comandos para o gerencia-
mento do aplicativo, alterando as
LibreOffice Impress.
Ferramentas
configurações em todos os próximos
arquivos editados pelo aplicativo.
Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati-
Classificação, filtro, filtro avançado, e de- vo de edição de apresentações de slides.
Dados
mais opções de organização dos dados.
z SLIDE: unidade de edição, como uma página da
Oferece opções para organizar as jane- apresentaçã;
Janela
las dos documentos. z SLIDE MESTRE: slide com o modelo de formatação
que será usado pelos slides da apresentação atual;
MICROSOFT POWERPOINT z DESIGN: aparência do slide ou de toda a apresen-
tação. O design combina cores, estilos e padrões
As apresentações de slides criadas pelo Microsoft para que a aparência tenha um visual harmoniza-
PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
extensão .PPTX. Caso contenham macros (comandos objeto inserido no slide;
para automatização de tarefas) será atribuída a exten- z LAYOUT: disposição dos elementos dentro do slide.
são .PPTM. E ainda podemos trabalhar com os mode- Quando a apresentação é iniciada, o slide de slide
los (extensão .POTX e POTM). de título é apresentado. O usuário poderá alterar
Apesar de ser um aplicativo com finalidade dife- para outro layout. Cada slide da apresentação pode-
rente do editor de textos, ele possui muitas semelhan- rá ter um layout diferente.
ças que acabam ajudando quem está iniciando nele.
Da mesma forma que o editor de textos, é possível tra-
balhar com seções (divisões), é possível inserir núme-
ros de slides, é possível comparar apresentações, etc. Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
Seção Conteúdo

TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
Apresentação Versão 2003 ou Legenda Legenda
PPT
editável. anterior.
Apresentação Versão 2003 ou Layout de slide
PPS
executável. anterior.
Modelo de Versão 2003 ou z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen-
POT
apresentação. anterior. tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Apresentação Versão 2007 ou Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e
PPTX no início, escolher qual delas será exibida para o
editável. superior.
Versão 2007 ou supe-
público;
Apresentação rior, que não necessita z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao sele-
PPSX
executável. de programas para ser cionar algum efeito de animação entre os slides
visualizada. (guia Transições, grupo Transição para este slide),
Recursos para pa- será disponibilizada a opção para configuração do
Modelo de
POTX dronização de novas Intervalo;
apresentação.
apresentações. z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um
Recursos para pa- objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas ani-
Modelo de apre-
dronização e auto- mações simultaneamente, enquanto a transição do
POTM sentação com
matização de novas slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saí-
macros.
apresentações.
172 da ou Trajetórias de Animação;
Conceito de slides

Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as
páginas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, núme-
ros de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés etc.
O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides:

z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações.

Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de slides

Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:

z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.

Noções de edição e formatação de apresentações

A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
INFORMÁTICA

quantidade de slides, tempo da apresentação etc.


Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar etc.
Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o ícone
‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone corres-
pondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides. 173
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.

FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO VÍDEO HIPERLINKS


PPTX X X X X X
PPSX X X X X X
PDF - - - - X
MP4 X X X X X
JPG/PNG - - - - -

Tabela: Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )

O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.

Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5.

A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.

Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.

Apresentação de Slides Personalizada: Criar ou executar uma apresentação de slides personalizada.


Uma apresentação de slides personalizada exibirá somente os slides selecionados. Este recurso permite
que você tenha vários conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de slides de 30 minutos
e outra de 60 minutos) na mesma apresentação.

Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como o
modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pressio-
nar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides etc.

Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.

Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua apre-
sentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses intervalos
para executar a apresentação automaticamente no futuro.

Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.

Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada ima-
gem será colocada em um slide individual.

Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você cli-
car nele ou passar o mouse sobre ele.

Inserir número do slide: o número do slide reflete sua posição na apresentação.

Inserir vídeo no slide: permite inserir um videoclipe no slide.


174
Inserir áudio no slide: permite inserir um clipe de áudio no slide.

Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.

Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e fai-
xas, textos explicativos e botões de ação.

LIBREOFFICE IMPRESS

O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos que esta-
mos apresentando um PowerPoint, mesmo que o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft PowerPoint, LibreOffice Impress, Google Apresentações) permitem
a criação de uma apresentação de slides para exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher um modelo de apresentação para criação de um novo arqui-
vo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e escolher um arquivo que está gravado em um local de armazenamen-
to permanente, para ser aberto e editado naquela sessão de trabalho.

Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffice Impress (antigo OpenOffice, BrOffice).
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress (formato ODP – Open Document Presentation) podem ser
abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.

O LibreOffice Impress permite exportar uma apresentação ou desenho para diferentes formatos, incluindo os
citados no enunciado da questão.

z BMP: Windowns Bitmap (*.bmp);


z EMF: Enhanced Metafile (*.emf);
z EPS: Encapsulated PostScript (*.eps);
z GIF: Graphics InterchangeFormat (*.gif);
INFORMÁTICA

z JPEG: Joint Photographic Experts Group (*.jpg;*.jpeg;*.jfif;*.jiif;*.jpe);


z PNG: Portable Network Graphic (*.png);
z SVG: Scalable Vector Graphics (*.svg; *.svgz);
z TIFF: Tagged Image File Format (*.tif; *.tiff);
z WMF: Windows Metafile (*.wmf).

Os modos de exibição permitem alternar entre a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Tópicos),
Notas (Anotações do apresentador) e Organizador de Slides (classificação de slides – miniaturas para organização). 175
Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides

z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo que será inserido no slide. Para não esquecer: é o esqueleto
de cada slide da apresentação. O layout do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição dos objetos dentro
de cada slide da apresentação.
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a aparência
da apresentação.
z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual que será utilizado na passagem de um slide para outro slide.
Para não esquecer: é a animação entre os slides da apresentação.
z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos os elementos dentro de uma apresentação, assim como confi-
gurações específicas. Podemos configurar os slides, folhetos e anotações. Para não esquecer: é o esqueleto de
toda a apresentação.

Exibir

Slide mestre

Elementos do slide mestre...

Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K

No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:

Internet: endereço URL ou endereço FTP.

Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.

Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.

Novo Documento: para qualquer outro arquivo editável do pacote LibreOffice.


176
Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.

MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo.
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição.
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo.
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada.
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos.

Menu Slide

Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.

Slide

Menu Apresentação de Slides

Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as opções e comandos para controle da apresentação. Foi man-
tido nas versões seguintes.
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresentação a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a partir do slide
atual. Esta é uma alteração importante, pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual, e agora é como no
PowerPoint, com dois atalhos de teclado diferentes.
INFORMÁTICA

177
NOÇÕES DE VIDEOCONFERÊNCIA
Com a alta integração entre os dispositivos computacionais proporcionada pelas redes de comunicação, a
videoconferência se tornou uma ferramenta essencial para reuniões e treinamentos remotos.
Aproveitando-se dos recursos existentes nos dispositivos (como câmera e microfone nos smartphones), qual-
quer usuário com um portátil poderá participar de uma reunião remota ou criar as suas próprias transmissões.
Diferentes serviços e softwares oferecem recursos semelhantes para a realização de uma videoconferência,
que é essencialmente uma forma de comunicação síncrona. Neste tipo de comunicação, o emissor e o receptor
estão conectados no mesmo canal e momento, para que a troca de dados ocorra entre eles.
Uma videoconferência ou chamada de vídeo é a forma de comunicação mais completa, entre as possíveis com
os aparelhos dos usuários.

FORMA DE
TEXTOS ÁUDIO VÍDEO ARQUIVO TELAS SÍNCRONA
COMUNICAÇÃO

Chat X - - - - X

Chamada de áudio - X - - - X

Chamada de vídeo X X X X X X

Videoconferência X X X X X X

Reunião X X X X X X

Webinar X X X X X X

Aula ao vivo X X X - X X

Vídeo gravado X X X - X -

Podemos observar na tabela anterior que uma reunião e um webinar possuem as mesmas características
de uma chamada de vídeo ou videoconferência. A definição de reunião ou webinar varia de um fornecedor de
software para outro, geralmente por critérios comerciais. Vejamos a definição do Zoom, um dos mais populares
softwares de videoconferências:

z Chamada de vídeo: formato que envolve um usuário como emissor e outro como receptor. É uma conexão
ponto a ponto, em que apenas eles trocam informações entre si.
z Videoconferência: uma transmissão que será realizada por um ou mais apresentadores (anfitrião), para um
público convidado com alguns participantes (geralmente algumas dezenas).
z Reunião: apresenta as mesmas características de uma videoconferência, porém os participantes poderão
assumir o destaque, apresentando suas telas e compartilhando arquivos. É o formato mais comum para uso
dentro de empresas entre os colaboradores.
z Webinar: transmissão para 100, 500, 1.000, 3.000, 5.000 ou 10.000 participantes. Eles só poderão visualizar. O
anfitrião ou palestrante poderá compartilhar tela, vídeo e áudio em um webinar e os participantes podem usar
as opções de chat ou de perguntas e respostas para interagir.
z Aula ao vivo: semelhante ao webinar, geralmente usa uma plataforma como Youtube, Zoom ou Eduzz (Nutror),
para interação síncrona entre professor e aluno.
z Vídeo gravado: armazenado na nuvem, permite o acesso assíncrono dos espectadores, mas sem interação
com o apresentador.

A videoconferência é essencialmente uma transmissão streaming (como a Netflix), mas com data e horário
agendados. Quando a transmissão da chamada, da reunião ou da aula permanece armazenada para acesso poste-
rior, irá operar como um streaming on demand, que entregará para cada usuário que solicitou o conteúdo arma-
zenado, a qualquer momento.
Os áudios também podem ser entregues no formato streaming, como é o caso dos podcasts e das transmissões
de rádios AM/FM que migraram para a Internet.
Cada software de videoconferência utiliza uma forma de armazenamento para as transmissões que foram
salvas. O Microsoft Teams armazena no OneDrive ou SharePoint, o Google Meet armazena no Google Drive, o Zoom
armazena na sua nuvem própria, e assim por diante.
Vamos conhecer alguns dos principais recursos disponíveis para a realização das chamadas e transmissões.

MICROSOFT TEAMS

Com o Microsoft Teams, é possível realizar conversas por chat, por áudio, por vídeo, compartilhar arquivos e
178 recursos, entre várias funcionalidades.
Componente do Microsoft 365 (Office 365) edições
corporativas, o Microsoft Teams possui recursos para Adicione os participantes do grupo no campo
conversação por texto (Chat), chamadas de áudio, disponível
chamadas de vídeo, videoconferências, organização
em equipes, armazenamento das gravações no Micro-
soft Stream/SharePoint e arquivos no OneDrive, entre
outros recursos.
Voltado para o mercado corporativo e educacional,
assim como o Google Meet, teve suas funcionalidades
liberadas por um período para todos os usuários,
devido à pandemia de COVID-19 no ano de 2020. Clique na seta no canto direito, e defina um nome
Atualmente (agosto/2021) existem duas versões para o seu grupo
disponíveis. O Microsoft Teams para uso pessoal, dis-
ponível para qualquer pessoa que tenha uma conta
Microsoft (Hotmail, Live, xBox), e a versão corporativa
integrante do pacote Office 365 “empresarial”.
Na versão pessoal, o OneDrive é usado para arma-
zenar arquivos compartilhados. Na versão empresa-
rial o SharePoint é usado para compartilhar arquivos
com a equipe (dentro do domínio da empresa) e o
OneDrive para compartilhar com usuários de fora da Depois que o grupo estiver montado, você pode-
equipe, na Internet. A versão gratuita não possui o rá adicionar participantes. Clique no canto superior
recurso Microsoft SharePoint, mas o usuário poderá direito e adicione os novos participantes da conversa
compartilhar arquivos pelo Microsoft OneDrive.
Com o Teams, você pode conversar por meio de
texto, realizar videoconferências (com webcam) e
trocar arquivos. Você pode utilizá-lo via navegador
de Internet ou instalar o app no smartphone e ter os
mesmos recursos de conversação e troca de arquivos.
Outras funcionalidades incluem:

z Editar arquivos com segurança ao mesmo tempo;


z Ver curtidas, @menções e respostas com apenas
um toque;
z Personalizá-lo adicionando anotações, sites e
Quando um novo participante é adicionado ao
aplicativos.
grupo, você poderá:
Se o colaborador não tem o Office 365 em seu com- z Não incluir o histórico de chats (igual ao WhatsA-
putador, poderá instalar a partir do e-mail corporati- pp, a pessoa não saberá o que foi conversado antes
vo/educacional. Acesse o seu webmail (da instituição) de seu ingresso no grupo);
com o e-mail corporativo e senha. No canto superior z Incluir histórico do número de dias anteriores:
esquerdo, acesse Office 365. Faça o download e instala- define a quantidade de dias das conversas do gru-
ção do Office 365. No primeiro acesso, informe o login po, que o novo participante terá acesso;
e senha do e-mail corporativo. z Incluir todo o histórico de chats (igual ao Telegram,
quem for adicionado no grupo saberá tudo que foi
CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO conversado desde o início).
DE GRUPOS
INFORMÁTICA

Com um grupo no Teams, a mensagem será envia-


da para todos os participantes e todos poderão intera-
gir com todos (semelhante a um grupo de WhatsApp).
Você poderá realizar o chat com apenas um outro
colaborador ou criar um grupo com vários contatos
para realizar uma reunião por texto via Teams.
Para montar um grupo de conversa no Teams, siga
os passos descritos a seguir.
Em chat, clique em novo chat 179
Para excluir participantes do grupo, abra a lista e clique no “X” à frente do nome

Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar

Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)

z Inicie a conversa com o destinatário no Microsoft Teams;


z Caso não tenha realizado contato prévio, pesquise na parte superior pelo nome da pessoa no diretório de con-
tatos. Digite parte do nome e procure na lista suspensa;
z Clique no “clipe” de arquivo anexo e envie;
z Apenas arquivos poderão ser enviados;
180 z Os arquivos serão armazenados no espaço de armazenamento SharePoint/OneDrive.
Para Enviar Arquivos para Outras Pessoas (Usando Microsoft OneDrive)

z Localize o arquivo ou pasta que deseja enviar;


z Clique com o botão direito e escolha Compartilhar (Share);
z Define se o item será somente leitura (apenas exibição) ou se o destinatário poderá alterar o arquivo (permitir
edição);
z Defina o destinatário (endereço de e-mail da instituição ou externo) e compartilhe.

Compartilhar

Novo Chat Recebido

Chamada de vídeo Perfil Chamada de áudio

Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat

Abrir em nova janela popup


INFORMÁTICA

181
Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.

Chat Coletivo (Reunião no Teams)

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.

Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa

Participantes

Link do chat

Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.

Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
(reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.
182
Chamadas de Áudio

Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.

Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.

As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.

Ativar vídeo (e fazer uma chamada de


áudio se tornar uma videoconferência)
Ativar mudo (Ctrl+Shift+m)

Mostrar conversa Mais ações

Chamadas de Vídeo

Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:

Mostrar participantes Vídeo ativo

Mostrar conversa Ativar mudo (Ctrl_Shift+m)

Tempo decorrido
INFORMÁTICA

Compartilhar conteúdo (Ctrl+Shift+E


Levantar a mão (Ctrl+Shift+k)
E outros emoticons
Mais opções

183
Em “Mais opções” ou “Mais ações” iremos encontrar:

z Configurações de dispositivo: para ajustes de áudio e vídeo em seu hardware;


z Opções de reunião: operação do lobby e quem pode apresentar (aquelas definições realizadas na criação do
evento no Calendário – confira em detalhes no subitem Agendamento de reuniões e gravação);
z Informações sobre a reunião: link de ingresso;
z Galeria: para exibição da imagem no painel de visualização;
z Galeria grande: para exibição de muitas miniaturas de participantes;
z Modo conferência: para exibição do apresentador em tela;
z Foco: ocultar as “distrações” que seriam os controles e elementos da janela de reunião;
z Tela Inteira: exibição em tela inteira;
z Aplicar efeitos de tela de fundo: permite desfocar ou simular uma imagem no fundo da tela de transmissão.
Ideal para não distrair os demais participantes com elementos existentes em seu ambiente de transmissão.
Simula o uso de “chroma key” ou fundo verde;
z Desativar vídeo de entrada: a sua imagem não será mostrada na reunião, apenas o seu avatar de usuário (foto
ou ícone);
z Ativar legendas: quando habilitado, a inteligência artificial procura transcrever as falas dos participantes em
legendas. Disponível para alguns idiomas (julho/2021);
z Iniciar gravação: para gravar a transmissão e disponibilizar posteriormente no OneDrive ou SharePoint (veja
detalhes no item Agendamento de reuniões e gravação);
z Transcrição inicial: disponível para idioma em inglês (julho/2021);
z Não exibir balões do chat: quando alguém envia uma mensagem durante a transmissão, é exibido um balão do
chat caso não esteja com a conversa (de texto) aberta. Nesta opção, você desativa estas notificações;
z Teclado de discagem: quando disponível, é possível realizar chamadas telefônicas para números de telefones
fixos ou móveis.

Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.

SKYPE

É um aplicativo capaz de realizar chamadas com áudio e vídeo entre dois computadores, usando a Internet.
Além disso, é capaz de realizar chamadas com áudio para telefones fixos e celulares.
Após o fim do MSN Messenger, outros aplicativos passaram a oferecer recursos de comunicação. O Skype, por
exemplo, adquirido pela Microsoft, permite conversação de texto, bate-papo com áudio, videoconferências, cha-
madas telefônicas de Skype para Skype gratuitamente, e realizar ligações telefônicas para aparelhos convencionais.
Para utilização de todos os recursos disponíveis, será necessário comprar créditos, o que possibilita, por exem-
plo, a realização de ligações internacionais para aparelhos convencionais.
Atualmente temos várias opções para instalação do Skype em nosso dispositivo:

z Aplicativo para computador – Skype (pessoal);


z Aplicativo para computador – Skype for Business (integrante do Office 365);
z App para smartphone e tablet.

Suas funcionalidades foram somadas ao Microsoft Lync e atualmente estão disponíveis no Microsoft Teams.
Os usuários do software estão sendo migrados para o Microsoft Teams. Ainda aparecerá em editais de concur-
sos, porém cada vez com menor frequência.

CISCO WEBEX

O Cisco Webex (anteriormente WebEx) é uma aplicação que existe desde 1995 e foi adquirida pela Cisco
em 2007, sendo que seu software de web e videoconferência foi posteriormente renomeado como Cisco Webex
Meetings.
Organizar uma reunião do Cisco Webex é simples. Na página de perfil de usuário, selecione Agendar e, em
184 seguida, insira o título, a data e a hora da reunião, além dos endereços de e-mail dos participantes.
O Webex gera automaticamente um link e uma senha de ID da reunião e enviará um convite de calendário que
inclui um número de discagem para os participantes que se juntam por telefone, além de um link para números
de discagem internacional para aproximadamente 50 países.
Participar de uma reunião Webex é menos intuitivo que em outros aplicativos de vídeo. O anfitrião poderá
definir um lobby (sala de espera) e a transmissão será no formato de reunião. Todos os participantes da reunião
podem compartilhar suas telas; no entanto, o anfitrião tem a opção de controlar quem pode ou não pode compar-
tilhar arquivos e telas durante a chamada. As transmissões serão armazenadas na nuvem da Cisco, para serem
acessadas posteriormente a partir de links compartilhados.

Importante!
Cisco Webex é um aplicativo corporativo pouco usado no Brasil. Você pode conhecer suas funcionalidades
por meio da página web do programa e sua interface pelo navegador.

WHATSAPP

O WhatsApp é um comunicador instantâneo incorretamente conhecido como rede social, apesar de apresen-
tar alguns princípios em comum com as redes sociais. O aplicativo pode ser acessado de várias formas:

z WhatsApp aplicativo no smartphone;


z WhatsApp Web acessado pelo navegador de Internet (espelhamento);
z WhatsApp Desktop instalado no computador do usuário (espelhamento).

Por ser um aplicativo de mensagens, o espelhamento das mensagens no WhatsApp Web ou WhatsApp Desk-
top está condicionado ao aplicativo do smartphone, que precisará continuar ativo enquanto estiver utilizando o
navegador de Internet ou o programa instalado. Nas próximas atualizações, esta restrição de sincronismo poderá
ser eliminada.
Na versão WhatsApp Web é possível ativar notificações na área de trabalho, para exibir balões com o título da
mensagem e remetente, quando algum conteúdo é recebido. A notificação aparecerá na Área de Notificações do
computador, próximo da data e hora na Barra de Status.
O WhatsApp tem duas opções de instalação no smartphone: comum e Business.
A versão Business oferece alguns recursos específicos para uma pequena empresa, como: catálogo de produ-
tos, mensagens de respostas automatizadas, mensagens pré-definidas etc.
O programa Telegram, comunicador instantâneo semelhante ao WhatsApp, oferece alguns recursos adicio-
INFORMÁTICA

nais, como acesso aos arquivos e mensagens anteriores de um grupo, além da opção para ocultar o número do
celular do usuário na descrição do perfil.
Ao enviar uma mensagem sem que o dispositivo esteja conectado à Internet, aparecerá um relógio ao lado
dela até que seja estabelecida uma conexão para o envio. Após alguns segundos de tentativas, a mensagem pode-
rá aparecer como “não enviada”, permitindo a tentativa de reenvio.
Arquivos enviados pelo WhatsApp possuem limite de 100MB e podemos enviar PDFs, DOCX, imagens e vídeos.
Mensagens e arquivos podem ser encaminhados para até 5 contatos ou grupos. Se a mensagem ou arquivo já
foi recebido a partir de um encaminhamento, então ela só poderá ser enviada para 1 novo contato e aparecerá
com o título “Encaminhada com frequência”. 185
Nas mensagens, o usuário poderá digitar textos, Google Drive
formatar (com símbolos como * * para negrito e _ _
para itálico), usar emojis (figurinhas de sentimentos O Google Drive, que antes se chamou Google Disco,
incorporou as funcionalidades do Google Docs e mais
estilo emoticons J), figurinhas (animadas ou estáti-
o armazenamento de arquivos na nuvem.
cas, a partir de arquivos GIF) ou anexos . Para acesso aos aplicativos, é exigida uma senha
Tanto o WhatsApp como o Telegram permitem liga- de conta Google, como o Gmail. O endereço de acesso
ções de vídeo e pequenas reuniões. As salas de vídeo é http://drive.google.com
podem compartilhar imagens da galeria de fotos do É possível instalar aplicativos no computador (link
aparelho e possibilitam a interação direta entre os para o Google Drive) e nos smartphones e tablets. Na
poucos participantes conectados. opção instalada no smartphone ou tablet, temos os
recursos de compartilhamento de arquivos na nuvem,
visualização de arquivos acessados pelo dispositivo e
Importante! transferência de dados para outros aplicativos.
Usuários de contas Google corporativas ou edu-
O WhatsApp pode aparecer em três tipos de con- cacionais possuem recursos extras, assim como o
teúdo programático: redes sociais, comunicado- Microsoft Teams. Em concursos públicos, as bancas
res instantâneos e videoconferência. Como ele questionam conceitos básicos válidos para as contas
oferece recursos que atendem às características Google comuns.
básicas de cada categoria, a banca organizadora
do concurso poderá inserir ele em uma delas. YOUTUBE

Outro produto do Google, o site de vídeos Youtu-


GOOGLE TALK E GOOGLE HANGOUTS be é muito popular, porém não é o único. Existem
outras opções, como o Vimeo, que é muito usado para
Google Talk (GTalk ou Gtalk) foi um serviço de videoaulas de cursos online.
mensagens instantâneas e de VoIP desenvolvido pela O Youtube permite a criação de um perfil, canais
empresa Google, baseado no protocolo aberto Jabber de vídeos, listas de reprodução e transmissões ao vivo.
(também conhecido por XMPP). A versão beta do Goo- Associada a uma conta Google, assim como no Goo-
gle Talk foi lançada no dia 24 de agosto de 2005. Em gle Drive, o usuário poderá navegar no site e acessar
2013 foi substituído pelo Google Hangouts. vídeos que estejam com alguma restrição específica,
O Google Hangouts era uma opção do G Suite, um quando possível.
pacote de produtividade dos produtos Google, comer- O usuário poderá criar um canal e publicar os seus
cializado para empresas. Permitia a conexão com as vídeos, tendo acesso à ferramentas de edição online,
pessoas por meio de vídeo HD, voz e texto. As trans- permitindo a personalização do conteúdo.
missões poderiam ocorrer para várias pessoas simul- Na página inicial aparecerão as propagandas de
taneamente, semelhante ao Skype. canais, os últimos vídeos dos canais que você está ins-
Participantes externos poderiam participar de um crito, além de canais recomendados (sugeridos a par-
Hangout mesmo se não tivesse uma conta do G Suite. tir dos canais em que você está inscrito).
Todos os streams de vídeo e áudio no Hangouts eram Os vídeos poderão ser programados pelo usuário
criptografados. Porém, as interfaces pouco intuitivas para serem postados:
do Talk e Hangout, acabaram sendo melhoradas no
z Imediatamente: após o carregamento do vídeo,
Google Meet.
ele é disponibilizado publicamente para os visitan-
tes da página.
GOOGLE MEET
z Programado: o vídeo poderá ser programado, com
horários escolhidos em data e a cada 15 minutos.
Google Meet é a junção dos outros softwares do z Programado com estreia: o vídeo será programa-
Google que eram usados anteriormente para chat, do e uma prévia será disponibilizada no canal com
áudio e vídeo. Até 30 de setembro de 2020, os recursos contagem regressiva para o horário que ele será
avançados de videoconferência do Google Meet, como disponibilizado.
reuniões maiores (até 250 participantes), transmissão z Privado: o vídeo será publicado, mas apenas quem
ao vivo e gravação, estavam gratuitos para todos os estiver inscrito no canal com permissões de acesso
clientes do G Suite. (como os membros), poderão visualizar o vídeo.
O número máximo de participantes em uma video- z Não listado: o vídeo é publicado na plataforma e
chamada depende da edição do G Suite, podendo apenas quem possui o link acessará. O vídeo não apa-
variar de 100 a 250 participantes simultâneos. recerá nas buscas do Youtube e na página do canal.
A ideia por trás dos softwares do Google era a de z Ao vivo: a transmissão será realizada simulta-
separar as chamadas de áudio no Talk, as chamadas neamente com a sua gravação, ou seja, o Youtube
de vídeo no Hangout, e as reuniões no Meet. Entretan- acessa a câmera do dispositivo, transmite o vídeo e
to, estas funcionalidades individuais acabaram sendo armazena a transmissão quando finalizada.
reunidas no aplicativo Google Meet.
No Google Meet, que é muito popular nas escolas O usuário do Youtube poderá organizar em seu
que adotam a solução Google Education, professores/ canal uma playlist. Como usuário comum, os vídeos
apresentadores podem compartilhar vídeos do You- que ele der “gostei” são adicionados na playlist
tube, áudios, vídeos de sua câmera, arquivos de seu “Vídeos que eu gostei”. Ainda como usuário comum,
dispositivo e interagir com os alunos por meio de poderá criar novas playlists, e nos vídeos que Salvar,
recursos multimídia ou chat. escolher o destino. Como produtor do canal, os vídeos
As transmissões poderão ser gravadas e são arma- que direcionar para montagem de uma playlist facili-
186 zenadas no Google Drive. tarão a divulgação do conteúdo relacionado.
Video sendo reproduzido: barra de progresso

Pré-carregado
Atual (0:59) Tempo total (16:50)

Tela inteira (f)


Pausa (k)
Modo Teatro (t)
Próximo vídeo (Shift+N) Atual/Total
Miniplayer (i)
Detalhes
Volume (ativo)
pressionar (m) para mundo
Reprodução automática

Nos controles do vídeo, temos:

z Pausa (atalho tecla k): pausa temporariamente a reprodução do vídeo. Quando pausado, o ícone muda para
Reproduzir.
z Próximo vídeo (atalho de teclado Shift+N): interrompe a reprodução do vídeo atual e inicia o próximo vídeo
que foi definido na playlist do criador do conteúdo, ou um vídeo relacionado sugerido pelo Youtube.
z Sem áudio (atalho tecla m): o vídeo continuará sendo reproduzido, porém, sem áudio. Para “reproduzir o
som” acione novamente o ícone. Quando a barra de controle possui espaço para exibição, é mostrada a escala
de volume (controle deslizante).
z Atual/Total: exibe o tempo atual da reprodução e o total de tempo do vídeo.
z Reprodução automática: quando ativado (para a direita) o próximo vídeo será reproduzido ao terminar a
exibição do atual. Se estiver desativado, ao término do vídeo, não será executado um novo vídeo e apenas
miniaturas de vídeos serão exibidos para o usuário escolher.

INSTAGRAM

Rede social destinada ao compartilhamento de fotos, vídeos e outros conteúdos, sendo, atualmente, do Face-
book. Para participar da rede, o usuário pode criar um perfil independente ou associar com uma conta Facebook.
Várias contas podem ser criadas pelo mesmo usuário e, quando for utilizar, ele pode escolher o perfil que deseja
para aquela sessão.
Os posts poderão ser realizados na timeline, no stories ou por meio de transmissões ao vivo. O Instagram com-
partilha vários conceitos de outras redes sociais, porém com nomes próprios para se diferenciar. As transmissões
poderão ser na forma “ao vivo”, vídeos curtos (Reels) e disponibilizadas tanto no feed do perfil como na página do
IGTV (Instagram TV).
Em uma das últimas atualizações, integrou o sistema de mensagens com a plataforma Facebook Messenger,
facilitando a comunicação com clientes pelos perfis de empresas. Todas as mensagens recebidas em páginas de
Facebook, Facebook Messenger e Instagram Messenger foram reunidas em um hub na página de mensagens do
Facebook Business.
Em relação às outras redes sociais, é a que mais recebe atualizações. Com concorrentes como o Snapchat e
TikTok, vários recursos delas são copiados pelo Instagram.

z Vídeo do Reels: criação de vídeos curtos para Reels. Eles são exibidos com destaque no Explorar, para
outros usuários.

z REELS: vídeos curtos postados nesta categoria.

z Vídeo do IGTV: criação de postagem que permanecerá armazenada no IGTV (Instagram TV).
z Ao vivo: transmissão ao vivo do perfil do usuário, que poderá ter outros participantes autorizados pelo
dono do perfil a compartilhar a transmissão. Durante a transmissão, Selos podem ser usados, além de uma
funcionalidade que permite comentários. Os comentários podem ser fixados ou ocultados.
INFORMÁTICA

z IGTV: vídeos longos e transmissões ao vivo que foram salvas e disponibilizadas no IGTV.

HORA DE PRATICAR!
1. (SELECON – 2021) Um profissional de nível médio da empresa EMGEPRON/Itajaí-SC está trabalhando em um note-
book com sistema operacional Windows 10 BR e acionou três ícones existentes na área de Notificação desse sistema
operacional, localizada no canto inferior da tela do monitor de vídeo, com as finalidades descritas a seguir. 187
I. Para alterar a intensidade do som, exemplificado
TABELA - NÍVEIS - 2018

# CARGO CÓDIGO SALÁRIO

1 ANALISTA DE TI 9 R$ 8.100,00
II. Para acessar os arquivos de áudio via bluetooth
2 PROGRAMADOR 7 R$ 6.300,00
III. Para verificar o nível de carga da bateria do notebook
3 TÉCNICO INF 4 R$ 3.600,00
Os atalhos de teclado em I, II e III são mostrados, res-
pectivamente, em: 4 AUXILIAR INF 2 R$ 1.000,00

VALOR REFERÊNCIA: 900,00


a)
Na planilha foram executados os procedimentos des-
critos a seguir.
b)
z Em D13 foi inserido o valor de referência.
z Em D8 foi inserida uma expressão que mostra a multi-
c)
plicação do código em C8 pelo valor de referência em
D13, utilizando o conceito de referência absoluta. Em
d) seguida, a célula D8 foi selecionada e, por meio dos
comandos Copiar e Colar, foram inseridas expressões
semelhantes em D9, D10 e D11.
2. (SELECON – 2018) Um professor digitou o texto a
seguir no editor Word do pacote MSOffice BR. A expressão inserida em D11 foi:

a) =C11*&D&13
b) =C11*#D#13
c) =C11*$D$13
d) =C11*%D%13

4. (SELECON – 2021) Tanto o Powerpoint do pacote MS


Office 2019 BR como o Impress da suíte LibreOffice
7.0 (x64) em português representam dois dos princi-
pais softwares utilizados na criação e montagem de
No texto, foram realizados os procedimentos listados apresentações corporativas de slides. Três funcionali-
a seguir. dades do Powerpoint são listadas a seguir.

z À citação “Secretaria De Estado de Ciência, Tecnolo- z Permite salvar uma apresentação no formato deno-
gia e Inovação” foi aplicado o recurso conhecido como minado “Apresentação Habilitada para Macro do
negrito por meio de um atalho de teclado. Powerpoint”.
z Ao texto, inicialmente à esquerda, foi aplicado o ali- z Permite salvar a apresentação no formato nati-
nhamento justificado por meio do acionamento de um vo do Impress, identificado como “Apresentação
ícone específico. OpenDocument”.
O atalho de teclado e o ícone foram, respectivamente: z Permite salvar o conteúdo de um slide em um forma-
to de imagem, entre vários possíveis, suportados por
páginas de sites na internet.
a) Ctrl + N e
Três siglas para os formatos descritos em I, II e III são,
respectivamente:
b) Ctrl + N e
a) PPSX, ODP e JPG
b) PPTX, ODF e ZIP
c) PPMX, ODO e PDF
c) Alt + N e d) PPWX, ODS e PNG

5. (SELECON – 2019) No aplicativo Writer da suíte


d) Alt + N e
versão em português, um ícone
3. (SELECON – 2018) A planilha abaixo foi criada no soft- deve ser acionado para inserir uma figura de um arqui-
ware Excel do pacote MSOffice BR. vo no texto digitado. Esse ícone é:

a)

b)
188
9. (SELECON – 2019) Para enviar e receber mensagens
c) de e-mail na internet usa-se uma infraestrutura como a
conhecida por WebMail ou, como alternativa, um softwa-
re específico como o Outlook do pacote MSOffice ou o
d) Thunderbird da Mozilla. Nessa infraestrutura, os e-mails
oriundos da internet a um destinatário são armazenados,
por padrão, em uma caixa postal, denominada:
6. (SELECON – 2019) A planilha abaixo foi criada no
aplicativo Calc do pacote LibreOffice 6.2 (Versão em a) Spam
português). b) Saída
c) Mails
d) Entrada

10. (SELECON – 2021) Uma característica dos serviços


de correio eletrônico como o WebMail vem a ser:

a) Permite anexar arquivos aos e-mails , independente de


formato e de tamanho.
b) Emprega o protocolo SMTP para envio das mensa-
gens no trajeto origem ao destinatário.
c) Exige que os e-mails sejam criados conforme o padrão
usuário&domínio.com.br para serem válidos.
z Em D9 foi inserida a expressão =SOMA(A7;A11). d) Armazena os e-mails oriundos da internet em uma cai-
z Em D11 foi inserida a expressão que determina a xa postal padrão do usuário de destino, padronizada
média aritmética entre todos os números nas células como Mensagens.
A7, A8, A9, A10 e A11.

Nessas condições, o valor mostrado em D9 e a expres- GABARITO COMENTADO


são inserida na célula D11 são, respectivamente:
1.
a) 32 e=MED(A7:A11)
b) 85 e=MED(A7:A11) Nos computadores com Windows, a Barra de Tare-
c) 32 e =MÉDIA(A7:A11) fas é formada pelo botão Iniciar, ícones dos progra-
d) 85 e =MÉDIA(A7:A11) mas fixados e em execução e Área de Notificações.
Localizada no canto direito da Barra de Tarefas,
7. (SELECON – 2019) Na internet, uma modalidade de a Área de Notificações exibe ícones dos processos
processamento é caracterizada por baixar arquivos e serviços que estão sendo executados em segundo
nos formatos PDF, RAR e MP3 de sites especializados plano. Para a realização das tarefas solicitadas na
da web. O termo técnico que define essa modalidade questão devemos acessar os seguintes ícones:
de processamento é:

a) upload o controle de volume permite ajustar o volu-


b) upgrade me da saída de áudio em uma barra deslizante de
0 a 100% (proporcional à potência do alto falante
c) download
interno, ou fone de ouvido, ou caixas de som). Ao
d) downgrade
zerar a escala ou clicar no ícone da barra deslizan-
te, é possível mutar a saída de áudio.
8. (SELECON – 2019) Atualmente, para bem usar os
recursos dos browsers, é imprescindível que as pes-
soas conheçam os detalhes técnicos desses progra-
mas para navegar com eficácia e eficiência pelos sites a conexão Bluetooth é uma forma de liga-
na internet. Nesse contexto, com o objetivo de “perso- ção entre dispositivos sem fio de curto alcance.
nalizar e controlar o Google Chrome” e acessar a jane- Permite ‘emparelhar’ os aparelhos, trocando infor-
la de Configurações, deve-se acionar nesse browser, mações diretamente entre eles. A conexão não exige
por meio do mouse, o ícone: equipamento adicional, como o Wi-Fi que usa um
roteador. Com o Bluetooth, arquivos são trocados
em uma pequena área de abrangência, como uma
a)
sala ou um salão de festas (ligando o celular por
bluetooth na caixa de som, e reproduzindo áudio).
INFORMÁTICA

b)

c) os portáteis possuem bateria interna


que provê energia para a operação móvel. O ícone
apresentado exibe a bateria (que está 100%) e ain-
d) da indica que o aparelho está conectado na rede de
energia. Se o ícone não apresenta o desenho do plug
e) de tomada, significa que o aparelho está operando
somente com a energia de sua bateria. 189
Vamos conferir as outras alternativas. A letra C está errada. O atalho Alt+N é para acio-
Na letra A é apresentado o conjunto de ícones nar a guia Correspondências, usada para criação de
Mala Direta. O recurso permite a produção de enve-
lopes, cartas, etiquetas e e-mails personalizados. Ele
combina o modelo elaborado no Word com uma lis-
ta de destinatários, mesclando e gerando documen-
conexão wireless do tipo Wi-Fi ativa. tos individuais que podem ser salvos, impressos ou
enviados pela Internet.
conexão cabeada (cabo de rede com conec- A letra D está errada. Alt+N é atalho para guia Cor-
tor RJ-45) ativa respondências. Resposta: Letra B.
Na letra B é apresentado o conjunto de ícones
3.

Nas planilhas de cálculos, o usuário poderá usar os


valores existentes nas células para a elaboração de
fórmulas. Elas calculam o resultado de operações
dispositivos de armazenamento conecta- matemáticas e lógicas, segundo os argumentos que
dos na porta USB. Com este ícone poderá consultar foram fornecidos.
quais são os nomes dos dispositivos e poderá remo- Conforme citado no enunciado, o “valor de referên-
ver com segurança. Ao acionar o recurso Remover cia” que será usado na fórmula está na posição D13.
com segurança, a transferência de dados e energia O endereço da célula D13 (e agora estamos falando
para o dispositivo será encerrada, evitando danos da célula) é uma referência relativa. Se usada na
no pendrive ou HD externo quando for desconecta- fórmula de D8, calculará corretamente o primeiro
do do computador. valor.
Na letra D é apresentado o conjunto de ícones =C8*D13
Entretanto, por ser uma referência relativa, quan-
do for copiada/colada na célula D9, será atualizada.
para controle de volume, dis-
Passará a ser:
positivos de armazenamento USB e conexão de rede
=C9*D14
com cabos. Resposta: Letra C.
É possível observar que a nova fórmula mudou o
2. cálculo, pois em D14 não temos nada. No caso da
multiplicação, acabará apresentando o valor zero
Nos documentos elaborados em editores de textos, como resultado.
podemos aplicar formatação de fontes e alinhamen- A segunda ação proposta na questão sugere o uso
tos de parágrafos. As formatações de fontes estão de uma referência absoluta. A referência absoluta
disponíveis no grupo Fonte, e incluem: é aquela referência de célula que, usada em fórmu-
� Negrito: estilo que aumenta o traço das letras do las, não é atualizada quando copiar e colar. Assim,
texto. Atalho de teclado Ctrl+N. a fórmula existente em D8 deverá ser:
� Itálico: estilo que inclina levemente as letras do =C8*$D$13
texto para a direita. Atalho de teclado Ctrl+I. Ao ser copiada para a célula D9, será: =C9*$D$13
� Sublinhado: estilo que adiciona uma linha simples Ao ser copiada para a célula D10, será: =C10*$D$13
embaixo do texto. O estilo poderá ser personalizado Ao ser copiada para a célula D11, será: =C11*$D$13
para sublinhado duplo, ondulado, tracejado, entre O símbolo de cifrão é usado para ‘travar’ uma posi-
outros design. Atalho de teclado Ctrl+S. ção. Quando acompanha a letra D, na referência
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são, na D13 ($D), fixa a coluna para que não mude quan-
maioria dos recursos, em português. Os atalhos são do a fórmula for copiada para outro local. Quando
acionados com combinações de teclas, como Ctrl+N, acompanha o número 13, na referência D13 ($13),
enquanto os menus são acionados com a tecla ALT, fixa a linha para que não mude quando a fórmula
como Alt+N para a guia Correspondências. for copiada para outro local.
O alinhamento do parágrafo é a posição do texto em A letra A está errada. O símbolo & é usado para jun-
relação às margens. Poderá ser alinhado à esquerda, tar conteúdo de células.
centralizado, alinhado à direita ou justificado. O alinha- A letra B está errada. O símbolo # significa ERRO, e
mento centralizado posiciona o texto entre as margens não é usado em fórmulas.
esquerda e direita, no meio. O alinhamento justificado A letra D está errada. O símbolo % significa porcen-
distribui as palavras da linha, alinhando simultanea- tagem. Resposta: Letra C.
mente na margem esquerda e na margem direita.
Para aplicar Negrito, deverá acionar o atalho de 4.
teclado Ctrl + N. Para alinhar o texto justificado,
pode acionar o atalho de teclado Ctrl+J ou acionar As apresentações de slides são elaboradas com o
Microsoft PowerPoint, do pacote Microsoft Office,
ou pelo LibreOffice Impress, do pacote LibreOffice.
o ícone Existem soluções online para criação de apresenta-
A letra A está errada. O atalho está correto, pois ções de slides, porém usam os mesmos formatos da
dupla de aplicativos instalados.
Uma apresentação de slides no PowerPoint é gra-
Ctrl+N é para Negrito, mas o ícone serve vada com a extensão PPTX. Quando a apresentação
para Centralizar o texto no meio da linha, entre as possui macros (códigos elaborados em Visual Basic
margens esquerda e direita. for Applications, para a automatização de tarefas),
190
poderá ser gravada com a extensão PPTM ou PPSM. 7.
A extensão PPSX é para Apresentação de Slides que
pode ser executada automaticamente em dispositi- As informações armazenadas na Internet são dis-
vos sem o PowerPoint instalado. ponibilizadas em servidores. Os servidores são
As apresentações de slides do pacote LibreOffice são computadores que permitem atender muitas soli-
gravadas com a extensão ODP (Open Document Pre- citações simultâneas dos usuários, “servindo” para
sentation) e poderão ser editadas pelo PowerPoint. o armazenamento de páginas de Internet, arqui-
Os slides de uma apresentação poderão ser grava- vos para baixar, espaço de armazenamento para
dos como imagens, descartando recursos visuais enviarmos nossos arquivos, entre muitas outras
como animações, caso existam. Os formatos de ima- funcionalidades.
gem que podem ser usados para gravar o slide são
As redes operam com o paradigma cliente-servidor.
GIF, JPG, PNG, TIF, BMP, WMF, EMF e SVG.
Nós somos clientes que acessamos os recursos de
A letra B está errada. O formato ODF (Open Docu-
um servidor.
ment Format) é o padrão do LibreOffice, para ser
usado apenas entre os programas do pacote. O for- Quando enviamos informações para um servidor,
mato ZIP é para um arquivo compactado. estamos fazendo um UPLOAD. Quando recebemos
A letra C está errada. PPMX e ODO não existem. informações de um servidor, estamos fazendo um
PDF é um formato de documento do software Adobe DOWNLOAD.
Acrobat. A letra A está errada. Upload é o envio de arquivos
A letra D está errada. PPWX não existe. O formato para um servidor.
ODS é do LibreOffice Calc (Open Document Sheet – A letra B está errada. Upgrade é a atualização de
planilha de cálculos). Resposta: Letra A. um recurso como um programa ou equipamento.
A letra C está correta. Download é a transferência
5. de dados de um servidor remoto para o computador
local.
Nos documentos elaborados pelos editores de textos A letra D está errada. Downgrade é o ‘rebaixamen-
é possível inserir imagens que estão armazenadas to’ de uma configuração, tanto de software como de
em um dispositivo de armazenamento. As imagens hardware. Quando instalamos um programa na ver-
são arquivos que podem ter extensões como BMP, são 93, e ele trava o computador, devemos fazer um
GIF, JPG, PNG ou TIF, entre muitas outras. downgrade para a versão 92 ou anterior, para que
A letra A apresenta o ícone Inserir Hiperlink (atalho não trave mais o computador. Resposta: Letra C.
de teclado Ctrl+K).
A letra B apresenta o ícone Abrir Documento (ata- 8.
lho de teclado Ctrl+O).
A letra C está correta, e apresenta o ícone Inserir Os browsers, ou clientes web, ou navegadores de
Imagem. Internet, são programas que acessam informações
A letra D apresenta o ícone Substituir, para locali- armazenadas em servidores remotos na Internet,
zar e substituir ocorrências de textos no documen-
na rede local de computadores da empresa ou arqui-
to. Resposta: Letra C.
vos em nosso dispositivo.
O Google Chrome é um navegador muito popu-
6.
lar, usado para acessar informações na Internet.
Mozilla Firefox, Microsoft Edge, Apple Safari e Ope-
Nas planilhas de cálculos elaboradas com o LibreOf-
ra Browser são outros programas com a mesma
fice Calc, assim como no Excel, as fórmulas e fun-
finalidade.
ções inseridas pelo usuário permitem a realização
de cálculos com os valores existentes nas células. Para configurar o Google Chrome, personalizan-
A fórmula =SOMA(A7;A11) é para realizar a soma do os seus ajustes, o usuário deve acessar o ícone
dos valores existentes nas células A7 e A11. Na sim-
bologia de planilhas, ponto e vírgula significa E, e localizado no canto superior direito da janela
separa valores individuais na fórmula. Portanto, a do programa.
soma de A7 (valor 14) e A11 (valor 18) é igual a 32.
A média aritmética simples dos valores existen-
A letra A está errada. O ícone é para acessar
tes nas células, pode ser calculada com a função
a página inicial do navegador (atalho de teclado
MÉDIA. Se deseja calcular a média dos valores das
Alt+Home).
células A7 até A11, deverá usar o operador dois
pontos como separador de argumentos. Nas plani-
lhas de cálculos, dois pontos significa ATÉ. Portan- A letra B está errada. O ícone é usado para
to, a fórmula será =MÉDIA(A7:A11) adicionar o site em Favoritos. Os endereços URL
A letra A está errada. O resultado 32 está correto, preferidos do usuário, armazenados em uma lista
porém a função MED é para calcular a mediana. de links. Atalho de teclado Ctrl+D.
INFORMÁTICA

Mediana é o ‘valor no meio’. Os valores são orde-


nados, e o valor existente no meio da sequência é a A letra D está errada. O ícone é do Mozilla
mediana daquela série de valores. Os valores 14, 19, Firefox, outro navegador de Internet, para acessar
13, 21 e 18 são ordenados como 13, 14, 18,19 e 21. A
o menu de opções.
mediana dos valores é 18.
A letra B está errada. O resultado 85 é a soma de
todos os valores, e foi obtido com =SOMA(A7:A11) – A letra E está errada. O ícone é do navega-
somar de A7 até A11. dor Microsoft Internet Explorer, outro navegador de
A letra D está errada. O resultado da soma é sobre Internet, para acessar as Configurações ou Opções
todos os valores de A7 até A11. Resposta: Letra C. de Internet. Resposta: Letra C. 191
9.

Os softwares clientes de e-mail, assim como o aces- Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
so via Internet, acessarão as pastas de mensagens SMTP

da conta do usuário, que está em um servidor de Enviar – SMTP


e-mails. As mensagens são armazenadas em pastas, Receber – POP3 Enviar e Receber
e as mensagens recebidas são armazenadas na Cai- IMAP4

xa de Entrada.
Caixa de Entrada: armazena as mensagens recebi-
Remetente
das, que não foram identificadas como Lixo eletrô- Cliente
Destinatário
Webmail
nico (spam) ou processada por algum filtro definido
pelo usuário. O número informado é da quantidade
A letra A está errada, pois Anexos são arqui-
de mensagens não lidas, e estará entre parênteses. A
vos enviados com as mensagens de e-mail e não
quantidade de mensagens totais de uma pasta apa-
estão relacionadas com os protocolos de envio ou
recerá na barra de status, na parte inferior da tela, recebimento.
quando a pasta estiver selecionada. A letra C está errada, pois o formato de e-mails é
Rascunhos: pasta que armazena as mensagens que usuário@provedor. O padrão sugerido na alterna-
estão sendo redigidas pelo usuário, salvas tem- tiva C indica um endereço ‘fixo’ do tipo comercial
porariamente, e que poderão ser editadas poste- no Brasil.
riormente ou enviadas. O número informado é da A letra D está errada, pois os e-mails recebidos são
quantidade de mensagens na pasta de Rascunhos, e armazenados na Caixa de Entrada (de mensagens).
estará entre colchetes. Resposta: Letra B.
Itens enviados: armazena as mensagens que foram
enviadas pelo usuário.
Itens excluídos: armazena as mensagens que foram
excluídas pelo usuário. Opera como uma Lixeira do ANOTAÇÕES
e-mail. Geralmente são excluídas após um período
de armazenamento configurado.
Caixa de Saída: armazena as mensagens que foram
redigidas pelo usuário, enviadas, mas ainda não
foram processadas pelo provedor de e-mail. Um dos
principais motivos para a mensagem permanecer
na caixa de saída é a ausência de conexão com a
Internet.
Lixo Eletrônico: armazena as mensagens envia-
das por spammers (spam), mensagens com vários
endereços de e-mail em seu cabeçalho (que prova-
velmente seja spam) e mensagens provenientes de
endereços de e-mail que foram sinalizados como
spam anteriormente, reconhecidos pelo provedor
de e-mails. Resposta: Letra D.

10.

Os protocolos de e-mails são usados para a troca de


mensagens entre os envolvidos na comunicação. O
usuário pode personalizar a sua configuração, mas
em concursos públicos o que vale é a configuração
padrão, apresentada neste material.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Proto-
colo para Transferência Simples de E-mails. Usado
pelo cliente de e-mail para enviar para o servidor de
mensagens, e entre os servidores de mensagens do
remetente e do destinatário.
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o Pro-
tocolo de Correio Eletrônico usado pelo cliente de
e-mail para receber as mensagens do servidor remo-
to, removendo-as da caixa de entrada remota.
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet
é usado pelo navegador de Internet (sobre os pro-
tocolos HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso
webmail, transferindo cópias das mensagens para
a janela do navegador e mantendo as originais na
192 caixa de mensagens do servidor remoto.
Os direitos e garantias fundamentais estão disci-
plinados no Título II, da CF/88. Em síntese, a norma
constitucional divide tais elementos em cinco grupos,
a saber:

NOÇÕES DE DIREITO z Direitos individuais e coletivos;


z Direitos sociais;
CONSTITUCIONAL z
z
Direitos de nacionalidade;
Direitos políticos;
z Partidos políticos.

Neste sentido, conclui-se que os direitos funda-


DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS mentais constituem o gênero, do qual os direitos indi-
viduais, coletivos, sociais, nacionais e políticos são
A palavra constituição vem do verbo constituir e é espécies.
por essa razão que se usa o termo “Constituição” para
designar a norma que constitui o Estado. Sua função
é ser o pressuposto de validade de todo o ordenamen- Importante!
to jurídico, ou seja, a norma base da qual decorrem
todas as demais. Direitos e garantias não se confundem! Direi-
A norma que constitui o Estado brasileiro é a Cons- tos são bens e vantagens prescritos na norma
tituição Federal (CF/88). Nela, encontram-se as regras constitucional, como, por exemplo, o direito de
que disciplinam a organização político-administrativa ir e vir (liberdade de locomoção). Garantias são
do Brasil, seus poderes e os limites para a atuação des- os instrumentos através dos quais se assegura
ses poderes. o exercício do referido direito tanto preventiva-
Observa-se que a CF/88 é uma norma bastante mente, quanto repressivamente, com o habeas
extensa, sendo composta por três partes. A primeira é corpus, que busca prevenir ou assegurar a sua
denominada de Preâmbulo, que é a parte que prece- reparação no caso de violação.
de o texto articulado da Constituição.
Trata-se de uma espécie de intenções políticas e,
não, jurídicas, uma vez que é no Preâmbulo que o Antes de adentrar no estudo dos direitos e garan-
legislador constituinte apresenta suas intenções e tias fundamentais propriamente ditos, é importante
compromissos. Sua função é servir de interpretação conhecermos suas características. A primeira delas é
e integração da própria norma constitucional ao rea- a universalidade, ou seja, os direitos e garantias fun-
firmar as intenções do Estado com a elaboração da damentais aplicam-se a todos os indivíduos.
Constituição. Do seu caráter universal, decorre a garantia da dig-
Após o Preâmbulo, encontram-se as Disposições nidade da pessoa humana, uma vez que o direito de
Constitucionais, ou seja, o próprio corpo de Consti- possuir condições mínimas para ter uma vida plena
tuição. São, ao todo, 250 (duzentos e cinquenta) arti- e digna é inerente a todos os indivíduos. Observa-se,
gos divididos em nove títulos. ainda, que o reconhecimento da dignidade traz con-
Por fim, a última parte da CF/88 denomina-se Ato sigo o fundamento da igualdade, por não comportar
das Disposições Constitucionais Transitórias. Ela é distinções relacionadas à raça, sexo, língua, religião,
destinada a auxiliar na transição de uma constituição origem social ou nacional, entre outros.
para outra, de modo a neutralizar os efeitos de um A historicidade é outra característica a ser men-
possível conflito de normas de igual hierarquia (Cons- cionada, uma vez que os direitos e garantias são frutos
tituição nova e Constituição velha). Trata-se, portanto, de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traça-
de regras de transição entre o antigo sistema e o novo, dos e estruturados de acordo com o desenvolvimento
providenciando a acomodação e a transição das nor- da própria sociedade. Considerar o contexto histórico
mas. A CF/88 estabeleceu 114 (cento e catorze) artigos é extremamente importante para se entender o por-
de transição, os quais se apresentam de forma desta- quê da proteção dada pelos direitos fundamentais. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cada da Constituição, inclusive com numeração e pro- Como exemplo, pode-se citar as políticas afirmativas,
mulgação autônoma. como a política de quotas em concursos públicos.
Por ser uma norma ampla, é comum que os con- Além dessas, os direitos e garantias fundamentais
cursos públicos especifiquem em quais partes incidi- têm como característica a inalienabilidade — não
rá a cobrança. O presente estudo será voltado para os podem ser transferidos ou negociados, vez que a
artigos que compõem parte dos Títulos II, III, IV e V liberdade, a justiça e a paz constituem fundamentos
das Disposições Constitucionais. inerentes à pessoa. Assim, são conferidos a todos os
Ao iniciar seus estudos, tenha em mente que, para indivíduos, que deles não podem se desfazer, porque
melhor compreender a CF/88, é preciso entender a são indisponíveis, tendo em vista a proteção da pessoa
estrutura da norma constitucional e identificar a ideia humana.
central de cada artigo. Neste sentido, a leitura do texto A imprescritibilidade também é uma de suas
constitucional é de extrema relevância, a fim de com- características, visto que não deixam de ser exigíveis
preender os pontos mais importantes, sem precisar, em razão da falta de uso, ou seja, não prescrevem. Por
contudo, decorá-los. exemplo, o fato de determinada pessoa passar grande
Para facilitar o estudo, as partes mais cobradas em parte de sua vida sem ter uma religião específica não
concursos públicos estarão sinalizadas com as pala- a impede de optar por uma ou outra ou, até mesmo,
vras-chave em destaque no próprio texto legal. Feitas por nenhuma, pois seu direito à liberdade de crença
essas considerações iniciais, bons estudos! e exercício de culto não se perde em razão do tempo. 193
Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como uma salvo nos casos em que a própria norma constitu-
característica importante, na medida que nenhum ser cional estabelece a aplicação desigual. Como exem-
humano pode abrir mão de possuir direitos funda- plo, pode-se citar o caso da exclusão de mulheres
mentais. O indivíduo pode não usufruir deles adequa- e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em
damente, mas não pode renunciar à possibilidade de tempos de paz.
exercê-los.
Outra característica dos direitos fundamentais é Art. 5º [...]
a indivisibilidade. Não existe hierarquia entre tais I - homens e mulheres são iguais em direitos e
direitos, pois todos possuem o mesmo valor. Conse- obrigações, nos termos desta Constituição;
quentemente, eles são indivisíveis na medida em que,
para a garantia de um, pressupõe-se a observância O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
dos demais. Sendo assim, quando um deles é violado, da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
os outros também o são. te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres
Por fim, outra característica importante é a limi- são relativamente recentes, de modo que grande par-
tabilidade, isto é, os direitos fundamentais não são te da legislação anterior à CF/88 estabelecia situações
absolutos, de modo que podem ser limitados sempre diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
que houver uma hipótese de colisão de direitos fun- exemplo, a necessidade de autorização marital para
damentais. É da limitabilidade que advém a regra de que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
que nenhum direito é absoluto. Por exemplo, mes- profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
mo possuindo o direito de locomoção, não é possível o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
ingressar em uma propriedade alheia fora das hipó- outros deveres, a administração dos bens do casal.
teses previstas na CF/88 (quais sejam: convite, desas- Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
tre, flagrante delito, prestar socorro ou ordem judicial ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
durante o dia), podendo, inclusive, caracterizar o cri- legais, como aos operadores do direito, para que não
me de invasão de domicílio. fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
tar a todos de maneira igual, independentemente de
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- qualquer condição. Já a igualdade material busca a
dos no art. 5º, da CF/88. Muito cobrado em provas de igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
concursos públicos, esse dispositivo é o mais extenso direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos. material nada mais é que tratar igualmente os iguais,
Vejamos cada uma de suas partes: com os mesmos direitos e obrigações, e desigualmen-
te os desiguais, na medida de sua desigualdade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra- Art. 5º [...]
sileiros e aos estrangeiros residentes no País II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou
rem todos os demais direitos estruturados nos seus deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decorre limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
o direito à integridade física e moral, a proibição da não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório
pena de morte e a proibição de venda de órgãos. de máscaras faciais de proteção.
Quando a Constituição fala “brasileiros e estran-
geiros residentes no país”, não significa que o estran- Art. 5º [...]
geiros não residentes e os em trânsito pelo Brasil não III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
tamento desumano ou degradante;
possuam direitos.
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia O inciso III decorre do direito à vida, por decorrer
ou da igualdade “todos são iguais perante a lei, sem da violação à integridade humana, tanto física como
distinção de qualquer natureza”. Tal princípio tem psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo sofrimen-
como fundamento o fato de que todos nascem e vivem to físico ou mental como forma de intimidação ou cas-
com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado tigo. É, também, utilizar-se de métodos como forma
brasileiro. de anular a personalidade ou diminuir a capacidade
física ou mental, mesmo que sem dor. Assim, a CF/88
z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de modo veda tanto a tortura como qualquer tipo de tratamen-
a vedar a elaboração de dispositivos que estabele- to desumano ou degradante.
çam desigualdades ou privilégio entre as pessoas;
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- Art. 5º [...]
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
critérios discriminatórios na aplicação da norma, vedado o anonimato;

194 1 Conceito em conformidade com o art. 2º da Convenção Interamericana, que visa prevenir e punir a tortura.
Todas as pessoas possuem direitos atinentes à O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções de crença e culto, de modo a garantir aos internados
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem assistência espiritual e religiosa.
direito de expressar livremente esses pensamentos.
Assim, o direito à expressão do pensamento, que decor- Art. 5º [...]
re do direito à liberdade, está disciplinado no inciso IV. VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado, a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
são que decorrem a proibição de censura e a vedação cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- de não cumprir um serviço obrigatório por razões
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- relacionadas a sua consciência ou crença, de modo a
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas assegurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis
assumam a responsabilidade do que exteriorizam. ou políticos em decorrência de tal recusa. Por exem-
plo: a pessoa que, por questão religiosa, seja contrá-
Art. 5º [...] ria ao serviço militar poderá alegar tal imperativo de
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- consciência em seu alistamento militar. No entanto,
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- a CF/88 estabelece que, mesmo que dispensada da
rial, moral ou à imagem;
prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
alternativo.
A expressão do pensamento é livre, porém não
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua
Art. 5º [...]
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém,
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e artística, científica e de comunicação, indepen-
penalmente. Além disso, a CF/88 estabelece o direito dentemente de censura ou licença;
de resposta, ou seja, o exercício do direito de defesa
da pessoa que foi ofendida em razão da manifestação
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
do pensamento de outra, como, por exemplo, no caso
atividades intelectual, artística, científica e de comuni-
de notícia inverídica ou errônea.
cação. Assim, a CF/88 veda, expressamente, qualquer
atividade de censura ou licença. Cumpre esclarecer
que censura é a verificação da compatibilidade ou
Importante!
não entre um pensamento que se pretende expressar
O inciso V prevê a indenização por dano material, com as normas legais vigentes; licença é a exigên-
moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº cia de autorização para que o pensamento possa ser
37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos exteriorizado.
são acumuláveis.
Art. 5º [...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
Art. 5º [...] a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de direito a indenização pelo dano material ou moral
crença, sendo assegurado o livre exercício dos decorrente de sua violação;
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; O inciso X decorre do direito à vida e traz a prote-

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


ção dos direitos de personalidade, ou seja, o direito
A liberdade de consciência abrange a liberdade à privacidade. Tratam-se dos atributos morais que
de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
devem ser preservados e respeitados por todos, uma
dade de pensamento de foro íntimo em questões não
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus
religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
aspectos materiais.
ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos:
isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser
questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
perturbado em sua vida particular; vida privada refe-
o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais
a liberdade religiosa, isto é, de mudar de crença ou fechados; honra é o atributo pessoal que compreende
religião e de manifestação dela. tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa-
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti-
Art. 5º [...] va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja,
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a
de assistência religiosa nas entidades civis e exteriorização de sua personalidade no meio social
militares de internação coletiva; (imagem-atributo).
2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 195
Art. 5º [...] z As correspondências: comunicações recebidas
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
nela podendo penetrar sem consentimento do os comunicados e avisos comerciais;
morador, salvo em caso de flagrante delito ou z A comunicação telegráfica: comunicados mais
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
o dia, por determinação judicial; escrita como pela internet, tais como o telegrama;
z A comunicação de dados: comunicação feita por
A inviolabilidade do domicílio está prevista no meio de rede de computadores, como, por exem-
inciso XI, do art. 5º e decorre do direito à segurança. plo, a compra de produtos online ou homebank;
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável z As comunicações telefônicas: ligações feitas e
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.
do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata- Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendido
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296/1996.
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do Assim, estão protegidas as mensagens trocadas por meio
indivíduo. de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger, entre outros.
O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e É importante mencionar que as violações de cor-
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos: respondência e de comunicação telegráfica são cri-
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
Art. 150 (Código Penal) [...] 6.538/78, a qual dispõe sobre os serviços postais.
§ 4º A expressão «casa» compreende: As comunicações telefônicas são invioláveis, toda-
I - qualquer compartimento habitado; via, de maneira excepcional e para fins de investiga-
II - aposento ocupado de habitação coletiva; ção criminal ou instrução processual penal, é possível
III - compartimento não aberto ao público, onde a quebra do sigilo delas, desde que precedidas de
alguém exerce profissão ou atividade. autorização judicial.
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»:
Art. 5º [...]
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí-
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis-
n.º II do parágrafo anterior;
sionais que a lei estabelecer;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
O direito de exercício de qualquer atividade
O dispositivo traz três exceções à regra. A primei- profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se
ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla- da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica-
no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca- ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem-
bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per- plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito
mite a entrada no local para prestar socorro, como, faculdade de medicina em território nacional ou ter
por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e sido aprovado em exame de revalidação no caso de
ter alguém no interior dele. Por fim, é possível ingres- faculdade estrangeira.
sar na casa mediante autorização judicial, como, por Essa é uma norma constitucional de eficácia con-
exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos.
para busca de algum(a) objeto/pessoa no local. No entanto, cabe destacar que uma norma infracons-
É importante consignar que, mesmo com autoriza- titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar
ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante condições ou requisitos para o pleno exercício da pro-
o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
do consentimento do morador. Assim sendo, durante gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode Advogados do Brasil.
ser realizada mesmo sem a concordância do morador, Art. 5º [...]
sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
houver necessidade. e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº rio ao exercício profissional;
13.869/2019, estabelece como dia o período compreen-
dido entre as 5h e 21h. O inciso XIV disciplina o direito de informação,
que é um dos desdobramentos do direito à liberdade.
Art. 5º [...] O direito à informação possui tríplice alcance, por
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e englobar o direito de informar, de se informar e de
das comunicações telegráficas, de dados e das ser informado.
comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal
Importante!
ou instrução processual penal; A liberdade de informação jornalística está previs-
ta no § 1º, do art. 220, da CF/88, e é mais abran-
A inviolabilidade das comunicações pessoais gente que a liberdade de imprensa, que assegura
está disciplinada no inciso XII e também decorre do o direito de veiculação de impressos sem qual-
direito à segurança. O dispositivo considera comuni- quer tipo de restrição por parte do Estado.
196 cações pessoais:
Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o O inciso XVIII disciplina o direito de associação.
sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis- Trata-se da possibilidade de criação de mais ou menos
sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista sindicatos sem a interferência do Estado.
poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor-
mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu Art. 5º [...]
silêncio não poderá sofrer qualquer sanção. XIX - as associações só poderão ser compulso-
riamente dissolvidas ou ter suas atividades
Art. 5º [...] suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
XV - é livre a locomoção no território nacional primeiro caso, o trânsito em julgado;
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair O inciso XIX, que também disciplina o direito de
com seus bens; associação, estabelece que as associações somente
poderão ter suas atividades suspensas ou encerra-
A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no
das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder
inciso XV, do art. 5º, da CF/88. Trata-se, portanto, do
direito de locomoção, que é um dos desdobramentos Judiciário. Salienta-se, por necessário, que, no caso de
do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, que a dissolução da associação, esta somente poderá ocor-
liberdade de locomoção é restrita a tempo de paz, ou rer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não
seja, no caso de decretação de guerra, passa a viger a couber mais recursos.
lei marcial, de modo que o ir e vir dos indivíduos pode
sofrer limitações. z Dissolução das associações: decisão judicial + trân-
A garantia constitucional que objetiva assegurar o sito em julgado;
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra- z Suspensão das associações: decisão judicial.
tado adiante.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...]
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
-se ou a permanecer associado;
armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca- O inciso XX, que também disciplina o direito de
da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré- associação, estabelece que não é possível obrigar
vio aviso à autoridade competente; qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte
O inciso XVI traz outro desdobramento do direito do grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele
à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten- será livre para decidir se permanece ou não associa-
de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará- do. Portanto, compreende o direito de associar-se a
ter transitório e voltado para determinada finalidade. outras pessoas para formação de uma entidade, como
Portanto, é preciso que o evento seja organizado e também de deixar de participar quando for de seu
preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
interesse.
sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
petente e local aberto ao público.
Art. 5º [...]
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar XXI - as entidades associativas, quando expressa-
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que, mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
de pessoas com posicionamentos distintos (Exemplo:
manifestações pró-aborto e contrária ao aborto). O inciso XXI é o último dispositivo que trata do
direito de associação. Ele se refere à representação
Art. 5º [...] do filiado pela associação, quer em âmbito judicial
XVII - é plena a liberdade de associação para fins quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; legitimação da associação para atuar em nome dos
associados.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A liberdade de associação encontra-se disciplina-
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso- Cabe esclarecer que representante é aquele que
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o age em nome alheio, defendendo direito alheio. No
caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma caso das associações, para que estas atuem na condi-
associação. É importante mencionar que tanto a reu- ção de representantes, é preciso autorização expressa
nião como a associação devem possuir fins pacíficos. dos filiados, não bastando que exista autorização em
No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos, estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida-
como, por exemplo, a associação para fins contrários mente autorizadas pelos associados.
à lei penal. Além disso, ao contrário da representação, a subs-
Como visto, a CF veda expressamente a associa- tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
ção de caráter paramilitar, — aquela que apresenta pende de autorização, uma vez que na substituição a
estrutura similar às instituições militares e não pos- associação atua em nome próprio, defendendo direito
sui vínculo com o Estado. Os membros dessa associa- alheio (dos associados).
ção reúnem-se armados, a fim de alcançarem seus
objetivos.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...] XXII - é garantido o direito de propriedade;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
a de cooperativas independem de autorização, O direito de propriedade encontra-se disciplina-
sendo vedada a interferência estatal em seu do no inciso XXII, do art. 5º. Trata-se de direito pessoal
funcionamento; de natureza econômica. 197
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dis- de uma enchente em um determinado local, o Poder
por da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
de quem quer que, injustamente, a possua ou a detenha. um hospital de atendimento às vítimas.
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu- A requisição temporária é uma exceção ao princí-
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
direito civil, por abranger qualquer direito de conteú- está condicionado à existência de danos.
do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi- Art. 5º [...]
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi-
tos e direitos pessoais.
nida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de
Art. 5º [...]
débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;
O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro-
priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei- O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade da
ta de acordo com a conveniência social da utilização pequena propriedade rural, por ser esta considera-
da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por- da bem de família e, portanto, insuscetível de penho-
tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses ra, de modo a ficar a salvo de execuções por dívidas
da sociedade. decorrentes da atividade produtiva. Além disso, a
CF/88 estabelece que esta poderá receber os recursos
Art. 5º [...] previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento.
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para Embora o dispositivo não conceitue pequena pro-
desapropriação por necessidade ou utilidade priedade rural, o entendimento mais amplo é de que
pública, ou por interesse social, mediante justa esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis-
e prévia indenização em dinheiro, ressalvados cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
os casos previstos nesta Constituição; sua única fonte de sobrevivência.

A desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma Art. 5º [...]


para si ou para outrem (terceira pessoa) bens de par- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
ticulares por meio do pagamento de justa e prévia de utilização, publicação ou reprodução de suas
indenização. Portanto, trata-se de uma das hipóteses obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
de aquisição originária da propriedade. É cabível a que a lei fixar;
desapropriação nas seguintes hipóteses: O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda-
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci-
z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem mento de autoria em produções. Existem três tipos de
a ser desapropriado é imprescindível para a reali- propriedade intelectual, quais sejam:
zação de uma atividade essencial do Estado;
z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não z Propriedade industrial: criações que movimen-
é imprescindível, mas é conveniente para a reali- tam o mercado e são empregadas para manter a
zação de uma atividade estatal; competitividade. Seu foco é voltado para a área
z Por interesse social: hipótese na qual a desapro- empresarial. São exemplos: as patentes, marcas,
priação é conveniente para o desenvolvimento da desenhos, entre outros;
sociedade. z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
científicas, como, por exemplo, as obras intelec-
Atenção! Não confundir com desapropriação tuais, literárias e artísticas;
sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a z Proteção sui generis: são as criações híbridas,
função social da propriedade. Nela, a indenização não isto é, aquelas que se encontram em um estado
é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida intermediário entre a propriedade industrial e
Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20 os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos
(vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda circuitos integrados (mask works), a proteção de
desapropriação com expropriação, que consiste na cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege-
perda da propriedade, por exemplo, no caso de culti- tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
vo de substâncias entorpecentes ou de trabalho escra- recursos genéticos.
vo. Nela, não há pagamento de indenização.
Neste sentido, a CF/88 garante aos autores o direito
Art. 5º [...] exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de
XXV - no caso de iminente perigo público, a auto- suas obras, sendo esse direito transmitido aos herdeiros
ridade competente poderá usar de propriedade do autor (direitos sucessórios) pelo tempo que a lei fixar.
particular, assegurada ao proprietário indeniza-
Art. 5º [...]
ção ulterior, se houver dano;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em
A requisição temporária da propriedade está obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade humanas, inclusive nas atividades desportivas;
de o Poder Público, em momentos de calamidade (já b) o direito de fiscalização do aproveitamento
ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de econômico das obras que criarem ou de que parti-
bem particular para assegurar a preservação de direi- ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti-
198 tos mais importantes que a propriedade, tais como a vas representações sindicais e associativas;
O inciso XXVIII também protege a propriedade Art. 5º [...]
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
proteção de tais direitos ao indivíduo que participou cos informações de seu interesse particular, ou
de obra coletiva, além de proteger a reprodução da de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressal-
imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de
vadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas segurança da sociedade e do Estado;
obras individuais como nas coletivas.

Art. 5º [...]
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
industriais privilégio temporário para sua utili-
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
zação, bem como proteção às criações industriais,
tantes de banco de dados de entidades governamen-
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
tais ou abertas ao público, bem como de informação
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte- de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar
resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco- que é a Lei nº 12.527/2011 que regula o acesso à infor-
nômico do País; mação previsto nesse inciso.

Art. 5º [...]
O último dispositivo que trata da propriedade inte-
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven- mente do pagamento de taxas:
tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
que de forma temporária. Além disso, assegura a pro- defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
teção às criações industriais, à propriedade das marcas, de poder;
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos. b) a obtenção de certidões em repartições públi-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
Art. 5º [...] situações de interesse pessoal;
XXX - é garantido o direito de herança;
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
O direito de herança, que decorre do direito à pro- direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
modificação da titularidade do bem em decorrência do tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se
agentes do Estado. O Estado, por possuir fé pública, é
sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no
utilizado para comprovar a existência de um fato. Este
ativo como no passivo, até os limites da herança.
inciso assegura o direito de formular pedido e obter
certidões do Estado que possuam a potencialidade
de atestar isto. Deste modo, assegura ao indivíduo
Importante! a obtenção de certidão para a defesa de direitos ou
O direito de sucessão está regulado no Código Civil. esclarecimento de situações de interesse pessoal.
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja,
independe de qualquer pagamento. Importante men-
Art. 5º [...] cionar que, embora o dispositivo empregue o termo
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa- “taxas”, este foi utilizado em sentido amplo, visto que
dos no País será regulada pela lei brasileira em proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa,
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem- tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não
pre que não lhes seja mais favorável a lei pes- obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez
soal do de cujus; que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul-
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona-

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Ainda com relação ao direito de herança, o inciso do ao pagamento.
XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso a
sucessão envolva bens de estrangeiros situados no Bra- Art. 5º [...]
sil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira sempre XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
que esta beneficiar cônjuge ou filho brasileiro. No entan-
to, caso a lei estrangeira (lei do país do de cujus) seja mais
O princípio da inafastabilidade de jurisdição
benéfica a estas pessoas, ela é que será aplicada.
ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
Art. 5º [...]
do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
defesa do consumidor;
ao Poder Judiciário.
O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor Art. 5º [...]
como um dos direitos e deveres individuais e coleti- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
vos. Como consequência, a defesa do consumidor será o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci- O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que direito à segurança. Trata-se da garantia constitu-
estabelece as regras de proteção ao consumidor. cional de que a novas leis não retirem das pessoas os 199
direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de sejam criados especialmente para julgar determina-
modo que as situações disciplinadas por uma norma dos crimes ou pessoas (nos casos concretos).
devem continuar protegidas por esta mesmo depois Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
de sua revogação ou substituição por outra3: com Justiças especializadas e foro privilegiado.

z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pes- Art. 5º [...]


soa quando esta cumpriu todos os requisitos para XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
a sua concessão pela norma anterior antes de organização que lhe der a lei, assegurados:
ocorrer a alteração legal. Exemplo: uma pessoa a) a plenitude de defesa;
completou o tempo de contribuição previsto pela b) o sigilo das votações;
lei para se aposentar, mas optou por permanecer c) a soberania dos veredictos;
trabalhando. Se nova lei alterar os requisitos para d) a competência para o julgamento dos crimes
aposentadoria, de modo a aumentar o tempo de dolosos contra a vida;
contribuição, essa pessoa não será prejudicada,
pois adquiriu o direito pela lei anterior; Outro desdobramento do direito à segurança é a
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em cri-
Atenção! Direito adquirido não se confunde com mes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (Art. 121
expectativa de direito. Se a pessoa não completou do CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
todos os requisitos para a concessão do direito, ela ou à automutilação (Art. 122 do CP), infanticídio (Art.
não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
123 do CP) e aborto (Arts. 124 a 128 do CP). Trata-se
to. Exemplo: falta para o indivíduo um mês para com-
do direito de o indivíduo ser julgado por seus pares e,
pletar o tempo de contribuição previsto pela lei para
não, por um juízo de critério eminentemente técnico.
se aposentar. Antes de preencher tal requisito, a lei é
alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não poderá
Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-
se aposentar, pois tinha apenas expectativa de direito,
tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
uma vez que todos os requisitos não foram preenchi-
por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-
dos para a sua concessão.
mente pela Constituição Estadual.
z Ato Jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado Art. 5º [...]
validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi-
esta tenha sido posteriormente revogada ou modi- na, nem pena sem prévia cominação legal;
ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
de ter completado a idade núbil nas hipóteses per- Os princípios da anterioridade e da reserva
mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege)
válido mesmo após a alteração da lei civil, pela encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín-
Lei nº 13.811/2019, que proibiu, expressamente, o tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem
casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já
seus efeitos são protegidos pela lei anterior; pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o
z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões do crime e a pena deve ser anterior a sua prática.
Poder Judiciário quando a estas não couber mais
recursos, de modo a impedir a modificação ou dis- Art. 5º [...]
cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene-
paternidade foi julgada procedente após o supos- ficiar o réu;
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA.
Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto O princípio da irretroatividade da lei penal
pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni- mais gravosa está disciplinado no inciso XL. Em ter-
dade, pois a decisão não pode ser mais modificada. mos de direito penal, a regra é a lei do tempo do cri-
me, ou seja, será aplicada a lei do tempo da ação ou
omissão. É possível, no entanto, aplicar lei posterior
Importante! caso esta seja mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate- deixa de considerar o fato como crime ou diminui a
rial – quando impede a discussão em qualquer sua pena.
processo – e coisa julgada formal – quando impe- A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso-
de a discussão no mesmo processo. luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações
já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum-
pre pena por um crime que lei posterior deixou de
Art. 5º [...] considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; criminis) será colocado em liberdade.

A proibição dos tribunais de exceção, que decor- Art. 5º [...]


re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos tória dos direitos e liberdades fundamentais;

3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto-Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
200 Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
O inciso XLI decorre do direito à igualdade. Art. 5º [...]
Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri-
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas tível a ação de grupos armados, civis ou milita-
proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli- res, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
cada de modo discriminatório, como também deverá
punir tais discriminações com base em qualquer con- O inciso XLIV também traz hipóteses de não con-
dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras. cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
da a qualquer tempo, independentemente da data em
Art. 5º [...]
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos
XLII - a prática do racismo constitui crime
pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe
reclusão, nos termos da lei;
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850/13 é que
O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora trata das organizações criminosas.
a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi- Art. 5º [...]
nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável) e, condenado, podendo a obrigação de reparar
ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo, o dano e a decretação do perdimento de bens
independentemente da data em que foi cometido, pois ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível). e contra eles executadas, até o limite do valor do
Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716/1989 é a Lei do patrimônio transferido;
Racismo e a Lei nº 12.288/2010 é o Estatuto da Igual-
O princípio da intranscendência ou personali-
dade Racial.
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra-
Art. 5º [...] ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e pessoa que não o delinquente, uma vez que somente
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da o autor da infração penal pode ser responsabiliza-
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a
drogas afins, o terrorismo e os definidos como punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser
crimes hediondos, por eles respondendo os man- cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los, do autor do crime se este houver falecido. No entanto,
se omitirem; refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus
O inciso XLIII estabelece os crimes em que não sucessores até o limite do valor do patrimônio trans-
cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e ferido (herança).
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto, Atenção! Multa é uma espécie de pena (Art. 32, CP)
ele também não é cabível nos crimes elencados. e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H
Art. 5º [...]
Tortura XLVI - a lei regulará a individualização da pena
Tráfico e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
Terrorismo
b) perda de bens;
Hediondos c) multa;
d) prestação social alternativa;
A graça e o indulto são modalidades de perdão e) suspensão ou interdição de direitos;
concedidos pelo Presidente da República, de modo
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
graça, o perdão é concedido de forma individual por lização da pena, uma vez que as penas devem ser

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


meio de decreto e mediante provocação do interes- previstas, impostas e executadas em conformidade
sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
decreto, o qual não possui destinatário certo e inde- individualização deve operar-se em três fases distin-
pende de provocação. O indulto pode ser total ou par- tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
cial (comutação). judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso va, na execução penal.
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a Art. 5º [...]
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade. XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas
nos termos do art. 84, XIX;
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos
b) de caráter perpétuo;
administrativos, como, por exemplo, às transgres- c) de trabalhos forçados;
sões disciplinares de servidores estaduais. d) de banimento;
É importante mencionar que esses crimes são e) cruéis;
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
sória. Ainda, a Lei nº 9.455/1997 trata dos crimes de O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
tortura; a Lei nº 11.343/2006, dos crimes de drogas; como do direito à segurança, estabelece a proibição
a Lei nº 13.260/2016, do terrorismo; a Lei nº 8.072/90 de determinadas penas. Assim, é vedada a pena
cuida dos crimes hediondos. de morte em tempos de paz. Isso porque, quando 201
declarada a guerra pelo Presidente da República após É possível, no entanto, a entrega de brasileiro
a autorização do Congresso Nacional, vigora a parte naturalizado, isto é, que tenha adquirido a naciona-
atinente aos tempos de guerra4 do Código Penal Mili- lidade brasileira por outro motivo que não vinculado
tar (CPM) e Código de Processo Penal Militar (CPPM), ao nascimento (filiação ou local do nascimento), desde
que estabelece, em determinados casos, a pena de que seja por crime comum e que este tenha sido pra-
morte. Exemplo: traição (Art. 355 do CPM)5. ticado antes de sua naturalização. Portanto, quando
o agente tinha outra nacionalidade.
Art. 5º [...] Também é possível a extradição de brasileiro natu-
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen- ralizado por comprovado envolvimento em tráfico ilí-
tos distintos, de acordo com a natureza do deli- cito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
to, a idade e o sexo do apenado; Nesta hipótese, a extradição pode ocorrer tanto antes
quanto depois da naturalização,
O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
à execução da pena privativa de liberdade. Trata- Art. 5º [...]
-se da exigência de que o cumprimento da pena seja LII - não será concedida extradição de estrangei-
feito de acordo com a natureza do crime, a idade e ro por crime político ou de opinião;
o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul- No que se refere à extradição de estrangeiro, o
tos, assim como as mulheres permanecem em local inciso LII veda a entrega por crime político ou de
diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do opinião. Considera-se um crime como político se ele
direito à segurança como do direito à vida. envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
resses do país, do governo ou do sistema político.
Art. 5º [...] O crime político pode ser de dois tipos: próprio e
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte- impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
gridade física e moral; ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
Já o crime político impróprio é aquele crime comum
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à quando conexo ao crime político, de modo a ter
execução da pena privativa de liberdade: a proteção natureza comum, mas conotação político-ideológica,
à integridade física e moral do preso. Busca-se, portan- como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro
to, proteger os indivíduos da força do Estado. Trata-se, para obter fundos para determinado grupo político.
também, de um dos desdobramentos do direito à segu- Por fim, crime de opinião é aquele que se configura
rança, por envolver garantias processuais, e do direito com o abuso da liberdade de expressão ou de pensa-
à vida, por envolver a integridade do indivíduo. mento, como, por exemplo, nos casos dos crimes con-
tra a honra.
Art. 5º [...]
L - às presidiárias serão asseguradas condições
para que possam permanecer com seus filhos Art. 5º [...]
durante o período de amamentação; LIII - ninguém será processado nem sentencia-
do senão pela autoridade competente;
O inciso L traz um princípio relativo à execução
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
amamentados por elas durante a execução da pena. garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
Vale destacar que o art. 89 da Lei nº 7.210/84 (Lei de julgada por uma autoridade especialmente designada
Execução Penal) estabelece que a penitenciária de para o caso. Deste modo, as regras de competência
mulheres terá uma seção para gestantes e parturien- devem estar reestabelecidas no ordenamento jurídi-
tes e uma creche para abrigar crianças entre 6 (seis) co, de forma a assegurar que o julgamento seja reali-
meses e 7 (sete) anos. zado por um juiz independente e imparcial.

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
vo o naturalizado, em caso de crime comum, seus bens sem o devido processo legal;
praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráfico ilícito de O princípio do devido processo legal está disci-
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
A proibição de extradição de brasileiro encon- víduos não sejam presos nem percam seus bens por
tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
medida de cooperação internacional em que um Esta- deverá existir um processo com todas as etapas pre-
do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
que deva responder a processo penal ou cumprir Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-
pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil sível de nulidade.
não entrega brasileiro nato para responder processo
penal ou cumprir pena em outro país.
4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 (CPM) Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o
202 Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi- LVIII - o civilmente identificado não será subme-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegu- tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
rados o contraditório e ampla defesa, com os previstas em lei;
meios e recursos a ela inerentes;
A proibição da identificação criminal da pes-
O inciso LV traz o princípio do contraditório e da soa já civilmente identificada encontra-se no inciso
ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual- LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili-
dade das partes de uma relação processual, bem como zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou
a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá- coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de
ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda-
não pode ser atribuída a uma parte vantagens de que da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi-
a outra não disponha. nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico.
Como consequência, as partes têm acesso a tudo O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento
que consta dos autos, como, por exemplo, todas as pessoal de pessoas já identificadas civilmente.
provas produzidas pela outra parte, podendo mani- Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037/2009 discipli-
festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci- na o inciso e estabelece quais documentos servem para
da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao a identificação civil. Ainda, a regra da não identificação
indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido) criminal não é absoluta e abarca exceções. No entanto,
ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan- tais exceções devem estar disciplinadas em lei6.
te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
quer impedimento aos seus direitos constitucionais. Art. 5º [...]
LIX - será admitida ação privada nos crimes de
Art. 5º [...] ação pública, se esta não for intentada no prazo
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas legal;
obtidas por meios ilícitos;
O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal pri-
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele- vada subsidiária à ação penal pública. Assim, nos
cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita casos em que o representante do Ministério Público
são absolutamente nulas, não podendo gerar qual- não ofereceu a denúncia, não requereu diligências ou
quer efeito no convencimento do juiz. não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial no
prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa crime.
z Prova ilícita é aquela que viola direito material.
A CF/88 não estabeleceu hipótese de restrição
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep-
quanto à aplicação da ação penal privada subsidiá-
tação telefônica sem autorização judicial;
z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces- ria da pública nos processos relativos aos delitos pre-
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem vistos na legislação especial, como, por exemplo, nas
a presença do advogado. ações em que se apuram crimes eleitorais.

Art. 5º [...]
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, ado- LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
tou, por maioria de votos, a denominada teoria fruits atos processuais quando a defesa da intimida-
of poisonous tree (frutos da árvore envenenada). São de ou o interesse social o exigirem;
nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita como
também as derivadas (surgidas em decorrência da pro- Como regra, todo processo é público, ou seja, é
va ilícita). De acordo com essa teoria, todos os frutos permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
dela são também venenosos por contaminação. Assim, casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
tudo que deriva de prova ilícita é também ilícito. outros, essa publicidade é restrita às partes e a seus
procuradores, com o objetivo de resguardar a intimi-
Art. 5º [...] dade dos envolvidos. Também é possível restringir a
LVII - ninguém será considerado culpado até o trân- publicidade quando o interesse da sociedade exigir a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sito em julgado de sentença penal condenatória;
restrição dela, como, por exemplo, em determinados
crimes ou atos envolvendo crianças e adolescentes. É
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino-
importante mencionar, no entanto, que a restrição da
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes
publicidade dos atos processuais não poderá prejudi-
da condenação definitiva em um processo criminal,
car o interesse público à informação.
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso
ocorre, porque quem possui o ônus de provar a culpa
é o Ministério Público, como órgão titular da ação penal Importante!
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des-
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência, A restrição da publicidade é popularmente
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- conhecida como segredo de Justiça.
ponsabilidade do réu até a última instância.
6 Art. 3º (Lei nº 12.037/2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o
indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às inves-
tigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado
de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 203
Art. 5º [...] Além da comunicação ao juiz, a CF/88 prevê a comu-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante nicação à família do preso ou pessoa por ele indicada,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de com o escopo não só de dar notícia de seu paradeiro,
autoridade judiciária competente, salvo nos casos como também de prestar-lhe a assistência devida.
de transgressão militar ou crime propriamen-
te militar, definidos em lei; Art. 5º [...]
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a entre os quais o de permanecer calado, sendo-
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo- -lhe assegurada a assistência da família e de
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. advogado;
Assim, a CF/88 protege os indivíduos da força do Esta-
do, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e Considerando que a liberdade é a regra e a sua
estabelece que a restrição da liberdade só será legíti- restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
ma quando respeitados os parâmetros legais. Trata-se limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
de um dos desdobramentos do direito à segurança, em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
por envolver garantias processuais. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Em termos de processo penal, existem dois tipos silêncio.
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de O silêncio do preso não poderá ser utilizado de for-
sentença penal condenatória transitada em julgado, ma contrária. O acusado não é obrigado a produzir
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- provas contra si mesmo. Ao se calar, esse silêncio não
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de pode ser considerado como prova.
execução penal. Além disso, há a prisão processual, Além disso, o dispositivo também estabelece a
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre assistência da família e do advogado, garantindo tan-
durante a fase de investigação, instrução e antes do to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a é devida.
prisão temporária e a prisão preventiva.
Portanto, durante o curso do processo, o indivíduo Art. 5º [...]
somente será preso se estiver em flagrante delito, ou LXIV - o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
seja:
gatório policial;
z Se o indivíduo estiver cometendo o delito ou se
O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
acabou de cometê-lo;
rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
z se foi encontrado logo após, com algo que faça pre-
Assim, é assegurado ao indivíduo a identificação dos
sumir ser ele o autor da infração7;
responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma
z se for determinado pelo juiz nos demais casos das
vez que lhe é garantido questionar a competência ou
prisões cautelares.
atribuição dessas autoridades em conformidade com
a norma vigente e os princípios constitucionais e de
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, direitos humanos.
quais sejam: transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definido em lei. Quanto às Art. 5º [...]
transgressões, estas estão previstas nos regulamentos LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
disciplinares, tanto das Forças Armadas como das For- da pela autoridade judiciária;
ças Auxiliares. A elas é aplicado procedimento de apu-
ração específico, também garantindo o contraditório O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
e a ampla defesa. Já os crimes militares encontram-se do direito à segurança ao prever o relaxamento da
previstos no Código Penal Militar. prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
Art. 5º [...] dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
encontre serão comunicados imediatamente ao drava nas hipóteses de flagrância do art. 302 do CPP.
juiz competente e à família do preso ou à pessoa Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
por ele indicada; sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
Como a prisão em flagrante é a única modalida- presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
de de prisão acautelatória que não conta com ordem substituí-la por medidas cautelares diversas.
judicial prévia, visto que é imposta no momento em
que a infração penal é praticada ou em momentos Art. 5º [...]
após, faz-se necessário sua comunicação imediata ao LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
dade da prisão. sória, com ou sem fiança;
A CF/88 não fixa o prazo da comunicação, porém o
art. 306, do Código de Processo Penal, estabelece que O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
a comunicação será imediata e os autos remetidos em sua supressão é apenas medida excepcional e somente
até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. deve ser decretada nos casos em que a norma autorizar.
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
204 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 5º [...] De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo corpus em relação a punições disciplinares militares.
a do responsável pelo inadimplemento voluntário Além dos militares das Forças Armadas, essa disposi-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do ção é estendida aos membros das Polícias Militares e
depositário infiel; dos Corpos de Bombeiros Militares (Art. 42, CF/88).
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
dade que não possui caráter de pena e que tem como além dos limites fixados em lei.
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por Art. 5º [...]
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. proteger direito líquido e certo, não amparado
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
na CF/88, embora constitucional, tornou-se ilícita em autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
razão das seguintes Súmulas: ca no exercício de atribuições do Poder Público;

Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão O inciso LXIX traz outro remédio constitucio-
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- nal: o mandado de segurança (MS). Se o HC tutela
lidade do depósito. a liberdade de locomoção e o habeas data, o acesso e
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo- a retificação de dados, o MS é cabível para os demais
sitário judicial infiel. direitos, sendo que seu objetivo e alcance é feito por
exclusão. Cabe destacar que a lei que disciplina o MS
Art. 5º [...] é a Lei nº 12.016/2009.
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que O MS é cabível quando houver direito líquido e
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
violência ou coação em sua liberdade de loco- plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
que os documentos comprobatórios do direito devem
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- estiverem em repartição ou em poder de autoridade
nais são as ações constitucionais previstas na própria que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- temente, no MS, não há fase instrutória.
cimento de direitos fundamentais violados. O MS pode ser de duas espécies:
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
de sofrer constrangimento ilegal em seu direito de ir gal já existente;
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
penais quanto em questões civis, desde que haja cons- de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir trangimento ilegal a direito líquido e certo.
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares.
Existem três modalidades de HC, quais sejam: Não cabe MS contra:

z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em que z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
a ordem é concedida para fazer cessar o constrangi- independentemente de caução;
mento à liberdade de locomoção quando já existente; z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


z Habeas Corpus preventivo, também conhecido suspensivo;
por salvo-conduto, em que a ordem é concedida z Decisão judicial transitada em julgado.
quando houver ameaça ao direito de ir e vir, de
modo a impedir que uma pessoa venha a ter res- Por fim, seu prazo de impetração é de 120 (cento e
tringido seu direito; vinte) dias, contados da ciência do interessado do ato
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é con- impugnado.
cedida pela autoridade judicial sem pedido, quando
esta verificar, no curso de um processo, que alguém Art. 5º [...]
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
está sofrendo ou na iminência de sofrer constrangi-
impetrado por:
mento ilegal em sua liberdade de locomoção.
a) partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
Não cabe HC nos seguintes casos: b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funciona-
z Perda de patente; mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
z Perda de cargo; resses de seus membros ou associados;
z Pena de multa;
z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o Do mesmo modo que o MS individual, é possível
STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe); ingressar com mandado de segurança coletivo nos
z Pena extinta. casos de direitos coletivos, assim entendidos como 205
os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é
seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de a Lei nº 9.507/97. Por essa lei, o HD também é cabível
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por para anotação nos assentamentos do interessado, de
uma relação jurídica básica, e direitos individuais contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
homogêneos, assim entendidos como aqueles decor- justificável e que esteja sob pendência judicial ou ami-
rentes de origem comum e de atividade ou situação gável, em conformidade com o inciso III, do art. 7º.
específica da totalidade ou de parte dos associados ou Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
membros do impetrante.
foram negadas pela Administração Pública (entidades
Trata-se de inovação da CF/88 para a tutela de direi-
governamentais da Administração direta ou indireta)
tos coletivos líquidos e certos, também não amparados
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado)
por HC ou habeas data, quando o responsável pela ile-
galidade for autoridade pública ou agente de pessoa que mantenham banco de dados aberto ao público.
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
O MS coletivo segue as mesmas regras do individual. física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
Para partidos políticos, exige-se representação no as informações solicitadas digam respeito ao próprio
Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi-
senador do partido). Para associação, exige-se que ela co adequado para se ter acesso aos autos do processo
tenha sido constituída há, pelo menos, um ano. administrativo disciplinar (PAD).

Art. 5º [...] Art. 5º [...]


LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
pre que a falta de norma regulamentadora tor- propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
constitucionais e das prerrogativas inerentes à participe, à moralidade administrativa, ao meio
nacionalidade, à soberania e à cidadania; ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI), de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
ação constitucional para a tutela dos direitos previs-
tos na CF/88 inerentes à nacionalidade, à soberania O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
e à cidadania, os quais não podem ser exercidos em a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
razão da falta de norma regulamentadora. Portanto, cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
são pressupostos para o MI: o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
z Existência de um direito constitucionalmente pre- pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
visto com relação à nacionalidade, soberania e maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.
cidadania; Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
z A não autoaplicabilidade desse direito; (dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta-
direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
dora que inviabilize o exercício do direito previsto
possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
na CF/88.
guês em situação de equiparação com brasileiro.
Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei
nº 13.300/2016. gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
A omissão normativa decorrente da não elabora- todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabelece
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o autor
ca ingressarem com o MI. ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada.
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo Importante!
para suprir a omissão.
A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
Art. 5º [...] boa-fé é sempre presumida.
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
a) para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de Art. 5º [...]
registros ou bancos de dados de entidades governa- LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
mentais ou de caráter público; integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
b) para a retificação de dados, quando não se ciência de recursos;
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo; O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas
O habeas data (HD) é o remédio constitucional as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
para a tutela do direito de informação e de intimida- rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
o conhecimento de informações pessoais constantes recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
de banco de dados de entidades governamentais ou por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
abertas ao público, bem como o direito de retificação nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados
206 dessas informações quando errôneas. do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
Art. 5º [...] O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
judiciário, assim como o que ficar preso além do Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
tempo fixado na sentença; positivos da CF/88, em outros diplomas legais, em tra-
tados internacionais, entre outros.
O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do
Poder Público ao prever a responsabilidade civil do Art. 5º [...]
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão § 3º Os tratados e convenções internacionais
por tempo além do fixado em sentença. sobre direitos humanos que forem aprovados,
A responsabilidade civil do Estado será estudada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
posteriormente. turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
Art. 5º [...]
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente O § 3º estabelece as regras para a incorporação
pobres, na forma da lei:
do tratado internacional que verse sobre direi-
a) o registro civil de nascimento;
tos humanos. Via de regra, o tratado internacional,
b) a certidão de óbito;
após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da
República, passa por referendo parlamentar para sua
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci-
incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova,
mento e óbito, a CF/88 assegura que as pessoas pos-
por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
sam ser registradas e possam usufruir dos direitos
sidente da República para sua ratificação, por meio de
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os
Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro-
direitos de possuir um nome, de poder ser matricula-
mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas-
do em uma escola, entre outros. Assim, a CF/88 garante
sa a ter força de lei.
que a falta de recursos financeiros não seja considera-
No caso de tratado sobre direitos humanos, a
da um obstáculo para o exercício de tais direitos.
CF/88 disciplinou a possibilidade de sua incorporação,
seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para
Art. 5º [...]
as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor-
cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5
pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania. dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incorpo-
rado, no ordenamento jurídico, com força de norma
O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios constitucional.
constitucionais de habeas corpus e habeas data. A O § 3º, do art. 5º, da CF/88, foi incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45/2004. Portanto, apenas os tra-
finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas
tados incorporados após essa Emenda e seguindo os
as pessoas a esses remédios constitucionais.
parâmetros do dispositivo possuem força de norma
Art. 5º [...]
constitucional. Para os incorporados anteriormente,
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- caso se refiram aos direitos humanos, são considerados
vo, são assegurados a razoável duração do pro- supralegais (acima de lei federal e inferior às normas
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua constitucionais). Para todos os demais tratados, força
tramitação. legal.

O inciso LXXVIII, do art. 5º, trata do princípio da Art. 5º [...]


celeridade processual. Desta forma, a CF/88 assegu- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
ra a todos, quer no âmbito judicial, quer no âmbito Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
festado adesão.
administrativo, a duração razoável do processo, bem
como dos meios que garantam a celeridade de sua
tramitação. Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Constitucional nº 45/2004. O Tribunal Penal Interna-
Art. 5º [...] cional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto de
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias Roma e tem como finalidade julgar os crimes de geno-
fundamentais têm aplicação imediata. cídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade
e crimes de agressão.
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi- Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
para ser aplicados e exigidos, uma vez que não depen- nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
dem da existência de qualquer outra norma para pro- Nações Unidas.
duzir efeitos.
Garantias Constitucionais Individuais; Garantias dos
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a
Direitos Coletivos, Sociais e Políticos
aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
titucional de eficácia plena, contida e limitada).
É importante não confundir direitos fundamentais
Art. 5º [...] com garantias fundamentais. Os direitos fundamen-
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- tais são vantagens, proteção em favor das pessoas,
tuição não excluem outros decorrentes do regi- como, por exemplo, o direito de informação. Já as
me e dos princípios por ela adotados, ou dos garantias fundamentais são instrumentos processuais
tratados internacionais em que a República Federa- para a defesa daqueles direitos, conhecidos como
tiva do Brasil seja parte. ações ou remédios constitucionais (habeas data, 207
habeas corpus, Mandado de Segurança, Mandado A doutrina e jurisprudência admitem que cônjuge,
de Injunção e a Ação Popular), cujos conceitos já ascendente, descendente ou irmão impetrem habeas
foram introduzidos anteriormente. data em favor de terceiro, caso este esteja incapacita-
do ou ausente.
Habeas Corpus
Mandado de Segurança
Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
ou seja, pode ser requerido sempre que alguém sofrer Agora, passaremos à análise do mandado de segu-
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação rança. Este pode ser individual ou coletivo. Vejamos:
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder; está previsto no inciso LXVIII, art. 5°,
z Mandado de Segurança Individual
da CF e regulamentado nos arts. 647 a 667, do CPP.
Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
Previsto no inciso LXIX, do art. 5°, da CF, e Lei nº
uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
12.016, de 2009, o remédio tem o objetivo de proteger
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
direito líquido e certo.
cometida. Importante frisar também que não existe a
necessidade de um advogado para entrar com a ação.
„ deve ser impetrado no prazo de 120 dias con-
tados do conhecimento da lesão;
z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa;
„ o processo deve estar devidamente instruído
z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
estrangeiro; com as provas.
z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen-
te público que cometeu ilegalidade ou abuso de Importante esclarecer que não há possibilidade
poder contra particular. de produção de provas testemunhais ou periciais após
a sua impetração. Além disso, o mandado de seguran-
Habeas Corpus também pode ser impetrado por ça possui caráter subsidiário, ou seja, quando não for
estrangeiro contra particular — desde que em língua caso de habeas corpus ou habeas data.
portuguesa. É cabível quando existe abuso ou ilegalidade de
Não cabe Habeas Corpus contra punição discipli- autoridade pública. A Súmula 625 do STF dispõe que
nar militar, salvo se imposta por autoridade incom- “Controvérsia sobre matéria de direito não impede con-
petente ou em desacordo com as formalidades legais. cessão de mandado de segurança”, ou seja, eventual
Destacamos, a seguir, algumas Súmulas do impor- dúvida a respeito de qual a interpretação correta da lei
tantes sobre o tema: não impede o deferimento do mandado de segurança.
Não cabe Mandado de segurança nos seguintes
Súmula 395 Não se conhece de recurso de habeas casos:
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
custas, por não estar mais em causa à liberdade de „ Atos meramente informativos;
locomoção. „ Atos já transitados em julgado;
Súmula 431 É nulo o julgamento de recurso crimi- „ Ato administrativo que comporte recurso com
nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou efeito suspensivo;
publicação da pauta, salvo em habeas corpus. „ Ato judicial em fase recursal.
Súmula 692 Não se conhece de habeas corpus con-
tra omissão de relator de extradição, se fundado em
Atenção! Referente aos atos que transitaram em
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
julgado, a jurisprudência admite uma possível mitiga-
Súmula 693 Não cabe habeas corpus contra deci- ção da Súmula 268 do STF. Vejamos:
são condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena No entanto, sendo a impetração do mandado de
pecuniária seja a única cominada. segurança anterior ao trânsito em julgado da
Súmula 694 Não cabe habeas corpus contra a decisão questionada, mesmo que venha a acon-
imposição da pena de exclusão de militar ou de per- tecer, posteriormente, não poderá ser invocado o
da de patente ou de função pública. seu não cabimento ou a sua perda de objeto, mas
Súmula 695 Não cabe habeas corpus quando já preenchidas as demais exigências jurídico-proces-
extinta a pena privativa de liberdade. suais, deverá ter seu mérito apreciado. (EDcl no MS
22.157/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Rel. p/
Habeas Data Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em
14.03.2019, DJe 11.06.2019)
Possui previsão no inciso LXXII, do art. 5°, da CF e
Lei nº 9.507, de 1997, que regula o direito de acesso às „ Agente ativo: pessoa física ou jurídica.
informações e disciplina o rito processual do habeas
data. O rémedio em questão tem o objetivo de acessar Agentes políticos também podem ser sujeitos ativo
ou retificar informações do impetrante (sujeito ativo) ou passivo;
que estão em um órgão público ou que possui caráter
público, como, por exemplo, SPC/SERASA - entidade „ Agente passivo: autoridade, pessoa física
privada de caráter público. revestida de poder público.
Note que, neste caso, precisa ser demonstrado
que foram solicitadas as informações em um primei- União, Estados e DF ingressarão como litisconsor-
ro momento, ou seja, é preciso esgotar todas as via tes necessários, por meio de seus procuradores; no
208 administrativas. caso do município, através de seu Prefeito;
„ Liminar: conforme o inciso III, do art. 7°, da Lei z Agente ativo: qualquer pessoa;
12.016, de 2009, é possível a edição de liminar, z Liminar: não é possível.
neste caso, o juiz poderá determinar a suspensão
do ato que causou a violação do direito, desde Ação Popular
que exista motivo relevante. Vejamos:

Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: É um direito fundamental e individual que está
[...] previsto no inciso LXXIII, do art. 5°, da CF, e na Lei
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedi- nº 4.717, de 1965. Possui como objetivo a proteção do
do, quando houver fundamento relevante e do ato
patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exi- meio ambiente e da moralidade administrativa. Prote-
gir do impetrante caução, fiança ou depósito, com gendo o patrimônio público contra, por exemplo, das
o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa obras superfaturadas.
jurídica.
A Ação popular pode ter duas formas, a preventi-
z Mandado de Segurança Coletivo va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos
do ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
Previsto no inciso LXX, do art. 5°, da CF, e no art. 21
consumados.
da Lei nº 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger
certo grupo de pessoas (corporativo). Os requisitos e
o prazo decadencial são os mesmos do Mandado de z Agente ativo: qualquer cidadão brasileiro. Se este
Segurança individual. abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.

„ Agente ativo: Partido político com representa-


O Ministério Público não pode propor, mas
ção no Congresso Nacional; ou organização sindi-
cal, entidade de classe ou associação legalmente pode assumir andamento e dar execução à decisão
constituída e em funcionamento há pelo menos da ação popular (legitimidade extraordinária ou
um ano, em defesa de seus membros ou associa- superveniente).
dos. Devem demonstrar pertinência temática;
„ Agente passivo: autoridade coatora; z Agente passivo: administrador da entidade que
„ Liminar: é possível, nos termos do inciso III, do
art. 7°, e § 2°, do art. 22, da Lei 12.016, de 2009. Bas- lesionou.
ta representar os requisitos “fumus boni iuris” —
conhecido também como “fumaça do bom direito” Art. 6º (Lei nº 4.717/1965) A ação será proposta con-
ou, ainda, probabilidade do direito” — e “periculum tra as pessoas públicas ou privadas e as entidades
in mora” — “perigo da demora”. referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcioná-
rios ou administradores que houverem autorizado,
Súmulas do STF importantes sobre o tema:
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado,
Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à
segurança coletivo por entidade de classe em favor lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
dos associados independe da autorização destes.
Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi-
timação para o mandado de segurança ainda quan- Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear
do a pretensão veiculada interesse apenas a uma a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
parte da respectiva categoria. ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados,
dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades
Mandado de Injunção de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de
sociedades mútuas de seguro nas quais a União represen-
Tem previsão no inciso LXXI, do art. 5°, da CF, e na te os segurados ausentes, de empresas públicas, de servi-
Lei nº 13.300, de 2016 (Lei do Mandado de Injução), e ços sociais autônomos, de instituições ou fundações para
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
é cabível nas hipóteses em que não há lei específica cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido
regulamentando o direito. É importante frisar que, ou concorra com mais de cinquenta por cento do patri-
além da nº Lei 13.300, de 2016, devem ser observadas, mônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao
de forma subsidiária, as normas da Lei do Mandado patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e
de Segurança, conforme prevê o parágrafo único, do dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
art. 24, da Lei 8.038, de 1990. entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

Art. 24 [...] z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus


Parágrafo único. No mandado de injunção e no
habeas data, serão observadas, no que couber, as boni iuris” — “fumaça do bom direito” e “pericu-
normas do mandado de segurança, enquanto lum in mora” — “perigo da demora”.
não editada legislação específica.
Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não
z Aplicabilidade: quando inexistir uma norma substitui a ação popular.
regulamentadora de direito relacionado à liber-
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti-
dade constitucional e prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Busca o midade para propor ação popular.
exercício do direito para uma pessoa ou certo gru-
po de pessoas. A Ação popular é isenta de custas judiciais e de
Exemplo: direito de greve dos servidores públicos; ônus de sucumbência. 209
Sobre o tema, vejamos também o § 4°, do art. 5°, da Neste sentido, o Estado deve assegurar que a quan-
Lei nº 4.717, de 1965: tidade de alimento seja suficiente para o indivíduo e
sua família, que ele possa se vestir, ter moradia, acesso
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é aos serviços médicos, sociais e de segurança em casos
competente para conhecer da ação, processá-la e de imprevistos. Além disso, devem-se assegurar os cui-
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização dados e assistência devidos à maternidade e à infância.
judiciária de cada Estado, o for para as causas que O referido artigo assegura, ainda, o direito ao tra-
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
balho. Para tanto, o art. 7º estipula as condições neces-
ou ao Município.
sárias para a realização do trabalho e adota medidas
[...]
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus- de proteção ao trabalhador nos seguintes termos:
pensão liminar do ato lesivo impugnado.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais, além de outros que visem à melhoria de
Ainda, é possível requerer a condenação por sua condição social:
perdas e danos em face dos responsáveis pela lesão.
Cabe a todos os cidadãos a fiscalização da vida públi-
Esse dispositivo trata tanto dos trabalhadores urba-
ca, auxiliando, pois, o Estado na boa gestão da vida
nos como dos rurais e funda-se no princípio da igual-
pública. dade. Por essa razão, a CF/88 veda, por exemplo, a
diferenciação de salários, o exercício de funções e crité-
DIREITOS SOCIAIS
rios de admissão que tenham como base a idade, o sexo
ou o estado civil etc. Vejamos as proteções trazidas nele:
Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º
a 11 da CF/88. Esses direitos se dividem em direitos
Art. 7º [...]
sociais propriamente ditos (Art. 6º), direitos trabalhis- I - relação de emprego protegida contra despedida
tas (Art. 7º) e direitos sindicais (Art. 8º a 11). Vejamos: arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú- complementar, que preverá indenização compen-
de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o satória, dentre outros direitos;
transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a A CF/88, do mesmo modo que estipula as condi-
assistência aos desamparados, na forma desta ções necessárias para a realização do trabalho, adota
Constituição. medidas de proteção ao trabalhador contra a despe-
dida arbitrária ou sem justa causa, com o objetivo
Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no de resguardar o trabalhador contra as incertezas do
art. 6º da CF. Tratam-se de direitos ligados à concepção mercado de trabalho. Assim, o inciso I prevê que uma
de que é dever do Estado a garantia, através das polí-
lei complementar estabelecerá indenização compen-
ticas públicas, da igualdade de oportunidades a todos.
satória, dentre outros direitos.
O dispositivo assegura alguns dos direitos denomina-
dos de segunda geração/dimensão, tais como o direito à
educação, trazendo a ideia de que a instrução é o meio
adequado para que o indivíduo possa exercer outros Importante!
direitos, tais como a liberdade de expressão, a liberdade Ainda não foi elaborada lei complementar dis-
de associação, os direitos políticos, entre outros.
ciplinando o assunto. Por essa razão, aplica-se
Usa-se tanto o termo “geração” como “dimensão”
— alguns doutrinadores consideram o termo “dimen- o disposto no art. 10, do Ato das Disposições
são” mais adequado, uma vez que “geração” exprime Constitucionais Transitórias, que fixa como
a ideia de que uma substitui a outra, ao passo que o indenização o valor de 40% do depositado no
termo “dimensão” transmite a ideia de ampliação, a Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
qual uma complementa a outra. como a quantia devida a título de indenização
Trata-se de uma classificação elaborada por Karel compensatória.
Vasak para classificar os direitos em categorias con-
forme o contexto histórico que surgiram. Didatica-
mente, o jurista atrelou as três categorias dos direitos Art. 7º [...]
humanos aos princípios da Revolução Francesa: liber- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
dade, igualdade e fraternidade. Assim, os direitos de involuntário;
primeira geração/dimensão são os direitos de liberda-
de; os de segunda, de igualdade; e os de terceira, de O inciso II trata do seguro-desemprego, que tem
fraternidade. como finalidade assegurar assistência financeira, de
Garante, também, o acesso dos indivíduos a um siste- modo temporário, ao trabalhador que foi dispensado
ma de saúde, além da assistência e proteção econômica
involuntariamente, ou seja, sem justa causa.
em determinados momentos, tais como na incapacidade
temporária ou definitiva, velhice, entre outros. Trata-se,
Art. 7º [...]
pois, de um programa de proteção social para amparar
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
as pessoas em determinados eventos.
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do pos-
sível, pois o Estado deve garantir os direitos em con- O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III.
formidade com seus recursos. Esse dispositivo traz a Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos
ideia de mínimo existencial, ou seja, de um padrão de desemprego involuntário, aposentadoria, entre
mínimo de condições materiais aceitáveis para uma outras situações, de modo que o trabalhador possa
210 vida com dignidade. sacar esses valores.
De acordo com a atual orientação do STF, o prazo O inciso VI traz a regra de que o salário do traba-
prescricional para o trabalhador reclamar valores do lhador não pode ser reduzido. A redução somente é
FGTS é de cinco anos (prescrição quinquenal), tendo, admitida por meio de negociação coletiva com a par-
como base, o princípio da segurança jurídica (ARE nº ticipação obrigatória do sindicato.
709.212, STF). A Medida Provisória (MP) nº 936/2020, que foi edi-
tada em razão da pandemia da COVID-19, passou a
Art. 7º [...] permitir a redução salarial por meio de acordo indi-
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen- vidual firmado entre o empregador e o empregado,
te unificado, capaz de atender a suas necessidades ou seja, sem a participação do sindicato. Consideran-
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- do que o texto constitucional estabelece que o acordo
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie- seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, que mante-
ne, transporte e previdência social, com reajustes ve a eficácia da regra (acordo individual) de redução
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, temporária do salário por, no máximo, 90 (noventa)
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; dias, sob o fundamento de que se trata de momento
excepcional e que o acordo individual seria razoável
O inciso IV estabelece a existência de uma remu- por preservar o vínculo de emprego durante o perío-
neração mínima, justa e suficiente para assegurar ao do, bem como a atuação do sindicato demandaria
trabalhador e a sua família uma vida digna. Assim, o demora, gerando insegurança jurídica e aumentando
salário mínimo deve ter a capacidade de atender às o risco de desemprego.
necessidades tanto do trabalhador como de sua famí-
lia. Cumpre mencionar que o valor deve ser fixado Art. 7º [...]
em lei, ou seja, faz-se necessário a edição de lei para a VII - garantia de salário, nunca inferior ao míni-
fixação do valor do salário mínimo. mo, para os que percebem remuneração variável;
Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei (em O inciso VII é um desdobramento do inciso IV ao
sentido estrito), podendo a definição de tais valores estabelecer que todo trabalhador tem o direito a rece-
ser feita por meio de decreto presidencial. Sobre o ber uma remuneração justa e satisfatória que lhe asse-
tema, existem quatro Súmulas Vinculantes importan- gure existência compatível com a dignidade humana.
tes, as quais é importante conhecer:
Art. 7º [...]
Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs- VIII - décimo terceiro salário com base na remu-
tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser neração integral ou no valor da aposentadoria;
usado como indexador de base de cálculo de vanta-
gem de servidor público ou de empregado, nem ser O inciso VIII estabelece o décimo terceiro salá-
substituído por decisão judicial. rio ou gratificação de Natal aos trabalhadores. Para
Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF no os servidores públicos, a gratificação recebe o nome
estabelecimento de remuneração inferior ao míni- de adicional natalino. Tal gratificação foi introduzida
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores pela Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao trabalhador
do serviço militar inicial. formal e com carteira assinada o correspondente a
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica- 1/12 de sua remuneração ou aposentadoria.
ções e outras vantagens do servidor público não
incide sobre o abono utilizado para se atingir o Art. 7º [...]
salário mínimo. IX - remuneração do trabalho noturno superior
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e 39, à do diurno;
§ 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
referem-se ao total da remuneração percebida pelo
O inciso IX trata do trabalho noturno. De acordo
servidor público.
com o dispositivo, a remuneração deve ser superior

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Art. 7º [...] ao trabalho no período diurno.
V - piso salarial proporcional à extensão e à com- A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ao
plexidade do trabalho; regular a matéria, estabelece, no art. 73, como período
noturno, o trabalho desenvolvido entre as 22h de um
O inciso V assegura contraprestação mínima aos dia e as 5h do dia seguinte. Assim, durante esse perío-
trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro- do, o adicional é de, pelo menos, 20% sobre a hora diur-
fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi- na. Além disso, o cômputo da hora também é realizado
cos, farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em de forma diferente, uma vez que cada hora noturna
consideração a extensão e a complexidade do trabalho possui cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
e não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo. Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi-
Diferentemente do salário mínimo, que é nacio- dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de
nalmente unificado, é possível que os Estados e o Dis- um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se
trito Federal instituam piso salarial estadual diferente às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior.
do nacional, em conformidade com o parágrafo único, Acresce que o adicional é de 25% e que não há previ-
do art. 22, da CF/88, e Lei Complementar nº 103/2000. são de cômputo diferenciado para a hora noturna.

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto X - proteção do salário na forma da lei, consti-
em convenção ou acordo coletivo; tuindo crime sua retenção dolosa; 211
O inciso X estabelece a criminalização da conduta Assim como o inciso anterior, o inciso XIV tam-
de retenção do salário como uma das formas de prote- bém prevê limite para a jornada de trabalho. Esse
ção ao trabalhador. Salienta-se que a conduta somente dispositivo se aplica aos casos de jornada de trabalho
será considerada como crime se houver dolo, ou seja, com turnos ininterruptos e de revezamento, ou seja,
quando o empregador não paga porque não quer. aqueles locais que funcionam 24 horas por dia. Nesses
Cumpre esclarecer que esse inciso possui eficácia cons- casos, o empregado não poderá trabalhar mais de 6
titucional limitada e carece de lei regulamentadora. horas. Ressalta-se, por fim, a possibilidade de negocia-
ção coletiva para aumentar a jornada.
Art. 7º [...]
XI - participação nos lucros, ou resultados, des-
Art. 7º [...]
vinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
participação na gestão da empresa, conforme
mente aos domingos;
definido em lei;

A participação nos lucros ou resultados, em O inciso XV garante o descanso do trabalhador.


caráter excepcional, na gestão da empresa encon- Trata-se do repouso semanal remunerado, também
tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor des- denominado descanso semanal remunerado (DSR),
vinculado da remuneração e definido em lei. Esse que é a possibilidade de o trabalhor ausentar-se de seu
inciso também possui eficácia limitada, porém é regu- trabalho por 24 (vinte e quatro) horas, mantendo-se a
lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000. remuneração respectiva. Para o descanso e recompo-
sição do empregado, a CF/88 estabelece, como prefe-
Art. 7º [...] rência, os domingos.
XII - salário-família pago em razão do depen-
dente do trabalhador de baixa renda nos termos Art. 7º [...]
da lei; XVI - remuneração do serviço extraordinário
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-se normal;
de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a 70, da
Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos trabalhadores que O pagamento de horas extras encontra-se previs-
possuem filhos ou equiparados de até 14 anos, ou com to no inciso XVI. A CF/88, além de fixar a duração da
algum tipo de deficiência. Para ter direito ao valor, o jornada de trabalho, com o objetivo de evitar abusos
trabalhador deve enquadrar-se no limite máximo de por parte do empregador, garante ao trabalhador que
renda estipulado pela Administração Pública.
os serviços prestados que excedam a jornada normal
Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o bene-
de trabalho sejam considerados extraordinários e
fício era pago a todos os trabalhadores. Após sua edição,
pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que o
o salário-família ficou restrito ao trabalhador de baixa
valor normal.
renda. Para o ano de 2021, a tabela do Governo Federal
fixou o valor do salário-família em R$ 51,27 e limitou o
Art. 7º [...]
benefício aos trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25.
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
Art. 7º [...] pelo menos, um terço a mais do que o salário
XIII - duração do trabalho normal não superior normal;
a oito horas diárias e quarenta e quatro sema-
nais, facultada a compensação de horários e a O inciso XVII estabelece o direito às férias. Tra-
redução da jornada, mediante acordo ou conven- ta-se do descanso anual do trabalhador, que deve ser
ção coletiva de trabalho; remunerado e acrescido de, pelo menos, 1/3 a mais do
que o salário normal.
O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária
em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida, Art. 7º [...]
porém, a compensação de horários e a redução da jor- XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do empre-
nada, por meio de acordo ou convenção coletiva de go e do salário, com a duração de cento e vinte
trabalho. Trata-se dos denominados bancos de horas dias;
e as escalas de revezamento.
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e espa- A licença à gestante encontra-se prevista no inci-
nhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição de 4 so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-nascidos
horas no intervalo entre segunda e sexta-feira, de ou adotados de permanecerem com suas genitoras no
modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jornada momento inicial de sua vida ou na casa da adotante,
de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a totalizar da nova vida, com o objetivo de desenvolver vínculos
44 horas. Na jornada espanhola, há uma alternância na
de afeto e cuidados necessários para o desenvolvimen-
prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em
to saudável da criança. Constitucionalmente, o prazo
outra, como, por exemplo, trabalhando sábados alter-
de duração é de 120 dias, porém a Lei nº 11.770, de
nados. Assim, haveria uma média de 44 horas sema-
2008 estendeu, para determinados casos, esse período
nais, o que evitaria o pagamento de hora extra.
de licença para 180 dias.
Art. 7º [...] A Lei nº 12.010, de 2009, (Lei da Adoção) estendeu
XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali- às adotantes o mesmo prazo de licença das gestantes,
zado em turnos ininterruptos de revezamento, passando a ser de, no mínimo, 120 dias. Antes, a dura-
212 salvo negociação coletiva; ção da licença variava conforme a idade do filho.
Art. 7º [...] efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um maior
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em grau de atenção ou sacrifício físico ou mental, como,
lei; por exemplo, serviços industriais em que o trabalha-
dor é submetido a uma altura superior a três metros.
O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, Por outro lado, na atividade insalubre, há um com-
ao contrário do que ocorre com a licença à gestante, prometimento à saúde do trabalhador devido a seu
não possui prazo fixado pela CF/88. Refere-se, tam- ambiente de trabalho, como, por exemplo, o traba-
bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no lhador que é submetido a calor ou a frio intenso ou
momento inicial de sua vida. a ruído contínuo e intermitente. Por fim, atividade
perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do traba-
Art. 7º [...] lhador, como, por exemplo, a exercida em instalações
XX - proteção do mercado de trabalho da elétricas de grandes voltagens.
mulher, mediante incentivos específicos, nos ter-
mos da lei;
Importante!
O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,
de normas de proteção do mercado de trabalho da De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho
mulher. O dispositivo tem por objetivo proporcionar (TST), não é possível a percepção cumulativa
a efetiva igualdade entre homens e mulheres. Tais dos adicionais de insalubridade e periculosidade.
regras foram introduzidas pela CLT e tratam de temas
como duração e condições de trabalho, a discrimina-
ção, o trabalho noturno, a proteção à maternidade, Art. 7º [...]
entre outros. XXIV - aposentadoria;

Art. 7º [...] A aposentadoria está estabelecida no inciso XXIV,


XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de de modo a assegurar ao trabalhador o afastamento de
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter- suas atividades após o cumprimento dos requisitos
mos da lei; previstos em lei, tais como idade e tempo de contri-
buição, bem como por motivo de incapacidade.
O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.
Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser Art. 7º [...]
surpreendido com o seu desligamento e poder pro- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependen-
gramar-se para voltar a enfrentar à concorrência do tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio de em creches e pré-escolas;
é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de ser-
O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-
viço prestado à empresa, maior a sua permanência
-escola devida aos filhos e dependentes dos trabalha-
antes do desligamento. O prazo mínimo previsto na
dores desde o nascimento até os 5 anos.
CF/88 é de 30 (trinta) dias.
Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006, o pri-
De acordo com o STF, o inciso XXI é uma norma
meiro ano do ensino fundamental passou a ser cursa-
constitucional híbrida, uma vez que possui uma parte
do a partir dos 6 anos de idade. É por essa razão que
de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e outra limitada
o auxílio creche ou auxílio pré-escola é devido até os
(nos termos da lei). Nos termos da Lei nº 12.506, de
5 anos (cessa ao completar 6 anos quando pode fre-
2011, a esses 30 dias serão acrescidos três dias por ano
quentar a escola).
de serviço prestado na mesma empresa até o total de
60 dias. Portanto, a duração máxima do aviso prévio é Art. 7º [...]
de 90 dias (30 dias assegurados pela CF/88 e outros 60 XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
previstos na lei). coletivos de trabalho;

O inciso XXVI ressalta a importância das entida-


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 7º [...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, des sindicais nas negociações coletivas, de modo a
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; permitir que se incrementem as condições sociais dos
trabalhadores.
O inciso XXII traz a obrigação do empregador de pre-
servar a saúde do trabalhador por meio da adoção de Art. 7º [...]
XXVII - proteção em face da automação, na forma
medidas, quer individuais quer coletivas, que o previ-
da lei;
nam e o protejam dos riscos ambientais do trabalho.
A proteção em face da automação é assegurada
Art. 7º [...] no inciso XXVII. Trata-se de um mecanismo de proteção
XXIII - adicional de remuneração para as ativida-
do trabalhador que perdeu seu posto de trabalho para
des penosas, insalubres ou perigosas, na forma
a automação, ou seja, pela máquina, de modo que a lei
da lei;
possa criar meios, tais como cursos e treinamentos, que
possibilitem sua recolocação no mercado de trabalho.
O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida-
des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno- Art. 7º [...]
sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
que exige, para a sua realização, esforços físicos repe- cargo do empregador, sem excluir a indenização
tivos e intensos, de modo a causar esgotamento ou a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um dano ou culpa; 213
O seguro contra acidentes de trabalho encon- Art. 7º [...]
tra-se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de com- XXXII - proibição de distinção entre trabalho
petência do empregador e não exclui a indenização manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
a que este está obrigado no caso de incorrer em dolo sionais respectivos;
ou culpa.
Mais um dispositivo que decorre do princípio
Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do Trabalho da igualdade e veda a distinção entre as atividades
é competente para processar e julgar as ações desempenhadas, ou seja, a atividade manual não
de indenização por danos morais e patrimoniais poderá ser tida como mais ou menos importante que
decorrentes de acidente de trabalho propostas por
a intelectual por exemplo.
empregado contra empregador, inclusive aquelas
que ainda não possuíam sentença de mérito em
Art. 7º [...]
primeiro grau quando da promulgação da Emenda
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigo-
Constitucional 45/2004.
so ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
Art. 7º [...] quer trabalho a menores de dezesseis anos,
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das salvo na condição de aprendiz, a partir de qua-
relações de trabalho, com prazo prescricional torze anos;
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção O inciso XXX estabelece os limites etários para o
do contrato de trabalho; desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos não
a) (Revogada). é possível o desempenho da atividade laboral, exceto
b) (Revogada). no caso de aprendiz, que poderá desenvolver a ativi-
dade entre 14 e 24 anos.
O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra- Atenção! Aprendiz não se confunde com estagiá-
balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes de coo-
com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da peração governamental, como, por exemplo, o SENAC
extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos e o SENAI, para aprender uma profissão, ou seja, a
créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo: formação profissional é desenvolvida no ofício. Por
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre outro lado, estagiário é o estudante que complemen-
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois anos ta, por meio do trabalho, o ensino do curso que está
da extinção do contrato de trabalho) para promover a desenvolvendo. Estagiário não é empregado nem está
açao e poderá cobrar os créditos dos últimos 5 anos, submetido a limite de idade.
ou seja, se ingressou em 2020, poderá pleitear os cré- Além disso, o dispositivo veda o trabalho noturno,
ditos de 2015 em diante. perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e menores
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e de 18 anos, por se tratarem de pessoas em formação.
“prescrição total”, é importante distinguir que pres- Acerca do trabalho insalubre, a Consolidação da
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que ocor- Leis do Trabalho assim dispõe:
re dentro do contrato de trabalho, tendo como prazo 5
anos. Já a prescrição total é aquela que ocorre após o Art. 405 Ao menor não será permitido o trabalho:
fim do contrato de trabalho, ou seja, de 2 anos. Caso o I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres,
empregado não ingresse com a ação em até dos 2 anos constantes de quadro para êsse fim aprovado pelo
após a extinção do contrato, ele não terá direito de Diretor Geral do Departamento de Segurança e
receber nenhuma verba, pois houve a prescrição total. Higiene do Trabalho;
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua
Art. 7º [...] moralidade.
XXX - proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
Importante!
O inciso XXX decorre do princípio da igualdade e Não há previsão expressa do trabalho penoso
foi tratado anteriormente quando explanado acerca aos menores de 18 anos.
do salário.

Art. 7º [...] Art. 7º [...]


XXXI - proibição de qualquer discriminação no XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha-
tocante a salário e critérios de admissão do traba- dor com vínculo empregatício permanente e o
lhador portador de deficiência; trabalhador avulso

Também em decorrência do princípio da igualda- O inciso XXXIV também decorre do princípio da


de, a CF/88 veda qualquer tipo de discriminação do igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de direitos
trabalhador com deficiência. A proibição estende-se entre os trabalhadores com vínculo empregatício e os
desde a sua admissão. Assim sendo, o fato de o tra- trabalhadores avulsos. Entende-se por trabalhador avul-
balhador possuir uma limitação, quer física, psíquica so aquele que, de forma sindicalizada ou não, presta
ou intelectual, não tem o condão de permitir que o serviços tanto de natureza urbana como rural, sem pos-
empregador pague uma contraprestação diversa dos suir vínculo empregatício e a diversas empresas, com
demais funcionários por exemplo. intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou,
quando se tratar de atividade portuária, com interme-
214 diação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO).
Art. 7º [...] A representação e substituição do sindicato na
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos defesa dos direitos e interesses de seus membros está
trabalhadores domésticos os direitos previstos disciplinada no inciso III.
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e Art. 8º [...]
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em IV - a assembleia geral fixará a contribuição
lei e observada a simplificação do cumprimento que, em se tratando de categoria profissional, será
das obrigações tributárias, principais e acessórias, descontada em folha, para custeio do sistema
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari- confederativo da representação sindical respec-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV tiva, independentemente da contribuição prevista
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência em lei;
social.
O inciso IV trata da contribuição confederativa
Por fim, o parágrafo único trata dos direitos dos sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu-
trabalhadores domésticos. Considera-se doméstico ma das contribuições relativas à atividade sindical
o trabalhador que presta serviços de natureza contí- é obrigatória, de modo a depender de autorização
nua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à famí- expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente
lia no âmbito residencial destas, como, por exemplo, quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a
cozinheiro residencial, jardineiro, babá, entre outros. contribuição confederativa prevista nesse dispositivo.
O dispositivo remete a determinados incisos, que já
foram trabalhados anteriormente, cuja leitura na Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição sindical
íntegra é imprescindível para a sua aprovação. está condicionado à autorização prévia e expressa
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados dos que participem de uma determinada categoria
nos art. 8º a 11. Vejamos cada um deles: econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da
Art. 8º É livre a associação profissional ou sin- mesma categoria.
dical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con-
para a fundação de sindicato, ressalvado o regis- federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui-
tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi- ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato
co a interferência e a intervenção na organização respectivo.
sindical;
Art. 8º [...]
O inciso I traz o princípio da liberdade sindical. V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
Pelo dispositivo, é possível observar duas situações ter-se filiado a sindicato;
distintas. A primeira refere-se à relação entre o Esta-
do e o sindicato. Já a segunda, entre o sindicato e o O inciso V é um desdobramento do direito à liber-
sindicalizado. Portanto, essa liberdade de associação dade de associação, previsto no art. 5º, da CF/88.
sindical possui dupla dimensão, de modo a assegurar
o direito dos trabalhadores em geral de criarem enti- Art. 8º [...]
dades sindicais, como também a liberdade de aderi- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
rem ou não ao sindicato, assim como se desfiliarem nas negociações coletivas de trabalho;
conforme sua vontade.
De acordo com o STF, para que um sindicato possa As entidades sindicais possuem a denominada
defender a categoria, não é preciso estar registrado no função negocial. Assim, com o objetivo de assegurar
órgão competente (Ministério do Trabalho), bastando o melhores condições e direitos aos trabalhadores, o
registro no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. inciso IV estabelece como obrigatória a participação
dos sindicatos nas negociações coletivas.
Art. 8º [...]

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


II - é vedada a criação de mais de uma organi- Art. 8º [...]
zação sindical, em qualquer grau, representativa VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
de categoria profissional ou econômica, na mesma ser votado nas organizações sindicais;
base territorial, que será definida pelos trabalha-
dores ou empregadores interessados, não podendo O inciso VII cuida do direito de votar e ser votado
ser inferior à área de um Município; do aposentado filiado à entidade sindical.

O inciso II traz o princípio da unicidade sindical, Art. 8º [...]


ou seja, a regra pela qual é vedada a criação de mais VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
de uma organização sindical na mesma base territo- dicalizado a partir do registro da candidatura
rial. Por essa razão, a CF/88 definiu a base territorial a cargo de direção ou representação sindical
mínima, ou seja, o Município. No entanto, não especi- e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
ficou a base máxima, de modo que pode haver um sin- final do mandato, salvo se cometer falta grave
dicato para a defesa da categoria no âmbito estadual nos termos da lei.
ou nacional.
A estabilidade do dirigente sindical encontra-se
Art. 8º [...] prevista no inciso VIII. Seu objetivo é permitir que seus
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte- dirigentes atuem sem medo de represálias, ou seja, de
resses coletivos ou individuais da categoria, serem desligados do emprego devido à atuação. Trata-se,
inclusive em questões judiciais ou administrativas; portanto, da regra que proíbe a dispensa do empregado 215
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de
de direção ou representação sindical. No caso dos elei- promover o entendimento e facilitar o diálogo entre
tos, mesmo que na condição de suplentes, a estabilidade empregados e empregador em empresas maiores
perdura até um ano após o final do mandato. (com mais de 200 funcionários), a formação de uma
Observa-se, no entanto, que a estabilidade não é comissão de representação.
absoluta, uma vez que é possível a demissão em caso Atenção! Os representantes não se confundem
de cometimento de falta grave. Ainda, cabe destacar com os dirigentes sindicais.
que, de acordo com a alínea “a”, do inciso II, do art.
10, do ADCT, os membros da Comissão Interna para NACIONALIDADE
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos trabalha-
O direito à nacionalidade é a garantia de ter um
dores também possuem estabilidade; já os indicados
vínculo político-jurídico com um país, uma vez que
pelo empregador não a possuem.
todas as pessoas têm direito de vincular-se a um Esta-
do Soberano para que este possa assegurar a proteção
Art. 8º [...]
dos seus direitos fundamentais.
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
A ausência de vínculo enseja a condição de apátri-
cam-se à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores, atendidas as condições
da e impede que o indivíduo pleiteie proteção jurídi-
que a lei estabelecer. ca básica por não estar vinculado a nenhum estatuto
pessoal. Deste modo, ter uma nacionalidade significa
ter direito à proteção jurídica e política por parte de
Por fim, o parágrafo único estabelece que essas
um Estado.
regras também são aplicadas aos sindicatos rurais e
A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
de pescadores.
Vejamos:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competin-
z Nacionalidade originária é aquela que decor-
do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
re do nascimento e, a depender do Estado, pode
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
meio dele defender.
seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
nis), ou o critério do local do nascimento (jus solis),
ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é possível
O direito de greve dos trabalhadores encontra-se
a coexistência de mais de uma nacionalidade (ex.:
assegurado no art. 9º, da CF/88. Inicialmente, há de se
filho de italiano nascido no Brasil é italiano por
esclarecer que a expressão “trabalhadores” refere-se
sangue e brasileiro por solo);
aos empregados da iniciativa privada, geralmente
z Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
regidos pela CLT. Em síntese, greve é a suspensão tem-
qualquer outro fator que não o nascimento, como,
porária das atividades laborais desenvolvidas e tem por exemplo, passar a residir em um país ou casar-
como causa o interesse dos trabalhadores. -se com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade
deste (essa hipótese não existe no direito brasi-
Art. 9º [...] leiro, pois o casamento com brasileiro, por si só,
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
não dá o direito à nacionalidade brasileira). Para
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
adquirir a nacionalidade derivada, é necessário
des inadiáveis da comunidade.
um procedimento chamado de naturalização e, em
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, por
às penas da lei.
ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade ante-
rior (direito de opção).
No que se refere aos serviços essenciais, tais como
transporte público, serviços de fornecimento de luz, Os direitos de nacionalidade estão disciplinados
água, entre outros, o direito de greve é assegurado, nos arts. 12 e 13, da CF/88. Vejamos cada um deles:
mas sofre restrições. A lei que disciplina a greve dos
trabalhadores dos serviços essenciais é a Lei nº 7.783, Art. 12 São brasileiros:
de 1989. I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
Art. 10 É assegurada a participação dos traba-
não estejam a serviço de seu país;
lhadores e empregadores nos colegiados dos
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
órgãos públicos em que seus interesses profissio-
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
nais ou previdenciários sejam objeto de discussão
serviço da República Federativa do Brasil;
e deliberação.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
de mãe brasileira, desde que sejam registrados
O art. 10 decorre do direito a uma gestão em repartição brasileira competente ou venham a
democrática, ou seja, de participação junto aos residir na República Federativa do Brasil e optem,
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte- em qualquer tempo, depois de atingida a maiori-
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun- dade, pela nacionalidade brasileira;
dos previdenciários.
No que se refere à nacionalidade originária, a
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre- CF/88 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema misto
gados, é assegurada a eleição de um representan- de definição da nacionalidade, uma vez que os dois
te destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes critérios estão inseridos em seu dispositivo para defi-
216 o entendimento direto com os empregadores. nir brasileiro nato.
A alínea “a” adota o critério territorial ao con- originária. Esse Estatuto encontra respaldo no Decre-
siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro, tanto to nº 3.927, de 2001, que promulgou o Tratado de Ami-
de pais brasileiros como estrangeiros, desde que estes zade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal.
não estejam a serviço de seus países.
A alínea “b” adota o critério sanguíneo aliado Art. 12 [...]
ao trabalho, ao considerar brasileiro aquele que nas- § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
ceu fora do solo brasileiro, porém possuindo pai ou brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Bra- casos previstos nesta Constituição.
sil, como, por exemplo, filho de diplomata brasileiro a
serviço no Japão. De acordo com o § 2º, independentemente de a
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguí- nacionalidade ter sido adquirida de modo originário
neo aliado à opção ou registro do nascimento em ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi-
repartição competente, considerando como brasilei- tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra-
ro aquele que nasceu fora do território brasileiro, sen- mento do direito à igualdade.
do filho de pai ou mãe brasileiros sem que qualquer Como nenhum direito é absoluto, a CF/88 pode
um deles estivesse a serviço do Brasil, e foi registrado estabelecer tratamento diferente aos natos e natu-
na repartição brasileira competente no exterior (Con- ralizados. A única distinção constitucional existente
sulado). Também é considerado brasileiro nato por encontra-se no parágrafo seguinte:
essa alínea aquele que nasceu fora do território bra-
sileiro, sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que Art. 12 [...]
qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e veio § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
a residir no Brasil, tendo optado pela nacionalidade I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
brasileira após atingida a maioridade. Exemplo: filha II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
de alemã com brasileiro nascida na Alemanha, mas se III - de Presidente do Senado Federal;
mudou para o Brasil e, tendo completado 18 (dezoito) IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
anos, tenha optado pela nacionalidade brasileira. V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
Art. 12 [...] VII - de Ministro de Estado da Defesa.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- Observa-se que os brasileiros naturalizados pos-
dade brasileira, exigidas aos originários de países
suem todos os direitos dos brasileiros natos, salvo o
de língua portuguesa apenas residência por um
acesso a determinadas funções públicas. Os cargos
ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, elencados no § 3º não podem ser preenchidos por bra-
residentes na República Federativa do Brasil há sileiros naturalizados, nem por estrangeiros. Observa-
mais de quinze anos ininterruptos e sem con- -se que os quatro primeiros incisos se referem ao Chefe
denação penal, desde que requeiram a nacionali- de Estado e àqueles que estão em sua ordem sucessó-
dade brasileira. ria. O inciso V refere-se àqueles que irão representar
o Estado brasileiro no exterior, enquanto os incisos VI
Conforme vimos, a naturalização é o meio pelo e VII têm relação com a segurança nacional.
qual se adquire a nacionalidade por outro motivo que Vale destacar que o brasileiro naturalizado poderá
não o nascimento. Trata-se do ato pelo qual um país ser senador ou deputado, só não poderá ser presiden-
concede a um estrangeiro a qualidade de nacional te das casas.
desse Estado. A naturalização pressupõe pedido da
parte interessada. Art. 12 [...]
O inciso II estabelece, como critério para que se § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
adquira a naturalização, o lapso temporal. No caso brasileiro que:
dos estrangeiros originários de países de língua portu- I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
guesa, tais como Portugal, Cabo Verde, Moçambique, ça judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
entre outros, a Norma Constitucional prevê residência
de apenas um ano ininterrupta e idoneidade moral. Já II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
para os demais estrangeiros, faz-se necessário residir a) de reconhecimento de nacionalidade originária
por mais de 15 (quinze) anos e não possuir condena- pela lei estrangeira;
ção penal. b) de imposição de naturalização, pela norma
Note que, além do prazo de residência, enquan- estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em
to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não
seu território ou para o exercício de direitos civis;
deve existir condenação penal.

Art. 12 [...] Por fim, o § 4º traz as hipóteses de perda da


§ 1º Aos portugueses com residência permanente nacionalidade. A primeira possibilidade é a perda
no País, se houver reciprocidade em favor de brasi- da nacionalidade derivada (aquela adquirida pela
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- naturalização), que ocorrerá quando houver sentença
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. judicial determinando seu cancelamento, em decor-
rência do envolvimento do naturalizado em atividade
O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocidade nociva ao interesse do Estado.
para os portugueses residentes de forma permanente A segunda possibilidade decorre do denominado
no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do Esta- princípio da vassalagem, isto é, a aquisição de nacio-
tuto da Igualdade no que se refere aos direitos e obri- nalidade derivada implica a perda da nacionalidade
gações civis e políticos sem a perda da nacionalidade de origem. 217
A perda da nacionalidade originária aplica-se ape- De acordo com o art. 14 da CF, a soberania popular
nas aos naturalizados. Aqueles que possuem mais de será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto dire-
uma nacionalidade originária podem manter todas as to e secreto, mediante:
nacionalidades de forma concomitante. Exemplo: filho
de japonês que nasce em solo brasileiro é brasileiro pelo z Plebiscito;
critério territorial e japonês pelo critério sanguíneo. z Referendo;
Observa-se que a perda da nacionalidade pelo z Iniciativa popular.
naturalizado também comporta uma exceção: imposi-
ção de naturalização como condição para permanên- Antes de prosseguir no estudo dos direitos políticos,
cia em território estrangeiro ou para o exercício de faz-se importante conceituar e diferenciar os meca-
direitos civis, como, por exemplo, um brasileiro que nismos de democracia direta elencados acima, quais
vai trabalhar em outro país. sejam: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade por ter Tanto o plebiscito quanto o referendo são instru-
se naturalizado poderá readquirir a nacionalidade mentos que se destinam à consulta popular sobre
brasileira ou ter revogado o ato que declarou a sua determinado assunto (ato administrativo ou lei).
perda, retornando à condição de brasileiro nato por A principal diferença entre eles está atrelada ao
expressa previsão da Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de momento da consulta.
Migração). Exemplo: brasileira que se casa com ale- No plebiscito, a consulta é prévia, ou seja, antes da
mão e naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu criação do ato administrativo ou da lei, convocam-se
marido e volta ao Brasil. os cidadãos para responderem à consulta. Ao passo
que, no referendo, primeiro cria-se o ato administra-
Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial tivo ou a lei, e depois se autoriza a consulta ao povo.
da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Bra-
sil a bandeira, o hino, as armas e selo nacionais. Dica
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Para ajudar na memorização da diferença entre
poderão ter símbolos próprios.
o plebiscito e o referendo, associe:
Plebiscito com PREbiscito: o termo pre remete
O art. 13 não é um direito de nacionalidade, mas
estabelece regras com relação ao Estado brasileiro. para algo que ocorre previamente/antes/ante-
A primeira regra diz respeito ao idioma oficial, que rior, tal como o plebiscito que a consulta popular
é a língua portuguesa. Trata-se, portanto, da língua é prévia.
que toda a população brasileira deve utilizar em suas Referendo com REFERIR: o termo referir remete
ações oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti- para algo que “diz respeito” ou “que tem relação”,
tuições do Estado. A outra regra diz respeito aos sím- ou seja, que já aconteceu/falou/fez/existe, tal
bolos do Brasil. como no referendo que a consulta é posterior à
Para memorizar os símbolos, utilize o mnemônico criação do ato administrativo ou da lei.
BAHIAS:
A Iniciativa Popular é um instrumento de demo-
BAndeira cracia direta que permite aos cidadãos a apresentação
HIno de proposta de lei, desde que preenchidos os seguintes
Armas requisitos previstos no § 2º, do art. 61, da CF:
Selo nacional
Art. 61 [...]
A última regra diz respeito ao fato de os Estados- § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
-membros, Distrito Federal e Municípios possuírem apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
símbolos próprios. Alguns Estados-membros possuem de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
símbolos diferentes, como, por exemplo, o Estado de eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
São Paulo, que, de acordo com o art. 7º, de sua Cons- cinco Estados, com não menos de três décimos por
tituição Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o cento dos eleitores de cada um deles.
brasão de armas e o hino. Não constam o selo e as
armas, estando, portanto, de forma diversa da CF/88. Da leitura do dispositivo acima, extrai-se os seguin-
tes pontos:
CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
z Deve ser proposto na Câmara de Deputados;
Os direitos políticos encontram-se disciplinados z É necessário a assinatura de, no mínimo, 1% (um
nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal. São direi- por cento) do eleitores brasileiros;
tos relacionados com a participação popular, funda- z Este 1% (um por cento) deve ser composto de elei-
dos na ideia de que os cidadãos possuem o direito de tores de, pelos menos, 05 (cinco) Estados-membros.
influenciar as decisões do Estado, bem como de influir z Cada um dos Estados-membros referidos acima
na formação da vontade deste. deve possuir no mínimo 0,3% (três décimos) do seu
Os direitos políticos conferidos à população brasi- próprio eleitorado estadual.
leira são exercidos através do sufrágio universal, que
é compreendido pela: Direitos Políticos Ativos

z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; É o que confere ao cidadão a capacidade de votar,
z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser participar de plebiscitos ou referendos, subscrever
218 votado. projeto de iniciativa popular, bem como de propor
ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio Inelegibilidades
público ou de entidade de que o Estado participe ou,
ainda, acautelar a moralidade administrativa, o meio A Constituição não menciona exaustivamente
ambiente e patrimônio histórico e cultural brasileiro. todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
algumas, deixando reservado que lei complementar
Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio
poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade.
do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran-
geiros e os conscritos (durante serviço militar obriga- Art. 14 [...]
tório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
foram convocados a prestar serviço militar). inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a morali-
Alistamento Eleitoral e o Voto dade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimi-
Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição dade das eleições contra a influência do poder eco-
Federal, o alistamento eleitoral e do voto são: nômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.
z obrigatórios
Em regra:
„ para os maiores de dezoito anos; Art. 14 [...]
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
z facultativos
Há também a inelegibilidade derivada do casa-
„ os analfabetos; mento ou do parentesco com o Presidente da Repú-
„ os maiores de setenta anos; blica, com os Governadores de Estado e do Distrito
„ os maiores de dezesseis e menores de dezoito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs-
anos. tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.

Condições de Elegibilidade Art. 14 [...]


§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
Conforme § 3°, do art. 14, da CF, são condições de titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
elegibilidade, isto é, condições para se eleger a deter-
sidente da República, de Governador de Estado ou
minado cargo político:
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis meses
z Nacionalidade brasileira; anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
z O pleno exercício de direitos eletivo e candidato à reeleição.
políticos;
Elegibilidade z Alistamento eleitoral; Acerca do assunto, importante trazer à baila a
z Domicilio eleitoral na circuns- Súmula nº 6 do TSE
crição correspondente;
z Filiação partidária. Súmula 6, TSE: São inelegíveis para o cargo de
chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indica-
dos no § 7º do art. 14 da Constituição Federal, do
A constituição também define a idade mínima que titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha
cada candidato deve ter, a depender do cargo que falecido, renunciado ou se afastado definitivamente
deseja se eleger: do cargo até seis meses antes do pleito.:

z Presidente e Vice-Presidente da República e Sena- Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-
dor: 35 anos; culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):
z Governador e Vice-Governador dos Estados-mem- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
bros e do Distrito Federal : 30 anos; Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da socie-
z Deputado Federal, Deputador Estadual ou Distri- dade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos; não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do arti-
go 14 da ConstituiçãoFederal
z Vereador: 18 anos.
Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inele-
A condição de nacional é um pressuposto para a
gível é inalistável. Assim, quem não pode votar, como
de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status os estrangeiros e os conscritos durante serviço mili-
de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o tar obrigatório, não pode ser votado, assim como os
poder participar do processo governamental, sobre- analfabetos. No entanto, isso não significa que os que
tudo pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição não podem ser votados, necessariamente, não possam
necessária, mas não suficiente para o exercício da votar. Ex.: o analfabeto é inelegível, mas não é inalistá-
cidadania. vel, logo, pode votar, embora seu voto não seja obriga-
tório, mas não pode ser votado.
Dica Quanto à reeleição e desincompatibilização, a
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade
Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos fede-
diferente de nacionalidade! ral, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do 219
sistema americano de reeleição, que permite apenas a V - improbidade administrativa, nos termos do art.
recondução por um período somente, no Brasil, após 37, § 4º.
o período de um mandato, o governante pode voltar a
se candidatar para o posto. Acerca da suspensão de direitos políticos importa
destacar o seguinte:
Art. 14 [...]
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Súmula 9, do TSE: A suspensão de direitos políti-
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os cos decorrente de condenação criminal transitada
houver sucedido, ou substituído no curso dos man- em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção
datos poderão ser reeleitos para um único período da pena, independendo de reabilitação ou de prova
subsequente. de reparação dos danos.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
da República, os Governadores de Estado e do Distri- Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos, o
to Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respec- Supremo Tribunal Federal manifesta:
tivos mandatos até seis meses antes do pleito.
A suspensão de direitos políticos prevista no art.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
alguns requisitos: de substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG,
Art. 14 [...] Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexan-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as dre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão
seguintes condições: geral) (Info 939).
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade; Por fim, concluindo o assunto de direitos políticos,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- veja o que dispõe o art. 16 da CF:
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a
Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
inatividade.
rá em vigor na data de sua publicação, não se apli-
cando à eleição que ocorra até um ano da data de
O Mandato eletivo pode ser impugnado:
sua vigência.
Art. 14 [...]
PARTIDOS POLÍTICOS
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias conta-
dos da diplomação, instruída a ação com provas de Os partidos políticos estão previstos no art. 17 da
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude; Constituição Federal. Tratam-se de intituições essen-
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará ciais à manuntenção e preservação do Estado demo-
em segredo de justiça, respondendo o autor, na for- crativo de direito.
ma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação e
Perda e Suspensão dos Direitos Políticos extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluri-
A perda e a suspensão dos direitos políticos partidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
podem se dar, respectivamente, de forma definitiva humana e observados os seguintes preceitos:
ou temporária. I - caráter nacional;
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento II - proibição de recebimento de recursos finan-
ceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
da naturalização por sentença transitada em julga-
subordinação a estes;
do e no caso de recusa de cumprir obrigação a todos
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
militar obrigatório). lei.
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem os § 1º É assegurada aos partidos políticos autono-
motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo não o mia para definir sua estrutura interna e estabele-
retomar a capacidade civil ele terá seus direitos políti- cer regras sobre escolha, formação e duração de
cos suspensos. Readquirindo-a, alcançará, novamente seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
o status de cidadão. Também são passíveis de suspen- organização e funcionamento e para adotar os cri-
são os condenados criminalmente (com sentença tran- térios de escolha e o regime de suas coligações nas
sitado em julgado). Cumprida a pena, readquirem os eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
direitos políticos; no caso de improbidade administra- eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vin-
tiva, a suspensão será, da mesma forma, temporária. culação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus esta-
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, tutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: partidária.
I - cancelamento da naturalização por sentença § 2º Os partidos políticos, após adquirirem perso-
transitada em julgado; nalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
II - incapacidade civil absoluta; seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
III - condenação criminal transitada em julgado, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo
enquanto durarem seus efeitos; partidário e acesso gratuito ao rádio e à televi-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta são, na forma da lei, os partidos políticos que
220 ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu-
tados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos PODER EXECUTIVO
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 2% FORMA E SISTEMA DE GOVERNO
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou A origem de um Estado pode dar-se de forma natu-
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados ral, religiosa (Estado criado por Deus), pela força e
Federais distribuídos em pelo menos um terço das domínio dos mais fortes sobre os mais fracos, pelo
unidades da Federação.
agrupamento de famílias, de forma contratual, de
forma derivada: por união (quando dois Estados sobe-
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
ranos se unem formando um só novo Estado); por-
de organização paramilitar.
fracionamento (quando um estado se divide em dois
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os
novos estados independentes); ou de forma atípica, a
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegu-
exemplo do Vaticano e de Israel.
rado o mandato e facultada a filiação, sem perda
São elementos constitutivos do Estado: a soberania, a
do mandato, a outro partido que os tenha atingi- finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu
do, não sendo essa filiação considerada para fins Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a
de distribuição dos recursos do fundo partidário e ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum
de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. de um povo situado em determinado território”.
Soberania é o poder político supremo e indepen-
Acerca dos direitos políticos, importante citar a dente que o Estado detém consistente na capacidade
Emenda Constitucional nº 97, de 2017, que altera a para editar e reger suas próprias normas e seu orde-
CF com o fim de proibir as coligações partidárias nas namento jurídico.
eleições proporcionais, estabelecer normas acerca A finalidade consiste no objetivo maior do Estado,
do acesso dos partidos políticos aos recursos do fun- que é o bem comum, isto é, o conjunto de condições
do partidário, regulamentar o tempo de propaganda para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um
gratuito no rádio e na televisão, além de dispor sobre
objetivo comum, ligados a um determinado território
regras de transição.
pelo vínculo da nacionalidade.
Veja o que dispõe o art. 3º da referida Emenda Território é o espaço físico dentro do qual o Esta-
Constitucional: do exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo se
estabelece e se organiza com ânimo de permanência.
Art. 3º O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição A Constituição de 1988 adotou a forma republica-
Federal quanto ao acesso dos partidos políticos aos na de governo, o sistema presidencialista de gover-
recursos do fundo partidário e à propaganda gra- no e a forma federativa de Estado.
tuita no rádio e na televisão aplicar-se-á a partir
das eleições de 2030. FEDERAÇÃO
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fun-
do partidário e à propaganda gratuita no rádio e na O federalismo é a forma de Estado marcada essen-
televisão os partidos políticos que: cialmente pela união indissolúvel dos entes federativos,
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018: ou seja, pela impossibilidade de secessão (separação).
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos São entes da federação brasileira: a União; os Estados-
Deputados, no mínimo, 1,5% dos votos válidos, -Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é
Federação, com um mínimo de 1% dos votos váli- considerado laico, mantendo uma posição de neutrali-
dos em cada uma delas; ou dade em matéria religiosa, admitindo o culto de todas
b) tiverem elegido pelo menos 9 Deputados Fede- as religiões, sem qualquer intervenção.
rais distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


da Federação; FORMA DE ESTADO Federação
II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu- FORMA DE GOVERNO República
tados, no mínimo, 2% dos votos válidos, distribuí-
dos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação, REGIME DE GOVERNO Democrático
com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada
uma delas; ou SISTEMA DE GOVERNO Presidencialista
b) tiverem elegido pelo menos 11 Deputados Fede-
rais distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades A forma de Estado compreende a organização dos
da Federação; ordenamentos estatais. Exemplos: unitária, federa-
III - na legislatura seguinte às eleições de 2026: ção e confederação. Por sua vez, a forma de governo
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos compreende o conjunto de instituições políticas para
Deputados, no mínimo, 2,5% dos votos válidos, a organização e o funcionamento do poder estatal.
distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Exemplos: República e Monarquia.
Federação, com um mínimo de 1,5% dos votos O regime de governo estabelece as formas de exer-
válidos em cada uma delas; ou cício do poder. Exemplo: democracia e autocracia. Já
b) tiverem elegido pelo menos 13 Deputados Fede- o sistema de governo consiste no modo pelo qual os
rais distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades poderes se relacionam entre si dentro de um Estado.
da Federação. Exemplos: presidencialismo e parlamentarismo. 221
CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE GOVERNO § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
função principal (típica) é a prática dos atos de chefia Art. 78 O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
de Estado, de Governo e de Administração. Contudo, ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacio-
assim como os outros poderes, o Poder Executivo pos- nal, prestando o compromisso de manter, defender
sui funções que pratica de forma atípica, como, por e cumprir a Constituição, observar as leis, pro-
exemplo, legislar por meio de Medidas Provisórias e mover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a
julgar contenciosos administrativos. união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data
Art. 76 O Poder Executivo é exercido pelo Presi- fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presi-
dente da República, auxiliado pelos Ministros de dente, salvo motivo de força maior, não tiver assu-
Estado. mido o cargo, este será declarado vago.

Chefe de Estado e Chefe de Governo Ordem de Sucessão Presidencial no caso de


Impedimento ou Vacância
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifi-
cadas na figura do Presidente da República as funções Em caso de impedimento ou vacância do cargo
do Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o de Presidente, este será substituído pelo: 1) Vice-pre-
Poder Executivo brasileiro é monocrático. sidente; 2) Presidente da Câmara dos Deputados; 3)
Como chefe de Estado, o presidente representa o Presidente do Senado Federal; e 4) Presidente do
país nas suas relações internacionais e, como chefe de Supremo Tribunal Federal, nesta ordem.
governo, exerce a liderança nacional, gerindo o país
política e administrativamente. Art. 79 Substituirá o Presidente, no caso de impedi-
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Eleição do Presidente e Vice-Presidente da República Parágrafo único. O Vice-Presidente da República,
além de outras atribuições que lhe forem conferidas
O presidente será eleito por maioria absoluta de por lei complementar, auxiliará o Presidente, sem-
pre que por ele convocado para missões especiais.
votos não computados os em branco e os nulos. Enten-
Art. 80 Em caso de impedimento do Presidente e do
de-se por maioria absoluta: mais que a metade do
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
total de votos, isto é, o número imediatamente supe-
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-
rior à metade. Quando o candidato mais votado não
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o
alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo turno do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
entre os dois mais votados. Art. 81 Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre-
Requisitos de Elegibilidade do Presidente e sidente da República, far-se-á eleição noventa dias
Vice-Presidente: depois de aberta a última vaga.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos
z Ser brasileiro nato; do período presidencial, a eleição para ambos os
z Estar no gozo dos direitos políticos; cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
z Alistamento Eleitoral; pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
z Domicílio eleitoral na circunscrição; § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
z Ter mais de trinta e cinco anos; pletar o período de seus antecessores.
z Não ser inelegível; Art. 82 O mandato do Presidente da República é de
z Possuir filiação partidária. quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
ano seguinte ao da sua eleição (Redação dada pela
Art. 77 A eleição do Presidente e do Vice-Presiden- Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
te da República realizar-se-á, simultaneamente, no Art. 83 O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
primeiro domingo de outubro, em primeiro tur- ca não poderão, sem licença do Congresso Nacio-
no, e no último domingo de outubro, em segundo nal, ausentar-se do País por período superior a
turno, se houver, do ano anterior ao do término do quinze dias, sob pena de perda do cargo.
mandato presidencial vigente. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 16, de 1997). Atribuições do Presidente da República
§ 1º A eleição do Presidente da República importará
a do Vice-Presidente com ele registrado. Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre-
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candida- sidente da República as atribuições e responsabilida-
to que, registrado por partido político, obtiver a des trazidas no art. 84, CF:
maioria absoluta de votos, não computados os
em branco e os nulos. z Nomear e exonerar os Ministros de Estado;
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria abso-
z Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
luta na primeira votação, far-se-á nova eleição em
direção superior da administração federal;
até vinte dias após a proclamação do resultado,
concorrendo os dois candidatos mais votados e
z Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria previstos nesta Constituição;
dos votos válidos. z Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer como expedir decretos e regulamentos para sua
morte, desistência ou impedimento legal de candi- fiel execução;
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de z Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
222 maior votação. z Dispor, mediante decreto, sobre:
„ o rganização e funcionamento da administração Responsabilidade do Presidente da República
federal, quando não implicar aumento de despe-
sa nem criação ou extinção de órgãos públicos; Os crimes de responsabilidade têm previsão nos
„ extinção de funções ou cargos públicos, quando arts. 52 e 85 da CF, bem como na Lei nº 1079, de 1950,
vagos; que define os crimes de responsabilidade e regula o
respectivo processo de julgamento.
z Manter relações com Estados estrangeiros e acre- Crime de responsabilidade consiste em um ilícito
ditar seus representantes diplomáticos; político-administrativo, definido em lei especial fede-
z Celebrar tratados, convenções e atos internacio- ral, que pode ser cometidos por agentes políticos no
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; desempenho de suas funções.
z Decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
O art. 85 da CF salienta que são crimes de respon-
z Decretar e executar a intervenção federal;
sabilidade todos os atos do Presidente da República
z Remeter mensagem e plano de governo ao Con-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão que atentem contra a Constituição Federal. Especial-
legislativa, expondo a situação do País e solicitan- mente, os que atentem contra:
do as providências que julgar necessárias;
z Conceder indulto e comutar penas, com audiência, z A existência da União;
se necessário, dos órgãos instituídos em lei; z O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
z Exercer o comando supremo das Forças Armadas, Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército constitucionais das unidades da Federação;
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais z O exercício dos direitos políticos, individuais e
e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; sociais;
z Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
z A segurança interna do País;
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
z A probidade na administração;
bunais Superiores, os Governadores de Territórios,
o Procurador-Geral da República, o presidente e z A lei orçamentária;
os diretores do banco central e outros servidores, z O cumprimento das leis e das decisões judiciais.
quando determinado em lei;
z Nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- Crimes Comuns Cometidos pelo Presidente da
tros do Tribunal de Contas da União; República
z Nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado-Geral da União; Os crimes comuns cometidos pelo Presidente da
z Nomear membros do Conselho da República, nos República abrangem todas as infrações penais, por
termos do art. 89, VII; exemplo, o Presidente da República mata alguém.
z Convocar e presidir o Conselho da República e o
Neste caso, ele responderá perante o órgão competen-
Conselho de Defesa Nacional;
te (que estudaremos a seguir) pelo crime comum de
z Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referenda- homicídio.
do por ele, quando ocorrida no intervalo das ses- Importante esclarecer que a instauração de pro-
sões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, cesso contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repú-
total ou parcialmente, a mobilização nacional; blica, bem como em face dos Ministros de Estado,
z Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do depende da autorização das Câmara dos Deputados,
Congresso Nacional; que se dará por dois terços.
z Conferir condecorações e distinções honoríficas; Nos termos do art. 14 da Lei nº 1.079, de 1950:
z Permitir, nos casos previstos em lei complementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território Art. 14 É permitido a qualquer cidadão denunciar
nacional ou nele permaneçam temporariamente; o Presidente da República ou Ministro de Estado,
z Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o por crime de responsabilidade, perante a Câmara
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
dos Deputados.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
postas de orçamento previstos nesta Constituição;
z Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, den-
tro de sessenta dias após a abertura da sessão legis- Processo de Impeachment
lativa, as contas referentes ao exercício anterior;
z Prover e extinguir os cargos públicos federais, na O processo de impeachment está previsto na Cons-
forma da lei; tituição Federal nos arts. 52, 86 e 87 e na Lei nº 1079,
z Editar medidas provisórias com força de lei, nos de 1950, que define os crimes de responsabilidade e
termos do art. 62; regula o respectivo processo de julgamento.
z Exercer outras atribuições previstas na CF/88; O processo de impeachment tem duas fases: a pri-
z Propor ao Congresso Nacional a decretação do meira fase é o chamado juízo de admissibilidade e a
estado de calamidade pública de âmbito nacional segunda fase é o julgamento. Vejamos:
previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F
e 167-G desta Constituição.
z 1º Fase — Juízo de admissibilidade
O Presidente da República poderá ainda delegar as
atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV, primei- „ Acusação: Significa estabelecer autoria e mate-
ra parte, do art. 84, da CF, aos Ministros de Estado, ao rialidade — Quem fez e o que fez?
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral Exemplo: Presidente da República cometeu cri-
da União, que observarão os limites traçados nas res- me de responsabilidade ao realizar a improbi-
pectivas delegações. dade administrativa/pedaladas fiscais. 223
„ Recebimento: Câmara dos Deputados por dois Os Ministros de Estado
terços dos membros (2/3 de 513 = 342 Depu-
tados (63%); Os Ministros de Estado são membros auxiliares do
Executivo livremente nomeados pelo Presidente, des-
z 2º Fase — Julgamento de que maiores de 21 anos e em pleno exercício de
seus direitos políticos.
Recebida a acusação, inicia-se a segunda fase (jul- Competem aos Ministros a direção do Ministério
gamento): o Presidente da República fica suspenso ou seção administrativa que lhe houver sido confiada.
por 180 dias de suas funções. Podem também referendar atos presidenciais, expe-
O julgamento é presidido pelo Presidente do dir instruções para a boa execução das leis, decretos e
Supremo Tribunal Federal e, caso decorra o prazo de regulamentos e inclusive, receber delegação do Presi-
180 dias e o julgamento ainda não estiver concluído, dente da República para a realização de atos próprios
cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do da chefia do Poder Executivo.
regular prosseguimento do processo.
O julgamento é feito pelo Senado Federal, por dois Art. 87 Os Ministros de Estado serão escolhidos
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
terços dos membros (2/3 = 64 Senadores). Se conde-
exercício dos direitos políticos.
nado, o Presidente perderá o cargo e ficará inabilitado
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado,
por oito anos para exercício de função pública, sem além de outras atribuições estabelecidas nesta
prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (pará- Constituição e na lei:
grafo único, do art. 52 da CF). I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal
na área de sua competência e referendar os atos e
1ª Fase Início da fase
2ª Fase decretos assinados pelo Presidente da República;
Admissibilidade de criação
e instalação
Julgamento II - expedir instruções para a execução das leis,
Recebimento da de comissão decretos e regulamentos;
Plenário do III - apresentar ao Presidente da República relató-
denúncia pelo especial para
Senado Federal rio anual de sua gestão no Ministério;
Presidente da analisar a
para votação IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
Câmara denúncia
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente
da República.
Para ficar mais fácil a compreensão, vejamos na Art. 88 A lei disporá sobre a criação e extinção de
tabela a seguir o esquema de memorização referente Ministérios e órgãos da administração pública (Reda-
aos crimes cometidos pelo Presidente da República, ção dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
conforme dispõe o art. 86, da CF.
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa
Art. 86 Admitida a acusação contra o Presidente Nacional
da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
tados, será ele submetido a julgamento perante o O Conselho da República é órgão consultivo do
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais Presidente sobre intervenção federal, estado de defe-
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes sa, estado de sítio e questões relevantes para a estabi-
de responsabilidade. lidade das instituições democráticas. O Presidente não
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: poderá tomar qualquer decisão sobre tais questões
I - nas infrações penais comuns, se recebida à sem realizar uma audiência com Conselho da Repúbli-
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal ca. Entretanto, sua função é apenas consultiva e não
Federal; deliberativa, e não vincula necessariamente a atuação
II - nos crimes de responsabilidade, após a instau- presidencial.
ração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
z Instituído pela Lei nº 8.041, de 1990, o Conselho da
julgamento não estiver concluído, cessará o afasta-
República é composto pelos seguintes membros:
mento do Presidente, sem prejuízo do regular pros-
seguimento do processo.
z Vice-Presidente da República;
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenató- z Presidente da Câmara dos Deputados;
ria, nas infrações comuns, o Presidente da Repúbli- z Presidente do Senado Federal;
ca não estará sujeito a prisão. z Os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu Deputados e do Senado Federal;
mandato, não pode ser responsabilizado por atos z Ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros
estranhos ao exercício de suas funções. natos, com mais de trinta e cinco anos de idade,
sendo dois nomeados pelo Presidente da Repúbli-
ca, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
CRIME DE
RESPONSABILIDADE
CRIME COMUM pela Câmara dos Deputados, todos com mandato
de três anos, vedada a recondução.
Em caso de ação pe-
nal pública, será o
DENÚNCIA Qualquer cidadão
PGR - Procurador Ge- O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado
ral da República. a assessorar o Presidente da República nas questões
relativas à defesa do território nacional.
Dois terços da Dois terços da
QUEM Nos termos do art. 91, da CF, é composto pelo
Câmara dos Câmara dos
RECEBE Vice-Presidente da República, o Presidente da Câma-
Deputados Deputados
ra dos Deputados; o Presidente do Senado Federal; o
JULGAMENTO Senado Federal STF
224 Ministro da Justiça; o Ministro de Estado da Defesa; o
Ministro das Relações Exteriores; o Ministro do Plane- § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
jamento e os Comandantes da Marinha, do Exército e eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
da Aeronáutica. Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
sivamente por subsídio fixado em parcela úni-
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação
DEFESA DO ESTADO E DAS ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
z Polícia Federal (§ 1º, do art. 144, da CF) é órgão
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
permanente, organizado e mantido pela União.
Exerce a função de polícia judiciária da União, que
A segurança pública é dever do Estado, direito e
está disposto nos incisos I ao IV, vejamos:
responsabilidade de todos, tendo por objetivo a pre-
servação da ordem pública e da incolumidade de pes- Art. 144 [...]
soas e do patrimônio, conforme consagra o art. 144, do § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
texto constitucional. permanente, organizado e mantido pela União e
É exercido por meio de órgãos federais e esta- estruturado em carreira, destina-se a:
duais como a polícia federal, polícia rodoviária fede- I - apurar infrações penais contra a ordem polí-
ral, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias tica e social ou em detrimento de bens, serviços e
militares, o corpo de bombeiros militares e as polícias interesses da União ou de suas entidades autárqui-
penais federal, estadual e distrital, esta última acres- cas e empresas públicas, assim como outras infra-
centada pela Emenda Constitucional nº 104/2019. ções cuja prática tenha repercussão interestadual
Conforme o § 8º, do art. 144, da CF, os municípios ou internacional e exija repressão uniforme, segun-
do se dispuser em lei;
podem constituir guardas municipais destinadas à pro-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor-
teção de seus bens, serviços e instalações (deve atuar
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca-
somente na municipalidade). Atenção! Esse órgão não minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
integra a estrutura de segurança pública para exercer órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
a função de polícia ostensiva.
Para o STF os órgãos que compõe a segurança Conforme considerações do STF, na busca e apreen-
pública estão relacionados nos incisos I ao VI, do art. são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem
144, da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem judicial pela polícia militar não contamina o flagrante
os municípios ou estados criarem outros órgãos para e a busca e apreensão realizadas.
integrarem a segurança pública.
Art. 144 [...]
Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, direito III - exercer as funções de polícia marítima, aero-
e responsabilidade de todos, é exercida para a preser- portuária e de fronteiras;
vação da ordem pública e da incolumidade das pes- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: cia judiciária da União.
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
z Polícia Rodoviária Federal (§ 2º, do art. 144, da
III - polícia ferroviária federal;
CF) é órgão permanente, organizado e mantido
IV - polícias civis;
pela União, tem como função o patrulhamento
V - polícias militares e corpos de bombeiros
militares. ostensivo das rodovias federais;
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.     z Polícia Ferroviária Federal (§ 3º, do art. 144,
da CF) é órgão permanente, organizado e manti-
Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou: do pela União, tem como função o patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.
Os Estados-membros, assim como o Distrito Federal,

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons- A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em
tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício 1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi-
da segurança pública. Entre eles não está o Departa- nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o
mento de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados- objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta-
-membros a possibilidade de estender o rol, que esta das pelos trilhos de ferro.
Corte já firmou ser numerus clausus, para alcançar Entretanto, apesar de ter autorização na atual
o Departamento de Trânsito. [ADI 1.182, voto do rel. constituição, hoje essa polícia não existe de fato.
min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.]
z Polícias Civis (§ 4º, do art. 144, da CF) são diri-
Serviços da segurança pública são custeados gidas por delegados de carreiras, e subordinadas
mediante impostos, sendo que não é permitida a cria- aos Governadores dos estados ou DF, têm como
ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remuneração função desempenhar o papel de polícia judiciária
dos servidores será exclusivamente por subsídio fixado (exercício da segurança pública) e a apuração de
em parcela única, na forma do § 4º, do art. 39, da CF/88. infrações penais, salvo as militares.

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 144 [...]


Municípios instituirão conselho de política de admi- § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
nistração e remuneração de pessoal, integrado por polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
servidores designados pelos respectivos Poderes.     tência da União, as funções de polícia judiciária e a
[...] apuração de infrações penais, exceto as militares. 225
Atente-se, pois o § 4º, do art. 144, não menciona ser feita pelo legislador estadual ou distrital, é possível
a atividade penitenciária como atividade da polícia a edição de emenda à Constituição Federal com a intro-
civil. Nesse sentido o STF já manifestou: dução de novos órgãos da segurança pública.
Sendo assim, a Constituição do Estado de Minas
A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define Gerais não estabelece como órgão responsável pela
incumbirem às polícias civis “as funções de polícia segurança pública mineira a Polícia Penal. No entanto,
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto isso não significa que ela não faz parte da segurança
as militares”. Não menciona a atividade peniten- pública estadual. Na realidade, não existem disposi-
ciária, que diz com a guarda dos estabelecimentos ções regionais, de modo a aplicar as regras da CF/88.
prisionais; não atribui essa atividade específica à
polícia civil. (STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, Art. 137 A Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo
DJE de 14-5-2010) de Bombeiros Militar se subordinam ao Governa-
dor do Estado.
z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
(§ 5º, do art. 144, da CF): cabem às polícias milita- No que se refere aos órgãos, estes se encontram
res o papel de polícia ostensiva, sendo atribuído a subordinados ao Governador do Estado, ou seja,
elas em virtude da necessidade de preservação da encontram-se vinculados aos respectivos Estados, ao
ordem pública, e ao corpo de bombeiros militares contrário da PF, PRF e PFF, que se vinculam à União.
cabe a execução das atividades de defesa civil, pre- É importante destacar que a PC do Distrito Federal
venção e combate a incêndios, buscas e salvamen- é organizada e mantida pela União, porém se encon-
tos públicos. tra subordinada ao governador do DF. Há, inclusive,
uma súmula vinculante muito importante sobre o
Ainda, conforme consagra § 6º, do art. 144, da CF tema. Vejamos:
ambas “subordinam-se, juntamente com as polícias civis
e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governado- Súmula Vinculante 39: Compete privativamente à
res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros mili-
z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital tar do Distrito Federal.
(§ 5º-A, do art. 144, da CF) foi incluído pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019, às polícias penais Art. 138 O Município pode constituir guardas
cabe à segurança dos estabelecimentos penais, municipais para a proteção de seus bens, serviços e
vinculadas ao órgão administrador do sistema instalações, nos termos do art. 144, § 8º, da Consti-
penal da unidade federativa a que pertencem. tuição da República.

O art. 138 traz uma regra de caráter complemen-


tar à segurança pública estadual. De acordo com o
DA ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA dispositivo, podem os Municípios constituir guardas
municipais, com o objetivo de proteger seus bens,
PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO DO serviços e instalações. Trata-se, portanto, de ativida-
ESTADO DE MINAS GERAIS de complementar que não faz parte do rol dos órgãos
responsáveis pela segurança pública do Estado de
DA SEGURANÇA PÚBLICA Minas Gerais, ou seja, a guarda municipal não é órgão
de segurança pública.
Vejamos as regras acerca da segurança pública É importante mencionar que a guarda municipal,
contidas na Constituição Estadual de Minas Gerais: mesmo sendo tratada no art. 144, da CF/88, não é órgão
de segurança pública, assim como também não são os
Art. 136 A segurança pública, dever do Estado e direito DETRANS e a Força Nacional de Segurança Pública.
e responsabilidade de todos, é exercida para a preser- Com relação à Força Nacional, embora ela seja
vação da ordem pública e da incolumidade das pessoas bastante utilizada, é fruto da chamada cooperação
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: federativa, uma vez que seus agentes recebem treina-
I - Polícia Civil; mento do Ministério da Justiça, de modo a capacitá-
II - Polícia Militar; -los para atuarem em conjunto com os integrantes dos
III - Corpo de Bombeiros Militar. órgãos de segurança pública.
Observa-se, portanto, que a Força Nacional não pos-
De início, observa-se que, do mesmo modo que a sui pessoal próprio, visto ser constituída por represen-
CF/88, a Constituição Estadual atribui ao Estado o dever tantes das polícias. Salienta-se que, para a mobilização
de prestar a segurança pública e o direito e a responsa- da tropa, é necessária solicitação expressa do Governa-
bilidade de todos. Além disso, também estabelece que dor do Estado ou do DF ou, ainda, de ministro de Estado.
segurança pública tem como finalidade preservar a As guardas municipais estão regulamentadas pela
ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patri- Lei nº 13.022, de 2014 (Estatuto Geral das Guardas
mônio. Observa-se, no entanto, que a Polícia Penal, que Municipais). Vejamos, a seguir, alguns entendimentos
foi criada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019, jurisprudenciais importantes relativos a elas:
ainda não está disciplinada na Constituição Estadual.
Neste ponto, cabe ressaltar que o rol dos órgãos z O STF entendeu inconstitucional qulaquer regra
da segurança pública constante do art. 144 da CF/88, que vincule a criação de guardas municipais ao
é, segundo o STF, taxativo e, não, exemplificativo, de número mínimo de habitantes, além de garantir
modo que não pode ser ampliado por nenhuma Cons- a todos os seus integrantes o direito ao porte de
tituição Estadual ou pela Lei Orgânica do Distrito Fede- armas de fogo, independentemente do tamanho
226 ral. Todavia, embora a ampliação dos órgãos não possa da população do município (ADI nº 5.948);
z O STF entendeu constitucional a atribuição às A PC é organizada em cargos que se estruturam
guardas municipais do exercício de poder de polí- em carreira, isto é, seus ocupantes podem percorrer
cia de trânsito, inclusive para imposição de san- várias classes ao longo da sua vida funcional, em razão
ções administrativas legalmente previstas (RE nº da progressão funcional, que é feita tanto por antigui-
658.570); dade (tempo no cargo/classificação) como por mereci-
z O STF entende que a aposentadoria especial previs- mento (apurada por avaliação de desempenho).
ta na CF/88 aos integrantes das forças policiais não
se estende aos guardas municipais (MI nº 6.515); Art. 140 [...]
z O STJ entendeu serem inválidas as provas obtidas § 1º O ingresso na Polícia Civil se dará em classe
inicial das carreiras, mediante concurso público de
pela guarda municipal em atividade investigativa,
provas ou de provas e títulos, realizado privativa-
uma vez que, embora a prisão em flagrante seja
mente pela Academia de Polícia Civil.
possível aos guardas municipais, as atividades de
investigação e policiamento ostensivo constituem
O § 1º segue a regra da CF/88 de que o ingresso no
funções das PC e PM (RESP nº 1.854.065). cargo deve ser realizado por meio de procedimento
administrativo destinado à seleção de pessoas. Trata-
Organização da Segurança Pública -se de uma forma de escolha que atende aos princí-
pios da igualdade e da moralidade administrativa, de
O primeiro órgão disciplinado pela Constituição modo a evitar o ingresso na PC por critérios de favore-
Estadual de Minas Gerais é a Polícia Civil. Vejamos os cimento pessoal ou nepotismo.
dispositivos:
z Regras com relação aos concursos públicos:
Art. 139 À Polícia Civil, órgão permanente do
Poder Público, dirigido por Delegado de Polícia de „ Aberto a todos os interessados, de modo a não
carreira e organizado de acordo com os princípios admitir os chamados “concursos internos”;
da hierarquia e da disciplina, incumbem, ressalva- „ É inconstitucional o veto não motivado à par-
da a competência da União, as funções de polícia ticipação de candidato a concurso público
judiciária e a apuração, no território do Estado, das (Súmula 684, do STF).
infrações penais, exceto as militares, e lhe são pri-
vativas as atividades pertinentes a:
Cumpre mencionar que concurso público pode ser
I - Polícia técnico-científica;
de provas ou de provas e títulos, ou seja, não se admite
II - processamento e arquivo de identificação civil
contratação sem concurso público, salvo para os car-
e criminal;
gos em comissão, nem concurso de somente títulos.
III - registro e licenciamento de veículo automotor e
habilitação de condutor.
Art. 140 [...]
§ 2º O exercício de cargo policial civil é privativo de
Pela leitura do dispositivo, depreende-se que a Polí- integrantes das respectivas carreiras.
cia Civil é instituição permanente e auxiliar da função
jurisdicional do Estado, a quem incumbe exercer as
funções de polícia judiciária (investigatória) e promo- Importante!
ver a apuração das infrações penais, exceto as milita-
res, uma vez que essas são apuradas pela PM ou pelas Embora seja comum, em alguns municípios
Forças Armadas. Além disso, a Constituição Estadual mineiros, que as funções de Delegado sejam
estabelece outras atribuições: polícia técnica-científi- desempenhadas por integrantes da PM sob a ale-
ca (produção de prova pericial por meio da análise gação de que não dispõe de servidores de carreira
dos vestígios produzidos e deixados durante a prá- para o desempenho das funções, o STF entendeu
tica do crime), processamento e arquivo de identifi- que essa tarefa não pode ser exercida por outra
cação civil (emissão de documentação, como o RG) e autoridade que não a do Delegado (ADI nº 3.614).
criminal (registros policiais e folha de antecedentes).
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ainda, é importante notar que o inciso III, do art.
139, dispõe que compete à PC o registro e o licencia- Art. 140 [...]
§ 3º Para o ingresso na carreira de Delegado de
mento de veículo automotor e habilitação de condu-
Polícia, é exigido o título de Bacharel em Direito e
tor. Tal competência decorre do fato de que, quando concurso público, realizado com a participação da
a Constituição Estadual foi publicada, a norma que Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado
regulava o sistema nacional de trânsito era a Lei nº de Minas Gerais, e exigido curso de nível superior
5.108/1966, que não relacionava quais eram os entes de escolaridade para a de Perito Criminal.
que faziam parte desse sistema. Com a edição do Códi-
go de Trânsito de 1997, a PC não foi incluída como Conforme mencionado, a PC é organizada em car-
ente do sistema de trânsito, de modo a não ser mais gos que se estruturam em carreira, isto é, seus ocu-
sua atribuição. pantes podem percorrer várias classes ao longo da
Outro dado fundamental do dispositivo refere-se sua vida funcional, em razão da progressão funcional.
à direção da PC. Ela é dirigida por Delegados de Polí- Quanto à organização, os cargos se classificam em:
cia de carreira e segue os princípios da hierarquia e
disciplina. z Cargos em carreira: são os cargos para os quais
há progressão funcional (merecimento/antigui-
Art. 140 A Polícia Civil é estruturada em carreiras, dade). Ex.: a carreira de médico de determinado
e as promoções obedecerão ao critério alternado de órgão pode ser dividida em três classes funcionais:
antiguidade e merecimento. 1ª, 2ª e 3ª; 227
z Cargos isolados: são os cargos que não estão (ordenação dos militares em níveis hierárquicos) e
organizados em carreira, de modo a não existir a disciplina (estrita observância e acatamento das nor-
divisão em classe (progressão funcional dos seus mas). Quanto ao comando, este fica a cargo de oficial
titulares). Ex.: motorista, merendeiro, entre outros. da ativa do último posto (Coronel).

De acordo com o § 3º, do art. 140, o cargo de Dele- Art. 142 [...]
gado de Polícia, além de estruturado em carreira, é I - à Polícia Militar, a polícia ostensiva de prevenção
privativo de bacharel em Direito, cuja investidura é criminal, de segurança, de trânsito urbano e rodo-
feita por meio de concurso público de provas e títulos, viário, de florestas e de mananciais e as atividades
que contará com a participação de representante da relacionadas com a preservação e restauração da
Ordem dos Advogados do Brasil. ordem pública, além da garantia do exercício do
Há de se mencionar que também é exigida a for- poder de polícia dos órgãos e entidades públicos,
especialmente das áreas fazendária, sanitária, de
mação superior para o perito criminal.
proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de
patrimônio cultural;
Art. 140 [...]
§ 4º O cargo de Delegado de Polícia integra, para
todos os fins, as carreiras jurídicas do Estado. À PM compete a polícia ostensiva para prevenção
de crimes, a preservação da ordem pública, as ativi-
Neste ponto, é importante mencionar que existem dades de trânsito urbano e rodoviário, bem como a
dois entendimentos, no STF, sobre a equiparação do atuação na proteção ambiental e cultural. A PM subor-
Delegado às demais carreiras jurídicas do Estado. O dina-se ao Governador do Estado.
primeiro é no sentido de que Constituição Estadual não
Art. 142 [...]
pode conferir aos Delegados de Polícia status de carrei-
II - ao Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação
ra jurídica, com independência funcional (ADI nº 5.520).
e a execução de ações de defesa civil, a prevenção
Já pelo segundo entendimento, o traço hierárquico de
e combate a incêndio, perícias de incêndio, busca
subordinação dos Delegados aos Governadores torna e salvamento e estabelecimento de normas relati-
ilegítima a possibilidade de o legislador constituinte vas à segurança das pessoas e de seus bens contra
estadual conceder maior autonomia aos órgãos de dire- incêndio ou qualquer tipo de catástrofe;
ção máxima das Polícias Civis (ADI nº 5.103).
No mesmo sentido, entende o STF que não é pos- Ao Corpos de Bombeiros Militares comete a pre-
sível norma estadual vincular os vencimentos do venção e combate de incêncio, além da execução de
Delegado de Polícia aos subsídios dos Promotores de atividades de defesa civil.
Justiça (ADI nº 145).

Art. 141 O Chefe da Polícia Civil é livremente Importante!


nomeado pelo Governador do Estado dentre os
integrantes, em atividade, da classe final da carrei- A PM e o CBM passaram, a partir da Emenda
ra de Delegado de Polícia. Constitucional nº 101, de 2019, a poder acumu-
lar cargos públicos nas mesmas situações per-
A CF/88 estabelece que a PC é dirigida por Delegado mitidas aos servidores civis9.
de Polícia de carreira. No entanto, em alguns Estados,
existe regra restringindo o acesso ao cargo de Chefe
da Polícia (ou superintendente) aos Delegados da clas- Art. 142 [...]
se mais elevada da carreira. Todavia, o STF alterou o III - à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros Mili-
entendimento de que tais dispositivos eram válidos, tar, a função de polícia judiciária militar, nos ter-
de modo a estabelecer que o cargo de Chefe da Polícia mos da lei federal.
não exige nível mais elevado, podendo ser exercido
por Delegado de Polícia de qualquer nível na carreira Se a PC trata da apuração das infrações penais em
(ADI nº 3.077 e ADI nº 3.038). geral, à PM e ao CBM compete a apuração das infra-
ções militares. Trata-se das infrações tipificadas no
Art. 142 A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Decreto-Lei nº 1001, de 1969 (Código Penal Militar).
Militar, forças públicas estaduais, são órgãos per-
manentes, organizados com base na hierarquia e Art. 142 [...]
na disciplina militares e comandados, preferen- § 1º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Mili-
cialmente, por oficial da ativa do último posto, tar são forças auxiliares e reservas do Exército.
competindo:
Tanto a PM como o CBM são considerados como
O caput do art. 143 traz mais dois órgãos de segu- forças auxiliares e reservas do Exército, ou seja,
rança pública: a Polícia Militar e o Corpo de Bombei- podem ser empregados em missões de natureza estri-
ros Militar. Tais órgãos, assim como a Polícia Civil, tamente militar, situações que imponham a necessi-
também são estruturados em carreira. Além disso, dade de mobilização e convocação das instituições
reproduz o art. 42 da CF/888, ao estabelecer que a PM militares estaduais em auxílio das Forças Armadas,
e o CBM são estruturados com base na hierarquia como nos casos de estado de sítio ou de defesa.
8 Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
9 Art. 37 (CF/88) [...] XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observa-
do em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c)
228 a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Art. 142 [...]
§ 2º Por decisão fundamentada do Governador do HORA DE PRATICAR!
Estado, o comando da Polícia Militar ou do Corpo
de Bombeiros Militar poderá ser exercido por ofi- Para que você possa treinar o conteúdo pedido pelo
cial da reserva que tenha ocupado, durante o ser- edital, apesar da pouca quantidade de questões da
viço ativo e em caráter efetivo, cargo privativo do SELECON (banca organizadora do certame) relativas
último posto da corporação. a essa disciplina, há, também, questões presentes
neste material que são de bancas variadas e tratam
O § 2º traz uma exceção ao caput. Trata-se da do assunto exigido.
possibilidade de o Comando ser exercido por oficial
Bons estudos!
da inatividade caso este tenha exercido a função de
Comandante quando na ativa. 1. (SELECON – 2020) Fábio é professor e, nas horas
vagas, grava documentários em que estabelece opi-
Art. 142 [...] niões pessoais sobre uma variada gama de assuntos
§ 3º Para o ingresso no Quadro de Oficiais da Polí- e pessoas, sendo seus projetos divulgados pela rede
cia Militar – QOPM – é exigido o título de bacharel
de internet. Geremias, ao tomar conhecimento de
em Direito e a aprovação em concurso público de
determinado documentário, se julga ofendido e pos-
provas ou de provas e títulos, realizado com a par-
ticipação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção
tula a exclusão total do vídeo que está prestes a ser
do Estado de Minas Gerais. divulgado em cadeia de televisão aberta. Nesse caso,
a rede de televisão pode divulgar o vídeo com base no
O § 3º foi declarado inconstitucional, em 14 de direito fundamental de:
junho de 2021, por meio da ADI nº 4.590. a) reserva do possível
b) liberdade de pensamento
Art. 142 [...] c) locomoção individual
§ 4º O cargo de Oficial do Quadro de Oficiais da
d) solidariedade humana
Polícia Militar – QOPM –, com competência para o
exercício da função de Juiz Militar e das atividades 2. (SELECON – 2020) Nicolas Neto é agente policial e
de polícia judiciária militar, integra, para todos os recebe mandado para ingressar no domicílio de Expe-
fins, a carreira jurídica militar do Estado.
ditus Crasso. Nos termos da Constituição Federal, o
ingresso no domicílio dos indivíduos deverá ocorrer no
O § 4º também foi declarado inconstitucional, caso referido:
em 14 de junho de 2021, por meio da ADI nº 4.590.
a) a qualquer hora
Art. 143 Lei complementar organizará a Polícia b) com hora marcada
Militar e o Corpo de Bombeiros Militar. c) dois dias após a expedição do mandado
Parágrafo único – Os regulamentos disciplinares d) durante o dia
das corporações a que se refere o caput deste artigo
serão revistos periodicamente pelo Poder Executi- 3. (SELECON – 2019) À luz da atual Constituição Federal
vo, com intervalos de no máximo cinco anos, visan- brasileira, os direitos e garantias fundamentais confi-
do ao seu aprimoramento e atualização. guram-se como verdadeiros pilares da igualdade de
todos perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
Trata-se da Lei nº 5.301/1969 (Estatuto dos Milita- reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
res do Estado de Minas Gerais). residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
Confome explanado, a Polícia Penal ainda não se liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
encontra disciplinada na Constituição Estadual. Assim, Nessa linha, em matéria de direitos e deveres funda-
faz-se necessário analisar a CF/88. À PP, que pode atuar mentais, certo é que:
em âmbito federal (PPF), estadual (PPE) e distrital
(PPDF), incumbe a segurança dos estabelecimentos a) a manifestação do pensamento é livre, sendo permiti-
penais. Deste modo, ela se encontra vinculada ao órgão do o anonimato

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


administrador do sistema penal da unidade federativa b) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algu-
a que pertence. Consequentemente, a PPF é vincula- ma coisa senão em virtude de lei
da ao Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), c) ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
enquanto a PPE e PPDF estão vinculadas à Secretaria desumano ou degradante, salvo em virtude de lei
de Segurança Pública, Secretaria de Justiça ou Secre- d) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
taria de Administração Penitenciária (a nomenclatura fissão, independentemente das qualificações profis-
varia conforme a estrutura do ente federativo). sionais que a lei estabelecer
e) a liberdade de consciência e de crença é inviolável,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
Importante! sos e garantida, independentemente da forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias
A PPMG está vinculada à Secretaria de Estado
de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). 4. (INSTITUTO AOCP – 2020) Consoante às disposições
da Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa
incorreta
O preenchimento dos quadros funcionais da PP será
feito de duas maneiras. A primeira é pela transformação a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
dos cargos isolados, dos cargos de carreira dos atuais podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
agentes penitenciários e dos cargos públicos equivalen- em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
tes. A segunda é por meio de concurso público. socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. 229
b) A prática do racismo constitui crime inafiançável b) declarar guerra e celebrar a paz, nos termos da Cons-
e insuscetível de graça ou anistia, sujeito à pena de tituição Federal/1988; decretar o estado de defesa, o
reclusão, nos termos da lei. estado de sítio e de intervenção federal e propor os cri-
c) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, térios e condições de utilização de áreas indispensá-
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo veis à segurança do território nacional e opinar sobre
do apenado. seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e
d) É assegurada a participação dos trabalhadores e nas relacionadas com a preservação e a exploração
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos dos recursos naturais de qualquer tipo
em que seus interesses profissionais ou previdenciá- c) opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
rios sejam objeto de discussão e deliberação. celebração da paz, nos termos da Constituição Fede-
e) A lei não poderá estabelecer distinção entre brasilei- ral/1988; opinar sobre a decretação do estado de defe-
ros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos sa, do estado de sítio e da intervenção federal; propor
na Constituição. os critérios e condições de utilização de áreas indis-
pensáveis à segurança do território nacional
5. (SELECON – 2019) A Constituição Federal brasileira d) estabelecer as hipóteses de declaração de guerra e de
em vigor elenca inúmeros direitos sociais que visam celebração da paz, nos termos da Constituição Fede-
a melhoria da condição social dos trabalhadores urba- ral/1998; decretar o estado de defesa, o estado de
nos e rurais. Nesse passo, configuram-se como direi- sítio e a intervenção federal; estabelecer os critérios
tos sociais desses trabalhadores: e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território nacional
a) o seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário e) declarar guerra e celebrar paz, nos termos da Cons-
b) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, salvo tituição Federal/1988; decretar o estado de defesa, o
para os que percebem remuneração variável estado de sítio e de intervenção federal; estabelecer
c) piso salarial independentemente da proporcionalidade os critérios e condições de utilização de áreas prescin-
aplicável à extensão e à complexidade do trabalho díveis à segurança do território nacional
d) irredutibilidade do salário em qualquer hipótese, inde-
pendentemente de disposto em convenção ou acordo 8. (FEPESE – 2019) Analise as afirmativas abaixo a res-
coletivo peitos dos direitos políticos, com base na Constituição
e) o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifi- Federal de 1988.
cado, capaz de atender às suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimenta- 1. Os estrangeiros podem alistar-se como eleitores.
ção, dentre outras, sendo possível sua vinculação para 2. É condição de elegibilidade a idade mínima de vinte e
qualquer fim, com reajustes periódicos que lhe preser- um anos para Vereador.
vem o poder aquisitivo 3. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
os maiores de dezoito anos e facultativos para os
6. (SELECON – 2019) Paula percebe valores determi- analfabetos.
nados judicialmente correspondentes a dez salários 4. Os Governadores de Estado e quem os houver sucedi-
mínimos. Nos termos da interpretação do Supre- do ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
mo Tribunal Federal, sobre a vedação de vinculação reeleitos para dois períodos subsequentes.
do Art. 7º. da Constituição Federal, esse ato não se
aplicaria: Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
a) aos créditos fiscais
b) aos aumentos de vencimentos a) É correta apenas a afirmativa 3.
c) ao indexador de gratificação b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
d) às pensões alimentícias c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
7. (SELECON – 2019) Participam do Conselho de Defesa e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
Nacional: o Vice- Presidente da República, o Presiden-
te da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado 9. (FCC – 2018) Acerca do que dispõe a Constituição
Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da Federal sobre os direitos políticos,
Defesa, o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro
do Planejamento e os Comandantes da Marinha, do a) a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
Exército e da Aeronáutica. na data de sua publicação, não se aplicando à eleição
que ocorra até dois anos da data de sua vigência.
Como órgão afeto ao Presidente da República nos b) não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros,
assuntos relacionados com a soberania nacional e os brasileiros naturalizados e, durante o período do
a defesa do Estado democrático, destacam-se, com serviço militar obrigatório, os conscritos.
base no ordenamento jurídico constitucional em c) o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justi-
vigor, dentre outras, as seguintes competências desse ça Eleitoral no prazo de 15 dias contados da diploma-
Conselho: ção, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.
a) propor os critérios e condições de utilização de áreas d) o Presidente da República, os Governadores de Esta-
prescindíveis à segurança do território nacional e opinar do e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os hou-
sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fron- ver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
teira e nas relacionadas com a preservação e a explo- poderão ser reeleitos para períodos subsequentes,
ração dos recursos naturais de qualquer tipo; estudar, indefinidamente.
propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas e) o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
necessárias para garantir a independência dos estados os maiores de dezoito anos e facultativos para os
230 e dos municípios e a defesa do Estado democrático analfabetos e para os maiores de 65 anos
10. (MS CONCURSOS – 2018) É livre a criação, fusão,
incorporação e extinção de partidos políticos, resguar-
GABARITO COMENTADO
dados a soberania nacional, o regime democrático, o 1.
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos: A liberdade de pensamento é consagrada na Cons-
tituição Federal  no inciso IV, art. 5º, ao dispor “é
I. Caráter nacional. livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
II. Proibição de recebimento de recursos financeiros de o anonimato”, no inciso XIV do mesmo artigo, ao pre-
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação ver “é assegurado a todos o acesso à informação e
a estes. resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
III. Prestação de contas à Justiça Eleitoral. exercício profissional”
IV. Funcionamento parlamentar de acordo com a lei. O princípio da  reserva do possível  regulamenta a
possibilidade e a abrangência da atuação do Esta-
De acordo com o art. 17 da Constituição Federal, é cer- do no que diz respeito ao cumprimento de alguns
to afirmar: direitos, como os direitos sociais, subordinando a
existência de recursos públicos disponíveis à atua-
ção do Estado.
a) Apenas o item I está incorreto.
“É livre a locomoção no território nacional em tempo
b) Somente o item IV está correto.
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
c) I e III são os únicos corretos.
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
d) Apenas o item I está correto.
A solidariedade é um valor humano universal, que
e) Todos os itens estão corretos.
está presente em todas as culturas. Inclusive, a
ONU, Organização das Nações Unidas, instituiu na
11. (NUCEPE UESPI – 2017) Assinale a alternativa correta Assembleia Geral de 2005 o Dia Internacional da
sobre a disciplina constitucional do Poder Executivo. Solidariedade Humana, que é comemorado em 20
de dezembro.
a) É competência privativa e indelegável do Presidente Resposta: Letra B.
da República prover os cargos públicos federais na
forma da lei. 2.
b) Compete privativamente ao Presidente da República
prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro Inviolabilidade do domicílio
de trinta dias após a abertura da sessão legislativa, as Inciso XI, art. 5º, CF — “a casa é asilo inviolável do
contas referentes ao exercício anterior. indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-
c) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da sentimento do morador, salvo em caso de flagran-
República ficará suspenso de suas funções após a ins- te delito ou desastre, ou para prestar socorro. ou,
tauração do processo pelo Senado Federal. Se, decor- durante o dia, por determinação judicial.”
rido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não Então não pode ser a qualquer hora, com hora mar-
estiver concluído, cessará o afastamento do Presiden- cada, dois dias depois do mandado.
Resposta: Letra D.
te, e será extinto o processo.
d) O Presidente da República exerce a função de Chefe 3.
de Governo, mas não a de Chefe de Estado, e pos-
sui suas atribuições taxativamente enumeradas na (A) IV - é livre a manifestação do pensamento, sen-
Constituição. do vedado o anonimato;
e) Nos crimes comuns, admitida a acusação contra o (B) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
Presidente da República por dois terços da Câmara fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Correta.
dos Deputados, será ele submetido a julgamento pelo Definição do princípio da legalidade
Supremo Tribunal Federal. (C) III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
tamento desumano ou degradante;

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


12. (INSTITUTO AOCP – 2020) Assinale a alternativa cor- (D)  XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho,
reta considerando os preceitos da Constituição Fede- ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
ral de 1988. fissionais que a lei estabelecer;
(E) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
a) Às polícias civis cabem a polícia ostensiva e a preser- crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
vação da ordem pública. tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
b) As polícias militares e os corpos de bombeiros mili- ção aos locais de culto e a suas liturgias;
tares, forças auxiliares e reserva do Exército subordi- Resposta: Letra B.
nam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias
4.
penais estaduais e distrital, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
c) Às polícias penais incumbem as funções de polícia çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as nos termos da lei;
militares. Art. 5º XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,
d) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da ninguém nela podendo penetrar sem consentimen-
República, os Governadores de Estado, os Prefeitos e to do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
os Senadores devem renunciar aos respectivos man- desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
datos até seis meses antes do pleito. por determinação judicial;  (Vide Lei nº 13.105, de
e) Cada Território elegerá três Deputados. 2015) (Vigência). 231
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
distintos, de acordo com a natureza do delito, a ida- Aeronáutica.  
de e o sexo do apenado; § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalha- I - opinar nas hipóteses de declaração de guer-
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos ra e de celebração da paz, nos termos desta
públicos em que seus interesses profissionais Constituição;
ou previdenciários sejam objeto de discussão e II - opinar sobre a decretação do estado de defe-
deliberação. sa, do estado de sítio e da intervenção federal;
Art. 12. São brasileiros: III - propor os critérios e condições de utiliza-
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre ção de áreas indispensáveis à segurança do
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos território nacional e opinar sobre seu efetivo
previstos nesta Constituição. uso, especialmente na faixa de fronteira e nas
Resposta: Letra B. relacionadas com a preservação e a explora-
ção dos recursos naturais de qualquer tipo;
5. IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimen-
to de iniciativas necessárias a garantir a indepen-
A) o seguro-desemprego, em caso de desemprego dência nacional e a defesa do Estado democrático.
involuntário.  § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento
B) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para do Conselho de Defesa Nacional.
os que percebam remuneração variável. Resposta: Letra C.
C) piso salarial proporcional à extensão e à comple-
xidade do trabalho 8.
D) irredutibilidade do salário  salvo  convenção ou
acordo coletivo 1. Incorreta. Os estrangeiros não podem se alistar.
E) o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente § 2º, art. 14, CRFB/88: “Não podem alistar-se como
unificado, capaz de atender às suas necessidades eleitores os estrangeiros e, durante o período do ser-
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali- viço militar obrigatório, os conscritos”.
mentação, dentre outras, sendo vedado sua vincula- 2. Incorreta. A idade mínima para esse cargo é de 18
ção para qualquer fim, com reajustes periódicos que anos, não 21 anos. § 3º, art. 14, CRFB/88: “São condi-
lhe preservem o poder aquisitivo. ções de elegibilidade, na forma da lei: (...) VI - a ida-
Resposta: Letra A. de mínima de: (...) d) dezoito anos para Vereador”.
3.  Correta!  É o que dispõe a Constituição no § 1º,
6. art. 14: «O alistamento eleitoral e o voto são: I - obri-
gatórios para os maiores de dezoito anos; II - facul-
o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou a tativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de
jurisprudência da Corte no sentido de que a fixa- setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores
ção de pensão alimentícia em salários mínimos de dezoito anos».
não viola a Constituição Federal (CF). A decisão foi 4. Incorreta. A reeleição destina-se apenas a um
tomada na análise do Recurso Extraordinário com período subsequente. § 5º, art. 14, CRFB/88: “O Pre-
Agravo (ARE) 842157, que teve repercussão geral sidente da República, os Governadores de Estado
reconhecida. e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os hou-
O autor do recurso questionava decisão do Tribunal ver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, que tos poderão ser reeleitos para um único período
fixou pensão alimentícia para dois filhos menores subsequente”. 
com base em salários mínimos. De acordo com o Resposta: Letra A.
recorrente, a decisão do TJ distrital teria violado o
artigo 7º (inciso IV) da Constituição Federal de 1988, 9.
que proíbe a vinculação do salário mínimo para
qualquer fim. Para ele, essa vedação também alcan- a- Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
çaria prestações alimentícias de qualquer natureza. entrará em vigor na data de sua publicação, não se
As outras letras são vedadas a vinculação. aplicando à eleição que ocorra até um ano da data
Resposta: Letra D. de sua vigência. 
b- § 2º, art. 14: Não podem alistar-se como eleitores
7. os estrangeiros e, durante o período do serviço mili-
tar obrigatório, os conscritos.
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de c-§ 10, art. 14: O mandato eletivo poderá ser impug-
consulta do Presidente da República nos assuntos nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
relacionados com a soberania nacional e a defesa dias  contados da diplomação, instruída a ação
do Estado democrático, e dele participam como com provas de abuso do poder econômico, corrup-
membros natos: ção ou fraude.
I - o Vice-Presidente da República; d- § 5º, art. 14: O Presidente da República, os Gover-
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos
III - o Presidente do Senado Federal; e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
IV - o Ministro da Justiça; dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
V - os Ministros militares; período subseqüente.
V - o Ministro de Estado da Defesa;  e- § 1º, art. 14: O alistamento eleitoral e o voto são:
VI - o Ministro das Relações Exteriores; I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
232 VII - o Ministro do Planejamento. II - facultativos para:
a) os analfabetos; d) A alternativa traz os exatos termos do § 6º, do
b) os maiores de setenta anos; art. 14, da CF:
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Art. 14 [...] § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Resposta: Letra C. Presidente da República, os Governadores de Estado
e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar
10. aos respectivos mandatos até seis meses antes do
pleito.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extin- Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre-
ção de partidos políticos, resguardados a soberania sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
nacional, o regime democrático, o pluripartidaris- nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
mo, os direitos fundamentais da pessoa humana e Federal.
observados os seguintes preceitos:  §  1º  O número total de Deputados, bem como a
I - caráter nacional; (I) representação por Estado e pelo Distrito Federal,
II - proibição de recebimento de recursos financeiros
será estabelecido por lei complementar, proporcio-
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
nalmente à população, procedendo-se aos ajustes
nação a estes; (II)
necessários, no ano anterior às eleições, para que
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; (III)
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. (IV)
Resposta: Letra E. menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
11. Resposta: Letra B.

a) É competência privativa e  indelegável  do Pre-


sidente da República prover os cargos públicos
federais na forma da lei. Essa é uma competência ANOTAÇÕES
delegável. Alínea “a”, do inciso VI, e parágrafo úni-
co, do art. 84.
b) Compete privativamente ao Presidente da Repú-
blica prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
dentro de trinta dias após a abertura da sessão legis-
lativa, as contas referentes ao exercício anterior.
O prazo é de 60 dias. Inciso XXIV, art. 84.
c) Nos crimes de responsabilidade, o Presiden-
te da República ficará suspenso de suas funções
após a instauração do processo pelo Senado Fede-
ral. Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias,
o julgamento não estiver concluído, cessará o afas-
tamento do Presidente,  e será extinto o processo.
O processo não extinto. O restante está certo.
d) O Presidente da República exerce a função de Che-
fe de Governo, mas não a de Chefe de Estado, e pos-
sui suas atribuições taxativamente enumeradas na
Constituição. No sistema presidencialista o Chefe de
estado também o Chefe de Governo.
e) Nos crimes comuns, admitida a acusação contra
o Presidente da República por dois terços da Câma-
ra dos Deputados, será ele submetido a julgamento
pelo Supremo Tribunal Federal. Caput do art. 86.
Resposta: Letra E.

12. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) § 5º, art. 144: Às polícias militares cabem a polí-


cia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil.
b) § 6º, art. 144: As polícias militares e os corpos de
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do
Exército subordinam-se, juntamente com as polícias
civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.  (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 104, de 2019)
c) § 4º, art. 144: Às polícias civis, dirigidas por dele-
gados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada
a competência da União, as funções de polícia judi-
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares. 233
ANOTAÇÕES

234
Ou seja, a parte geral do Código Penal é responsá-
vel por responder a três perguntas fundamentais:

z O que é o Direito Penal? Teoria da norma penal.


NOÇÕES DE DIREITO z Quais requisitos jurídicos deve ter o delito? Teoria
do crime.

PENAL z Quais devem ser as consequências penais do


delito?

Além disso, o Código Penal apresenta as situações


que impedem a punição e, consequentemente, promo-
APLICAÇÃO DA LEI PENAL vem a extinção da punibilidade.
A parte especial, por sua vez, apresenta, em 11 títu-
PRINCÍPIOS
los, a descrição dos crimes e a cominação das penas.
O Direito Penal é o conjunto de regras e prin- O estudo da teoria da norma penal inicia-se pelo
cípios que disciplinam a infração penal, ou seja, o exame dos princípios penais. O conhecimento dos
crime ou delito e a contravenção penal, e a sanção princípios é essencial para se entender a lógica do fun-
penal, isto é, a pena e a medida de segurança. cionamento do Direito Penal. Ao estudá-los, é impor-
Tal conceito é de grande importância, uma vez que tante ter em mente sua função limitadora, vez que os
delimita o objeto e o alcance da matéria, assim como princípios servem como garantia do cidadão perante
ajuda no estudo e na compreensão da disciplina. o poder punitivo do Estado, e é por tal razão, dada a
Mas para que serve esse ramo do Direito? Podemos sua importância, que os princípios penais encontram-
dizer que o Direito Penal serve para tutelar (proteger, -se previstos na Constituição (também chamados de
cuidar) os principais bens jurídicos (valores materiais princípios constitucionais do Direito Penal) e em tra-
ou imateriais, como a vida, liberdade, patrimônio, tados de direitos humanos, como, por exemplo, na
honra, saúde, entre outros) e instituir sanções para Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de
quem infringir suas normas. San José da Costa Rica).
Agora, passaremos à análise de alguns dos prin-
Dica cípios penais mais importantes. Salienta-se que os
O Direito Penal, juntamente com o Direito Proces- princípios constitucionais do direito penal serão estu-
sual Penal e a Lei de Execução Penal, faz parte dados oportunamente no estudos das disposições
das chamadas Ciências Criminais (tratadas por constitucionais aplicáveis ao direito penal.
alguns autores por Ciências Penais). Por sua vez,
a Dogmática Penal, a Criminologia e a Política Taxatividade ou da Determinação
Criminal interagem entre si formando o modelo
tripartido das Ciências Criminais. Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal,
que deve ser suficientemente clara e precisa na for-
O estudo do Direito Penal dá-se pela análise do mulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimen-
Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro to da sanção para que exista real segurança jurídica.
de 1940) e da chamada legislação penal especial ou Tal assertiva constitui postulado indeclinável do
extravagante, que consiste nas normas penais conti- Estado de direito material: democrático e social.
das em leis fora do Código Penal (como, por exemplo, O princípio da taxatividade é uma consequência
a Lei de Crimes Ambientais, o Estatuto do Desarma- do princípio da legalidade: de nada adianta estabele-
mento, a Lei de Drogas, entre outras). cer a conduta delituosa em lei se a definição do crime
O Código Penal (CP), que será objeto do nosso estu- é vaga, confusa, ampla demais ou, ainda, dá margem
do, é dividido em duas partes: a parte geral (art. 1° ao
a mais de uma interpretação, o que gera insegurança
art. 120), em que se apresentam os critérios a partir
e fere a legalidade.
dos quais o Direito Penal será aplicado, isto é, quan-
do determinada conduta vai constituir crime e de que
Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos
forma deve ser aplicada a sanção, e a parte especial
(art. 121 ao art. 359), em que constam os crimes em
espécie e as respectivas penas. A função do Direito Penal é proteger bens jurídicos.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para facilitar o estudo, observe a seguinte divisão De acordo com tal princípio, dentro do Estado Demo-
didática (apenas didática, uma vez que o Código não crático de Direito, a interferência do Direito Penal na
está dividido desta maneira): liberdade dos cidadãos só é legítima para proteger os
bens jurídicos.
z Parte Geral:
Princípio da Intervenção Mínima ou da
Arts. 1 ao 12: Teoria da Norma: Lei penal no tempo
Subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo
e no espaço;
Arts. 13 ao 31: Teoria do Crime;
Arts. 32 ao 106: Teoria da Pena; O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurí-
Arts. 107 ao 120: Extinção da Punibilidade. dicos mais relevantes, intervindo apenas o mínimo
necessário nos conflitos sociais e na liberdade dos
z Parte especial: indivíduos. Em outras palavras, a força punitiva do
Estado deve ser utilizada apenas como último recurso
Arts. 121 ao 359: Crimes em Espécie. (ultima ratio). 235
Princípio da Proporcionalidade da Pena ou da A insignificância tem natureza jurídica de causa
Razoabilidade ou da Proibição de Excesso de exclusão de tipicidade material, isto é, como con-
Deve existir sempre uma medida de justo equilí- sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção omissões que afetam muito infimamente a um bem
imposta. A pena deve ser proporcional e adequada à jurídico-penal.
lesão do bem jurídico protegido, e a medida de segu- A irrelevante lesão ao bem jurídico protegido não
rança, à periculosidade criminal do agente. justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir
Este princípio impede que o Direito Penal inter- a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
venha de forma desnecessária ou excessiva na esfe- Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de
ra individual, gerando danos mais graves do que os pequenos furtos simples.
necessários para a proteção social. O princípio da insignificância traz consigo uma
Esse princípio tem dois destinatários: série de discussões relevantes. A primeira delas diz
respeitos aos requisitos para sua aplicação.
z Poder legislativo: que deve estabelecer penas abs- De acordo com o entendimento consolidado do
tratas proporcionais à gravidade do delito;
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não é
z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
irrestrita, e o princípio da bagatela somente pode ser
delito devem ser proporcionais à sua concreta
aplicado se presentes as seguintes condições objeti-
gravidade.
vas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos objetivos):
Princípio da Adequação Social

Uma conduta não será considerada como típica REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA
(descrita como crime) se for socialmente adequada ou INSIGNIFICÂNCIA (STF)
reconhecida, isto é, se estiver de acordo com o conví- M Mínima ofensividade da conduta
vio normal em sociedade.
A conduta típica tem que estar em conformidade A Ausência de periculosidade social
com o direito, isto é, deve estar em concordância com
as determinações jurídicas e os comportamentos já Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
R
estabelecidos em lei. comportamento
O princípio da adequação social possui dupla fun- I Inexpressividade da lesão jurídica provocada
ção, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangên-
cia (aplicação da lei penal) da conduta típica, limi- Além destes (apresentados como forma de facili-
tando a sua interpretação, e excluindo as condutas tar o aprendizado pela sigla M.A.R.I — que pode ser
consideradas socialmente adequadas e aceitas pela trocada por R.I.A.M, desde que se altere a ordem), o
sociedade. Superior Tribunal de Justiça (STJ), acrescenta mais
A segunda função é dirigida ao legislador em duas dois requisitos, de ordem objetiva (dizem respeito,
vertentes: portanto, aos sujeitos):

z A primeira delas orienta o legislador na seleção das z Não ser o réu criminoso habitual ou militar;
condutas que deseja proibir ou impor, com a finali-
z Condições da vítima: condição econômica, o valor
dade de proteger os bens considerados mais impor-
sentimental do bem, as circunstâncias e o resulta-
tantes. Se a conduta que está na mira do legislador
for considerada socialmente adequada, não poderá do do crime, de modo que se determina, no âmbito
ele reprimi-la valendo-se do Direito Penal; subjetivo, a existência ou não de lesão.
z A segunda vertente destina-se a fazer com que o
legislador repense os tipos penais e retire do orde- Ou seja, constituem exceção à aplicação do princí-
namento jurídico a proteção sobre aqueles bens pio: o fato de ser o crime praticado por militar (tendo
cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à em vista o alto grau de reprovabilidade da conduta e
evolução da sociedade. da quebra da hierarquia e da disciplina a qual tal clas-
se encontra-se sujeita), ou por criminoso habitual
Exemplo clássico é o adultério, que deixou de ser (aquele que pratica crimes como meio de vida).
crime no Brasil em 2005. Por outro lado, são exemplos O STJ possui súmulas específicas a respeito do
de condutas formalmente típicas (previstas em tipo princípio da insignificância que tratam de sua incom-
legal) mas materialmente atípicas (por serem social-
patibilidade com certos tipos de crime, como, por
mente adequadas/aceitas): a tatuagem e o furo para a
exemplo, o as Súmulas 589, 599 e 606, que afirmam,
colocação de um brinco ou de um piercing.
respectivamente, não ser aplicável a insignificância:
Princípio da Insignificância
z Nos crimes ou contravenções praticados contra a
Relacionado aos chamados crimes de bagatela, mulher no âmbito das relações domésticas;
também conhecidos como delitos de lesão míni-
z Nos crimes contra a Administração Pública;
ma. Este é um dos princípios penais que, nos últimos
anos, vem sendo cada vez mais discutido na doutri- z Nos delitos de transmissão clandestina de sinal de
na e tratado pela jurisprudência. De forma simples, Internet via radiofrequência.
consiste no princípio que afirma que o Direito Penal
não deve se preocupar com condutas incapazes de Importa saber que, para o STF e o STJ o fato de ser
ofender de forma relevante os bens jurídicos pro- reincidente não impede a aplicação do princípio da
236 tegidos pelo tipo penal. insignificância.
Nesse sentido, em abril, a Segunda Turma do STF, Quanto ao lugar (espaço), veremos que se aplica o
no julgamento do Habeas Corpus 181.389, manteve, princípio da ubiquidade, e em relação tempo, o prin-
por unanimidade, decisão do ministro Gilmar Mendes cípio da atividade.
que absolveu réu reincidente condenado a um ano e
nove meses de reclusão pela tentativa de furto de R$
Dica
4,15 em moedas e de uma garrafa de Coca-Cola, duas
de cerveja e uma de cachaça (produtos que totalizam Mnemônico que resume os dois princípios que
R$ 29,15). iremos estudar: L. U. T. A. (Lugar, Ubiquidade,
Tempo, Atividade).
Princípio da Lesividade ou da Ofensividade do
Evento
LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal tem o dever de prevenir maiores vio-
lações de direitos individuais causadas pelos efeitos A lei penal nasce (é sancionada, promulgada e
lesivos das ações reprováveis, pois é somente a prote- publicada), tem seu tempo de vida (vigência) e morre
ção de direitos que pode justificar o peso das penas e (é revogada). A revogação pode ser expressa (quando
das proibições. lei posterior textualmente afirma que a lei anterior
O princípio axiológico (axiologia é a ciência que não mais produz efeitos) ou tácita (quando não há
identifica e conceitua os valores de uma sociedade) revogação expressa, mas a nova lei é incompatível
da separação entre direito e moral veta a criação de com a anterior ou regula totalmente a matéria que
condutas típicas meramente imorais ou de estados de constava na lei mais antiga).
ânimo pervertidos, hostis, ou, ainda, perigosos.
A regra é que a lei regula todas as situações ocor-
ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação
Princípio da Razoabilidade
(tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha-
Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é mado de atividade.
legal. Isso faz com que a lei seja interpretada e apli- Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora
cada em harmonia com a realidade, de modo social de seu período de vigência, temos o fenômeno da
e juridicamente razoável, buscando aquilo que é jus- extra-atividade. A extra-atividade dá-se de duas for-
to. Tal princípio se relaciona com o princípio da pro- mas: quando a lei regula situações ocorridas antes
porcionalidade, segundo o qual as penas precisam de sua vigência (passado), chamamos a extra-ativi-
guardar relação de proporcionalidade com o delito
dade de retroatividade. Se, por outro lado, a lei se
cometido. Pena proporcional é também razoável.
aplica mesmo depois de cessada sua vigência (futu-
Princípio do Ne Bis In Idem ro), temos a ultra-atividade.
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua
De acordo com o princípio do ne bis in idem (não aplicação somente durante seu período de vigência.
repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser Como exceção, temos a extra-atividade da lei penal
punido duas vezes pelo mesmo fato. Esse princípio mais benéfica, ou seja, sua aplicação para regu-
tem aplicabilidade no âmbito do direito penal material lar situações passadas (retroatividade) ou futuras
(ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo (ultra-atividade)
crime) e do direito processual penal (ninguém pode ser Observe o art. 2º do Código Penal:
processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato).
Avançando nos estudos, vamos, agora, responder a Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
três perguntas sobre a lei penal:
posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
z Quando ela se aplica?
tença condenatória.
z Onde ela se aplica?
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
z Em face de quem ela se aplica (ou não se aplica)?
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
O nosso estudo da eficácia da lei penal dar-se-á sob riores, ainda que decididos por sentença condena-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

três aspectos: tória transitada em julgado.

z Em relação ao tempo (a lei penal não tem eficá- O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma
cia permanente; entra em vigor em determinado vez que está analisando a aplicação da lei penal e
momento e não é eterna); tendo por base a data do fato delituoso. Assim, temos
z Ao espaço (não tem vigência em todo o mundo, ou duas situações:
seja, não é universal);
z Em relação às funções exercidas por certas e deter- z Ou aplica-se a regra do tempus regit actum, se for
minadas pessoas. mais benéfico;

Assim sendo, nossos próximos passos serão estu- z Ou aplica-se a lei posterior (aquela que entra em
dar a eficácia da lei penal no tempo e no espaço, vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa-
conhecendo os princípios que regem a aplicação nes- tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada
tas duas dimensões. também de lex mitior (lei mais suave). 237
Observe as duas situações no fluxograma a seguir: De acordo com o inciso XL, do art. 5º, da CF, e caput,
do art. 2º, do CP, a lei mais branda retroage para favo-
Retroativida de Lei mais recer o agente, aplicando-se aos fatos anteriores, ain-
Benéfica da que eles já tenham sidos decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.

z Novatio legis in pejus


Nova lei
Fato em vigor Sentença Ocorre quando a lei posterior, sem criar novo tipo
incriminador, de qualquer modo, agrava a situação
do agente (in pejus).
Por exemplo: aumenta a pena, ou impõe uma for-
LEI “A” LEI “B” ma de execução mais severa, instituindo, por exem-
Se esta for mais Se esta for mais plo, que a pena do crime agora será de reclusão e não
benéfica, adota-se a favorável, usa-se mais de detenção. Lembre-se de que na reclusão o
regra da atividade Retroatividade Benéfica regime de cumprimento de pena inicia-se no fechado,
(tempus regit actum) ao passo que, na detenção, no semiaberto.
Nesta hipótese, a lei melhor (lex mitior) passa a
ser a lei anterior e a lei mais severa recebe o nome de
lex gravior (lei mais grave). As consequências são: em
Vejamos um exemplo para melhor fixar o exposto:
relação à lei nova, aplica-se os princípios da irretroa-
imagine que um indivíduo pratica um fato delituoso
tividade da lei mais severa. Quanto à lei antiga, mais
em 10 de fevereiro de 2021. Naquela data, encontra-se
benéfica, aplica-se a ultra-atividade.
em vigor a Lei “A”, que prevê a pena mínima de 4 anos
de reclusão para o crime. No entanto, em 10 de março
z Novatio legis incriminadora
do mesmo ano, entra em vigor a Lei “B”, que comina
a pena mínima de 2 anos de reclusão para o mesmo
Ocorre quando a lei nova cria uma nova conduta
delito. Qual delas deve o juiz utilizar ao proferir a sen-
típica incriminadora, considerando como crime uma
tença? Neste caso, o magistrado deve aplicar a Lei “B”,
conduta que antes era considerada irrelevante para o
por ser mais favorável ao réu (a Lei “B”, embora não
ordenamento jurídico brasileiro. Por exemplo, a Lei
estivesse em vigor na data do fato, volta no tempo,
nº 10.224, de 2001, introduziu no Código Penal o art.
retroagindo para beneficiar o agente).
216-A, que criminaliza o assédio sexual. Neste caso, a
Observe que, no exemplo dado a lei posterior (Lei
nova lei gravosa é irretroativa (art. 1º, do CP).
“B”) é mais favorável ao agente.
No entanto, lei posterior pode entrar em conflito
com a anterior de maneiras diferentes, gerando situa- Ultra-atividade
ções diversas.
Para solucionar cada uma delas, o CP aponta
regras que são aplicadas conjuntamente com os prin-
cípios que vimos anteriormente. São quatro diferen- Nova lei em
Fato vigor Sentença
tes situações:

z Abolitio criminis ou Novatio Legis ou Lei


supressiva de incriminações
LEI “A” LEI “B”
A lei nova suprime (deixa de considerar como Revogada. Se esta Se esta for mais
infração um fato que era anteriormente punido) e o for mais benéfica, favorável, aplica-se na
fato passa a ser considerado como atípico. adota-se a regra da sentença a regra geral
Por força da retroatividade (Inciso XL, do art. 5º, da ultra-atividade (tempus regit actum)
CF e caput, do art. 2º, do CP) aplica-se a lei nova. Ocorre
a extinção da punibilidade (é, pois, causa extintiva da
punibilidade, conforme o inciso III, doart. 107, do CP). Veja que o texto do Código Penal não menciona a
Os agentes que estiverem sendo processados terão ultra-atividade, ou seja, a possibilidade de o juiz apli-
seus processos extintos. Os que ainda seriam proces- car uma lei já revogada. Apesar disso, essa aplicação
sados terão seus inquéritos trancados. Importante pode ocorrer na sentença, se ela for mais benéfica e
salientar que com a abolitio criminis cessam-se os vigente à época do fato criminoso.
“efeitos penais da sentença condenatória”. Atenção! Note que, diferentemente do primeiro esquema,
Não cessam os efeitos civis. neste, o foco está na sentença e não no fato. É uma
questão de perspectiva.
z Novatio legis in mellius De quem é a competência para aplicar a lei poste-
rior favorável? Antes do juiz proferir a sentença, não
É a lei nova (novatio legis) que, diferente da aboli- há dificuldade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação;
tio criminis, não exclui o crime, contudo é mais favo- em grau de recurso, a competência é do Tribunal; e
rável ao agente (in mellius). Por exemplo, quando se já transitada em julgado a sentença, a competência
comina pena mais branda, inclui atenuantes (causas é do juiz da execução penal, de acordo com o inciso
de diminuição de pena), permite a obtenção de bene- I, do art. 66, da Lei de Execução Penal (LEP). Este é
fícios como sursis (suspensão condicional do proces- o posicionamento majoritário da doutrina e jurispru-
238 so) e o livramento condicional, entre outros. dência (Súmula 611 do STF).
Todas as situações que vimos anteriormente
podem ser resolvidas pela seguinte regra: A Lei só
Importante!
retroage para beneficiar o sujeito. No entanto, como Ultra-atividade: as leis de vigência temporária
saber qual das leis em conflito é a mais favorável ao (excepcionais e temporárias) são ultra-ativas,
agente? Para avaliar a mais benéfica, o juiz deve sem- no sentido de continuarem a ser aplicadas aos
pre apreciar o caso concreto sob a eficácia de cada fatos praticados durante a sua vigência, mesmo
uma das leis em com conflito, comparando o resulta- depois de sua autorrevogação.
do: o que mais favorecer o agente deve prevalecer.
Normas Penais em Branco e Direito Intertemporal
Lei Intermediária
Questão interessante diz respeito à alteração do
O que acontece se houver uma lei intermediária, complemento da norma penal em branco.
ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato Primeiro, vamos entender o que é norma penal
e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve em branco e conhecer algumas particularidades dela,
ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas, para depois vermos sua relação com o fator “tempo”.
mesmo que for a intermediária (também chamada de Norma penal em branco ou cega pode ser defini-
intermédia) e, não, a última. da como uma lei penal incriminadora que possui um
elemento indeterminado no que diz respeito à descri-
ção da conduta.
Combinação de Leis
Lembre-se de que a norma penal incriminadora
estabelece uma conduta (uma ação ou omissão) em
O que acontece se houverem várias leis sucessivas
seu preceito primário e uma sanção penal em seu
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais preceito secundário. Quando um tipo penal traz seu
favorável ao sujeito? É possível combinar várias leis, preceito primário incompleto, sendo preciso buscar
criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente? o complemento em outra norma, estamos diante de
Segundo a maior parte da doutrina, não é possível, uma norma penal em branco ou cega.
por violar o princípio da legalidade. Essa é a posição Vamos ver dois exemplos de norma penal em bran-
do STJ e do STF. co, o primeiro constante no art. 237 do Código Penal e
o outro no art. 33 da Lei de Drogas:
Leis Temporárias e Excepcionais
Conhecimento prévio de impedimento
Art. 237 Contrair casamento, conhecendo a exis-
A regra da retroatividade benéfica não se aplica
tência de impedimento que lhe cause a nulidade
no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem- absoluta:
porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora Neste caso, o dispositivo penal não esclarece o que
decorrido o período de sua duração ou cessadas as é “impedimento que lhe cause nulidade absoluta”. O
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao complemento, neste caso, deve ser buscado em fonte
fato praticado durante sua vigência. legislativa de igual hierarquia (Lei): o branco do art.
237, do CP, é complementado pelas hipóteses de impe-
z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em dimento previstas no Código Civil, especificamente no
épocas especiais, como guerra, calamidade etc. seu art. 1521. Este caso é o que se chama de norma
É aprovada para vigorar enquanto perdurar o penal em branco em sentido lato ou imprópria ou
homogênea: a complementação do preceito primário
período excepcional. É facilmente identificada por
é feita com auxílio de uma lei.
expressões como “esta lei terá vigência enquanto Norma penal em branco é um assunto dos mais
durar o estado de calamidade pública”; cobrados em concursos. É importante guardar não
z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por só suas relações com o direito temporal, mas também
determinado tempo, estabelecido previamente na suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em
própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de nosso vocabulário jurídico-penal:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cessação de sua vigência. Um exemplo de lei tem-


porária é a Lei nº 12.663, 2012, denominada Lei z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Homo-
Geral da Copa, que criou tipos penais que duraram vitelina: o complemento encontra-se no mesmo
diploma legal da norma incompleta (exemplo:
até o dia 31 de dezembro de 2014.
vários tipos do Código Penal tratam de crimes
cometidos por funcionário público; o conceito de
Posto isso, rege o art. 3º do Código Penal que, mes-
funcionário público é encontrado no art. 327 do
mo cessadas as circunstâncias que a determinaram próprio CP);
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Hete-
ção (lei temporária), é possível aplicá-las aos fatos pra-
rovitelina: o complemento está em diploma legal
ticados durante sua vigência. diferente do da norma incompleta (exemplo: o art.
Desta forma, são leis ultra-ativas, isso porque 237, do CP, fala em “impedimento que cause a nuli-
regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo dade absoluta do casamento” e o complemento
após sua revogação. encontra-se no Código Civil (CC); 239
z Quando o complemento é dado por uma norma Imagine um sujeito que é pego vendendo a droga
constante da CF, temos a chamada norma penal “X”, que consta na Portaria, e passa a responder pelo
em branco de fundo constitucional (exemplo: o crime de tráfico de drogas. Com a retirada da substân-
art. 246 do CP fala em “idade escolar”; tal conceito cia da norma complementar, como ficaria a situação
encontra-se no inciso I, art. 208, CF): do agente?
Neste caso, acontecerá a retroatividade benéfica,
Art. 208 O dever do Estado com a educação será descriminalizando o comportamento, por força da
efetivado mediante a garantia de: abolitio criminis. Veja que o fato passa a ser atípico
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 não pela revogação da Lei que considerava o fato típi-
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegu- co, mas sim por conta de seu complemento.
rada inclusive sua oferta gratuita para todos os que Tal foi o que ocorreu no caso do art. 237 do CP. O
a ela não tiveram acesso na idade própria; [...] Código Civil de 1916, em seu inciso VII, do art. 183,
previa que um dos impedimentos absolutamente diri-
Agora, veja o caso da Lei 11.343, 2006 (Lei de mentes era o casamento do cônjuge adúltero com o
Drogas): corréu condenado por tal crime. No entanto, o Código
Civil de 2002 não trouxe tal impedimento, ocorren-
do, pois, abolitio criminis, que retroagiu em favor de
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
eventuais réus.
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
A retroação benéfica, por outro lado, não ocor-
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
re quando se tratar de complementos que tenham
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
caráter excepcional ou temporário, como foi o caso,
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação
por exemplo, da Lei nº 1.521, de 1951 (Lei de Crimes
legal ou regulamentar:
Contra a Economia Popular):
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
Na época, o comerciante que fosse flagrado ven-
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui- dendo produto com preço acima do que constasse em
nhentos) dias-multa. tabela oficial respondia pelo ato, ainda que o congela-
mento, com a respetiva revogação da tabela, se encer-
rasse antes da conclusão do inquérito policial ou do
No caso do art. 33 da Lei de 11.346/06, o dispositivo
processo penal.
não define o que são “drogas”, nem o que seja “sem
autorização legal ou em desacordo com determinação Do Tempo do Crime
legal ou regulamentar”. A definição de quais substân-
cias são ilícitas é encontrada em Portaria da Agência Como vimos anteriormente, logo em seus primei-
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que, por ser ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da
fonte legislativa hierarquicamente inferior, é denomi- aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân-
nada norma penal em branco em sentido estrito ou cia de se conhecer o tempo do crime?
própria ou heterogênea. Determinar o tempo do crime é essencial para
Por outro lado, temos a chamada norma penal saber qual lei será aplicada no caso concreto. Da
em branco ao revés, invertida, inversa ou, ainda, ao mesma forma, é imprescindível para verificar a
avesso quando o complemento necessário se refere à imputabilidade do agente (que pode ser menor de
18 anos no momento da conduta), fixar as circuns-
sanção (preceito secundário). Um exemplo de norma
tâncias do tipo penal, verificar a prescrição, dentre
penal em branco ao revés é o tipo do crime de geno-
outros aspectos.
cídio, previsto na Lei nº 2.889/56, que apresenta um Existem três teorias que podem ser consideradas
branco em relação à pena, sendo necessário recorrer para se determinar o tempo do crime:
a outras leis para completar tal branco. Pode aconte-
cer de o próprio complemento da norma incompleta
necessitar de outro complemento, ou seja, é preciso Considera-se praticado o crime
TEORIA DA
uma dupla complementação. Neste acaso, temos o no momento da conduta (ação
ATIVIDADE
que se usa chamar de normal penal em branco ao ou omissão)
quadrado. TEORIA DO Considera-se praticado o crime
Ainda, em relação às normas penais em branco, RESULTADO no momento do resultado
vale lembrar que é importante saber diferenciá-las
dos tipos penais abertos. O tipo penal aberto, assim Considera-se praticado o cri-
como na norma em branco, é uma norma incomple- TEORIA MISTA OU me tanto no momento da con-
ta que necessita de complementação. A diferença, no DA UBIQUIDADE duta quanto no momento do
entanto, é que no tipo penal aberto a complementa- resultado
ção é feita por meio de um juízo de valoração reali-
zado pelo próprio juiz, isto é, o complemento vem da O Direito Penal brasileiro adotou, em relação ao
valoração feita pelo magistrado e não de uma outra tempo do crime, a Teoria da Atividade, por isso,
norma. considera-se praticado o crime no momento da
Agora que já vimos o conceito de norma penal em conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o
branco e suas particularidades, vamos fazer uma rela- momento do resultado (art. 4º, CP).
ção dela com a questão do “direito no tempo”. Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial
Vamos voltar ao exemplo do art. 33 da Lei nº que se determine o instante da ação (momento dos
11.343/06 (tráfico ilícito de drogas). tiros, por exemplo) e não o momento do resultado
O que ocorreria, por exemplo, se houvesse a (morte). Pois, se o autor for menor de 18 anos à época
retirada de certa substância psicoativa da portaria dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador
da ANVISA, que define as drogas para efeito da Lei ter completado a maioridade penal, ele não pode res-
240 nº 11.343? ponder criminalmente pelo ato.
A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em rela- anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de
ção ao tempo do crime, é a teoria da atividade. Leva- crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação:
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente
omissão), pouco importando o instante do resultado. a pena de um só dos furtos aumentada de 1/6 até 2/3.
Veja o esquema a seguir como exemplo: No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres-
sar no tema do crime continuado; basta-nos apenas
a noção do fenômeno para que possamos discutir a
Tempo do Crime (Art. 4º) questão do tempo do crime quando de sua ocorrência.
Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá-
vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve
Conduta Resultado ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva
quanto às condutas praticadas pelos menores de 18
Sentença Morte da anos, por força do artigo 228 da CF, que determina
Vítima sua inimputabilidade: Na hipótese de um sujeito que
possui 17 anos cometer quatro furtos, possuindo 17
anos quando do cometimento dos dois primeiros e 18
Vítima
anos no momento da prática dos dois últimos, pelos
Considera-se hospitalizada
dois primeiros o sujeito responderá perante o ECA e
praticado no tempo pelos dois últimos, perante o Código Penal, neste últi-
da conduta (Teoria da mo aplicando-se a continuidade delitiva.
Atividade, art. 4º)
LEI PENAL NO ESPAÇO
É na data da conduta, portanto, que:
Agora, iremos estudar sobre a aplicação da lei
penal no espaço, ou seja, onde ela é aplicada.
z Verifica-se a imputabilidade penal: no nosso
exemplo, o fato de ser o autor maior ou menor de
Territorialidade
18 anos;
z Fixam-se as circunstâncias do crime: qualifica-
O princípio adotado para tratar do âmbito da apli-
doras, causas de aumento ou diminuição de pena,
cação da lei penal brasileira é o princípio da Terri-
agravantes ou atenuantes.
torialidade, que se encontra disposto no art. 5º do CP:
Por exemplo, ser a vítima criança ou maior de 60
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
anos (agravante); ou ser o autor menor de 21 anos (o que convenções, tratados e regras de direito internacio-
vai servir como atenuante). nal, ao crime cometido no território nacional.

Tempo do Crime nas Infrações Permanentes e O princípio da territorialidade significa que a lei
Continuadas penal de um país só é aplicável no território do Estado
que a editou, sem se preocupar com a nacionalidade
Nestes casos, será aplicada regra especial, que do sujeito ativo (autor) ou passivo (vítima).
consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave O princípio da territorialidade pode se dar de duas
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, formas:
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência”. z De forma absoluta (princípio da territorialidade
Crime permanente é aquele cuja consumação se absoluta) quando somente a lei penal do país é
prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo como, aplicável aos crimes cometidos em seu território
por exemplo, no caso de um sequestro. Neste caso, é nacional;
considerado tempo do crime todo o período em que z De forma temperada, relativizada ou mitigada
se desenrolar a atividade criminosa. Assim sendo, se (princípio da territorialidade temperada) quan-
um sequestrador, menor de 18 anos quando do início do a lei penal nacional é aplicada via de regra ao
da prática do crime, atinge a maioridade ainda com crime cometido no território nacional, mas, excep-
o delito em curso, é considerado imputável (capaz de cionalmente, por força de tratados e convenções
receber pena) para os fins penais. internacionais, a lei estrangeira é aplicável a deli-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí- tos praticados em território nacional.
dica criada para beneficiar o réu, a qual está previs-
ta no art. 71 do CP, e será estudada mais adiante. Por Como regra, o Brasil adota o princípio da terri-
enquanto, basta saber que o crime continuado ocorre torialidade temperada e 4 outros princípios como
quando o agente pratica dois ou mais crimes da mes- exceção:
ma espécie, mediante duas ou mais condutas, sendo
que, pelas condições de tempo, lugar, modo de execu- z Real, de proteção ou da defesa: a lei penal leva
ção, são tidos uns como continuação dos outros. em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado
Por exemplo, um empregado de uma loja de fer- pelo delito, sem se importar com local de sua práti-
ramentas, visando subtrair um kit de ferramentas ca ou com a nacionalidade do sujeito ativo (alíneas
do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta a, b e c, inciso I, do art. 7º, da CF).
por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias
depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica cometidos no estrangeiro:
do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120 I - os crimes: 241
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da z Mar territorial, assim entendido como a faixa de
República; mar exterior que compreende as 12 milhas marí-
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do timas medidas a partir da linha do baixa-mar do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Muni- litoral continental e insular brasileiro, de acordo
cípio, de empresa pública, sociedade de economia com as referências contidas nas cartas náuticas
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder brasileiras (art. 1º, da Lei nº 8.617/93).
Público;
c) contra a administração pública, por quem está a Em relação aos rios internacionais que constituem
seu serviço; limites entre dois países, normalmente existe tratado
[...]
sobre o tema que, ou determina que a divisa se encon-
tra na linha mediana do leito do rio ou que a divisa
� Justiça penal universal, princípio universal, acompanhe a linha de maior profundidade da cor-
da universalidade da justiça cosmopolita, da rente. Se o rio não for divisa, mas sucessivo, como o
jurisdição mundial, da repressão universal ou Amazonas, é indiviso, cada Estado exerce soberania
da universalidade do direito de punir: o agente sobre ele.
ficará sujeito à Lei do Estado em que for encontra- No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o
do, independentemente da nacionalidade do autor limite é fixado pela linha da meia distância entre as
ou da vítima, assim como do local em que o crime margens do lago ou lagoa, que separa dois ou mais
foi praticado. Pode-se citar os tratados internacio- Estados.
nais de cooperação na repressão de determinados
delitos de alcance transnacional.
Dica
Art. 7º [...] Por se relacionarem aos assuntos que estamos
I - os crimes: vendo, vale a pena estudar as hipóteses de não
[...] incidência da lei a fatos cometidos no Brasil:
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou � as imunidades diplomáticas;
domiciliado no Brasil; � as imunidades parlamentares;
II - os crimes:
� a inviolabilidade do advogado.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
gou a reprimir;
Esses assuntos geralmente são tratados em Direito
Constitucional, Direito Processual Penal e no estudo
z Nacionalidade ativa ou princípio da persona- do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
lidade: segundo o princípio da nacionalidade, a
lei penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde Território por Extensão
quer que se encontrem.
De acordo com o § 1º, do art. 5º, do Código Penal, para
Art. 7º [...] fins penais, é considerado território por extensão:
[...]
II - os crimes: z As embarcações e aeronaves brasileiras, de
[...] natureza pública ou a serviço do governo brasilei-
b) praticados por brasileiro; ro onde quer que se encontrem;
z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer-
z Representação, pavilhão ou bandeira: ficam sujei- cantes ou de propriedade privada, que se achem,
tos à lei do Brasil os delitos cometidos em aerona- respectivamente, no espaço aéreo corresponden-
ves e embarcações privadas, quando ocorridos no te ou em alto-mar.
estrangeiro e não venham lá a ser julgados.
Lugar do Crime
Art. 7º [...]
[...] O CP trata do lugar do crime no art. 6º:
II - os crimes:
[...] Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasi- que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par-
leiras, mercantes ou de propriedade privada, quan- te, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
do em território estrangeiro e aí não sejam julgados. -se o resultado.

Território Nacional O disposto no art. 6º do CP destina-se aos chama-


dos crimes à distância, isto é, aqueles delitos em que
O texto do art. 5º do CP fala em território. O terri- a ação ou a omissão ocorre em um país e o resul-
tório que nos interessa é o território jurídico, ou seja, tado, em outro. Em relação ao local do crime, o CP
o espaço em que o Estado exerce sua soberania. O ter- adota o princípio da ubiquidade.
ritório nacional é composto pelas seguintes partes: Vamos exemplificar: na divisa Brasil-Paraguai, um
cidadão brasileiro, que se encontra em Foz do Igua-
z Solo; çu, atira em uma pessoa que se encontra no Paraguai,
vindo esta a falecer. Ou, ainda, um indivíduo envia
z Subsolo;
uma carta-bomba do Chile para o Brasil, que, ao ser
z Espaço aéreo correspondente; aberta em São Paulo, mata a vítima. Quem vai punir
z Cursos d’água internos (rios, lagos, mares os autores?
242 interiores); Para solucionar tais situações, existem três teorias:
Extraterritorialidade Art. 7º [...]
II - os crimes:
Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasilei- a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
ra aos crimes cometidos fora do Brasil. Sua sistema- gou a reprimir;
tização encontra-se nos arts. 7º e 8º do CP. b) praticados por brasileiro;
Tal fenômeno se justifica por dois motivos: c) praticados em aeronaves ou embarcações bra-
sileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
z Para proteger certos bens jurídicos (como, por
julgados.
exemplo, o patrimônio público);
z Para impedir que certos delitos fiquem sem res- Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende
posta da lei penal. Não se aplica a extraterrito- do preenchimento das seguintes condições:
rialidade a todas as infrações penais (crimes e
contravenções): de acordo com o art. 2º da Lei z entrar o agente no território nacional;
de Contravenções Penais, não se aplica a lei z ser o fato punível também no país em que foi
brasileira às contravenções ocorridas fora do praticado;
território nacional. Ou seja, não há extraterrito- z estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
rialidade de contravenção. lei brasileira autoriza a extradição;
z não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
A aplicação da lei brasileira no estrangeiro pode ocor- não ter aí cumprido a pena;
z não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
rer sem que seja necessária qualquer condição, receben-
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
do o nome de extraterritorialidade incondicionada:
segundo a lei mais favorável.
z Hipóteses do inciso I, do art. 7º, do CP:
A doutrina discorre acerca de uma hipótese cha-
mada de extraterritorialidade hipercondicionada, que
Art. 7º [...]
possui este nome por depender dos requisitos ante-
I - os crimes:
riores, acrescidos de ainda mais dois. Essa hipótese se
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
encontra prevista no § 3º, do art. 7º, do CP:
República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, Art. 7º [...]
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
Município, de empresa pública, sociedade de eco- cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
nomia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Brasil, se, reunidas as condições previstas no pará-
Poder Público; grafo anterior:
c) contra a administração pública, por quem a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
está a seu serviço; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

Nestes casos, aplica-se a lei penal brasileira ainda A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
que o crime tenha sido julgado no estrangeiro e imposta no Brasil pelo mesmo crime quando as penas
independentemente de o agente entrar no Brasil. forem diversas, ou nela é computada quando idênticas.

Art. 7º [...] Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a


§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segun- pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condena- diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
do no estrangeiro.
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
Nos casos de extraterritorialidade incondicionada,
O art. 9º do CP trata dos efeitos da sentença penal
se o sujeito ativo entra em território brasileiro, estará
estrangeira. De acordo com o disposto, somente pode
sujeito à punição, independentemente de já ter sido
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ser homologada para produzir os seguintes efeitos:


condenado ou absolvido no exterior.
Enquanto não ocorrer o trânsito em julgado de sen-
z Obrigar o condenado à reparação do dano (inciso
tença condenatória ou absolutória no Estado em que o I, do art. 9º, do CP);
indivíduo é processado, nada obstará que o Brasil, atra-
z Sujeitar o condenado à medida de segurança (art.
vés do sistema persecutório brasileiro, responsabilize
9º II, CP).
os autores do crime.
Se preenchidas certas condições indicadas na A homologação é feita por meio de sentença pelo
lei, teremos a extraterritorialidade condicionada. STJ, conforme dispõe a alínea i, inciso I, do art. 105, da
Quando se fala em extraterritorialidade condiciona- CF. No caso inciso I, do art. 9º, do CP, a homologação
da, deve-se ter em mente que, uma vez cumprida a depende de pedido da parte interessada. Já na hipóte-
pena no estrangeiro, desaparece o interesse do Bra- se do inciso II, do 9º, do CP, depende da existência de
sil em punir o delinquente. As hipóteses de aplicação tratado de extradição com o País respectivo ou, na fala
encontram-se no inciso II, do art. 7º, do CP: de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 243
CONTAGEM DE PRAZO Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Antes de ingressar especificamente na contagem
dos prazos, cumpre informar que o prazo penal e o „ histórica: é aquela que leva em consideração
prazo processual são contados de maneiras diferentes: a origem da criação de determinada norma.
Exemplo: Lei de Cotas (Lei nº. 12.711, de 29 de
z Prazo penal (regra art. 10 do CP): inclui-se o pri-
agosto de 2012);
meiro dia, despreza-se o último;
„ sistemática: interpretação em conjunto com a
z Prazo processual penal (§ 1º, do art. 798, do CPP):
legislação em vigor e com os princípios gerais do
despreza-se o primeiro dia, conta-se o último.
direito. Isso quer dizer que a Lei não pode ser
Frações não Computáveis da Pena interpretada isoladamente, mas como um sistema;
„ progressiva ou evolutiva: busca o significado
z Frações de penas: não são computadas as horas legal de acordo com o progresso da ciência.
nas penas privativas de liberdade e restritivas de
direitos, nem os centavos na pena pecuniária. z Interpretação quanto ao resultado

„ D eclarativa ou declaratória: é aquela em que


Importante! a letra da lei corresponde exatamente àquilo
que a ela quis dizer, sem restringir ou estender
Para fins de prescrição e decadência, os prazos seu sentido;
são contados de acordo com a regra do art. 10, „ Restritiva: a interpretação reduz o alcance das
do CP. palavras da lei para corresponder à intenção
do legislador. Vale mencionar que as normas
que instituem penalidades devem ser interpre-
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL tadas isoladamente.
A interpretação é medida necessária para que Aqui, ao criar a norma o legislador disse além
compreendamos o verdadeiro sentido da norma e seu
mais do queria, por isso busca-se restringir o
alcance.
alcance da norma. As normas que instituem
Na interpretação existe uma lei para regular o caso
penalidades devem ser interpretadas restriti-
em concreto. Assim, a atividade do intérprete se resu-
vamente, sendo vedado o uso de analogia para
me a extrair do conteúdo normativo a sua vontade e
aplicar punições, vez que tal entendimento vai
o seu alcance para que possa regular o fato jurídico.
contra o princípio da legalidade (inciso XXXIX,
Importante salientar que a interpretação deve sem-
art. 5º, da CF);
pre buscar a mens legis — vontade da lei — e não a
vontade do legislador. „ Extensiva: amplia o alcance das palavras da lei
Espécies de Interpretação para corresponder a sua vontade.

z Interpretação quanto ao sujeito Aqui, o legislador disse aquém do que queria,


por isso busca-se corrigir a timidez do legislador.
Quanto ao sujeito, as normas penais podem ser: Rogério Greco fala em interpretação extensiva
em sentido amplo, a qual abrange a interpreta-
„ A
utêntica ou legislativa: é a fornecida pela ção extensiva em sentido estrito e interpretação
própria lei, ou seja, é aquela que o próprio analógica, que se baseia em casos semelhantes.
legislador cria com a finalidade de esclarecer
o significado de outra norma. Exemplo: art. 327 z Interpretação sui generis
do Código Penal:
A interpretação sui generis pode ser exofórica ou
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os endofórica. Veja-se:
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- „ E xofórica: o significado da norma interpretati-
ção pública. va não está no ordenamento normativo. Exem-
plo: erro de tipo;
„ D outrinária ou científica: é aquela aduzida „ Endofórica: o texto normativo interpretado
por jurista/estudiosos por meio de sua doutrina;
empresta o sentido de outros textos do próprio
„ Jurisprudencial/Judicial: é o significado da
ordenamento jurídico. Esse método é muito
lei dado pelos Tribunais no julgamento dos
usado para interpretar as normas penais em
litígios (exemplo: súmulas). Vale ressaltar que,
branco — aquelas que não possuem sentido
em regra, as decisões jurisprudenciais não são
completo para produzir efeitos, por isso é neces-
obrigatórias.
sário buscar a interpretação em outras normas.
z Interpretação quanto ao modo
Exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343, de 2006)
„ gramatical, sintática, filológica ou literal: é define crimes, mas não define quais são as subs-
aquela que leva em consideração o significado tâncias consideradas como “drogas ilícitas”.
literal das palavras e as regras gramaticais; Contudo, deixa ressalvado no seu art. 66 que se
„ teleológica: é aquela em que se busca inten- denominam drogas substâncias entorpecentes,
ção/motivo/finalidade da lei. Exemplo: essa psicotrópicas, precursoras e outras sob controle
interpretação possui previsão no art. 5º da Lei especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de
244 de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: maio de 1998.
Dica Antes de verificar se há leis concorrentes, deve-se
analisar se não é o caso da ocorrência de sucessão
Diz-se interpretação homogênea quando a inter- temporal de leis. Ou seja, a primeira “peneira” a ser
pretação é obtida por norma do próprio poder feita é verificar se não se trata de conflito de leis no
legislativo e, heterogênea quando a fonte da tempo, que são solucionados pelo princípio de que
interpretação advém de outro poder. lei posterior revoga lei anterior (lex posterior derogat
priori).
z Interpretação conforme a Constituição Por exemplo, a Lei “A” regula determinada situa-
ção e, posteriormente, surge a Lei “B” que revoga a
A Constituição Federal informa e confirma as nor- Lei “A”. Neste caso, não haverá conflito aparente de
mas hierarquicamente inferiores. Esta é uma impor- normas, pois o conflito será solucionado através da
tante fonte de interpretação no Estado Democrático aplicação das regras relativas à lei penal no tempo.
de Direito. Uma corrente minoritária de autores inclui a
Veremos, agora, situações nas quais há mais de sucessão temporal de leis como um princípio de solu-
uma norma e que geram dúvida acerca de qual deve ção do conflito aparente de normas (como é caso do
ser aplicada ao caso concreto. Para resolver esse Prof. Guilherme Nucci, que o apresenta como “critério
suposto conflito será necessário o conhecimento dos da sucessividade”).
princípios que abordaremos adiante. Vamos, agora, analisar detalhadamente cada um
deles.
Conflito Aparente de Normas
Princípio da Especialidade
O conflito aparente de normas (ou concurso apa-
rente de normas) se estabelece quando duas ou mais Lei especial afasta a aplicação de lei geral (lex spe-
normas supostamente parecem ser aplicáveis ao mes- cialis derogat generali), de acordo com o previsto no
mo fato. art. 12 do Código Penal:
Por exemplo: um sujeito resolve importar, via cor-
reio, uma determinada substância entorpecente. Num Art. 12 As regras gerais deste Código aplicam-se
primeiro momento, pode parecer que se aplique ao aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
caso o previsto no art. 334 do Código Penal, que trata do dispuser de modo diverso
crime de contrabando. Ocorre que o mesmo fato está
previsto no art. 33 da Lei de Drogas. Parece, pois, que Uma norma penal incriminadora (que descreve
as duas normas podem ser aplicáveis ao mesmo fato. crimes e comina penas) é especial em relação a outra
No entanto, o conflito é apenas aparente, uma vez quando:
que a própria lei apresenta mecanismos para sua
solução: no caso do nosso exemplo, aplica-se o art. z Possui em sua definição legal todos os elementos
33 da Lei de Drogas (tráfico ilícito de drogas), por se típicos que constam na geral;
tratar de lei especial (o tráfico internacional de dro- z Apresenta mais alguns elementos (de natureza
gas distingue-se do contrabando, porque se refere, objetiva ou subjetiva), chamados de especializan-
especificamente, a um determinado tipo de merca- tes, que a tornam mais ou menos severa do que a
doria proibida, no presente caso, a droga. O mesmo geral.
ocorre com o tráfico de armas, previsto no Estatuto do
Desarmamento). Vamos exemplificar. O tipo penal do homicídio
Note, o conflito é apenas aparente, pois somente simples descrito a seguir é lei geral:
uma delas acaba regulamentando o fato, afastan-
Homicídio simples
do as demais.
Para que ocorra o conflito aparente de normas,
Art. 121 Matar alguém.
devem estar presentes dois pressupostos:

z Unidade de fato, ou seja, a existência de uma única Compare com o tipo penal do infanticídio, outro
infração penal (por exemplo: uma morte); dos crimes contra a vida:
z Pluralidade de normas identificando o mesmo fato Infanticídio
como delituoso, isto é, duas ou mais normas supos-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tamente regulando o mesmo fato criminoso. Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe-
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
A solução dá-se pela aplicação de alguns prin-
cípios que veremos a seguir, que são denominados O infanticídio (crime específico) é lei especial em
princípios que solucionam o conflito aparente de relação ao homicídio (crime genérico), uma vez que
normas. contém mais elementos:
São quatro os princípios que solucionam o con-
flito aparente de normas: z Sob a influência do estado puerperal;
z Especialidade; z O próprio filho;
z Subsidiariedade; z Durante o parto ou logo após.

z Consunção (ou absorção); Assim, estando presentes as especializantes, o


z Alternatividade (este último não é unânime entre tipo genérico será desprezado, aplicando-se o tipo
os autores, conforme veremos ao estudá-lo). especial, a fim de que se evite a dupla punição (bis 245
in idem). Em outras palavras, no conflito aparente A subsidiariedade apresenta-se nas seguintes
entre norma geral e norma especial, afasta-se a geral formas:
e aplica-se a especial.
Note que, no exemplo anterior, ambos dispositivos z Expressa ou explícita:
encontram-se dispostos na mesma lei (CP). Pode ocor-
rer, no entanto, de estarem contidas em leis distintas, Ocorre quando a própria norma indica expressa-
mente em seu texto o seu caráter subsidiário, ou seja,
como nos exemplos a seguir. Observe respectivamen-
afirma que só vai ser aplicada se não for o caso da
te os tipos penais do homicídio culposo, previsto no
aplicação de outra de maior gravidade.
Código Penal, e o homicídio culposo na direção de Esta é mais simples de ser identificada, sendo reco-
veículo automotor, que consta do Código de Trânsito nhecida por expressões tais como “se o fato não cons-
Brasileiro (CTB): tituir crime mais grave”.
Um exemplo é o delito de perigo para a vida ou
Código Penal saúde de outrem, previsto no art. 132 do CP, que des-
Art. 121 Matar alguém: creve em seu preceito secundário a pena de detenção,
[...] de três meses a um ano, “se o fato não constitui crime
Homicídio culposo mais grave”.
§ 3º Se o homicídio é culposo (Vide Lei nº 4.611, de Ou seja, a lei explicitamente indica que o art. 132 só
1965) é aplicável se o fato não constituir crime mais grave,
Pena – detenção, de um a três anos. como a tentativa de homicídio, o perigo de contágio de
moléstia grave e o abandono de incapaz, entre outros.
Código de Trânsito Brasileiro São outros exemplos de subsidiariedade expressa a do
Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção de § 3º, do 129, e dos arts. 238, 239 e 307, todos do CP e os
veículo automotor. arts. 21, 29 e 46 da Lei de Contravenções Penais (LCP).

A relação entre norma geral e norma especial tam- z Tácita ou implícita:


bém pode ocorrer “dentro” de crimes que apresentam
tipo simples e formas típicas qualificadas/privilegia- Neste caso, a norma nada fala. No entanto, o fato
incriminado na norma subsidiária serve como ele-
das. Assim, o tipo fundamental (simples) é desconsi-
mento componente ou agravante especial da norma
derado, sendo aplicado o qualificado ou privilegiado,
principal, como, por exemplo, no caso do estupro
conforme o caso. Nesses termos, o furto simples (caput,
(norma principal), que contém o constrangimen-
do art. 155, do CP) é excluído pelo privilegiado (§ 2º, do to ilegal (norma subsidiária), e do furto qualificado
art. 155, do CP); o estelionato simples (caput, do art. pelo arrombamento, que contém o dano funcionando
171, do CP) é excluído pelo qualificado (§ 3º, art. 171, como circunstância qualificadora do furto).
do CP) etc. O constrangimento ilegal é subsidiário de todos os
crimes que têm como meio de execução a violência
Princípio da Subsidiariedade (Tipo de Reserva) física ou a grave ameaça.
Outro exemplo é a omissão de socorro (art. 135,
Uma norma é considerada subsidiária em relação CP) que serve como causa de aumento do homicídio
a outra quando a conduta nela prevista (de menor culposo (§ 4º, do art. 121, do CP).
gravidade) integra o tipo da principal (que descreve o Na prática, o princípio da subsidiariedade acaba
fato de forma mais abrangente). Neste caso, a lei prin- por gerar os mesmos resultados do princípio da espe-
cialidade. Trata-se, contudo, de institutos diferentes. A
cipal afasta a aplicação de lei secundária (lex primaria
distinção pode ser feita de duas maneiras:
derogat subsidiariae), justamente porque esta última
cabe dentro dela. z Na especialidade: há relação entre o fato descrito
Ou seja, a figura típica subsidiária (chamada pelo pela norma genérica e o estabelecido pela especial
grande penalista brasileiro Nelson Hungria de “sol- (relação de gênero e espécie). Na subsidiariedade,
dado de reserva”) é parte da principal, estando nela não existe essa relação;
contida. Observe que não se trata de ser especial, mas z Na subsidiariedade: quando se afasta a incidên-
sim mais ampla. Veja os exemplos: cia da norma primária, a pena do tipo subsidiário
pode ser aplicada, como um “soldado de reserva”
z O crime de ameaça (art. 147, CP) é subsidiá- de forma residual.
rio (“cabe”) no delito de constrangimento ilegal
mediante ameaça (art. 146). Este, por sua vez, é Princípio da Consunção ou Absorção
subsidiário ao crime de extorsão (art. 158, CP);
Trata-se do princípio segundo o qual o fato previs-
z O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei nº
to por uma lei está, igualmente, contido em outra de
10.826/03) encaixa-se no crime de homicídio come-
maior amplitude, aplicando-se somente esta última.
tido com disparo de arma de fogo (art. 121, CP).
Os fatos menos amplos e menos graves servem como
preparação, execução ou mero exaurimento.
Veja que há um só fato. No exemplo da morte cau- Ocorre a consunção ou absorção quando:
sada por disparo de arma de fogo, o fato (disparo que
acaba matando) é maior do que a norma subsidiária z Um fato definido por uma norma incriminadora
(mero disparo), só podendo, portanto, se encaixar na é meio necessário ou normal da fase de prepara-
246 norma mais ampla. ção ou execução de outro crime. Ex. Furto: para
cometer um crime de furto em uma residência é Lembre-se, em qualquer situação, para que haja
necessário violar o domícilio ou residência da víti- consunção é imprescindível que os fatos aconteçam
ma. Logo, a violação de domicílio (art. 150 do CP) dentro do mesmo contexto.
constitui meio necessário para cometer o crime de A figura utilizada para fazer referência ao princí-
furto. Por isso, a violação será absorvida e o agente pio da consunção é a de um peixão, que engole um pei-
responderá apenas pelo furto; xinho, que engole o girino: isto é, o homicídio absorve
as lesões graves, que absorvem as lesões leves, que,
z Quando a conduta anterior ou posterior do agen-
por sua vez, absorvem as vias de fato.
te estiver intimamente interligada ou for ineren-
te e dependente do crime-fim, ou seja, constitua o
Princípio da Alternatividade
mero exaurimento (confirmação) da conduta ante-
rior. Ex. O agente furta uma arma de fogo, contu-
do, logo em seguida, é preso e a arma apreendida. O último dos princípios é o da alternatividade e
Neste caso, o agente não responderá pelo crime é aplicado quando há a prática, no mesmo contexto
de porte ilegal de arma, por constituir a conduta fático, dos crimes de conteúdo múltiplo, variado ou
mero exaurimento do crime de furto. plurinuclear, que são os crimes que descrevem várias
condutas no mesmo artigo, ou seja, contém vários ver-
A consunção é utilizada também no crime pro- bos como núcleos do tipo. Um exemplo desse tipo de
gressivo, aquele no qual o agente possui, desde o iní- crime encontra-se no caput, art. 33, da Lei de Drogas:
cio, a intenção de praticar um crime mais grave, mas
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
para alcançá-lo deve passar pelo crime menos gra-
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
ve. Em outras palavras, o agente desde o início quer
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
alcançar o resultado mais grave, e o busca por meio
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
de atos sucessivos e crescentes. Exemplo: homicida
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
que deseja matar a vítima e cortar partes do seu cor- autorização ou em desacordo com determinação
po. Embora este cometa várias ações, a sua intenção legal ou regulamentar.
é matar a vítima, por isso ele responderá apenas por
um único crime, no caso, de homicídio qualificado. Note que são dezessete verbos (núcleos diferen-
Outra aplicação da consunção dá-se na progres- tes): pelo princípio da alternatividade, se o agente
são criminosa, que ocorre quando o agente possui pratica mais de um verbo, no mesmo contexto fático,
um dolo inicial (vontade inicial) e, no mesmo contexto só responderá por um único crime (por exemplo, se o
fático, resolve progredir para um crime mais grave. sujeito oferece e ministra).
Exemplo: quando o sujeito, desejando causar lesões à
vítima, corta seus dedos, mas, no mesmo momento,
ANALOGIA
muda de ideia e resolve matar o ofendido com um tiro
na cabeça.
Analogia não é forma de interpretação, mas de
Duas outras aplicações do princípio acontecem
integração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acer-
nos chamados ante factum impunível e no post
ca do tema ou, ainda, no caso de a lei não tratar do
factum impunível. No primeiro caso, podemos citar
tema em específico, o magistrado irá recorrer a esse
como exemplo o agente que toca o corpo da vítima e,
instituto. São pressupostos da analogia: certeza de que
na mesma linha de desdobramento, pratica a conjun-
sua aplicação será favorável ao réu; existência de uma
ção carnal: responde pelo estupro, ficando os toques
efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária
absorvidos. Já no caso do fato posterior não punível, o
do legislador).
exemplo clássico é o do sujeito que furta determinada
Dita o Código Penal, em seu art. 2º, que ninguém
coisa e em seguida a destrói: vai responder somente
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
pelo furto.
considerar crime, cessando em virtude dela a execu-
Em relação ao princípio da consunção, duas ques-
ção e os efeitos penais da sentença condenatória.
tões são recorrentes em concursos:
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
z A primeira diz respeito ao porte ilegal de arma
posterior deixa de considerar crime, cessando em
de fogo, disparo de arma de fogo e homicídio virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
doloso: se tudo ocorreu no mesmo contexto fático tença condenatória.
(mesmo desdobramento, ou seja, o agente só por-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer


tou irregularmente a arma e a disparou pois tinha modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
a intenção de matar alguém), o homicídio absorve riores, ainda que decididos por sentença condena-
os anteriores; tória transitada em julgado.
z A segunda é relacionada aos crimes de falsida-
de e estelionato: neste caso, basta observar o que O parágrafo único deste artigo trata da exceção à
dispõe a Súmula 17 do STJ: quando o sujeito falsifi- regra da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de
ca documento para aplicar um golpe, o estelionato benefício ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos
(crime-fim) absorve o falso (crime-meio). Impor- decididos por sentença condenatória transitada em
tante reforçar que o uso do mesmo documento julgado. Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só
falso em oportunidades diversas e com diferentes retroagirá em benefício do réu. Frise-se, todavia, que
fins impede a aplicação do princípio da consunção tal regra se restringe somente às normas penais.
do crime de uso de documento falso pelo de este- Em consideração ao princípio da legalidade estri-
lionato, tendo em vista que a potencialidade lesiva ta, é proibido o uso de analogia para criar crimes, fun-
do documento apresentado não se exauriu. damentar ou agravar penas. 247
z Atos de execução: O agente começa a realizar o
Importante! núcleo do tipo penal, de forma idônea e inequívo-
Não confunda interpretação analógica com ana- ca. Essa fase pode haver punição pela tentativa;
logia. A interpretação analógica consiste numa z Consumação: Crime consumado é quando nele se
forma de interpretação que se baseia em casos reúnem todos os elementos de sua definição legal.
análogos — parecidos. Já a analogia é uma for- Fim do iter criminis;
ma de integração, ou seja, serve para integrar z Exaurimento: Não influi na tipicidade, mas pode
uma lacuna legislativa, ante a ausência de lei influenciar na dosimetria da pena, caso seja reco-
para se aplicar ao caso concreto. nhecida alguma qualificadora ou configure crime
autônomo.

IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL Feitos estes apontamentos, iremos aprofundar


o estudo do caminho do crime — iter criminis — e
A regra geral do princípio da irretroatividade da
conhecer acerca das peculiaridades da tentativa.
lei penal (ressalvada a retroatividade favorável ao
acusado) fundamenta-se nos princípios da reserva
legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princí- Crime-Obstáculo
pio do favor libertatis) e na hipótese excepcional, em
razão da política criminal (justiça). Classifica-se como crime-obstáculo quando os atos
Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judi- preparatórios são punidos como crime autônomo, por
cial na elaboração e aplicação de lei retroativa preju- exemplo, associação criminosa, art. 288, do CP.
dicial. A regra constitucional (inciso XL, art. 5º, CF) é
no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é Atos Preparatórios e Atos de Execução
a retroatividade, desde que seja para beneficiar o réu.
Veja o que dispõe a Constituição Federal: z Teoria subjetiva: importa a exteriorização da
vontade criminosa pelo agente e não distingue
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção atos preparatórios de atos executórios;
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- z Teoria objetiva-formal (majoritária): a execu-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
ção inicia-se quando o agente começa a praticar o
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
núcleo contido no tipo penal. Antes disso, os atos
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] são preparatórios;
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para benefi- z Teoria objetiva-material: são atos executórios
ciar o réu; aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
Por sua vez, veja o que dispõe o Código Penal com base na visão de terceira pessoa alheia à con-
Brasileiro: duta criminosa (Rogério Cunha Sanches);
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei z Teoria objetiva-individual: são atos executórios
posterior deixa de considerar crime, cessando em aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen- tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
tença condenatória. com base no plano concreto do agente;
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer z Teoria da hostilidade ao bem jurídico: a execu-
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante- ção inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico.
riores, ainda que decididos por sentença condena-
tória transitada em julgado.
E se a dúvida quanto ao ato ser preparatório ou
de execução persistir? Deve-se considerar, neste caso,
o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
Para cada classificação do crime há o momento da
O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS consumação.
Vejamos a consumação de crime entre Roubo X
CRIME CONSUMADO E TENTADO
Latrocínio:
Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
tentados, é importante conhecermos a iter criminis. z Roubo: Súmula 582, do STJ: consuma-se o crime
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho de roubo com a inversão da posse do bem mediante
do crime, que corresponde às etapas percorridas pelo emprego de violência ou grave ameaça, ainda que
agente para a prática de um fato previsto em lei como breve tempo e em seguida à perseguição imediata
infração penal. ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
O iter criminis é um instituto exclusivo dos crimes prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada;
dolosos — aqueles em que o agente quer o resultado. z Latrocínio: Súmula 610, do STF: há crime de
Os crimes possuem as seguintes fases: latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize a agente a subtração de bens da
z Cogitação ou fase interna: É a fase mental de pre- vítima. Há tentativa de latrocínio quando o sujei-
paração do crime: idealização, deliberação e reso- to age com dolo de subtrair e dolo de matar, mas
lução. Não há conduta penalmente relevante; o resultado morte não ocorre por circunstâncias
z Atos preparatórios: O crime começa a se proje- alheias à sua vontade. O fator determinante para a
tar no mundo exterior. O agente adquire arma consumação do latrocínio é a ocorrência do resul-
de fogo. Em regra, não são puníveis, salvo nos tado morte, sendo dispensada a efetiva inversão
248 crimes-obstáculo; da posse.
O crime é consumado quando nele se reúnem por “C” que, à distância, percebeu a ação de “A”. Neste
todos os elementos da sua definição legal. A tentativa momento, “A” deixa o celular e foge do local. A vonta-
ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma de de “A” era: subtrair o celular.
por circunstância alheias à vontade do agente. O inciso II, do art. 14, do CP, não tem autonomia,
pois a tentativa não existe por si só, isoladamente. Sua
Tentativa aplicação exige a realização de um tipo incriminador,
previsto na Parte Especial do CP ou pela legislação
z Branca ou incruenta (improfícua): o objeto do penal especial.
crime não é atingido pela conduta. O iter criminis O CP e a legislação extravagante não preveem,
percorrido deve guardar proporcionalidade com para cada crime, a figura da tentativa, mesmo que a
o quantum da redução (quanto mais perto de con- maioria deles seja com ela compatível. Isso explica o
sumar o crime, menor será a redução e quanto motivo pelo qual não encontramos na descrição do
crime uma pena prevista em caso de consumação e
mais longe, maior será a redução);
outra pena para a hipótese de tentativa.
z Vermelha ou cruenta: o objeto de crime é atingi- A tentativa de furto é a combinação de “subtrair,
do pela conduta. Considerando o iter criminis per- para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com a exe-
corrido, o quantum de redução da tentativa deve se cução iniciada, mas que não se consumou por circuns-
aproximar do mínimo (1/3); tâncias alheias à vontade do agente.
z Perfeita ou acabada: o agente esgota todos os E a pena para o caso de crime tentado?
meios de execução à sua disposição e, mesmo A punibilidade da tentativa está disciplinada no
assim, a consumação não sobrevém por circuns- parágrafo único, do art. 14, do CP.
tância alheias a sua vontade; O CP acolheu como regra a teoria objetiva, realísti-
ca ou dualista, que determina que a pena da tentativa
z Crime falho: agente dispara tiros na vítima, mas
deve corresponder à pena do crime consumado, dimi-
ela é socorrida e sobrevive;
nuída de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
z Imperfeita ou inacabada: o agente, por fatores Como o desvalor do resultado é menor quando
alheios a sua vontade, não esgota os meios de comparado ao do crime consumado, o agente deve
execução ao seu alcance, dentro daquilo que con- suportar uma punição mais branda.
sidera suficiente, em seu projeto criminoso, para Vamos exemplificar:
alcançar resultado;
z Tentativa propriamente dita: agente, no segundo z “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado à pena
disparo, é interrompido pela chegada de policiais de 2 anos;
e o crime não se consuma por circunstância alheia z “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado
à sua vontade. à pena de 8 meses.

Pena da Tentativa No exemplo 1, o crime foi consumado, por isso foi


aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena pre-
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentati- vista para furto é de um a quatro anos, e multa).
va com a pena correspondente ao crime consumado, No exemplo 2, o crime foi tentado, motivo pelo
diminuída de 1/3 a 2/3. qual a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando
A tentativa é uma causa de diminuição de pena. em 8 meses.
A redução deve ser basear no iter criminis percor- A tentativa constitui-se em causa obrigatória de
rido pelo agente. diminuição da pena. Incide na terceira fase de aplica-
A definição do crime tentado (inciso II, do art. 14, ção da pena privativa de liberdade, e sempre a reduz.
do CP) é uma norma de extensão ou de ampliação, A liberdade do magistrado repousa unicamente no
uma vez que, o tipo penal deve ser conjugado com o quantum da diminuição, balizando-se entre os limi-
tes legais, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Deve
inciso II, do art. 14, do CP.
reduzi-la, podendo somente escolher o montante da
O inciso II, art. 14, do CP, dispõe que a tentativa é
diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o
o início de execução de um crime que somente não
critério decisivo é a maior ou menor proximidade da
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
consumação, ou seja, a distância percorrida do iter
agente. criminis.
O ato de tentativa é um ato de execução. Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos execu- subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças expressão “salvo disposição em contrário”.
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici- Essas teorias têm a tese de que a pena para os
dade não finalizada, sem conclusão. crimes consumados são as mesmas para os crimes
A tentativa tem três elementos em sua estrutura: tentados.
Aplica-se essas teorias em alguns casos.
z Início da execução do crime; Há casos restritos em que o crime consumado e o
z Ausência de consumação por circunstâncias crime tentado comportam igual punição: são os deli-
alheias à vontade do agente; tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:
z Dolo de consumação.
z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
da consumação: o sujeito quer o resultado! à medida de segurança detentiva, usando de vio-
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na con- lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
sumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa, quando do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
“A” consegue colocar a mão no celular, é surpreendido em que se encontra privado de sua liberdade; 249
z Lei nº 4.737/1965 — Código Eleitoral, art. 309, z Crime unissubsistente: é realizado por ato único,
no qual se sujeita à igual pena o eleitor que vota não sendo admitido o fracionamento da conduta,
ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de como, por exemplo, no desacato (art. 331, do CP)
outrem. praticado verbalmente.

Crimes Punidos Apenas na Forma Tentada Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é


cabível a punição de determinados delitos na forma
A regra vigente no sistema penal brasileiro é a puni- tentada, pois nesse sentido orientou-se a previsão
ção dos crimes nas modalidades consumada e tentada. legislativa quando da elaboração do tipo penal.
Mas em algumas situações não se admite a tendên- Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11
cia, seja pela natureza da infração penal, seja em obe- da Lei 7.170, de 1983 — Crimes contra a Segurança
diência a determinado mandamento legal, razão pela Nacional.
qual apenas é possível a imposição de sanção penal
para a forma consumada do delito ou da contraven- Art. 9º Tentar submeter o território nacional, ou
ção penal. parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal
unissubsistentes (em que não há como dividir o inter grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta
criminis). morte aumenta-se até a metade.
Art. 10 Aliciar indivíduos de outro país para inva-
Relembrando:
são do território nacional.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
z Culpa: O agente não quer nem assume o risco de
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena
produzir o resultado. Ocorrerá por negligência aumenta-se até o dobro.
(conduta negativa), imprudência (conduta positiva Art. 11 Tentar desmembrar parte do território
de exceder o limite) ou imperícia (falta de habili- nacional para constituir país independente.
dade técnica); Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
z Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitá-
vel nas descriminantes putativas ou do excesso ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO
nas causas de justificação. O agente quer o resulta-
do em razão de sua vontade encontrar-se viciada A antijuridicidade, um dos requisitos do crime,
por um erro que, com mais cuidado, poderia ser consiste na contradição entre fato e o ordenamento
evitado. jurídico, resultando na lesão ao bem jurídico tutelado.
O fato típico, até prova em contrário, é um fato que,
O conceito da discriminante putativa está descrito ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico, a não ser
no § 1º, do art. 20, do Código Penal: que haja uma causa que o torne lícito.

Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo Exclusão de Ilicitude


legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.
A antijuridicidade pode ser afastada por certas
Descriminantes putativas
causas, chamadas de “causas de exclusão da antiju-
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
ridicidade” ou “justificativas”. Na incidência de uma
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não delas, o fato permanece típico, mas não há crime:
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e excluindo-se a ilicitude, e sendo ela um quesito do cri-
o fato é punível como crime culposo. me, fica excluído o próprio crime. Como consequên-
cia, o sujeito deve ser absolvido.
O parágrafo §1º do citado artigo dispõe sobre as O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da
discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser antijuridicidade:
entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por
exemplo: z Estado de necessidade;
z Legítima defesa;
Catarina foi ameaçada por Beatriz, a qual disse z Estrito cumprimento de dever legal;
que iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, z Exercício regular de direito.
Catarina, assustada pelas ameaças de Beatriz,
passou a andar sempre com um canivete de Estado de Necessidade
bolso. Na semana seguinte, Catarina desaper-
cebida encontra-se com Beatriz numa rua sem Conforme expressa o art. 24, CP, o estado de neces-
saída. Beatriz então, com movimentos suspei- sidade é a situação de perigo atual, que não foi provo-
tos, inclina-se para dar um abraço em Catarina cada voluntariamente pelo agente, na qual este viola
e dar-lhe uma flor como pedido de desculpas. bem de outrem, para não sacrificar direito direito pró-
Entretanto, Catarina desfere de imediato uma prio ou de terceiros, sacrifício que não poderia razoa-
facada em Beatriz. velmente ser exigido.
Para que se configure:
Estamos aqui diante de uma tese de legítima defesa
putativa. A verdade é que havia uma falsa percepção de z O perigo deve ser atual;
realidade, que se passava somente na mente de Catari- z Deve haver ameaça a direito próprio ou alheio,
250 na, que acreditava que seria esfaqueada por Beatriz. cujo sacrifício não era razoável de se exigir;
z A situação não deve ter sido provocada pela von- ressalvas. A ressalva do Ministro Gilmar Mendes
tade do agente; foi acolhida pelo Relator. Falaram: pelo requerente,
o Dr. Paulo Roberto Iotti Vecchiatti; pelo interes-
z É inevitável de outro modo;
sado, o Ministro José Levi Mello do Amaral Junior,
z O agente deve saber que se encontra em estado de Advogado-Geral da União; e, pelo amicus curiae
necessidade (requisito subjetivo); Associação Brasileira das Mulheres de Carreira
z Não deve haver o dever legal do agente de enfren- Jurídica, a Dra. Eliana Calmon. Plenário, Sessão
tar o perigo (§ 1º, do art. 24, do CP). Virtual de 5.3.2021 a 12.3.2021.

O exemplo clássico é o de dois tripulantes de um Estrito Cumprimento do Dever Legal


navio que, após o naufrágio, dividem um único salva-
-vidas. Percebendo que vai afundar, um deles mata o Encontra-se na primeira parte do inciso III, do art.
outro com a finalidade de ficar com o salva-vidas para 23, do CP. Se o agente atua rigorosamente dentro do
si só, salvando-se. imposto por norma legal, o comportamento não pode
ser antijurídico. É o caso do oficial de justiça que, cum-
Legítima Defesa prindo determinação legal, realiza a apreensão de
determinado bem de um cidadão.
Constitui outra causa excludente de ilicitude, des-
ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima Exercício Regular de Direito
defesa aquele que, utilizando os meios necessários
com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi- Está disposto na segunda parte, do inciso III, do
nente, a direito próprio ou de terceiros. art. 23, do CP. Da mesma forma que a anterior, não
Para que se configure é necessário: pode ser ilícita a conduta daquele que age estritamen-
te exercendo direito próprio desde que não exceda na
z Agressão injusta atual ou iminente, ou seja, pre- sua forma de exercer.
sente ou prestes a acontecer;
z Preservação de qualquer bem jurídico, próprio ou Causas Supralegais de Exclusão da Antijuridicidade
alheio (legítima defesa própria ou de terceiros);
Existem condutas consideradas justas pela cons-
z Repulsa utilizando os meios necessários, de forma
ciência social que não se encontram previstas nas
moderada.
causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
art. 23, do CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que
Observados os requisitos elencados, considera-se
o consentimento do ofendido (fora das hipóteses em
também em legítima defesa o agente de segurança
que o dissenso da vítima constitui requisito da figura
pública que repele agressão ou risco de agressão à
típica), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado
vítima mantida refém durante a prática de crimes.
em situação justificante, como é o caso do indivíduo
Acerca da legítima defesa é importante informar
que tatua o corpo de outras pessoas, praticando con-
que o Supremo Tribunal Federal, na Arguição de Des-
duta típica de lesões corporais, que, no entanto, são
cumprimento de Princípio Fundamental, deu interpre-
tação conforme a CF para declarar a legítima defesa da lícitas se presente o consentimento do ofendido.
honra inconstitucional.
EXCESSO PUNÍVEL
ADPF 779 MC-Ref
Órgão julgador: Tribunal Pleno Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen-
Julgamento: 15/03/2021 te pode encontrar-se em três situações diferentes:
Publicação: 20/05/2021
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, referendou
a concessão parcial da medida cautelar para: (i)
para repelir à agressão.
firmar o entendimento de que a tese da legí-
tima defesa da honra é inconstitucional, por Haverá necessariamente o reconhecimento da
contrariar os princípios constitucionais da dig- legítima defesa.
nidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF),
z De maneira consciente emprega um meio desneces-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

da proteção à vida e da igualdade de gênero


(art. 5º, caput, da CF); (ii) conferir interpretação sário ou usa imoderadamente o meio necessário.
conforme à Constituição aos arts. 23, inciso II, e 25,
caput e parágrafo único, do Código Penal e ao art. A legítima defesa fica afastada se for excluído um
65 do Código de Processo Penal, de modo a excluir dos seus requisitos essenciais.
a legítima defesa da honra do âmbito do instituto
da legítima defesa e, por consequência, (iii) obstar
z Após a reação justa (meio e moderação) por impre-
à defesa, à acusação, à autoridade policial e ao juí-
vidência ou conscientemente continua desneces-
zo que utilizem, direta ou indiretamente, a tese de
sariamente na ação.
legítima defesa da honra (ou qualquer argumen-
to que induza à tese) nas fases pré-processual ou
processual penais, bem como durante julgamento Estará agindo com excesso o agente que intensi-
perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do fica demasiada e desnecessariamente a reação ini-
ato e do julgamento, nos termos do voto do Relator. cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou
Os Ministros Edson Fachin, Luiz Fux (Presidente) culposo. O agente responderá pela conduta constituti-
e Roberto Barroso acompanharam o Relator com va do excesso. 251
Será simples o homicídio quando ele não for
CRIMES CONTRA A PESSOA qualificado.
Sobre o homicídio simples, a informação mais
CRIMES CONTRA A VIDA importante é que, em regra, ele não é crime hedion-
do; entretanto, se for praticado em atividade típica de
Trataremos neste tópico dos crimes contra a vida, grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
que estão incorporados nos artigos 121 ao 128. Eles agente, será crime hediondo.
tutelam o bem jurídico mais relevante que temos: a O homicídio simples só será crime hediondo
vida, nas suas modalidades intrauterina ou extraute- quando praticado em atividade típica de grupo de
rina. Os crimes contra a vida poderão ser dolosos ou extermínio, ainda que cometido por um só agente,
culposos, sendo que os primeiros poderão ter conduta conforme a primeira parte do inciso I do art. 1º da Lei
comissiva ou omissiva. nº 8.072/1990.

Homicídio Art. 1º São considerados hediondos os seguintes


crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848,
O crime de homicídio tem como ação a seguinte de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consuma-
conduta: matar alguém. dos ou tentados:
O verbo descrito no tipo penal é matar, que fica I - homicídio (art. 121), quando praticado em ati-
configurado ao interromper ou cessar a vida. O vidade típica de grupo de extermínio, ainda que
alguém previsto na conduta necessariamente deve cometido por um só agente, e homicídio qualificado
ser a pessoa humana. (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
[...]
É um crime classificado de diversas modalidades.
As principais classificações são: Atenção: a segunda parte do inciso I do art. 1º da
z Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, Lei nº 8.072/1990, com redação dada por meio da Lei nº
sem que necessite de quaisquer condições especiais; 13.964/2019, trata de hipóteses de homicídio qualificado.
z Crime material: para sua consumação, é exigida a
ocorrência do resultado morte; z Homicídio Privilegiado
z Crime de forma livre: pode ser praticado com qual-
quer modo de execução (a tiros, facadas, pauladas, Art. 121 [...]
por meio de veneno, entre outros); § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domí-
z Crime instantâneo de efeitos permanentes: a con-
nio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
duta delituosa não se prolonga no tempo e, após a
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
consumação, os efeitos são irreversíveis;
um sexto a um terço.
z Crime plurissubsistente: pode ser praticado por
meio de um ou mais atos de execução;
Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias
z Crime unissubjetivo: pode ser praticado por um ou
legais específicas, vinculadas ao tipo penal incrimi-
mais agentes.
nador, provocadoras da diminuição da faixa de apli-
É importante que você saiba as classificações aqui cação da pena, em patamares prévia e abstratamente
descritas, já que elas são bastante cobradas em provas. estabelecidos pelo legislador, alterando o mínimo e o
O crime de homicídio é dividido em: máximo previstos para o crime.
Para fins do nosso estudo, vamos entender o homi-
z Homicídio Doloso: cídio privilegiado como uma modalidade mais branda
do crime de homicídio.
„ Homicídio simples (caput do art. 121 do CP); O homicídio privilegiado está previsto no § 1º do
„ Homicídio privilegiado (§ 1º, art. 121, do CP); art. 121 e se configura em uma das seguintes situações:
„ Homicídio qualificado (§ 2º, art. 121, do CP);
„ Relevante valor social – possível e compreensí-
z Homicídio culposo (§ 3º, art. 121, do CP).
vel para a sociedade. Ex.: indivíduo acaba com
Veremos a seguir cada um deles. a vida de malfeitor em prol da sociedade;
„ Relevante valor moral – referente ao valor
z Homicídio Simples moral individual. Temos como exemplos ações
movidas por compaixão, beneficiação, amparo.
O homicídio simples está previsto no caput do art. Ex.: eutanásia;
121. „ Sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida à injusta provocação da vítima – como
Art. 121 Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. o próprio nome diz, a ação tem que ter acon-
tecido logo após o ato, e o agente estando sob
Tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo do condições de grandes emoções. Ex.: O marido
homicídio simples podem ser qualquer pessoa. A con- chega em casa e pega sua companheira em fla-
duta é praticada mediante dolo (vontade consciente grante com outro indivíduo; dominado pela rai-
do sujeito). O crime se consumará quando ocorrer a va, sem pensar, e sem controle, acaba matando
efetiva morte da vítima. Admite-se a forma tentada. o indivíduo.
Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi-
cilmente ocorre este crime sem que alguma qualifica- Quando reconhecido o privilégio, no crime de
dora (que veremos a seguir) seja aplicada. Podemos homicídio, quais as consequências? O juiz pode redu-
252 entender, então, que o homicídio simples é residual. zir a pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
Os demais casos de torpeza serão interpretados ana-
Importante! logicamente pela autoridade judicial.
Atente-se ao patamar de redução da pena. O homicídio praticado mediante paga ou promessa
de recompensa é conhecido doutrinariamente como
homicídio mercenário.
Sobre o homicídio privilegiado, algumas conside- Ele fica configurado quando o agente pratica o
rações são muito importantes para a sua prova: crime motivado por alguma recompensa (segundo a
doutrina, deve ser de natureza econômica), que pode
„ Não é considerado crime hediondo; ser anterior (na modalidade paga) ou posterior (na
„ Não se comunica para coautores ou partícipes. modalidade promessa de recompensa).
A 6ª Turma do STJ entende que a comunicabilida-
Exemplo: o crime de homicídio é cometido por 2 de da qualificadora “mediante paga ou promessa de
(dois) agentes (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica recompensa” não é automática, tratando-se de qualifi-
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à cadora de natureza pessoal, que não irá se comunicar
injusta provocação da vítima; Vicente, não. Nesta hipó- automaticamente ao mandante do crime, responden-
tese, Gabriel responderá por homicídio privilegiado e do este na modalidade qualificada se torpe for o moti-
Vicente, por homicídio.Homicídio Qualificado vo que o levou a pagar pela morte da vítima.
No homicídio qualificado, o agente estará subme- Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a
tido a uma pena maior, mais grave. As qualificadoras
intenção de matar um desafeto, chamado Antoniel,
são fatores que tornam a conduta praticada pelo agen-
te, de alguma forma, mais reprováveis por parte da pagar R$ 1.000,00 (mil reais) a Fabrício para que este
sociedade. A pena do homicídio qualificado está pre- mate Antoniel, a qualificadora será aplicada a Fabrí-
vista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos. cio; já para Alessandro, o mandante, o homicídio não
O Código Penal, no § 2º do art. 121, estabelece as será necessariamente qualificado.
seguintes qualificadoras:
Art. 121 [...]
Art. 121 [...] § 2º [...]
§ 2º [...] II - por motivo fútil;
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe;
Motivo fútil refere-se a um motivo pequeno, des-
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- proporcional, banal. Há desproporcionalidade entre a
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de conduta praticada e a motivação.
que possa resultar perigo comum; O homicídio será qualificado por motivo fútil
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- quando, por exemplo, for motivado por uma dívida
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- de uma carteira de cigarro.
sível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu- Art. 121 [...]
nidade ou vantagem de outro crime: § 2º [...]
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
que possa resultar perigo comum;
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança empregados pelo agente para praticar o crime, que
Pública, no exercício da função ou em decorrência podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- go de veneno), cruéis (asfixia, tortura) ou que possam
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Em relação ao emprego de veneno, segundo a
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
Atenção: a segunda parte do inciso I do art. 1º da figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
Lei nº 8.072/1990, com redação dada por meio da Lei veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
nº 13.964/2019, diz que será hediondo o homicídio está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

qualificado em todas as hipóteses dos incisos I, II, III, aplicada, a de meio cruel.
IV, V, VI, VII e VIII do § 2º do art. 121 do CP.
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do § 2º
do art. 121 do CP: Importante!
Se o homicídio é cometido:
No Direito Penal, o agente é punido, em regra,
Art. 121 [...] pelo crime que queria praticar. Assim, caso o
§ 2º [...] agente queira torturar, mas se exceda e acabe
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou matando a vítima, irá responder por tortura qua-
por outro motivo torpe;
lificada pelo resultado morte. Se o agente queria
Motivo torpe refere-se a algo repugnante, nojento, matar e usa a tortura como meio para atingir a
abjeto. sua finalidade, irá responder por homicídio quali-
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser moti- ficado pela tortura.
vo torpe: mediante paga ou promessa de recompensa. 253
Art. 121 [...] Polícia Ferroviária Federal; Polícias Civis; Poli-
§ 2º [...] ciais Militares; Corpo de Bombeiros Militares;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- Polícias Penais federal, estadual e municipal.
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
sível a defesa do ofendido; Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para
a sua prova que não é a morte de qualquer dos agen-
As qualificadoras mencionadas no inciso IV tam- tes ou autoridades descritos acima que irá qualificar o
bém estão relacionadas aos meios empregados pelo homicídio, mas sim se a morte deles for praticada no
agente. Quando o agente comete um homicídio, pra- exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em
ticando-o de forma que a defesa da vítima seja difi- razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou
cultada ou se torne impossível, ele responderá na função que eles exercem).
modalidade qualificada. A qualificadora também será aplicada se o homi-
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro ou
Art. 121 [...] parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos agen-
§ 2º [...] tes ou autoridades que vimos, também motivado pela
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu- função que os agentes ou autoridades exercem.
nidade ou a vantagem de outro crime;Nesta forma
qualificada, o agente pratica o homicídio para, Dica
de alguma forma, garantir uma vantagem rela- É possível que o homicídio seja privilegiado e
cionada a um outro crime. A doutrina chama qualificado ao mesmo tempo? Sim.
esta qualificadora de conexão instrumental,
É possível, porém, é necessário que a qualifica-
que pode ser teleológica ou consequencial.
dora seja de natureza objetiva, ou seja, relacio-
nada aos meios empregados pelo agente para
Conexão instrumental teleológica assegura a exe-
executar o crime.
cução futura de um outro crime.
Conexão instrumental consequencial assegura a Segundo a doutrina majoritária, o homicídio
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime, privilegiado-qualificado não será considerado
praticado anteriormente. hediondo, porque o privilégio afasta a hediondez.
Segundo a doutrina majoritária, não é necessário
que o crime anterior ou posterior possa ter sido pra- z Homicídio Culposo
ticado por uma outra pessoa, não existindo a obriga-
Art. 121 [...]
toriedade de que seja o próprio autor do homicídio.
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 121 [...]
§ 2º [...] O homicídio culposo é aquele em que o agente não
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo quer como o resultado a morte, nem assume o risco de
feminino. realizá-la, mas acaba causando a morte de alguém por
imprudência, negligência ou imperícia.
Fique atento, pois este dispositivo tem grande A imprudência fica configurada quando o agente
incidência em provas de concursos públicos. Estamos é afoito, praticando conduta não recomendada pela
falando do feminicídio. vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando
Você acertará todos os itens correspondentes alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar.
quando entender que nem toda morte de mulher será Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e,
considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai
praticada devido a sua condição de sexo feminino. na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente.
O Código Penal estabelece que se considera que há Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra-
razões de condição de sexo feminino quando a morte no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou imprudente (praticado uma ação não recomendável),
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. acabou causando a morte da vítima.
O feminicídio ficará configurado com a morte da Nesse caso, a negligência fica configurada quando
mulher devido à violência de gênero e não quando o agente é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação. vida em sociedade recomenda.
Além disso, a imperícia é a falta de aptidão técnica
Art. 121 [...] para o desempenho de determinada atividade.
§ 2º [...] Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema entre a negligência e a imperícia:
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
„ Ex.: Adolfo é médico-cirurgião. Certo dia, ao
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
fazer uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição.
dentro do paciente, que vem a óbito;
„ Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período
de residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal,
O homicídio será qualificado quando praticado
erra no procedimento e a vítima morre.
contra os seguintes agentes ou autoridades:
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
„ Integrantes das Forças Armadas (Marinha, homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
Exército ou Aeronáutica); médico-cirurgião, logo, tem perícia para a realização
„ Integrantes dos órgãos de segurança pública: de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
254 Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; mento dentro do paciente.
No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por „ Se o crime resulta de inobservância de regra
homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele técnica de profissão, arte ou ofício – aumento
aptidão necessária para realizar perícias. de 1/3 (um terço);
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica- „ Se o agente deixa de prestar imediato socorro
ção do instituto do perdão judicial, previsto no § 5º do à vítima, não procura diminuir as consequên-
art. 121 do CP: cias do seu ato ou foge para evitar prisão em
flagrante – aumento de 1/3 (um terço).
Art. 121 [...]
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode- Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio ou a
rá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da Automutilação
infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária. No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autole-
são, ou seja, uma pessoa não será punida penalmente
Você pode entender a aplicação do perdão judicial caso provoque mal somente a si própria. O tipo penal
ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca que iremos estudar não pune o suicídio, que consis-
um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes- te na eliminação da própria vida, mas sim a conduta
te caso, as consequências da infração penal (homi- daquele que induz, instiga ou auxilia a prática de um
cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de suicídio ou a automutilação.
seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
Art. 122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos material para que o faça:
casos de homicídio culposo. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Falaremos agora das causas de aumento de pena
aplicadas ao homicídio. Inicialmente, devemos entender o que significa
cada um dos verbos que configuram o tipo penal:
z Homicídio Majorado

As causas de aumento de pena estão previstas nos z Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir
§ 4º, 6º e 7º, art. 121. Vejamos:
esta ideia na cabeça dela;
Art. 121 [...] z Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A víti-
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de ma pensa ou já pensou em se suicidar e o agente
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância reforça essa ideia;
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se z Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima.
o agente deixa de prestar imediato socorro à víti- Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda,
ma, não procura diminuir as conseqüências do seu entre outras formas de auxílio.
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um Com o advento da Lei nº 13.968/2019, na hipótese
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de a automutilação ou de a tentativa de suicídio resul-
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. tar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
[...] nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 do CP, a pena
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
metade se o crime for praticado por milícia priva-
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- Art. 122 [...]
rança, ou por grupo de extermínio. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
Quanto ao feminicídio, o aumento será de 1/3 até ma, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
metade, quando praticado nas circunstâncias do § 7º Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
do art. 121: § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutila-
ção resulta morte:
Art. 121 [...] Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado: Essa redação (§ 1º do art. 122 do CP) citada, põe fim à
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste- discussão sobre a possibilidade de tentativa para o indu-
riores ao parto; zimento, instigação ou auxílio ao suicídio.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior Hoje, a lei diz que o crime de induzimento, instiga-
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora ção ou auxílio ao suicídio e, agora, da automutilação,
de doenças degenerativas que acarretem condição admite tentativa.
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; Porém, em caso de consumação do suicídio ou da
III - na presença física ou virtual de descendente ou automutilação resultar morte, a pena prevista é de
de ascendente da vítima; reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do z Forma qualificada
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Com a redação da Lei nº 13.968/2019, a pena para
As causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí- o crime de induzimento, instigação e auxílio ao sui-
dio culposo também merecem de atenção especial. Para cídio e de automutilação é duplicada em dois casos.
tanto, dividimos a disposição do § 4º, art. 121, a seguir: Vejamos: 255
Art. 122 [...] O infanticídio é classificado pela doutrina como
§ 3º A pena é duplicada: crime bipróprio, já que ele exige qualidades especiais
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo.
ou fútil; É necessário que o sujeito ativo – quem pratica a
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual- conduta – seja a própria mãe e que o sujeito passivo –
quer causa, a capacidade de resistência. quem é ameaçado pela conduta criminosa – seja o pró-
prio filho, para que este tipo penal fique configurado.
z Aumento de Pena São outros requisitos que devem estar presentes
para configuração do crime de infanticídio:
Art. 122 [...]
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta z Que a mãe esteja sob a influência do estado
é realizada por meio da rede de computadores, de puerperal;
rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é O estado puerperal é uma alteração emocional
líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. pela qual passam algumas mães durante o período
correspondente ao parto.
Não é caso de crime de induzimento, instigação ou Não existe prazo definido em lei, na doutrina ou
auxílio ao suicídio e da automutilação quando a vítima na jurisprudência, sobre quanto tempo dura o estado
não tem algum discernimento para a prática do suicí- puerperal.
dio e da autolesão. Caso a conduta seja praticada con-
tra alguém sem qualquer discernimento, por exemplo, z Que a conduta seja praticada durante ou logo após
uma criança de 10 anos de idade, não estaremos diante o parto.
do crime de induzir, instigar ou auxiliar a prática de
suicídio, mas sim diante do crime de homicídio. O Código Penal adota, para o crime de infanticídio,
critério fisiológico, também denominado biopsicológi-
Art. 122 [...] co ou fisiopsicológico, afastando-se do sistema psico-
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é lógico, que exigia o motivo de honra. O simples estado
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou puerperal é apto ao reconhecimento do infanticídio.
contra quem não tem o necessário discernimento Estado puerperal é o conjunto das perturbações psí-
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra quicas e fisiológicas sofridas pela mulher em razão do
causa, não pode oferecer resistência, responde o fenômeno do parto. Diversos fatores como, por exem-
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. plo, sofrimento, a perda de sangue, a angústia, a inquie-
121 deste Código. tação ou outros que podem levar a parturiente a sofrer
um colapso do senso moral, uma liberação de impulsos
Neste sentido, o Código Penal trata, com a inclusão da maldosos, chegando por isso a matar o próprio filho.
redação dada por meio da Lei nº 13.968/2019, da hipóte- A influência do estado puerperal normalmente
se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta acontece em qualquer parto, havendo, inclusive, jul-
lesão corporal de natureza gravíssima. Se for cometido gados dispensando a prova pericial para comprová-lo.
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por O infanticídio deve ocorrer durante o parto ou logo
após, ou seja, logo em seguida ao parto, sem intervalo.
enfermidade ou deficiência mental, não tem o neces-
Antes do início do parto, a morte do feto será aborto, e
sário discernimento para a prática do ato, ou que, por
se não ocorrer logo após o parto, será homicídio.
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
A expressão “logo após o parto” compreende todo
responde o agente pelo crime lesão corporal gravíssima. o período em que permanecer a influência do esta-
do puerperal. Sobrevindo a fase da bonança, em que
Art. 122 [...] predomina o instinto materno, cessa a influência do
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resul- estado puerperal. Se, não permanecendo o estado
ta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
puerperal, a mãe matar o filho, não estaremos diante
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
do crime de infanticídio, mas de homicídio.
contra quem, por enfermidade ou deficiência men-
O delito só admite o dolo, que pode ser direto ou
tal, não tem o necessário discernimento para a prá-
eventual.
tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
Se houver a hipótese de a conduta de a mãe, em
pode oferecer resistência, responde o agente pelo
estado puerperal, logo após o parto, culposamente
crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
matar o filho, estaremos diante de homicídio culposo.
Há certos casos em que a mulher, após o parto, se
Por fim, se o crime de suicídio se consuma ou se vê acometida da chamada psicose puerperal, que é
da automutilação resulta morte e a vítima é menor de uma doença mental que lhe tira totalmente o poder
14 (quatorze) anos ou se o crime for praticado con- de autodeterminação. Nesta hipótese, a mãe é consi-
tra quem não tem o necessário discernimento para a derada absolutamente inimputável, conforme o caput
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não do art. 26 do CP.
pode oferecer resistência, responde o agente pelo cri- Se, em outra hipótese, a mãe, além da influência do
me de homicídio. estado puerperal, tiver outra causa de semi-imputabili-
dade, consistente em perturbação da saúde mental, que
Infanticídio não lhe retire a inteira capacidade de entendimento ou
autodeterminação, deverá ser aplicada a regra do pará-
Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe- grafo único do art. 26 do Código Penal, ou seja, a pena do
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após: infanticídio poderá ser reduzida de um a dois terços, ou
256 Pena - detenção, de dois a seis anos. poderá ser substituída por medida de segurança.
HOMICÍDIO O aborto consiste na interrupção da gravidez com
a morte do produto da concepção. Dessa definição
A parturiente mata o filho sobressaem os seguintes elementos necessários à
sem estar influenciada pelo Homicídio, art. 121 do CP constituição do delito:
estado puerperal
z Estado fisiológico da gravidez;
z Emprego de meios dirigidos à provocação do aborto;
INFANTICÍDIO z Morte do produto da concepção;
A parturiente mata o filho z Dolo.
sob a influência do estado Infanticídio, art. 123 do CP
puerperal O aborto é crime de forma livre, admitindo uma
infinidade de meios executórios.
A parturiente mata o filho Infanticídio, art. 123, com- Os meios abortivos mais citados são:
influenciada pelo estado binado com o parágrafo
puerperal e por apresentar único do art. 26 do CP z Processos químicos: introdução de certas subs-
alguma outra causa que Redução da pena de um a tâncias químicas no organismo, como o fósforo,
lhe tire a plenitude do po- dois terços, ou medida de chumbo, álcool, ácido etc.;
der de autodeterminação segurança z Processos físicos mecânicos: curetagem, jogos
Infanticídio, art. 123, combi- esportivos, quedas voluntárias etc.;
A parturiente mata o filho por nado com o caput do art. 26 z Processos físicos térmicos: bolsas de água quente
estar acometida de doença do CP e bolsas de gelo;
mental, psicose puerperal Absolvição sumária, causa z Processos psíquicos: susto, sugestão, induzimento
excludente da culpabilidade de terror etc.

O crime de aborto admite tentativa, na hipótese


O infanticídio admite tentativa. em que se emprega meios abortivos, mas não sobre-
vêm a morte do feto por circunstâncias alheias à von-
Aborto tade do agente.
Há quatro modalidades de aborto:
O crime de aborto, no Brasil, está no rol dos crimes
contra a vida. É tutelado o nascituro desde a concep- z Autoaborto (1ª parte do art. 124);
ção. O Código Penal estabelece três modalidades de z Aborto consentido (2ª parte do art. 124);
aborto, previstas nos arts. 124, 125 e 126. z Aborto consensual (art. 126);
No art. 124 do CP, temos o aborto praticado pela z Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 e
gestante. O sujeito ativo é a própria gestante e a vítima parágrafo único do art. 126).
é o feto.
z Autoaborto
Art. 124 Provocar aborto em si mesma ou consen-
tir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) O autoaborto é o praticado pela própria gestante.
Pena - detenção, de um a três anos. Sujeito ativo do delito é a gestante. Ela executa direta-
mente a conduta criminosa. Trata-se de crime de mão
No art. 125 do CP, o crime de aborto é praticado própria ou de atuação pessoal, pois só pode ser come-
por terceiro, porém sem o consentimento da gestante. tido pela gestante em pessoa.
Observe que neste delito o sujeito ativo é o terceiro, Terceiros podem atuar como partícipes, mas não
aquele que realiza o aborto. As vítimas, sujeitos passi- como coautores.
vos, são a gestante e o feto.
z Aborto Consentido e Aborto Consensual
Art. 125 Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante: O aborto consentido ocorre quando a gestante per-
Pena - reclusão, de três a dez anos. mite que outrem o provoque.
É essencial ao crime o concurso dos dois elementos:
Já no art. 126 do CP, o crime de aborto é praticado
por terceiro, mas com o consentimento da gestante. „ Consentimento da gestante;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aqui temos na condição de sujeito ativo o terceiro e „ Execução do aborto por terceiro.
a gestante, e a vítima, sujeito passivo, apenas o feto.
Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
Art. 126 Provocar aborto com o consentimento da
sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
pessoas: a gestante e o terceiro executor.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo ante- O terceiro responde pelo art. 126 do CP (aborto
rior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou consensual), enquanto a gestante, pela 2ª parte do art.
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é 124 do CP (aborto consentido).
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. O aborto consentido é crime de mão própria ou de
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela
O Código Penal não define aborto. Cabe à juris- gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do
prudência e à doutrina definir o crime de aborto. De partícipe, consistente na conduta acessória do tercei-
acordo com termos relacionados à medicina, aborto é ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
a expulsão do produto da concepção. tante a consentir na realização do aborto. 257
z Aborto Praticado sem Consentimento da Gestante II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
O art. 125 do CP comina pena de reclusão de 3 incapaz, de seu representante legal.
(três) a 10 (dez) anos, o aborto provocado sem o con-
Exclui-se a antijuridicidade, uma vez que a norma
sentimento da gestante.
penal permite expressamente o abortamento, estabe-
O não consentimento da gestante é o elemento
lecendo a licitude do fato.
essencial à configuração do delito e pode ser:
A doutrina trata do aborto legal da seguinte forma:
Aborto necessário ou terapêutico ou profilático;
„ Expresso;
Aborto sentimental ou humanitário ou ético.
„ Presumido.
„ Aborto Necessário ou Terapêutico ou
Expresso, também conhecido como real, ocorre Profilático
quando a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida pela
violência física, grave ameaça e fraude, ou seja, respecti- Aborto necessário é o praticado por médico, se não
vamente, chute na barriga, ameaça de matar a gestante há outro meio de salvar a vida da gestante, conforme
se não abortar e colocar substância abortiva na alimen- o inciso I do art. 128 do CP, desde que presentes três
tação da gestante, sem consentimento da vítima, mãe. requisitos:
Presumido é quando a gestante está incapaz de
consentir nas formas previstas no parágrafo único do z Perigo real à vida da gestante;
art. 126 do CP: z Não haver outro meio de salvar-lhe a vida;
z Execução por médico.
„ A gestante não é maior de catorze anos;
„ A gestante é alienada mental (doente men- O aborto necessário exige perigo à vida, e não saú-
tal) ou débil mental (desenvolvimento mental de, da gestante.
retardado). Quando chamado de terapêutico, tem efeito curati-
vo, e quando profilático, preventivo.
z Aborto Qualificado
„ Aborto Sentimental ou Humanitário ou Ético
Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em Aborto sentimental é aquele praticado para inter-
conseqüência do aborto ou dos meios empregados romper a gravidez resultante do estupro.
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de Os requisitos necessários para a exclusão da ilici-
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer tude do aborto humanitário são:
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
z Gravidez resultante de estupro;
O art. 127 do CP estabelece duas hipóteses de abor- z Prévio consentimento da gestante ou, quando
to qualificado: incapaz, de seu representante legal;
z Execução por médico; se praticado por outras pes-
„ Aborto qualificado pela morte; soas, respondem pelo crime.
„ Aborto qualificado pela lesão corporal de natu-
reza grave. A prova do estupro pode ser feita por todos os
meios admissíveis em direito.
As lesões graves são aquelas tipificadas nos §§ 1º e Para a prática do aborto humanitário, não é neces-
2º do art. 129 do CP. sário processo (ação penal), autorização judicial nem
sentença condenatória.
Dica Ação penal é pública incondicionada.
Os dois resultados qualificativos do delito, isto é,
LESÕES CORPORAIS
a morte e a lesão grave, devem ser imputados ao
agente a título de culpa. Estamos diante de hipótese Podemos entender lesão corporal como qualquer
de crime preterdoloso; o agente age com dolo em alteração provocada na integridade corporal ou na
relação ao aborto e culpa em relação ao resultado. saúde de uma pessoa.
Agora, se o agente atua com dolo em relação à A lesão corporal é comum, material, instantânea e
morte ou lesão grave, responde por aborto em de forma livre, portanto, pode ser praticada por qual-
concurso formal com o crime de homicídio ou quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins
crime de lesão corporal. de consumação, a conduta não se prolonga no tempo
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
z Aborto Legal pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
As lesões corporais estão previstas no art. 129 do
O art. 128 do CP estabelece duas modalidades em Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
que o aborto não constitui delito, desde que praticado
por médico. Vejamos: z Lesão corporal simples;
z Lesão corporal grave;
Art. 128 Não se pune o aborto praticado por médico: z Lesão corporal gravíssima;
Aborto necessário z Lesão corporal seguida de morte;
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; z Lesão corporal culposa;
258 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro z Lesão corporal privilegiada.
As lesões corporais graves, gravíssimas e seguidas z Aborto.
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifica-
das, segundo a doutrina penalista. Tome cuidado para não se confundir:
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos
falar da ação penal. LESÃO GRAVE
O crime de lesão corporal é classificado como delito
não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, sen- Debilidade permanente de membro, sentido ou função
do necessário a realização de exame de corpo de delito. Exemplo: Devido às lesões sofridas, a vítima perde um dos
olhos, mas ainda enxerga
Lesão Corporal Leve LESÃO GRAVÍSSIMA
Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde Perda ou inutilização do membro sentido ou função
de outrem: Exemplo: Devido às lesões sofridas, a vítima perde a
Pena - detenção, de três meses a um ano. visão
A lesão leve, também chamada de simples, previs-
ta no caput do art. 129, é residual. Teremos configu- O Código Penal não divide as lesões em graves ou gra-
rada tal modalidade de lesão, caso não se configure víssimas. Para o Código Penal Brasileiro (CPB), todas elas
nenhuma das outras. são graves. Esta divisão é uma construção doutrinária.
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará-
grafos 1º, 2º e 3º do art. 129.
Lesão Corporal Seguida de Morte
Lesão Corporal Grave
Art. 129 [...]
Art. 129 [...] § 3° Se resulta morte e as circunstâncias eviden-
§ 1º Se resulta: ciam que o agente não quis o resultado, nem assu-
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por miu o risco de produzi-lo:
mais de trinta dias;
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função; A lesão corporal seguida de morte dar-se-á quando
IV - aceleração de parto: ficar configurado que o agente não queria o resultado
Pena - reclusão, de um a cinco anos. morte (dolo direto no resultado morte) ou assumiu o
risco de produzi-lo (dolo eventual no resultado morte).
A lesão corporal grave irá se configurar se resultar:
Se o agente quer matar, ele responderá pelo
z Incapacidade para as ocupações habituais, por homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
mais de 30 (trinta) dias; sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
É necessário que a incapacidade dure mais de 30
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
(trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso contrá-
que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
rio, a lesão corporal não será grave.
A incapacidade está relacionada a qualquer ocu- o risco de produzir o resultado morte.
pação habitual, como estudo, treinos, rotinas domésti- O crime de lesão corporal seguida de morte é um
cas, e não somente ao trabalho; crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
z Perigo de vida; e culpa no resultado produzido.
z Debilidade permanente de membro, sentido ou
função;
Lesão Corporal Culposa
z Aceleração do parto.

Lesão Corporal Gravíssima Art. 129 [...]


§ 6° Se a lesão é culposa:
Art. 129 [...] Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; A lesão corporal culposa é aquela em que o agente
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - enfermidade incurável;
não quer causar lesão corporal na vítima, mas a pro-
III perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; duz por ter sido imprudente, negligente ou imperito.
IV - deformidade permanente; É importante compreender que não há gradações
V - aborto: na lesão corporal culposa, ou seja, ela não se divide
Pena - reclusão, de dois a oito anos. em leve, grave ou gravíssima, mas tão somente irá ser
lesão corporal culposa.
A lesão corporal gravíssima irá se configurar se No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o
resultar:
instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de
aplicar a pena se as consequências da infração penal
z Incapacidade permanente para o trabalho;
z Enfermidade incurável; atingirem o agente de forma que a aplicação de san-
z Perda ou inutilização do membro, sentido ou ção penal se torne desnecessária.
função; Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão cor-
z Deformidade permanente; poral culposa. 259
Lesão Corporal Privilegiada Nos casos de lesão corporal dolosa:
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão
corporal privilegiada são os mesmos do homicídio z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
privilegiado. (sessenta) anos;
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima
Art. 129 [...] ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo casos de violência doméstica vistas acima;
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio z Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio-
de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro- lência doméstica vistas, for pessoa portadora de
vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
deficiência.
sexto a um terço.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a
Se o agente comete o crime impelido por motivo
metade:
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida à injusta provo-
z Se a lesão corporal for praticada por milícia priva-
cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu-
sexto) a 1/3 (um terço). rança, ou por grupo de extermínio.
É aplicável o instituto da substituição de pena nos
casos de lesão corporal.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão pri- (dois terços):
vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes-
soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
substituir a pena de detenção pela de multa. das forças armadas (Marinha, Exército ou Aeronáuti-
ca), das forças de segurança pública (Polícia Federal,
Art. 129 [...]
Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal,
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
Policiais Civis, Policias Militares ou Corpo de Bombei-
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
ros Militares), integrantes do sistema prisional (agen-
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
tes penitenciários) e da Força Nacional de Segurança
prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. contra seu cônjuge, companheiro ou parente consan-
guíneo até o terceiro grau, em razão dessa condição.
O Código Penal traz disposições específicas para os
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violên- PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
cia doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais
grave, estando ele submetido a auto de prisão em fla- A periclitação da vida e da saúde são considera-
grante e não somente a mero termo circunstanciado dos crimes de perigo, sendo criada, pelo autor do fato,
(salvo nos casos de lesão grave, gravíssima ou seguida uma situação de perigo a que é exposta a vítima.
Crimes de perigo são aqueles que não exigem a
de morte).
efetiva ocorrência de dano, apesar de poder aconte-
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência
cer, para que se configurem.
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
Os crimes de perigo são divididos em:
nos seguintes casos:
z Crimes de perigo concreto: é exigida uma comprova-
z Ascendente; ção de que realmente aconteceu um risco de perigo
z Descendente; ou lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal;
z Cônjuge ou companheiro; z Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhuma
z Quem conviva ou tenha convivido. comprovação, já que o perigo é presumido. Ex.:
Um indíviduo dirigir após ter ingerido álcool.
É importante mencionar que, caso a vítima seja
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha Iremos analisar os seguintes crimes: perigo de
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação contágeo venéreo; perigo de contágio de moléstia gra-
penal será pública incondicionada. ve; abandono de incapaz; exposição ou abandono de
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime recém-nascido e omissão de socorro.
de lesões corporais. Há diversas causas de aumento de
pena para este crime, portanto, leia-as com bastante Perigo de Contágio Venéreo
atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa: Art. 130 Expor alguém, por meio de relações
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que
está contaminado:
z O crime resulta de inobservância de regra técnica Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de profissão, arte ou ofício; § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
z O agente deixa de prestar imediato socorro à Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
vítima; § 2º Somente se procede mediante representação.
z O autor não procura diminuir as consequências do
seu ato; Este crime fica configurado quando o agente expõe
260 z O agente foge para evitar prisão em flagrante. alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que Mais uma vez, reitero: exige-se para a configura-
sabe ou deve saber que está contaminado. ção deste tipo penal o dolo específico, que consiste na
A forma qualificada deste crime se dá se o agente intenção do agente de transmitir a moléstia grave.
tem a intenção de transmitir a moléstia venérea. Este A doutrina não admite, para este crime, o dolo even-
crime somente se procede mediante representação, tual, quando o agente não quer diretamente transmi-
ou seja, trata-se de crime promovido mediante ação tir a doença, mas assume o risco de transmiti-la.
penal pública condicionada. Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Moléstia venérea, segundo a doutrina, refere-se ao prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave,
nome genérico dado a qualquer doença que possa ser não se exigindo, para fins de consumação, a efetiva
transmitida por meio de relação sexual, como sífilis. transmissão da moléstia.
O crime se consuma com a prática do ato sexual, Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo Venéreo,
capaz de transmitir a moléstia venérea. Caso a vítima seja procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
contaminada, tal fato será mero exaurimento do crime. Antes de passarmos para a análise de outros tipos
O crime é de conduta vinculada, exigindo a conjun- penais, é importante que façamos uma distinção entre
ção carnal, o coito anal, o sexo oral ou qualquer outro os dois tipos penais que acabamos de ver:
ato de libidinagem que sirva para a satisfação da libido.
Caso a contaminação provenha de outra ação físi- PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
ca, como o aperto de mão ou a ingestão de alimen-
A transmissão deve se dar por meio de relação sexual
tos, inexistirá o crime de perigo de contágio venéreo,
podendo subsistir o delito de lesão corporal, dolosa ou Transmite-se moléstia venérea
culposa, ou os crimes dos arts. 131 e 132 do CP. É norma penal em branco
Não se exige dolo específico
Importante! Ação penal pública condicionada
É importante mencionar, pela própria natureza do PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
tipo penal, que não se exige, para a sua configura- A transmissão se dá por qualquer meio
ção simples, dolo específico do agente em trans- Transmite-se moléstia grave
mitir a doença venérea (caso ocorra esta hipótese,
o crime será qualificado), bastando que ele tenha É norma penal em branco
a intenção de ter a relação sexual, sabendo ou Exige-se dolo específico
devendo saber que está contaminado. Ação penal pública incondicionada

Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem
determinadas, estamos diante de um delito de perigo
individual, o qual deve ser averiguado diante do caso O art. 132 do CP trata do crime de perigo para a
concreto. Isso porque da simples relação sexual do vida ou saúde de outrem:
agente com a vítima não decorre presunção absoluta
da existência desse perigo. Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a peri-
A presunção é relativa, admitindo prova em con- go direto e iminente:
trário, como no caso de a vítima já ser portadora de Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
doença venérea. não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
Perigo de Contágio de Moléstia Grave a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
para a prestação de serviços em estabelecimentos
Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem
de qualquer natureza, em desacordo com as nor-
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz
mas legais.
de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em perigo
a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O perigo
Este crime se configura quando o agente praticar,
é concreto, direto, iminente e anormal.
com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
Perigo concreto diz que a mera prática do compor-
está contaminado, ato capaz de transmitir o contágio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tamento ilícito não é suficiente para a caracterização do


É necessário que o sujeito passivo, que pode ser crime, sendo imprescindível que, em face da conduta do
qualquer pessoa, não seja contaminado pela moléstia agente, a vítima tenha a sua vida, a sua integridade corpo-
grave que o sujeito ativo pretende transmitir. ral ou a sua saúde exposta a risco de lesão.
A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessa- Perigo direto visa a pessoa ou pessoas determinadas.
riamente, ser transmitida por meio de relação sexual, Perigo iminente está prestes a ocorrer. Se a possibili-
podendo, entretanto, ser transmitida por qualquer dade de ocorrência do perigo é futura ou presumida, não
outro meio. estará caracterizada a infração penal do art. 132 do CP.
Temos como exemplo o agente que, de qualquer Perigo anormal não decorre da atividade de profissio-
forma ou por qualquer meio, intencionalmente (exi- nais que trabalham com o risco, como o policial e o bom-
ge-se o dolo específico de transmitir a doença) trans- beiro. Portanto, se o patrão não toma providências para
mite à vítima a tuberculose (moléstia grave). a segurança e proteção dos operários que trabalham na
Trata-se de norma penal em branco, complemen- fábrica de explosivos, e dessa inação resulta uma situa-
tada por meio dos atos praticados por órgãos adminis- ção concreta de perigo, estará configurado o crime do
trativos da área de saúde. art. 132 do CP, na sua modalidade omissiva. 261
Abandono de Incapaz Este crime será praticado na modalidade qualifica-
da se do fato resultar:
O crime de abandono de incapaz se configura
quando o agente abandona pessoa que está sob seu z Lesão corporal de natureza grave;
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual- z Morte.
quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
tantes do abandono. Este crime exige dolo específico, ou seja, um espe-
São formas qualificadas do crime de abandono de cial fim de agir, que consiste na prática da conduta
incapaz: para ocultar desonra própria.
Segundo a doutrina majoritária, é exigido que o
z Se do abandono resulta lesão corporal de natureza recém-nascido fique exposto à situação concreta de
grave; perigo para que o crime se consume.
z Se do abandono resulta a morte. Ainda, conforme doutrina majoritária, trata-se de
crime próprio, que somente poderá ser praticado pelo
Incapaz refere-se a qualquer pessoa que não tenha pai ou pela mãe que buscam ocultar desonra própria.
condições de se proteger sozinha, podendo ficar Ex.: Mãe que expõe ou abandona o filho recém-
exposta, em razão do abandono, à situação de perigo. -nascido numa lata de lixo para ocultar uma desonra
Tenha como exemplo o pai que deixa o filho, de ape- (sua infidelidade).
nas dois anos de idade, sozinho em casa. Esta criança O crime será promovido mediante ação penal
não tem capacidade de se defender sozinha, configu- pública incondicionada.
rando, assim, o tipo penal de abandono de incapaz.
Para que o crime de abandono de incapaz seja qua- Omissão de Socorro
lificado, é necessário que o resultado seja lesão corpo- Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando pos-
ral grave ou a morte. Caso resulte apenas lesão corporal sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abando-
de natureza leve – bastante explorado pelas bancas – o nada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,
crime será configurado em sua modalidade simples. ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
Veja características do crime de abandono de incapaz: não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública:
z É crime próprio, já que se exige uma condição Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
especial do agente: ser pessoa que tem o cuidado, Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima; se da omissão resulta lesão corporal de natureza
z É crime formal, que não exige que ocorra qualquer grave, e triplicada, se resulta a morte.
coisa com o abandonado (vítima) para fins de con-
sumação do crime. Não se aplica este tipo penal ao agente que cau-
sou o perigo. Assim, se um indivíduo, com a intenção
A pena prevista para o crime de abando de incapaz é: de causar lesões corporais, arremessa uma pedra na
vítima e foge, não poderá ele ser responsabilizado por
Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu cui- omissão de socorro por não ter prestado socorro à
dado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por vítima ou por não ter comunicado o fato à autoridade.
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos Fique atento às seguintes informações sobre a
resultantes do abandono: omissão de socorro:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natu- z Não admite tentativa (é crime omissivo próprio);
reza grave: z Não admite a modalidade culposa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta a morte: Dica
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Fique bastante atento às causas de aumento de
As penas cominadas neste artigo aumentam-se de pena do crime de omissão de socorro.
um terço:
Em 2012, foi inserido no Código Penal um novo
z Se o abandono ocorre em lugar ermo; tipo penal, chamado de condicionamento de atendi-
z Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, mento médico-hospitalar emergencial, que se con-
irmão, tutor ou curador da vítima; figura quando o agente exigir cheque-caução, nota
z Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. promissória ou qualquer garantia, bem como o preen-
chimento prévio de formulários administrativos,
Exposição ou Abandono de Recém Nascido como condição para o atendimento médico-hospitalar
emergencial.
Art. 134 Expor ou abandonar recém-nascido, para Suponha que um indivíduo ingresse em um hos-
ocultar desonra própria: pital necessitando de atendimento médico emergen-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. cial. O funcionário do hospital exige que ele deixe um
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: cheque-caução para que o atendimento médico seja
Pena - detenção, de um a três anos. realizado. Pronto, a situação configurou-se como tipo
§ 2º Se resulta a morte: penal de condicionamento de atendimento médico-
Pena - detenção, de dois a seis anos. -hospitalar emergencial.
É necessário que o atendimento médico seja emer-
O crime de exposição ou abandono de recém-nas- gencial. Assim, este crime não ira se configurar caso
cido se configura quando o agente expõe ou abandona o atendimento médico seja algo rotineiro, com uma
262 recém-nascido, para ocultar desonra própria. simples consulta, por exemplo.
O crime de omissão de socorro apresenta causas determinado, sem continuidade no tempo. No entan-
de aumento de pena. to, entendemos que se o pai, com o fim de aplicar
A pena será aumentada até o dobro se da negativa castigo ao filho, trancá-lo por tempo excessivamente
de atendimento resulta lesão corporal grave. prolongado, haverá crime permanente.
A pena será aumentada até o triplo se da negativa A tentativa somente será possível nas formas
de atendimento resulta morte. comissivas, como no caso do agente que amarra a
vítima e apanha um porrete, a fim de agredi-la, sendo
Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar neste exato momento surpreendido. As modalidades
Emergencial omissivas não aceitarão a forma tentada.
O crime é qualificado se resulta:
Art. 135-A Exigir cheque-caução, nota promissória ou
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
de formulários administrativos, como condição para z Lesão corporal de natureza grave;
o atendimento médico-hospitalar emergencial: z Morte.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Porém, aumenta-se a pena de um terço se o cri-
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro me é praticado contra pessoa menor de 14 anos.
se da negativa de atendimento resulta lesão cor-
poral de natureza grave, e até o triplo se resulta a RIXA
morte.
Art. 137 Participar de rixa, salvo para separar os
O crime é próprio, pois somente poderá ser prati- contendores:
cado por representantes ou funcionários hospitalares Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
(sócios, administradores, atendentes, seguranças) ou multa.
profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros) Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal
incumbidos do atendimento emergencial. de natureza grave, aplica-se, pelo fato da partici-
O sujeito ativo deve ser a pessoa com poderes para pação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a
exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer dois anos.
garantia, bem como o preenchimento prévio de for-
mulários administrativos, como condição para o aten-
O crime irá ocorrer quando o agente participar de
dimento médico-hospitalar emergencial.
rixa, salvo para separar os contendores.
Para esse crime, a pena cominada é detenção, de
Estamos diante de crime de concurso necessário,
três meses a um ano, e multa.
A pena é aumentada até: que só irá existir caso presentes no mínimo 3 (três)
pessoas, umas contra as outras. Caso seja possível
z O dobro se da negativa de atendimento resulta definir dois grupos específicos (grupo A x grupo B),
lesão corporal de natureza grave; este tipo penal não irá existir.
z O triplo se resulta a morte. Para que a rixa se configure, exige-se que haja no
mínimo três grupos distintos (independentemente
Maus-Tratos da quantidade de pessoas que integre cada grupo) se
agredindo mutuamente.
Art. 136 Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Corin-
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim thians e a torcida do Palmeiras, não há que se falar no
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos bem definidos.
privando-a de alimentação ou cuidados indispen- Aquele que participa da rixa, apenas com a fina-
sáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou lidade de separar os contendores, não irá responder
inadequado, quer abusando de meios de correção
por este tipo penal.
ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. O crime de rixa não admite a forma culposa.
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza Sobre este crime, é importante que você fique
grave: atento aos posicionamentos da doutrina dominante.
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º Se resulta a morte: z Não admite tentativa;
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. z Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é ciada, quando o agente entra na rixa;


praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
z Pode ser praticado à distância, não se exigindo que
necessariamente ocorre contato físico.
O crime de maus-tratos consuma-se com a efetiva
exposição da vítima a perigo, que deverá ser demons-
Ex.: Rixa em que os agentes jogam pedras, garrafas
trada no caso concreto. Não há, portanto, necessidade
ou mesas uns nos outros.
de resultado material, com dano efetivo à vítima.
É crime permanente, na modalidade privação de A rixa será qualificada quando ocorrer, devido
cuidados ou alimentos e sujeição a trabalho excessivo à rixa, lesão corporal de natureza grave ou a morte.
ou inadequado; o delito é permanente, hipótese em Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser
que a consumação se prolonga no tempo, já que há possível se identificar corretamente o autor da lesão
contínua e incessante agressão ao bem jurídico. grave ou da morte, todos os agentes que participaram
Também é crime instantâneo; na modalidade da rixa irão responder pela modalidade qualificada,
abuso de meios de correção ou disciplina o delito é exceto, também, se tiverem ingressado na rixa após a
instantâneo, já que a consumação se dá em momento ocorrência da lesão grave ou da morte. 263
CRIMES CONTRA A HONRA Art. 138 [...]
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
Os crimes contra a honra estão entre aqueles que imputação, a propala ou divulga.
mais são cobrados em provas de concurso público, § 2º É punível a calúnia contra os mortos.
então vamos aprendê-los passo a passo.
Eles estão previstos entre os arts. 138 e 145 do Códi- Pune-se a calúnia praticada contra os mortos (nes-
go Penal e se dividem em 3 (três) crimes diferentes: te caso, o sujeito passivo será família do morto):
z Calúnia;
z Segundo parte da doutrina, é possível que a calúnia
z Difamação;
seja praticada contra pessoa jurídica, se o fato falsa-
z Injúria.
mente imputado for referente a crime ambiental;
Antes de analisarmos cada um dos tipos penais, é z Equipara-se à calúnia, incorrendo nas mesmas
importante que você compreenda que se protege a hon- penas, a conduta daquele que, sabendo falsa a
ra da pessoa, na sua modalidade objetiva e subjetiva. imputação, a propala (espalha) ou divulga.
A honra é classificada em:
O crime de calúnia se consuma quando o fato che-
HONRA OBJETIVA (HONRA EXTERNA) ga ao conhecimento de um terceiro, distinto do autor
Conceito que o indivíduo possui perante seus pares em e da vítima, já que o crime tutela a honra objetiva.
relação aos seus atributos morais, éticos, físicos e inte- A calúnia admite, como regra, a exceção da verda-
lectuais. Refere-se ao apreço e respeito da pessoa no de, que se trata de prova da verdade, que é a possibi-
grupo social. É a reputação social da pessoa lidade que tem o agente de demonstrar que o fato que
ele imputou realmente aconteceu. Porém, em algumas
HONRA SUBJETIVA (HONRA INTERNA) hipóteses não será admitida a exceção da verdade.
Conceito que o indivíduo possui de sua própria digni-
dade e decoro, trata-se do autoconceito dos atributos Art. 138 [...]
morais, éticos, físicos e intelectuais. Refere-se ao nosso § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
amor-próprio e autoestima I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
HONRA ESPECIAL OU PROFISSIONAL
irrecorrível;
Referente a determinado grupo social ou profissional II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública,
Honra objetiva é aquilo que as pessoas (grupo
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
social) pensam sobre o indivíduo;
Honra subjetiva é aquilo que o indivíduo pensa
Como regra, admite exceção da verdade, ou seja,
sobre si mesmo.
admite que o réu prove que a vítima realmente prati-
Calúnia cou o crime que lhe foi imputado.
No entanto, nos casos de o crime imputado, embo-
Art. 138 Caluniar alguém, imputando-lhe falsa- ra de ação pública, o ofendido tenha sido absolvido
mente fato definido como crime: por sentença irrecorrível, há uma presunção de que a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. imputação é falsa, respondendo o agente por ela.
Mas se o réu conseguir provar que o fato que impu-
A calúnia, que protege a honra objetiva, está tou à vítima é verdadeiro, ele será absolvido.
prevista no art. 138 do Código Penal e se configura É importante destacar que a calúnia é crime for-
quando o agente caluniar alguém, imputando-lhe fal- mal, que se consuma com a prática da conduta, inde-
samente fato definido como crime. pendentemente de o agente conseguir macular a
Exige-se que o fato imputado falsamente seja defi- honra objetiva da vítima.
nido com um crime, não podendo ser uma mera con- Observe que o objeto jurídico protegido é a honra
travenção penal. O crime pode ter acontecido ou não, objetiva, que consiste na reputação que a pessoa possui
para fins de consumação deste tipo penal. na sociedade.
Ex.: Joãozinho diz que Pedrinho praticou um roubo
à padaria da esquina de onde moram, sabendo ser isso
falso. Pronto, Joãozinho praticou o crime de calúnia. Importante!
O crime de calúnia não admite a modalidade cul-
posa e, segundo doutrina majoritária, pode ser prati- Os crimes contra a honra dos Chefes dos Três
cada, além do dolo direto, por dolo eventual. Poderes, com exceção da injúria, (Presidente da
Não é exigido que o crime seja praticado na moda- República, Presidente do Senado Federal, Presi-
lidade verbal, podendo ser praticado por outros dente da Câmara dos Deputados e Presidente do
meios, como por exemplo na modalidade escrita. Supremo Tribunal Federal), em caso de motiva-
Em regra, a calúnia é crime unissubsistente, que ção política, configurarão delito contra a Segu-
se perfaz com a prática de um único ato, não sendo rança Nacional.
possível o fracionamento do seu iter criminis; entre-
tanto, caberá tentativa quando for possível promover
este fracionamento, a exemplo de calúnia praticada Excepcionalmente, é proibida a prova da verdade,
por meio de uma carta. em três hipóteses previstas no § 3º do art. 138.
Em se tratando de intenção de brincar (animus Nessas três hipóteses do § 3º do art. 138 do CP, ain-
ludendi) por parte do agente, não há que se falar no da que verdadeira a imputação, o crime de calúnia
264 crime de calúnia. não será excluído.
Observa-se a possibilidade da calúnia incidir sobre A injúria, que tutela a honra subjetiva do agente,
o fato verdadeiro nessas três hipóteses em que a lei está prevista no art. 140 do Código Penal, e se configu-
proíbe a exceção da verdade. A primeira ocorre quan- ra quando o agente injuriar alguém, ofendendo-lhe a
do o fato imputado constituir delito de ação privada e dignidade ou o decoro.
o ofendido não houver sido condenado por sentença Na injúria, o agente ofende a dignidade e o deco-
transitada em julgado. A vedação é justificada pelo ro da vítima, emitindo ofensa depreciativa, mas sem
princípio da disponibilidade da ação penal privada, imputar a ele fato definido como crime ou ofensivo
que pode ou não ser ajuizada, consoante à exclusiva a sua reputação. Exemplo: Fernando xinga Leandro,
vontade do ofendido ou de seu representante legal. chamando-o de burro e idiota.
A segunda hipótese em que não se admite a exce- A conduta de Fernando configura o crime de injúria.
ção da verdade é quando a ofensa for irrogada contra Na injúria, há lesão à honra subjetiva da vítima, ou
o presidente da República ou chefe de governo estran- seja, afeta-se o sentimento da pessoa em relação aos
geiro. Justifica-se a proibição pela alta relevância seus próprios atributos morais (dignidade), físicos e
política desempenhada pelo presidente da República, intelectuais (decoro). Não é necessário que o fato che-
que não pode ficar à mercê de qualquer acusação. No gue ao conhecimento de um terceiro.
tocante ao chefe de governo estrangeiro, expressão A injúria também é crime formal, consumando-se
que abrange o primeiro-ministro e o presidente, a com a prática da conduta, independentemente de a
proibição encontra suas raízes na política de diploma- vítima sentir lesada ou não a sua honra subjetiva.
cia que deve reinar nas relações internacionais. A injúria só pode ser praticada dolosamente, não sen-
A terceira hipótese de proibição da vedação se dá do admitida a modalidade culposa. É admitida a tentativa
quando o ofendido tiver sido absolvido por senten- de injúria, quando o iter criminis puder ser fracionado.
Lembre-se que a injúria, assim como os demais
ça transitada em julgado do fato criminoso que lhe é
crimes contra a honra, pode ser praticada por outros
imputado, respeitando a coisa julgada.
meios e não somente de forma verbal.
Difamação A injúria não admite exceção da verdade.
Sendo assim, é importante levar em consideração
Art. 139 Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensi- o seguinte:
vo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. EXCEÇÃO DA VERDADE
Calúnia É admitida como regra
A difamação se configura quando o agente difamar
alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Difamação É admitida excepcionalmente
Ex.: Suponha que Lili diga para um grupo de vizinhos Injúria Não é admitida
que Márcia, também vizinha, é garota de programa e
atende aos clientes no período noturno em sua residência.
Na injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena nos
A conduta praticada por Lili configura o crime de
seguintes casos:
difamação.
Observe que o fato imputado não constitui um cri- Art. 140 [...]
me, podendo, inclusive, constituir uma contravenção § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
penal. Entretanto, caso constitua crime, será calúnia. I - quando o ofendido, de forma reprovável, provo-
A difamação irá ocorrer independentemente de cou diretamente a injúria;
o fato imputado ser verdadeiro ou não. A difamação, II - no caso de retorsão imediata, que consista em
assim como a calúnia, também se consuma quando o outra injúria.
fato chega ao conhecimento de um terceiro, distinto do
autor e da vítima, já que também protege a honra obje- A injúria real configura-se quando a injúria consis-
tiva. Trata-se de crime formal e irá se configurar ainda te em violência ou vias de fato, que, por sua natureza
que a conduta não desonre objetivamente a vítima. ou pelo meio empregado, considerem-se aviltantes.
Não há difamação praticada na modalidade cul- Assim, caso o agente desfira um tapa no rosto da víti-
posa. É possível a tentativa da difamação, quando for ma, com a intenção de ofendê-la (humilhá-la), irá pra-
possível fracionar o iter criminis, a exemplo da difa- ticar uma injúria real.
mação cometida por meio de carta.
Art. 140 [...]
A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
de difamação.
fato, que, por sua natureza ou pelo meio emprega-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Na difamação, a exceção da verdade não pode ser


do, se considerem aviltantes:
aplicada, salvo se o ofendido é funcionário público e a
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
ofensa é relativa ao exercício da função. além da pena correspondente à violência.
Exceção da verdade É possível que a injúria seja racial, quando consis-
Art. 139 [...] tir na utilização de elementos referentes à raça, cor,
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
admite se o ofendido é funcionário público e a ofen- ou portadora de deficiência.
sa é relativa ao exercício de suas funções.
Art. 140 [...]
Injúria § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
Art. 140 Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignida- condição de pessoa idosa ou portadora de deficiên-
de ou o decoro: cia: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - reclusão de um a três anos e multa. 265
Você deve levar para sua prova os elementos que podem caracterizar a injúria racial, já que esse assunto tem gran-
de incidência em provas. Sendo assim, caso o agente ofenda a vítima, fazendo uso de um dos elementos mencionados,
a exemplo do agente que chama a vítima de macaco (utilize como exemplo o caso do ex-goleiro do Santos Futebol
Clube, o Aranha, que foi chamado de macaco), irá cometer o crime de injúria racial.
Fique atento para não confundir a injúria racial com o crime de racismo.
Na injúria racial, o animus do agente é ofender; no racismo, o animus é segregar.
O STJ entendeu, na análise do AREsp (agravo em recurso especial), que a injúria racial é crime imprescritível.

Importante!
Nos termos do § 2º do art. 138 do CP, é punível a calúnia contra os mortos.
Observe-se que não há a mesma previsão para difamação e injúria.
Nos casos de difamação e injúria o sujeito passivo não é o morto, mas familiar seu.

Disposições Comuns

Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis aos crimes contra a honra em geral (calúnia, difamação e
injúria).

Art. 141 As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

Atenção ao que dispõe o inciso IV, art. 141, pois a pena não irá aumentar de 1/3 no caso de injúria praticada
contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência.
A pena será aplicada em dobro se o crime contra a honra for praticado:

z Mediante paga ou promessa de recompensa.

Veja as hipóteses de exclusão dos crimes contra a honra.

Art. 142 Não constituem injúria ou difamação punível:


I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar
ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumpri-
mento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

Para encerrarmos o assunto referente aos crimes contra a honra, iremos tratar da retratação e da ação penal.
Segundo o Código Penal, a retratação, quando admitida, constitui excludente de punibilidade.

Art. 143 O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

Retratação refere-se à possibilidade que tem o agente de retirar aquilo que disse, ou seja, de manifestar que se
equivocou em suas declarações, manifestando-se contrariamente ao que disse inicialmente.
A injúria não admite retratação. O querelado que, antes da sentença (segundo doutrina majoritária: sentença
de 1º grau), se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Caso o querelado tenha praticado a calúnia ou difamação fazendo uso de meios de comunicação, a retratação
se dará, caso assim deseje o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Suponha que o agente tenha praticado o crime de calúnia ou difamação pelo Facebook. Neste caso, a retratação
se dará também pelo Facebook, se assim desejar a vítima.
Caso alguém faça uso de referências, alusões ou frases, sendo possível inferir calúnia, difamação ou injúria,
aquele que se julgar ofendido poderá pedir explicações em juízo. Caso seja recusado o pedido de explicações ou, a
critério da autoridade judicial, não foi dado de maneira satisfatória, responderá pela ofensa.
266 Por fim, sobre a ação penal nos crimes contra a honra, é importante que você saiba:
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
Regra Exceções
Ação será pública condicionada nos casos de:
� Injúria real
Ação será privada, procedendo-se mediante queixa � Injúria racial
� Se os crimes contra a honra foram praticados contra
funcionário público, em razão de suas funções

Súmula 714 do STF É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, condicio-
nada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções.

Logo, atente-se a esta informação: nos casos de crimes contra a honra de funcionário público em razão de suas
funções, a ação penal será privada ou condicionada à representação do ofendido. A doutrina dominante também
entende desta forma.
A ação será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça caso a conduta que configura crime con-
tra a honra seja praticada contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.

CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL E CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

O caput do art. 5º da Constituição Federal assegura a todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação,
extrai-se que qualquer espécie de violação à liberdade do ser humano reclama punição.
O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para agir dentro dos limites legais.
Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade individual.

Constrangimento Ilegal

Art. 146 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer
outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Trata-se de crime comum que não admite a modalidade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um comporta-
mento certo e determinado, comissivo ou omissivo.
Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, em decor-
rência da violência ou grave ameaça utilizada pelo agente. Admite tentativa.
Ação penal: pública incondicionada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum.
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato for cometido no exercício de suas funções, responderá por
abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869/2019.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que dotada de capacidade de autodeterminação.
A Lei nº 10.741/2003, Estatuto do Idoso, em seu art. 107, pune com reclusão, de 2 a 5 anos, aquele que coage, de
qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração.
A Lei nº 7.170/1983, Crimes contra a Segurança Nacional, no art. 28, sujeita à pena de reclusão, de 4 a 12 anos, a con-
duta de atentar contra a liberdade pessoal do Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados
ou do Supremo Tribunal Federal.
A Lei nº 8.078/1990, Código de Defesa do Consumidor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3 a 1 ano, e mul-
ta, para quem utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
falsas, incorretas ou enganosas, ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificada-
mente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.
Irá se configurar como constrangimento ilegal quando o agente constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer
o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um valentão que se sente dono do bairro. Certo dia, Luís passava
pela rua, quando Jorge o aborda. Este, portando uma arma de fogo, saca a arma e a aponta para Luís e diz que,
sob pena de levar um tiro no rosto, é para este dar meia volta e passar por outro lugar, já que não o quer mais
passando por sua rua. Luís, temendo por sua vida, dá meia volta e retorna.
A conduta de Jorge se enquadra no constrangimento ilegal. Ele, fazendo uso de grave ameaça, constrangeu
Luís para que ele deixasse de fazer algo que a lei lhe permite (liberdade de locomoção).
A doutrina entende corretamente que o crime de constrangimento ilegal é subsidiário; o agente por ele irá res-
ponder, caso não seja enquadrado em uma outra conduta um tanto mais grave. Assim, caso o agente constranja
a vítima, por meio de violência, para que ela deixa de fazer alguma coisa, com o fim de obter para si vantagem
econômica, não irá cometer constrangimento ilegal, mas sim o crime de extorsão.
O constrangimento ilegal admite tentativa, já que é crime plurissubsistente; é crime comum, que pode ser
praticado por qualquer pessoa.
Além das penas previstas para o constrangimento ilegal, o agente irá responder pelas penas correspondentes à
violência; assim, caso o agente pratique o crime por meio de violência, provocando lesões corporais na vítima, res-
ponderá por constrangimento ilegal em concurso material com o crime de lesões corporais. 267
A pena será aplicada cumulativamente, nos termos Perseguição
do § 1º, art. 146, quando, para a execução do crime:
Trata-se de um recente dispositivo, incluído pela Lei
z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) – deve haver nº 14.132 de 2021, que abrange o crime de perseguição,
no mínimo 4 (quatro) pessoas; conhecido por stalking.
z Há emprego de arma – segundo a doutrina domi- O crime pode ser praticado por qualquer meio, ou
nante, pode ser qualquer arma e não necessaria- seja, é um crime de forma livre.
mente arma de fogo. O sujeito, tanto passivo quanto ativo podem ser qual-
quer pessoa. Trata-se de crime comum.
Não serão enquadrados como constrangimento ilegal: O núcleo do tipo penal é o verbo “perseguir”, que
quer dizer: atormentar, importumar. É importante
Art. 146 [...] mencionar também a necessidade de reiteração da con-
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo: duta, ou seja, uma sucessão de atos.
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
timento do paciente ou de seu representante legal, Art. 147-A Perseguir alguém, reiteradamente e por
se justificada por iminente perigo de vida; qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
II - a coação exercida para impedir suicídio. psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomo-
ção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando
Ameaça sua esfera de liberdade ou privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
O crime de ameaça, previsto no art. 147 do Códi- multa.
go Penal, irá se configurar quando o agente ameaçar § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
cometido:
alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
I – contra criança, adolescente ou idoso;
outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e grave.
II – contra mulher por razões da condição de sexo
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberda-
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
de da pessoa humana, notadamente no tocante à paz Código;
de espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimen- III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas
to de segurança. É a pessoa contra a qual se dirige a ou com o emprego de arma.
ameaça. § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento das correspondentes à violência.
do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe- § 3º Somente se procede mediante representação.
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer
valer sua promessa. Violência psicológica contra a mulher
O crime é formal, de consumação antecipada ou de
resultado cortado. Basta o agente querer intimidar e Outra importante inclusão realizada pela Lei nº
ter a sua ameaça capacidade para fazê-lo. 14.188/2021 foi a tipificaçaõ do crime de violência psico-
A tentativa é admissível nas hipóteses de ameaça lógica contra a mulher. Vejamos:
escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos
casos de ameaça verbal. Art. 147-B Causar dano emocional à mulher que a
Não se reclama nenhuma finalidade específica, e prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou
não se admite a modalidade culposa. A ação penal é que vise a degradar ou a controlar suas ações, com-
pública condicionada à representação. portamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
É possível verificar que o crime de ameaça e de constrangimento, humilhação, manipulação, iso-
ação livre, podendo ser praticado de qualquer forma lamento, chantagem, ridicularização, limitação do
pelo agente: verbalmente, por escrita, gestualmente, direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause
entre outras formas. prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
Assim, caso um indivíduo olhe para um desafeto e Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
faça o gesto de uma arma com a mão e aponte para este, multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
o crime de ameaça poderá se configurar.
É muito importante compreender que a ameaça está Sequestro e Cárcere Privado
relacionada a um mal “injusto” e “grave”, contrário ao
direito. Caso o agente ameace, por exemplo, entrar na Art. 148 Privar alguém de sua liberdade, mediante
justiça para cobrar uma dívida (mal justo), ele não irá seqüestro ou cárcere privado:
cometer o crime de ameaça previsto no art. 147 do CPB. Pena - reclusão, de um a três anos.
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado § 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
por qualquer pessoa. I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessen-
Em regra, não cabe tentativa, já que se trata de crime
ta) anos;
unissubsistente, que se consuma com a prática de um
II - se o crime é praticado mediante internação da
único ato; porém, a doutrina majoritária admite a ten-
vítima em casa de saúde ou hospital;
tativa se a ameaça for praticada na modalidade escrita III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
– por meio de uma carta, por exemplo. dias.
A doutrina admite a ameaça condicionada, que ocor- IV – se o crime é praticado contra menor de 18
rerá quando o agente colocar uma condição para a prá- (dezoito) anos;
tica do mal injusto e grave. Exemplo: Mévio diz a Tício: V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
se você não fizer pelo menos um gol na final do campeo- § 2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
nato, eu irei te matar. ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
O crime de ameaça se procede mediante ação penal ou moral:
268 pública condicionada à representação. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Antes de iniciarmos o estudo deste crime, é impor- A maior gravidade da conduta repousa no fato de
tante entender a diferença entre o sequestro e o cár- ter sido o crime praticado no âmbito das relações fami-
cere privado. liares, no seio da união estável, ou ainda contra pessoa
No sequestro, ocorre restrição de liberdade da idosa, mais frágil em razão da avançada idade, e, con-
vítima, mas ela não fica necessariamente mantida em sequentemente, com menor possibilidade de defesa.
recinto fechado. Já no cárcere privado, necessaria-
mente a vítima terá sua liberdade restringida, sendo z Se o crime é praticado mediante internação da víti-
mantida em recinto fechado. ma em casa de saúde ou hospital:
Os crimes de sequestro e cárcere privado se confi-
gura quando o agente privar alguém de sua liberdade, Crime conhecido como internação fraudulenta,
mediante sequestro ou cárcere privado. pode ser praticado por médico ou por qualquer outra
pessoa.

Importante! z Se a privação da liberdade dura mais de 15 (quin-


Quando falamos em cárcere privado, estamos ze) dias (inciso III);
pensando em confinamento, clausura; já quando z Quanto mais longa a supressão da liberdade, maio-
falamos em sequestro, estamos considerando res as possibilidades de a vítima sofrer danos físi-
limites espaciais mais amplos. cos e psíquicos.
Ambos consistem na privação da liberdade da
vítima, sem o seu consentimento, por tempo Trata-se de crime a prazo. O período legalmente
exigido deve ser computado em conformidade com
juridicamente relevante. Podem ser cometidos
a regra traçada pelo art. 10 do CP, compreendendo o
mediante detenção ou retenção.
intervalo entre a consumação do delito e a libertação
do ofendido.
A tentativa é possível, tanto no sequestro como no
cárcere privado. z Se o crime é praticado contra menor de dezoito
O objeto jurídico é a liberdade de locomoção, con- anos:
sistente no direito de ir, vir e permanecer, de toda e
qualquer pessoa humana. Aplica-se às hipóteses em que a vítima é criança ou
Tão relevante é esse direito que a CF/88 prevê o adolescente e, nesse último caso, impede a utilização
habeas corpus como garantia para zelar pelo seu res- da agravante genérica prevista na alínea “h” do inci-
peito sempre que alguém sofrer ou se achar ameaça- so II do art. 61 do CP. Não se confunde com o crime
do de sofrer violência ou coação em sua liberdade de tipificado no art. 230 da Lei nº 8.069/1990, Estatuto da
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Criança e do Adolescente, que apresenta crime menos
O objeto material é a pessoa humana que suporta rigoroso.
a conduta criminosa.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Se, toda- z Se o crime é praticado com fins libidinosos:
via, tratar-se de funcionário público no exercício das
suas funções, estará caracterizado o crime de abuso Esse inciso foi acrescido pela Lei nº 11.106/2005
de autoridade. para suprir a lacuna surgida em razão da revogação
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. Se a víti- do crime de rapto, que cuidava somente da privação
ma for ascendente, descendente, cônjuge, ou compa- da liberdade de mulher honesta. Atualmente, a qua-
nheiro do agente, ou pessoa com idade superior a 60 lificadora consiste na privação da liberdade de uma
(sessenta) anos ou inferior a 18 (dezoito) anos, incide pessoa, homem ou mulher, com fins sexuais.
a figura qualificada (incisos I e IV do § 1º do art. 148 Trata-se de crime formal, de resultado cortado ou
do CP). de consumação antecipada – consuma-se com a priva-
Se a vítima for o Presidente da República, do Sena- ção da liberdade, desde que o sujeito deseje praticar
do Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo atos libidinosos com a vítima, pouco importando se
Tribunal Federal, estará caracterizado crime contra a alcança ou não o fim almejado. Se envolver-se sexual-
Segurança Nacional (art. 28 da Lei 7.170/1983). mente com a vítima, responderá, em concurso mate-
O elemento subjetivo é o dolo, sem qualquer fina- rial, pelo delito em apreço e pelo respectivo crime
lidade específica. Não se admite a modalidade culpo- contra a liberdade sexual, tal como o estupro.
sa. Se o propósito do agente for obter, para si ou para
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O § 2º qualifica o crime se resultar à vítima, em


outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, gra-
do resgate, o crime será de extorsão mediante seques- ve sofrimento físico ou moral. Estamos diante de crime
tro (art. 159 do CP). Se o delito for cometido com fins qualificado pelo resultado. Os maus-tratos consistem
libidinosos, incidirá a figura qualificada definida pelo na conduta agressiva do agente que ofende a moral, o
inciso V do § 1º do art. 158 do CP. corpo ou a saúde da vítima, sem produzir lesão corpo-
O consentimento da vítima, se válido, exclui o crime. ral. Se ocorrer lesão corporal ou morte haverá concurso
Este crime apresenta formas que o qualificam, material entre o sequestro ou cárcere privado, na for-
vejamos elas. ma simples, e o crime de lesão corporal ou homicídio.
Será qualificado o crime de sequestro e cárcere Por fim, saiba que este crime é comum, podendo ser
privado (incisos I ao V do § 1º do art. 158 do CP): praticado por qualquer pessoa e permanente (muito
importante que você fique atento à Súmula 711 do STF
z Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou – A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à
anos: cessação da continuidade ou da permanência). 269
Ex.: determinado agente pratica vários crimes em z Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli-
continuidade delitiva. Os primeiros atos são praticados gião ou origem.
sob a égide de uma lei anterior menos grave. Os últimos
atos são praticados sob a vigência de uma lei posterior Tráfico de Pessoas
mais gravosa. Aplica-se ao crime continuado ou crime
permanente a sob cuja égide tenha cessado a continui- Irá praticar o crime de tráfico de pessoas o agente
dade, isto é, a última lei, mesmo que seja mais grave. que agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave amea-
Redução à Condição Análoga à de Escravo ça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade
de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo, sub-
Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de metê-la a trabalhos em condições análogas à de escravo;
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
submetê-la a qualquer tipo de servidão; adoção ilegal ou
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condi-
exploração sexual (incisos I ao V do art. 149-A do CP).
ções degradantes de trabalho, quer restringindo,
por qualquer meio, sua locomoção em razão de O tipo penal de tráfico de pessoas é misto alternati-
dívida contraída com o empregador ou preposto: vo, podendo ser praticado mediante a execução de qual-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além quer um dos seus 8 (oito) verbos.
da pena correspondente à violência. Importante levar em consideração que, para com-
preender este tipo penal, é importante conhecer os
A doutrina classifica-o como crime de ação múltipla. verbos, os meios empregados para a prática do crime
O tipo penal apresenta duas hipóteses equipara- e as finalidades
das, respondendo o agente com as mesmas penas do
tipo penal principal. MEIOS
VERBOS FINALIDADES
Incorrerá nas mesmas penas aquele que cerceia o EMPREGADOS
uso de qualquer meio de transporte por parte do traba- Remover órgãos,
lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho, e aque- Agenciar tecidos ou
le que mantém vigilância ostensiva no local de trabalho partes do corpo
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do Aliciar
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. Submeter a
Grave Ameaça
trabalhos em
Recrutar
Art. 149 [...] condições
Violência
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído análogas à de
Transportar
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) escravo
Coação
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte
Transferir Submeter a
por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de Fraude qualquer tipo de
11.12.2003) Comprar servidão
II – mantém vigilância ostensiva no local de tra- Abuso
Adotar
balho ou se apodera de documentos ou objetos Alojar ilegalmente
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de Acolher Explorar
11.12.2003) sexualmente
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o cri-
me é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de
Vamos exemplificar:
11.12.2003)
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei O agente, aqui no Brasil, realiza recrutamento de
nº 10.803, de 11.12.2003) mulheres, por meio de fraude, faz propaganda de que
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, o objetivo é selecionar modelos para uma determina-
religião ou origem. da marca de produtos de beleza e que o trabalho será
na Europa. Porém, as vítimas recrutas seguem para a
Observe o exemplo: Silvio, fazendeiro conhecido Europa e são submetidas à exploração sexual.
no interior de Goiás, coloca como jornada de traba- Veja que esse crime é comum, podendo ser pratica-
lho para os funcionários de sua fazenda a carga horá- do por qualquer pessoa. Não se exige, também, nenhu-
ria de 15 (quinze) horas diárias, pagando a eles um ma condição especial do sujeito passivo do crime.
valor muito pequeno como contraprestação. Silvio se Quando há algumas circunstâncias específicas do
recusa a fornecer transporte para os trabalhadores agente ou da vítima e essas condições se encaixam
irem embora, já que, segundo ele, eles o devem valo- nas hipóteses da lei, a pena do crime de tráfico de pes-
res referentes à moradia fornecida pela fazenda, não soas será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade.
dispondo eles de outra maneira de ir para casa senão Vejamos:
pelo transporte da fazenda. Silvio está cometendo o
tipo penal que estamos estudando. Art. 149-A [...]
O crime de redução à condição análoga à de escra- § 1° A pena é aumentada de um terço até a metade se:
vo não admite a modalidade culposa, podendo ser I - o crime for cometido por funcionário público no
praticado apenas dolosamente. exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
É também crime permanente, portanto, sua con- II - o crime for cometido contra criança, adolescente
duta se prolonga no tempo. ou pessoa idosa ou com deficiência;
Vejamos as causas de aumento de pena: III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de depen-
270 z Contra criança ou adolescente; dência econômica, de autoridade ou de superioridade
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo Entrar ou permanecer clandestinamente em casa
ou função; ou alheia ou em suas dependências significa fazê-lo de
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter- forma oculta, sem se deixar notar pela vítima. Por sua
ritório nacional. vez, entrar ou permanecer astuciosamente consiste
em conduta fraudulenta, maliciosa.
Por fim, para encerramos os crimes contra a liber- Entrar ou permanecer em casa alheia ou em suas
dade pessoal, é importante mencionar que o crime de dependências contra a vontade expressa ou tácita de
tráfico de pessoas apresenta causa de diminuição de quem de direito enseja a entrada ou permanência
pena, desde que o agente preencha os 2 (dois) requisi- francas. Nesses casos, o dissentimento de quem de
tos, que são cumulativos. direito pode ser expresso ou tácito.
A pena é reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois ter- Sobre o sujeito ativo, o crime é comum, poden-
ços) se o agente: do ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo
proprietário do bem, quando entra ou permanece na
z For primário; residência ocupada pelo inquilino contra sua vontade
z Não integrar organização criminosa. expressa ou tácita.
O Código Penal não protege a propriedade nem a
Crimes Contra a Inviolabilidade do Domicílio posse indireta do locador.
O locatário, possuidor direto do imóvel, não é ofen-
Violação de domicílio dido em sua posse, e sim em sua tranquilidade domés-
tica. A serviçal que permite o ingresso do amante em
Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou
seu quarto pratica o crime em concurso com ele.
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
O divorciado pode cometer o crime ao entrar ou
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em
permanecer na residência do seu ex-cônjuge contra
suas dependências:
sua vontade.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Não há crime quando uma mulher, na ausência
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
do seu marido, permite a entrada do amante em sua
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
residência.
arma, ou por duas ou mais pessoas:
Vejamos, o sujeito passivo é o titular do direito à
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
tranquilidade doméstica.
pena correspondente à violência.
É o “quem de direito”, o sujeito que tem o poder de
O agente que entrar ou permanecer, clandestina ou admitir ou excluir alguém da sua casa, pouco impor-
astuciosamente, ou contra vontade expressa ou tácita tando seja ou não seu proprietário.
Pode ser:
de quem de direito, em casa alheia ou em suas depen-
dências irá cometer o crime de violação de domicílio. z Uma pessoa a quem os demais habitantes da casa
O crime de violação de domicílio é crime de mera estão subordinados (regime de subordinação);
conduta, já que a lei não descreve a conduta, mas não z Diversas pessoas, habitantes da mesma residência,
descreve resultado naturalístico; é, também, crime em relação isonômica (regime de igualdade).
comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Tutela-se, nesse crime, a tranquilidade doméstica, O elemento subjetivo desse crime é o dolo, abran-
abrangente da intimidade, da segurança e da vida pri- gente do elemento normativo “contra a vontade
vada proporcionadas pelo domicílio. expressa ou tácita de quem de direito”.
A incriminação da violação de domicílio não pro- O crime é incompatível com o dolo eventual.
tege a posse ou a propriedade. Há atipicidade, por ausência de dolo, nas condutas
Não configura o delito em_̅ análise o ingresso em casa de entrar em casa alheia para esconder-se da polícia ou
quando o sujeito supõe ingressar em local diverso do proi-
abandonada ou desabitada, podendo restar caracteriza-
bido (erro de tipo). Não se admite a modalidade culposa.
do o crime de esbulho possessório, previsto no inciso II do
Crime de mera conduta ou de simples atividade.
§ 1º do art. 161 do CP (crime contra o patrimônio).
Consuma-se quando o sujeito ingressa completa-
mente na casa da vítima, ou então quando, ciente de
Importante! que deve sair do local, não o faz por tempo juridica-
mente relevante. É imprescindível a entrada concreta
Casa desabitada não deve ser confundida com em casa alheia.
casa na ausência de seus moradores, pois nesse Cabe tentativa?
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

caso é possível o crime de violação de domicílio, É possível na conduta “entrar” (crime comissivo).
uma vez que subsiste a proteção da tranquilida- Incabível no núcleo “permanecer” (crime omissi-
de doméstica. vo próprio ou puro).
Este crime apresenta forma qualificada:

z Durante a noite;­
Quanto ao objetivo material, é o domicílio invadi-
z Em lugar ermo;
do, que suporta a entrada ou permanência de alguém,
z Com o emprego de violência ou de arma;
clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
z Por 2 (duas) ou mais pessoas.
expressa ou tácita de quem de direito.
Verifica-se que é necessário que a conduta seja Os patamares mínimo e máximo da pena do crime
praticada clandestina ou astuciosamente, ou contra serão alterados (de 1 a 3 meses para 6 meses a 2 anos)
a vontade expressa ou tácita de quem de direito. Se se praticado em uma das hipóteses previstas acima.
presente o consentimento do morador, explícito ou Observe o que o Código Penal diz sobre a expres-
implícito, o fato é atípico. são “casa”. 271
Art. 150 [...] A lei penal protege a correspondência fechada,
§ 4º - A expressão “casa” compreende: pois somente esta contém em seu interior um segre-
I - qualquer compartimento habitado; do. É preciso que seja a correspondência endereçada
II - aposento ocupado de habitação coletiva; a destinatário específico.
III - compartimento não aberto ao público, onde Não há crime de violação de correspondência:
alguém exerce profissão ou atividade.
z Conduta do sujeito que lê uma carta cujo envelope
A expressão “casa” não compreende: está aberto;
z Correspondências cujos envelopes possuem a
Art. 150 [...] expressão “este envelope pode ser aberto pela
§ 5º - Não se compreendem na expressão “casa”:
Empresa de Correios e Telégrafos”;
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
z Aquele que abre uma carta que encontrou e estava
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
perdida há décadas em lugar público;
n.º II do parágrafo anterior;
z Alguém abre uma carta remetida ao povo, aos elei-
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
tores em geral, aos amantes do futebol etc.;
Para encerrarmos o assunto violação de domicílio, z Os pais que abrirem cartas estranhas endereçadas
por fim, veremos os casos em que, mesmo com a vio- aos filhos menores;
lação, o fato não irá constituir crime. z Ao diretor do estabelecimento prisional é assegu-
rado o direito de acessar o conteúdo de correspon-
Art. 150 [...] dências suspeitas remetidas aos presos ((inciso XV e
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanên- parágrafo único do art. 41 da Lei de Execução Penal);
cia em casa alheia ou em suas dependências: z Quando um dos cônjuges abre correspondências
I - durante o dia, com observância das formalidades encaminhadas ao outro cônjuge, não há crime, em
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; face do exercício regular de direito.
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando
algum crime está sendo ali praticado ou na iminên- Devassar significa tomar conhecimento de algo
cia de o ser. proibido. O sigilo da correspondência é inviolável, por
expressa disposição constitucional (inciso XII do art. 5º).
Em concurso de crimes: a caracterização do delito A devassa pode ser efetuada por qualquer meio,
reclama que tenha o agente, como finalidade própria, embora seja o método mais comum, não é obrigatória
o ingressado ou permanecido em casa alheia, e nada a abertura da correspondência – o sujeito pode conhe-
mais do que isso. cer o conteúdo de uma carta apalpando o objeto que
Quando assim atua como meio de execução de está em seu interior, por exemplos, dinheiro, cartão
outro crime mais grave, a violação de domicílio fica bancário, objetos de valor.
absorvida (princípio da consunção). Assim, também pode praticar o delito o agente
Subsiste o crime de violação de domicílio quando
pode inteirar-se do seu conteúdo sem abri-la.
há dúvida acerca do verdadeiro propósito do agente
Para caracterização do crime não basta ao agente
e quando caracteriza desistência voluntária, pois o
devassar o conteúdo de correspondência fechada diri-
agente só responde pelos atos praticados.
Ação penal: pública incondicionada. gida a outrem. É preciso que o faça indevidamente, sem
ter o direito de tomar conhecimento do seu conteúdo.
CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois se
CORRESPONDÊNCIA trata de crime comum.
Incidirá uma agravante genérica se o crime for
Violação de Correspondência cometido por pessoa prevalecendo-se do cargo, ou em
abuso da função.
Observe:
É imprescindível que o sujeito pratique o fato em
Art. 151 Devassar indevidamente o conteúdo de decorrência do cargo ou função específica por ele
correspondência fechada, dirigida a outrem: desempenhada, relativa ao serviço postal.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Detalhe, para ser sujeito passivo, observamos que
há duas vítimas: o remetente e o destinatário.
O caput do art. 151 do CP foi revogado pelo caput do Exclui-se o crime se qualquer um deles autorizar
art. 40 da Lei 6.538/1978, que regula os serviços postais: o conhecimento do conteúdo da correspondência por
terceira pessoa. Enquanto não chega ao destinatário,
Art. 40 Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
pertence unicamente ao remetente.
respondência fechada dirigida a outrem:
Vejamos alguns pontos importantes:
Pena - detenção, até seis meses, ou pagamento não
excedente a vinte dias-multa.
z A impossibilidade de localização do destinatário
A lei penal, por objeto jurídico, tutela a liberdade não afasta o crime;
de comunicação do pensamento, concretizada pelo z O falecimento do remetente não exclui o delito;
sigilo da correspondência. z Se a correspondência ainda não foi enviada, e sobre-
É a correspondência, objeto material, por exemplo veio sua morte, seus herdeiros têm o direito de
carta, bilhete, telegrama etc., violada pela conduta conhecer seu conteúdo, pois ela agora lhes pertence;
criminosa. z Se o destinatário falece antes de receber a corres-
A correspondência pode ser particular ou oficial, pondência, seus sucessores poderão conhecer seu
pouco importando que esteja ou não redigida em portu- conteúdo, que provavelmente a eles interessa.
guês. Exige-se, porém, que se trate de idioma conhecido,
pois, na hipótese de ser veiculada por códigos incom- O crime de violação de correspondência é doloso,
preensíveis e indecifráveis, haverá crime impossível por abrange a ilegitimidade da conduta de devassar a corres-
272 absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP). pondência alheia. Não se admite a modalidade culposa.
Se a finalidade do agente for praticar espionagem O dano pode ser econômico ou moral, e o prejudi-
contrária à Segurança Nacional, serão aplicáveis o cado pode ser o remetente, o destinatário ou mesmo
caput do art. 13 e o art. 14 da Lei nº 7.170/1983, con- um terceiro.
forme o caso. Por se tratar de crime de dupla subjetividade passi-
O crime de violação de correspondência se consuma va, o direito de representação pode ser exercido tanto
com o conhecimento do conteúdo da correspondência. pelo remetente como pelo destinatário da correspon-
É possível a tentativa. dência. Se um deles quiser representar, e o outro não,
Pena e causa de aumento de pena estão, respecti- prevalece a vontade daquele que deseja autorizar a
vamente, cominadas e descritas na Lei nº 6.538/1978. instauração da persecução penal.
A pena cominada é detenção, de até seis meses, ou
pagamento não excedente a vinte dias-multa Violação de Comunicação Telegráfica, Radioelétrica
O juiz pode aplicar a pena de 1 (um) dia a 6 (seis) ou Telefônica
meses de detenção.
Por sua vez, a pena de multa parte do mínimo legal, Art. 151
de 10 (dez) dias-multa, nos termos do caput do art. 49 §1º [...]
do CP e vai até o máximo de 20 (vinte) dias-multa. II - quem indevidamente divulga, transmite a
As penas são aumentadas da metade quando há outrem ou utiliza abusivamente comunicação tele-
dano a outrem. Esse dano pode ser econômico ou gráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou con-
moral, e o prejudicado pode ser o remetente, o desti- versação telefônica entre outras pessoas;
natário ou mesmo um terceiro. III - quem impede a comunicação ou a conversação
A ação penal é pública condicionada à representação. referidas no número anterior;
Tratando-se de crime de dupla subjetividade passiva IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho
(remetente e destinatário), o direito de representação radioelétrico, sem observância de disposição legal.
pode ser exercido tanto pelo remetente como pelo des- A primeira parte do inciso II do § 1º do art. 151 do
tinatário da correspondência. Se um deles quiser repre- CP está em vigor unicamente nas hipóteses em que a
sentar, e o outro não, prevalece a vontade daquele que violação é efetuada por pessoas comuns.
deseja autorizar a instauração da persecução penal. Aplica-se o § 1º do art. 56 da Lei nº 4.117/1962, Códi-
Sonegação ou Destruição de Correspondência go Brasileiro de Telecomunicações, nas hipóteses em
que a violação é praticada por funcionário do governo
Observe: encarregado da transmissão da mensagem.
A parte final do inciso II do § 1º do art. 151 do CP
Art. 151 [...] foi derrogada pela Lei nº 9.296/1996, que regulamenta
§ 1º Na mesma pena incorre: a parte final do inciso XII do art. 5º da CF/88.
I - quem se apossa indevidamente de correspondên- A Lei nº 9.296/1996, Interceptação Telefônica, criou
cia alheia, embora não fechada e, no todo ou em um tipo penal específico para a violação do sigilo telefôni-
parte, a sonega ou destrói; co no art. 10, dispondo que constitui crime realizar inter-
ceptação de comunicações telefônicas, de informática ou
O inciso I do § 1º do art. 151 do Código Penal foi telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autoriza-
revogado pelo § 1º do art. 40 da Lei nº 6.538/1978. ção judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
É preciso que a correspondência seja endereçada O dispositivo continua aplicável ao terceiro que
destinatário específico. não interveio na interceptação telefônica criminosa,
O crime previsto no § 1º do art. 40 da Lei 6.538/1978 mas divulgou-a a outras pessoas.
é crime autônomo em relação ao caput. As penas Esse inciso II tem como núcleo divulgar, transmi-
alternativas cominadas em abstrato são as mesmas do tir e utilizar, tipo misto alternativo. A prática de mais
delito de violação de correspondência, mas o legisla- de uma conduta visando igual objeto material caracte-
dor utilizou outro núcleo e inseriu novas elementares. riza crime único.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da correspon- Divulgar é tornar algo público, dando conheci-
dência, no sentido de ser preservada pelo seu titular mento do seu conteúdo a outras pessoas.
até quando reputar conveniente. Transmitir significa enviar de um local para outro.
Tem como objetivo material a correspondência Utilizar é fazer uso de algo.
alheia, mas agora retirada da esfera de disponibilida-
de do seu titular. Importante!
Pode, no entanto, estar aberta ou fechada, uma vez
que a conduta consiste em apossar-se da correspondên- Na hipótese de um terceiro concorrer de qual-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cia para sonegá-la ou destruí-la, indevidamente, e não quer modo para a interceptação telefônica ilegal,
para tomar conhecimento ilegítimo do seu conteúdo. será partícipe do crime definido pelo art. 10 da
A conduta consiste em se apossar de correspon- Lei 9.296/1996. Se tiver ciência de uma gravação
dência alheia, ainda que aberta, para sonegá-la ou oriunda de violação telefônica indevida, e divul-
destruí-la, no todo ou em parte. gá-la, a ele será imputado o crime definido pelo
A modalidade desse crime é o dolo, abrangente da inciso I do § 1º do art. 151 do CP.
ilegitimidade da conduta de apossar-se de correspon-
dência alheia, com a exigência da finalidade específi-
ca de sonegá-la ou destruí-la. A modalidade do crime prevista no inciso III do §
É possível a tentativa. 3º do art. 151 do CP está em vigor.
Causa de aumento da pena: A figura do inciso III é impedir, obstruir a comu-
nicação ou conversação telegráfica, radioelétrica ou
Art. 151 [...] telefônica. Pune-se o indivíduo que, sem amparo legal,
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano não deixa ser realizada a comunicação ou conversação
para outrem. alheia. 273
O inciso IV do § 1º do art. 151 do CP foi substituído O núcleo do tipo é abusar, que significa utilizar de
pelo art. 70 da Lei nº 4.117/1962, Código Brasileiro de forma excessiva ou inadequada.
Telecomunicações. Os sócios ou empregados, no exercício de suas
A finalidade da lei é vedar a uma pessoa, sem auto- atividades, geralmente têm acesso a informações
rização legal, a instalação ou utilização de aparelho contidas em correspondências endereçadas ao esta-
clandestino de telecomunicações. belecimento comercial ou industrial.
Nesse crime, tem por objeto jurídico o sigilo da A conduta de abusar se concretiza mediante o ato
comunicação transmitida pelo telégrafo, pelo rádio e de, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair
pelo telefone. ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho
O objeto material é a comunicação telegráfica ou seu conteúdo. Pode ser exteriorizada por ação, por
radioelétrica dirigida a terceiro, ou a conversação exemplo, abrir uma carta, ou por omissão, por exem-
telefônica entre pessoas indevidamente divulgada, plo, deixar uma correspondência ser destruída pela
transmitida a outrem ou utilizada abusivamente. chuva.
O crime é de modalidade dolosa. Quanto à utilização Desviar é afastar a correspondência do seu real
de comunicação telegráfica ou radioelétrica exige-se que destino.
o sujeito cometa o fato abusivamente, isto é, com a cons- Sonegar é esconder, no sentido de obstar a che-
ciência de abusar quanto ao uso indevido da mensagem. gada da correspondência ao correto estabelecimento
Sobre a consumação, observa-se que no tipo pre- comercial ou industrial.
visto no inciso II ocorre com a divulgação, transmis- Subtrair é apoderar-se da correspondência comer-
são ou utilização abusiva. A divulgação necessita do cial, retirando do seu devido lugar ou impedindo seu
conhecimento do conteúdo da comunicação por um envio ao destino original. Suprimir é destruir para
número indeterminado de pessoas. que a correspondência não seja entregue em seu des-
A ação penal na hipótese do inciso I é pública tino, ou para que seja retirada do estabelecimento
incondicionada. Nas hipóteses dos incisos II e III, é comercial ou industrial para o qual foi encaminhada.
pública condicionada à representação. Já para o pre- Revelar é permitir o acesso ao conteúdo da correspon-
visto no inciso IV, é pública incondicionada. dência do estabelecimento comercial ou industrial a
As penas aumentam-se de metade, se há dano para quem seja alheio aos seus quadros ou não tenha o
outrem. direito de conhecer o que nela se contém.
As penas, em todas as hipóteses, aumentam-se de Sobre o sujeito ativo, somente pode ser o sócio ou
metade, se há dano para outrem. empregado do estabelecimento comercial ou indus-
Esse dano pode ser econômico ou moral, e perti- trial, por ser crime próprio.
nente a qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o estabelecimento comercial
ou industrial titular da correspondência violada.
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de fun- Esse crime é praticado na modalidade dolosa. Exi-
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou ge-se também um especial fim de agir, representa-
telefônico: do pela intenção de abusar da condição de sócio ou
Pena - detenção, de um a três anos. empregado. É necessário ter o agente, ao tempo da
conduta, a consciência de que abusa da sua peculiar
Aplicável às hipóteses não revogadas pela Lei nº condição em relação à vítima.
4.117/1962, Código Brasileiro de Telecomunicações, e Não se admite a modalidade culposa.
pela Lei nº 6.538/1978, Serviços Postais. O crime é formal, de consumação antecipada ou de
A incidência da figura qualificada só será cabível resultado cortado. Consuma-se quando o agente desvia,
quando o sujeito ativo desempenhar alguma função sonega, subtrai ou suprime a correspondência comer-
em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô- cial, ou então quando revela a terceiro seu conteúdo.
nico, e dela abusar. É possível a tentativa.
Exige-se a relação de causalidade entre a função A ação penal é pública condicionada à representação.
exercida abusivamente pelo agente e o delito praticado.
Quanto à qualificadora, a ação penal é pública CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
incondicionada. SEGREDOS

Correspondência Comercial Observamos que o inciso X do art. 5º da CF/88 é


responsável por assegurar a inviolabilidade de dois
Art. 152 Abusar da condição de sócio ou emprega- direitos fundamentais do ser humano: honra e vida
do de estabelecimento comercial ou industrial para,
privada.
no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
Reserva-se a toda pessoa o direito de manter segredo
suprimir correspondência, ou revelar a estranho
seu conteúdo:
acerca de fatos afetos à sua vida privada. Nessa seara,
Pena - detenção, de três meses a dois anos. a norma constitucional resguarda os segredos pessoais.
Parágrafo único. Somente se procede mediante De fato, um segredo inerente a alguém, quando
representação. divulgado ou revelado sem justa causa, tem o condão
de acarretar sérios danos às pessoas em geral.
O objeto jurídico desse crime é a inviolabilidade Vejamos, o Código Penal, nos arts. 153 e 154, res-
de correspondência. A lei penal tutela a liberdade de guarda o conhecimento público segredos cuja revela-
comunicação do pensamento transmitida por meio de ção possa produzir danos a uma pessoa.
correspondência comercial. Não ingressa na proteção penal, consequentemen-
É o objeto material é a correspondência comercial te, a punição pela revelação ou divulgação de fatos
que suporta a conduta criminosa. No conceito de cor- secretos incapazes de proporcionar consequências
respondência comercial se encaixa toda e qualquer jurídicas ao seu titular.
carta, bilhete ou telegrama inerente à atividade mer- Secreto é o fato da vida privada que se tem interes-
cantil. Deve relacionar-se às atividades exercidas pelo se em ocultar.
274 estabelecimento comercial ou industrial. Pressupõe dois elementos:
z Negativo – ausência de notoriedade; Sujeito passivo é aquele a quem a divulgação do
z Positivo – vontade determinante de sua custódia segredo possa produzir dano, remetente, destinatário
ou preservação. ou qualquer outra pessoa.
Esse crime é praticado na modalidade dolosa.
Crimes contra a inviolabilidade de correspon- Não se admite a forma culposa.
dência: o legislador busca coibir o conhecimento Consuma-se no instante em que o segredo é divul-
do conteúdo de uma missiva sem autorização para gado para um número indeterminado de pessoas.
tanto; tutela-se unicamente a inviolabilidade de É possível a tentativa.
correspondência.
Crimes contra a inviolabilidade dos segredos: pro- Art. 153 [...]
tege-se um segredo nela contido, capaz de, se divulga- § 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigi-
losas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas
do ou revelado, causar danos a outrem. Além disso, o
ou não nos sistemas de informações ou banco de
bem jurídico resguardado pela lei penal é a inviolabi- dados da Administração Pública:
lidade dos segredos. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Divulgação de Segredo A qualificadora, denominada de divulgação de


sigilo funcional de sistemas de informações, foi
Art. 153 Divulgar alguém, sem justa causa, conteú- instituída pela Lei Nº 9.983/2000, com o fim de tutelar
do de documento particular ou de correspondência as informações sigilosas ou reservadas de interesse
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e da Administração Pública, notadamente as relativas à
cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Previdência Social.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de É necessário que a informação sigilosa ou reserva-
trezentos mil réis a dois contos de réis. da tenha conteúdo material.
§ 1º Somente se procede mediante representação. Logo, não há crime quando se tratar de informação
meramente verbal, ainda que sigilosa ou reservada.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade
ou da vida privada. Veda-se a divulgação de segredos
cujo conhecimento por terceiros pode trazer prejuízos Importante!
ao seu titular.
Informações são os dados sobre alguém ou algo.
O objeto material é o conteúdo secreto de docu-
Sigilosa é a informação confidencial, secreta.
mento particular ou de correspondência confidencial.
Vejamos que o núcleo do tipo é divulgar, vulgari- Reservada é a informação merecedora de cuida-
zar, tornar público ou conhecido um fato ou informa- dos especiais relativamente às pessoas que dela
ção. Não basta a comunicação a uma só pessoa ou a possam ter ciência.
um número reduzido e limitado, exige-se propagação,
difusão, possibilitando o conhecimento do fato a um
Trata-se de crime comum: pode ser praticado por
número indeterminado de pessoas.
qualquer pessoa.
A conduta de divulgar pode ser praticada por
Se o sujeito ativo for funcionário público, a ele será
variados meios – crime de forma livre. Veda-se que
imputado o crime de violação de sigilo funcional, con-
uma pessoa, destinatária de um documento particular forme art. 325 do CP.
ou de uma correspondência confidencial, possa divul- O sujeito passivo é o Estado.
gá-la a terceiros, provocando danos a alguém. Nada impede a existência de um particular como
Esse tipo penal não se aplica ao documento públi- sujeito passivo, desde que possa ser prejudicado pela
co, por ausência de previsão legal. A revelação do seu divulgação das informações sigilosas ou reservadas.
conteúdo pode, contudo, caracterizar o crime de vio-
lação de sigilo funcional, previsto no art. 325 do CP. Art. 153 [...]
O elemento do tipo está contido na expressão sem § 2° Quando resultar prejuízo para a Administra-
justa causa. Não é qualquer divulgação de conteúdo ção Pública, a ação penal será incondicionada.
de documento particular ou de correspondência confi-
dencial que caracteriza o delito de divulgação de segre- No caput, a ação penal é pública condicionada à
do – a divulgação deve ser realizada sem justa causa. representação.
A justa causa conduz à exclusão da tipicidade do fato. Não se aplica a regra prevista no § 2º do art. 153
Há justa causa, entre outras, nas seguintes hipóteses: do CP, pois o tipo fundamental fala somente em dano
a outrem, excluindo, portanto, a eficácia penal da con-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Comunicação à autoridade policial, ao Ministério duta criminosa em relação à Administração Pública.


Público ou ao Poder Judiciário de infração penal; Na figura qualificada, em regra, é pública condicio-
z Consentimento do interessado, para servir de prova nada à representação.
da existência de uma infração penal ou de sua autoria; Nesse caso, somente o particular é ofendido pela
z Dever de testemunhar em juízo; conduta criminosa. No entanto, se do fato resultar
z Defesa de interesse legítimo. prejuízo para a Administração Pública, a ação penal
será pública incondicionada.
Também não há crime quando alguém entrega à
Violação do Segredo Profissional
autoridade policial, ao Ministério Público ou à autorida-
de judiciária uma missiva recebida de outrem, contendo De acordo com:
a confissão de um delito pelo verdadeiro autor.
Por se tratar de crime próprio, observa-se que Art. 154 Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
o sujeito ativo somente pode ser o destinatário ou de que tem ciência em razão de função, ministério,
detentor do documento particular ou correspondên- ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
cia de conteúdo confidencial. dano a outrem: 275
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa z Dispositivos de armazenamento: dizem respeito
de um conto a dez contos de réis. à guarda de dados ou informações para posterior
Parágrafo único. Somente se procede mediante análise (exemplos: pendrives, HDs – hard disks e
representação. CDs – discos compactos).
O objeto jurídico é a inviolabilidade da intimidade e da Só há crime quando a conduta recai em dispositivo
vida privada das pessoas, relativamente ao segredo pro- informático alheio.
fissional. O dever de guardá-lo, contudo, não é absoluto. O fato será atípico quando o sujeito devassa um
Já o objeto material é o assunto transmitido ao pro- dispositivo próprio, ainda que não esteja sob sua pos-
fissional em caráter sigiloso. se. É irrelevante se o dispositivo informático alheio se
O núcleo do tipo é revelar, no sentido de delatar
encontra ou não conectado à rede de computadores.
ou denunciar.
Não se exige sua interligação com outro disposi-
O crime é de forma livre, comportando qualquer
meio de execução. tivo informático, possibilitando o compartilhamento
Por ser crime próprio, somente pode ser cometido de dados ou informações. O núcleo do tipo é invadir,
por quem teve conhecimento do segredo em razão de no sentido de devassar dispositivo informático alheio,
sua função, ministério, ofício ou profissão. conectado ou não à rede de computadores.
Qualquer pessoa está suscetível a ser sujeito pas- Por se tratar de crime comum ou geral, o sujeito ati-
sivo prejudicado pela revelação do segredo, seja seu vo pode ser cometido por qualquer pessoa. Embora esta
titular ou até mesmo um terceiro. condição não seja exigida pelo tipo penal, normalmente o
Esse crime é praticado na modalidade dolosa, crime é praticado por sujeitos dotados de especiais conhe-
abrangente da ciência da ilegitimidade da conduta cimentos de informática, conhecidos como crackers.
e da possibilidade de causar dano a outrem. Não se O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, física
admite a modalidade culposa, e não se exige nenhu- ou jurídica.
ma finalidade específica. Esse crime é praticado na modalidade dolosa,
Consuma-se no instante em que o confidente neces- acrescido de um especial fim de agir representado
sário revela a terceira pessoa o segredo de que tem pela expressão e com o fim de obter, adulterar ou des-
ciência em razão de função, ministério, ofício ou pro- truir dados ou informações sem autorização expressa
fissão. Basta seja contado o conteúdo do segredo a uma ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnera-
única pessoa, desde que esta conduta possa causar bilidades para obter vantagem ilícita.
dano a alguém, patrimonial ou moral. Prescinde-se da Consuma-se com o simples ato de invadir dispositivo
produção do resultado naturalístico. O crime é formal, informático alheio, conectado ou não à rede de compu-
de resultado cortado ou de consumação antecipada. tadores, mediante violação indevida de mecanismo de
É admissível a tentativa na revelação do segredo segurança, com a finalidade de obter, adulterar ou des-
por escrito, tal como na carta que se extravia (delito truir dados ou informações sem autorização expressa
plurissubsistente).
ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabili-
É pública condicionada à representação, a teor do
dades para obter vantagem ilícita, pouco importando se
parágrafo único do art. 154 do CP.
este objetivo vem a ser efetivamente alcançado.
Invasão de Dispositivo Informático É possível a tentativa, em face do caráter pluris-
subsistente do delito, permitindo o fracionamento do
Art. 154-A Invadir dispositivo informático alheio, iter criminis.
conectado ou não à rede de computadores, median-
te violação indevida de mecanismo de segurança e Art. 154-A [...]
com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
informações sem autorização expressa ou tácita do distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades de computador com o intuito de permitir a prática
para obter vantagem ilícita: da conduta definida no caput.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
da invasão resulta prejuízo econômico.
O objeto jurídico é a liberdade individual, especi-
ficamente no tocante à inviolabilidade dos segredos.
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser uti-
E o objeto material é o dispositivo informático alheio,
lizada na terceira e última fase da aplicação da pena
conectado ou não à rede de computadores.
privativa de liberdade.
Os dispositivos informáticos dividem-se basica-
mente em quatro grupos: Diversos fatores podem proporcionar o prejuízo
econômico: divulgação de informações capazes de
z Dispositivos de processamento: são responsá- macular a honra da vítima, tempo de trabalho neces-
veis pela análise de dados, com o fornecimento sário para a reprodução dos dados ou informações
de informações, visando a compreensão de uma destruídos ou adulterados, valores gastos para livrar
informação do dispositivo de entrada para envio o dispositivo informático de vírus etc.
aos dispositivos de saída ou de armazenamen- Em qualquer dos casos, a elevação da pena será
to. Exemplos: placas de vídeo e processadores de obrigatória.
computadores e smartphones;
z Dispositivos de entrada: relacionam-se à capta- Art. 154-A [...]
ção de dados escritos, orais ou visuais (exemplos: § 3° Se da invasão resultar a obtenção de conteú-
teclados, microfones e webcam); do de comunicações eletrônicas privadas, segredos
z Dispositivos de saída: fornecem uma interface des- comerciais ou industriais, informações sigilosas,
tinada ao conhecimento ou captação, para outros assim definidas em lei, ou o controle remoto não
dispositivos, da informação escrita, oral ou visual autorizado do dispositivo invadido:
produzida no processamento (exemplos: impres- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
276 soras e monitores); multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa,
se a conduta não constitui crime mais grave. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Evidentemente, não há crime se existia permissão
para tanto, como ocorre nos computadores instalados FURTO
em escolas infantis, pelos quais os pais acompanham à Art. 155 Subtrair, para si ou para outrem, coisa
distância as atividades desenvolvidas pelos seus filhos. alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 154-A [...]
§ 4° Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a O primeiro crime contra o patrimônio é o furto.
dois terços se houver divulgação, comercialização Em síntese, o crime de furto é definido por ser a sub-
ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos
tração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
dados ou informações obtidos.
Há o furto (art. 155, do CP) e o furto de coisa comum
(art. 156).
Aplica-se unicamente à modalidade qualificada pre-
Sobre o bem jurídico, não há consenso na doutri-
vista no § 3º do art. 154-A. Nesse caso, o exaurimento
na, vejamos:
justifica a maior severidade no tratamento penal. A divul-
gação, comercialização ou transmissão a terceiro, embo- z Somente a propriedade (Hungria);
ra normalmente envolva alguma contraprestação, pode z A propriedade e a posse (Nucci; Greco; Masson);
ser gratuita, pois o legislador empregou a expressão “a z A propriedade, a posse e a detenção (Mirabete;
qualquer título”. Delmanto; Bitencourt).
Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime
for praticado contra: Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima,
passando-a ao poder do agente. Pode ocorrer por apo-
z Presidente da República, governadores e prefeitos; deramento direto, quando o agente apreende a coisa
z Presidente do Supremo Tribunal Federal; manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó-
z Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal.
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da
z Coisa: refere-se a tudo aquilo que possui existên-
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara cia de natureza corpórea;
Municipal; z Coisa alheia: significa pertencente a outrem.
z Dirigente máximo da administração direta e indireta
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. A coisa sem dono não é objeto de furto.
Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
z Ação Penal subtração de coisa própria, mesmo que em poder de
terceiro, embora possa caracterizar o delito descrito
Art. 154-B Nos crimes definidos no art. 154-A, somente no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa comum
se procede mediante representação, salvo se o crime (art. 156, do CP).
é cometido contra a administração pública direta ou Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, gra o patrimônio de ninguém.
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode-
concessionárias de serviços públicos. -se configurar o crime do inciso II, § único, art. 169,
do CP.
No crime de invasão de dispositivo informático, em Sobre o valor afetivo, para alguns autores (como
regra, a ação é pública condicionada à representação do Damásio e Rogério Greco), coisa de valor afetivo ou
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. sentimental também pode ser objeto material de furto.
Isso é justificado pela disponibilidade do interesse Segundo Hungria, “a coisa subtraída deve represen-
atacado pelo delito, vinculado precipuamente à esfera de tar para o dono, se não um valor reduzível a dinheiro,
intimidade da vítima. pelo menos uma utilidade (valor de uso), seja qual for,
Reserva-se ao ofendido ou ao seu representante a de modo que possa ser considerada como integrante
oportunidade (ou conveniência) para autorizar ou não o do seu patrimônio”.
início da persecução penal. Em sentido contrário, uma parcela da doutrina
Excepcionalmente, a ação penal será pública incondi- (Nucci, por exemplo) sustenta que deve haver subtra-
cionada, nas hipóteses em que o delito envolver a Admi- ção de coisa com valor patrimonial.
nistração Pública, pois nesses casos há ofensa a valores de Em regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
natureza indisponível. exceto o proprietário.
Sujeito passivo à vítima do furto: o proprietário, o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

REFERÊNCIAS possuidor ou detentor da coisa legítima.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol . 1, 19ª. Furto Simples


Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
O art. 155 do CP define o furto simples.
CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrimes – Lei Configura-se quando o agente subtrai, para si ou
13.964/2019: Comentários às Alterações no CP, CPP e para outrem, coisa alheia móvel.
LEP. Salvador: Juspodium, 2020.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal Para entendê-lo, dividiremos em duas partes:
esquematizado: parte especial. 6ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. z Subtrair (verbo) — consiste no ato de se apossar de
JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22ª. Ed. propriedade de outra pessoa, seja para si ou para
São Paulo: Saraiva, 2014. outra pessoa. Por exemplo, o agente subtrai para
MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª. Ed. si uma bicicleta que estava estacionada próximo
São Paulo: Método, 2014. à lanchonete; 277
z Coisa alheia móvel — necessário que o objeto z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coi-
material do crime de furto seja coisa móvel e que sa que se encontra em poder de terceiro, não res-
pertença a outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou ponderá por furto, mas sim pelo crime de exercício
que pertença ao próprio autor, não configurará arbitrário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do
furto. Por exemplo, o agente que, aproveitando a CP, conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima);
distração da vítima, subtraia o aparelho celular. z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa,
o condômino que a subtrair responderá pelo deli-
Não há emprego de violência nem grave ameaça à to de furto de coisa comum (art. 156, do CP). Por
pessoa, distinguindo-se, nesse aspecto, do delito de roubo. exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da
área de uso comum do condomínio;
O furto tem as seguintes características: z O funcionário público, que subtrai bem público,
responderá por peculato-furto (§ 1º, art. 312, do
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- CP), desde que a função pública tenha facilitado a
quer pessoa; subtração, pois, se em nada facilitou, o delito será
z É crime material, que exige a ocorrência do resul- de furto (art. 155, do CP);
tado naturalístico para fins de consumação, ou
„ Funcionário público que subtrai bem particu-
seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub-
lar que se encontra sob a guarda ou custódia da
trai a coisa móvel;
Administração Pública, desde que a função tenha
z O furto só se pratica dolosamente; facilitado a subtração, responderá por peculato-
z Não admite a modalidade culposa; -furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta do trai veículo que estava apreendido no pátio do
agente para praticar o furto é fracionada em posto de fiscalização da Polícia Rodoviária;
diversos atos que somados consumam o delito; „ Funcionário público que subtrai bem particu-
portanto, admite a tentativa quando o agente, por lar que não estava sob a guarda ou custódia da
motivos alheios a sua vontade, pratica alguns atos Administração Pública ou estava, mas a função
e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo, em nada facilitou a subtração, responderá por
o agente, com animus de furtar objetos eletrôni- furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
cos de uma casa, pula o muro para ingressar no trai um bem que se encontrava no porta-malas
interior da residência, mas o proprietário da casa de um veículo que ele foi vistoriar, mas que não
acorda e acende a luz, momento em que o agente estava apreendido, cometerá o crime de furto.
deixa de praticar os demais atos.
O sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado
A lei tutela a propriedade e a posse. A simples ou exposto a perigo de lesão.
detenção não configura o crime de furto. O titular do bem jurídico, apesar de divergên-
Sobre a consumação deste crime, é importan- cias na doutrina, prevalece sendo o proprietário e
te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes possuidor.
superiores (STF e STJ). O detentor é arrolado no processo como testemu-
nha, e não como vítima.
Os tribunais superiores adotam a teoria da apprehen-
sio, também chamada de amotio, que considera consu- Vejamos os pontos mais questionados sobre o
mado o crime de furto (e isso vale para o crime de roubo) crime de furto:
quando o agente se apossa da coisa alheia móvel, mesmo
que por um breve período de tempo, não sendo necessá- z Coisas ilícitas: podem ser objeto de furto, por exem-
rio que a coisa saia da área de vigilância da vítima. plo, responde por furto quem subtrai mercadoria
Um questionamento oportuno é verificar se o bem contrabandeada e, neste caso, a vítima responderá
subtraído deve ter valor econômico, ou seja, se o obje- pelo crime de contrabando. Por outro lado, as coi-
to material pode ser negociável. sas ilícitas não podem ser objeto de furto se cons-
tituírem elemento de outro crime, por exemplo, a
Vejamos os bens que integram o patrimônio: subtração de droga é crime do art. 33, da Lei nº
11.343/2006; a subtração de arma de fogo é crime
z Os bens corpóreos, com existência material, por do art. 16, da Lei nº 10.826/2003;
exemplo, um veículo, e incorpóreos, com existên- z Algumas partes naturais do corpo humano: podem
cia abstrata, por exemplo, um direito autoral, de ser objeto de furto se passíveis de figurarem numa
valor econômico; relação jurídica, por exemplo, subtração do cabelo
com o fim de obter lucro. Portanto, a subtração de
z Os bens de valor afetivo ou sentimental, por exem-
um rim ou outro órgão vital não é furto, e sim lesão
plo, cartas e fotografias;
corporal grave, ou homicídio consumado ou tentado;
z Os bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor
z Cadáver: não pode ser objeto de furto, pois consti-
econômico ou sentimental.
tui delito do art. 211, do CP, destruição, subtração
ou ocultação de cadáver. Porém, se o cadáver tem
Portanto, vimos que não se pode restringir o patri- valor econômico, por exemplo, sendo pertencente
mônio às coisas de valor econômico. à Faculdade de Medicina, haverá furto. Se houver
Além disso, o sujeito ativo do crime de furto pode ser furto de algum objeto que foi sepultado junto ao
qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum ou geral. cadáver, por exemplo, arcada dentária de ouro, o
Há, ainda, exceções. Vejamos: crime será furto, e a vítima será o herdeiro do de
cujus;
z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previs- z Energia elétrica: discutia-se se constituía ou não
to no inciso II, § 4º, art. 155, por ser crime próprio, coisa móvel. O legislador penal tipificou o furto de
o agente é aquela pessoa que a vítima confia, por energia elétrica no § 3º, art. 155, do CP, equiparan-
278 exemplo, o furto praticado por um empregado; do-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
outra que tenha valor econômico, por exemplo, § 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
energia radioativa, energia cinética, energia atô- anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometi-
mica, energia genética etc. Porém, a energia deve do por meio de dispositivo eletrônico ou informáti-
ser suscetível de apossamento, ou seja, que possa co, conectado ou não à rede de computadores, com
ser separada da coisa que a produz. ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a
utilização de programa malicioso, ou por qualquer
Art. 155 [...] outro meio fraudulento análogo.
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou § 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, consi-
qualquer outra que tenha valor econômico. derada a relevância do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
z Alteração no sistema de medição de energia elétri- se o crime é praticado mediante a utilização de ser-
ca: de acordo com o entendimento do STJ, a alte- vidor mantido fora do território nacional;
ração no sistema de medição de energia elétrica, II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o cri-
mediante fraude, para que o resultado calculado no me é praticado contra idoso ou vulnerável.
sistema seja menor do que o consumo real, confi- § 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
gura o crime de estelionato, e não o crime de furto; subtração for de veículo automotor que venha a ser
z Instalação clandestina de TV a cabo: há duas transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
correntes:
se a subtração for de semovente domesticável de
„ Primeira: trata-se de fato atípico, pois não há produção, ainda que abatido ou dividido em partes
propriamente a subtração de energia e, sim, no local da subtração.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
o aproveitamento de um serviço. A energia se
anos e multa, se a subtração for de substâncias
consome ou se reduz com o uso e isso não ocor-
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou iso-
re com a TV a cabo, cuja utilização não gera ladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
qualquer custo adicional para a operadora. É ou emprego.
um mero ilícito civil. Observe que o art. 35, da
Lei nº 8.977/1995, dispõe que é “ilícito penal a z Com destruição ou rompimento de obstáculo à
interceptação ou a recepção não autorizada dos subtração da coisa:
sinais de TV a Cabo”, entretanto, não lhe comi-
nou qualquer pena, sendo vedada a sua impo- Destruir é desfazer, demolir, por exemplo, o agen-
sição pela via da analogia; te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daque-
„ Segunda: dominante no STJ, considera que há le que arromba o portão de uma casa para entrar e
crime de furto. Argumenta-se que o sinal de subtrair uma televisão.
televisão se propaga por meio de ondas, o que Romper é abrir brecha, arrombar, arrebentar, ser-
na definição técnica se enquadra como energia rar, forçar, rasgar etc. Por exemplo, o agente abre a
radiante, que é uma forma de energia associa- porta da casa com um pé de cabra para entrar e sub-
da à radiação eletromagnética. trair uma televisão.
Nos dois casos, o delito deixa vestígios, sendo
Furto Qualificado
imprescindível o exame de corpo delito.
O furto qualificado é aquele no qual as suas penas Em ambos há uma danificação, que é total no ver-
são modificadas nos patamares mínimos e máximo, bo “destruir”, sendo parcial no verbo “romper”.
aumentando consideravelmente. O delito de dano é absorvido pelo furto qualificado,
Trata-se de qualificado por ter pena própria e não por força do princípio da subsidiariedade implícita.
A destruição e o rompimento devem ser praticados
mera causa de aumento de pena. Podemos exemplifi-
contra obstáculo, e não sobre a própria coisa furtada, por
car com o caso de o agente furtar objetos eletrônicos
exemplo, o agente rompe a porta do veículo para subtraí-lo.
de uma casa utilizado chave falsa para abrir o portão
Obstáculo é aquilo que protege a coisa para difi-
e a porta da casa.
cultar a sua subtração, por exemplo, matar o cão de
O furto será qualificado nas seguintes hipóteses: guarda da residência, destruir as telhas para adentrar
na residência, ou mesmo cortar os fios do alarme do
Art. 155 [...] automóvel ou da cerca eletrificada.
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul- A mera remoção de obstáculo, quando destituída
ta, se o crime é cometido: da danificação, não qualifica o furto, por exemplo,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à desparafusar o farol do automóvel e desatar o nó da


subtração da coisa; corda que prende a canoa.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza; z Com abuso de confiança, ou mediante fraude,
III - com emprego de chave falsa; escalada ou destreza:
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

É importante ressaltar também as recentes altera- No abuso de confiança, o agente se vale da confian-
ções legais. Atenção especial para o disposto no § 4º-B ça que o dono da coisa tem nele para poder subtrair,
e § 4º-C, do art. 155, que foram incluídos pela Lei nº como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono
14.155 de 2021. Vejamos: da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao
banheiro despreocupado, momento em que o agente,
Art. 155 [...] aproveitando desta confiança, subtrai a carteira.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) O uso de fraude fica configurado quando o agen-
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de te usa de artifício para enganar a vítima, para sub-
artefato análogo que cause perigo comum. trair a coisa, a exemplo do agente que se passa por 279
funcionário de empresa de telefonia para conseguir grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso
entrar numa casa e subtrair um aparelho celular que de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um
nela estava. terço até metade.
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar
Dica no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo-
rante do roubo”.
Não confunda o furto mediante fraude com o
estelionato. z Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo
No furto mediante fraude, o agente usa a fraude
sobre a vítima para subtrair a coisa. O § 4º-A, art. 155, do CP, foi introduzido por meio
No estelionato, o agente emprega a fraude para da Lei nº 13.654/2018, e dispõe que: “A pena é de reclu-
ludibriar a vítima e fazer com que ela mesma são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
entregue a coisa. emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum”.
No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a É o único furto que é crime hediondo (inciso IX,
entrada em um local se dá por um meio anormal, que art. 1º, da Lei 8072/1990, com redação dada pelo inciso
exige do agente esforço físico incomum. Para a dou- IX, art. 1º, da Lei).
trina majoritária, não é relevante se ocorre por cima O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo,
ou por baixo, desde que o agente não pratique nenhu- torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da
ma forma de destruição ou rompimento de obstáculo, reprimenda penal, em razão da provocação de perigo
quando aplicaremos outra qualificadora ao fato. coletivo.
No furto qualificado pela destreza, o agente faz uso Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem-
de alguma habilidade especial. Segundo a doutrina, o plos, dinamite, pólvora.
exemplo clássico é o batedor de carteira. Importante destacar que o tipo penal, ao contrário
Não há a qualificadora quando a vítima percebe a do art. 251, do CP, não se refere à substância explosiva,
subtração. Em tal situação, o agente responde por ten- mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza-
tativa de furto simples, ou furto simples consumado, do para explodir caixas eletrônicos de agências ban-
caso consiga arrebatar o objeto. cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo
do § 4º-A, art. 155, do CP. Já no crime do art. 251, do CP,
z Com emprego de chave falsa: podemos trazer a hipótese de o agente que lança um
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe
No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o as pessoas a risco.
agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje- O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo, lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja
gazuas, pedaço de arame, micha, clips etc. Anote-se que a ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva,
chave falsa pode ou não ter formato de chave. mas o assunto certamente enseja polêmica.
A jurisprudência não é unânime no caso de se a Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer
ligação direta do veículo caracteriza ou não chave objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à mão,
falsa. por exemplo, as denominadas “bombas caseiras”.
A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita- Para a incidência da qualificadora, é preciso
mente pelo agente, não caracteriza chave falsa. que seja um explosivo ou artefato que cause perigo
A cópia da chave verdadeira, quando obtida lici- comum, ou seja, que coloque em risco um número
tamente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada indeterminado de pessoas ou de patrimônios.
clandestinamente, incide a qualificadora do crime de O agente que se utiliza de um explosivo com poten-
furto. cial para causar perigo comum que, entretanto, mes-
mo diante da explosão, não se concretiza, responderá,
z Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas: em caso de destruição ou rompimento de obstáculo,
pelo furto qualificado do inciso I, § 4º, art. 155, do CP, e
O reconhecimento da qualificadora depende de não pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A.
pelo menos duas pessoas. O explosivo geralmente é utilizado em furtos de
Computam-se os inimputáveis (menores e doentes caixas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do
mentais) e os desconhecidos. advento desta nova qualificadora, encerra-se o antigo
Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o debate travado acerca da adequação típica, que dividia
agente responderá por furto qualificado em concurso as opiniões entre o furto qualificado pela destruição ou
material com o delito de corrupção de menores, pre- rompimento de obstáculo (inciso I, § 4º, art. 155, do CP)
visto no art. 244-B do ECA, desde que haja prova da e a explosão com intuito de obter vantagem pecuniária
efetiva corrupção do menor. (§ 2º, art. 251, do CP). O enquadramento do § 4º-A, art.
Sobre a presença no local do crime, basta a simples 155, do CP, absorve delitos de explosão e de dano, pois
participação, independentemente da presença na fase já funciona como causa de aumento de pena, aplican-
da execução. do-se o princípio da subsidiariedade tácita.
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua-
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de z Furto de veículo automotor que venha a ser
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. transportado para outro Estado ou para o
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera exterior:
aumento de pena de um terço até metade. No furto,
a pena dobra. A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos
Há doutrina que sustenta a violação do princípio se a subtração for de veículo automotor que venha a
280 da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Não basta, porém, para a incidência da qualifica- Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi-
dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige nição desse elemento normativo é complementada
o efetivo transporte para outro Estado ou exterior. pelo juiz.
Veículo automotor engloba, por exemplo, carros, Para a incidência da qualificadora, é necessário
motos, lanchas, aviões etc. que o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua
Não é necessário que o transporte para outro Esta- essência. O tipo penal refere-se à subtração de semo-
do ou exterior seja realizado pelo próprio agente. vente e, não, de partes dele, de modo que, quando o
Basta que o agente saiba da intenção de eventual animal já estava abatido ou dividido em partes, a inci-
receptador transportar o veículo para outro Estado ou dência da qualificadora estará condicionada à subtra-
exterior. ção do todo ou das partes substanciais. Na hipótese
Quem realiza o transporte após a consumação do de o agente deixar no local apenas as patas do boi e
furto responde pelo crime de receptação. Por conse- subtrair o restante, persiste a qualificadora. Não teria
quência, o agente que é contratado para realizar o cabimento, por exemplo, qualificar o delito pelo fur-
transporte responde pelo furto, se o contrato for ante- to de uma picanha extraída de um animal já abatido.
rior à subtração, e por receptação, se só foi contratado Também não incide a qualificadora quando o próprio
após a consumação. agente abate o animal, subtraindo-lhe apenas uma de
Consuma-se o transporte quando o veículo trans- suas partes.
põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário
intuito de ali permanecer. que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o
A mera condução do veículo para outro Estado ou intuito da lei foi protegê-lo.
exterior, com o intuito de retornar ao local de origem, A subtração, por exemplo, de um porco que se encon-
é insuficiente para a caracterização da qualificadora. tra no açougue não qualifica o delito.
Admite-se a tentativa quando o agente realiza a Não há que se falar, também, no delito em estudo
subtração e é preso em flagrante, próximo à trans- quando se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzi-
posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica. do pelo animal, porquanto o tipo penal se refere à sub-
Sabemos que a jurisprudência considera o furto con- tração do semovente e, não, dos bens que ele produz.
sumado como o simples apossamento do bem, inde-
Nessas hipóteses, o furto será simples.
pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
z A subtração for de substâncias explosivas ou
bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
de acessórios que, conjunta ou isoladamen-
res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
te, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego:
z Furto de semovente domesticável (animais,
como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
O objeto material consiste em substâncias explosi-
ainda que abatido ou dividido em partes no
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon-
local de subtração:
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi-
A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre-
se a subtração for de semovente domesticável (ani-
bentação, por exemplo, pólvora ou dinamite.
mais, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em
ainda que abatido ou dividido em partes no local de
subtração. conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
O bem jurídico primário é o patrimônio do produ- mar quimicamente numa substância explosiva; aqui
tor e, o secundário é a saúde pública. Isso porque o podemos exemplificar com o estopim, a espoleta e o
animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem cordel detonante. São estes acessórios que possibili-
que haja fiscalização do poder público, principalmen- tam a fabricação, montagem ou emprego da substân-
te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na cia explosiva.
condição de patrimônio lesado. A fabricação é a produção ou confecção.
Na prática, dificilmente esta qualificadora será Montagem é a junção dos componentes.
aplicada, pois este tipo de delito geralmente é prati- Emprego é a utilização.
cado por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá O tipo penal não se refere aos maquinários e
a qualificadora do inciso IV, § 4º, art. 155, do CP, que é outros objetos que também são utilizados para fabri-
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

mais grave.
Com efeito, presentes uma das qualificadoras do te aos acessórios que compõem a própria substância
§ 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em apre- explosiva.
ço, pois sua pena é mais branda, podendo funcio- É bom lembrar que configura crime, nos termos
nar, nesse caso, como circunstância judicial do art. do inciso III, do § único, art. 16, da Lei nº 10.846/2003,
59, do CP, servindo de parâmetro apenas para dosa- Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
gem da pena-base. Entretanto, existe outra corrente ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
mais favorável ao réu que, com base no princípio da autorização ou em desacordo com determinação legal
especialidade, afasta a qualificadora do § 4º quando ou regulamentar.
se tratar de semovente domesticável de produção, Esse delito será absorvido pelo crime do§ 7º, art.
impondo-se, nesse caso, a qualificadora específica do 155, do CP, pois já funciona como qualificadora.
§ 6º, considerando-a novatio legis in melius. A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
O objeto material é o animal domesticável de pro- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
local da subtração. litem sua fabricação, montagem ou emprego. 281
Furto Majorado Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilégio
para o furto simples ou para o furto qualificado; entre-
O furto será majorado quando a ele for aplicada a tanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser de natu-
causa de aumento de pena prevista no § 1º, art. 155, reza objetiva (emprego de chave falsa, por exemplo).
do CP.
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
Art. 155 [...] privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é de crime de furto qualificado, se estiverem presen-
praticado durante o repouso noturno. tes a primariedade do agente, o pequeno valor da
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de O termo “pequeno valor da coisa” é entendido,
pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado. pela jurisprudência, como o valor que não excede ao
O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o valor do salário mínimo. É necessário o auto de ava-
agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra liação. É claro que o referencial do salário mínimo
numa casa para furtar os eletroportáteis. não é tão rígido, admitindo-se o privilégio quando a
Há discussão sobre a necessidade de a casa estar coisa excede modicamente esse valor.
habitada e os moradores repousando, para que incida
Considera-se “ordem subjetiva” a hipótese de furto
o aumento de um terço.
qualificado por abuso de confiança. Deve-se identifi-
Duas teorias tratam da discussão:
car a confiança da vítima para com o agente. Por isso,
não se trata de furto privilegiado.
z Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da pena é
A regra é que as qualificadoras do crime de furto são
a maior proteção à tranquilidade dos que repousam,
objetivas, por exemplo, emprego de chave falsa. Nesta
bem como à incolumidade da vítima, que se encon-
regra, há compatibilidade com o furto qualificado.
tra dormindo e desprotegida. Neste caso, restringe o
aumento da pena ao furto cometido em casa habitada
Furto de Uso
com os moradores repousando;
z Teoria objetiva: o fundamento do aumento da pena
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar,
é a proteção do patrimônio, que, nesse período,
encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel
da lei visa proteger primordialmente o patrimô- que foi subtraída.
nio, e depois, a tranquilidade. O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se
aplica ao crime de roubo.
As duas teorias são aceitas, mas devemos com- Por exemplo, se o agente subtrai a coisa com a
preender que incide o aumento de um terço não só intenção de usar e devolver depois, não cometerá o
em furtos de residência, mas também em bancos, joa- crime de furto.
lherias, casas comerciais, bem como de automóveis Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta,
estacionados na rua, de gado (abigeato). devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não
Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o se configura crime de furto.
local seja área comercial ou local desabitado.
O reconhecimento do furto de uso necessita da
Furto Privilegiado presença de dois requisitos:

Art. 155 [...] z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o


§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor uso duradouro constitui crime de furto. Tratando-
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de -se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois momentâneo seguido da pronta restituição exclui
terços, ou aplicar somente a pena de multa. o delito;
z Restituição imediata e integral da coisa. Nesta
Está previsto no § 2º, art. 155, do CP. Ocorre, por hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de
exemplo, no caso de agente primário que subtraiu uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a
uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é subtraiu ou nas proximidades.
inferior ao salário mínimo.
Furto de Coisa Comum
São características do furto privilegiado:
Art. 156 Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
z Réu primário; sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamen-
z Coisa furtada de pequeno valor — Segundo a juris- te a detém, a coisa comum:
prudência, até 1 (um) salário mínimo. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação.
No caso do furto privilegiado, o juiz poderá ado- § 2º Não é punível a subtração de coisa comum
tar uma das seguintes medidas: fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
z Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois Acabamos de dizer que é necessário que a coisa seja
terços); alheia no crime de furto. Entretanto, agora estamos
282 z Aplicar somente a pena de multa. diante de um crime específico, o furto de coisa comum.
O furto de coisa comum irá se configurar quando Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e sub- podendo ser praticado por qualquer pessoa.
trair, para si ou para outrem, a quem legitimamente a Nada obsta que um dos criminosos execute a vio-
detém, coisa comum. lência para que o seu comparsa subtraia a coisa. Nesta
Temos aqui um crime próprio, que somente pode- hipótese, ambos serão coautores de roubo.
rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. E, quanto ao sujeito passivo, pode ser tanto a pes-
É crime de ação penal pública condicionada à soa que sofre a violência física, moral e imprópria,
representação. quanto aquela que sofre a lesão patrimonial.
O Código Penal é expresso ao fixar que, se a coisa O agente que, no mesmo contexto, aborda diversas
comum for fungível (substituível por outra da mesma vítimas, subtraindo bens de todas elas, por exemplo,
espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a
um assalto no interior do ônibus, responde por tanto
sua subtração caso o valor não exceda a quota a que
roubos quanto forem as vítimas, em concurso formal
tem direito o agente.
de delitos.
Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego
No crime de roubo, a conduta do agente recai
sejam sócios. A sociedade é avaliada no valor de R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). As partes na sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
sociedade são iguais. O objeto material é duplo: pessoa e coisa.
Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
quenta mil), não cometerá crime, já que o valor sub- O roubo, previsto no art. 157, do CP, é dividido
traído não é superior à sua quota. em 3 (três) espécies:

Dica z Roubo próprio: antes ou durante a subtração da


coisa móvel, o agente emprega violência ou grave
O furto de coisa comum não é tão cobrado em ameaça;
provas de concursos públicos. Porém, quando z Roubo impróprio: o agente subtrai a coisa móvel,
cobrado, tentam misturar suas características em seguida, a fim de assegurar a impunidade do
com as características do furto tradicional. crime ou a detenção da coisa para si ou para ter-
ceiro, emprega violência contra pessoa ou grave
z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal ameaça;
incondicionada. z Roubo com violência imprópria: o agente subtrai
z Furto de coisa comum: coisa comum, crime pró- coisa móvel alheia, depois de havê-la, por qualquer
prio e ação penal condicionada. meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Outras Hipóteses Exemplo 1: Tício, fazendo uso de arma de fogo para
intimidar a vítima, anuncia um assalto e subtrai a
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens mochila de Mévio — temos aqui o roubo próprio.
do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri- Exemplo 2: Tício subtrai uma garrafa de vinho
me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício caro em um supermercado. Ao sair, verifica que
arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma o segurança está vindo em sua direção. Neste
quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o momento, Tício, para poder fugir com a garrafa de
valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la. vinho, desfere um soco no rosto do segurança, que
O furto famélico é aquele em que o agente bus- cai — temos aqui o roubo impróprio.
ca saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo Exemplo 3: Tício conhece Mévia em uma festa.
se a subtração for o único meio de se alimentar. Por Os dois vão para a casa dela. Ele coloca sonífero
exemplo, a mãe, diante da necessidade de alimentar o na bebida dela, que entra em sono profundo, em
filho, subtrai uma maçã de uma barraca de feira para seguida, o agente subtrai todos o dinheiro existen-
alimentá-lo.
te na carteira de Mévia — temos aqui o roubo com
O furto em estado de precisão, aquele em que o
violência imprópria.
agente está desempregado e subtrai alimentos, ele-
trodomésticos etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
estando desempregado e sem condições de manter o Roubo Simples
sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar. Art. 157 Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ROUBO E EXTORSÃO a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,


reduzido à impossibilidade de resistência:
Roubo Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

O roubo é a subtração de, por exemplo, um reló-


Irá praticar o crime de roubo o agente que subtrair
gio alheio, para si ou para outrem, mediante violência
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, median-
contra pessoa.
te grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
O roubo pode ser simples, majorado ou qualifica-
do. Veremos sobre esses assuntos mais adiante! havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida-
O roubo é delito pluriofensivo, isto é, ofende mais de de resistência.
de um bem jurídico. Também irá praticar o crime de roubo o agente
A incriminação do roubo visa a tutela do patrimô- que, logo depois de subtraída a coisa, emprega violên-
nio, integridade fisiopsíquica, a saúde e a tranquilidade. cia contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
Na forma qualificada como latrocínio, tutela-se a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
também a vida. ou para terceiro. 283
Vamos falar das características do crime de Vejamos cada uma das majorantes:
roubo:
A primeira majorante, concurso de
z É crime comum, já que pode ser praticado por duas ou mais pessoas, justifica-se pela
qualquer pessoa; maior organização do delito, aumen-
z É crime complexo, já que atinge mais de um bem tando a possibilidade de consumação
jurídico penalmente relevante (há mais de um cri- PRIMEIRA à medida em que diminui a chance de
me configurando o tipo penal do crime de roubo): MAJORANTE defesa da vítima
Os menores de 18 anos, os doentes
furto (+) ameaça ou violência;
mentais e os desconhecidos, partici-
z Não admite a modalidade culposa; pantes da conduta criminosa, também
z É crime material, que exige a ocorrência do resul- são computados
tado para fins de consumação;
z Para consumação, adota-se, assim como no furto, a A segunda causa de aumento ocorre
quando a vítima está em serviço de
teoria da apprehensio, ou amotio.
transporte de valores e o agente conhe-
Há duas definições em que devemos ter atenção: ce tal circunstância
SEGUNDA
Objetiva-se tutelar a segurança do
arrebatamento de inopino e trombada. MAJORANTE
transporte
No arrebatamento, que é o ato de arrancar com “Valores” abrange dinheiro, joias pre-
violência a coisa que está em poder da vítima ou no ciosas e qualquer outro bem passível
corpo dela, temos por exemplo o ato de puxar o colar de ser convertido em pecúnia
do pescoço da vítima.
A terceira majorante consiste na sub-
A doutrina se divide. Alguns defendem a tese de
tração de veículo automotor que venha
que a arrebatamento caracteriza violência contra coi- a ser transportado para outro Estado
sa, constituindo o delito de furto. Por outro lado, há ou Exterior
quem defenda que se trata de violência contra pessoa, A expressão “veículo automotor” abran-
configurando crime de roubo, teoria mais aceita. ge, do mesmo modo que estudamos no
A trombada contra a vítima tem suas divergências crime de furto: aeronaves, automóveis,
na jurisprudência. TERCEIRA motocicletas, lanchas
MAJORANTE Para a incidência do aumento da pena,
Há quem afirma que se trata de furto, exceto quan-
é necessário que o veículo seja efetiva-
do reduzir a vítima à impossibilidade de resistência, mente transportado para outro Estado
quando então configurará roubo. ou Exterior. Isso porque o transporte
Outra parte defende que sempre se enquadrará na diminui a possibilidade de recuperação
hipótese de roubo, visto que o ato tem violência física. do bem, facilitando ainda a adulteração
Aqui, no caso de trombada, a maioria entende que e negociação do veículo, envolvendo,
se trata de furto. muitas vezes, terceiros de boa-fé

A quarta majorante ocorre quando o


Roubo Majorado QUARTA agente mantém a vítima em seu poder,
MAJORANTE restringindo a sua liberdade. Viola-se a
O roubo majorado ocorre, por exemplo, quando o liberdade pessoal de locomoção
agente, sabendo que a vítima está prestando serviço
A quinta majorante acontece se a sub-
de transporte de valores, subtrai, mediante violência, tração for de substâncias explosivas
os malotes que a vítima portava. QUINTA
ou de acessórios que, conjunta ou iso-
Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis MAJORANTE
ladamente, possibilitem sua fabrica-
ao crime de roubo. ção, montagem ou emprego

Art. 157 [...]


z Substância explosiva é a que causa estrondo, dis-
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
solvendo-se com a arrebentação, por exemplo, pól-
metade: vora ou dinamite;
I – (revogado); z Quanto aos acessórios, são os elementos que, em
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; conjunto ou isoladamente, são capazes de se trans-
III - se a vítima está em serviço de transporte de formar quimicamente numa substância explosiva;
valores e o agente conhece tal circunstância. aqui podemos exemplificar o estopim, a espoleta e
IV - se a subtração for de veículo automotor que o cordel detonante. São estes acessórios que pos-
venha a ser transportado para outro Estado ou sibilitam a fabricação, montagem ou emprego da
para o exterior; substância explosiva;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res- z Fabricação é a produção ou confecção;
tringindo sua liberdade. z Montagem é a junção dos componentes;
z Emprego é a utilização.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi-
A última causa de aumento de pena é a violên-
bilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
cia ou grave ameaça exercida com emprego de arma
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com branca. Arma branca é a que não é arma de fogo.
284 emprego de arma branca;
Abrange as armas impróprias, que são os instru- É aquela cujo porte é vedado.
mentos que servem para ataque ou defesa, embora A pena também é dobrada,
não seja esta a sua finalidade, como a tesoura, faca de ARMA DE FOGO DE
nos termos do § 2º-B, art. 157,
cozinha, pedaço de pau, caco de vidro etc., bem como USO PROIBIDO
do CP, introduzido pela Lei nº
as armas próprias que não sejam de fogo, que são os 13.964/2019
instrumentos cuja finalidade específica é o ataque
ou defesa, como o punhal, a espada, o soco inglês e
outros. Justifica-se a majorante em razão da maior poten-
Mas, há correntes que consideram arma branca as cialidade lesiva do fato, que cria risco de morte à
armas próprias, ou seja, o instrumento que tem a fina- vítima.
lidade específica de ataque ou defesa. O porte velado, oculto, não majora a pena do rou-
A majoração da pena consiste no uso efetivo ou bo, porque a lei exige o emprego da arma, consisten-
exibição ostensiva da arma branca. te no uso efetivo ou porte ostensivo. Assim, só incide
Atente-se: a majorante quando a violência ou grave ameaça é
Em relação à causa de aumento de pena referente exercida com emprego de arma de fogo.
ao concurso de duas ou mais pessoas, entende o STJ, Observe que o roubo majorado absorve o delito de
em se tratando de hipótese de associação criminosa, arma de fogo, previsto na legislação especial, que já
que os agentes respondem pelo roubo com aumento funciona como causa de aumento de pena.
de pena e pelo crime de associação criminosa, em con- Quanto à arma de brinquedo, não funciona como
curso material. causa de aumento de pena, pois não se trata de arma
O roubo praticado com restrição da liberdade de fogo, mas é suficiente para servir de meio de execu-
é aquele em que o agente mantém a vítima em seu ção de um roubo simples.
poder, restringindo a sua liberdade. Por exemplo, Quanto à arma descarregada, também não majora
imagine que Tiago, portando uma faca, anuncie um a pena do roubo, falta-lhe potencialidade ofensiva e,
assalto para subtrair o veículo de Diego. O autor sub- portanto, não se trata de arma, respondendo o agente
trai o veículo, coloca a vítima no porta-malas e o leva por roubo simples.
por 10 quilômetros, liberando-o em seguida. Já a arma não apreendida, compete ao agente
No exemplo apresentado, será aplicada a causa de exibi-la em juízo para que seja periciada, sob pena
aumento de pena a Tiago, já que ele restringiu a liber- de incidência da majorante diante da presunção de
dade de Diego, vítima do roubo. potencialidade ofensiva.
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego
Art. 157 [...] de arma de fogo — causa de aumento de pena acresci-
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): da pela Lei 13.654/2018, devemos observar o seguinte:
I – se a violência ou ameaça é exercida com empre-
go de arma de fogo; z Quem praticou o crime de roubo com arma branca
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo antes da Lei nº 13.654/2018 não terá incidência de
mediante o emprego de explosivo ou de artefato majorante;
análogo que cause perigo comum. z Quem praticou o crime de roubo com arma branca
depois da Lei nº 13.654/2018 e antes do pacote anti-
Se a violência ou grave ameaça é exercida com crime não terá incidência de majorante;
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, z Quem praticou o crime de roubo com arma bran-
aplica-se em dobro a pena. ca depois do pacote anticrime terá a incidência da
Pena prevista: reclusão de quatro a dez anos, e majorante de 1/3 a 1/2;
multa. Aplica-se a pena e multiplica por dois. z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
de uso permitido antes da Lei nº 13.654/2018 terá a
Art. 157 [...] incidência da majorante de 1/3 a 1/2;
§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
de uso permitido depois da Lei nº 13.654/2018 terá
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
a incidência da majorante de 2/3;
caput deste artigo.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de
fogo de uso restrito ou proibido antes da Lei nº
Aqui estamos diante de três majorantes do roubo
13.654/2018 terá a incidência da majorante de 1/3
com emprego de arma de fogo.
a 1/2;
São elas:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Quem praticou o crime de roubo com arma de


fogo de uso restrito ou proibido depois da Lei nº
É aquela cujo porte é passível 13.654/2018 e antes do pacote anticrime terá a inci-
de obtenção. Neste caso, a dência da majorante de 2/3;
ARMA DE FOGO DE pena é aumentada de 2/3 (dois z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo
USO PERMITIDO terços), por força do inciso I, de uso restrito ou proibido depois do pacote anti-
§ 2º-A, art. 157, do CP, introdu- crime terá pena em dobro.
zido pela Lei nº 13.654/2018
Vamos estudar agora o roubo majorado pela des-
É aquela cujo porte é restri-
truição ou rompimento de obstáculo com emprego de
to a determinadas pessoas.
explosivo.
ARMA DE FOGO DE Neste caso, a pena é dobrada,
Observa-se que a qualificadora do §4-A, do crime
USO RESTRITO nos termos do § 2º-B, art. 157,
de furto, tem incidência ainda que não haja destruição
do CP, introduzido pela Lei nº
ou rompimento de obstáculo, bastando o emprego de
13.964/2019
explosivo ou de artefato que cause perigo comum, ao 285
passo que, no roubo, a majorante em análise depen-
de, além do explosivo ou artefato que cause perigo Importante!
comum, que haja ainda destruição ou rompimento de Caso o agente mate o seu comparsa, após a
obstáculo. prática do roubo, para ficar com a vantagem do
Roubo Qualificado crime somente para si, não há que se falar, neste
caso, em crime de latrocínio.
Art. 157 [...]
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 A palavra latrocínio não se encontra no atual Códi-
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; go Penal. Trata-se de uma expressão tradicional.
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 O latrocínio pode ser próprio ou impróprio:
(trinta) anos, e multa. O latrocínio próprio ocorre quando a morte ocor-
re antes ou durante a subtração da coisa; por exemplo,
O roubo será qualificado pelo resultado em duas o agente mata o empregado de um estabelecimento
hipóteses: comercial, subtraindo em seguida o dinheiro do caixa.
No latrocínio impróprio, o agente primeiro se
z Lesão corporal grave; apodera da coisa, sem qualquer violência, matando
z Morte — latrocínio. a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar
a subtração ou a impunidade. Por exemplo, o agen-
te, logo após subtrair um bem, mata o policial que o
A doutrina majoritária entende que a lesão cor-
surpreende.
poral grave e a morte não precisam ser praticadas
O sujeito passivo é tanto a pessoa que sofre a lesão
intencionalmente pelo agente, ou seja, é possível que
patrimonial quanto aquela que é morta, podendo esta
o roubo seja qualificado pelo resultado, mesmo se o
última ser até mesmo um policial ou terceiro.
resultado tiver sido provocado pelo agente culposa-
Observe que estamos diante de crime pluriofensi-
mente, quando ele faz uso de violência. vo, que ofende mais de um bem jurídico, quais sejam:
Iniciaremos o estudo do roubo qualificado pela o patrimônio e a vida.
lesão corporal. Não há necessidade de que morra a vítima do
Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena patrimônio, sendo suficiente, para a caracterização do
é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa. delito, a morte de qualquer outra pessoa.
Entende-se por lesão grave, nesta qualificadora, Na hipótese de pluralidade de sujeitos passivos
tanto os resultados previstos no § 1º, art. 129, do CP com unidade de subtração patrimonial, haverá um só
(lesão corporal grave), quanto os previstos no § 2º, art. delito de latrocínio. Por exemplo, o agente mata três
129, do CP (lesão corporal gravíssima). empregados e em seguida subtrai bens do patrão.
Se houver lesão leve, o roubo é simples. O latrocínio é delito qualificado pelo resultado,
Trata-se de crime qualificado pelo resultado. tendo em vista a duplicidade de eventos. A morte
A lesão grave pode ocorrer a título de dolo ou culpa, pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Somente na
sendo que, nessa última hipótese, o delito será preter- hipótese de o latrocínio ser na modalidade culposa é
doloso. Em ambos os casos, o delito de lesão corporal que o delito será preterdoloso.
é absorvido, porque já funciona como qualificadora. A morte deve decorrer da violência física. Se decor-
Observe que se houver lesão grave consumada e rer de grave ameaça ou violência imprópria, exclui-se
subtração patrimonial tentada, para alguns autores o delito de latrocínio, respondendo o agente por rou-
haverá o crime da primeira parte do § 3º, art. 157, con- bo em concurso com homicídio.
sumado; outros, porém, sustentam que o delito seria Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre
tentado. o latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o
O roubo qualificado pelo resultado morte, o latro- roubo qualificado pelo resultado da violência empre-
cínio, é um crime qualificado pelo resultado morte. gada pelo agente, resultando-se uma morte.
Por incrível que pareça, não se trata de crime con- Logo, se a morte resultar de outro elemento que
tra vida, mas sim de crime contra o patrimônio. não seja a violência empregada, não há que se falar
O latrocínio constitui crime hediondo. em latrocínio.
Para compreendermos o momento de consumação O emprego de arma de brinquedo não caracteriza
do latrocínio, é necessário que você conheça a Súmula a aplicação da causa de aumento de pena, entretanto,
610 do STF. pode contribuir para a configuração do crime de rou-
bo, já que pode caracterizar a grave ameaça.
Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quan-
do o homicídio se consuma, ainda que não realize o Extorsão
agente a subtração de bens da vítima.
Art. 158 Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
Consumada Tentada Latrocínio tentado tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Tentada Tentada
O crime de extorsão previsto no art. 158, do CP,
Consumada Consumada Latrocínio consumado configurar-se-á quando o agente constranger alguém,
Tentada Consumada mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem eco-
nômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
286 alguma coisa.
Por exemplo, o agente chantageia uma mulher e o A vantagem econômica pode consistir em bem
marido, ameaçando de morte o seu filho, objetivando móvel ou imóvel, diferentemente do roubo, cuja van-
a obtenção de vantagem econômica. tagem restringe-se ao bem móvel.
Neste crime, observe que não se fala em coisa A vantagem, além de econômica, deve ainda ser
móvel, mas sim em indevida vantagem econômica. indevida, contrária ao direito.
Logo, para a configuração da extorsão, é possível que
a vantagem econômica seja coisa imóvel. z Extorsão qualificada:

Art. 158 [...]


Características da Extorsão:
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pes-
soas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- de um terço até metade.
quer pessoa;
z É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio Dispõe o § 1º, art. 158, do CP, que se o crime é come-
quanto a liberdade individual; tido por duas ou mais pessoas, ou com o emprego de
z Não admite a modalidade culposa (só pode ser pra- arma, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade.
ticado dolosamente); Por exemplo, dois agentes chantageiam uma
z É crime formal, que se consuma com o constran- mulher, ameaçando de morte a sua mãe, objetivando
gimento, mediante violência ou grave ameaça, a obtenção de vantagem econômica.
independentemente de o agente conseguir ou não Trata-se de causa de aumento de pena em quan-
obter a indevida vantagem econômica. tidade fixa, que, em face da posição topográfica, é
inaplicável à extorsão do § 2º, art. 158.
Súmula 96 do STJ: O crime de extorsão consuma- São duas as majorantes da pena, vejamos:
-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida. „ Concurso de duas ou mais pessoas;
„ Emprego de arma. Observe que há emprego
É importante não confundir o crime de extorsão de qualquer arma, própria ou imprópria, não
com o crime de roubo, que acabamos de estudar: necessita ser arma de fogo.
Roubo: o agente emprega a violência ou grave „ Extorsão qualificada pelo resultado:
ameaça, visando à subtração; a participação da víti-
ma é dispensável; Art. 158 [...]
Extorsão: o agente emprega a violência ou grave § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante vio-
ameaça para determinar um comportamento da víti- lência o disposto no § 3º do artigo anterior
ma e obter indevida vantagem econômica; a partici-
pação da vítima é indispensável, sem ela, o autor não Veja que o § 2º, art. 158, do CP, dispõe que será aplica-
consegue obter a indevida vantagem econômica. do a extorsão praticada mediante violência ao disposto
no § 3° do artigo anterior, ou seja, do crime de roubo.
No delito de extorsão, há a presença dos seguin- Assim, a extorsão qualificada pelo resultado ocor-
tes elementos: re quando, em razão da violência, resulta em lesão
corporal de natureza grave ou morte.
z O constrangimento para obter da vítima uma ação, Na hipótese de lesão grave, a pena é de reclusão de
omissão ou tolerância; 7 a 18 anos, além de multa; no caso de morte, reclusão
z Emprego de violência ou grave ameaça; de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
z Finalidade de obter, para si ou para outrem, inde- Observe que a lesão grave ou a morte deve decor-
vida vantagem econômica. rer de violência física, podendo ocorrer a título de
dolo ou culpa, afastando-se a qualificadora quando
Tutela-se a propriedade, a posse, a integridade resultar de grave ameaça.
física e fisiopsíquica, bem como a liberdade pessoal.
„ Extorsão qualificada pelo sequestro —
Trata-se de delito pluriofensivo, porque ofende mais
sequestro relâmpago
de um bem jurídico.
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum, Art. 158 [...]
podendo ser praticado por qualquer pessoa. Obser- § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
ve que o funcionário público também pode cometer liberdade da vítima, e essa condição é necessária
extorsão. A doutrina ilustra a hipótese de o escrivão de para a obtenção da vantagem econômica, a pena
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

polícia que exige dinheiro de uma pessoa para influen- é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
ciar o delegado de polícia a realizar o indiciamento. multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2° e
jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem 3°, respectivamente.
lesão patrimonial.
O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi- Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio
fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos
fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o
lhe impõe. código secreto de seu cartão bancário magnético.
O delito é punido a título de dolo. O agente visa O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber-
conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e
de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se,
econômica. destarte, à extorsão mediante sequestro.
A finalidade específica é a intenção de obter uma O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se
vantagem indevida e econômica. de crime comum. 287
É ainda crime permanente, viabilizando-se, en- Por exemplo, o agente restringe a liberdade da víti-
quanto não cessar o estado de permanência, a partici- ma, com o emprego de violência à sua pessoa como
pação, a legítima defesa e a prisão em flagrante. forma de obter indevida vantagem econômica.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física
ou jurídica. Extorsão Mediante Sequestro
Admite-se a presença de mais de um sujeito passi-
Art. 159 Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para
vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi-
relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri-
ção ou preço do resgate:
gando-o a assinar cheques da empresa.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele-
mentos da extorsão fundamental: constrangimen- A extorsão mediante sequestro prevista no art. 159, do
to, por meio de violência ou grave ameaça, para se Código Penal, configurar-se-á quando o agente sequestrar
obter da vítima uma ação ou omissão, com o fim de pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qual-
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem quer vantagem, como condição ou preço de resgate.
econômica. Neste crime, temos a restrição da liberdade da víti-
Observe que, se a vantagem for absolutamente ma (mediante sequestro ou cárcere privado), só que
impossível de se obter, não há extorsão, respondendo o agente possui uma finalidade específica (exige-se
o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem- dolo específico): obter qualquer vantagem (segundo a
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú- doutrina, deve ser vantagem indevida e de natureza
bere a assinar nota promissória. patrimonial), como condição ou preço de resgate.
Não se esqueça: além do constrangimento, por
meio de violência ou grave ameaça, exige-se ainda a Características da extorsão mediante sequestro:
restrição da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpa-
go”, rápido z É crime comum — qualquer pessoa pode cometê-lo;
No roubo, a violência pode ser anterior, concomi- z É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes —
tante ou posterior à obtenção da vantagem, ao passo extorsão mais sequestro ou cárcere privado;
que, na extorsão, o legislador é omisso quanto à vio- z É crime permanente, já que sua conduta se protrai
lência posterior, de modo que esta deve ser anterior (prolonga) — atenção à aplicação da Súmula 711
ou concomitante à obtenção da vantagem. do STF;
Para que o sequestro relâmpago fique configura- z É crime formal, que se consuma com a restrição da
liberdade, desde que motivada pela obtenção de
do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da
condição ou preço de resgate.
vítima e que essa condição seja necessária para a
z Não admite a modalidade culposa;
obtenção da vantagem econômica.
z Admite tentativa.
Ex.: “A”, criminoso conhecido na cidade, aborda
“B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan- É importante mencionar que o agente deve seques-
do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco- trar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas
nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo já foi cobrado em prova), não haverá o crime de extor-
de origem duvidosa, ao banco, constrangendo a víti- são mediante sequestro.
ma, que saca R$ 1.000,00 para o autor. É importante mencionar um entendimento defen-
No exemplo dado, ficou configurado o crime de dido pela doutrina majoritária: no resultado “morte”,
extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os não é necessário que a pessoa morta seja a vítima do
elementos: sequestro, podendo ser qualquer pessoa que mor-
ra em decorrência da extorsão mediante sequestro.
z Emprego de grave ameaça; Assim, por exemplo, se um empregado for ao local
z Constrangimento à vítima; combinado com os sequestradores, a pedido de seus
z Objetivo de obter indevida vantagem econômica; patrões, entregar o resgate e for morto pelos autores,
z Restrição da liberdade, que foi condição necessá- a qualificadora será aplicada da mesma forma (obser-
ria para obtenção da vantagem. ve que o empregado não é vítima do crime — não foi
sequestrado e nem pagou o resgate).
Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão
resultado morte ou o resultado lesão corporal de mediante sequestro, segundo entendimento doutriná-
natureza grave, o agente será punido com as mes- rio dominante, quando dela for exigida a vantagem
mas penas aplicadas ao crime de extorsão median- correspondente ao resgate.
te sequestro qualificada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos, A extorsão mediante sequestro traz em suas dis-
respectivamente). posições a possibilidade de aplicação do instituto da
delação premiada.
z Extorsão Hedionda A delação será aplicada no caso de o crime ser come-
tido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
O delito de extorsão só é crime hediondo na situa- ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
ção do 3º, art. 158, do CP. Neste caso, o concorrente que denunciou terá a
Esta hipótese foi introduzida pela Lei 13.964/2019. pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
Assim, dispõe o inciso III, art. 1º, da Lei nº z Extorsão Mediante Sequestro Qualificada
8.072/1990, que é crime hediondo a extorsão qualifi-
cada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência Art. 159 [...]
de lesão corporal ou morte. § 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
A Lei nº 13.964/2019, em vez de manter como horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou
hediondo o § 2º, art. 158, do CP, e acrescentar o § 3º, maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometi-
art. 158, do CP, em sua nova redação, só fez menção ao do por bando ou quadrilha.
288 § 3º, do art. 158. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
Há quatro qualificadoras:

„ Se o sequestrado é menor de 18 anos;


„ Se o sequestro dura mais de 24 horas;
„ Se o sequestrado é maior de 60 anos;
„ Se o crime é cometido por quadrilha ou bando.

A primeira qualificadora justifica-se pela maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade se encontra, ainda, em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconheci-
mento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e dos
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.

z Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado

Art. 159 [...]


§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

A extorsão mediante sequestro é qualificada se do fato resulta:

„ Lesão corporal de natureza grave;


„ Morte.

Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º, art. 159, do CP, dispõe que, se do fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de
reclusão, de 16 a 24 anos.
E o § 3º, art. 159, do CP, dispõe que, se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade de que a morte seja provocada por violência física ou grave ameaça. O suicídio do seques-
trado, por exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a
culpa dos sequestradores.

A EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SERÁ QUALIFICADA NOS SEGUINTES CASOS:

Se o sequestro du- Se o sequestrado Se o crime é come- Se do fato resultar Se do fato resultar


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

rar mais de 24 (vin- é menor de 18 tido por bando ou lesão corporal de a morte
te e quatro) horas (dezoito) anos ou quadrilha (agora é natureza grave
maior de 60 (ses- associação crimi-
senta) anos nosa — responde
pelos 2 crimes)

Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 16 a Reclusão de 24 a


20 anos 20 anos 20 anos 24 anos 30 anos

Causa de redução de pena

Art. 159 [...]


§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 289
Para que incida a redução da pena, a delação deve O objetivo da lei é resguardar a posse e a proprie-
ter sido feita à autoridade, devendo essa expressão dade dos bens imóveis.
ser tomada em sentido amplo para abranger qualquer Esse tipo penal possui duas condutas típicas
agente encarregado do combate à criminalidade, por alternativas:
exemplo, juiz, autoridade policial etc.
z Supressão, ou seja, a total retirada do marco divisório;
Quanto maior a contribuição, maior a redução da
z Deslocamento do marco divisório, afastando-o do
pena.
local correto, de modo a aumentar a área do agente.
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena.
O art. 13 da Lei nº 9.807/1999 dispõe sobre a extin- É necessário que o agente tenha intenção de apro-
ção da punibilidade pelo perdão judicial ao acusado priar-se, no todo ou em parte, da propriedade alheia, por
que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e volun- meio da supressão ou deslocamento do marco divisório.
tariamente com a investigação e o processo criminal, Temos, por exemplo, a hipótese que não configu-
desde que dessa colaboração tenha resultado cumula- ra crime, o fato de um agricultor retirar a cerca que
tivamente a identificação dos demais agentes, a locali- divide as terras com outro proprietário apenas para
zação da vítima com sua integridade física preservada reformá-la.
e a recuperação total ou parcial do produto do crime. Trata-se de crime próprio, somente podendo ser
Presente apenas um desses requisitos, a pena ain- praticado pelo vizinho do imóvel, quer na zona urba-
da poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, independente- na, quer na rural.
mente da primariedade do réu, por força do art. 14, Sendo assim, o sujeito passivo desse tipo penal só
da Lei nº 9.807/1999. pode ser o vizinho, dono ou possuidor do imóvel.
Consuma-se no exato instante em que o agente
Extorsão Indireta suprime ou desloca o marco divisório, ainda que a
vítima posteriormente perceba o ocorrido e retome a
Art. 160 Exigir ou receber, como garantia de dívida, parte de que foi tolhida.
abusando da situação de alguém, documento que É possível a tentativa, quando o agente é flagrado
pode dar causa a procedimento criminal contra a iniciando supressão ou deslocamento e é impedido de
vítima ou contra terceiro: prosseguir. Se já o fez por completo, conforme já men-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. cionado, o crime está consumado, ainda que a vítima
retome posteriormente a parte a que faz jus.
A extorsão indireta constitui forma mais branda de
Usurpação de Águas
extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situa- Art. 161 [...]
ção de alguém, documento que pode dar causa a pro- § 1º Na mesma pena incorre quem:
cedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro. I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de
Como dito, é uma forma mais branda de extor- outrem, águas alheias;
são, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3
(três) anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade Neste delito, a lei resguarda as águas públicas
simples, tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 ou particulares que passem por determinado local,
(anos). evitando que o dono do terreno sofra prejuízo caso
É um crime que exige dolo específico, já que o alguém queira desviar o seu curso ou represá-las, sem
agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exi- autorização para tanto.
gir ou receber) como garantia de dívida. Exige-se que sejam águas correntes, cujo curso seja
É necessário que o agente abuse da condição de desviado ou represado pelo agente, alterando, portan-
alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, to, seu fluxo pela propriedade.
aproveitando-se da condição de desespero pela qual
se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o
Dica
filho deste se encontra internado em estado grave e Não configura crime de usurpação de águas,
ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija mas crime de furto, quando se trata de água reti-
documento que possa dar causa a procedimento cri- rada de água represada pelo dono para criação
minal — pronto, teremos configurada a extorsão indi- de peixes.
reta, já que o agiota abusou da condição da vítima.
No verbo exigir, este crime é formal, consumando- O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, tra-
-se com a exigência do documento. ta-se de crime comum.
Já no verbo receber, é crime material, consuman- O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa que
do-se com o efetivo recebimento do documento. pode sofrer dano em decorrência do desvio ou
É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter cri- represamento.
minis fracionado. Consuma-se o crime no instante em que o agente
É crime comum, já que não se exige qualquer con- efetua o desvio ou represamento, ainda que não obte-
dição especial do sujeito. nha a vantagem em proveito próprio ou alheio a que o
texto legal se refere. A tentativa é possível.
USURPAÇÃO
Esbulho Possessório
Alteração de Limites
Art. 161 [...]
Art. 161 Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou § 1º Na mesma pena incorre quem: [...]
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, II - invade, com violência a pessoa ou grave amea-
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa ça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
imóvel alheia: terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
290 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. possessório.
Veja que o crime de esbulho possessório tem por A conduta típica consiste em apagar ou modificar
objeto jurídico o patrimônio, no tocante à propriedade o sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho
e, especialmente, à posse legítima de um imóvel, bem alheios.
como a integridade física e a liberdade individual da Quando a lei se refere a gado, está protegendo a
pessoa humana atingida pela conduta criminosa. propriedade de animais de grande porte, como bois
Pressupõe-se, neste crime, a invasão de proprieda- ou cavalos, e quando se refere a rebanho, o faz em
de imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato se relação a animais de porte menor, como porcos, ove-
dê mediante emprego de violência ou grave ameaça lhas, cabras etc.
a pessoa, bem como mediante concurso de duas ou Marcas são feitas por ferro em brasa ou elementos
mais pessoas. químicos no couro do animal.
É possível que o agente invada a propriedade Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive
alheia sozinho ou em concurso com apenas mais uma quem possui animal que pertence a terceiro.
pessoa e sem emprego de violência ou grave ameaça. O sujeito passivo é dono do animal.
Nesse caso, o fato é atípico. Não obstante, o § 1º, art. Consuma-se com a simples supressão ou alteração
1.210, do Código Civil, permite que o dono retome a da marca ou sinal, ainda que se dê apenas em relação
posse, desde que o faça imediatamente, por meio do a um animal.
chamado desforço imediato. É possível a tentativa quando o agente não conse-
Se, em outra hipótese, logo após a invasão pacífica, gue concretizar a remarcação iniciada, pela repentina
o invasor empregar violência para se manter na posse chegada de alguém ao local, ou até mesmo quando
quando o legítimo proprietário tentava retomá-la pelo concretiza a remarcação, porém a faz de tal forma
desforço imediato, haverá a configuração do delito. que continua sendo possível identificar a marca do
O crime só existe se a invasão se dá com o fim espe- verdadeiro dono.
cífico de esbulho possessório, ou seja, a retirada forçada
do legítimo possuidor, desde que o agente queira excluir DANO
a posse da vítima para passar a exercê-la ele próprio.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o
Art. 163 Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
dono.
alheia:
Trata-se de crime comum.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
O dono que invade imóvel alugado não incorre no
tipo penal em análise, que exige expressamente que o
bem seja alheio. O crime de dano previsto no art. 163, do CP, poderá
Dependendo da hipótese, poderá incorrer em cri- ser praticado mediante a execução das seguintes con-
me de violação de domicílio (art. 150) ou retirada de dutas: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
coisa própria do poder de terceiro (art. 346, do CP). Verbos do crime de dano (observe o que a doutrina
Já o sujeito passivo é o dono ou possuidor do imó- estabelece sobre cada um dos verbos):
vel invadido.
Consuma-se no momento da invasão. z Destruir – dano total da coisa alheia;
É possível tentativa quando a invasão não se aper- z Inutilizar – dano parcial, mas que torna a coisa
feiçoe em razão da oposição apresentada pelo dono, alheia sem utilidade;
possuidor ou por terceiro. z Deteriorar – dano parcial da coisa alheia, que fica
Observe que, se o agente comete o esbulho com estragada, por exemplo.
emprego de violência, responde também pelas lesões
corporais causadas, ainda que leves, nos termos do § 2º, Tutela-se a propriedade e a posse.
art. 161, do CP, e as penas serão somadas. Trata-se de crime doloso.
O tipo penal fala em coisa alheia, sem exigir que
Art. 161 [...]
seja móvel. Portanto, caso o agente destrua, por exem-
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também
plo, uma casa, praticará o crime de dano.
na pena a esta cominada.
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego Características do crime de dano:
de violência, somente se procede mediante queixa.
z Crime comum — pode ser praticado por qualquer
A ação penal será, em regra, pública incondicio- pessoa;
nada, porém, caso não ocorra o emprego de violên- z Não admite a forma culposa. O dano culposo cons-
cia, a ação penal passa a ser privada e só se procede titui ilícito de ordem civil;
mediante queixa. z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tado (destruição, inutilização ou deterioração).


Supressão ou Alteração de Marca em Animais
Consuma-se quando o agente destrói, inutiliza ou
Art. 162 Suprimir ou alterar, indevidamente, em deteriora a coisa.
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo A danificação parcial constitui crime consumado,
de propriedade: enquadrando-se no verbo deteriorar.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Dano Qualificado
Este crime tutela a propriedade e a posse dos ani-
mais semoventes. O dano será praticado na modalidade qualificada
Para a prática deste crime é necessário que não se for cometido em uma das hipóteses a seguir:
tenha havido prévio furto ou apropriação indébita
dos animais, pois, nesses casos, o agente só será puni- Art. 163 [...]
do pela conduta anterior, sendo a supressão ou altera- Parágrafo único. Se o crime é cometido:
ção da marca impunível. I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 291
II - com emprego de substância inflamável ou explo- artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
siva, se o fato não constitui crime mais grave etnográfico ou monumental, sem autorização da auto-
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do ridade competente ou em desacordo com a concedida.
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, A pena é de reclusão, de um a três anos, e multa.
fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de ser- Ação Penal
viços públicos;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo conside- Art. 167 Nos casos do art. 163, do inciso IV do
rável para a vítima: seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, mediante queixa.
além da pena correspondente à violência.
A ação penal é privada no dano simples (caput
Caso o crime de dano seja praticado com violên- do art. 163, do CP) e no dano qualificado por motivo
cia à pessoa (forma qualificada vista anteriormente), egoístico ou considerável prejuízo para a vítima (inci-
o agente responderá pelo crime de dano em concurso so IV, § único, art. 163, do CP). Nas demais formas de
com a pena correspondente à violência. dano qualificado, a ação é pública incondicionada.
Das hipóteses vistas, com exceção da qualificado-
ra por motivo egoístico ou com prejuízo para a víti- APROPRIAÇÃO INDÉBITA
ma (ação penal privada), a ação penal será pública Art. 168 Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
incondicionada. tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade
Alheia O crime de apropriação indébita está previsto no
art. 168, do Código Penal. Este crime irá se configurar
Art. 164 Introduzir ou deixar animais em proprie- quando o agente se apropriar de coisa alheia móvel de
dade alheia, sem consentimento de quem de direito, que tem a posse ou a detenção.
desde que o fato resulte prejuízo: Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou Para que você compreenda a apropriação indébi-
multa. ta, é necessário saber que o agente já tem a posse ou
a detenção da coisa, passando, posteriormente, a agir
Dispõe o art. 164, do CP, que é crime a conduta de como se fosse dono da coisa.
introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, Não se deve confundir a apropriação indébita com
sem consentimento de quem de direito, desde que do o crime de estelionato.
fato resulte prejuízo: pena — detenção, de 15 dias a 6 Veja a diferença:
meses, ou multa.
Tutela-se a propriedade e a posse do imóvel contra z Apropriação Indébita: o agente recebe a coisa
o dano causado por animais. de boa-fé, depois, muda seu ânimo e passa a agir
O objetivo primordial da lei é a proteção da pro- como se fosse dono da coisa (passa a ter má-fé);
priedade rural, onde o delito é comumente cometido. z Estelionato: o agente já recebe a coisa de má-fé,
Todavia, estende-se também a tutelar a propriedade com a intenção de ficar com ela desde o início.
urbana, tendo em vista que a lei não restringiu a exis-
tência do delito à propriedade rural. A apropriação indébita é crime que decorre de
Trata-se de crime comum, pois pode ser cometido uma relação de confiança entre o autor e a vítima.
por qualquer pessoa. Este entrega a coisa móvel ao agente, devido à con-
Sujeitos passivos são o proprietário e o possuidor, fiança que deposita nele.
titulares do patrimônio ofendido. O agente recebe a coisa com boa intenção, mas,
Consuma-se com a danificação total ou parcial da depois (parte da doutrina chama de dolo subsequen-
propriedade alheia, isto é, com o efetivo prejuízo. te), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a
Este crime somente se procede mediante queixa. agir como dono dela.
Veja as principais características da apropriação
Dano em Coisa de Valor Artístico, Arqueológico ou indébita:
Histórico
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
O proprietário comete o delito de dano ambiental, quer pessoa;
previsto no art. 62, da Lei nº 9.605/98, e não do art. z Não admite a forma culposa;
165, do CP, que foi revogado pela citada lei, quando z Não admite tentativa, conforme doutrina majoritá-
se tratar de coisa de valor artístico, arqueológico, his- ria, tratando-se de crime unissubsistente, ou seja,
tórico ou outro bem especialmente protegido por lei, é o conjunto de um só ato, a realização da condu-
ato administrativo ou decisão judicial, pois nesse tipo ta esgota a concretização do delito, por exemplo,
penal não se exige que a coisa seja alheia. apropriar-se de objeto de valor;
z É crime material, que se consuma quando o agente
Alteração de Local Especialmente Protegido inverte a posse da coisa alheia móvel.

Aumento de Pena
Revogado pelo art. 63, da Lei nº 9.605/1998, que
dispõe ser crime a conduta de alterar o aspecto ou Art. 168 [...]
estrutura de edificação ou local especialmente prote- § 1º A pena é aumentada de um terço, quando o
gido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em agente recebeu a coisa:
292 razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário STF, não é necessário dolo específico (especial fim
judicial; de agir);
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. z Não admite tentativa.

Apropriação Indébita Previdenciária O entendimento majoritário na doutrina é o de que


a apropriação indébita previdenciária é crime formal
Art. 168-A Deixar de repassar à previdência social e, por isso, dispensa-se o enriquecimento indevido por
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário.
prazo e forma legal ou convencional: Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. o crime de apropriação indébita previdenciária é
material, pois, quando o agente omitiu o repasse, con-
O crime de apropriação indébita previdenciária figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen-
é um crime próprio, pois só pode ser praticado pelo te prejuízo ao Erário.
substituto tributário, que é a pessoa que recolhe as Essa decisão corrobora com o entendimento exa-
contribuições sociais em nome do INSS para depois rado na Súmula Vinculante nº 24.
repassá-las.
No caso do contribuinte individual, ele é o res- Súmula Vinculante nº 24: Na linha da jurispru-
ponsável por esse desconto das contribuições e pelo dência deste Tribunal Superior, o crime de apropria-
repasse ao INSS, de modo que é ele que irá responder ção indébita previdenciária, previsto no art. 168-A,
pelo crime. ostenta natureza de delito material. Portanto, o
No caso de sociedade, para fins penais, o sujeito momento consumativo do delito em tela correspon-
de à data da constituição definitiva do crédito tri-
ativo é a pessoa física que no âmbito da empresa tem
butário, com o exaurimento da via administrativa
o poder de fato para decidir se irá ou não sonegar a (ut, (RHC 36.704/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
contribuição arrecadada. Quinta Turma, DJe 26/02/2016). Nos termos do art.
Tutela-se o patrimônio do INSS, que é uma autarquia 111, I, do CP, este é o termo inicial da contagem do
federal, de modo que a competência é da Justiça Federal, prazo prescricional” (AgRg no REsp  1.644.719/SP,
conforme o inciso IV, art. 109, da Constituição Federal. DJe 31/05/2017).
Logo, o sujeito passivo é o INSS.
Importante estudar também o tema do princípio
da insignificância no crime de apropriação indébita
Importante! previdenciária.
Neste caso, a Portaria nº 296/2007 da Previdência
Conduta principal: ficará configurada quando o Social diz que o INSS não executa, não move, ação de exe-
agente deixar de repassar à previdência social cução fiscal por dívida de até R$ 10 mil, de modo que, se
as contribuições recolhidas dos contribuintes, o indivíduo pagasse débitos até esse valor, a punibilidade
no prazo e forma legal ou convencional. estaria extinta pelo perdão judicial, obviamente, desde
que ele seja primário e de bons antecedentes.
Não se trata de aplicação do princípio da insignificân-
Observe que o tipo penal principal é praticado na cia, porque a dívida tem um valor significativo, mas se o
modalidade omissiva, deixando o agente de praticar valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$ 200 ou R$ 300,
uma conduta que deveria (repassar à previdência as ele poderá ser absolvido pelo princípio da insignificância.
contribuições recolhidas após reter os valores). Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoável de
Condutas equiparadas: até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso mover a
execução fiscal, nesse caso o réu poderá receber o perdão
Art. 168-A [...] judicial ou então ser condenado apenas na pena de mul-
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem deixar de: ta, conforme o § 3º, art. 168, do CP.
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
importância destinada à previdência social que punibilidade), caso o agente, espontaneamente, declare,
tenha sido descontada de pagamento efetuado a confesse e efetue o pagamento das contribuições, impor-
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
tâncias ou valores e preste as informações devidas à
II – recolher contribuições devidas à previdência
previdência social, na forma definida em lei ou regu-
social que tenham integrado despesas contábeis ou
lamento, antes do início da ação fiscal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

custos relativos à venda de produtos ou à prestação


de serviços;
Art. 168-A [...]
III - pagar benefício devido a segurado, quando as
§ 2° É extinta a punibilidade se o agente, esponta-
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
neamente, declara, confessa e efetua o pagamento
bolsados à empresa pela previdência social.
das contribuições, importâncias ou valores e presta
as informações devidas à previdência social, na for-
Trata-se de norma penal em branco, complemen- ma definida em lei ou regulamento, antes do início
tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária da ação fiscal.
correspondente.
Veja as características do crime de apropriação Apesar de o Código Penal estabelecer que a conduta
indébita previdenciária: do agente, para que sua punibilidade seja extinta, seja
praticada antes do início da ação fiscal, o STF e o STJ
z É crime omissivo, como dito, já que o agente não têm admitido a aplicação da exclusão da punibilidade
pratica a conduta que se espera dele (repassar); com o pagamento efetuado a qualquer tempo, desde
z Não admite a modalidade culposa; que antes do trânsito em julgado (sentença definitiva). 293
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita Necessário, portanto, o dolo subsequente, isto é, o
previdenciária, vamos verificar uma hipótese de per- agente recebe, identifica que não lhe pertence, mas
dão judicial e de crime privilegiado. fica com o patrimônio.
A Lei nº 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se de O erro deve ser alheio, isto é, de quem concede a
passagem (importante atentar-se a isso), acrescentou disponibilidade da coisa ao sujeito ativo. É necessário
dispositivo ao Código Penal que estabelece que a facul- que o agente não perceba o aludido erro.
Há uma duplicidade de erros, de quem entrega e
dade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena ou
de quem recebe a coisa.
de aplicar somente a pena de multa não se aplica aos
Quanto à distinção entre caso fortuito e força da
casos de parcelamento de contribuições cujo valor, natureza, uma parcela significativa da doutrina consi-
inclusive dos acessórios, seja superior àquele esta- dera as expressões equivalentes. Mesmo assim, vamos
belecido, administrativamente, como sendo mínimo estabelecer uma diferenciação.
para ajuizamento de suas execuções fiscais. Força da natureza é o acontecimento de eventos
Faculta-se ao juiz: físicos ou naturais, de índole ininteligente, como o gra-
nizo, o raio, a inundação, a tempestade e o terremoto.
z Deixar de aplicar a pena (perdão judicial); Caso fortuito deriva de fatos humanos, como a gre-
z Aplicar somente a pena de multa (crime ve, o motim, a guerra, a queda de um avião etc.
privilegiado). No delito em apreço, a coisa chega ao agente por
meio de um evento imprevisível.
Exemplo clássico: um vendaval lança as roupas do
Essas situações poderão ocorrer se o agente for
varal do vizinho ao quintal da casa de B e este apro-
primário e de bons antecedentes, desde que: pria-se delas. Ou uma mala despenca de um avião,
caindo na chácara de B, que dela se apropria. Ainda,
Art. 168-A [...] o animal de uma fazenda passa para a fazenda de B,
§ 3° É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou que dele se apropria.
aplicar somente a de multa se o agente for primário Observe que a coisa não é entregue pela vítima ao
e de bons antecedentes, desde que: agente, originando-se o apossamento de um aconteci-
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal mento imprevisível.
e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da Este crime não admite a modalidade culposa,
contribuição social previdenciária, inclusive aces- podendo ser praticado apenas a título de dolo.
sórios; ou Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
II – o valor das contribuições devidas, inclusive por qualquer pessoa.
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele- O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
cido pela previdência social, administrativamente, lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas tesouro e a apropriação de coisa achada.
execuções fiscais.
Apropriação de Tesouro
De acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Art. 169 [...]
Nacional, o valor mínimo para ajuizar execuções fis- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. [...]
cais por débito para com o fisco é de R$ 20 mil. Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apro-
Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito pria, no todo ou em parte, da quota a que tem direi-
ou Força da Natureza to o proprietário do prédio;

Art. 169 Apropriar-se alguém de coisa alheia vin- Irá praticar este crime o agente que achar tesouro
da ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte,
natureza: da quota a que tem direito o proprietário do prédio.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha
tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se
apropria da quota-parte que o proprietário do prédio
Neste crime, a apropriação se dá não devido à rela-
tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe-
ção de confiança existente entre autor e vítima, mas, lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre
sim, porque a coisa chegou ao poder do agente por aquele que achou e entre o proprietário do local em
erro, caso fortuito ou força da natureza. que ele foi achado.
Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entregador O Código Civil conceitua tesouro como depósito
de uma loja, uma televisão de 50 polegadas. O agente antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
se apropria da coisa havida por erro. haja memória.
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas, O tipo penal não se caracteriza com o verbo
posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando- “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não
-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa comete crime algum. A conduta criminosa encontra-se
no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria
havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
da parte a que tem direito o proprietário do prédio.
Entretanto, para configuração do delito, o agente
Para que este crime se configure, é necessário que
não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
no momento do recebimento da coisa, caso contrário, proprietário.
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato.
Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo Apropriação de Coisa Achada
do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé,
não percebe o erro. Este é constatado após o recebi- Art. 169 [...]
294 mento da coisa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. [...]
Parágrafo único. Na mesma pena incorre: ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apro-
Estelionato
pria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à Art. 171 Obter, para si ou para outrem, vantagem
autoridade competente, dentro no prazo de quinze ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
dias. alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qual-
quer outro meio fraudulento:
O que dizer sobre “achado não é roubado”, ditado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
popular muito conhecido? nhentos mil réis a dez contos de réis.
O crime de apropriação de coisa achada não é cos-
tuma ser mencionado, mas existe. O crime de estelionato (art. 171, do CP) será prati-
Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia cado quando o agente obtiver, para si ou para outrem,
perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil
ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do ou qualquer outro meio fraudulento.
prazo de 15 (quinze) dias. O agente altera, de modo consciente, a data de óbi-
Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para to de seu genitor, induzindo o tabelião em erro para
sua consumação, exige que transcorra determinado não pagar multa em procedimento extrajudicial de
período (15 dias). inventário (vantagem econômica).
Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida. Observe que o crime fala em vantagem ilícita
Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
(segundo a doutrina majoritária, deve ser vantagem
aquele que acha a coisa perdida.
de natureza patrimonial), podendo ser coisa móvel ou
Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa
imóvel.
à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se
cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apro-
utiliza de artificio ardil (método de enganar) ou qual-
priação indébita, previsto no art. 168, do CP.
quer outro tipo de fraude.
Se, por outro lado, o proprietário achar a própria
Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro
coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que
e o agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela
a havia perdido, também não se configura o delito,
estava em erro, o agente, de má-fé, faz com que ela
porque o tipo penal exige que a coisa seja alheia.
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor. permaneça).
O objeto material é coisa alheia perdida. No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signi- enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
ficado requer um juízo de valor do magistrado. alguma forma, a vantagem.
Coisa perdida é a que se encontra em lugar público ou Esta condição, inclusive, é fator que serve para
de uso público em circunstâncias indicativas do extravio, diferenciar o estelionato de outros tipos penais que
por exemplo, uma carteira exposta no meio da rua. com ele possam se confundir.
No caso de coisa abandonada (res derelicta) ou coi- Características do crime de estelionato:
sa sem dono (res nullius), não haverá crime algum por
parte de quem apropriar-se. Este torna-se dono da coisa. z Crime comum: não se exige características especí-
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente ficas do sujeito ativo;
na vontade de apropriar-se da coisa. z Crime material: o crime consuma-se com a ocor-
Quanto à consumação, ocorre quando o agente rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
deixa de restituir a coisa ao dono ou legítimo possui- acarretando prejuízo a terceiro;
dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro z Não admite a forma culposa: só se pratica a título
do prazo de quinze dias. de dolo;
O crime de apropriação de coisa achada poderá se z Admite a modalidade tentada.
configurar:
O estelionato privilegiado é aquele em que o
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao agente é primário e é de pequeno valor o prejuízo.
dono ou legítimo possuidor; Poderá o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão
z Se o agente deixa de entregar a coisa achada à pela pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou
autoridade competente. aplicar somente a pena de multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Por fim, o Código Penal estabelece a possibilida- Art. 171 [...]


de de se aplicar aos crimes previstos no capítulo da § 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
apropriação indébita os institutos aplicáveis ao furto o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
privilegiado. disposto no art. 155, § 2º.
Logo:
Vejamos as formas equiparadas do crime de este-
z Se o criminoso é primário;
z Se é de pequeno valor a coisa. lionato, que serão submetidas às mesmas penas.

O juiz poderá: Disposição de Coisa Alheia como Própria

z Substituir a pena de reclusão pela pena de Art. 171 [...]


detenção; § 2º Nas mesmas penas incorre quem:
z Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação
z Aplicar somente a pena de multa. ou em garantia coisa alheia como própria; 295
Este crime está previsto no inciso I, § 2º, art. 171, Imóvel próprio que prometeu vender a terceiro,
do CP, ou seja, o agente vende, permuta, dá em paga- mediante pagamento em prestações.
mento, em locação ou em garantia coisa alheia como Observa-se que a lei é omissa em relação a imóvel
própria — disposição de coisa alheia como própria. O que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento
agente, neste crime, faz com que coisa alheia se passe à vista. Também é omissa sobre o compromisso que
como dele, enganando outrem. recai sobre bens móveis, ainda que em prestações.
Os verbos previstos no tipo são: vender, permutar
(trocar), dar como pagamento, locação ou garantia. Defraudação de Penhor
Vender: a venda é o contrato pelo qual as partes se
Art. 171 [...]
obrigam a dar uma coisa por dinheiro. Aperfeiçoa-se
com o acordo de vontades acerca da coisa e do pre- § 2º [...]
ço, independentemente da tradição. Esta é necessária III - defrauda, mediante alienação não consentida
para a aquisição da propriedade, e não para a forma- pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ção do contrato. Consuma-se o crime com a obtenção ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
da vantagem e causação do prejuízo.
Este crime está previsto no inciso III, § 2º, art. 171,
Permutar (trocar): a permuta ou troca é o con-
do CP, e consiste na conduta de o agente defraudar,
trato pelo qual as partes assumem a obrigação de dar
uma coisa por outra. Aperfeiçoa-se também com o mediante alienação não consentida pelo credor ou
simples acordo de vontades, independentemente da por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem
entrega do bem. Consuma-se o crime quando a vítima a posse do objeto empenhado.
entrega ao estelionatário a coisa, pois, nesse momen- É essencial a fraude, isto é, a falta de autorização
to, opera-se o prejuízo e a obtenção da vantagem. do credor. O consentimento deste exclui o crime.
Dar em pagamento: a dação em pagamento con- A consumação ocorre com a efetiva defraudação,
siste na extinção de uma obrigação vencida pelo fato isto é, com a alienação, ocultação, abandono etc. da
de o credor consentir em receber prestação diversa coisa empenhada.
da que lhe é devida. Consuma-se o crime quando o A defraudação parcial é suficiente para a consu-
estelionatário obtém a quitação da dívida, mediante a mação, porque diminui a garantia do credor, gerando
promessa de entregar ao seu credor uma certa coisa. prejuízo.
Locação: a locação é o contrato pelo qual uma das
partes se obriga a ceder a outra, por tempo determina- Fraude na Entrega de Coisa
do ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante
certa retribuição. Consuma-se o crime quando o este- Art. 171 [...]
lionatário recebe o sinal ou o pagamento do primeiro § 2º [...]
aluguel. IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade
Garantia: a garantia compreende o penhor, a de coisa que deve entregar a alguém;
hipoteca e a anticrese. Consuma-se o crime quando o
estelionatário obtém o empréstimo, dando em garan- Este crime está previsto inciso IV, § 2º, art. 171, do
tia uma coisa alheia. CP, em que o agente defrauda substância, qualidade
ou quantidade, de coisa que deve entregar a alguém.
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria Vejamos, o tipo penal faz a seguinte alusão: “coisa
que deve entregar a alguém”, pressupondo-se, portan-
Art. 171 [...] to, uma obrigação de prestação de dar entre as partes.
§ 2º [...] A obrigação deve ser a título oneroso. Se for gratui-
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garan- ta, como o comodato e a doação, desaparece o delito,
tia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou porque não há prejuízo ao credor. Nos negócios gra-
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, tuitos, não se pode reclamar sequer vício redibitório,
mediante pagamento em prestações, silenciando de modo que o devedor não é sancionado nem na
sobre qualquer dessas circunstâncias;
esfera cível.
Se não houver uma obrigação antecedente, a
Este crime está previsto no inciso II, § 2º, art. 171,
entrega de coisa defraudada pode configurar o delito
do CP, que consiste no agente que vende, permuta,
do caput do art. 171.
dá em pagamento ou em garantia coisa própria ina-
lienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento
Seguro
em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias. Art. 171 [...]
Temos que destacar que o objeto material do crime § 2º [...]
pode ser bem móvel ou imóvel. V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
Vejamos: própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou
Coisa própria inalienável — os bens inalienáveis agrava as conseqüências da lesão ou doença, com
são: bem de família do Código Civil, bem doado com o intuito de haver indenização ou valor de seguro
cláusula de inalienabilidade e bem deixado por testa-
mento com cláusula de inalienabilidade.
O crime de fraude para recebimento de indeniza-
Coisa própria gravada de ônus, por exemplo: pe-
nhor, hipoteca, anticrese, enfiteuse, servidão, superfí- ção ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritá-
cie, uso, usufruto, habitação e superfície. ria, é crime formal, que se consuma com a prática da
Coisa própria litigiosa: bem sub-judice é aquele conduta, independentemente de o agente conseguir
em que há uma ação judicial acerca da titularidade da ou não receber os valores referentes a indenização ou
296 propriedade. valor de seguro.
Lembre-se de que o agente não é punido penal- Art. 171 [...]
mente por causar mal somente a si mesmo, sendo § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro,
assim, caso ele se lesione sem o fim de receber seguro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
ele não será sujeito passivo do crime. considerada a relevância do resultado gravoso.
O sujeito passivo será a seguradora.
Importante destacar também que essa majorante
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque incide sobre todas as modalidades de estelionato.
Em regra, a ação procede-se mediante representa-
Art. 171 [...] ção, exceto nos casos previstos no § 5º, do art. 171.
§ 2º [...]
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos Art. 171 [...]
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. § 5º Somente se procede mediante representação,
salvo se a vítima for:
Leve em consideração que, para configuração des- I - a Administração Pública, direta ou indireta;
ta forma equiparada de estelionato, é necessário que II - criança ou adolescente;
o agente saiba desde o início que não dispõe de fundos III - pessoa com deficiência mental; ou
para cobrir o cheque, não se englobando nesta moda- IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
lidade criminosa os casos de não pagamento de che-
que por motivos cotidianos (sem má-fé). Duplicata Simulada
É importante conhecer duas súmulas do STF, refe-
rentes ao crime de fraude no pagamento por meio de Art. 172 Emitir fatura, duplicata ou nota de ven-
cheque. da que não corresponda à mercadoria vendida, em
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Súmula 521: O foro competente para o processo e Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modali- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
dade da emissão dolosa de cheque sem provisão de aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do
fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento Livro de Registro de Duplicatas.
pelo sacado.
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem O crime em tela é caracterizado pela consumação,
provisão de fundos, após o recebimento da denún- que ocorre com a mera colocação da duplicata em cir-
cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. culação, não sendo necessário o prejuízo a terceiros.
Não há previsão de forma culposa.
Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que
se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi- Abuso de Incapazes
tido sem fundos antes do recebimento da denúncia,
será impedido o início da ação penal. Art. 173 Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
Vejamos também a Súmula 17 do STJ: “Quando o necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade da alienação ou debilidade mental de outrem, indu-
lesiva, é por este absorvido”. zindo qualquer deles à prática de ato suscetível de
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de
falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato, terceiro:
este crime absorverá aquele. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois
crimes em concurso formal. O crime consuma-se independentemente de pre-
Observe as causas de aumento de pena previstas juízo causado, ou seja, trata-se de crime formal.
no Código Penal para o estelionato:
Induzimento à Especulação
Art. 171 [...]
§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é Art. 174 Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
cometido em detrimento de entidade de direito inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
público ou de instituto de economia popular, assis- mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
tência social ou beneficência. aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


me é praticado:
O crime consuma-se independentemente da exis-
z Em detrimento de entidade de direito público
tência de prejuízo, trata-se de crime formal. Uma
ou de instituto de economia popular, assistência
situação peculiar é que o delito pode ser tanto realiza-
social ou beneficência. É chamado de estelionato
do por meio de jogos ou apostas lícitas quanto ilícitas.
previdenciário.

A pena será aplicada em dobro: Fraude no Comércio

Estelionato Contra Idoso Art. 175 Enganar, no exercício de atividade comer-


cial, o adquirente ou consumidor:
O estelionato contra idoso sofre recentes altera- I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca-
ções pela Lei nº 14.155, de 2021 e aumenta a pena do doria falsificada ou deteriorada;
estelionato de 1/3 ao dobro, quando cometido contra II - entregando uma mercadoria por outra:
idoso ou vulnerável. Vejamos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 297
§ 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qua- Trata-se de crime em que o fundador da socieda-
lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo de por ações (sociedade anônima ou comandita por
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de ações) induz ou mantém em erro os candidatos a
menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; sócios, o público ou presentes à assembleia, fazendo
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: falsa afirmação sobre circunstâncias referentes à sua
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. [...] constituição ou ocultando fato relevante desta. Pode
girar elas sobre falsa informação a respeito de subs-
No crime de fraude no comércio, se o criminoso é crições ou entradas, de recursos técnicos da compa-
primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz nhia, de nomes de pseudo-investidores etc. Na forma
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, omissiva, pode o agente cometer o crime ocultando o
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
nome dos fundadores, problemas técnicos etc., cujo
pena de multa.
conhecimento poderia prejudicar ou impedir a subs-
Outras Fraudes crição de ações e a própria constituição da sociedade.
A fraude pode constar de prospecto ou de comunica-
Art. 176 Tomar refeição em restaurante, alojar-se ção feita ao público ou em assembleia da empresa.
em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem Trata-se de crime próprio em que o sujeito ativo é
dispor de recursos para efetuar o pagamento: o responsável pela fundação da sociedade por ações.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou Sujeitos passivos são as pessoas físicas ou jurídicas
multa. que subscreveram o capital ludibriadas.
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre- É crime formal que se consuma no momento em
sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, que é lançado o prospecto ou o comunicado com a
deixar de aplicar a pena. afirmação falsa ou contendo a omissão fraudulenta
A primeira conduta é tomar refeição em restau- de informação relevante, ainda que disso não decorra
rante sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. qualquer resultado lesivo.
A lei refere-se genericamente a restaurante, de tal Sobre a pena, é claro que as figuras do § 1º, art. 177,
forma que abrange lanchonetes, cafés, bares e outros do CP, são subsidiárias, ou seja, cedem lugar quando
estabelecimentos que sirvam refeição. Esta, aliás, o fato se enquadra como crime contra a economia
engloba a ingestão de bebidas. Entende-se que o deli- popular da Lei nº 1.521/1951.
to não se configura quando o agente é servido em sua
Art. 177 [...]
própria residência.
§ 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não consti-
A segunda conduta incriminada é alojar-se em
tui crime contra a economia popular:
hotel sem dispor de recursos para efetuar o pagamen-
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
to. A punição, evidentemente, estende-se a fatos que
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan-
ocorram em estabelecimentos similares, como pen-
ço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz
sões ou pousadas.
afirmação falsa sobre as condições econômicas da
A terceira e última conduta criminosa consiste em sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou
utilizar-se de meio de transporte (ônibus, táxi, lota- em parte, fato a elas relativo;
ção, barco, trem) sem possuir recursos para efetuar o II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
pagamento. qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
O tipo penal expressamente exige que o agente outros títulos da sociedade;
realize as condutas típicas sem dispor de recursos III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
para efetuar o pagamento naquele instante. sociedade ou usa, em proveito próprio ou de tercei-
É necessário (elementar do tipo penal) que o agen- ro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autori-
te não tenha recursos para pagar a refeição, o aloja- zação da assembléia geral;
mento ou o meio de transporte. IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
Caso o agente tenha os recursos necessários e, conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
entretanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não quando a lei o permite;
cometerá o crime de outras fraudes. V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré-
Deve-se identificar a má-fé do agente quando da dito social, aceita em penhor ou em caução ações
prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve da própria sociedade;
saber que não dispõe de recursos para pagar e mesmo VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço,
assim utilizar os serviços descritos. Caso ocorra um em desacordo com este, ou mediante balanço falso,
imprevisto, o agente perde seu dinheiro sem saber, por distribui lucros ou dividendos fictícios;
exemplo, ele não será responsabilizado penalmente. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por inter-
Trata-se de crime promovido mediante ação penal posta pessoa, ou conluiado com acionista, conse-
pública condicionada à representação da vítima. gue a aprovação de conta ou parecer;
Admite-se a aplicação do instituto do perdão judi- VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V
cial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá e VII;
deixar de aplicar a pena. IX - o representante da sociedade anônima estran-
geira, autorizada a funcionar no País, que pratica
Fraudes e Abusos na Fundação ou Administração de os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa infor-
Sociedade por Ações mação ao Governo.

Art. 177 Promover a fundação de sociedade por Observe que, em tal dispositivo, o legislador pune
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação o diretor, o gerente e, em alguns casos, o fiscal e o
ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a liquidante, que incidam em fraude em afirmação
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulen- referente à situação econômica da empresa, realizem
tamente fato a ela relativo: falsa cotação de ações, tomem emprestado ou usem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o indevidamente bens ou haveres da sociedade, com-
298 fato não constitui crime contra a economia popular. prem ou vendam ilegalmente ações, prestem caução
ou penhor ilegais, distribuam lucros ou dividendos Sujeito ativo é o devedor.
fictícios ou aprovem fraudulentamente conta ou pare- Se for empresário e as condutas forem perpetra-
cer. Todos esses crimes são próprios, pois só podem das após decretada sua quebra, o ato caracterizará
ser cometidos pelas pessoas expressamente mencio- crime falimentar.
nadas no texto legal. O sujeito passivo é o credor.
Trata-se de crime material que somente se consu-
Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou ma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial
“Warrant” em consequência da atitude do agente.
A tentativa é possível quando o sujeito não conse-
Art. 178 Emitir conhecimento de depósito ou war- gue realizar a conduta típica pretendida.
rant, em desacordo com disposição legal: A ação penal é privada.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa Se a fraude atingir execução promovida pela
União, Estado ou Município, a ação será pública
Trata-se de dispositivo fundamentado no Decreto incondicionada.
nº 1.102/1903, que permite a emissão do conhecimen-
to de depósito e do warrant quando mercadorias são RECEPTAÇÃO
depositadas em armazéns gerais.
Esses títulos, negociáveis por endosso, são entre- O crime de receptação pode ser dividido em:
gues ao depositante, sendo que o primeiro é documen-
to de propriedade da mercadoria e confere ao dono o z Receptação simples;
poder de disposição sobre a coisa, enquanto o segun- z Receptação qualificada;
do confere ao portador direito real de garantia sobre z Receptação culposa;
as mercadorias. z Receptação de animal.
Quem possui ambos tem a plena propriedade
Antes de iniciarmos a análise de cada uma das
delas.
divisões feitas, é importante mencionar que, segundo
Delito é a circulação desses títulos em desacordo
posicionamento doutrinário majoritário, confirmada
com disposição legal.
pela jurisprudência do STF, a coisa deve ser móvel.
Trata-se de norma penal em branco, complemen-
É importante que você saiba, também, que a recep-
tada pelo Decreto nº 1.102/1903.
tação é punível ainda que desconhecido ou isento de
De acordo com seus ditames, a emissão é irregular
pena o autor do crime de que proveio a coisa.
quando:
Logo, a punição da receptação não depende da
punição do crime anterior, de que se obteve a coisa.
z A empresa não está legalmente constituída (art. 1º);
z Inexiste autorização do Governo Federal para a Receptação Simples
emissão (arts. 2º e 4º);
z Inexistem as mercadorias no documento Art. 180 Adquirir, receber, transportar, conduzir
especificadas; ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
z Há emissão de mais de um título para a mesma sabe ser produto de crime, ou influir para que ter-
mercadoria ou gêneros especificados no título; ceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
z O título não perfaz as exigências reclamadas no Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
art. 15 do decreto.
É crime comum, tanto em relação ao sujeito ativo,
Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei- como em relação ao sujeito passivo.
to passivo é o endossatário ou portador que recebe o A doutrina divide a receptação simples em própria
título sem saber da ilegalidade. ou imprópria. Conheça tal divisão:
O crime se consuma quando o título é colocado
z Receptação Própria: adquirir, receber, transpor-
em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
agente o coloca em circulação, consumando o crime, tar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
ou não o faz, sendo atípica a conduta. alheio, coisa que sabe ser produto de crime;
z Receptação Imprópria: influir para que terceiro,
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Fraude à Execução
A receptação é crime de tipo misto alternativo, poden-
Art. 179 Fraudar execução, alienando, desviando, des- do o agente ser responsabilizado penalmente caso prati-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:


que qualquer um dos verbos descritos no tipo penal.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa. Receptação Qualificada

O crime consiste na existência de uma senten- A receptação qualificada é aquela praticada no


ça a ser executada ou de uma ação executiva e exercício de atividade comercial ou industrial.
mandamento.
O agente, com o fim de fraudar a execução, desfa- Art. 180 [...]
z-se de seus bens por meio de uma das condutas des- § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul-
critas na lei: tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utili-
z Alienando; zar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
z Desviando; atividade comercial ou industrial, coisa que deve
z Destruindo ou danificando bens; saber ser produto de crime:
z Simulando dívidas. Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 299
É admitido, na receptação qualificada, tanto o dolo O crime de receptação de animal está previsto no
direto quanto o dolo eventual (coisa que deve saber art. 180-A do Código Penal.
ser produto de crime). Foi inserido pela Lei nº 13.330/2016, sendo, portan-
to, um tipo penal bastante recente.
Art. 180 [...]
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito Art. 180-A Adquirir, receber, transportar, conduzir,
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalida-
irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
de de produção ou de comercialização, semovente
residência.
domesticável de produção, ainda que abatido ou
dividido em partes, que deve saber ser produto de
Receptação Culposa
crime:
Art. 180 [...] Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua nature-
za ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou Aqui, também é admitido o dolo eventual (que
pela condição de quem a oferece, deve presumir-se deve saber ser produto de crime).
obtida por meio criminoso: Semovente domesticável de produção pode ser
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou entendido como animais de bando, como bovinos e
ambas as penas. suínos, que constituem patrimônio de alguém, domes-
ticados com finalidade produtiva.
Segundo entendimento doutrinário majoritário, a
Ex.: Fulano adquire, no exercício do comércio em
receptação será culposa quando o agente adquirir ou
receber coisa que, por sua natureza ou pela despro- seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de fazenda, com a finalidade de comercializar a carne.
quem a oferece, presume-se que tenha sido obtida por Fulano praticou o crime de receptação de animal.
meio criminoso.
Ex.: Fulano adquiri uma motocicleta, avaliada em DISPOSIÇÕES GERAIS
R$ 10.000,00, de Ciclano, que pediu por ela o valor
de R$ 2.500,00. Fulano é abordado por policiais civis, Imunidades nos Crimes Contra o Patrimônio
identificando-se, posteriormente, que a motocicleta é
objeto de furto. Introdução
É possível que Fulano seja responsabilizado cri-
minalmente por receptação culposa, já que há muita As disposições gerais dos crimes contra o patrimô-
desproporção entre o valor da coisa e o preço pedido nio versam sobre as:
pelo agente, tendo ele elementos para presumir que a
coisa foi obtida por meio criminoso. z Imunidades
À receptação culposa aplica-se o instituto do per-
„ Imunidades absolutas;
dão judicial, podendo o juiz deixar de aplicar a pena,
levando em consideração as circunstâncias do fato e „ Imunidades relativas ou processuais penais.
caso o criminoso seja primário.
No caso de receptação dolosa, aplica-se o institu- z Exceções às imunidades
to do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja
primário e seja de pequeno valor a coisa, substituir Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer
a pena de reclusão pela pena de detenção, reduzir a dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
pena de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
importante dispositivo ao Código Penal, que aumenta legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
a pena do agente ao dobro.
A pena prevista para a receptação simples (pró- As imunidades absolutas isentam de pena quem
pria ou imprópria) será aplicada em dobro, tratan- comete delito contra o patrimônio em prejuízo de
do-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do ascendente, descendente ou cônjuge, na constância
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, funda- da sociedade conjugal.
ção pública, empresa pública, sociedade de economia São autênticas escusas absolutórias, vedando
mista ou empresa concessionária de serviços públi- inclusive a instauração do inquérito policial.
cos. Vejamos: Trata-se de um perdão legal.
Conquanto o fato seja típico, antijurídico e culpá-
Art. 180 [...] vel, há um impedimento legal da punibilidade, que é
§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, excluída antes mesmo da prática do delito, distinguin-
de Estado, do Distrito Federal, de Município ou do-se do perdão judicial, que é concedido pelo juiz na
de autarquia, fundação pública, empresa pública,
sentença, após o devido processo legal.
sociedade de economia mista ou empresa conces-
A primeira causa de imunidade é o delito prati-
sionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a
cado em prejuízo de cônjuge, na constância da socie-
pena prevista no caput deste artigo.
dade conjugal; por exemplo, não se instaura sequer
Receptação de Animal inquérito policial quando a esposa furta o marido, ou
vice-versa.
Trata-se de um tipo autônomo de receptação e não A imunidade subsiste na separação de fato.
uma forma qualificada de receptação, já que se altera Exclui-se a imunidade se por ocasião do delito eles
os patamares mínimos e máximos da pena. estavam separados judicialmente.
A receptação de animal (semovente domesticável de A tendência é estender a imunidade à união está-
300 produção) tem a pena de reclusão, de 2 a 5 anos e multa. vel, considerando-a equiparada ao casamento.
A última causa de imunidade, delito praticado em
Importante! prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente coabi-
O inciso IV, art. 7º, da Lei Maria da Penha, con- ta, pode se caracterizar ainda que o crime tenha sido
sidera também violência doméstica o atentado praticado fora do local em que eles vivem, como, por
contra o patrimônio da mulher. exemplo, numa pescaria.
Diante disso, uma corrente doutrinária susten- Se não houver coabitação, mas apenas relação de
ta que não haveria mais imunidade nos crimes hospitalidade, moradia eventual, como a que ocor-
patrimoniais contra a mulher. re nas férias escolares em que o sobrinho vai passar
Entretanto, o STJ já decidiu pela manutenção alguns dias na casa de um tio, não há falar-se em
imunidade.
da imunidade, à medida que a referida lei não a
afastou expressamente. Art. 183 Não se aplica o disposto nos dois artigos
anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em
A segunda causa de imunidade, crime contra o
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
patrimônio praticado em prejuízo de ascendente, inci-
violência à pessoa;
de também nos casos de adoção.
II - ao estranho que participa do crime.
Porém, se o filho adotivo furta o pai biológico, este
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
responderá pelo delito, e vice-versa, pois a adoção
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
extingue os vínculos com a família de sangue.
Tratando-se de vínculo de afinidade, como sogro, O art. 183 do CP dispõe que as imunidades absolu-
sogra, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado e tas e relativas não se aplicam:
enteada, não há imunidade, tendo em vista a vedação
da analogia. z Ao crime de roubo, ainda que o roubo seja com
A última causa de imunidade absoluta, quando se violência imprópria, como a subtração ocorrida
pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de des- após o ladrão hipnotizar a vítima, exclui-se a imu-
cendente, é aplicada também nos casos de adoção. nidade, pois a lei não abre qualquer exceção ao
delito de roubo;
Art. 182 Somente se procede mediante representa- z Ao crime de extorsão, ainda que se trate da extor-
ção, se o crime previsto neste título é cometido em são indireta, onde não há violência ou grave amea-
prejuízo: ça, exclui-se a imunidade;
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; z Aos delitos cometidos com emprego de grave
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; ameaça ou violência à pessoa;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. z Ao estranho que participa do crime, pois, a imuni-
dade é uma circunstância pessoal, logo, incomuni-
Nas imunidades penais relativas, previstas no art. cável. Por exemplo, o terceiro que auxilia o marido
182, do CP, o delito, de ação pública incondicionada, a furtar a esposa responde pelo crime de furto;
transmuda-se para ação pública condicionada à repre- z Aos delitos praticados contra pessoa com idade
sentação da vítima ou de seu representante legal. igual ou superior a 60 anos.
Tratando-se de crime de ação privada, não há que
se falar em imunidade processual, cuja finalidade é
beneficiar, ao invés de prejudicar.
A ação penal privada é mais vantajosa do que a
ação penal pública condicionada à representação.
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
A primeira causa de imunidade processual con-
MOEDA FALSA
siste no fato de o delito ser praticado em prejuízo de
cônjuge judicialmente separado. Vejamos, marido fur-
Art. 289 Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
ta esposa um tempo depois de o casamento ser dis-
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
solvido, estão separados judicialmente. Neste caso, há
país ou no estrangeiro:
imunidade relativa.
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta
crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido.
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
A segunda causa, delito praticado em prejuízo
na circulação moeda falsa.
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que § 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda-
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circula-
uterinos (filhos da mesma mãe). ção, depois de conhecer a falsidade, é punido com
É claro que a imunidade também se estende aos detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
irmãos adotivos. § 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos,
Observa-se que, se o agente comete delito de furto e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
em prejuízo de cunhado: ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou
autoriza a fabricação ou emissão:
z Se a sua irmã for casada no regime da comunhão I - de moeda com título ou peso inferior ao determi-
universal, haverá imunidade; nado em lei;
z Se o regime for o da comunhão parcial, só have- II - de papel-moeda em quantidade superior à
rá imunidade se o furto recaiu sobre bem comum, autorizada.
isto é, comunicável em razão do casamento; § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
z Se o regime for o da separação de bens, não há falar- circular moeda, cuja circulação não estava ainda
-se em imunidade, pois os bens não se comunicam. autorizada. 301
O crime de moeda falsa tem como figura típica a z O crime somente poderá ser praticado dolosamen-
seguinte conduta: falsificar, fabricando-a ou alteran- te, portanto, é necessário que o agente saiba ou
do-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal tenha dúvida sobre a falsidade da moeda;
no país ou no estrangeiro. z Admite tentativa;
Esse crime pode ser praticado de duas formas: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa, salvo aquele que falsifica a moeda
– não se trata de hipótese de concurso de crimes,
FALSIFICAR A MOEDA METÁLICA OU
assim, caso o agente falsifique a moeda e a guarde,
PAPEL-MOEDA DE CURSO LEGAL NO PAÍS
responderá apenas pelo crime de moeda falsa.
ESTRANGEIRO
Neste caso, o agente cria a moeda Se o agente recebe a moeda de boa-fé, mas, para
Fabricando-a
falsa ou papel-moeda não ficar no prejuízo, a restitui à circulação, ele res-
Neste caso, o agente altera uma moe- ponderá criminalmente? Sim.
Alterando-a da ou papel-moeda que são verdadei- Nesse caso, responderá o agente pelo crime de
ros, transformando-os em falsos circulação de moeda falsa na modalidade privilegia-
da, com uma pena bem mais branda em relação aos
Sobre o crime de moeda falsa, é importante outros dois tipos penais que já estudamos.
levar em consideração o seguinte:
Circulação de moeda falsa privilegiada
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
z Não admite a modalidade culposa, podendo ser
praticado somente a título de dolo; Quem, tendo recebido de boa-fé, como ver-
dadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui
z Admite a tentativa;
à circulação, depois de conhecer a falsida-
z Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
de, é punido com detenção de seis meses a
para configuração deste crime, a falsificação ou dois anos e multa.
alteração não podem ser grosseiras (aquela vista a
olho nu por qualquer pessoa dotada de capacidade
mediana) – nesse caso, estaremos diante de condu- Sobre o crime de circulação de moeda falsa pri-
ta que configura crime impossível em relação ao vilegiada, atente-se ao seguinte:
crime de moeda falsa.
z O recebimento da moeda dá-se de boa-fé, pois o
Contudo, caso a falsificação seja grosseira, o seu agente acredita que é verdadeira;
uso pode caracterizar o crime de estelionato, confor- z A restituição à circulação deve realizar-se dolosa-
me entendimento sumulado do STJ. mente, isto é, o agente já conhece sobre a falsidade
da moeda;
Súmula 73 (STJ): A utilização de papel moeda z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
grosseiramente falsificado configura, em tese, o quer pessoa, exceto o falsificador que pratica o cri-
crime de estelionato, da competência da Justiça me de falsificar moeda;
Estadual. z Admite tentativa.

Exige-se que a moeda metálica ou o papel-moeda O crime de moeda falsa possui formas qualificadas.
tenham curso legal no país ou no estrangeiro. Caso Responderá pelo crime de moeda falsa na moda-
não tenham, ou estejam fora de circulação, não irá se lidade qualificada o funcionário público ou diretor,
configurar esse crime. gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda
com título ou peso inferior ao determinado em Lei ou
de papel-moeda em quantidade superior à autoriza-
Importante!
da. Trata-se de crime próprio, que somente poderá ser
Configurará o crime de circulação de moeda praticado pelo funcionário público ou diretor, gerente
falsa, incorrendo na mesma pena do crime de ou fiscal de banco de emissão.
moeda falsa, a conduta do agente que, por con- Também pratica o delito de moeda falsa na moda-
ta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, lidade qualificada o agente que desvia e faz circular
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
na circulação moeda falsa. O crime de moeda falsa na modalidade qualificada
não admite a forma culposa.
Os crimes relacionados à moeda falsa são proces-
Sobre o crime de circulação de moeda falsa, sados e julgados pela Justiça Federal.
fique atento às seguintes informações: A ação penal é pública incondicionada.
z É crime de ação múltipla, que se configura com a
prática de quaisquer um dos verbos descritos no
tipo penal;
Importante!
z Caso o agente pratique mais de um verbo, no mes- Não se aplica o princípio da insignificância ao cri-
mo contexto fático, responderá por apenas um cri- me de moeda falsa.
302 me de circulação de moeda falsa;
Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
por meio da execução de quaisquer um dos verbos
Art. 290 Formar cédula, nota ou bilhete representa-
tivo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne-
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou cer, possuir ou guardar.
bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circu- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
lação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir quer pessoa;
à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condi- z O crime se configura ainda que o agente pratique
ções, ou já recolhidos para o fim de inutilização: as condutas descritas no tipo penal sem finalidade
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. onerosa;
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado z No verbo guardar, trata-se de crime permanente,
a doze anos e multa, se o crime é cometido por fun- que admite a prisão em flagrante enquanto não se
cionário que trabalha na repartição onde o dinhei- cessar a permanência;
ro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, z O delito é doloso;
em razão do cargo. z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa.
Praticará crime assimilado ao de moeda falsa, pre-
visto no art. 290, do CP, o agente que formar cédula, Emissão de Título ao Portador sem Permissão Legal
nota ou bilhete representativo de moeda com frag-
mentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros, ou Art. 292 Emitir, sem permissão legal, nota, bilhe-
suprimir em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o te, ficha, vale ou título que contenha promessa de
fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte
inutilização, bem como restituir à circulação de cédu- indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
la, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
para o fim de inutilização. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como
É importante saber sobre o delito assimilado à dinheiro qualquer dos documentos referidos neste
moeda falsa: artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias
a três meses, ou multa.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; O crime de emissão de título ao portador sem
z O crime é doloso; emissão legal é praticado quando o agente emite, sem
z Não admite a modalidade culposa; permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que
z Admite tentativa; contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
z É processado e julgado pela Justiça Federal, median- portador ou a que falte indicação do nome da pessoa
te ação penal pública incondicionada; a quem deva ser pago.
z Trata-se de tipo penal misto alternativo, que se Considera-se menos grave a conduta de quem uti-
consuma com a prática de quaisquer das condutas liza nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha
previstas no tipo penal. promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou
Existe a possibilidade de ser crime próprio caso seja a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
cometido por funcionário que trabalha na repartição ser pago como dinheiro.
onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tenha É importante saber sobre o delito de emissão de
fácil ingresso, em razão do cargo. Nesse caso, o máxi- título ao portador legal:
mo da reclusão é elevado a doze anos.
z Exige-se que o agente não tenha permissão legal
Petrechos para Falsificação de Moeda para a emissão;
z Se o agente tem permissão para emitir o título ao
Art. 291 Fabricar, adquirir, fornecer, a título one- portador, o fato será atípico;
roso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, z O delito é doloso;
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- z Não admite a modalidade culposa;
mente destinado à falsificação de moeda: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
quer pessoa.
O objeto material deste crime é o maquinismo, FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- PÚBLICOS
mente destinado à falsificação de moeda.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Veja que o tipo penal exige que o equipamento Falsificação de Papéis Públicos
tenha destinação específica, não configurando o delito
de petrechos para falsificação de moeda caso o equi- Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel sela-
pamento tenha outras finalidades e, também possa,
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à
de alguma forma, ser utilizado para falsificar moeda.
arrecadação de tributo;
Temos aqui uma conduta que constitui exceção à
II - papel de crédito público que não seja moeda de
punição de um crime a partir do momento em que se curso legal;
inicia a execução do crime. Isto porque, caso um agen- III - vale postal;
te tenha a finalidade de falsificar moeda e, para isso, IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de cai-
adquira um aparelho, mesmo que não inicie a execu- xa econômica ou de outro estabelecimento mantido
ção da falsificação, poderá ser responsabilizado cri- por entidade de direito público;
minalmente pelos atos preparatórios, que constituem V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
crime autônomo. documento relativo a arrecadação de rendas públi-
Sobre o crime de petrechos para emissão de cas ou a depósito ou caução por que o poder públi-
moeda, é importante ficar atento ao seguinte: co seja responsável; 303
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de Nas mesmas penas irá incorrer aquele que:
transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município: z Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
falsificados a que se refere este artigo;
§ 1° Incorre na mesma pena quem:
z Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
papéis falsificados a que se refere este artigo; empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, selo falsificado destinado a controle tributário;
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação z Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
selo falsificado destinado a controle tributário; mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta,
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em pro-
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, veito próprio ou alheio, no exercício de atividade
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, produto ou
mercadoria: „ Em que tenha sido aplicado selo que se destine
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a a controle tributário, falsificado;
controle tributário, falsificado; „ Sem selo oficial, nos casos em que a legislação
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
aplicação.
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
O tipo penal do crime de falsificação de papéis
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizá-
veis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: públicos apresenta três modalidades em que a pena
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. será mais branda se comparada ao tipo penal prin-
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o reclusão de dois a oito anos e multa:
parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
(após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, de inutilização, quando legítimos, com o fim de
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois torná-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
anos, ou multa. são de um a quatro anos e multa;
§ 5º Equipara-se à atividade comercial, para os z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comér- recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercido dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
em vias, praças ou outros logradouros públicos e
ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
em residências.
seis meses a dois anos, ou multa.
É um tipo penal bastante extenso, que irá se con-
figurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou Qualquer forma de
alterando-os: comércio irregular ou
z Selo destinado a controle tributário, papel sela- Equipara-se à clandestino, inclusive
atividade o exercido em vias,
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à
comercial praças ou outros
arrecadação de tributo;
logradouros públicos e
z Papel de crédito público, que não seja moeda de
em residências
curso legal, ou seja, apólices e títulos da dívida
pública;
z Vale postal (dispositivo tacitamente revogado);
Sobre o crime de falsificação de papéis públicos,
z Cautela de penhor, ou seja, o título com o qual o
sujeito pode retirar o bem empenhado das mãos é importante levar em consideração o seguinte:
do credor;
z Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
mento relativo à arrecadação de rendas públicas quer pessoa;
ou a depósito ou caução pelo qual o poder público z Só admite a modalidade dolosa – não pode ser pra-
seja responsável; ticado culposamente;
z Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
transporte de mercadorias administrada pela dade deste crime;
União, por Estado ou Município. z Admite a tentativa;
z Súmula 546 - STJ: A competência para processar e
Esse tipo penal poderá ser praticado com a falsifi-
julgar o crime de uso de documento falso é firmada
cação de quaisquer um dos documentos vistos acima,
de duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresen-
cria um documento) ou alterando-os (o agente altera tado o documento público, não importando a quali-
documento já existente). ficação do órgão expedidor;
Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- z Será de competência do Juizado Especial Criminal
ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes- Federal na hipóteses de crime privilegiado, defini-
304 mas penas deste. do no § 4º, art. 293, do CP.
Petrechos de Falsificação
Falsificação de selo ou sinal público
Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar-
dar objeto especialmente destinado à falsificação de Falsificar, fabricando ou alterando
qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Selo público destinado a Selo ou sinal atribuído
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come- autenticar atos oficiais por lei à entidade de
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a da União, do Estado ou direito público, ou à
pena de sexta parte. do Município autoridade ou sinal
público de tabelião
Sobre o crime de petrechos de falsificação,
é importante que você leve para a sua prova as São condutas equiparadas ao crime de falsifica-
seguintes informações: ção de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas
penas o agente que:
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
z Faz o uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
mediante à execução de quaisquer um dos verbos
seja verdadeiro e que o uso seja indevido, resultando,
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- por exemplo, na obtenção de vantagem econômica;
cer, possuir ou guardar; z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro em
z É crime comum, que poderá ser praticado por prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio;
qualquer agente; z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun- responsável pela falsificação;
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
pena será aumentada da sexta parte (1/6); logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
z Assim como o crime de petrecho para falsificação
da Administração Pública.
de moeda, o objeto deve ser destinado especial-
mente para falsificar os papéis previstos no art. Sobre esse crime, é importante que você leve
293 em consideração as seguintes disposições:
z Caso o objeto possua outras finalidades (tem outras
utilidades e também serve para falsificar papéis), z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
não há que se falar na prática deste tipo penal;
z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
z Só poderá ser praticado dolosamente; co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
z Admite a modalidade tentada; tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, z Só pode ser praticado dolosamente;
protraindo-se a conduta no tempo. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime
plurissubsistente (quando o delito, para ser praticado,
FALSIDADE DOCUMENTAL necessita de vários atos para atingir o resultado);
z A falsificação pode dar-se de duas formas: com a
fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são
alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos
ou particulares. Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
O CPP estabelece requisitos para que um papel ticado de qualquer modo pelo agente.
seja considerado documento: forma escrita, autor
certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor Dica
probatório. Observe que inciso I do art. 293 também trata
de selos, bem como o art. 303. Assim, para que
Falsificação do Selo ou Sinal Público você não se confunda, tenha em mente que o art.
293 deverá fazer menção à temática de selo na
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: seara tributária; já o presente art. 296 tratará dos
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais selos referentes à autenticação efetuada pelas
da União, de Estado ou de Município; pessoas jurídicas de direito público ou pelas
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de autoridades (ex.: juiz, delegado etc.) e o art. 303
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tratará dos selos comuns, os quais são/eram
tabelião: usados nos serviços postais.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas: Falsificação de Documento Público
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-
público, ou alterar documento público verdadeiro:
dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
prio ou alheio. § 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- de sexta parte.
bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
entidades da Administração Pública. mento público o emanado de entidade paraestatal,
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete o o título ao portador ou transmissível por endosso,
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
de sexta parte. tis e o testamento particular. 305
§ 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
inserir: Importante!
I – na folha de pagamento ou em documento de
Embora o art. 297 trate de matéria relacionada
informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não pos-
à falsificação material – sendo esta passível de
sua a qualidade de segurado obrigatório; perícia pois o documento é falsificado ou alte-
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social rado –, o § 3º nos traz a hipótese de falsidade
do empregado ou em documento que deva produzir ideológica – neste caso, não há que se falar em
efeito perante a previdência social, declaração falsa perícia, pois o agente faz o responsável pela con-
ou diversa da que deveria ter sido escrita; fecção inserir declarações que não deveria, sen-
III – em documento contábil ou em qualquer outro do o documento verdadeiro materialmente mas
documento relacionado com as obrigações da falso quanto ao seu conteúdo. Assim, para não
empresa perante a previdência social, declaração se confundir com o art. 299, o qual trata estri-
falsa ou diversa da que deveria ter constado. tamente sobre a falsidade ideológica, atente-se
§ 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
ao fato de que será atribuído a toda conduta que
documentos mencionados no § 3o, nome do segura-
do e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência
faça constar declaração inverídica face à Previ-
do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. dência o crime constante no art. 297 (Falsifica-
ção de Documento Público).
A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
parte, documento público, ou alterar documento pú-
Sobre o crime de falsificação de documento
blico verdadeiro.
público, é importante que você leve em considera-
O crime pode ser praticado das seguintes formas:
ção as seguintes informações:

Falsificar, total z O crime é comum, podendo ser praticado por qual-


Alterar documento quer pessoa;
ou parcialmente,
público verdadeiro z Na hipótese de o agente ser funcionário público e,
documento público
ainda, se prevalecer do cargo para praticar o deli-
to, a pena será aumentada em um sexto;
Aqui, o agente cria um Aqui, o agente modifica z O delito é doloso, não exige fim especial;
documento público que o documento público z Não admite a modalidade culposa;
não existia que já existia z Admite a tentativa;
z O objeto material do crime é o documento público.

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria É muito importante que você saiba o que é docu-
um documento público falso ou modifica o documento mento público, para fins de configuração deste crime,
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto já que existe, também, o crime de falsificação de docu-
material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
mento particular, sendo os dois apenados de formas
São condutas equiparadas ao crime de falsificação
de documento público, incorrendo nas mesmas penas diferentes, sendo aquele mais grave do que este.
o agente que insere ou faz inserir, conforme visto no § Para fins de concurso público, pode-se conceituar
3º do art. 297 do CP. documento público como aquele emitido por funcio-
Não se pode confundir a falsidade material com a nário público, no exercício de suas funções, a serviço
falsidade ideológica. Observe, a seguir, as diferenças: da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni-
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas).
Falsidade Material Porém, o Código Penal equipara alguns outros
documentos, embora emitidos por particulares, a
z O agente cria um documento falso ou modifi-
documento público.
ca um documento verdadeiro;
z O documento é materialmente falso;
z Altera-se o aspecto formal do documento, z F alsificação total: criação de todo o material
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não; escrito que representa o documento;
z Crimes: falsificação de documento público z Falsificação parcial: criação de uma parte falsa
ou particular; do documento público verdadeiro, a qual pode
z Por exemplo, criar uma certidão de nascimento. dele ser individualizada;
z Alteração de documento público: inserir ou
suprimir falsamente informações escritas no pró-
Falsidade Ideológica prio corpo do documento verdadeiro após a sua
criação.
z O agente falsifica a declaração que deveria
constar no documento público ou privado,
FALSIFICAÇÃO
que é verdadeiro; ALTERAÇÃO
PARCIAL
z O documento é materialmente verdadeiro,
com o conteúdo falso; A falsidade diz respeito
z Altera-se o conteúdo do documento, mas o às informações Parte do documento,
aspecto formal continua intacto; falsamente inseridas ou que dele pode ser
z Crime: falsidade ideológica; retiradas do papel, o que individualizada, é criada
z Por exemplo, alterar data de nascimento em ocorre posteriormente à falsamente
certidão de nascimento. criação do documento
306
O título ao portador é documento de crédito que z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque se configurar este crime, mas poderá se configurar
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma outro tipo penal , se o documento for capaz de ludi-
forma de transferir a propriedade de um título (do briar outrem.
endossante para o endossatário), como os cheques em
Para fins de aplicação desse crime, equipara-se a
geral e as notas promissórias, que constituem exem-
documento particular o cartão de crédito ou de débito.
plos de títulos transmissíveis por endosso.
Falsificação de Cartão
Súmula 17 Quando o falso se exaure no estelio-
nato, sem mais potencialidade lesiva, é por este Art. 298 [...]
absorvido. Parágrafo único.   Para fins do disposto no caput,
equipara-se a documento particular o cartão de
Essa Súmula se refere à aplicação do princípio da crédito ou débito.
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica-
ção de documento público for meio para praticar o Falsidade Ideológica
crime de estelionato, será por este absorvido. Art. 299 Omitir, em documento público ou parti-
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van- cular, declaração que dele devia constar, ou nele
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
ção fique exaurida com a prática do estelionato. fato juridicamente relevante:
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar documento é público, e reclusão de um a três anos,
outra infração penal. e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
réis, se o documento é particular.
Falsificação de Documento Particular    Parágrafo único - Se o agente é funcionário públi-
co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, documento se a falsificação ou alteração é de assentamento de
particular ou alterar documento particular verdadeiro: registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

O crime de falsificação de documento particular é


Importante!
praticado quando o agente age de acordo com o núcleo A falsidade ideológica configura-se das seguin-
do tipo, ou seja, falsifica, no todo ou em parte, documen- tes formas:
to particular ou altera (segundo núcleo do tipo) docu- � Omitir, em documento público ou particular,
mento particular verdadeiro. declaração que dele devia constar.
A conduta é muito semelhante ao crime de falsifica- � Inserir ou fazer inserir, em documento público
ção de documento público, sendo diferente no que se ou particular, declaração falsa ou diversa da que
refere ao objeto material do crime e à pena cominada.
devia constar.

FALSIFICAÇÃO OBJETO
PENA
DE DOCUMENTO MATERIAL
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em
Documento Reclusão de dois a documento público quanto em documento particular,
Público
público seis anos e multa tendo como distinção tão somente a pena. Vejamos:
Documento Reclusão de um a � Documento público: reclusão, de um a cinco anos,
Particular
Particular cinco anos e multa e multa;
z Documento particular: reclusão, de um a três
Já estudamos o documento público e agora esta- anos, e multa.
mos compreendendo o documento particular. Mas, o
O tipo penal deste crime apresenta causa de au-
que é documento particular?
mento de pena em um sexto:
Documento particular é aquele que não é docu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

mento público, nem equiparado a documento público,


z Se o agente é funcionário público e comete o crime
como por exemplo, cartão de identificação de veículo
prevalecendo-se do cargo;
de moradores de condomínio residencial.
Neste delito, a falsidade também pode ser mate- z Se a falsificação ou alteração é de assentamento de
rial, alterando-se a forma estrutural do documento, registo civil.
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
Em relação ao crime de falsidade ideológica, é
É importante destacar sobre o crime de falsifi-
cação de documento particular o seguinte: importante que você leve em consideração as se-
guintes informações:
z É crime comum;
z Admite a tentativa; z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
z É delito doloso, sem a necessidade de exigir espe- praticado dolosamente;
cial fim; z Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim
z Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesi- verdade sobre fato juridicamente relevante;
va, é por este absorvido; z É crime comum. 307
Atenção: se praticado por funcionário público, que z Admite o concurso de pessoas com particulares,
se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de desde que estes conheçam sobre a situação de fun-
1/6 (um sexto). Não basta que seja praticado por fun- cionário público;
cionário público, para se aplicar a causa de aumento z Não admite a modalidade culposa;
da pena, mas, também, que ele se prevaleça do cargo z Admite a forma tentada;
para praticar o crime. z É crime de ação múltipla, que pode se configurar
Caso a conduta seja praticada sem uma das fina- com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
tos no tipo penal: atestar ou certificar;
lidades específicas vistas acima, o crime não irá se
z Para a configuração deste crime, exige-se que a
configurar.
certificação ou o atestado se deem para as finali-
dades previstas no tipo penal: habilitar alguém a
z Admite a modalidade tentada nas condutas comissi- obter cargo público; isentar de ônus ou de serviço
vas, mas não admite, segundo posicionamento dou- de caráter público ou qualquer outra vantagem;
trinário majoritário, na conduta omissiva (omitir); z Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
z Neste crime, a forma do documento segue intacta; lucro (finalidade específica), será aplicada, além
o que se falsifica é o conteúdo das informações con- da pena privativa de liberdade, a pena de multa.
tidas no documento público ou particular (com a
omissão de declaração ou com a declaração falsa). Falsidade Material de Atestado ou Certidão

Art. 301 [...]


Falso Reconhecimento de Firma ou Letra § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atesta-
Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exercício do verdadeiro, para prova de fato ou circunstância
de função pública, firma ou letra que o não seja: que habilite alguém a obter cargo público, isenção
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual-
documento é público; e de um a três anos, e multa, quer outra vantagem:
se o documento é particular. Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-
Entenda da seguinte forma: ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de
multa.
z Firma = assinatura;
z Letra = manuscrito daquele que assina. No § 1º, art. 301, do CP, temos um outro tipo penal:
Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso.
O crime de certidão ou atestado ideologicamente
A pena do crime será distinta conforme a natureza
falso irá se configurar quando o agente falsificar, no
do documento:
todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o
teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro-
SE DOCUMENTO PÚBLICO SE DOCUMENTO PRIVADO
va de fato ou circunstância que habilite alguém a
Reclusão de um a cinco anos Reclusão de um a três anos e obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
e multa multa caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Sobre esse crime, é importante levar em consi-
Sobre o crime de falso reconhecimento de fir- deração o seguinte:
ma ou letra, você deve ficar atento ao seguinte:
z É crime comum, que poderá ser praticado por
qualquer pessoa;
z É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo fun-
z Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
cionário público que pode reconhecer firma ou letra;
forma culposa;
z Admite a participação de particular, desde que conhe-
z Admite a modalidade tentada;
ça a condição de funcionário público do agente.
z É crime de ação múltipla, que pode ser pratica-
z Só poderá ser praticado dolosamente;
do mediante a execução de quaisquer uma das
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
seguintes condutas:
z Segundo posicionamento que prevalece, trata-se de cri-
me plurissubsistente, que admite, portanto, a tentativa; „ Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
z A ação penal será pública incondicionada. certidão;
„ Alterar o teor de certidão ou atestado verdadeiro.
Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso

Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em razão Importante!


de função pública, fato ou circunstância que habi-
Caso o crime tenha como finalidade a obtenção
lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
de lucro (finalidade específica), será aplicada,
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem: também, a pena de multa.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsidade de Atestado Médico
Sobre esse crime, é importante levar em consi-
deração o seguinte: Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profis-
são, atestado falso:
z Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati- Pena - detenção, de um mês a um ano.
cado por funcionário público, em razão da função Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
308 pública; de lucro, aplica-se também multa.
Sobre este crime, é importante levar em consi- Se o agente que fez uso do documento falso foi o
deração: mesmo que o falsificou, ele será responsabilizado de
que forma?
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por Segundo o entendimento que predomina no STJ,
médico (não há falsidade de atestado médico, caso neste caso, deverá o agente responder apenas por fal-
o atestado seja confeccionado por odontólogo ou sificação de documento público.
psicólogo, por exemplo); Assim, caso o agente falsifique e use o documento
z Não admite a forma culposa – deve ser praticado falso, deverá responder apenas por aquele. Observe o
dolosamente; que diz a Súmula 546 do STJ:
z Não exige fim especial de agir (dolo específico), sal-
Súmula 546 (STJ): A competência para processar
vo no caso de obtenção de lucro;
e julgar o crime de uso de documento falso é fir-
z Admite a tentativa;
mada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
z Caso o médico pratique a conduta com finalidade de
apresentado o documento público, não importando
obter lucro (dolo específico), será aplicada a ele, além
a qualificação do órgão expedidor.
da pena privativa de liberdade, a pena de multa;
z Exige-se que a conduta praticada pelo médico se Assim, caso o agente utilize uma carteira de iden-
dê no exercício da função. tidade falsa, não será relevante para fins de análise
de competência para processo e julgamento o órgão
Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça expedidor do documento (unidade da federação que
Filatélica o expediu), mas sim o órgão ou entidade ao qual foi
apresentado o documento.
Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-
lica que tenha valor para coleção, salvo quando a
Caso o agente apresente o documento falso a um
reprodução ou a alteração está visivelmente anota- órgão ou entidade federais, a exemplo da Polícia Rodo-
da na face ou no verso do selo ou peça: viária Federal e do INSS, a competência para processo
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. e julgamento será da Justiça Federal. Se o documento
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para falso for apresentado a órgão ou entidades estaduais, a
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. exemplo das polícias civis ou da SANEAGO, o processo
e julgamento será de competência da Justiça Estadual.
O crime tipificado nesse artigo foi tacitamente
revogado pelo art. 39, da Lei nº 6.538/1978. Sobre esse crime, é importante saber:
Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e sua
z Para caracterização deste crime, não basta o mero
redação é a seguinte:
porte do documento falso, exigindo-se que o agen-
Art. 39 Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica te o use efetivamente, apresentando-o a alguém;
de valor para coleção, salvo quando a reprodução z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
ou a alteração estiver visivelmente anotada na face quer pessoa;
ou no verso do selo ou peça: z É crime formal;
Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
a dez dias-multa. praticado dolosamente;
Forma assimilada z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem, z Caso o agente desconheça sobre a falsidade do
para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila- documento e o utilize, não há que se falar na confi-
télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi- guração deste tipo penal, já que, como visto acima,
dos ou alterados.
o elemento subjetivo é somente o dolo;
Uso de Documento Falso z Prevalece o entendimento de que não admite a
modalidade tentada, já que se trata de crime unis-
Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- subsistente, perfazendo-se mediante a execução
dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: de um único ato (ou o agente usa o documento e
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. pratica o crime; ou o agente não usa o documento
e o fato será atípico);
Vamos recordar quais são os tipos penais previstos
entre os arts. 297 e 302 do Código Penal: z Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira-
mente falsificado, perceptível aos olhos do homem
comum, não irá se configurar o crime de uso de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Falsificação de documento público;


z Falsificação de documento particular; documento falso.
z Falsidade ideológica;
z Falso reconhecimento de firma ou letra; Supressão de Documento
z Certidão ou atestado ideologicamente falso;
z Falsidade material de atestado ou certidão; Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
z Falsidade de atestado médico. próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu-
O uso de qualquer um dos documentos previstos mento público ou particular verdadeiro, de que não
acima configura o crime de uso de documento falso, podia dispor:
respondendo o agente com a mesma pena correspon- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
dente à falsificação ou alteração. Por exemplo, caso documento é público, e reclusão, de um a cinco
um agente seja surpreendido utilizando um documen- anos, e multa, se o documento é particular.
to público falso, será responsabilizado com a pena de
reclusão de dois a seis anos, e multa, mesma pena apli- Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
cada ao crime de falsificação de documento público. praticado com a execução das seguintes condutas: 309
Documento público ou particular Sobre este crime, é importante levar as seguin-
DESTRUIR verdadeiro, de que não podia dispor tes informações para a sua prova:
SUPRIMIR
OCULTAR Em benefício próprio ou de outrem, z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
ou em prejuízo alheio quer pessoa;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
A pena do crime será diferente, a depender da praticado dolosamente;
natureza do documento destruído, suprimido ou z Não exige dolo específico;
ocultado.
z Admite a forma tentada, salvo quando executado
por meio verbo usar.
Documento Público Documento Particular
Reclusão, de dois a Reclusão, de um a Dica
seis anos, e multa cinco anos, e multa “Falsificar, fabricando-o ou alterando-o” admite
tentativa.
“Usar” não admite tentativa.
Em relação aos tipos penais que apresentam penas
como visto acima, você deve ter um cuidado redobra-
do ao analisar o tipo penal e possíveis questões de pro- Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
va sobre o tema. identidade para obter vantagem, em proveito pró-
prio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Sobre esse crime, faz-se necessário conhecer as Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
seguintes informações: se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

z É crime comum, que pode ser praticado por qual- O crime pode ser praticado das seguintes formas:
quer agente;
z Não admite a modalidade culposa; Falsa identidade
z É necessário que o agente pratique as condutas des-
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
ou em prejuízo alheio (finalidade específica); Atribuir-se Atribuir a terceiro
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
agente não possa dispor do documento público ou
particular; O agente atribuiu falsa
O agente atribui a falsa
z Admite a tentativa. identidade a uma outra
identidade a si próprio
pessoa
OUTRAS FALSIDADES

Falsificação do sinal empregado no contraste de Nesse crime, o agente se passa por uma outra pessoa.
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos
para outros fins: Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des-
favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina-
Art. 306 Falsificar, fabricando-o ou alterando- lidade de não ser preso e de que não se descubra a
-o, marca ou sinal empregado pelo poder público sua condição de procurado, ao ser abordado por uma
no contraste de metal precioso ou na fiscalização equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô-
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa nature- nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma
za, falsificado por outrem:
medida judicial.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é Nesse sentido, configurou-se o crime de falsa iden-
o que usa a autoridade pública para o fim de fisca- tidade, já que o agente, com a finalidade de obter pro-
lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar veito próprio, atribuiu a si mesmo falsa identidade. No
determinados objetos, ou comprovar o cumprimen- entanto, o fato de Carlos Eduardo Diogo atribuir a si
to de formalidade legal: falsa identidade para evitar prisão não está de acordo
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. com o princípio do Direito Processual Penal que per-
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir
Trata-se de crime de ação múltipla, que pode ser provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir?
praticado mediante a execução dos verbos:
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
ria violação ao princípio da não autoincriminação?
z Falsificar;
Por muito tempo, este assunto foi divergente.
z Usar.
O entendimento que predomina atualmente é o de
Responderá o agente com uma pena mais branda, que a responsabilização penal por falsa identidade,
podendo ser reclusão ou detenção, de um a três anos, ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
e multa, se a marca ou sinal falsificado é o que usa a não viola o princípio da não autoincriminação, sen-
autoridade pública para o fim de: do, portanto, fato típico.

z Fiscalização sanitária; Súmula 522 (STJ): A conduta de atribuir-se falsa


z Autenticar ou encerrar determinados objetos; identidade perante autoridade policial é típica, ain-
310 z Comprovar o cumprimento de formalidade legais. da que em situação de alegada autodefesa.
Sobre o crime de falsa identidade, é importante que você leve em consideração:

z É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


z Não admite a modalidade culposa – o elemento subjetivo exigido é sempre o dolo;
z Exige dolo específico: o agente deve praticar a conduta com o fim de obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano;
z Não admite tentativa. Parte da doutrina a admite, ainda que de difícil configuração, caso o crime seja praticado
de forma escrita;
z Trata-se de crime subsidiário, respondendo o agente por ele apenas se o fato não constituir elemento de crime
mais grave;
z Não se exige que o agente atribua a si ou a terceiro nome de pessoa real, podendo ocorrer caso o nome seja
inexistente;
z É crime formal, que se consuma independentemente de o agente conseguir obter a vantagem ou efetivamente
causar dano.

Uso de Documento de Identidade Alheia

Apesar de o CP não dispor de um nome específico para o art. 308, a doutrina majoritária utiliza o nome supra-
mencionado para referir-se a ele.

Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu­mento de identi-
dade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, pró­prio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Esse crime pode ser praticado das seguintes formas:

z Quando o agente faz uso de documento de identificação alheio;


z Quando o agente cede, para que outro utilize, documento de identificação próprio ou alheio.

O tipo penal apresenta hipótese de interpretação analógica, já que exemplifica quais são os documentos de
identidade, a exemplo do passaporte, título de eleitor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas) e, por fim,
amplia as possibilidades ao utilizar a expressão “qualquer documento de identidade” (fórmula genérica).

Sobre esse crime, é importante que você leve para a sua prova o seguinte:

z É crime comum, que pode ser praticado por qualquer indivíduo;


z Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;
z Admite-se a modalidade tentada;
z É crime subsidiário, não respondendo o agente por ele se o fato constituir elemento de crime mais grave.

Os crimes a seguir apresentam condutas bastante parecidas. Cuidado para não as confundir:

Falsificação de documento Público Uso de documento falso


ou Particular
Conduta: fazer uso de qualquer
Conduta: falsificar, no todo ou dos papéis falsificados ou
em parte, documento público ou alterados, a que se referem
particular ou alterar documento os arts. 297 a 302 (incluindo
público ou particular verdadeiro documento público ou particular)

Falsa identidade
Conduta: atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar


dano a outrem

Uso de documento de identidade alheio


Conduta: usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou
qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
documento dessa natureza, próprio ou de terceiro

Fraude de Lei sobre Estrangeiro

Art. 309 Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: 311
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Trata-se de crime bastante parecido com o crime de falsa identidade, porém, com este não se confunde.

DIFERENÇAS

Falsa identidade Fraude de Lei sobre Estrangeiro

Crime comum, que pode Finalidade específica: ob- Crime próprio, que só Finalidade específica: en-
ser praticado por qualquer ter vantagem, em proveito pode ser praticado pelo trar ou permanecer no ter-
pessoa próprio ou alheio, ou para estrangeiro ritório nacional
causar dano a outrem

Este crime apresenta uma modalidade qualificada, que irá se configurar quando o agente atribuir a estrangei-
ro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional.

Forma Simples

z Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:

„ Detenção, de um a três anos, e multa.

Forma Qualificada

z Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional.

„ Reclusão, de um a quatro anos e multa.

Sobre esse crime, é importante que você leve em consideração as seguintes informações:

z É crime próprio;
z Não admite a modalidade culposa – só poderá ser praticado dolosamente;
z Exige finalidade especial de agir (dolo específico):

„ Forma simples: entrar ou permanecer no território nacional;


„ Forma qualificada: promover a entrada do estrangeiro no território nacional.

z Não admite a modalidade tentada;


z Caso o estrangeiro tente entrar ou permanecer no território nacional utilizando-se de documento falso, irá
responder pelo art. 304 do Código Penal (uso de documento falso);
z Caso pratique as duas condutas, irá responder pelos crimes em concurso.

Art. 310 Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos
casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Esse crime tipifica a conduta daquele que figura como “laranja” de estrangeiro, que age como proprietário ou
possuidor de valores, ações ou títulos que, na verdade, pertencem a um estrangeiro, já que a lei proíbe a este a
propriedade ou a posse.
Por exemplo, a Constituição Federal estabelece que a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, não podendo o
estrangeiro ser proprietário de uma dessas empresas.
Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a figurar como proprietário de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
A conduta praticada por Augusto configura o tipo penal previsto no art. 310 do CP, podendo ele ser incurso nas
penas de detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Sobre o crime previsto no art. 310, é importante levar em consideração:

z É crime próprio, que só poderá ser praticado por brasileiro, seja nato ou naturalizado;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z É necessário que o agente saiba que a propriedade ou posse dos bens seja proibida por lei ao estrangeiro (lem-
bre-se que o crime não admite a forma culposa);
312 z Admite tentativa.
Adulteração de Sinal Identificador de Veículo Esse tipo penal foi editado para proteger a lisura
Automotor dos certames de interesse público.

Art. 311 Adulterar ou remarcar número de chassi


ou qualquer sinal identificador de veículo automo- Fraudes em certames de interesse público
tor, de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da fun- Conduta: utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim
ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
de um terço. credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de
§ 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público
que contribui para o licenciamento ou registro do veícu-
lo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente
Processo
material ou informação oficial. Exame ou
seletivo
Avaliação processo
Concurso para
ou exame seletivo
público ingresso
públicos previstos em
Importante! no ensino
lei
superior
Esse crime apresenta uma causa de aumento de
pena, ou seja, a pena será aumentada de um ter-
ço se o agente cometer o crime no exercício da O crime de fraude em certames de interesse público
função pública ou em razão dela. apresenta uma forma equiparada, uma forma qualifi-
cada e uma forma majorada (com aumento de pena):

Incorrerá nas mesmas penas (forma equiparada) o z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
funcionário público que contribui para o licenciamento agente que permite ou facilita, por qualquer meio,
ou registro do veículo remarcado ou adulterado, forne- o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
cendo indevidamente material ou informação oficial. ções sigilosas relacionadas a concurso público;
Neste caso, trata-se de crime próprio, que só pode- avaliação ou exame públicos; processo seletivo
rá ser praticado pelo funcionário público. para ingresso no ensino superior; ou exame ou
Sobre o crime de adulteração de sinal identifi- processo seletivo previstos em lei;
cador de veículos, atente-se ao seguinte: z Forma qualificada: se da ação ou omissão resul-
tar dano à Administração Pública;
z Em regra, é crime comum, que pode ser praticado z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3
por qualquer pessoa; (um terço) se o fato é cometido por funcionário
z O aumento de pena aplicável no caso de ser pra- público.
ticado no exercício da função ou em razão dela e
à forma equiparada, que constitui crime próprio; Sobre este crime, é importante ficar atento às
z Trata-se de crime instantâneo; seguintes informações:
z Este crime não é permanente. Portanto, a sua con-
z Esse crime se aplica a certames de interesse públi-
duta não se prolonga no tempo;
co de maneira geral, e não apenas a concursos
z Não admite a modalidade culposa – só será prati-
públicos em sentido estrito;
cado com dolo;
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
z Não exige dolo específico;
quer pessoa.
z Admite a modalidade tentada.
É comum acharem que se trata de crime próprio,
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE que só pode ser praticado por funcionário público.
PÚBLICO Não é crime próprio. Na verdade, para esse crime,
a condição de funcionário público não é elementar,
Fraudes em Certames de Interesse Público constituindo, contudo, causa de aumento de pena de
1/3 (um terço).
Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o Vejamos os pontos importantes desse crime:
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
I - concurso público; praticado dolosamente;
II - avaliação ou exame públicos; z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe- beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
rior; ou
credibilidade do certame;
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
mera divulgação ou utilização das informações
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
autorizadas às informações mencionadas no caput. ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à adminis- a credibilidade do certame público;
tração pública: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
§ 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é das informações sigilosas devidamente (com justa
cometido por funcionário público. causa), não há que se falar na prática deste crime. 313
z Emprego público, por sua vez, é o vínculo regido pela
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO CLT entre o trabalhador e a Administração;
PÚBLICA z Função pública é tratada de forma residual, abar-
cando todas as demais pessoas que exercem algum
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS tipo de função de natureza pública. Assim, pode-
PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL mos citar como exemplo os jurados, os mesários, o
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem tabelião, o estagiário, dentre outros.
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma
probidade administrativa.
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes
Os crimes praticados por funcionário público con-
tra a administração em geral são chamados de crimes praticados por funcionário público contra a adminis-
funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati- tração em geral. Observe:
cados contra a administração pública por indivíduo
Art. 327 [...]
que se encontra investido em uma função pública. São
divididos em funcionais próprios ou puros e funcio- § 2º A pena será aumentada da terça parte quan-
nais impróprios ou impuros. do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
Os crimes funcionais próprios são aqueles que lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio- função de direção ou assessoramento de órgão da
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor- administração direta, sociedade de economia mis-
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta. ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
Vejamos que a conduta que define o crime de pre- poder público.
varicação será atípica caso não seja praticada por um
funcionário público. É importante saber que a pena não será aumen-
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que tada caso o funcionário público ocupe cargo em
serão desclassificados para outras infrações penais comissão ou função de direção ou assessoramento em
caso não sejam praticados por funcionários públicos. autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma de que o nosso ordenamento jurídico não admite a
hipótese de atipicidade relativa. analogia para prejudicar o agente.
Já a conduta que define o crime de peculato-furto, Os crimes funcionais admitem a coautoria de par-
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi- ticular, sendo possível que este venha a ser responsa-
ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
bilizado por delito funcional contra a administração
por um funcionário público.
pública, desde que pratique a infração penal em concur-
O Código Penal, em seu § 1º, do art. 327, traz o
conceito do que se entende por funcionário público. so com funcionário público e conheça esta qualidade.
Vejamos: Vamos exemplificar: José, funcionário público, con-
vida seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraí-
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os rem um computador na repartição pública que aquele
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou trabalha. O funcionário público obteria facilidades para
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- praticar o crime, já que havia ficado com a chave da
ção pública. repartição naquele período. No dia determinado, os
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce
agentes vão ao local e subtraem o computador.
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
e quem trabalha para empresa prestadora de ser-
viço contratada ou conveniada para a execução de responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas
atividade típica da Administração Pública. características a seguir), já que praticaram a conduta em
concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
A Lei de Improbidade Administrativa também traz funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
um conceito de funcionário público. Veja o que dispõe necessário que eles conheçam a condição).
o art. 2º, da Lei nº 8.429, de 1992: Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos
crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran-
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
cionário público.
nomeação, designação, contratação ou qualquer Em regra, não podem serem praticados por qual-
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, quer pessoa, entretanto, admitem a participação e a
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- coautoria, bem como a autoria mediata.
das no artigo anterior. Observe que o particular sozinho não pratica cri-
me funcional, mas, se unido com outro funcionário
Veja que aqueles que exercem atividade transi- público, também responderá pelo delito.
tória, mesmo sem remuneração, também são con- Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
siderados funcionários públicos. Logo, o mesário de ação, prevista nos arts. 29 e 30 do CP, na qual “todo
eleição, por exemplo, é funcionário público para efei- aquele que concorre para o crime responde para o
tos penais, à medida que exerce uma função pública. mesmo crime”.
O art. 327 do CP faz menção a cargo público,
Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
emprego público e função pública, vamos distinguir:
por peculato o particular que, a mando do funcionário
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- público subtrai bens da repartição pública. Igualmente,
ra e número certo, além de possuir como instru- enquadra-se na corrupção passiva a mulher do funcio-
314 mento vinculativo o estatuto; nário público que instiga o marido a aceitar a propina.
Peculato
Importante!
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
É importante que você saiba que parte mino-
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
co ou particular, de que tem a posse em razão do
ritarária da doutrina defende que, para que se
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: configure o peculato-desvio, não é necessário a
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. intenção de assenhoramento (apoderar-se) por
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi- parte do funcionário público, podendo se confi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou gurar com o mero uso irregular da coisa pública,
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo Com base no que foi exposto, é importante men-
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o cionar que o peculato de uso, em regra, é considerado
crime de outrem: figura atípica.
Pena - detenção, de três meses a um ano. Segundo Cleber Masson,
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a o uso momentâneo de coisa infungível, sem a inten-
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a ção de incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de
pena imposta. terceiro, seguido da sua integral restituição a quem
de direito é atípico.
O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
dividido da seguinte forma: É necessário sabermos o que se trata de infungível.
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis
z Peculato-apropriação; que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
z Peculato-desvio;
O Código Civil não define os bens infungíveis,
z Peculato-furto;
mas podemos compreender que são os bens que não
z Peculato culposo;
podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
z Peculato mediante erro de outrem.
quantidade e qualidade.
É importante mencionar que é necessário, para
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
para o crime de peculato: o bem seja infungível e não consumível, a exemplo
de um carro oficial ou de um computador.
z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio; Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
z Impróprio: peculato-furto. do dinheiro, a conduta será típica.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for
O peculato-apropriação irá se configurar quando praticada por Prefeito, o fato será típico, independen-
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor temente da natureza do bem, por expressa previsão
ou qualquer outro bem móvel, público ou particu- legal no art. 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/1967.
lar, de que tem a posse em razão do cargo, como por O Peculato-furto irá se configurar quando o fun-
exemplo, vereador que se apropria de bens (aparelho cionário público, embora não tendo a posse do dinhei-
de celular, notebook) do qual tem posse em razão do ro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja
cargo (eletivo) que ocupa. subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
É muito importante que você fique atento, em rela- de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
ção ao peculato-apropriação, ao seguinte: funcionário.
O peculato-furto pode ser praticado de duas
formas:
z Para que se configure, é necessário que o agente
tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
z O bem pode ser público ou particular (imagine um
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
objeto particular apreendido numa delegacia de
valor ou bem.
polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É importante mencionar que:


tudo, no caso de bem particular, o dono do bem
também será sujeito passivo do delito. z Para que se configure este crime, é necessário que
o funcionário público não tenha a posse da coisa;
O peculato-desvio irá se configurar quando o z O primeiro é o verbo subtrair, que é o fato de o
funcionário público desviar, em proveito próprio ou bem ser arrebatado pelo próprio funcionário
alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público;
público ou particular. z O segundo é o verbo concorrer, que significa indu-
Segundo posicionamento majoritário, apesar de zir, instigar ou auxiliar uma outra pessoa a reali-
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- zar a subtração, como por, exemplo, o funcionário
trário, para que se configure o peculato-desvio, é público que distrai os demais para que o seu ami-
necessário que o bem seja desviado para integrar o go, que é ladrão, ingresse na repartição com o obje-
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- tivo de surrupiar os bens;
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra z Para que se configure o peculato-furto é necessário
mero desvio de finalidade. que o ato seja doloso; 315
z A qualidade de funcionário público deve acarretar Sobre o peculato culposo, é importante saber que no
alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso § 3º do art. 312, do CP, dispõe que:
não haja facilidade, o agente responderá por furto
normalmente. z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
poso ocorrer antes da sentença transitar em julga-
Vamos trazer dois exemplos:
do, extingue a punibilidade;
Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Certo dia,
na hora de sair, valendo-se do fato de estar sozinho na z Se a reparação do dano resultante do peculato cul-
repartição, ele subtrai um notebook do órgão público. poso ocorrer após a sentença transitar em julgado,
Está, certamente, configurado o crime de peculato-fur- a pena será reduzida da metade.
to, já que a condição de funcionário público do servi-
dor foi uma facilidade para que ele subtraísse o bem. O peculato mediante erro de outrem está previs-
Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tri- to no art. 313, do CP, configurando-se quando o funcio-
bunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma nário público se apropriar de dinheiro ou qualquer
escola que se encontra próxima à sua casa, Michele utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos de outrem.
aberta, estando próximo um aparelho celular da esco- Parte da doutrina chama esta modalidade de
la. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não peculato-estelionato.
há que se falar em peculato-furto, já que a qualidade Sujeito ativo é o funcionário público que, por erro
de funcionária pública de Michele em nada contribuiu de outrem toma posse de um bem móvel, em razão da
para a prática da subtração, podendo qualquer pessoa, função, apropriando-se deste. O terceiro que induz o
na mesma situação, praticar essa conduta delituosa. funcionário a apropriar-se do bem que recebeu por
Dessa forma, Michele responderá pelo crime de furto. erro será partícipe deste delito de peculato mediante
Observe que:
erro.
z Admite a modalidade tentada, já que se trata de O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequente,
crime plurissubsistente (atos múltiplos, ou seja, o isto é, posterior ao recebimento da coisa.
autor entra no local subtrai a coisa); Num primeiro momento, o funcionário público
z O bem subtraído pode ser público ou particular; toma posse do bem de boa-fé, sem constatar o erro
z O sujeito passivo é a administração pública. Caso alheio, mas posteriormente, após detectar o erro,
o bem seja particular, também será sujeito passivo apropria-se da coisa.
da infração penal o dono do bem; É importante levar em consideração as seguintes
z É crime material. características do crime de peculato mediante erro de
outrem:
O peculato culposo, previsto no § 2° art. 312 confi-
gura-se quando o funcionário público concorre culpo-
samente para o crime de outrem. z É crime material, que se consuma quando o agen-
Dos crimes praticados por funcionário público te inverte a propriedade do dinheiro ou outra uti-
contra a administração em geral, o peculato é o úni- lidade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
co que prevê expressamente a possibilidade de ser por erro de outra pessoa, passando a agir como se
cometido na modalidade culposa. dono fosse;
No peculato culposo, o funcionário público não z Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
tem intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, dade tentada;
acaba concorrendo para a subtração da coisa. z O funcionário público deve receber a coisa em
Neste sentido, Damásio ensina que no peculato razão do cargo que exerce;
culposo podem ocorrer as seguintes situações: z O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
bem seja particular, também será sujeito passivo o
z Um funcionário, por culpa, concorre para que
outro funcionário cometa peculato (caput ou §1º); dono do bem;
z Um funcionário, por culpa, concorre para que outro z Parte da doutrina entende que se a pessoa for
funcionário ou um particular cometam o fato; e induzida ao erro, irá se configurar o crime de este-
z Um funcionário, por culpa, concorre para que um lionato, previsto no art. 171, do CP, sendo neces-
particular cometa o fato (furto etc.). sário, portanto, para caracterização do crime de
peculato mediante erro de outrem, que a vítima
Vejamos agora outro exemplo prático: José, agente entregue a coisa por erro próprio.
de polícia legislativa, esquece, por omissão, já que que-
ria assistir a um jogo de futebol, de trancar uma porta da Inserção de dados falsos em Sistemas de
Câmara Legislativa do Distrito Federal, ao qual somente Informação
ele tem acesso. No ambiente em que a porta se encon-
tra, há vários objetos de valor considerável para o Poder O crime de inserção de dados falsos em sistemas
Legislativo distrital. João, também policial legislativo, de informação está previsto no art. 313-A do CP.
aproveitando-se do fato de a porta estar aberta, ingressa
no local e subtrai uma câmera fotográfica. Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
Neste exemplo, José poderá ser responsabiliza- zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
do criminalmente pelo crime de peculato culposo, já indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
que concorreu culposamente para o crime de outrem matizados ou bancos de dados da Administração
(peculato-furto de João). O agente foi omisso ao deixar Pública com o fim de obter vantagem indevida para
de trancar a porta, fator que contribuiu para a prática si ou para outrem ou para causar dano:
316 da subtração. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Modificação ou alteração não autorizada de Sistemas
Importante! de Informação
Inserção de dados falsos em sistemas de infor- O crime de modificação ou alteração não autori-
mação é chamado de peculato eletrônico. zada de sistemas de informação está previsto no art.
313-B, do Código Penal.
Sujeito ativo é apenas o funcionário público auto- Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário, sis-
rizado a inserir ou excluir dados do sistema. Outros tema de informações ou programa de informáti-
funcionários, que não dispõem desta competência, ca sem autorização ou solicitação de autoridade
respondem pelo crime do art. 313-B do CP. competente:
A fraude no sistema informatizado ou em bancos Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,
de dados pelo funcionário competente, para obter e multa.
vantagem para si ou para outrem, caracteriza o delito Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
em análise, sendo que o estelionato, por ser um crime terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para
menos grave, é absorvido.
o administrado.
A conduta que define este tipo penal é a seguinte:
Este tipo penal irá se configurar quando o agente
z Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
modificar ou alterar sistema de informações ou pro-
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir grama de informática sem autorização ou solicitação
indevidamente dados corretos nos sistemas infor- de autoridade competente.
matizados ou bancos de dados da Administração Caso o funcionário público seja autorizado ou pra-
Pública com o fim de obter vantagem indevida tique a conduta por solicitação da autoridade compe-
para si ou para outrem ou para causar dano. tente, o fato será atípico.
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um
Para que este crime se configure, é necessário que terço) até metade: caso da modificação ou alteração
as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas resulte dano para a Administração Pública ou para o
por funcionário público autorizado a operar os siste- administrado.
mas informatizados ou bancos de dados da adminis- Fique atento às diferenças entre os tipos penais
tração pública. do crime de inserção de dados falsos em sistemas de
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal informação e do crime de modificação ou alteração
descreve vários verbos que podem ser praticados não autorizada de sistemas de informação.
para a sua configuração.
Condutas: z Inserção de dados falsos em Sistemas de Informação:

z Inserir dados falsos; „ Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar,


z Facilitar a inserção de dados falsos; excluir indevidamente;
z Alterar dados corretos; „ Deve ser praticado por funcionário autorizado;
z Excluir indevidamente dados corretos. „ Exige dolo específico de obter vantagem indevi-
da ou de causar dano.
É necessário, para a tipificação do delito, que as
z Modificação ou alteração não autorizada de Siste-
condutas acima sejam realizadas em sistema informa-
mas de Informação:
tizado (computador) ou bancos de dados (fichários,
livros ou outro meio físico) da Administração Pública.
„ Verbos: modificar ou alterar;
„ Se praticado por funcionário autorizado, será
z Objeto Material: Sistemas informatizados ou ban-
fato atípico;
cos de dados da Administração Pública. „ Não exige dolo específico.
z Finalidade (dolo específico):
Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou
„ Obter vantagem indevida para si ou para outrem; Documento
„ Causar dano.
Está previsto no art. 314 do Código Penal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico,


que consiste no fim de obter vantagem indevida para Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
si ou para outrem ou causar dano à Administração mento, de que tem a guarda em razão do cargo;
Pública ou a uma terceira pessoa. sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Sem esta finalidade de obter vantagem ou causar Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
dano, haverá o crime do art. 313-B do CP. constitui crime mais grave.
O crime consuma-se com a conduta, independen-
temente do resultado. Trata-se de crime formal, que Este crime se configurará quando o agente extra-
viar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme-
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
jado não se verifique. total ou parcialmente.
Admite-se a tentativa na hipótese de o agente ser Os núcleos do tipo são os verbos extraviar (fazer
surpreendido antes de ultimar a conduta, por exem- desaparecer), sonegar (não apresentar) e inutilizar
plo, agente é flagrado quando iniciava a supressão dos (tornar imprestável).
dados corretos. Sobre este crime, é importante que você saiba: 317
z Trata-se de crime subsidiário (o crime fica absorvi- z Não exige a ocorrência de dano pela administra-
do quando o fato constitui crime mais grave), res- ção pública para a sua configuração.
pondendo por ele, o funcionário público, apenas se
não se configurar crime mais grave; Concussão
z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa; Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
z O extravio, a sonegação e inutilização podem ser indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
parciais ou totais. assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Sujeito ativo é apenas o funcionário público res-
ponsável pela guarda do livro oficial ou documen-
No crime de concussão, o funcionário público,
to. Se a conduta for praticada por outro funcionário
público o crime será o previsto no art. 337 do CP. Caso valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais
seja praticado por advogado ou procurador, que inu- forte do que apenas pedir) o pagamento de vantagem,
tiliza documento ou objeto do processo, o enquadra- não devida pela pessoa. O particular, por temer qual-
mento será no art. 356 do CP. quer represália por parte do funcionário público pode
O delito em estudo é subsidiário, pois só será apli- ou não pagar a vantagem indevida.
cado se não houver outro crime mais grave. Vamos exemplificar: funcionário público, agen-
Assim, o funcionário público que recebe dinheiro te de trânsito, exige de particular a quantia de R$
para destruir livro ou documento responderá apenas 2.000,00 para que libere o seu veículo, sob pena de
pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave. levá-lo indevidamente ao pátio do Detran.
Por fim, quando se tratar de livros ou documentos A vantagem indevida, segundo posicionamento
relativos a tributos, o funcionário que tinha a guarda majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
e praticou uma das condutas acima, responderá pelo ser qualquer outra vantagem.
crime do art. 3º, I, da Lei nº 8.137/1990, quando o fato É importante mencionar que a concussão se dará
acarretar pagamento indevido ou inexato de tributo. em razão da função do agente público, não se exigindo
que o fato seja praticado no efetivo desempenho das
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser
Previsto no art. 315, do CP, o crime de emprego irre- cometido por funcionário público de férias e, segundo
gular de verbas ou rendas públicas irá se configurar a doutrina dominante, nomeado, mas não empossado
com a prática da seguinte conduta. (antes de assumi-la).
A violência ou grave ameaça (morte, prisão) não
Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica- são elementos integrantes do crime de concussão.
ção diversa da estabelecida em lei: Se o funcionário público exigir o pagamento de
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. vantagem indevida, mediante violência ou grave
ameaça, estará cometendo o crime de extorsão, pre-
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res- visto no art. 158 do Código Penal.
pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
Decreto nº 201/1967. Sobre a concussão, é importante que você
Exige que o emprego irregular se dê em benefí- conheça as seguintes informações, frequentemen-
cio da própria administração pública, contrariando a te cobradas em prova: não pode ser praticada na
legislação, não podendo o agente desviar as verbas ou modalidade culposa;
rendas em benefício próprio, sob pena de responder
por outro crime.
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do
prática da exigência, sendo o recebimento da van-
Município XYZ aprova a utilização de um milhão de
tagem mero exaurimento do crime; o particular,
reais para construção de uma passarela. A autoridade
pública competente utiliza a verba mencionada para de quem se exigiu a vantagem indevida, é sujeito
a construção de uma escola. passivo secundário deste crime. A administração
Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular pública é o sujeito passivo primário.
de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
„ Em regra, não admite a tentativa, salvo quando
públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei.
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo
Observe que a destinação da verba se deu no inte-
da concussão praticada mediante carta endere-
resse da administração, já que, caso se dê em benefí-
çada à vítima;
cio próprio, o agente responderá por outro crime.
É importante mencionar a aplicação da excludente „ É possível se praticar a concussão indiretamen-
de ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego te, quando, por exemplo, o funcionário público
se dê devido a uma situação de perigo iminente (uti- exige a vantagem indevida por intermédio de
lizou-se verba pública destinada ao esporte, para se outra pessoa.
construir um abrigo durante perigo de chuvas que
É importante diferenciar concussão e corrupção
desabrigaram grande parte da população), o fato será
passiva:
típico, mas não será antijurídico.
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas
públicas, é importante mencionar: Tem no núcleo do tipo
o verbo “exigir”, há um
z Este crime será praticado pelo funcionário público caráter intimidativo na
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren- CONCUSSÃO conduta
das públicas, podendo delas dispor;
z Não exige nenhum fim específico; O ato de exigir é algo
z Não admite a modalidade culposa; impositivo
318 z Admite a tentativa;
Tem os verbos “solicitar Sobre o excesso de exação, é importante
ou receber, ou aceitar” mencionar:

z Não admite a modalidade culposa, pois a expres-


Solicitar é pedir, o que,
são “que sabe” é dolo direto, e a expressão “devia
portanto, não pressupõe
saber” é dolo eventual;
intimidação
z Admite a tentativa quando for possível fracionar o
CORRUPÇÃO PASSIVA
iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati-
Receber e aceitar pressu-
cado mediante carta endereçada à vítima;
põem uma conduta ativa z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
do particular, ou seja, de outrem, o que recebeu indevidamente para
além de não ocorrer inti- recolher aos cofres públicos, responderá por
midação, há uma conduta excesso de exação na modalidade qualificada.
inicial do terceiro
Quando observamos a forma qualificada do exces-
Excesso de Exação so de exação, é possível compreender que o tipo penal
previsto no § 1º não exige que o funcionário público
O excesso de exação, previsto no § 1º, do art. 316, tenha a intenção de ficar para si ou para outro aquilo
do CP, é uma forma de concussão. que recebeu. Caso o faça, responderá pelo crime na
forma qualificada.
Art. 316 [...] Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun-
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição cionário público pratique a conduta visando obter a
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan- vantagem indevida para si ou para outrem, constituin-
do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou do-se, assim, elemento de distinção entre os tipos penais.
gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Corrupção Passiva

Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para


Exação significa correção, exatidão. outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
São dois os delitos que recebem o nome de excesso função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
de exação: vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
z Exigência indevida de tributo ou contribuição social; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
z Cobrança devida de tributo ou contribuição social, § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
mas de forma vexatória ou gravosa. sequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
o pratica infringindo dever funcional.
O núcleo do tipo é o verbo exigir que, diferente-
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
mente do crime de concussão, não se atrela à intimi- retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
dação, mas, sim, à simples cobrança indevida. cedendo a pedido ou influência de outrem:
A cobrança é indevida quando o tributo ou con- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
tribuição social não existe ou então já foi pago, bem
como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-
valor maior que o devido. pria ou imprópria, antecedente ou subsequente.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste Corrupção passiva:
no fato de o agente ter consciência ou dúvida, que se
trata de uma cobrança indevida. z Própria: Quando o funcionário público pratica os
Na segunda modalidade criminosa, cobrança verbos do tipo penal para praticar ato ilícito, por
vexatória ou gravosa, o tributo ou contribuição social exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para
é devido. O problema reside no modus operandi da retardar o cumprimento do mandado de citação;
cobrança, que é feita de forma vexatória, humilhante, z Imprópria: Quando o funcionário público pratica
ou gravosa, vale dizer, com a imposição de medidas os verbos do tipo penal para praticar ato lícito, por
totalmente desnecessárias. exemplo, escrevente solicita dinheiro para que a
O crime se consuma com a simples cobrança vexa- certidão seja expedida dentro do prazo;
tória ou gravosa, independentemente do recebimento. z Antecedente: Quando a vantagem indevida é
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- entregue ao funcionário público antes de sua ação
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir- ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta indevida para prolatar sentença absolutória;
antes que a vítima tomasse conhecimento. z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
Vejamos: entregue ao funcionário público depois de sua
José, funcionário público da prefeitura do Municí- ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca vantagem indevida ao réu.
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte Observe que a corrupção passiva pode ser direta
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os ou indireta:
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura.
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo z Direta: quando é o próprio funcionário público
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
gurando-se, assim, o excesso de exação. gem indevida; 319
z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con- z Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resul-
luio com o funcionário público, solicita, recebe tados, porém dirige sua conduta na realização de
ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse um deles. Quer um resultado, mas aceita o outro.
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
público responderão por corrupção passiva. Observa-se que o crime se consuma com a primei-
ra conduta que facilita o contrabando ou descaminho,
Entende a doutrina majoritária que o mero pre- ainda que não haja efetivamente a entrada ou saída
sente recebido pelo funcionário público, por grati- da mercadoria do território nacional.
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de
Trata-se de crime formal, pois se consuma com a
natal, não configura o crime de corrupção passiva.
A vantagem indevida, segundo posicionamento conduta, independentemente da ocorrência do con-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo trabando ou descaminho.
ser qualquer outra vantagem. Admite-se a tentativa quando o agente se empenha
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração que: para realizar a conduta de facilitar o contrabando ou
descaminho, mas é surpreendido antes de concluí-la.
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; É possível se extrair da leitura do tipo penal que
z Trata-se de crime formal, quando praticada por o crime será praticado pelo funcionário público que
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que tem o dever funcional de evitar a prática dos crimes
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi- de contrabando e descaminho.
mento da vantagem mero exaurimento do crime; A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
z Quando praticada por meio do verbo receber, é
nário público não tenha o dever funcional de evitar
crime material, que exige o efetivo recebimento
a prática do contrabando ou descaminho, responderá
para se consumar (art. 317, § 2º, do CP)
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for como partícipe do crime de contrabando ou do crime
possível fracionar o iter criminis, a exemplo da cor- de descaminho.
rupção passiva praticada mediante emprego de carta;
Sobre este crime, é pertinente saber:
O particular que paga a vantagem indevida soli-
citada pelo funcionário público não pratica crime z Pode ser praticado de forma comissiva (quando o
algum, por falta de tipicidade penal. funcionário indica uma forma de o contrabandista
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada. desviar-se da fiscalização), ou omissiva (quando o
Observe que na corrupção passiva privilegiada funcionário, ciente de que há produto de descami-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de nho em um compartimento, não o inspeciona, libe-
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com rando as mercadorias);
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. z Não admite a modalidade culposa;
A pena da corrupção passiva será aumentada de 1/3 z É crime formal, que se consuma com a facilitação,
(um terço) se, em consequência da vantagem ou promes- independente ou não de o agente conseguir prati-
sa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer car o contrabando ou o descaminho;
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. z Admite a tentativa somente na forma comissiva,
quando o funcionário público indica o método
Dica de se desviar da fiscalização, mas outro servidor
impede o desvio;
Não seja surpreendido por pegadinhas em prova:
a corrupção passiva e a concussão diferenciam- z A competência é da Justiça Federal.
-se nos verbos que configuram o tipo penal incri- Prevaricação
minador. Corrupção passiva: solicitar, receber ou
aceitar promessa. Concussão: exigir. Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
Facilitação de Contrabando ou Descaminho expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal:
O crime de facilitação de contrabando ou descami-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
nho está previsto no art. 318, do CP. Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
Art. 318 Facilitar, com infração de dever funcional, agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
z Contrabando é a exportação ou a importação do Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
território nacional de uma mercadoria proibida;
z Descaminho é a exportação ou importação do territó- O crime de prevaricação é dividido em:
rio nacional de uma mercadoria lícita, mas mediante
sonegação dos direitos ou impostos devidos. z Própria : prevista no art. 319 do Código Penal;
z Imprópria : prevista no art. 319-A do Código Penal.
O núcleo do tipo é o verbo facilitar, que significa viabi-
lizar, tornar mais simples o contrabando ou descaminho.
O crime em estudo não se confunde com a corrup-
O elemento subjetivo é o dolo que pode ser direto
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
ou eventual.
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Lembre-se:
Na prevaricação não existe este pedido ou influên-
z Dolo direto (determinado): ocorre quando o cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
agente prevê determinado resultado, dirigindo satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
sua conduta na busca de realizar esse mesmo um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu-
320 resultado; laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, A doutrina majoritária entende que o crime de
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- condescendência criminosa só pode ser praticado por
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. superior hierárquico.
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for- Você pode entender indulgência como compaixão,
mas diferentes: pena, piedade.
Há um requisito que deve ser cumprido para a
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício; prática da condescendência criminosa: uma infração
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício; funcional (que pode ser uma violação administrativa
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei. ou penal) praticada por subordinado no exercício das
atribuições do seu cargo.
O crime de prevaricação exige um fim específico Sobre a condescendência criminosa, saiba:
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Você pode entender interesse ou sentimento pes- z Não admite a forma culposa;
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, z É crime omissivo;
amizade, preguiça, entre outros. z Não admite tentativa.
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
Como é possível observar, os crimes de corrupção
passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
z Não admite a forma culposa;
criminosa possuem características similares.
z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
Vejamos as diferenças:
deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
z Admite tentativa apenas quando praticado de for- z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente dei-
ma comissiva. xa de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou
z � Tentativa na prevaricação: influência de outrem;
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
„ Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal;
ato de ofício: não admite tentativa; z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
„ Praticar ato de ofício contra disposição expres- praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
sa de lei: admite tentativa. A prevaricação no) por indulgência.
imprópria configurar-se-á quando o diretor
Advocacia Administrativa
de penitenciária e/ou agente público deixar de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso O crime de advocacia administrativa, previsto no
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
permita a comunicação com outros presos ou lidade simples ou qualificada.
com o ambiente externo.
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica- resse privado perante a administração pública,
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário valendo-se da qualidade de funcionário
público que tem o dever funcional de impedir que o Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
preso tenha acesso a aparelho de comunicação com
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
outros presos ou com o ambiente externo.
multa.
Sobre a prevaricação imprópria, é importante
ressaltar: z Modalidade simples: configura-se quando o fun-
cionário público patrocinar, direta ou indireta-
z Não admite a forma culposa; mente, interesse privado perante à administração
z Não admite tentativa. pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

Condescendência Criminosa É necessário que a condição de funcionário públi-


co proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que
A condescendência criminosa está prevista no art. patrocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso
320 do Código Penal. não haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo,
o fato será atípico.
O agente pode praticar este crime de diversas
Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de
maneiras, como, por exemplo, fazendo uma petição
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

responsabilizar subordinado que cometeu infração


solicitando um benefício;
no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-
tência, não levar o fato ao conhecimento da autori- z Modalidade qualificada: o crime de advocacia
dade competente: administrativa será qualificado caso o interesse
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
privado seja ilegítimo.
Este crime pode ser praticado de duas formas: z Forma simples: interesse privado legítimo;
z Forma qualificada: interesse privado ilegítimo.
z Quando o funcionário público, por indulgência,
deixa de responsabilizar o subordinado que come- Sobre a advocacia administrativa, leve isso
teu infração no exercício do cargo; para sua prova:
z Quando o funcionário público, que não é compe-
tente para responsabilizar aquele que cometeu z Não admite a modalidade culposa;
infração no exercício do cargo, por indulgência, z É crime formal, que se consuma com a conduta,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade não se exigindo que se atinja o interesse priva-
competente. do pleiteado; 321
z Segundo doutrina majoritária, admite tentativa z Se o fato resulta prejuízo público;
quando for possível se fracionar o iter criminis. z Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
de fronteira.
Violência Arbitrária
Cabe destacar a faixa de fronteira. Essa qualifi-
Art. 322 Praticar violência, no exercício de função
cadora é uma norma penal em branco, visto que a
ou a pretexto de exercê-la.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
definição da faixa de fronteira é fornecida pela Lei
pena correspondente à violência. nº 6.634/1979, compreendendo um raio de 150 (cen-
to e cinquenta) quilômetros ao longo das fronteiras
Na vigência da antiga Lei de abuso de autoridade, nacionais.
encontrávamos alguns posicionamentos jurispruden- O fundamento desta qualificadora é a proteção à
ciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo que este soberania nacional que, nas fronteiras, torna-se mais
crime continua em vigência. vulnerável.
Agora, a nova Lei de Abuso de Autoridade admite a Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele-
possibilidade de aplicação subsidiária do art. 322, do CP. vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo determi-
A prática da violência deve se dar em razão da nado. Entende a doutrina que o prazo será fixado pelo
função pública, não havendo a exigência de que seja estatuto a que estiver submetido o funcionário público.
praticado no efetivo desempenho das funções do Sobre o crime de abandono de função, leve para
cargo, podendo, portanto, ser praticada, por exemplo, a sua prova:
por um funcionário público que se encontre de folga.
O agente que fizer uso de violência arbitrária res- z É crime omissivo;
ponderá por este crime e pelo crime correspondente à z Não admite tentativa;
violência praticada. z Só pode ser praticado dolosamente – não admite
Apesar da divergência existente sobre a revogação a culpa.
ou não deste tipo penal, leve em consideração que:

z A violência arbitrária não admite a forma culposa, Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
devendo ser praticado dolosamente; Prolongado
z Admite tentativa;
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o Este crime está previsto no art. 324, do CP.
administrado contra o qual é praticada a violência
arbitrária; Art. 324 Entrar no exercício de função pública
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente, antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
de uso necessário e progressivo da força, admiti- oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
dos em lei. tuído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Abandono de Função
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao
O crime de abandono de função está tipificado no seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
art. 323, do CP. função pública afeta a prestação de serviços públicos.
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
Este crime pode ser praticado de duas formas:
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: „ Entrar no exercício de função pública antes de
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. satisfeitas as exigências legais;
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na „ Continuar a exercer a função pública, sem auto-
faixa de fronteira: rização, depois de saber oficialmente que foi
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. exonerado, removido, substituído ou suspenso.
É exigido que o funcionário público tenha sido
A conduta típica é a de abandonar cargo público, oficialmente comunicado sobre sua exonera-
fora dos casos permitidos em Lei. ção, remoção, substituição ou suspensão.
O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É Observe que no exercício funcional ilegalmente
importante que você saiba que o conceito de função antecipado ou prolongado somente pode ser prati-
pública é mais amplo que o de cargo público (não há cado por funcionário público já nomeado, mas ainda
cargo sem função, mas há função sem cargo). sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero ou então pelo indivíduo que era funcionário público,
abandono de função pública (apesar do nome) ou de porém deixou de ser em razão de ter sido oficialmente
emprego público, mas tão somente no caso de aban- exonerado, removido, substituído ou suspenso (parte
dono de cargo público (não se admite a analogia in final).
malam partem). Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria,
De acordo com posicionamento doutrinário majoritá- de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal. somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
As hipóteses em que o agente abandona o cargo te indicada no tipo penal.
público, admitidas em Lei, não configuram o crime de Se um particular entrar no exercício da função
abandono de função. pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa-
O crime de abandono de função tem circunstân- ção de função pública (art. 328 do CP).
322 cias que o qualificam: Sobre o tipo penal em comento, é importante saber:
z Não admite a forma culposa; A doutrina dominante entende que o crime de vio-
z Admite tentativa. lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
Violação de Sigilo Funcional
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
O crime de violação de sigilo funcional se encontra A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
previsto no art. 325 do Código Penal. Os crimes praticados por particular contra a admi-
nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão 337-A do Código Penal.
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou Trata-se de crimes comuns, que não exigem
facilitar-lhe a revelação: nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa.
ta, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Usurpação de Função Pública
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra O crime de usurpação de função pública irá se con-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste- figurar quando o agente usurpar o exercício de fun-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- ção pública.
tração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
tração Pública ou a outrem: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.Usur-
par = apoderar-se.
Este crime pode ser praticado de duas formas:
Inicialmente, é importante que você não confunda
z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo o usurpador de função com o funcionário ou agente
e que deva permanecer em segredo; público de fato (assunto bastante cobrado, tanto na
z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito
em razão do cargo e que deva permanecer em Administrativo).
segredo.É importante mencionar que o agente
toma conhecimento do fato que deve permanecer z Usurpação de função pública: o agente exerce a
em segredo em razão do cargo que ocupa, não se função sem nenhum tipo de investidura, apode-
exigindo que tenha sido no efetivo desempenho rando-se dela. É crime.
das atribuições do cargo. z Funcionário ou agente de fato: o agente exerce a
função pública, por ter ocorrido alguma irregula-
Logo, o crime pode ser praticado no caso de o ridade. Não é crime.
agente tomar conhecimento do fato durante período
de licença, mas em razão do cargo. Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
O Código Penal apresenta duas formas equipara- é necessário, para fins de consumação, que o agente
das do crime de violação de sigilo funcional. Observe: execute algum ato inerente ao exercício da função,
não configurando o crime a mera apresentação a ter-
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- ceiros como funcionário público.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra Vamos exemplificar:
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Admi- Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial
nistração Pública; militar para seus conhecidos como forma de se
z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito. autovalorizar. Não há que se falar em configura-
ção do crime de usurpação de função pública, já
Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta que o agente não praticou nenhum ato inerente ao
dano à Administração Pública ou a outrem. exercício da função policial militar, podendo, con-
Sobre este crime, fique atento: forme o caso, configurar outra infração penal.
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente,
z Só será praticado dolosamente – não admite forma uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
culposa; ele promove uma falsa barreira e passa a abordar
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep- as pessoas que nela passam. Há a prática do crime
cionais, a exemplo de ser praticado na forma de usurpação de função pública, já que o agente
escrita. praticou ato inerente ao exercício da função poli-
cial militar.
Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
Você não pode confundir o crime de usurpação de
Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código função pública com o crime exercício funcional ilegal-
Penal. mente antecipado ou prolongado.

Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor- z Usurpação de Função Pública:


rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo: „ O agente não possui vínculo algum com a admi-
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. nistração pública (em relação à função usurpada);
„ É crime praticado por particular contra a admi-
É um crime relacionado ao procedimento licitatório. nistração pública. 323
z Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou Resistência Qualificada
Prolongado:
z Se, em razão da resistência, o ato não se executa.
„ O agente possui algum tipo de vínculo com a
administração pública; Portanto, caso o agente apenas resista, sem, contu-
„ É crime praticado por funcionário público con- do, não ocasionar a frustração do ato a ser praticado,
tra a administração pública. responderá pelo delito descrito no caput. Entretanto,
se da resistência o funcionário público fica impossibi-
Há uma forma qualificada do crime de usurpação litado de exercer o ato, responderá pela forma qualifi-
de função pública:
cada prevista no § 1º.
z Usurpação de função pública qualificada: Se de
fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo de Concurso Material Obrigatório
vantagem e não necessariamente financeira).
Leve para a sua prova o seguinte: o agente respon-
Sobre o crime de usurpação de função pública, derá pela resistência e pela violência empregada.
é importante que você leve em consideração: Vejamos: Se, para se opor à execução de ato legal
praticado por funcionário competente, o particular
z Não admite a modalidade culposa; usa de violência, causando lesão corporal de nature-
z Admite tentativa; za grave, responderá pelos dois crimes: resistência e
z Pode ser praticado por funcionário público, segun- lesão grave.
do posicionamento que prevalece, mas a função
usurpada deve ser totalmente alheia à função dele Desobediência
(sendo ele considerado particular);
z É crime formal, não se exigindo para a sua confi- Este crime está previsto no art. 330 do Código
guração prejuízo ou dano à administração pública; Penal. Irá se configurar quando o agente desobedecer
z Ação penal pública incondicionada. a ordem legal de funcionário público.
Resistência Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário
público:
O crime de resistência está previsto no art. 329 do
Código Penal. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
multa.
Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para Vitor Eduardo Rios Gonçalves destaca que:
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena. detenção, de dois meses a dois anos. z Deve haver uma ordem: significa determinação,
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa: mandamento. O não atendimento de mero pedido
Pena - reclusão, de um a três anos. ou solicitação não caracteriza o crime;
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí- z A ordem deve ser legal: material e formalmente.
zo das correspondentes à violência. Pode até ser injusta, só não pode ser ilegal;
Sobre a conduta típica, algumas informações são z Deve ser emanada de funcionário público com-
muito importantes: petente para proferi-la. Ex.: delegado de polícia
requisita informação bancária e o gerente do ban-
z Exige-se que o ato praticado pelo funcionário co não atende. Não há crime, pois o gerente só está
público seja legal; obrigado a fornecer a informação se houver deter-
z Se o ato praticado por funcionário público for ile- minação judicial;
gal, não há que se falar em resistência;
z É necessário que o destinatário tenha o dever jurídico
z Exige-se que o funcionário público seja competen-
te para executar o ato; de cumprir a ordem. Além disso, não haverá crime se
z Não se exige que a violência ou ameaça seja empre- a recusa se der por motivo de força maior ou por ser
gada diretamente contra o funcionário competen- impossível por algum motivo o seu cumprimento.
te, podendo ser empregada contra o terceiro que
esteja auxiliando o funcionário. A ordem deve ser legal. Caso se trate de ordem
ilegal, não há que se falar na configuração deste tipo
Sobre a resistência, é importante que você leve em penal.
consideração: Sobre a desobediência, é importante que você
leve em consideração:
z Deve ser praticado dolosamente;
z A oposição constitui um ato positivo, devendo o z Não admite a culpa;
agente empregar violência ou grave ameaça.Ape- z Pode ser praticado tanto na forma omissiva quan-
sar do tipo penal previsto no art. 329 do CP não
to na forma comissiva;
abranger a resistência passiva (sem uso de violên-
z Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
cia ou ameaça), a depender da conduta do agente,
pode configurar o crime de desobediência; comissiva, admite;
z A violência ou ameaça deve ser empregada con- z Deve haver ordem emanada por funcionário
tra pessoa, não constituindo o crime se empregada público, não caracterizando este crime a mera
contra coisa (posição dominante); solicitação.
z É crime formal, que se consuma com a prática
da violência ou ameaça; Observe que o crime de resistência e de desobe-
z Admite tentativa nas hipóteses de fracionamento diência se distinguem, na prática, no que tange ao uso
324 do iter criminis. de violência ou ameaça.
Desacato Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser prati-
O crime de desacato, previsto no art. 331 do Código cado com o exercício de qualquer um dos verbos pre-
Penal, tem como conduta típica desacatar funcionário vistos no tipo penal:
público no exercício da função ou em razão dela.
z Solicitar;
Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí- z Exigir;
cio da função ou em razão dela: z Cobrar;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. z Obter.
Desacatar = ofender, faltar com respeito.
Não se exige que o funcionário público esteja no Dica
efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para Observe que as iniciais dos verbos nucleares for-
caracterização do crime de desacato, mas sim que a mam a palavra SECO.
ofensa se dê em razão da função pública.
O agente não tem influência sobre o funcionário
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, público, mas passa a impressão de que a tem, com a fina-
que estava no exercício de sua função, de “poli- lidade de obter vantagem ou promessa de vantagem.
cialzinho de merda”, quando este estava prestes a Caso o agente realmente tenha poder de influência
prender aquele. sobre o funcionário público que praticará o ato, não
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial há que se falar em tráfico de influência, podendo, no
civil, num restaurante em Porto Seguro, durante entanto, configurar-se corrupação ativa.
as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo Sobre o tráfico de influência, é importante que
fato de Cássio tê-lo prendido no passado. você tome cuidado com as seguintes informações:
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
de “babaca sem noção”, numa partida de futebol, z A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele. penal, por falta de previsão legal desta conduta;
z Em regra, é crime formal, consumando-se com a
Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desacato, solicitação, exigência ou cobrança;
já que a ofensa proferida pelo agente se deu em razão da z No caso do verbo obter, o crime é material;
função exercida pelo funcionário público. z Só pode ser praticado dolosamente;
No exemplo 3, não há que se falar em desacato. Embo- z Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
ra Cássio seja funcionário público, a ofensa proferida pelo promessa de vantagem para si ou para outrem.
agente em nada tem a ver com a função pública.
A pena do crime de tráfico de influência será
Sobre o desacato, é importante que você fique aumentada de metade:
atento às seguintes considerações:
z Se o agente alega ou insinua que a vantagem é
z O desacato pode se dar por qualquer meio: insul- também destinada ao funcionário.
tos, vias de fato, gestos, entre outros;
z O desacato deve ser praticado contra funcionário Corrupção Ativa
público, não caracterizando este tipo penal a críti-
ca ou ofensa à repartição pública; O crime de corrupção ativa, previsto no art. 333 do
z É crime formal, que se consuma com a prática da con- Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em
relação aos crimes contra a administração pública.
duta descrita no tipo penal, independentemente de o
funcionário público se considerar ofendido ou não; Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida
z Só pode ser praticado dolosamente; a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
z Deve ser praticado na presença do funcionário omitir ou retardar ato de ofício
público – doutrina dominante. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
pela descriminalização do crime de desacato, por nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
entender que este crime viola a liberdade de expres- infringindo dever funcional.
são do indivíduo, em julgamento de Habeas Corpus.
Atente-se às informações a seguir, muito impor-
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou o posicionamen-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tantes em relação à corrupção ativa:


to do tribunal no sentido de que o desacato continua
sendo crime, que não viola a liberdade de expressão. z Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
Tráfico de Influência prevê mais de um verbo para sua prática: ofere-
O crime de tráfico de influência está previsto no cer e prometer, por exemplo, João oferece uma
art. 332 do Código Penal. quantia em dinheiro ao policial rodoviário federal
para não ser multado pela prática de infração de
Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou trânsito. Pedro promete entregar uma quantia em
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, dinheiro ao guarda municipal quando retornar ao
a pretexto de influir em ato praticado por funcioná- seu veículo que está estacionado em local proibido;
rio público no exercício da função: z É crime formal, que se consuma com a prática da
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. conduta delituosa, não se exigindo que o funcio-
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, nário público aceite a vantagem ou promessa de
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- vantagem;
bém destinada ao funcionário. z Não admite a forma culposa; 325
z Exige-se dolo específico a intenção de determinar industrial, mercadoria de procedência estrangeira
o funcionário público a praticar, omitir ou retar- que introduziu clandestinamente no País ou impor-
dar ato de ofício; tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
z O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Portan- introdução clandestina no território nacional ou de
to, caso o particular pague vantagem solicitada ou importação fraudulenta por parte de outrem;
exigida por funcionário público, não praticará cri- IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
me algum;A pena da corrupção ativa será aumen-
industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
tada de 1/3 (um terço): se, em razão da vantagem
desacompanhada de documentação legal ou acom-
ou promessa, o funcionário público retarda ou panhada de documentos que sabe serem falsos.
omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever § 2° Equipara-se às atividades comerciais, para os
funcional. efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
Você não pode confundir os crimes de corrupção inclusive o exercido em residências.
ativa, corrupção passiva e concussão: § 3° A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
CORRUPÇÃO ATIVA
Contrabando:
z Verbos: oferecer e prometer;
z Praticado por particular contra a administração Art. 334-A Importar ou exportar mercadoria proibida:
pública; Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
z É crime quando o agente, com oferta ou promessa § 1° Incorre na mesma pena quem:
de vantagem, quer que o funcionário público retar- I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
de ato de ofício, omita ato de ofício ou pratique ato II - importa ou exporta clandestinamente mercado-
de ofício; ria que dependa de registro, análise ou autorização
z Quando a corrupção ativa é para obter voto, o crime de órgão público competente;
será o tipificado no art. 299 do Código Eleitoral; III - reinsere no território nacional mercadoria bra-
z Se o agente se limitar a pedidos “dar um jeitinho” ou sileira destinada à exportação;
“quebrar o galho”, não se configura crime de corrup- IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
ção ativa por falta de elementares.
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
CORRUPÇÃO PASSIVA
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
z Verbos: solicitar, receber e aceitar promessa; industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
z Quando se tratar de corrupção passiva privilegiada, § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
quando o funcionário público “dá o jeitinho” e não pra- efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
tica o ato que deveria, o particular figura como partíci- gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências.
pe por ter praticado o induzimento.
§ 3° A pena aplica-se em dobro se o crime de contraban-
do é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
CONCUSSÃO
Vamos simplificar estes crimes:
z Verbo: exigir;
z Crime praticado por funcionário público contra a z Descaminho: consiste em não pagar direito ou
administração pública; imposto devido pela entrada, saída ou consumo de
z O agente exige, para si ou para outrem, vantagem mercadoria;
indevida, direta ou indireta, ainda que fora da sua z Contrabando: consiste na importação ou exporta-
função pública, ou antes de assumi-la, mas em ção de mercadoria proibida.
razão dela. No descaminho, a mercadoria não tem a comercia-
lização proibida no território brasileiro, já no contra-
Descaminho e Contrabando bando, sim.
No passado, os dois tipos penais estavam previstos
Os crimes de descaminho e contrabando, previs- no mesmo dispositivo. Contudo, houve alteração e,
tos nos arts. 334 e 334-A, respectivamente, do Código no momento, cada um destes crimes integra um tipo
Penal, constituem práticas distintas, que devem ser penal distinto.
observadas. São figuras equiparadas ao crime de descaminho,
Descaminho: incorrendo nas mesmas penas quem:

Art. 334 Iludir, no todo ou em parte, o pagamento z Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saí- permitidos em lei;
da ou pelo consumo de mercadoria. z Pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. z Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
§ 1° Incorre na mesma pena quem: de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos ou alheio, no exercício de atividade comercial
permitidos em lei; ou industrial, mercadoria de procedência estran-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a geira que introduziu clandestinamente no País
descaminho; ou importou fraudulentamente ou que sabe ser
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito produto de introdução clandestina no território
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio nacional ou de importação fraudulenta por parte
326 ou alheio, no exercício de atividade comercial ou de outrem;
z Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio O crime de contrabando apresenta, também, uma
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou causa que aumenta a pena pelo dobro para o caso de
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, o crime ser praticado em transporte aéreo, marítimo
desacompanhada de documentação legal ou acom- ou fluvial.
panhada de documentos que sabe serem falsos.
Sobre o crime de contrabando, é importante
O Código Penal estabelece que a atividade comer- que você leve para a sua prova:
cial é equiparada, para os efeitos do crime de desca-
minho, a qualquer forma de comércio irregular ou z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o por qualquer pessoa;
exercido em residências. z Não admite a modalidade culposa;
A pena do crime de descaminho será aplicada em z Admite tentativa;
dobro se o crime é praticado em transporte aéreo, z Não admite a aplicação do princípio da
marítimo ou fluvial. insignificância.
Sobre o crime de descaminho, é importante que
você leve em consideração: É importante mencionar que no caso de produ-
tos específicos, a exemplo de armas de fogo ou subs-
z As figuras equiparadas ao crime de descaminho tâncias entorpecentes, irá prevalecer a aplicação da
são: a pratica de navegação de cabotagem fora dos legislação especial, aplicando-se, respectivamente, o
casos permitidos em lei, pratica fato assimilado, estatuto do desarmamento (Lei 10.826/2003) e a Lei de
em lei especial, a descaminho, etc. Drogas (Lei 11.343/2006).
z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado De acordo com a Súmula 151, do STJ:
por qualquer pessoa;
z Admite a forma tentada, quando, no caso de expor- A competência para o processo e julgamento por
tação, o crime é tentado se a mercadoria não chega crime de contrabando ou descaminho define-se pela
a sair do país; prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão
z A fraude utilizada pelo agente para iludir o paga- dos bens.
mento de imposto pode se dar tanto em relação
à quantidade quanto em relação à qualidade do Impedimento, Perturbação ou Fraude de
produto; Concorrência
z Não admite a modalidade culposa; Art. 335 Impedir, perturbar ou fraudar concorrên-
z Admite a aplicação do princípio da insignificância, cia pública ou venda em hasta pública, promovida
nos casos em que o valor seja inferior àquele con- pela administração federal, estadual ou municipal,
siderado irrelevante para fins de execução fiscal. ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de vio-
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
Importante! vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
Tanto para o STF quanto para o STJ, atualmente, ta, além da pena correspondente à violência.
poderá ser aplicado o princípio da insignificância Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
ao crime de descaminho que não exceda o valor abstém de concorrer ou licitar, em razão da vanta-
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). gem oferecida.

Afastar ou procurar afastar concorrente ou lici-


Conduta típica: importar ou exportar mercadoria tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
proibida. oferecimento de vantagem.
São figuras equiparadas ao crime de contraban- Trata-se de tipo penal misto alternativo (crime de
do, incorrendo nas mesmas penas quem: ação múltipla), que poderá ser praticado mediante
execução de vários verbos:
z Pratica fato assimilado, em lei especial, a
contrabando; z Impedir;
z Importa ou exporta clandestinamente mercadoria z Perturbar;
que dependa de registro, análise ou autorização de z Fraudar;
órgão público competente; z Afastar;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Reinsere no território nacional mercadoria brasi- z Procurar afastar.


leira destinada à exportação; Caso o crime seja praticado mediante violência, o
z Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, agente responderá também por ela (detenção, de seis
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio meses a dois anos, ou multa, além da pena correspon-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou dente à violência).
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; Forma equiparada: responderá com a mesma pena
z Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio do impedimento, perturbação ou fraude de concor-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou rência o agente que se abstém de concorrer ou licitar,
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. em razão da vantagem oferecida.
O Código Penal equipara, para os efeitos do crime Responderá pelo crime em sua forma equiparada
de contrabando, à atividade comercial, qualquer o agente que se abster de concorrer ou licitar, devido
forma de comércio irregular ou clandestino de à vantagem oferecida. Caso seja por algum outro moti-
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em vo, como por violência ou grave ameaça, aquele que
residências. se abster não será responsabilizado criminalmente. 327
Sobre este crime, é importante que você leve Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu-
em consideração o seguinte: mento (público ou particular) é confiado à custódia de
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em
z Não admite forma culposa; serviço público.
z É crime comum; Por isso é dever confiar a custódia de funcioná-
z É crime material nas seguintes condutas: impe- rio, em razão de ofício, não se verificando este crime
dir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou quando alguém subtrai ou inutiliza, total ou parcial-
venda em hasta pública, promovida pela adminis- mente, um livro oficial, processo ou documento de
tração federal, estadual ou municipal, ou por enti- quem não o guarda por conta da sua função.
dade paraestatal; É importante analisar que na parte final do precei-
z É crime formal nas seguintes condutas: afastar to primário do dispositivo em estudo tem a expressão
ou procurar afastar concorrente ou licitante, por “ou de particular em serviço público”, pois existem,
meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofere- em certas hipóteses excepcionais, particulares que
cimento de vantagem; desempenham funções públicas, por exemplo, mesá-
z Admite tentativa. rio nas eleições. Observe que se alguém subtrair ou
inutilizar, total ou parcialmente, algum documento
Inutilização de Edital ou de Sinal confiado a estas pessoas, a ele será imputado o crime
de subtração ou inutilização de livro ou documento.
Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar Sobre o núcleo do tipo:
ou conspurcar edital afixado por ordem de fun-
cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal z Subtrair: retirar o livro oficial, processo ou docu-
empregado, por determinação legal ou por ordem mento do local em que se encontra, dele se apode-
de funcionário público, para identificar ou cerrar rando o agente;
qualquer objeto: z Inutilizar: tornar imprestável o livro oficial, pro-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. cesso ou documento, total ou parcialmente. Não se
reclama sua efetiva destruição.
O crime de inutilização de edital ou de sinal, pre-
visto no art. 336 do Código Penal, é de ação múltipla, Consuma-se o crime em estudo no instante em que
podendo ser praticado da seguinte forma: o livro oficial, processo ou documento é subtraído,
mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da
z Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons- inversão da sua posse e sua consequente retirada da
purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado,
possa ser utilizado) edital afixado por ordem de total ou parcialmente.
funcionário público; Observe que se o documento se destina a fazer prova
z Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a si pró-
determinação legal ou por ordem de funcionário prio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais grave.
público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual- Sobre este tipo penal, é importante que você fique
quer objeto. atento ao seguinte:

z É crime comum;
Sobre o crime de inutilização de edital ou de z Admite tentativa;
sinal, leve em consideração: z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele
apenas caso não se configure um crime mais grave;
z É crime comum; z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro-
z Admite tentativa; va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a
z Segundo posicionamento doutrinário dominante, si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave;
caso a conduta seja praticada quando não mais pro- z Somente será praticado na modalidade dolosa.
duz efeito o edital (fora do seu prazo de validade,
por exemplo), não irá se configurar este tipo penal; Sonegação de Contribuição Previdenciária

Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento O crime de sonegação de contribuição previden-


ciária está previsto no art. 337-A, do Código Penal.
O crime de subtração ou inutilização de livro ou Art. 337-A Suprimir ou reduzir contribuição social
documento, previsto no art. 337, do CP. previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas:
Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcial- I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
mente, livro oficial, processo ou documento confia- documento de informações previsto pela legislação
do à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou previdenciária segurados empregado, empresário,
de particular em serviço público: trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não este equiparado que lhe prestem serviços;
constitui crime mais grave. II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
prios da contabilidade da empresa as quantias
z Conduta típica: subtrair, ou inutilizar, total ou descontadas dos segurados ou as devidas pelo
parcialmente, livro oficial, processo ou documen- empregador ou pelo tomador de serviços;
to confiado à custódia de funcionário, em razão de III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou
ofício ou de particular em serviço público. lucros auferidos, remunerações pagas ou credi-
tadas e demais fatos geradores de contribuições
Tutela-se a Administração Pública, relativamente sociais previdenciárias:
328 ao normal funcionamento da atividade administrativa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- z A competência para julgar o crime de sonegação
mente, declara e confessa as contribuições, impor- de contribuição previdenciária é da justiça federal;
tâncias ou valores e presta as informações devidas à z Admite a forma tentada;
previdência social, na forma definida em lei ou regu- z É crime material;
lamento, antes do início da ação fiscal. z Este tipo penal admite a aplicação do princípio da
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade
aplicar somente a de multa se o agente for primário material do crime;
e de bons antecedentes, desde que: z Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
I – (vetado) de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
II – o valor das contribuições devidas, inclusive (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele- reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar
cido pela previdência social, administrativamente,
apenas a de multa.
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais. DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua ADMINISTRATIVOS
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz Neste tópico, vamos conhecer as alterações legisla-
poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou tivas trazidas pela nova Lei de Licitações em âmbito
aplicar apenas a de multa. criminal (Lei 14.133, de 01 de abril de 2021). Trata-se
§ 4° O valor a que se refere o parágrafo anterior será do Capítulo II da referida lei, o qual se encontra, pra-
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices ticamente, no encerramento desse ato normativo. O
do reajuste dos benefícios da previdência social. Capítulo II-B – Dos Crimes em Licitações e Contratos
Administrativos – alterou, inclusive, o Código Penal,
Extinção da punibilidade: caso o agente, de for- Título IX – Dos Crimes Contra a Administração Pública.
ma espontânea, declare ou confesse as contribuições, É interessante frisar que, com a inserção desses
importâncias ou valores e preste as informações devi- dispositivos no Código Penal, encerra-se a discussão
das à previdência social, na forma definida em lei ou sobre serem ou não crimes contra a Administração
regulamento, antes do início da ação fiscal (não se exi- Pública. Uma consequência imediata é a aplicação do
ge o pagamento do tributo sonegado). disposto no art. 33, § 4º. Vejamos:
A declaração ou confissão e a prestação das infor-
mações deverão ocorrer antes do início da ação fiscal. Art. 33 [...]
Sobre o crime de sonegação de contribuição pre- § 4º O condenado por crime contra a administração
videnciária, é importante atentar-se ao seguinte: pública terá a progressão de regime do cumprimen-
to da pena condicionada à reparação do dano que
z Não admite a modalidade culposa; causou, ou à devolução do produto do ilícito prati-
z De acordo com o art. 34 da Lei nº 9.249/1995, con- cado, com os acréscimos legais.
firmado pela doutrina majoritária, o pagamento
O art. 337-E traz a conduta penal chamada contra-
integral do tributo ou contribuição social, após a
tação direta ilegal.
ação fiscal, mas antes do recebimento da denún-
cia, também acarretará a extinção da punibilida- Art. 337-E Admitir, possibilitar ou dar causa à con-
de. Veremos esse artigo a seguir: tratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 34 Extingue-se a punibilidade dos crimes defi-
nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lembre-se de que a contratação direta deverá
Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente ocorrer nos casos em que a Lei permite que não seja
promover o pagamento do tributo ou contribuição realizado o procedimento licitatório.
social, inclusive acessórios, antes do recebimento O tipo encontra equivalência com o art. 89 da lei
da denúncia. anterior. Assim, é importante destacar que o STF e o
STJ se posicionaram em relação ao dispositivo ante-
Será extinta a punibilidade se o agente, espon- rior pela necessidade de dolo específico, ou seja,
taneamente, declarar e confessar as contribuições, vontade consciente de produzir o resultado lesivo ao
importâncias ou valores e prestar as informações erário, além do dolo genérico (contratação fora das
devidas à previdência social, na forma definida em lei hipóteses legais). Com base nessas informações, é pro-
ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

vável que o entendimento seja o mesmo em relação ao


O termo final para o pagamento é o início da ação novo dispositivo.
fiscal. O crime é doloso não havendo previsão de modali-
Se o agente for beneficiado pela concessão do par- dade culposa. É, ainda, plurissubsistente (a conduta é
celamento dos valores devidos a título de contribui- fracionada em diversos atos) e, portanto, possibilita a
ção social previdenciária, ou qualquer acessório, o punição pela tentativa.
pagamento integral do débito importará na extinção
Em seguida, temos o tipo frustração do caráter
da punibilidade (art. 83, § 4º, da Lei nº 9.430/1996).
competitivo de licitação no art. 337-F.
O Supremo Tribunal Federal entende, com amparo
no art. 69 da Lei nº 11.941/2009, que o pagamento inte- Art. 337-F Frustrar ou fraudar, com o intuito de
gral do débito fiscal acarreta na extinção da punibili- obter para si ou para outrem vantagem decorren-
dade do agente, ainda que efetuado após o julgamento te da adjudicação do objeto da licitação, o caráter
da ação penal, desde que antes do trânsito em julgado competitivo do processo licitatório:
da condenação. Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos,
Destaca-se: e multa. 329
Trata-se de hipótese de crime formal, não sendo Ademais, o crime é próprio quanto a segunda figu-
necessária a obtenção de vantagem para que reste ra (pagamento irregular), mas comum em relação a
caracterizada a prática criminal. Aqui, também, tem- primeira, pois alguns núcleos podem ser praticados
-se a hipótese de crime doloso. Trata-se de crime de por sujeitos ativos que não são agentes públicos.
tipo misto alternativo, pois existe mais de um núcleo. Vamos, agora, ao tipo perturbação de processo
A jurisprudência existente em relação ao tipo equiva- licitatório.
lente da lei anterior afirma que se trata de crime for-
mal. Vejamos: Art. 337-I Impedir, perturbar ou fraudar a realiza-
ção de qualquer ato de processo licitatório:
A natureza formal da conduta descrita no art. 90 da Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
Lei 8.666/93 dispensa a demonstração de prejuízo e multa.
ou dano aos cofres públicos. Basta a comprovação
da fraude para se configurar o crime em questão. Aqui, temos um crime comum e de tipo misto alterna-
(STJ, AgRg no AREsp 1003485/BA) tivo. Trata-se de crime material, sendo exigido o impedi-
mento, a perturbação ou a fraude para a sua consumação.
Trata-se de crime comum, não sendo exigida qua-
Em seguida, vejamos o tipo violação de sigilo em
lificação específica para o sujeito ativo e é doloso, não
licitação.
existindo possibilidade de modalidade culposa.
Vejamos, agora, o patrocínio de contratação indevida.
Art. 337-J Devassar o sigilo de proposta apresenta-
Art. 337-G Patrocinar, direta ou indiretamente, da em processo licitatório ou proporcionar a tercei-
interesse privado perante a Administração Pública, ro o ensejo de devassá-lo:
dando causa à instauração de licitação ou à cele- Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e
bração de contrato cuja invalidação vier a ser multa.
decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e Trata-se de crime de tipo alternativo e comum,
multa. podendo ser praticado por qualquer pessoa. Em rela-
ção à conduta de devassar, é exigido que seja quebra-
Aqui, temos uma modalidade especial para o cri- do o sigilo para a consumação, sendo o crime, nessa
me de advocacia administrativa. É bom frisar que há hipótese, material.
a necessidade de que o sujeito ativo seja agente públi- Já em relação à hipótese de proporcionar que um
co, sendo que o interesse eventualmente patrocinado terceiro o faça, não será necessário o resultado natu-
pode ser legítimo ou não. Trata-se, portanto, de crime ralístico, sendo, portanto, hipótese formal.
material, pois o tipo exige a instauração de licitação Vejamos, agora, o tipo afastamento de licitante.
ou celebração de contrato.
Perceba que há, ainda, a necessidade de invalida- Art. 337-K Afastar ou tentar afastar licitante
ção, pelo Judiciário, do contrato administrativo. Caso por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofe-
recimento de vantagem de qualquer tipo:
seja invalidado pela própria Administração Públi-
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos,
ca, não sofrendo, desta forma, intervenção do Poder
e multa, além da pena correspondente à violência.
Judiciário, não haverá justa causa para a ação penal,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
conforme decidido pelo STJ. Assim, trata-se de crime abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem
próprio, doloso e material. oferecida.
Vamos conhecer, agora, o tipo modificação ou
pagamento irregular em contrato administrativo. Trata-se de delito de atentado ou de mero empreen-
dimento, pois as formas tentada e consumada são
Art. 337-H Admitir, possibilitar ou dar causa
equivalentes. O Parágrafo Único traz a modalidade
a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
equiparada, em que um licitante se afasta mediante
prorrogação contratual, em favor do contratado,
vantagem a ele oferecida. Já no caso do emprego de
durante a execução dos contratos celebrados com a
violência, há possibilidade de concurso de crimes.
Administração Pública, sem autorização em lei, no
Trata-se, portanto, de crime formal e comum e de
edital da licitação ou nos respectivos instrumentos
mero empreendimento, como vimos anteriormente.
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preteri-
Vejamos, agora, à fraude em licitação ou contrato.
ção da ordem cronológica de sua exigibilidade:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos,
e multa. Art. 337-L Fraudar, em prejuízo da Administra-
ção Pública, licitação ou contrato dela decorrente,
Aqui, temos duas figuras distintas no tipo – modifi- mediante:
cação irregular de contrato e pagamento irregular de I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços
contrato. Vale dizer que, sobre a ordem cronológica com qualidade ou em quantidade diversas das pre-
vistas no edital ou nos instrumentos contratuais;
de pagamento, há regramento específico no art. 141
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de
e seguintes, da Lei nº 14.133/21. Trata-se, portanto, de
mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para
norma penal em branco.
consumo ou com prazo de validade vencido;
Perceba, ainda, que há duas figuras dentro do III - entrega de uma mercadoria por outra;
mesmo tipo. A primeira traz um tipo misto alternativo IV - alteração da substância, qualidade ou quanti-
(admitir, possibilitar ou dar causa). A prática de mais dade da mercadoria ou do serviço fornecido;
de uma dessas condutas configurará a prática de úni- V - qualquer meio fraudulento que torne injusta-
co crime. No entanto, caso a prática de uma ou mais mente mais onerosa para a Administração Pública
dessas condutas seja combinada com a prática de con- a proposta ou a execução do contrato:
duta enquadrada na segunda figura do tipo, teremos Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos,
330 um concurso de crimes. e multa.
Trata-se de crime de forma vinculada, pois a Lei, impactantes, considerados requisitos mínimos ou
por meio dos incisos dispostos, elencou as condutas obrigatórios em normas técnicas que orientam a
nas quais incidirá no tipo o sujeito ativo. Ademais, é elaboração de projetos.
crime comum, doloso e material, pois é exigido o pre- § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter
juízo à Administração Pública para a sua consumação, benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem,
sendo admissível a tentativa. aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
Vejamos, agora, a contratação inidônea. artigo.

Art. 337-M Admitir à licitação empresa ou profis- Aqui, temos um crime que não encontra corres-
sional declarado inidôneo: pondência na lei anterior. Perceba que, ainda que o
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e nome do tipo traga o termo “omissão”, apenas um dos
multa. três núcleos presentes no caput será crime omissivo
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional puro (omitir).
declarado inidôneo: O tipo traz as condições. Vejamos:
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e
multa. z Contorno em relevante dissonância com a realidade;
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo z Em frustração ao caráter competitivo da licitação;
aquele que, declarado inidôneo, venha a participar z Em detrimento da seleção da proposta mais vanta-
de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo,
josa para a Administração Pública.
aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar
com a Administração Pública.
Ainda, traz os contextos em que deverá ocorrer a
conduta, para que se caracterize o crime:
Diferentemente da conduta constante do § 2º, a qual
constitui crime comum, a conduta incriminada no caput
é um crime próprio, podendo ser praticada somente por z Contratação para a elaboração de projeto básico,
agente público. Já o § 1º traz forma qualificada do delito projeto executivo ou anteprojeto;
previsto no caput, ocorrendo a absorção da conduta de z Diálogo competitivo;
admissão no caso da celebração do contrato. z Procedimento de manifestação de interesse.
Nas formas simples e qualificada, são normas
penais em branco, por dependerem da definição da As formas de contração colocadas acima são pre-
declaração de inidoneidade. Ainda, trata-se de crime vistas na Lei nº 14.133/21, por isso se trata de norma
doloso, não sendo admitida a forma culposa. penal em branco. O § 2º traz a hipótese de majoração
Vejamos, agora, o crime de impedimento indevido. da pena. Como não há restrição, deve-se interpretar
que qualquer benefício será suficiente para o enqua-
Art. 337-N Obstar, impedir ou dificultar injusta- dramento na hipótese.
mente a inscrição de qualquer interessado nos Trata-se, portanto, de crime comum, pois, embora
registros cadastrais ou promover indevidamente a a Lei use o termo projetista, o verbo trazido constante
alteração, a suspensão ou o cancelamento de regis- do caput (entregar) poderá ser praticado por qualquer
tro do inscrito: pessoa. Ainda, é hipótese de delito formal, sendo pos-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e sível a tentativa, exceto na modalidade “omitir”, por
multa. se tratar de crime omissivo próprio.
Por fim, temos um regramento específico para a
Nesse tipo penal, temos duas figuras distintas. Ambas aplicação de multas nos casos dos crimes constantes
configuram crime próprio. Dentre os verbos constantes dos artigos que estudamos até aqui.
do tipo, apenas “dificultar” será crime de mera condu-
ta, sendo que, nos demais, há necessidade de resultado Art. 337-P A pena de multa cominada aos crimes
naturalístico, tratando-se de crimes materiais. Cabe fri- previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de
sar que, em todas as modalidades, será cabível a ten- cálculo prevista neste Código e não poderá ser infe-
tativa. O crime poderá ser instantâneo (dificultar ou rior a 2% (dois por cento) do valor do contrato lici-
promover) ou permanente (obstar ou impedir). tado ou celebrado com contratação direta.”
Vamos, agora, conhecer o tipo omissão grave de
dado ou de informação por projetista. Vale destacar que a metodologia para o cálculo da
multa será a constante do Código Penal, porém com
Art. 337-O Omitir, modificar ou entregar à Adminis- piso mínimo de 2% do valor do contrato licitado ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tração Pública levantamento cadastral ou condição celebrado por meio de contratação direta.
de contorno em relevante dissonância com a reali-
dade, em frustração ao caráter competitivo da licita- CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
ção ou em detrimento da seleção da proposta mais A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
vantajosa para a Administração Pública, em contra-
tação para a elaboração de projeto básico, projeto
Os Crimes previstos acima dividem-se em dois
executivo ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou
tipos penais:
em procedimento de manifestação de interesse:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
multa. z Corrupção ativa em transação comercial internacional;
§ 1º Consideram-se condição de contorno as infor- z Tráfico de influência em transação comercial
mações e os levantamentos suficientes e necessá- internacional.
rios para a definição da solução de projeto e dos
respectivos preços pelo licitante, incluídos son- Inicialmente, é importante destacar quem é o fun-
dagens, topografia, estudos de demanda, condi- cionário público estrangeiro e quem se equipara a
ções ambientais e demais elementos ambientais funcionário público estrangeiro. 331
z Funcionário Público Estrangeiro: z Admite tentativa, quando for possível fracionar
o iter criminis, as fases do crime, da cogitação ao
„ Quem, ainda que transitoriamente ou sem exaurimento.
remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
ção pública em entidades estatais ou em repre-
sentações diplomáticas de país estrangeiro. É a fase mental de preparação
Cogitação
do crime: idealização,
ou
deliberação e resolução.
z Equipara-se a Funcionário Público Estrangeiro: Fase
Não há conduta penalmente
Interna
relevante
„ Quem exerce cargo, emprego ou função em
empresas controladas, diretamente ou indire-
tamente, pelo Poder Público de país estrangeiro
ou em organizações públicas internacionais. O crime começa a projetar-se
no mundo exterior.
Atos
Corrupção Ativa em Transação Comercial O agente adquire arma de fogo.
Preparatórios
Internacional Em regra não são puníveis,
salvo nos crimes-obstáculo
O crime de corrupção ativa em transação comer-
cial internacional, previsto no art. 337-B do Código
Penal, é bastante parecido com o tipo penal de cor- O agente começa a realizar o
rupção ativa, crime praticado por particular contra a núcleo do tipo penal, de forma
administração em geral, que já analisamos. Atos de
Execução idônea e inequívoca.
Essa fase pode haver punição
Art. 337-B Prometer, oferecer ou dar, direta ou pela tentativa
indiretamente, vantagem indevida a funcioná-
rio público estrangeiro, ou a terceira pessoa,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício relacionado à transação comercial Crime consumado é quando nele
internacional: se reúnem todos os elementos de
Consumação
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. sua definição legal.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um Fim do iter criminis
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário público estrangeiro retarda ou omi-
te o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever Não influi na tipicidade, mas
funcional. pode influenciar na dosimetria
Exaurimento da pena, ser reconhecido como
z Corrupção Ativa em Transação Comercial qualificadora ou configurar
Internacional: crime autônomo.

„ Verbos: prometer, oferecer e dar;


Tráfico de Influência em Transação Comercial
„ Fim específico: determinar o funcioná-
Internacional
rio público estrangeiro a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício relacionado à transação Art. 337-C Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
comercial internacional. ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
ou promessa de vantagem a pretexto de influir em
z Corrupção Ativa: ato praticado por funcionário público estrangeiro
no exercício de suas funções, relacionado a transa-
„ Verbos: oferecer e prometer; ção comercial internacional:
„ Fim específico: determinar o funcionário públi- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
co a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-
O crime de corrupção ativa em transação comer- bém destinada a funcionário estrangeiro.
cial internacional terá sua pena aumentada de 1/3
(um terço) se: O crime de tráfico de influência em transação comer-
cial internacional, previsto no art. 337-C do Código Penal,
z Em razão da vantagem ou promessa, o funcionário é muito parecido com o crime de tráfico de influência,
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofí- crime praticado por particular contra a administração
cio, ou o pratica infringindo dever funcional. em geral, previsto no art. 332 do Código Penal.

Sobre este crime, é importante mencionar que: z Tráfico de Influência em Transação Comercial
Internacional:
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum; „ Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
z Nos verbos oferecer e prometer, trata-se de crime „ Pretexto: influir em ato praticado por funcio-
formal, de consumação antecipada; nário público estrangeiro no exercício de suas
z No verbo dar, trata-se de crime material, que se funções, relacionado a transação comercial
332 consuma com a obtenção do resultado; internacional.
z Tráfico de Influência: z O fato de o crime ser de mão própria não exclui a
possibilidade de concurso de pessoas na modalida-
„ Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter; de participação;
„ Pretexto: influir em ato praticado por funcio- z É necessário, para configuração do crime, que o
nário público no exercício da função. estrangeiro tenha ciência de que foi expulso do
território brasileiro;
O crime de tráfico de influência em transação z Admite tentativa;
comercial internacional terá sua pena aumentada da z É crime material, que se consuma com o devido
metade se: reingresso ao território nacional;
z Trata-se de crime de competência da Justiça
z Se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- Federal;
bém destinada ao funcionário público estrangeiro. z Não se tipifica o crime quanto ao estrangeiro, após
decretada sua expulsão, permanece indevidamen-
Em relação a este tipo penal, é importante te no país.
saber o seguinte:
Denunciação Caluniosa
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum; A denunciação caluniosa está prevista no art. 339
z Nos verbos solicitar, exigir e cobrar, trata-se de cri- do Código Penal.
me formal, de consumação antecipada;
z No verbo obter, trata-se de crime material, que se Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
consuma com a obtenção do resultado; policial, de procedimento investigatório criminal,
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o de processo judicial, de processo administrativo
iter criminis. disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi-
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo
de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
Os crimes contra a administração da justiça têm 14.110, de 2020)
como finalidade proteger uma regular fruição da Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
atividade judicial brasileira, incluindo atividades de § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
natureza policial. se serve de anonimato ou de nome suposto.
A atividade judicial é de fundamental importância § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação
para a sociedade, necessitando, assim, de proteção é de prática de contravenção.
por parte do Direito Penal.
Com a nova redação dada ao dispositivo no final
Reingresso de Estrangeiro Expulso do ano de 2020, o legislador alterou alguns requisitos
para que a denunciação caluniosa seja configurada.
Art. 338 Reingressar no território nacional o
Diferente da redação anterior, agora, a conduta
estrangeiro que dele foi expulso: abarcada pelo dispositivo é mais ampla quanto às
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo formas de praticar. Podemos observar que o disposi-
de nova expulsão após o cumprimento da pena. tivo se refere à imputação não somente de crime, mas
também de infração ético-disciplinar e ato ímprobo.
Por outro lado o legislador colocou um segundo
Este crime, previsto no art. 338 do Código Penal,
requisito que restringe a configuração do tipo penal.
irá se configurar quando o estrangeiro que foi expulso
Com a nova redação a denunciação caluniosa somen-
do Brasil reingressar ao território nacional. te será praticada se da conduta do agente resultar na
O Ministério da Justiça e Segurança Pública escla- instauração de inquérito policial, de PIC (procedimen-
rece que a expulsão consiste em medida coercitiva de to investigatório criminal, de competência do MP), de
caráter discricionário de um Estado, levada a efeito processo judicial, de PAD (processo administrativo
em face do “estrangeiro que, de qualquer forma, aten- disciplinar), de inquérito civil ou de ação de improbi-
tar contra a segurança nacional, a ordem política ou dade administrativa.
social, a tranquilidade ou moralidade pública e a eco- Muita atenção nas alterações recentes do art. 339,
nomia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo anteriormente as bancas já realizava a cobrança do
à conveniência e aos interesses nacionais” (art. 65 da dispositivo quanto ao requisitos para se configurar.
Lei nº 6.815/1980 - Estatuto do Estrangeiro). Atente-se ao fato de que somente se configurará a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

denunciação caso o agente impute CRIME, INFRA-


ÇÃO ÉTICO-DISCIPLINAR, ATO ÍMPROBO ou, ainda,
Importante! CONTRAVENÇÃO (hipótese de diminuição de pena
constante do §2º), e dessa conduta resulte necessaria-
O agente será responsabilizado penalmente, mente em um dos procedimentos elencados no arti-
podendo, ainda, sofrer nova expulsão do territó- go, não sendo suficiente, entretanto, a instauração da
rio brasileiro. investigação policial (antiga redação).

Sobre o crime de denunciação caluniosa, é


Sobre o crime de reingresso de estrangeiro importante atentar-se ao seguinte:
expulso, é importante atentar-se ao seguinte:
z Só pode ser praticado dolosamente: Parte da dou-
z É crime de mão própria, praticado pelo estrangei- trina não admite o dolo eventual neste crime, já
ro expulso, não podendo a figura típica ser pratica- que o tipo penal exige que o agente saiba que o
da por intermédio de terceira pessoa; fato é imputado contra pessoa inocente. 333
A denunciação caluniosa poderá se configurar Sobre este crime, é importante mencionar que:
quando o agente imputa crime que realmente acon-
teceu contra pessoa que sabe ser inocente ou quando z Não admite a forma culposa. Assim, se o agente
imputa a alguém a prática de crime que não existiu comunica à autoridade, sem intenção, crime ou
(neste caso não há dúvidas sobre a inocência da pes- contravenção penal, provocando a ação desta, este
soa, já que o fato sequer aconteceu);
tipo penal não estará configurado;
z É crime comum;
z É necessário que o fato imputado seja crime,
infração ético-disciplinar, ato ímprobo ou contra- z Admite tentativa;
venção penal (no caso de contravenção penal, a
„ Se o fato imputado for infração administrativa
pena será reduzida de metade), não se configuran-
do este tipo penal caso o agente impute infração ou civil, não irá se configurar o crime;
administrativa ou civil; „ Para a maioria da doutrina, não se configura o
z É crime comum; crime quando o agente se limita a comunicar
z Admite a forma tentada, por exemplo, o agente ilícito penal diverso do que realmente ocorreu,
narra ao delegado de polícia que o autor de deter- desde que o fato comunicado e o que realmente
minado crime foi a pessoa A, mas o delegado não ocorreu sejam crimes da mesma natureza;
inicia qualquer investigação porque o verdadeiro „ Se o agente faz a comunicação falsa para
autor do crime é B, que se apresenta e confessa ter tentar ocultar outro crime por ele praticado
cometido o delito antes mesmo de a autoridade ter
responde também pela comunicação falsa
iniciado qualquer investigação;
z A pessoa contra quem se imputa o crime deve de crime. Comunicação Falsa de Crime ou
ser determinada, sendo ela, assim como o Estado, Contravenção:
sujeito passivo da prática delituosa;
z Em regra, a denunciação caluniosa absorve o cri- z O agente não aponta pessoa certa e determinada
me de calúnia. como autora da infração penal, mas apenas comu-
nica fato inexistente.
A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte), caso
o agente se sirva de anonimato ou de nome suposto. Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face-
No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em
pena será diminuída de metade, caso a imputação seja uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao dele-
de prática de contravenção penal. gado de polícia, que iniciou as investigações sobre o
Observe as principais diferenças entre a denuncia- fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto
ção caluniosa e o crime de calúnia. não existiu, já que a publicação se tratava de uma
brincadeira por parte daquele que a realizou.
z Denunciação Caluniosa:
Não há que se falar em figura típica da comunica-
„ É crime contra a administração da justiça; ção falsa de crime, já que o agente não teve dolo de
„ A ação penal é pública incondicionada, se dis- comunicar falsamente o fato que não existiu.
cute na doutrina e jurisprudência se o processo
por denunciação caluniosa pode ser iniciado Autoacusação Falsa
antes do desfecho do procedimento ou ação
originários; Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime
„ Punida pelo fato de o agente movimentar falsa- inexistente ou praticado por outrem:
mente o aparato estatal, tentando prejudicar a Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
vítima perante o Estado; multa.
„ É admitida a imputação falsa de crime, infração
ético-disciplinar, ato ímprobo ou con­travenção É possível a configuração deste tipo penal quando
penal. o agente se acusar de:

z Calúnia: z Crime não existente (a conduta criminosa sequer


foi praticada, sequer existiu);
„ É crime contra a honra;
z Crime existente, mas praticado por outra pessoa
„ A ação penal é privada;
„ Punida pelo fato de o agente ofender a honra (a conduta criminosa foi realmente realizada, mas
objetiva da vítima; foi outro indivíduo que a praticou).
„ É admitida a imputação falsa apenas de crime.
Sobre a autoacusação falsa, é importante levar
Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção em consideração:

Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni- z Só pode ser praticado dolosamente;
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven- z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
ção que sabe não se ter verificado: quando a confissão falsa remetida se extravia;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. z Não se exige que seja praticado apenas perante
Ao contrário do que ocorre no crime de denun- autoridade policial, mas na presença de qualquer
ciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de autoridade competente (delegado de polícia, mem-
crime ou contravenção, o agente não individualiza bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu, z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
mas apenas comunica à autoridade crime ou contra- autoridade para a consumação do crime, bastando
334 venção penal que sabe não ter ocorrido. a autoacusação falsa.
Falso Testemunho ou Falsa Perícia Não irá responder pelo crime de falso testemu-
nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está tipo penal incriminador com a finalidade de não se
previsto no art. 342 do Código Penal. autoincriminar.
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar produzir provas contra si mesmo.
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- Quando a testemunha mente por estar sendo
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi- ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: responde pelo crime de falso testemunho.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo
multa. penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ativa
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter- de testemunha contador, perito, intérprete ou tradutor.
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se A figura típica é a de dar, oferecer ou prometer
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha,
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
em que for parte entidade da administração pública afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
direta ou indireta. mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
§ 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten-
ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
retrata ou declara a verdade. z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra-
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou dutor ou intérprete;
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- afirmação falsa, neguem ou calem a verdade
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: interpretação.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de um terço), se o crime é:
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
so penal ou em processo civil em que for parte enti- z Cometido com o fim de obter prova destinada a
dade da administração pública direta ou indireta. produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser duzir efeito em processo civil em que for parte enti-
praticado mediante execução de quaisquer um dos dade da administração pública direta ou indireta.
verbos previstos no tipo penal.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão Sobre o crime de corrupção ativa de testemu-
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um nha contador, perito, intérprete ou tradutor, é
sexto) a 1/3 (um terço), se o crime é: importante saber o seguinte:

z Praticado mediante suborno. z Não pode ser praticado culposamente;


z Cometido com o fim de obter prova destinada a z Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal;
produzir efeito em processo penal; z No verbo dar, é crime material;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro- z Admite tentativa, quando for possível fracionar o
duzir efeito em processo civil em que for parte enti- iter criminis;
dade da administração pública direta ou indireta. z O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
Sobre o crime de falso testemunha ou falsa retrata ou declara a verdade.
perícia, é importante levar para a sua prova:
Coação no Curso do Processo
z Não admite a forma culposa;
z É crime de mão própria, que só poderá ser prati- Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com o
cado por uma das pessoas previstas no tipo penal; fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun-
Segundo posicionamento doutrinário dominante: ciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z O falso testemunho não admite coautoria, mas é Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
possível a participação; da pena correspondente à violência.
z A falsa perícia admite coautoria e participação.
z O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos O crime de coação no curso do processo é aquele
verbos previstos no tipo penal não pratica o crime em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
de falso testemunho, já que ele não é testemunha; emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas
z Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá que participam do processo ou juízo arbitral.
ter extinta a punibilidade do crime, desde que:
Observe as duas hipóteses:
„ Seja realizada no processo em que ocorreu o ilí-
cito (no processo em que se deu o falso e não no 1. Suponha que André tenha praticado um crime de
processo referente ao falso); roubo a um supermercado, estando ele sendo pro-
„ Se realizada antes da sentença (ainda prevale- cessado por isso. Thaís, funcionária do supermer-
ce o entendimento de que se trata da sentença cado, é testemunha, tendo sido marcado um dia
recorrível). para que ela comparecesse em juízo para dar seu 335
depoimento. André, com a finalidade de favorecer Sobre o exercício arbitrário das próprias
seus próprios interesses, vai à casa de Thaís e, uti- razões, atente-se ao seguinte:
lizando-se de uma arma de fogo para ameaçá-la,
exige que ela diga que não foi ele quem praticou o z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
fato, mas outra pessoa. André praticou o crime de quer pessoa;
coação no curso do processo, já que empregou de z Só poderá ser praticado dolosamente;
grave ameaça contra a pessoa chamada a intervir z Admite tentativa;
em processo judicial. z Caso o agente pratique o crime com emprego de
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, ago- violência, responderá também por ela.
ra André, sabendo sobre o que Thaís disse na inquiri-
ção, vai à casa de Thaís e, utilizando-se de uma arma No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura
de fogo para ameaçá-la, dizendo que irá matá-la por típica, bastante parecida com o crime de exercício
não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime, arbitrário das próprias razões.
Observe: Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
mas que o incriminou. André, nesta hipótese, prati-
própria, que se acha em poder de terceiro por determi-
cou o crime de ameaça, uma vez que empregou de nação judicial ou convenção.
grave ameaça contra a pessoa após o depoimento, Sobre este tipo penal, é importante salientar:
exaurindo-se a participação daquela na ação.
z Só pode ser praticado dolosamente;
Caso o agente utilize de violência para praticar o z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com
crime de coação no curso do processo, responderá por a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
este, além da pena correspondente à violência. tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar;
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que
Sobre a coação no curso do processo, atente-se praticou a conduta delituosa;
às seguintes informações: z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
minação judicial ou convenção. Se for por outro
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- motivo, não se configurará este crime;
sáveis pela condução do processo, como: juízes, z Admite tentativa.
promotores, delegados de polícia, entre outros;
Para consumação deste crime, existem duas correntes:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de 1. O crime é formal e se consuma quando o agente
favorecer interesse próprio ou alheio; emprega o meio executório;
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- 2. O crime é material e só se consuma com a satisfa-
lência ou grave ameaça, independentemente de o ção da pretensão visada.
coagido ceder;
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser Fraude Processual
praticou por escrito e há extravio. Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
Exercício Arbitrário das Próprias Razões de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
juiz ou o perito:
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ-
do a lei o permite: zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, do, as penas aplicam-se em dobro.
além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti-
somente se procede mediante queixa. na a produzir efeito em processo penal, ainda que não
Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- indiciado o agente.
sa própria, que se acha em poder de terceiro por Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
determinação judicial ou convenção: Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu-
Observe a parte final da figura típica: salvo quan- lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo,
do a lei o permite. modificando o estado de pessoa.
Vejamos mais um exemplo: Kelmon é proprietário Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
de uma casa, que se encontra alugada para Diogo. O pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Kel- vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
Sobre o crime de fraude processual, fique aten-
mon, indignado com a situação, vai até o local, troca
to ao seguinte:
todas as fechaduras e coloca os objetos pessoais de
Diogo do lado de fora. z É crime comum;
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário z Não admite a modalidade culposa;
das próprias razões, já que fez justiça com as próprias z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o perito;
direito de receber os valores correspondentes ao alu- z É crime formal, que se consuma com a prática da
guel de seu imóvel). conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
A pretensão do agente deveria ter sido soluciona- efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
336 da pelos meios legais pertinentes. z Admite a modalidade tentada.
Favorecimento Pessoal Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A Ingressar, promover, intermediar, auxi-
Art. 348 Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
de pública autor de crime a que é cominada pena
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem auto-
de reclusão:
rização legal, em estabelecimento prisional.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Requisitos do favorecimento real:
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. z Prestar auxílio a criminoso;
z O auxílio é destinado a tornar seguro o proveito do
Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em
crime (que já ocorreu);
você. Para esclarecê-las, vamos analisar alguns
z Aquele que presta auxílio não pode ser coautor ou
exemplos:
receptador do crime praticado anteriormente.
Exemplo 1: Júnior pratica o crime de roubo. O dele-
Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal
gado de polícia da região está a sua procura. O autor
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo
do crime pede para se esconder do delegado na casa
de Danilo, seu amigo. Danilo, em sua casa, escon- ascendente, descendente, cônjuge ou irmão.
de Júnior. Júnior responderá pelo crime de roubo; Sobre o favorecimento real, é importante men-
Danilo, pelo crime de favorecimento pessoal, já que cionar que:
auxiliou a se subtrair da ação de autoridade pública
autor de crime a que se comina pena de reclusão.
z Não admite a culpa;
Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combi-
z Admite tentativa;
nam um crime de roubo. Francisco e Jefferson vão
z O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
praticar o verbo descrito no tipo penal, César irá
te pelos agentes, caso os agente combinem antes,
dar fuga aos agentes. O crime é praticado, os poli-
o crime não será de favorecimento real, mas sim
ciais acabam tomando conhecimento da prática
haverá participação;
delituosa e vão atrás dos criminosos, contudo, eles
z É crime comum;
conseguem se evadir. Todos os agentes responde-
z Há uma conduta típica, prevista no art. 349-A do
rão apenas pelo crime de roubo. Não se aplicando
Código Penal, inserida no ano de 2009, chama-
a César, responsável pela fuga, o crime de favoreci-
mento pessoal, porque, para que se configure este do por parte da doutrina de favorecimento real
crime, não pode o agente ter participado do crime impróprio.
anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio Observe: ingressar, promover, intermediar, auxi-
entre os agentes, ou seja, ligação ou vínculo psico-
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
lógico e subjetivo entre os agentes do delito.
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autori-
Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao zação legal, em estabelecimento prisional.
qual se comina uma pena mais branda: se ao crime Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
praticado não é cominada pena de reclusão (detenção, praticado mediante execução de quaisquer um dos
por exemplo). verbos descritos no tipo penal incriminador.
Ficará isento de pena (escusa penal absolutória), Sobre este crime, é importante levar para a sua
caso a conduta que configura o favorecimento pessoal prova:
seja praticado pelo:
z Não admite a culpa;
z Ascendente; z Caso haja autorização legal para ingresso do apa-
z Descendente; relho, o fato será atípico;
z Cônjuge; z É crime comum;
z Irmão. z A pessoa que se encontra presa poderá responder
por este tipo penal, contudo, caso apenas utilize o
Sobre o favorecimento pessoal, leve para a sua aparelho que ingressou no estabelecimento prisio-
prova o seguinte: nal, não será punido por este crime, cometendo
apenas falta grave, de acordo com a Lei de Execu-
z Não pode ser praticado culposamente; ções Penais.
z É crime comum;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z O crime se consuma com o êxito na subtração do Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder


criminoso;
z Caso não ocorra êxito na subtração, haverá a Este crime, previsto no art. 350 do Código Penal,
modalidade tentada; encontrava-se revogado tacitamente pela Lei de Abu-
z É crime acessório, que exige a ocorrência de delito so de Autoridade, Lei 4.898/1965.
anterior; Com a Lei nº 13.964/2019, o crime foi expressa-
z Não pratica o crime o agente que auxiliar a sub- mente revogado.
trair-se à ação de autoridade pública autor de con-
travenção penal. Fuga de Pessoa Presa ou Submetida à Medida de
Segurança
Favorecimento Real
Art. 351 Promover ou facilitar a fuga de pessoa
Art. 349 Prestar a criminoso, fora dos casos de legalmente presa ou submetida a medida de segu-
co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a rança detentiva:
tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 337
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por z É crime de atentado ou de empreendimento, pois
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a prevê expressamente em sua descrição típica a
pena é de reclusão, de dois a seis anos. conduta de tentar o resultado, por isso, não admi-
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- te a tentativa;
ca-se também a pena correspondente à violência. z Exige-se o emprego de violência contra pessoa.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou Caso não haja emprego de violência ou se esta for
guarda está o preso ou o internado. empregada contra coisa, não irá se configurar este crime.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, Exemplo 1: Michele, presa em uma penitenciária
de três meses a um ano, ou multa. feminina, para fugir, emprega violência contra uma
agente prisional, conseguindo, assim, evadir-se.
Como se pode observar pela leitura da figura típi- Exemplo 2: Michele, presa em uma penitenciária
ca, este tipo penal poderá ser praticado de 2 (duas) feminina, aproveitando de um momento de des-
formas: cuido dos agentes prisionais, quebra uma janela
com um soco e foge do estabelecimento prisional.
z Com a promoção da fuga;
Exemplo 3: Michele, presa em uma penitenciária
z Com a facilitação da fuga.
feminina, ao verificar que os agentes prisionais
Este crime apresenta, também, formas qualifica- estão distraídos, foge, pulando o muro do estabe-
das e uma forma culposa. lecimento prisional.
Na forma culposa, é crime próprio, que será prati-
Apenas no exemplo 1, haverá a configuração do
cado pelo funcionário incumbido da guarda ou custó-
crime de evasão mediante violência contra pessoa, já
dia da pessoa presa.
que no exemplo 2 a violência foi empregada contra
Sobre o crime de fuga de pessoa presa ou sub- coisa e no exemplo 3 não houve emprego de violência.
metida à medida de segurança, é importante levar
em consideração: Dica
z Pode ser praticado tanto intramuros (no interior Se da violência resultarem lesões, ainda que
de estabelecimento de natureza prisional) quando leves, ou morte, o agente responderá pelos dois
extramuros (durante procedimento de escolta ou crimes, e as penas serão somadas.
condução);
z Em regra, trata-se de crime comum, que pode ser Arrebatamento de Preso
praticado por qualquer pessoa;
Art. 353 Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
z Admite a forma culposa; poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
z É necessário, para configuração do crime, que a Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
prisão a que está submetida a pessoa seja legal; correspondente à violência.
z Trata-se de crime material, que se consuma com a
efetiva fuga; Sobre este crime, são relevantes as seguintes
z Admite a forma tentada; informações:
z Caso seja praticado mediante violência contra pes-
soa, responderá o agente também pela violência; z Não admite a modalidade culposa;
z Exige dolo específico: fim de maltratar o preso
Forma qualificada: (aplicar-lhe uma surra, por exemplo);
z É crime comum;
z Se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia
z O tipo penal diz preso, sem discriminar se a prisão
ou guarda está o preso ou internado, será crime
legal ou ilegal, por isso, pode cometer o crime mes-
próprio;
mo que a prisão seja ilegal;
z Se se a prisão for ilegal, não haverá a incidência
z O direito penal não permitir a analogia, portan-
deste crime, uma vez que apresente a legítima
to, não haverá a incidência deste crime se o ato é
defesa de terceiro.
cometido contra pessoa internada por medida de
z Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais
segurança;
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
z O preso arrebatado é sujeito passivo secundário;
pena é de reclusão, de dois a seis anos.
z É crime formal, que se consuma com o arrebatamento,
Evasão Mediante Violência Contra Pessoa independentemente de se conseguir maltratar o preso;
z Admite a forma tentada;
Art. 352 Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o z Quando o agente empregar a violência em con-
indivíduo submetido a medida de segurança deten- curso com o arrebatamento de preso, seja lesão
tiva, usando de violência contra a pessoa: corporal leve, grave ou gravíssima, mesmo que o
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da resultado seja morte, o sujeito ativo responderá
pena correspondente à violência. pelos dois crimes (arrebatamento de preso e lesão
corpora, por exemplo).
Sobre este crime, é muito importante que você
leve em consideração: Motim de Presos
z Trata-se de crime próprio, que só poderá ser prati- Art. 354 Amotinarem-se presos, perturbando a
cado por pessoa presa ou submetida à medida de ordem ou disciplina da prisão:
segurança detentiva; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
338 z Só pode ser praticado dolosamente; pena correspondente à violência.
Amotinarem-se, transmitindo a ideia de revolta z É crime formal, que não exige o prejuízo;Patrocí-
coletiva dos presos com a ordem e a disciplina da pri- nio simultâneo ou tergiversação: defender, na
são, provocando perturbação e alvoroço. mesma causa, o advogado ou procurador judicial,
Ordem diz respeito à tranquilidade do ambiente simultânea (patrocínio simultâneo) ou sucessiva-
prisional. mente (tergiversação ou patrocínio sucessivo),
Disciplina consiste no respeito e obediência às partes contrárias;
regras previamente estabelecidas.
A prisão há de ser legal, pois as pessoas detidas inde- „ O patrocínio simultâneo se configura quando
vidamente têm o direito de se opor ao arbítrio do Estado. o advogado patrocinar as partes contrárias
Trata-se de crime próprio e plurissubjetivo, pluri- simultaneamente;
lateral ou de concurso necessário (precisa de mais de „ A tergiversação se configura quando o advoga-
uma pessoa para praticar o crime), somente pode ser do deixa de patrocinar o seu cliente para patro-
cometido pelos “presos”. cinar a parte contrária.
Vejamos que a lei não aponta um número mínimo
de indivíduos para a concretização do delito, é lícito Sobre o crime de patrocínio simultâneo ou ter-
concluir que se exigem pelo menos três pessoas, pois giversação, é importante que você saiba:
quando o CP quer duas ou quatro pessoas ele o diz
expressamente. z Crime doloso;
z Não admite a modalidade culposa;
Sobre este crime, atente-se ao seguinte: z A traição do advogado ou procurador deve produ-
zir prejuízo relevante de qualquer natureza, mate-
z É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, rial ou moral, desde que lícito;
já que será praticado por “presos”; z Admite tentativa;
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por z A ação penal é pública incondicionada.
pessoas presas;
z Só pode ser praticado dolosamente; Sonegação de Papel ou Objeto de Valor Probatório
z O Código Penal não faz referência ao número de
presos que são necessários para a configuração do Art. 356 Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar
tipo penal, mas deixa claro se tratar de um crime de restituir autos, documento ou objeto de valor
coletivo; probatório, que recebeu na qualidade de advogado
z Não é relevante, para fins de caracterização des- ou procurador:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
te crime, se o interesse dos presos é legítimo ou
ilegítimo;
Previsto no art. 356, do CP, este crime se configu-
z Caso seja praticado com emprego de violência, res-
ra quando o agente inutilizar, total ou parcialmente,
ponderá os agentes, também, por ela;
ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de
z Caso os agentes consigam se evadir em decorrên-
valor probatório, que recebeu na qualidade de advo-
cia da violência empregada para o motim, respon-
gado ou procurador.
derão também pelo crime do art. 352 do CP;
Este crime pode ser praticado de 2 (duas) formas:
z Admite a forma tentada.

Patrocínio Infiel z Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documento


ou objeto de valor probatório (forma comissiva);
Art. 355 Trair, na qualidade de advogado ou procu- z Deixar de restituir autos, documento ou objeto de
rador, o dever profissional, prejudicando interesse, valor probatório (forma omissiva).
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Sobre este tipo penal, é importante saber o seguinte:
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo-
gado ou procurador judicial que defende na mesma cau- z É crime próprio, que só pode ser praticado pelo
sa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. advogado ou procurador que recebeu os autos,
documento ou objeto de valor probatório;
No art. 355, do CP, temos 2 (dois) crimes distintos,
z Não é punido na modalidade culposa;
com as seguintes condutas típicas: patrocínio infiel no
z A doutrina dominante admite a tentativa na moda-
caput e patrocínio simultâneo ou tergiversação no § 1º.
lidade comissiva, mas não admite na modalidade
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

z Patrocínio Infiel: trair, na qualidade de advogado omissiva.


ou procurador, o dever profissional, prejudicando
interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. Exploração de Prestígio
z É crime próprio, que só será praticado pelo advo-
gado ou procurador que trair o dever funcional; Está previsto no art. 357, do CP.
z É crime material, que se consuma quando se preju-
Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
dicar o interesse do representado;
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
z Não admite forma culposa;
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça,
z Admite tentativa somente quando o advogado ou perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
procurador pretende cometer o crime na forma Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
comissiva, uma vez que na forma omissiva não se Parágrafo único - As penas aumentam-se de um
admite a tentativa; terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro
z É crime próprio; ou utilidade também se destina a qualquer das pes-
z Não admite a forma culposa; soas referidas neste artigo. 339
Atenção à distinção desse tipo penal com o tipo penal Art. 93 Impedir, perturbar ou fraudar a realização
previsto no art. 332 do CP (tráfico de influência). O pre- de qualquer ato de procedimento licitatório:
sente crime apresenta um rol específico de pessoas, dife- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
rente do crime de tráfico de influência que generaliza e multa.
colocando a expressão “funcionário público”. Art. 95 Afastar ou procurar afastar licitante, por
meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
mento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
Importante! ta, além da pena correspondente à violência.
Muitos examinadores trazem na questão situa- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
ção hipotética envolvendo algum serventuário abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
oferecida.
da justiça. Atente-se a esses casos específi-
[...].
cos pois, apesar de serem funcionário público,
estão elencado expressamento no rol do art. 357 z No caso de emprego de violência, responderá o
(exploração de prestígio). agente, também, por ela.

Desobediência a decisão judicial sobre Perda ou


Suspensão de Direito
A pena do crime de exploração de prestígio será
aumentada de 1/3 (um terço): Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori-
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
z Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou decisão judicial:
utilidade também se destina ao juiz, ao jurado, Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
ao órgão do ministério público, ao funcionário de
justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à O crime de desobediência à decisão judicial sobre per-
testemunha. da ou suspensão de direito, inserido no Código Penal entre
os crimes contra a Administração da Justiça, representa
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para a uma modalidade especial do delito de desobediência, capi-
sua prova: tulado no art. 329 do CP entre os crimes praticados por par-
ticular contra a Administração em Geral.
z É crime comum, que poderá ser praticado por Há, nos dois delitos, o descumprimento de ordem
qualquer pessoa; legal emanada de funcionário público. No entanto, o
z Só poderá ser praticado dolosamente; crime definido no art. 359, do CP, possui elementos
z No verbo solicitar é crime formal; especializantes, pois o agente não desobedece a uma
z No verbo receber é crime material; simples ordem legal emitida por qualquer funcioná-
z Admite tentativa. rio público.
Neste crime vai além, exercendo função, atividade,
Violência ou Fraude em Arrematação Judicial direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso
ou privado por decisão judicial.
Art. 358 Impedir, perturbar ou fraudar arrema- Tutela-se a Administração da justiça.
tação judicial; afastar ou procurar afastar con-
Quanto ao sujeito ativo, verifica-se que se trata de
corrente ou licitante, por meio de violência, grave
crime próprio ou especial, pois somente pode ser prati-
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
cado pela pessoa que, por decisão judicial, foi suspensa
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
ou privada relativamente ao exercício de determinada
além da pena correspondente à violência.
função, atividade, direito, autoridade ou múnus.
Arrematação judicial, também conhecida como O sujeito passivo é o Estado.
leilão ou praça, é o ato de transferência dos bens Consuma-se com o simples exercício da função,
penhorados do devedor, em que um funcionário da atividade, direito, autoridade ou múnus do qual o
justiça apregoa e um interessado os adquire, em hasta agente foi suspenso ou privado por decisão judicial,
pública, pelo maior lance. ainda que desta conduta não seja produzido nenhum
Trata-se de atividade inerente ao Poder Judiciário, resultado naturalístico.
consistente em verdadeira expropriação destinada à Basta a prática de um único ato capaz de afrontar a
satisfação de crédito não cumprido voluntariamente. determinação emanada do Poder Judiciário.
Sobre este crime, é importante que você leve
Sobre este crime, é importante atentar-se ao em consideração as seguintes informações:
seguinte:
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- z Admite a modalidade tentada;
z Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
quer pessoa;
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
z Não admite a forma culpada;
trativa, não irá se configurar este tipo penal.
z Admite tentativa quando o agente não consegue,
por circunstâncias alheias a sua vontade, impedir, CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
perturbar ou fraudar a arrematação judicial;
z As condutas relacionadas ao licitante foram revo- Os crimes contra as finanças públicas foram acres-
gadas pela Lei nº 8.666/1993, Lei de Licitações, com cidos ao Código Penal, em capítulo próprio dos crimes
possível tipificação nos arts. 93 e 95 da citada lei, contra a administração pública, no ano 2000.
340 vejamos: Estão previstos do art. 359-A ao art. 359-H.
Dica Faz-se necessário compreender o empenho, a
liquidação e a ordem de pagamento:
Já adianto que os crimes contra as finanças
públicas são próprios, praticados por funcioná-
z Empenho: ato emanado de autoridade competen-
rio público (crimes funcionais), exigindo-se que te que cria para o Estado obrigação de pagamento
este funcionário possa dispor sobre as finanças pendente ou não de implemento de condição;
públicas. z Liquidação: consiste na verificação do direito
adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e
Parte considerável da doutrina entende ser possí- documentos comprobatórios do respectivo crédito; e
vel que o particular seja sujeito ativo dos crimes contra z Ordem de pagamento: despacho exarado por
as finanças públicas, mas desde que, por força de lei, autoridade competente, determinando que a des-
tenha disponibilidade sobre elas. Entretanto, tal pos- pesa seja paga.
sibilidade se trata de caso extremamente excepcional.
Todos os crimes contra as finanças públicas são pro- Sobre os restos a pagar, trata-se das despesas empe-
cessados mediante ação penal pública incondicionada. nhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro. Dessa
forma, o tipo penal pune o administrador que:
Contratação de Operação de Crédito
z i nscreve em restos a pagar despesas que não foram
Este crime se encontra previsto no art. 359-A do, CP. previamente empenhadas; ou
z inscreve em restos a pagar despesas previamente
Art. 359-A Ordenar, autorizar ou realizar operação empenhadas, mas com excesso aos limites legais.
de crédito, interno ou externo, sem prévia autoriza-
ção legislativa: Quanto ao sujeito ativo, somente pode ser pra-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. ticado pelo agente público dotado da atribuição de
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem orde- ordenar ou autorizar a inscrição da despesa. Se o fun-
na, autoriza ou realiza operação de crédito, interno cionário público praticar o ato sem atribuição legal
ou externo: para tanto, este será passível de anulação pelo próprio
I – com inobservância de limite, condição ou mon- Poder Público, tornando atípica a conduta.
tante estabelecido em lei ou em resolução do Sena- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
do Federal; pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
II – quando o montante da dívida consolidada ultra- tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
passa o limite máximo autorizado por lei. a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo
nas finanças públicas.
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá Consuma-se no momento da prática da conduta
ser praticado mediante execução de qualquer um dos legalmente descrita, ordenar ou autorizar a inscrição em
verbos previstos no tipo penal. Respondendo por este restos a pagar, independentemente da lesão ao erário.
crime aquele que praticar a conduta típica. Sobre este crime, é importante levar em
Há formas equiparadas do crime de contratação consideração:
de operação de crédito, incorrendo nas mesmas penas
aquele que ordena, autoriza ou realiza, operação de z Não admite a modalidade culposa; e
crédito, interno ou externo: z Trata-se de crime de ação múltipla.

z Com inobservância de limite, condição ou montan- Assunção de Obrigação no Último Ano do Mandato
te estabelecido em lei ou em resolução do Senado ou Legislatura
Federal;
z Quando o montante da dívida consolidada ultra- Art. 359-C Ordenar ou autorizar a assunção de
passa o limite máximo autorizado por lei. obrigação, nos dois últimos quadrimestres do últi-
mo ano do mandato ou legislatura, cuja despesa
Sobre este crime, é importante que você leve não possa ser paga no mesmo exercício financei-
em consideração: ro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
disponibilidade de caixa:
z Não admite a modalidade culposa;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
z Caso o agente pratique as condutas com autoriza-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ção legislativa prévia, o fato será atípico, mas, se


ultrapassar os limites da lei, o fato será típico; O objeto material do crime é a obrigação assumi-
z Nos verbos ordenar e autorizar, o crime é formal; da nos dois últimos quadrimestres do último ano do
z No verbo realizar, o crime é material. mandato ou legislatura.
Pode ser praticado de 2 (duas) formas:
Inscrição de Despesas não Empenhadas em Restos
a Pagar z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação,
nos dois últimos quadrimestres do último ano do
Este crime está previsto no art. 359-B, do CP. mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser
paga no mesmo exercício financeiro;
Art. 359-B Ordenar ou autorizar a inscrição em z Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
restos a pagar, de despesa que não tenha sido pre- dois últimos quadrimestres do último ano do man-
viamente empenhada ou que exceda limite estabe- dato ou legislatura, se restar parcela a ser paga no
lecido em lei: exercício seguinte, que não tenha contrapartida
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. suficiente de disponibilidade de caixa. 341
A prática do crime não está apenas relacionada ao Sobre este tipo penal, é importante mencionar
mantado eletivo, mas também mandato decorrente que:
de indicação.
Trata-se de crime próprio ou especial, por isso, o z Não admite a forma culposa;
sujeito ativo somente pode ser cometido pelos agentes z É crime de ação simples;
públicos titulares de mandato ou legislatura, repre- z Caso a despesa seja ordenada com autorização
sentantes dos órgãos e entidades indicados no art. 20 legislativa, o fato será atípico;
da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabi- z É crime formal, segundo Nucci.
lidade Fiscal, pois apenas tais pessoas têm atribuição
para assunção de obrigações. Prestação de Garantia Graciosa
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
Está previsto no art. 359-E, do CP.
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
Art. 359-E Prestar garantia em operação de crédito
a coletividade, em face do prejuízo causado pelo abalo
sem que tenha sido constituída contragarantia em
nas finanças públicas. valor igual ou superior ao valor da garantia pres-
Consuma-se quando o sujeito ativo ordena ou auto- tada, na forma da lei:
riza a assunção de obrigação, nos últimos oito meses Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
ser paga naquele exercício financeiro ou reste parte O tipo penal pune a conduta do funcionário público
a ser paga no exercício seguinte, sem contrapartida que presta garantia sem a observância do requisito legal.
suficiente para tanto, independentemente da compro- Quanto aos requisitos legais, devemos entender
vação de prejuízo aos cofres públicos. que “prestar” tem o sentido de conceder ou autorizar
garantia, e isto está em conformidade com o art. 29,
Sobre este crime, é importante atentar-se às inc. IV, da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Res-
seguintes disposições: ponsabilidade Fiscal, concessão de garantia que é o
compromisso de adimplência de obrigação financeira
z Só pode ser praticado dolosamente;
ou contratual assumida por algum ente da Federação
z Este crime só se configura se as condutas típicas
ou entidade a este vinculada.
forem praticadas nos dois últimos quadrimestres
As condições para a concessão de garantia encon-
(oito meses anteriores ao término do mandato) do tram-se no art. 40 da citada lei. Destaca-se entre elas
último ano do mandato ou legislatura; o oferecimento de contragarantia, em valor igual ou
z É crime de ação múltipla; e superior ao da garantia a ser concedida, visando o
z Admite a modalidade tentada, apesar de ser de equilíbrio das finanças públicas.
difícil comprovação, segundo posicionamento
doutrinário majoritário. Sobre este crime, saiba:

z Este crime não admite a modalidade culposa;


Ordenação de Despesa não Autorizada
z Não basta que seja constituída a contragarantia,
exige-se que ela seja igual ou superior ao valor da
O crime de ordenação de despesa não autorizada garantia prestada.
está previsto no art. 359-D, do CP.
Caso a contragarantia seja inferior ou não seja
Art. 359-D Ordenar despesa não autorizada por lei: prestada, este crime estará configurado.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Não Cancelamento de Restos a Pagar
Ordenar tem o sentido de mandar, determinar que Art. 359-F Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
se realize a despesa pública, a qual compreende os mover o cancelamento do montante de restos a pagar
desembolsos efetuados pelo Estado para fazer frente inscrito em valor superior ao permitido em lei:
às suas diversas responsabilidades junto à sociedade. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime próprio ou
z Deixar de ordenar é não determinar a terceiro que
especial, pois somente pode ser cometido pelo funcio-
algo seja feito;
nário público com atribuição para ordenar despesas,
z Deixar de autorizar é não permitir que terceira
conhecido como “ordenador de despesas”. pessoa faça algo; e
O tipo penal não alcança o “realizador de despesas”, z Deixar de promover equivale a não realizar direta-
compreendido como a pessoa que se limita a cumprir mente alguma coisa.
ou executar a ordem expedida pelo ordenador.
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni- O administrador público que se depara com restos
cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente a pagar inscritos em valor superior ao limite permiti-
federativo prejudicado pela conduta criminosa, e, do em Lei tem o dever legal de autorizar, ordenar ou
promover o seu cancelamento, sob pena de incorrer
secundariamente, a coletividade, em decorrência dos
no crime de não cancelamento de restos a pagar.
prejuízos causados pela ordenação de despesas públi-
O sujeito ativo é o funcionário público com atribui-
cas não autorizadas em lei. ção para ordenar, autorizar ou promover o cancela-
Consuma-se o crime quando o funcionário público mento do montante de restos a pagar indevidamente
ordena a realização da despesa sem autorização legal, inscritos. Trata-se de crime próprio ou especial. Com
independentemente da comprovação de efetiva lesão isso, o funcionário público que deixa o cargo será
342 ao erário. responsabilizado pela “inscrição de despesas não
empenhadas em restos a pagar” (art. 359-B), ao passo O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
que o funcionário público que assume o cargo deverá funcionário público com atribuição para ordenar,
ser responsabilizado por não ter determinado o “can- autorizar ou executar ato que acarrete aumento de
celamento do montante de restos a pagar” (art. 359-F), despesa total com pessoal, nos últimos 180 dias do
inscrito em valor superior ao legalmente permitido. mandato ou legislatura.
Os dois agentes contribuem para o mesmo resul- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí-
tado, mas a eles serão imputados crimes diversos, em pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa-
face do especial tratamento conferido pela lei penal. tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente,
O sujeito passivo é a União, os Estados, os Municí- a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo
pios ou o Distrito Federal, dependendo do ente federa- aumento de despesa total com pessoal no último ano
tivo afetado pela conduta criminosa, e, mediatamente, do mandato ou legislatura.
a coletividade, em razão dos prejuízos causados pelo Consuma-se quando o agente público ordena,
não cancelamento de restos a pagar. autoriza ou executa o ato de aumento de despesa com
O crime se consuma quando o sujeito ativo deixa pessoal, nos últimos 180 dias de mandato ou legislatu-
de ordenar, de autorizar ou de promover o cancela- ra, independentemente da comprovação de prejuízo
mento do montante de restos a pagar inscrito inde- econômico ao erário.Sobre este crime, leve em con-
vidamente, independentemente de comprovação de sideração o seguinte:
lesão patrimonial ao erário.
A omissão que não ultrapassa os limites de restos a z Só pode ser praticado dolosamente;
pagar não configura este crime. z É crime de ação múltipla;
z Para sua configuração, deve ser praticado nos 180
Sobre este crime, fique atento ao seguinte: dias que antecedem o fim do mandato ou legisla-
tura. Caso realizado em outro período, não irá se
z Só pode ser praticado dolosamente; configurar;
z Admite tentativa.
z É crime omissivo;
z Não admite tentativa.
Oferta Pública ou Colocação de Títulos no Mercado
Aumento de Despesa Total com Pessoal no Último
Este crime se encontra previsto no art. 359-H, do CP.
Ano do Mandato ou Legislatura
Art. 359-H Ordenar, autorizar ou promover a ofer-
Art. 359-G Ordenar, autorizar ou executar ato que
ta pública ou a colocação no mercado financeiro
acarrete aumento de despesa total com pessoal,
de títulos da dívida pública sem que tenham sido
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do man-
criados por lei ou sem que estejam registrados em
dato ou da legislatura:
sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

z Ordenar é determinar alguma coisa; z Ordenar é determinar;


z Autorizar significa permitir que algo seja feito; e z Autorizar equivale a permitir que algo seja feito;
z Executar traz a ideia de realizar ou concretizar algo. z Promover traz a ideia de realizar, concretizar a
oferta pública ou colocação de títulos no mercado;
Este crime tem como finalidade evitar que se
aumente as despesas totais com pessoal, concedendo O objeto material do crime são os títulos da dívida
aumentos, contratando, alterações na carreira, entre pública. Nos termos do art. 29, inciso II, da Lei Comple-
outras formas, nos últimos dias do mandato ou legis- mentar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal,
latura, deixando para outro funcionário público a res- considera-se dívida pública mobiliária aquela repre-
ponsabilidade de arcar com os compromissos. sentada por títulos emitidos pela União, inclusive os
A diferença entre o art. 359-G e o art. 359-C do do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
CP, é que o crime em estudo não se relaciona com a O sujeito ativo somente pode ser praticado pelo
infração penal tipificada no art. 359-C do CP, porque funcionário público dotado da atribuição para orde-
na assunção de obrigação no último ano do manda- nar, autorizar ou promover oferta pública ou coloca-
to ou legislatura levam-se em conta despesas que não ção no mercado financeiro de títulos da dívida pública.
podem ser pagas no mesmo exercício, ficando a obri- O sujeito passivo é a União, os Estados, os Muni-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

gação de pagamento ao sucessor, sem ter disponibili- cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
dade orçamentária para tanto. federativo atingido pela conduta criminosa, e, media-
No art. 359-G, do CP, o aumento de despesa com pes- tamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela
soal é permanente, ou seja, irá ultrapassar o exercício compra de títulos irregularmente emitidos.
financeiro, atingindo anos futuros. Consequentemen- Consuma-se o crime em estudo no momento em
te, o orçamento do ente federativo ou órgão público que o agente público ordena, autoriza ou promove a
ficará inevitavelmente comprometido, deixando de oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
propiciar ao administrador público futuro condições de títulos da dívida pública sem que tenham sido cria-
para gerir adequadamente a máquina estatal. dos por lei ou sem que estejam registrados em sistema
Destaca-se que o elemento temporal do art. 359-G, do centralizado de liquidação e de custódia, independen-
CP, está consubstanciado na expressão “nos cento e oiten- temente de efetivo prejuízo ao erário.
ta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura”.
Assim, fora do período legalmente indicado não há Sobre este crime, é importante mencionar:
o que se falar na prática do delito, ainda que exista
ilegal aumento da despesa total com pessoal. z Só pode ser praticado dolosamente; 343
z É crime de ação múltipla; É importante saber que os princípios da Dignidade
z Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria- da pessoa humana e do Devido processo legal não têm
dos por lei ou estejam registrados no sistema cen- aplicabilidade somente ao Direito Penal, mas alcan-
tralizado de liquidação e de custódia, a prática da çam o Direito como um todo. No entanto, produzem
conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. reflexos importantíssimos na área Penal e servem de
base para todos os demais princípios e normas.

Princípio da Legalidade
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL Previsto no inciso XXIX, do art. 5º, da Constituição,
com redação semelhante à do art. 1º do CP, o princípio
Os princípios não são somente um conjunto de da legalidade é a mais importante garantia do cidadão
valores, diretrizes ou instruções de cunho ético ou frente ao poder punitivo do Estado, sendo o mais rele-
programático. Os princípios são normas de aplica- vante princípio penal.
ção prática: tem caráter imperativo (cogente). Estão Compare o princípio conforme exposto na Consti-
em posição de superioridade às regras, orientando a tuição (art. 5°) e no Código Penal (art. 1°):
interpretação destas ou impedindo a sua aplicação
quando estiverem em contradição aos princípios Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Dentre os princípios aplicáveis ao Direito Penal, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
dois merecem destaque, por deles se extraírem todos ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
os demais: o princípio da dignidade da pessoa bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
humana e o princípio do devido processo legal. à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O princípio da dignidade da pessoa humana [...]
é tido como um “superprincípio”, ou seja, nele se XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
baseiam todas as escolhas políticas no Direito: em nem pena sem prévia cominação legal;
outras palavras, é um valor que orienta todo o sistema [...]
jurídico e prevalece no momento da interpretação de Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina.
todos os demais princípios e normas (nenhum prin- Não há pena sem prévia cominação legal.
cípio ou regra de qualquer área do Direito, inclusive
na esfera Penal, pode ser contrário a ele). Esse princí- Por força deste princípio, não há crime (nem con-
pio maior encontra-se no art. 1º, III, CF, inserido como travenção) sem prévia determinação legal, assim
fundamento do Estado Democrático de Direito: como não há pena sem prévia cominação (imposi-
ção, prescrição) feita em lei.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos: Importante!
[...] Não confunda o princípio da legalidade, previsto
III – a dignidade da pessoa humana
no inciso II, do art. 5º, da CF, segundo o qual “nin-
A dignidade humana, na área penal, se desdobra guém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
em dois aspectos: alguma coisa senão em virtude de lei” (legalida-
de em sentido amplo), com o princípio da legali-
z O respeito à dignidade da pessoa humana quando dade criminal que, conforme vimos, se encontra
esta se torna acusada em um processo-crime; e
no inciso XXXIX, do art. 5º, da CF e art. 1º, CP,
z O respeito à dignidade do ofendido, que teve seu
segundo o qual não há crime sem lei (legalidade
bem jurídico perdido ou danificado.
em sentido estrito).
A dignidade da pessoa humana só é assegurada
quando é observado outro princípio basilar: o Devido
processo legal, que se encontra no art. 5º, LIV, CF: O princípio da legalidade tem quatro funções
fundamentais:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- z Proibir a retroatividade da lei penal (nullum cri-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- men nulla poena sine lege praevia);
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: z Proibir a criação de crimes e penas pelo costu-
[...] me (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus z Proibir o emprego da analogia para criar cri-
bens sem o devido processo legal; mes, fundamentar ou agravar penas (nullum cri-
men nulla poena sine lege stricta);
De forma simples, a consolidação do devido pro-
cesso legal se dá quando é assegurado a todos o direito z Proibir incriminações vagas e indeterminadas
a um processo que segue todas as etapas previstas em (nullum crimen nulla poena sine lege certa).
lei e que observa todas as garantias constitucionais
previstas. Dizer que foi observado o princípio do devi- O princípio da legalidade criminal apresenta
do processo legal na esfera penal significa afirmar que atualmente, várias esferas de garantia. Dentre estas,
houve sucesso na aplicação de todos os princípios pro- as mais relevantes são os princípios da reserva legal
344 cessuais penais e processuais penais. e da anterioridade.
Princípio da Reserva Legal
PREVISÃO
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
LEGAL
Ainda de acordo com o inciso XXXIX, do art. 5º,
da CF e o art. 1º do CP, em matéria penal, apenas lei O Direito Penal deve ga-
em sentido estrito (aprovada pelo Congresso Nacio- Dignidade da Inciso III, do rantir a dignidade huma-
nal, seguindo o procedimento legislativo previsto na pessoa art. 1º, da na, limitando os excessos
CF) pode criar crimes e sanções (penas e medidas humana CF do Estado (é considerado
de segurança). Assim apenas leis ordinárias e leis um ‘superprincípio’).
complementares (leis em sentido estrito) podem A aplicação da lei penal
prever crimes e cominar penas: Emendas constitu- só pode se dar seguindo
cionais, Medidas Provisórias, Leis Delegadas, Decretos Inciso LIV,
Devido todas as etapas previs-
Legislativos e Resoluções não podem ser usadas. do art. 5º,
processo legal tas em lei e observando
da CF
todas as garantias cons-
Princípio da Anterioridade titucionais previstas.

Inciso Não há crime (nem con-


Previsto também no inciso XXXIX, do art. 5º, da CF
XXXIX, do travenção) sem prévia
e art. 1º do CP, o princípio da anterioridade determi- Legalidade
art. 5º, da determinação legal,
na que, antes da prática do crime, deve haver prévia penal
CF e art. 1º nem pena sem prévia
definição em lei (estabelecendo, ainda, a pena cabí- do CP cominação legal.
vel). Quem pratica a conduta criminosa deve saber de
antemão que o ato é criminoso e possui uma conse- Inciso
quência jurídica. Em outras palavras, via de regra, a XXXIX, do Apenas lei em sentido
lei penal nova, que entrar em vigor após o fato crimi- Reserva legal art. 5º, da estrito pode criar cri-
CF e art. 1º mes e cominar penas.
noso, somente se aplica aos fatos ocorridos após a sua
do CP
vigência.
A lei penal nova deve
Inciso
Princípio da Aplicação da Lei Mais Favorável entrar em vigor antes
XXXIX, do
(retroatividade da lei penal benéfica ou, ainda, do fato criminoso e se
Anterioridade art. 5º, da
irretroatividade da lei penal) aplica apenas para os
CF e art. 1º
fatos ocorridos após
do CP
A regra geral impõe que as leis tem sua validade sua vigência
voltada para o futuro, ou seja, são irretroativas (não É um princípio-exceção.
retroagem). Por que tal regra? Porque, caso contrário, Inciso XL, do A regra geral é que as
haveria enorme insegurança jurídica, correndo-se o Retroatividade
art. 5º, da leis tenham validade
risco da sociedade (destinatária da norma) ser sur- da lei penal
CF e art. 2º voltada para o futuro.
benéfica
preendida a todo instante. O inciso XL, do art. 5º, da do CP Só a lei penal favorável
CF e o art. 2º do CP apresentam uma exceção, válida ao agente retroage.
somente no Direito Penal. Observe como o princípio
vem disposto na Constituição Federal e no Código Princípio da Pessoalidade ou da Personalidade ou da
Penal: Responsabilidade Pessoal ou da Intranscendência da
Pena
CF CP
Encontra-se previsto no inciso XLV, art. 5º, da CF:
Art. 5º Todos são iguais Art. 2º Ninguém pode ser
perante a lei, sem distin- punido por fato que lei Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
ção de qualquer natureza, posterior deixa de consi- de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
garantindo-se aos brasi- derar crime, cessando em ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
leiros e aos estrangeiros virtude dela a execução e bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
residentes no País a in- os efeitos penais da sen- à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
violabilidade do direito à tença condenatória. [...]
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do con-
vida, à liberdade, à igual- Parágrafo único - A lei
denado, podendo a obrigação de reparar o dano
dade, à segurança e à posterior, que de qualquer
e a decretação do perdimento de bens ser, nos ter-
propriedade, nos termos modo favorecer o agente,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

mos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles


seguintes: aplica-se aos fatos ante- executadas, até o limite do valor do patrimônio
[...] riores, ainda que decididos transferido;
XL – a lei penal não re- por sentença condenatória
troagirá, salvo para be- transitada em julgado. Tal princípio define que a pena de um agente con-
neficiar o réu; denado não pode ser transferida para outra pessoa,
ou seja, apenas o indivíduo sentenciado pode ser
Trata-se do “princípio-exceção” da retroatividade responsabilizado pela conduta criminosa praticada.
da lei penal mais benéfica: a norma penal mais bené- Não importa o tipo da pena (privativa de liberdade
fica ao agente do crime, retroage, sendo aplicável a ou multa): apenas o autor da infração penal pode ser
casos em curso ou já definitivamente sentenciados. apenado (receber a pena), esta é a regra.
Os princípios constitucionais do Direito penal que No entanto, o próprio inciso XLV, do aludido arti-
veremos a seguir são os mais relevantes (portanto, os go, traz uma exceção: nas hipóteses previstas no art.
mais cobrados) no que diz respeito à aplicação da lei 91 do Código Penal (que estabelece como efeitos da
penal. Podemos resumi-los da seguinte forma: condenação o dever de indenizar o dano causado e 345
o perdimento de determinados bens), mesmo com o z Cominação: a primeira fase de individualização
falecimento do condenado a obrigação de reparar o da pena se inicia com a seleção feita pelo legisla-
dano e a decretação do perdimento de bens alcan- dor, quando escolhe para fazer parte do pequeno
çam os sucessores até o limite do valor do patrimônio âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas
transferido. condutas, positivas ou negativas, que atacam nos-
Vimos acima a questão da responsabilidade pes- sos bens mais importantes. Uma vez feita essa sele-
soal do agente. Mas, e em relação às pessoas jurídicas, ção, o legislador valora as condutas, apresentando
elas respondem na esfera penal? Sim. Uma das possi- penas de acordo com a importância do bem a ser
bilidades de responsabilição penal da pessoa jurídi- tutelado.
ca está prevista no art. 3º da Lei de Crimes Ambientais z Aplicação: tendo o julgador chegado à conclusão
(Lei nº 9.605, de 1998). de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável,
dirá qual a infração praticada e começará, ago-
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabiliza- ra, a individualizar a pena a ele correspondente,
das administrativa, civil e penalmente conforme
observando as determinações contidas no art. 59
o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
do Código Penal.
seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no z Execução Penal: a execução não pode igual para
interesse ou benefício da sua entidade. todos os presos, justamente porque as pessoas não
são iguais, mas sumamente diferentes, e tampou-
A CF prevê a possibilidade da responsabilização co a execução pode ser homogênea durante todo
criminal da pessoa jurídica em duas hipóteses: nos período de seu cumprimento. Individualizar a
crimes ambientais e nos crimes econômicos (art. 173 pena, na execução consiste em dar a cada preso as
e § 3º, art. do 225, da CF). Vejamos: oportunidades para lograr a sua reinserção social,
posto que é pessoa, ser distinto.
Art. 173 Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
tituição, a exploração direta de atividade econômi- Princípio da Humanidade da Pena ou da Limitação
ca pelo Estado só será permitida quando necessária das Penas
aos imperativos da segurança nacional ou a rele-
vante interesse coletivo, conforme definidos em lei. É vedado no Estado democrático de direito a cria-
[...] ção, aplicação ou execução de medidas que atentem
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi-
contra a dignidade humana. Este princípio apresenta-
dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá
-se como uma diretriz garantidora de ordem material
a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
e restritiva da lei penal. Sendo, portanto, uma verda-
contra a ordem econômica e financeira e contra a deira salvaguarda da dignidade pessoal, que relacio-
economia popular. na estritamente com os princípios da culpabilidade e
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente eco- da igualdade.
logicamente equilibrado, bem de uso comum do Está previsto no inciso XLVII, do art. 5°, da CF, que
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impon- proíbe as seguintes penas:
do-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras z de morte, salvo em caso de guerra declarada;
gerações. z de caráter perpétuo;
[...] z de trabalhos forçados;
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas z de banimento;
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas z cruéis.
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administra-
tivas, independentemente da obrigação de reparar
Um Estado que mata, que tortura, que humilha o
os danos causados.
cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão
que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível
Princípio da Individualização da Pena
dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, p. 318).
Garante que o Direto Penal aplicado ao caso con-
REFERÊNCIAS
creto considere as particularidades da personalidade
do agente e o grau de lesão ao bem jurídico. Impede,
BRASIL. Constituição Federal. Disponível em:
pois, a generalização da aplicação da pena. Tal princí-
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui-
pio está expresso no art. 5º, XLVI, CF:
cao/constituicao.htm>. Acesso em: 25 ago. 2021.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
______. Código Penal Brasileiro. Disponível em:
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- del2848compilado.htm>. Acesso em: 25 ago. 2021.
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, ______. Código Civil. Disponível em: < http://www.
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compila-
[...] da.htm >. Acesso em: 25 ago. 2021.
XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...] ______. Lei de Crimes Ambientais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.
A pena deve ser individualizada em três planos: htm>. Acesso em: 25 ago. 2021.
legislativo, judicial e executório. Isto é, o princípio da FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do
individualização da pena se dá em três momentos na garantismo penal. São Paulo: Editora Revista dos
346 esfera penal: Tribunais, 2002.
a) Condutas eivadas de imprudência, negligência ou
HORA DE PRATICAR! imperícia, porquanto próprias do ato culposo, são
puníveis na forma do artigo 132 do Código Penal.
Para que você possa treinar o conteúdo pedido pelo Assim, a exposição a perigo decorrente de ato desas-
edital, apesar da pouca quantidade de questões da troso do autor configura o crime, já que há previsão
SELECON (banca organizadora do certame) relativas para a punição do fato praticado culposamente.
a essa disciplina, há, também, questões presentes b) É compreensível que o delito do artigo 132 não incida
neste material que são de bancas variadas e tratam de modo subsidiário, pois nunca resultará em violação
do assunto exigido. de norma penal mais grave.
c) O profissional está sujeito às responsabilidades ligadas
Bons estudos! ao exercício de sua profissão. São elas: Responsabili-
dade Técnica ou Ético-Profissional; Responsabilidade
1. (SELECON – 2020) Pégaso é condenado pela prática Civil; Responsabilidade Penal ou Criminal; Responsa-
de crime previsto em lei a quinze anos de reclusão, bilidade Trabalhista; Responsabilidade Administrativa.
tendo a decisão judicial transitada em julgado. Após Cada uma delas independe das outras e pode resultar
de fatos ou atos distintos, ou até um mesmo de fato
dois anos de cumprimento da pena, surge lei nova que
ou ato diretamente ligado à atividade profissional.
deixa de considerar como crime os fatos que levaram
d) Os profissionais que executam atividades específicas
à condenação de Pégaso. Nesse caso, segundo os
das áreas tecnológicas não devem assumir a respon-
comandos normativos do Código Penal, a lei:
sabilidade técnica por todo trabalho que realizam.
a) não retroagirá pelo efeito permanente da decisão judicial
5. (SELECON – 2020) Towarde Lennon é considerado
b) retroagirá para beneficiar o réu culpado pela prática do crime de roubo capitulado no
c) retroagirá se houve concordância do Ministério Público Código Penal. Nos termos das normas aplicáveis, sua
d) não retroagirá por ser regra de exceção pena será acrescida de dois terços quando:

2. (SELECON – 2019) Paul Polônio é motorista profis- a) houver o concurso de duas pessoas
sional e apreciador das corridas de alta velocidade. b) a vítima permanecer em poder do acusado
Conduzindo seu próprio automóvel, tem o hábito de c) a subtração for de explosivos
reunir-se com amigos para realizar corridas ilícitas em d) a violência é exercida com arma de fogo
vias públicas conhecidas como “rachas”. Em um des-
ses eventos, uma das pessoas presentes vem a ser 6. (SELECON – 2019) Perpétuo, agente fiscal do município
atingida pelo veículo conduzido por Paul, vindo a fale- XXT, desvia, em proveito próprio, os valores decorren-
cer. Nesse caso, aplicando-se a parte geral do Código tes do pagamento do IPTU sob sua responsabilidade.
Penal e adequada interpretação jurisprudencial, o cri- Nesse caso, de acordo com as regras pertinentes aos
me ocorrido deve ser caracterizado como doloso: crimes praticados contra a Administração Pública pre-
vistos no Código Penal ocorre, em tese, o crime de:
a) direto
b) aberto a) corrupção
c) presente b) peculato
d) negligente c) exação
e) eventual d) falsidade
e) prevaricação
3. (SELECON – 2020) Becket saca de um revólver e des-
fere seis tiros em Bebezão para resolver um desenten- 7. (IADES – 2019) O Regime Disciplinar Diferenciado é
dimento ocorrido em determinado bar. Nenhum dos uma modalidade especial de cumprimento da pena no
tiros atinge a vítima. Nesse caso, deve ser classificada regime fechado, previsto no art. 52 da Lei de Execu-
a tentativa como: ções Penais. Consiste na permanência do presidiário,
provisório ou condenado, em cela individual, com limi-
tações ao direito de visita e do direito de saída da cela.
a) cruenta
Seja como sanção disciplinar (art. 52, caput) ou como
b) vermelha
medida disciplinar (art. 52, §§ 1º e 2º), a aplicação de
c) branca
tais sanções encontra críticas no que diz respeito à
d) inadmissível
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sua constitucionalidade, pois a parcela mais crítica


da doutrina brasileira afirma que o Regime Disciplinar
4. (SELECON – 2018) Leia os seguintes artigos do Códi- Diferenciado (Lei nº 10.792/2013) não possui tipos
go Penal brasileiro: penais bem definidos. Isso dificulta a aplicação dos
tipos penais aos presos que eventualmente pratiquem
Art. 121, CP.- Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a as condutas descritas em lei, pois a excessiva indeter-
vinte anos. minação material dos termos origina imprecisão nas
Art. 132, CP. - Expor a vida ou a saúde de outrem a peri- interpretações. Tais argumentos se fundamentam no
go direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a princípio da
um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
a) culpabilidade.
Sobre responsabilidade técnica, civil e criminal em b) ofensividade.
obras de engenharia e conhecimentos legais sobre o c) insignificância.
enquadramento dos responsáveis referentes aos arti- d) isonomia.
gos 121 e 132 do código penal, é correto afirmar: e) legalidade. 347
8. (IBADE – 2018) O indivíduo que mata um integrante do
sistema prisional, no exercício da função ou em decor-
GABARITO COMENTADO
rência dela, em razão dessa condição, comete crime de: 1.
a) tortura. Em “a”: Incorreta, pois em se tratando de decisão
b) homicídio culposo.
judicial criminal não há o efeito permanente se
c) homicídio qualificado.
sobrevier legislação que deixe de considerar crime,
d) feminicídio.
e) homicídio simples. neste caso, ocorrerá a abolição do crime e cessarão
os efeitos do crime e da condenação criminosa, ain-
9. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Um indivíduo negro, síndico da que transitada em julgado.
do edifício onde morava, ao flagrar um morador na pisci- Em “b”: Correta, pois de acordo ainda com a Cons-
na do bloco com um recipiente de isopor cheio de bebi- tituição Federal a lei penal NÃO retroagirá, SALVO
das alcoólicas — atitude que afronta a norma regimental para beneficiar o réu, assim ocorrendo a abolição
proibitiva do condomínio —, recriminou-o, dizendo sim- do crime (abolitio criminis), quando lei nova deixar
plesmente: “– você não pode fazer isso!”. Enfurecido, o de considerar uma conduta como crime cessarão
morador retrucou a admoestação, proferindo ofensas todos os efeitos da condenação.
relativas à raça e à cor do síndico, com a seguinte frase: Em “C”: Incorreta, pois a abolição do crime NÃO
“– Negro safado e fedido, volte para a África, que é seu
depende da concordância do Ministério Público, vis-
lugar!”. A ofensa foi proferida em voz alta, na presença de
to que parte de nova legislação que vem do poder
vários condôminos que usufruíam da área de lazer.
legislativo.
Nessa situação, a conduta do morador configura hipó- Em “D”: Incorreta a lei penal que de qualquer forma
tese de favorecer o réu RETROAGIRÁ, sendo este um princí-
pio do Direito Penal. Resposta: Letra B.
a) injúria qualificada por conotação racial.
b) crime contra a honra sujeito a ação penal pública 2.
incondicionada.
c) crime contra a honra sujeito à exceção da verdade. Em “a”: incorreta pois o dolo direto é caracterizado
d) difamação, razão por que ele estará isento de pena quando o agente almeja, deseja o resultado como a
caso se retrate antes de proferida a sentença. finalidade de sua ação.
e) retorsão imediata, razão por que ele não poderá ser Em “b”: incorreta, não existe essa modalidade de
punido. dolo em nossa doutrina.
Em “c”: incorreta, pois não existe a citada modali-
10. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Maria, que trabalhava
dade de dolo em nossa doutrina.
havia anos em serviço terceirizado de limpeza, apro-
veitando-se de que o delegado-chefe da delegacia Em “d”: incorreta, pois a negligência é uma das
de polícia de Recife, onde trabalhava àépoca, estava modalidades de culpa e não de dolo.
ausente, entrou em sua sala e subtraiu para si um Em “e”: correta, pois no caso o agente não desejou
telefone celular que estava sobre a mesa. O delegado diretamente o fim de sua ação mas aceitou o resulta-
tinha total confiança em Maria, tanto que muitasvezes do como possível ou até provável. Resposta: Letra E.
deixava bens públicos e privados sob seus cuidados.
O bem subtraído foi avaliado em R$ 3.000. 3.

Nessa situação hipotética, Maria responderá por Em “a”: Incorreta, pois a tentativa cruenta ou ver-
melha é classificada pela doutrina como aquele em
a) furto qualificado por abuso de confiança. que o agente lesiona o bem jurídico, no caso hipoté-
b) furto privilegiado. tico se um dos tiros atingisse a vítima estaríamos
c) peculato. diante de uma tentativa cruenta.
d) apropriação indébita. Em “b”: Incorreta, pois a tentativa vermelha ou
e) extravio. cruenta são sinônimos.
11. (IBFC – 2014) Assinale a alternativa correta, conside- Em “c”: Correta. Tentativa branca ou incruenta é
rando a legislação sobre o que não é considerado cri- aquela em que o agente não lesiona o bem jurídi-
me contra a vida. co tutelado, no caso hipotético como nenhum tiro
atingiu a vítima estamos diante de uma tentativa
a) Homicídio simples. branca ou incruenta.
b) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. Em “d”: Incorreta pode se dizer tentativa inadmissí-
c) Infanticídio. vel quando o crime não admite tentativa como acon-
d) Aborto provocado por terceiro. tece nos crimes de mera conduta. Resposta: Letra C.
e) Latrocínio
4.
12. (ESCOLA DE GOVERNO-GO – 2016) O funcionário
público que deixar, por indulgência, de responsabilizar Em “a”: Incorreta, se o ato desastroso configuraria
subordinado seu que cometeu infração no exercício a culpa exclusiva da vítima, eximindo o engenheiro
do cargo ou, quando lhe faltar competência para tal, de culpa.
deixar de levar o fato ao conhecimento da autoridade Em “b”: Incorreta, pois ainda que se inicie de modo
competente, comete crime de:
subsidiário poderá resultar em violação de norma
a) Lesão corporal penal mais grave.
b) Lesão corporal seguida de morte Em “c”: Correta, a alternativa lista as modalidades
c) Condescendência criminosa de responsabilidade que está sujeito o profissional.
d) Abandono de incapaz Em “d”: Todos os profissionais técnicos assumem o
348 e) Nenhuma das alternativas anteriores. risco da atividade que realizam. Resposta: Letra C.
5. 9.
Em “a”: Incorreta, quando há o concurso de duas ou
Em “a”: Correta, a injúria consistente na utilização
mais pessoas a pena será acrescida de 1/3.
de elementos de cor, raça, etnia, religião, origem
Em “b”: Incorreta, quando o agente mantem a víti-
ma em seu poder a pena é aumentada de 1/3. configura crime de injuria qualificada pela conota-
Em “c”: Incorreta, pois a subtração de explosivos ção racial.
aumenta a pena do crime de roubo em 1/3. Em “b”: Incorreta os crimes contra a honra, são
Em “d”: Correta, quando a violência ou ameaça for em regra de ação penal privada, iniciados por
exercida com emprego de arma de fogo a pena do queixa-crime.
crime de roubo será aumentada de 2/3. Resposta: Em “c”: Incorreta, o crime contra a honra que admi-
Letra D. te exceção da verdade é a calúnia.
Em “d”: Incorreta, difamar é atribuir fato ofensivo à
6. reputação da vítima.
Em “e”: Incorreta, a retorsão imediata somente
Em “a”: Incorreta, pois o crime de corrupção é ocorre se há uma injúria seguida de nova injuria,
cometido quando o agente oferece ou promete van- entre autor e réu, o que não se aplica ao caso hipo-
tagem indevida a funcionário público. tético narrado. Resposta: Letra A.
Em “b”: Correta, o crime de peculato é configurado
quando o funcionário público se apropria de dinhei- 10.
ro, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a
posse em razão do cargo. Em “a”: Correta, se trata de furto qualificado com
Em “c”: Incorreta, não existe o crime de exação, mas abuso de confiança, tal como narra o enunciado,
sim o crime de excesso de exação que se configura não se trata de crime próprio de funcionário público
quando o agente exige tributo que sabe indevido. pois a funcionária era terceirizada.
Em “d”: Incorreta, o crime de prevaricação se confi- Em “b”: Incorreta, o furto privilegiado ocorre quan-
gura quando o agente retarda ou deixa de praticar do a coisa furtada é de pequeno valor, sendo o cri-
ato de ofício para satisfazer sentimento ou interesse minoso primário.
pessoal. Resposta: Letra B. Em “c”: Incorreta o peculato ocorre quando o fun-
7. cionário público se apropria de algo que tem a posse
em razão do cargo.
Em “a”: Incorreta, pois o princípio da culpabilida- Em “d”: Incorreta, a apropriação indébita pressupõe
de determina que não há crime sem culpa, portanto que o agente tenha a posse do bem anteriormente.
nenhuma relação com o dito no enunciado. Em “e”: Incorreta, pois o crime de extravio diz res-
Em “b”: Incorreta, o princípio da ofensividade deter- peito à documentos públicos. Resposta: Letra A.
mina que não há crime sem lesão ou perigo de lesão.
Em “c”: Incorreta, o princípio da insignificância ou 11.
da bagatela determina que não haja punição quan-
do a ofensa ao bem jurídico for irrisória. Em “a”: Incorreta, o homicídio simples é o ato de
Em “d”: Incorreta, o princípio da isonomia determi- matar alguém, portanto, tutela a vida.
na que todos são iguais perante a lei. Em “b”: Incorreta, o crime de induzimento, auxílio
Em “e”: Correta, pois o princípio da legalidade deter- ou instigação ao suicídio protege o bem jurídico da
mina que não há crime sem lei anterior que o defi- vida.
na, nem pena sem prévia cominação legal, logo, se o Em “c”: Incorreta, o infanticídio é o crime cometido
tipo penal ou condutas são imprecisas ou indetermi- pela mãe que mata seu próprio filho em razão do
nadas, estaríamos diante, em tese, de uma ofensa ao estado puerperal, logo, tutela a vida do infante.
princípio da legalidade. Resposta: Letra E. Em “d”: Incorreta, o aborto provocado por terceiro
também é um crime doloso contra a vida.
8. Em “e”: Correta, pois no crime de latrocínio o agente
Em “a”: Incorreta, pois o crime de tortura não pos- objetiva subtrair coisa alheia móvel e da violência
sui em seu núcleo do tipo (verbo), matar alguém, empregada resulta a morte da vítima. Resposta:
portanto a conduta não se enquadra no crime de Letra E.
tortura.
Em “b”: Incorreta, as modalidades de culpa são 12.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

negligência, imprudência ou imperícia, ou seja, o


agente não desejou o resultado almejado. Em “a”: Incorreta, o crime de lesão corporal não é
Em “c”: Correta, homicídio cometido contra os crime próprio, mas sim comum e pode ser cometi-
agentes de segurança, do sistema prisional e da do por qualquer pessoa, logo, não guarda qualquer
Força Nacional da Segurança Pública no exercício relação com o enunciado.
da função ou em decorrência dela, ou ainda contra Em “b”: Incorreta, a lesão corporal seguida de mor-
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até te é crime comum.
terceiro grau é modalidade de qualificadora esculpi- Em “c”: Correta, o superior que deixa de responsa-
do em nosso Código Penal. bilizar o subordinado ou deixa de levar ao conheci-
Em “d”: Incorreta, feminicídio é o crime de homicí- mento da autoridade competente comete o crime de
dio cometido contra a mulher por razões da condi- condescendência criminosa.
ção do sexo feminino. Em “d”: Incorreta, o abandono de incapaz ocorre
Em “e”: Incorreta, pois o homicídio simples é aquele quando o responsável deixa de assistir o incapaz
cometido sem a presença de nenhuma das hipóteses que está sob sua guarda, responsabilidade ou vigi-
qualificadoras da lei. Resposta: Letra C. lância. Resposta: Letra C. 349
ANOTAÇÕES

350
advento de um mundo em que mulheres e homens
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber-
dade de viverem a salvo do temor e da necessidade
foi proclamado como a mais alta aspiração do ser
humano comum,
NOÇÕES DE DIREITOS Considerando ser essencial que os direitos huma-
nos sejam protegidos pelo império da lei, para que
HUMANOS E o ser humano não seja compelido, como último
recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

PARTICIPAÇÃO SOCIAL [...]


Agora portanto a Assembleia Geral proclama a pre-
sente Declaração Universal dos Direitos Humanos
como o ideal comum a ser atingido por todos
os povos e todas as nações, com o objetivo de
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS que cada indivíduo e cada órgão da sociedade ten-
do sempre em mente esta Declaração, esforce-se,
DIREITOS HUMANOS por meio do ensino e da educação, por promover
o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
RESOLUÇÃO 217-A (III) DA ASSEMBLEIA GERAL
adoção de medidas progressivas de caráter nacio-
DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948
nal e internacional, por assegurar o seu reconhe-
cimento e a sua observância universais e efetivos,
A proteção da pessoa humana em caráter internacio- tanto entre os povos dos próprios Países-Mem-
nal é inicialmente resguardada pela Carta Internacional bros quanto entre os povos dos territórios sob
dos Direitos Humanos, que é composta por três importan- sua jurisdição.
tes documentos: a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, de 1948, o Pacto Internacional dos Direitos
Observaremos agora os trechos grifados. O pri-
Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
meiro destaque, reconhecimento da dignidade,
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966.
remete ao núcleo da DUDH, sendo uma característica
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
de extrema importância, resguardada também pela
surgiu no período pós Segunda Guerra Mundial com o
intuito de estabelecer proteção aos direitos do homem Constituição Federal de 1988.
frente aos atos bárbaros causados pela guerra. Nes- O reconhecimento da dignidade da pessoa humana,
se cenário, a ONU (fundada em 1945) elaborou um segundo Alexandre de Moraes1, é um valor espiritual
guia, garantindo o acesso das pessoas ao exercício de e moral inerente à pessoa, constituindo uma garantia
seus direitos em todos os lugares do mundo. Esse guia mínima que deve ser assegurada por todo estatuto jurí-
sofreu alterações ao decorrer dos anos, até que se pro- dico. Em outras palavras, a dignidade reflete as garan-
mulgasse a Declaração Universal dos Direitos Huma- tias mínimas de subsistência de cada ser humano.
nos — DUDH — em 10 de dezembro de 1948, por meio O segundo grifo remete ao caráter universal dos
da Resolução nº 2017, o que finalmente inaugurou o direitos humanos, pois todos, indiscriminadamente,
sistema geral de proteção da pessoa humana no âmbi- independente de nacionalidade, cor, sexo, orientação
to internacional. sexual, política e religiosa, são abrangidos e resguar-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


A promulgação da DUDH deu-se por meio de um dados por esta Declaração.
Comitê da Assembleia Geral das Nações Unidas, que Considerando que o formato adotado foi delibera-
contou com oito países e seus representantes, sen- ção da Assembleia Geral e não tratado internacional,
do: Estados Unidos (Eleanor Roosevelt — presidente os dispositivos da Declaração não geram obrigações
da comissão); França (René Cassin); Líbano (Charles jurídicas aos Estados que a compõem — é o que se
Malik); China (Peng Chung Chang); Chile (Hermán conhece por soft law. Isso quer dizer que a Declaração
Cordero Santa Cruz); URSS (Alexandre Bogomolov e por si só não tem caráter obrigacional (não tem força
Alexei P. Pavlov); Reino Unido (Lord Dukeston e Geof- vinculante) em relação aos Estados-partes, mas seus
frey Wilson) e Austrália (William Hodgson).
princípios refletem-se em outros tratados internacio-
nais que possuem força coativa.
CARACTERÍSTICAS DA DECLARAÇÃO DOS
Partindo da Declaração que estamos estudando, diver-
DIREITOS HUMANOS
sos outros documentos originaram-se, seja no âmbito
nacional ou internacional, dentre eles: o Pacto Interna-
Analisaremos agora alguns aspectos da DUDH.
cional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacio-
Vale ressaltar que ela é precedida por um preâmbulo
composto por sete considerandos (razões) que refor- nal dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Esta
çam os motivos que levaram a sua promulgação e ao tríade da Declaração de 1948 e dos Pactos de 1966 forma
resguardo dos direitos humanos. Vejamos: a Carta Internacional dos Direitos Humanos.

Considerando que o reconhecimento da dignida-


de inerente a todos os membros da família humana Importante!
e de seus direitos iguais e inalienáveis é o funda-
� A DUDH não tem força obrigatória (não gera obri-
mento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos gações jurídicas aos Estados que a compõem);
direitos humanos resultaram em atos bárbaros que � Os Direitos Humanos não retroagem (não interfe-
ultrajaram a consciência da humanidade e que o rem em atos e fatos pretéritos).
1  MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. 351
Além de ser precedida por um preâmbulo, conten- Artigo 7º DUDH Todos são iguais perante a lei
do seus motivos e suas características, a DUDH possui e têm direito, sem qualquer distinção, a igual
30 artigos, que veremos a seguir. proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
contra qualquer discriminação que viole a pre-
Artigo 1º DUDH. Todas as pessoas nascem livres sente Declaração e contra qualquer incitamento
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de a tal discriminação.
razão e consciência e devem agir em relação umas
às outras com espírito de fraternidade. Artigo 3º PIDCP Os Estados partes do presente pacto
comprometem-se a assegurar a homens e mulhe-
O primeiro artigo da Declaração resguarda os res igualdade no gozo de todos os direitos civis e
políticos enunciados no presente pacto.
direitos de primeira, segunda e terceira geração.
[...]
z Direitos de 1ª geração: Direitos civil e políticos;
Artigo 26 PIDCP Todas as pessoas são iguais peran-
z Direitos de 2ª geração: Direitos econômicos, sociais
te a lei e têm direito, sem discriminação alguma,
e culturais; a igual proteção da lei. A este respeito, a lei deverá
z Direitos de 3ª geração: Fraternidade, solidariedade. proibir qualquer forma de discriminação e garantir
a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra
Ao se falar em liberdade, temos a presença dos qualquer discriminação por motivo de raça, cor,
direitos de primeira geração, que possuem como carac- sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
terística a negativa do Estado para garantia dos direi- natureza, origem nacional ou social, situação eco-
tos, como é o caso da liberdade de locomoção. Exemplo: nômica, nascimento ou qualquer outra situação.
O Estado deve abster-se de privar alguém de sua loco-
moção, não podendo prendê-lo de forma indevida. Artigo 27 PIDCP No caso em que haja minorias
Já os direitos de segunda geração remetem ao tre- étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas
cho do artigo 1º que se refere à igualdade. Trata-se pertencentes a essas minorias não poderão ser pri-
de uma posição positiva do Estado no resguardo dos vadas do direito de ter, conjuntamente com outros
direitos, pois cabe a ele agir. membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de
professar e praticar sua própria religião e usar sua
Por fim, o artigo faz menção ao espírito de fraternida-
própria língua.
de, remetendo à época da Revolução Francesa. A frater-
nidade e a solidariedade são características dos direitos
Tendo em vista os dispositivos apresentados, é pos-
de terceira geração. Exemplos: desenvolvimento, direito
sível observar que a igualdade não é apenas um direito
ao meio ambiente, autodeterminação dos povos.
inerente ao ser humano, mas sim um pressuposto de
Ao se falar nas gerações dos direitos fundamentais
todo o sistema de proteção, pois implica no reconhe-
previstas nesta Declaração, é importante que realize-
cimento de que a condição humana é única e que, em
mos a seguinte divisão entre os artigos:
razão disso, toda pessoa merece igual proteção da lei,
Direitos de 1ª geração: arts. 2º ao 21.
sem quaisquer distinções.
Direitos de 2ª geração: arts. 22 ao 27.
A igualdade, resguardada nesses artigos, impe-
Direitos de 3ª geração: não foram devidamente espe-
de que ocorra a distinção entre pessoas, indepen-
cificados na Declaração, sendo mencionados apenas no
dentemente do país ou território a que as mesmas
artigo 1º, conforme já estudamos.
pertençam. Esse aspecto de igualdade é de extre-
ma importância, principalmente sob o aspecto de
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS EM ESPÉCIE proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra,
estrangeiros em passagem pelo país. Não obstante, a
Os direitos civis e políticos em espécie perpas- discriminação não é proibida apenas quanto a indi-
sam diversas questões inerentes à vida, liberdade, víduos, mas também quanto a grupos humanos for-
igualdade, propriedade e segurança pessoal, tal como mados por classe social, etnia ou opinião em comum.
aspectos de proteção da pessoa humana em situações De acordo com o artigo 2º:
de conflito com a lei. Na nomenclatura da CF/1988, são
denominados direitos individuais (artigo 5o), naciona-
lidade (artigo 12) e direitos políticos (artigos 14 e 15).
Toda pessoa possui
Igualdade e Não Discriminação direitos e liberdades

Para entendermos os direitos de igualdade e de


não discriminação, faz-se necessário o contato com a
legislação. Vamos analisar os artigos 2º e 7º da Decla-
ração Universal de Direitos Humanos (DUDH), bem Nenhuma pessoa
como os artigos 3º, 26 e 27 do Pacto Internacional pode sofrer quaisquer
sobre Direitos Civil e Políticos (PIDCP). Vejamos: discriminações

Artigo 2º DUDH Toda pessoa tem capacidade


para gozar os direitos e as liberdades esta-
belecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, Raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou de outra natureza, ori- religião, opinião, política,
gem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou origem, condição social
352 qualquer outra condição. [...]
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo indis- § 6. Não se poderá invocar disposição alguma do
tinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os presente artigo para retardar ou impedir a abo-
homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais. lição da pena de morte por um Estado Parte do
Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi- presente pacto.
ciente para que este realmente se efetive. É fundamental A vida é o bem mais valioso de qualquer pessoa;
aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados viabi-
dela, desdobra-se o direito à vida. Esse direito é abran-
lizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim de
gente, e reúne desde o direito de permanecer vivo até
que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se
o de ter uma vida digna, com o mínimo de condições
dá não somente com a igualdade material diante da lei,
para prover sua subsistência. O direito de permanecer
mas também, e principalmente, através do reconheci-
vivo, ou de não ser morto, abrange a proibição da pena
mento e respeito das desigualdades naturais entre os
de morte (em tempos de paz, de acordo com a CF), do
homens, as quais devem ser resguardadas pela ordem
aborto e da eutanásia, entre outras questões que colo-
jurídica, pois é somente assim que será possível propi-
cam em jogo a vida humana. Já o direito de ter uma
ciar a aludida capacidade de gozo a todos”2.
As leis possuem, em regra, caráter genérico, não sen- vida digna reflete a proibição da tortura e dos traba-
do elaboradas para uma pessoa determinada e sim para lhos forçados, entre outros pontos.
a coletividade. Em outras palavras, a lei descreve uma O direito à vida pode ser dividido em quatro aspectos:
conduta e só será destinada a uma pessoa determinada
caso esta se encontre na situação descrita em lei. z Direito de nascer;
Em contrapartida, uma legislação pode, em abstra- z Direito de permanecer vivo;
to, estabelecer regras especiais para um determinado z Direito de ter uma vida digna quanto à subsistência;
grupo de pessoas sem que venha a ferir o princípio da z Direito de não ser privado da vida através da pena
igualdade; é o que ocorre com as ações afirmativas em de morte.
concursos públicos, destinando uma porcentagem de
vagas para um determinado grupo de pessoas grupo Quanto à pena de morte mencionada anteriormen-
de pessoas desfavorecido socialmente. te, nota-se no artigo 6º do PIDCP que ela não é vedada,
mas foram criados impeditivos para que: ela possa ape-
Vida nas ser aplicada a crimes graves; seja aplicada somente
Alguns dos Direitos Humanos Essenciais resguar- quando houver sentença transitada em julgado profe-
dados pela Declaração em estudo dizem respeito à rida por Tribunal competente; assegure-se o direito de
vida, à liberdade e à segurança pessoal. Esses direitos pedir indulto ou comutação da pena (que poderão ser
estão resguardados no artigo 3º da Declaração Univer- concedidos, assim como a anistia) e não seja imposta a
sal de Direitos Humanos, bem como no artigo 6º do menores de 18 anos nem a mulheres gestantes.
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos: Entretanto, no próprio artigo 6º do PIDCP frisa-
-se que suas disposições não podem ser usadas para
Artigo 3º DUDH Toda pessoa tem direito à vida, à
liberdade e à segurança pessoal. retardar ou impedir a abolição da pena de morte. Nes-
se sentido, a abolição da pena de morte é o propósito
Artigo 6º PIDCP §1. O direito à vida é inerente à da Carta Internacional de Direitos Humanos, assinan-
pessoa humana. Este direito deverá ser protegido do-se o Segundo Protocolo Adicional ao Pacto Inter-
pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente priva- nacional sobre os Direitos Civis e Políticos com vista
do de sua vida.
à Abolição da Pena de Morte, em 15 de dezembro de

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


§ 2. Nos Países em que a pena de morte não tenha
1989, o qual foi ratificado pelo Brasil.
sido abolida, esta poderá ser imposta apenas nos
casos de crimes mais graves, em conformidade No Brasil, a pena de morte somente é admitida em
com legislação vigente na época em que o crime foi caso de guerra declarada. Vejamos:
cometido e que não esteja em conflito com as dis-
posições do presente pacto, nem com a Convenção Art. 5º CF/88 [...]
sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocí- LVII - não haverá penas:
dio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas em decor- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
rência de uma sentença transitada em julgado e termos do art. 84, XIX.
proferida por tribunal competente.
§ 3. Quando a privação da vida constituir um crime Liberdade e Segurança Pessoal
de genocídio, entende-se que nenhuma disposição
do presente artigo autorizará qualquer Estado Par- Artigo 3º DUDH Toda pessoa tem direito à vida, à
te do presente pacto a eximir-se, de modo algum, liberdade e à segurança pessoal.
do cumprimento de quaisquer das obrigações que
tenham assumido em virtude das disposições da Artigo 9º PICDP § 1 Toda pessoa tem direito à liber-
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime dade e à segurança pessoais.
de Genocídio.
§ 4. Qualquer condenado à morte terá o direito de
Como consequência do direito a vida, há o direito à
pedir indulto ou comutação da pena. A anistia,
o indulto ou a comutação de pena poderão ser con- liberdade. Tem-se liberdade como “[...] a faculdade de
cedidos em todos os casos. escolher o próprio caminho, sendo um valor inerente à
§ 5. A pena de morte não deverá ser imposta em dignidade do ser, uma vez que decorre da inteligência
casos de crimes cometidos por pessoas menores de e da volição, duas características da pessoa humana”3.
18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de Por sua vez, o direito à segurança pessoal, do arti-
gravidez. go 9º, refere-se ao direito de viver sem medo, com
2  Ibid.
3  BALERA, Wagner. Op. Cit. 353
proteção e livre de agressões, sendo, portanto, uma Vedação à Tortura e a Tratamento, Castigo ou Pena
maneira de garantir o direito à vida4. Cruel, Desumano ou Degradante

Vedação à Escravidão e à Servidão Artigo 5º DUDH Ninguém será submetido à tortu-


ra, nem a tratamento ou castigo cruel, desuma-
Artigo 4º DUDH Ninguém será mantido em escra- no ou degradante.
vidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de
Artigo 7º PIDCP Ninguém poderá ser submetido
escravos serão proibidos em todas as suas formas.
à tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes. Será proibido, sobre-
Artigo 8º PICDP §1. Ninguém poderá ser submetido
tudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consenti-
à escravidão; a escravidão e o tráfico de escra-
mento, a experiências médicas ou científicas.
vos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
§ 2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. A vedação da tortura remete ao princípio da dignida-
a) Ninguém poderá ser obrigado a executar traba- de da pessoa humana; trata-se da proibição de imposição
lhos forçados ou obrigatórios; de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação
b) A alínea “a” do presente parágrafo não poderá ser ou punição para obtenção de confissão, informação ou
interpretada no sentido de proibir, nos países em que simplesmente para o prazer da pessoa que tortura.
certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos A tortura, também tipificada como um dos crimes
forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos hediondos por equiparação, é uma espécie de tratamento
forçados, imposta por um tribunal competente; ou castigo cruel. Equiparam-se à tortura e aos tratamen-
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão tos cruéis outros tratamentos ou castigos desumanos e
considerados “trabalhos forçados ou obrigatórios”: degradantes, isto é, que desconsideram a condição huma-
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na na ou buscam submeter a pessoa à humilhação.
alínea “b”, normalmente exigido de um indivíduo
que tenha sido encerrado em cumprimento de Personalidade Jurídica
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal
decisão, ache-se em liberdade condicional; Artigo 6º DUDH Toda pessoa tem o direito de ser,
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos paí- em todos os lugares, reconhecida como pessoa
ses em que se admite a isenção por motivo de cons- perante a lei.
ciência, qualquer serviço nacional que a lei venha [...]
a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar
por motivo de consciência; Artigo 16 PIDCP Toda pessoa terá direito, em qual-
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergên- quer lugar, ao reconhecimento de sua personali-
cia ou de calamidade que ameacem o bem-estar dade jurídica.
da comunidade;
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das Artigo 24 PIDCP [...] § 2 Toda criança deverá ser
registrada imediatamente após seu nascimen-
obrigações cívicas normais.
to e deverá receber um nome.

A abolição da escravidão foi uma luta histórica


O direito de ser reconhecido como pessoa remete ao
mundial. O conceito de escravidão, se considerarmos
direito da personalidade jurídica (capacidade de adqui-
os princípios de liberdade e dignidade, é totalmente rir direitos e contrair deveres na sociedade, de acordo
contraditório, pois nele o ser humano é tratado como com o que estabelece o Código Civil). Esse direito não se
objeto e submetido a outro indivíduo. limita somente ao Estado que em a pessoa reside, mas
De acordo com Balera, o trabalho escravo não pode é estendido a todos os países, independentemente de
ser confundido com trabalho servil. O primeiro refe- suas regras.
re-se à utilização de uma pessoa em proveito próprio, Tratando-se de uma proteção dos direitos huma-
tem-se o trabalho alheio. Os escravos eram considera- nos, sua abrangência é global, sendo possível ser
dos seres humanos sem personalidade, mérito e valor. reconhecido como pessoa em qualquer localidade
Já a servidão é uma alienação da liberdade de traba- do mundo. A pessoa humana não perde tal caráter
lho por meio da prestação de serviços ou por meio de apenas por sair do território de seu país. Em outras
uma ligação absoluta do trabalhador à terra. A ideia de palavras, a personalidade jurídica denota-se uma das
servidão é intrínseca à sociedade feudal, pois na anti- facetas do princípio da universalidade.
Como decorrência do direito à personalidade jurí-
guidade o servo pagava uma taxa alta para o senhor
dica, no momento do nascimento deve ser atribuído
feudal para poder utilizar o solo.
um nome à pessoa, devidamente registrado. Afinal, é
Sobre este assunto, atente-se ao seguinte:
o registro que formaliza a personalidade jurídica.

z Os países poderão impor o trabalho como conse-


quência de sentença penal condenatória;
Dica
z Os serviços militares ou cívicos obrigatórios, bem No Brasil, o reconhecimento da personalidade
como situações de emergência e calamidades, não jurídica da pessoa natural começa com o nasci-
serão considerados como trabalho forçado, nos mento com vida. Trata-se da adoção da corrente
termos da Declaração. doutrinária natalista.
354 4  Ibid.
Remédio para Atos que Violem Direitos Artigo 11 PIDCP Ninguém poderá ser preso ape-
Fundamentais nas por não poder cumprir com uma obrigação
contratual.
Artigo 8º DUDH Toda pessoa tem direito a rece-
ber dos tributos nacionais competentes remédio Quando falamos em prisão e detenção, estamos nos
efetivo para os atos que violem os direitos fun- referindo a formas de impedimento de que determina-
damentais que lhe sejam reconhecidos pela cons- da pessoa saia de algum lugar sob tutela estatal. Nesse
tituição ou pela lei. caso, o direito de liberdade de locomoção é privado.
Já o exílio refere-se à expulsão ou à mudança for-
Além de afirmar que os indivíduos possuem direi- çada de uma pessoa do país; assim como no caso aci-
tos, tem-se a necessidade de garanti-los. Pensando ma, a pessoa é privada de sua liberdade de locomoção
nisso, a Declaração traz aos Estados-partes o dever de em um determinado território.
instituir em suas legislações normas específicas que As práticas de prisão, detenção e exílio não são
visem assegurar a proteção dos direitos humanos. permitidas se realizadas de forma arbitrária, ou seja,
sem o respeito aos requisitos previstos em lei.
Usualmente, em textos constitucionais são estabeleci-
Já em casos em que ocorra a prisão e o encarcera-
dos os direitos fundamentais e os instrumentos para
mento, estes devem se dar com respeito à dignidade
protegê-los, também chamados de remédios constitu-
humana, tratando-se a pessoa encarcerada com digni-
cionais; por exemplo, o habeas corpus serve à prote-
dade. Dentro do cárcere, devem ser separados presos
ção do direito à liberdade de locomoção. juvenis dos adultos, tal como presos provisórios dos
definitivos. Finalmente, a prisão deve proporcionar a
Vedação à Prisão e à Detenção Arbitrárias reintegração social dos reclusos, gerando a reabilita-
ção moral dos prisioneiros.
Artigo 9º DUDH Ninguém será arbitrariamente
preso, detido ou exilado.
Prisão
Vedação à
Artigo 9º PIDCP §1. [...] Ninguém poderá ser pre- Detenção
arbitrariedade
so ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém Exílio
poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos
motivos previstos em lei e em conformidade com os
Garantias Judiciais
procedimentos.
§ 2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser infor-
Artigo 10 DUDH Toda pessoa tem direito, em plena
mada das razões da prisão e notificada, sem
igualdade, a uma audiência justa e pública por
demora, das acusações formuladas contra ela. parte de um tribunal independente e imparcial,
§ 3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtu- para decidir de seus direitos e deveres ou do fun-
de de infração penal deverá ser conduzida, sem damento de qualquer acusação criminal contra ele.
demora, à presença do juiz ou de outra autori-
dade habilitada por lei a exercer funções e terá De acordo com o artigo 10º, o juízo ou Tribunal
o direito de ser julgada em prazo razoável ou deve ser independente, isto é, poder julgar sem pres-
de ser posta em liberdade. A prisão preventiva sões externas, que busquem influenciar a decisão. O
de pessoas que aguardam julgamento não deverá juízo deve ser imparcial, não possuindo amizade ou
constituir a regra geral, mas a soltura poderá

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


inimizade em graus relevantes para com o acusado.
estar condicionada a garantias que assegurem o
Afinal, o direito à liberdade é consagrado e para que
comparecimento da pessoa em questão à audiên-
alguém possa ser privado dela por uma condenação
cia, a todos os atos do processo e, se necessário for,
criminal é necessário que os direitos humanos do acu-
para a execução da sentença.
sado não sejam violados.
§ 4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liber-
Ainda na leitura do artigo 10º da DUDH, observa-se
dade por prisão ou encarceramento terá de recor-
que não é possível juízo ou tribunal de exceção, ou
rer a um tribunal para que este decida sobre
seja, um juízo especialmente delegado para o julga-
a legalidade de seu encarceramento e ordene
mento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco-
sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
lhido imparcialmente, de acordo com as regras de
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarcera-
organização judiciária que valem para todos.
mento ilegais terá direito à reparação.
O artigo 14 do PIDCP analisa diversos aspectos
Artigo 10 PIDCP §1. Toda pessoa privada de sua
que, tal como o direito a um tribunal independente
liberdade deverá ser tratada com humanidade e
e imparcial, relacionam-se com as garantias judiciais:
respeito à dignidade inerente à pessoa humana.
§ 2. a) as pessoas processadas deverão ser separa-
Artigo 14 PIDCP §1. Todas as pessoas são iguais
das, salvo em circunstância excepcionais, das pessoas
perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pes-
condenadas e receber tratamento distinto, condizen-
soa terá o direito de ser ouvida publicamente
te com sua condição de pessoa não-condenada.
e com as devidas garantias por um tribunal
b) as pessoas processadas, jovens, deverão ser competente, independente e imparcial, estabe-
separadas das adultas e julgadas o mais rápido lecido por lei, na apuração de qualquer acusação de
possível. caráter penal formulada contra ela ou na determi-
§ 3. O regime penitenciário consistirá em um tra- nação de seus direitos e obrigações de caráter civil.
tamento cujo objetivo principal seja a reforma e a A imprensa e o público poderão ser excluídos de
reabilitação moral dos prisioneiros. Os delin- parte ou da totalidade de um julgamento, que por
quentes juvenis deverão ser separados dos motivo de moral pública, de ordem pública ou de
adultos e receber tratamento condizente com sua segurança nacional em uma sociedade democráti-
idade e condição jurídica. ca, quer quando o interesse da vida privada das 355
partes o exija, quer na medida em que isso seja provada de acordo com a lei, em julgamento
estritamente necessário na opinião da justiça, em público no qual lhe tenham sido asseguradas todas
circunstâncias específicas, nas quais a publicida- as garantias necessárias à sua defesa.
de venha a prejudicar os interesses da justiça;
entretanto, qualquer sentença proferida em maté- Artigo 14 PIDCP § 2 Toda pessoa acusada de um
ria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos delito terá direito a que se presuma sua inocên-
que o interesse de menores exija procedimento cia enquanto não for legalmente comprovada
oposto, ou o processo diga respeito a controvérsia sua culpa.
matrimoniais ou à tutela de menores.
[...] O princípio da presunção de inocência previsto no
§ 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direi- § 1 do artigo 11º, 1 remete ao disposto no inciso LVII
to, em plena igualdade, a, pelo menos, as seguintes do artigo 5º da Constituição Federal, ninguém será
garantias:
considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
a) de ser informado, sem demora, numa língua
tença penal condenatória. Esse princípio reflete que o
que compreenda e de forma minuciosa, da natu-
acusado será considerado inocente até que seja devi-
reza e dos motivos da acusação contra ela
formulada; damente comprovado o contrário. Durante o proces-
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à so penal, o acusado terá direito ao contraditório e à
preparação de sua defesa e a comunicar-se com ampla defesa, bem como aos meios e recursos ineren-
defensor de sua escolha; tes a estas garantias; caso seja condenado, poderá ser
c) de ser julgado sem dilações indevidas; considerado culpado.
d) de estar presente no julgamento e de defender- Vale destacar ainda que cada Estado tem a possibili-
-se pessoalmente ou por intermédio de defen- dade de fixar quando considerará comprovada a culpa
sor de sua escolha; de ser informado, caso não do acusado. O Brasil segue o entendimento previsto no
tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, inciso LVII do artigo 5º da CF, mencionado anterior-
sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter mente. Já em outros países, considera-se comprovada a
um defensor designado “ex officio” gratuita- culpa em momento anterior, quando no processo não
mente, se não tiver meios para remunerá-lo; se mostra mais possível que se revisite fatos.
e) de interrogar ou fazer interrogar as teste-
munhas da acusação e de obter o comparecimento Anterioridade e Irretroatividade da Lei Penal
e o interrogatório das testemunhas de defesa nas
mesmas condições de que dispõe as de acusação;
Artigo 11 DUDH § 2 Ninguém poderá ser culpado
f) de ser assistida gratuitamente por um intér-
por qualquer ação ou omissão que, no momento,
prete, caso não compreenda ou não fale a língua
não constituíam delito perante o direito nacio-
empregada durante o julgamento;
nal ou internacional. Tampouco será imposta pena
g) de não ser obrigada a depor contra si mesma,
mais forte do que aquela que, no momento da práti-
nem a confessar-se culpada.
ca, era aplicável ao ato delituoso.
§ 4. O processo aplicável a jovens que não sejam
maiores nos termos da legislação penal levará em
conta a idade dos menores e a importância de Artigo 15 PIDCP § 1. Ninguém poderá ser conde-
promover sua reintegração social. nado por atos ou omissões que não constituam
§ 5. Toda pessoa declarada culpada por um delito delito de acordo com direito nacional ou inter-
terá o direito de recorrer da sentença condena- nacional, no momento em que foram cometidos.
tória e da pena a uma instância, em conformida- Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do
de com a lei. que a aplicável no momento da ocorrência
§ 6. Se uma sentença condenatória passada em jul- do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei
gado for posteriormente anulada ou se indulto for estipular a imposição de pena mais leve, o delin-
concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos quente deverá beneficiar-se.
novos que provem cabalmente a existência de erro § 2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá
judicial, a pessoa que sofreu a pena decorrente des- o julgamento ou a condenação de qualquer indiví-
sa condenação deverá ser indenizada, de acordo duo por atos ou omissões que, no momento em que
com a lei, a menos que fique provado que se lhe foram cometidos, eram considerados delituosos de
pode imputar, total ou parcialmente, não-revelação acordo com os princípios gerais de direito reco-
dos fatos desconhecidos em tempo útil. nhecidos pela comunidade das nações.
§ 7. Ninguém poderá ser processado ou punido por
um delito pelo qual já foi absolvido ou condena- O princípio da anterioridade da lei penal, previsto
do por sentença passada em julgado, em con- no parágrafo 2 do artigo 11 da DUDH, afirma que a lei
formidade com a lei e os procedimentos penais de penal deve constituir a conduta como típica antes que
cada país. ela seja praticada, isto é: no momento que um ato é
praticado, para que seja considerado criminoso, deve
Presunção de Inocência estar tipificado em lei. Porém, quando houver revoga-
ção da norma que preveja a conduta típica, também
Este tópico é de grande importância para o estudo. será beneficiado quem tenha sido por ela condenado,
O Artigo 11º da DUDH trata de dois importantíssimos exceto no caso de lei penal temporária ou excepcional.
princípios: o princípio da presunção de inocência e o Na segunda parte, evidencia-se o princípio da irre-
da irretroatividade da lei penal (que será estudado no troatividade da lei penal in pejus (para piorar a situação
tópico seguinte). do acusado), segundo o qual uma lei penal elaborada
posteriormente não pode se aplicar a atos praticados
Artigo 11 DUDH § 1 Toda pessoa acusada de um no passado gerando majoração da pena. Entretanto, é
ato delituoso tem o direito de ser presumida ino- possível que a lei penal posterior torne a pena aplicável
356 cente até que a sua culpabilidade tenha sido mais branda, caso em que o condenado nos moldes da
lei penal anterior mais rigorosa poderá ser beneficiado Artigo 12 PIDCP §1. Toda pessoa que se ache legal-
— retroatividade da lei penal in mellius. mente no território de um Estado terá o direi-
Embora não seja o foco da matéria, é de suma to de nele livremente circular e escolher sua
importância compreender a diferença entre irre- residência.
troatividade e retroatividade da lei penal, vez que § 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente
de qualquer país, inclusive de seu próprio país.
é comum objeto de cobrança nas provas. Vejamos a
§ 3. Os direitos supracitados não poderão constituir
seguir exemplos práticos e uma tabela explicativa objeto de restrição, a menos que estejam previstas
para esclarecer melhor essa diferença. em lei e no intuito de proteger a segurança nacio-
Exemplo de irretroatividade da lei penal in pejus: nal e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem
O indivíduo foi condenado pelo crime de homicídio, como os direitos e liberdades das demais pes-
praticado contra agentes de segurança pública no soas, e que sejam compatíveis com os outros direi-
exercício de suas funções, no ano de 2012. Ocorre que, tos reconhecidos no presente pacto.
em 2015, com o advento da Lei n° 13.145/2015, o fato 4. Ninguém poderá ser privado do direito de
praticado tornou-se crime hediondo, ou seja, piorou a entrar em seu próprio país.
situação do indivíduo.
Exemplo de retroatividade da lei penal in mellius: Artigo 13 PIDCP Um estrangeiro que se ache legal-
mente no território de um estado parte do presente
Em uma situação meramente hipotética, o indivíduo
pacto só poderá dele ser expulso em decorrência
foi condenado a 9 anos de prisão, em 2019, pelo crime
de decisão adotada em conformidade com a
de roubo, que previa à época a pena de reclusão, de lei e, a menos que razões imperativas de segurança
quatro a dez anos, e multa. Ocorre que, em 2020, a nacional a isso se oponham, terá a possibilidade de
conduta praticada sofreu alterações, passando a pre- expor as razões que militem contra sua expul-
ver a pena máxima de 5 anos apenas. Desse modo, o são e de ter seu caso reexaminado pelas autori-
indivíduo será beneficiado pela retroatividade da lei dades competentes, ou por uma ou várias pessoas
penal mais benéfica (in mellius). especialmente designadas pelas referidas autorida-
des, e de fazer-se representar com esse objetivo.
NÃO PODE RETROAGIR DEVE RETROAGIR
No direito de locomoção a que se refere o artigo
Lei penal in pejus: Lei penal in mellius: 13º da DUDH não há limitações dentro do próprio
Estado, nem ao direito de residir. São exceções à liber-
Piora a situação do au- Traz benefícios para o dade de locomoção:
tor de alguma forma autor
z Decisão judicial que imponha pena privativa de
liberdade ou limitação da liberdade;
Privacidade e Honra z Normas administrativas de controle de vias e veículos;
z Limitações para estrangeiros em certas regiões ou
Artigo 12 DUDH Ninguém será sujeito a interfe- áreas de segurança nacional;
rências na sua vida privada, na sua família, no
z Qualquer situação em que o direito à liberdade
seu lar ou na sua correspondência, nem a ata-
deva ceder aos interesses públicos (ordem, saúde
ques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem
e moral públicas);
direito à proteção da lei contra tais interferências
z Para a preservação de interesses de terceiros.

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


ou ataques.
A liberdade de locomoção está associada à naciona-
Artigo 17 PIDCP § 1. Ninguém poderá ser objeto de
lidade, uma vez que se assegura o direito de ingresso
ingerência arbitrárias ou ilegais em sua vida pri-
apenas com relação ao seu próprio país, permitindo-
vada, em sua família, em seu domicílio ou em sua
-se, quanto aos demais (onde seja estrangeiro), apenas
correspondência, nem de ofensas ilegais às suas
honra e reputação.
o direito de deixá-lo.
§2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra
essas ingerências ou ofensas. Asilo

Artigo 14 DUDH
Ao se falar em “interferências na sua vida priva-
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direi-
da”, fala-se sobre o direito à intimidade. Qualquer
to de procurar e de gozar asilo em outros países.
pessoa tem o direito de ter sua vida privada e, neste 2. Este direito não pode ser invocado em caso de
caso, vida privada refere-se à proteção ao domicílio, perseguição legitimamente motivada por cri-
ou a qualquer local no qual a pessoa deseje manter mes de direito comum ou por atos contrários aos
sua privacidade e pode desenvolver sua personalida- propósitos e princípios das Nações Unidas.
de. A correspondência também é resguardada, sendo
enviada ao seu lar unicamente para sua leitura e não O direito de asilo serve para proteger uma pessoa
de terceiros, preservando-se sua privacidade. perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
convicções religiosas ou outro motivo político em seu
Liberdade de Locomoção e Residência país de origem, permitindo que ela requeira proteção
perante a autoridade de outro Estado.
Artigo 13 DUDH §1. Toda pessoa tem direito à liber-
dade de locomoção e residência dentro das fron- Nacionalidade
teiras de cada Estado.
§ 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer Artigo 15 DUDH
país, inclusive o próprio, e a este regressar. 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 357
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- o pleno consentimento de ambos nubentes. Além dis-
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. so, é coerente que a lei traga limitações, como a ida-
de, pois o casamento é uma instituição séria, base da
Artigo 24 PIDCP § 3 Toda criança terá o direito família, e somente a maturidade permite compreen-
de adquirir uma nacionalidade. der tal importância.
A família é um elemento natural e fundamental da
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga sociedade e deve ser protegida pelo Estado e pela socie-
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que dade. Da mesma forma, a prole que a família constituir
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutan- deve ser por ela protegida. As crianças, assim, devem ser
do de seus direitos e suas obrigações.
protegidas pelas suas famílias, tal como pela sociedade
Não é aceita a figura do apátrida (indivíduo que
e pelo Estado.
não possui nenhuma nacionalidade), de modo que, a
partir do nascimento, é obrigatório destinar à pessoa
Propriedade e Propriedade Intelectual
alguma nacionalidade.
A nacionalidade do indivíduo é passível de sofrer
Artigo 12 DUDH
alterações ao longo do tempo, desde que dentro das
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou
situações previstas em lei. É o caso da naturalização
em sociedade com outros.
estrangeira, por meio da qual a pessoa naturaliza-se
2. Ninguém será arbitrariamente privado de
como nacional de outro Estado que não aquele do qual
sua propriedade.
originalmente era nacional.
[...]
Artigo 27 DUDH [...]
Casamento e Família 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interes-
ses morais e materiais decorrentes de qualquer
Artigo 16 DUDH produção científica, literária ou artística da qual
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem seja autor.
qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio
e fundar uma família. Gozam de iguais direi- A propriedade material pode ser definida como
tos em relação ao casamento, sua duração e sua um vínculo ou relação jurídica entre um proprietário
dissolução. e um objeto/coisa (bem móvel e imóvel). Trata-se de
2. O casamento não será válido senão com o livre e um vínculo material, por meio do qual o proprietário
pleno consentimento dos nubentes. terá a faculdade de usar, gozar, fruir, dispor e reaver
o bem. O direito à propriedade insere-se na primeira
Artigo 23 PIDCP §1. A família é o elemento natu- dimensão de direitos humanos, garantindo que cada
ral e fundamental da sociedade e terá o direito um tenha bens materiais justamente adquiridos, res-
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. peitada a função social.
§ 2. Será reconhecido o direito do homem e da Além da propriedade material, também se assegu-
mulher de, em idade núbil, contrair casamento
ra a proteção da propriedade intelectual (que consiste
e construir família.
na relação jurídica entre o autor e sua criação), per-
§ 3. Casamento algum será sem o consentimento
livre e pleno dos futuros esposos. mitindo o proveito intelectual e financeiro de obras
§ 4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão científicas, literárias e artísticas.
adotar as medidas apropriadas para assegurar a
igualdade de direitos e responsabilidades dos Liberdade Religiosa e de Crença
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo
e o por ocasião de sua dissolução. Em caso de dis- Artigo 28 DUDH Toda pessoa tem direito à liber-
solução, deverão adotar-se disposições que assegu- dade de pensamento, consciência e religião;
rem a proteção necessária para os filhos. este direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa
Artigo 24 PIDCP §1 Toda criança terá direito, sem religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo
discriminação alguma por motivo de cor, sexo, reli- culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
gião, origem nacional ou social, situação econômi- em público ou em particular.
ca ou nascimento, às medidas de proteção que a
sua condição de menor requerer por parte de sua Artigo 18 PIDCP §1. Toda pessoa terá direito à
família, da sociedade e do Estado. liberdade de pensamento, de consciência e de
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter
Assim como todas as instituições sociais, o casa- ou adotar uma religião ou uma crença de sua
mento possui um percurso histórico, assim como a escolha e a liberdade de professar sua religião ou
sociedade, de acordo com as novas culturas e evolu- crença, individual ou coletivamente, tanto públi-
ções. Algumas pessoas podem defini-lo como um ato ca como privadamente, por meio do culto, da cele-
de amor, outras, como um contrato. A definição varia bração de ritos, de práticas e do ensino.
de acordo com cada indivíduo. De acordo com a legis- § 2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coer-
lação, casamento é o ato de união, com a finalidade de citivas que possam restringir sua liberdade de ter
construção de uma família. ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
Observa-se, portanto, que o casamento é estabele- § 3. A liberdade de manifestar a própria religião ou
cido em plena comunhão, impulsionado pelo amor, crença estará sujeita apenas a limitações pre-
afeição e que deve ser baseado na igualdade de direi- vistas em lei e que se façam necessárias para
tos e deveres entre o casal. proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral
Outro aspecto relevante é que o casamento não públicas ou os direitos e as liberdades das demais
358 deve ser estabelecido à força, sendo exigido, portanto, pessoas.
§ 4. Os Estados-partes do presente Pacto compro- Para a formação da opinião, utiliza-se a informa-
metem-se a respeitar a liberdade dos pais – e, quan- ção, isto é, a liberdade de informação é resultante
do for o caso, dos tutores legais – de assegurar a da liberdade de opinião. Observa-se, portanto, que a
educação religiosa e moral dos filhos que esteja liberdade de opinião surge da possibilidade da liber-
de acordo com suas próprias convicções. dade de expressão.
Adiante, Silva7 entende que a liberdade de expres-
A liberdade de crença refere-se à liberdade de são pode ser vista sob diversos enfoques, como o da
acreditar, à liberdade de consciência, de ter suas con- liberdade de comunicação, ou liberdade de informa-
vicções, não apenas religiosas, mas também morais. ção, que consiste em um conjunto de direitos, formas,
Afinal, a liberdade religiosa é uma espécie de liberda- processos e veículos que viabilizam a coordenação
de de crença, pois a liberdade de religião está atrelada livre da criação, expressão e difusão da informação e
à liberdade de consciência e à liberdade de pensamen- do pensamento.
to; entretanto, o inverso não ocorre, porque é possível Contudo, a manifestação do pensamento não pode
existir liberdade de pensamento e consciência desvin- ocorrer de forma ilimitada, devendo pautar-se na ver-
culada de cunho religioso. dade e no respeito dos direitos à honra, à intimidade
Nesse sentido, a liberdade de consciência concreti- e à imagem dos demais membros da sociedade. Da
za a liberdade de ter ou não ter religião, ter ou não ter mesma forma, a liberdade de expressão não permite
opinião político-partidária ou qualquer outra mani- práticas de discurso do ódio nacional, radical, racial
festação positiva ou negativa da consciência5. No que ou religioso, ou seja, não é uma carta branca para dis-
tange à liberdade de expressão religiosa, não é per- cursar contra os próprios fundamentos que ergueram
mitida nenhuma perseguição, assim como é garantido o sistema de proteção dos direitos humanos.
o direito de praticá-la em grupo ou individualmente.
Liberdade de Reunião e de Associação
Liberdade de Opinião, de Expressão e de Informação
Art. 20 DUDH 1. Toda pessoa tem direito à liberda-
Artigo 19 DUDH Toda pessoa tem direito à liber- de de reunião e associação pacíficas.
dade de opinião e expressão; este direito inclui a 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de uma associação.
procurar, receber e transmitir informações e Artigo 21 PIDCP O direito de reunião pacífica será
ideias por quaisquer meios e independentemente reconhecido. O exercício desse direito estará sujei-
de fronteiras. to apenas às restrições previstas em lei e que se
façam necessárias, em uma sociedade democráti-
Artigo 19 PIDCP §1. Ninguém poderá ser moles- ca, no interesse da segurança nacional, da seguran-
tado por suas opiniões. ça ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde
§ 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expres- públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas.
são; esse direito incluirá a liberdade de procurar, Artigo 22 PIDCP §1. Toda pessoa terá o direito
receber e difundir informações e ideias de qual- de associar-se livremente a outras, inclusive o
quer natureza, independentemente de considera- direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se,
ções de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em para a proteção de seus interesses.
forma impressa ou artística, ou qualquer outro § 2. O exercício desse direito estará sujeito apenas
meio de sua escolha. às restrições previstas em lei e que se façam
§ 3. O exercício do direito previsto no § 2º do pre- necessárias, em uma sociedade democrática, no

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


sente artigo implicará deveres e responsabilida- interesse da segurança nacional, da segurança e
des especiais. da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas res- a moral pública ou os direitos a liberdades das
trições, que devem, entretanto, ser expressamente demais pessoas. O presente artigo não impedirá
previstas em lei e que se façam necessárias para: que se submeta a restrições legais o exercício
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputa- desse direito por membros das forças arma-
ção das demais pessoas; das e da polícia.
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a § 3. Nenhuma das disposições do presente artigo
saúde ou a moral pública. permitirá que Estados-partes da Convenção de
1948 da Organização do Trabalho, relativa à liber-
Artigo 20 PIDCP §1. Será proibido por lei qual- dade sindical e à proteção do direito sindical,
quer propaganda em favor de guerra. venham a adotar medidas legislativas que restrin-
§ 2. Será proibida por lei qualquer apologia do jam – ou aplicar a lei de maneira a restringir – as
ódio nacional, radical, racial ou religioso que garantias previstas na referida Convenção.
constitua incitamento à discriminação, à hosti-
lidade ou à violência. O direito de reunião pode ser exercido indepen-
dentemente de autorização estatal, mas deve ocorrer
De acordo com Silva6, a liberdade de pensamento, de maneira pacífica (por exemplo, sem utilização de
ou liberdade de opinião, é considerada como primá- armas). Por sua vez, “a liberdade de associação para
ria, já que é ponto de partida de todas as outras. Ela fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar, é plena.
deve ser entendida como a liberdade da pessoa ado- Portanto, ninguém poderá ser compelido a associar-se
tar determinada atitude intelectual ou não, de tomar e, uma vez associado, será livre, também, para decidir
a opinião pública que ela crê como verdadeira. se permanece associado ou não”8.
5  BALERA, Wagner. Op. Cit.
6  SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
7  Ibid.
8  LENZA, Pedro. Op. Cit. 359
Participação e Representação Política Legalidade Estrita

Artigo 21 DUDH 1. Toda pessoa tem o direito de Artigo 29 DUDH [...]


tomar parte no governo de seu país, diretamen- 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda
pessoa estará sujeita apenas às limitações deter-
te ou por intermédio de representantes livremente
minadas pela lei, exclusivamente com o fim de
escolhidos.
assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao ser- direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às
viço público do seu país. justas exigências da moral, da ordem pública e
3. A vontade do povo será a base da autoridade do do bem-estar de uma sociedade democrática.
governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, De acordo com o inciso 2 do artigo 29, a legalida-
por voto secreto ou processo equivalente que de estrita é a limitação legal aos direitos e liberdades
assegure a liberdade de voto. individuais. Ou seja, desde que a lei não proíba deter-
minada conduta, esta será considerada nos padrões
Artigo 25 PIDCP Todo cidadão terá o direito e a de conduta e de ordem pública. É assegurado o direito
possibilidade, sem qualquer das formas de discri- de fazer tudo o que a lei não proíba, a denominada
minação mencionadas no artigo 2° e sem restrições legalidade estrita.
infundadas: Desse modo, conforme o disposto no artigo, é vedado
a) de participar da condução dos assuntos públi- ao legislador impor limitações que não atendam ao fim de
cos, diretamente ou por meio de representantes livre- preservar direitos e liberdade de outrem ou de satisfazer
mente escolhidos; às exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar.
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, Por fim, o artigo 30 da DUDH dispõe que “Nenhuma
autênticas, realizadas por sufrágio universal disposição da presente Declaração pode ser interpreta-
e igualitário e por voto secreto, que garantam a da como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou
manifestação da vontade dos eleitores; pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou pra-
c) de ter acesso, em condições gerais de igual- ticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer
dade, às funções públicas de seu país. dos direitos e liberdades aqui estabelecidos”.

O conteúdo descrito no inciso 1 do artigo 21 da


DUDH reflete os direitos políticos presentes nos direi-
REGRAS MÍNIMAS DA ONU PARA O
tos de primeira geração.
A democracia é um regime de governo em que os TRATAMENTO DE PESSOAS PRESAS
cidadãos, de forma direta ou indireta, tomam decisões
As pessoas presidiárias também devem ser prote-
políticas. Uma democracia pode existir em um siste-
gidas pelo Estado e ter observados seus direitos fun-
ma presidencialista ou parlamentarista, republicano
damentais com base no princípio da dignidade da
ou monárquico — somente importa que seja dado aos
pessoa humana. As informações a seguir são impor-
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só tantes, tendo em vista que os direitos humanos das
ou por seu representante eleito). pessoas presas é um assunto bastante cobrado nas
Vejamos a principal classificação das democracias, questões que envolvem os direitos humanos.
referente à distinção entre direta e indireta: Muito embora exista um estigma sobre a questão,
é certo que, embora a pessoa tenha cometido um deli-
z Democracia direta: Também chamada de pura, to, deverá responder por ele, cumprindo sua pena, de
na qual o cidadão expressa sua vontade por voto forma digna e em observância aos direitos humanos.
direto e individual em caso questão relevante Para tanto, a ONU aprovou em 1955, um tratado em
— um cidadão se reúne com os demais e, juntos, que foram trazidas diretrizes, que devem ser seguidas
tomam a decisão política; pelos Estados que ratifiquem a Convenção e, de fato,
z Democracia indireta: Ou representativa, em que garantam que a pessoa cumpra sua pena de forma
os cidadãos exercem individualmente o direito de digna e com seus direitos mínimos sendo respeitados.
voto para escolher representante(s) e aquele(s) Em 22 de maio de 2015, as Nações Unidas fizeram
que for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos uma revisão nas regras, oficializando um novo quadro
de normas que buscam a reestruturação do modelo de
os eleitores — quando é dado ao cidadão o poder
sistema penal e o despertar da sociedade sobre o papel
de eleger um representante.
do encarceramento. São as chamadas Regras de Mandela.
É muito comum a adoção de modelos mistos ou de Veremos abaixo as principais regras que são cobra-
democracia semidireta, com institutos de democracia das em provas. Não se esqueça de sempre consultar o
texto na íntegra para complementar seus estudos!
direta e de democracia indireta.
O modelo democrático garante o direito ao voto e ao z Regra 1
sufrágio universal (possibilidade de votar e de ser vota-
do), exercido em eleições periódicas, autênticas (legíti- Todos os reclusos devem ser tratados com o res-
mas) e com voto igualitário e secreto, sem prejuízo da peito inerente ao valor e dignidade do ser humano.
participação direta no tratamento de coisas públicas. Nenhum recluso deverá ser submetido a tortura ou
outras penas ou a tratamentos cruéis, desumanos
A possibilidade de participação nas funções do
ou degradantes e deverá ser protegido de tais atos,
Estado dá-se também por meio do desempenho de ati- não sendo estes justificáveis em qualquer circuns-
vidades no serviço público. Assim, toda pessoa deve tância. A segurança dos reclusos, do pessoal do
ter acesso às funções públicas do país, por exemplo, sistema prisional, dos prestadores de serviço e dos
360 mediante concurso público. visitantes deve ser sempre assegurada.
z Regra 2 z Regra 45

1. Estas Regras devem ser aplicadas com imparcia- 1. O confinamento solitário deve ser somente utili-
lidade. Não deve haver nenhuma discriminação em zado em casos excecionais, como último recurso e
razão da raça, cor, sexo, língua, religião, opinião durante o menor tempo possível, e deve ser sujeito
a uma revisão independente, sendo aplicado unica-
política ou outra, origem nacional ou social, patri-
mente de acordo com a autorização da autoridade
mónio, nascimento ou outra condição. É necessá- competente. Não deve ser imposto em consequência
rio respeitar as crenças religiosas e os preceitos da sentença do recluso.
morais do grupo a que pertença o recluso. [...] 2. A imposição do confinamento solitário deve ser
proibida no caso de o recluso ser portador de uma
z Regra 6 deficiência mental ou física e sempre que essas
condições possam ser agravadas por esta medi-
Em todos os locais em que haja pessoas detidas, da. A proibição do uso do confinamento solitário
deve existir um sistema uniformizado de registo e de medidas similares nos casos que envolvem
dos reclusos. Este sistema pode ser um banco de mulheres e crianças, como referido nos padrões e
normas da Organização das Nações Unidas sobre
dados ou um livro de registo, com páginas numera-
prevenção do crime e justiça penal, continuam a ser
das e assinadas. Devem existir procedimentos que aplicáveis.
garantam um sistema seguro de auditoria e que
impeçam o acesso não autorizado ou a modificação z Regra 47
de qualquer informação contida no sistema.
1. O uso de correntes, de imobilizadores de ferro
As informações dispostas na Regra 6 são neces- ou de outros instrumentos de coação considerados
sárias para que haja um controle sobre a razão que inerentemente degradantes ou penosos deve ser
levou àquela pessoa ao cumprimento de pena, bem proibido. [...]
como a data de sua entrada, também para evitar pos-
z Regra 50
sível excesso de prazo, que poderá ensejar direito à
indenização a ser prestada pelo Estado, em sendo As leis e regulamentos sobre as revistas aos reclu-
comprovado eventual erro judiciário. sos e inspeções de celas devem estar em conformi-
dade com as obrigações do Direito Internacional e
z Regra 7 devem ter em conta os padrões e as normas inter-
nacionais, uma vez considerada a necessidade de
Nenhuma pessoa deve ser admitida num estabeleci- garantir a segurança dos estabelecimentos prisio-
mento prisional sem uma ordem de detenção váli- nais. As revistas aos reclusos e as inspeções devem
da. [...] ser conduzidas de forma a respeitar a dignidade
humana inerente e a privacidade do recluso sujeito
à inspeção, assim como os princípios da proporcio-
Sobre a regra 11, vejamos: nalidade, legalidade e necessidade.
z Regra 11
z Regra 51

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


As diferentes categorias de reclusos devem ser man-
As revistas aos reclusos e as inspeções não serão
tidas em estabelecimentos prisionais separados ou
utilizadas para assediar, intimidar ou invadir des-
em diferentes zonas de um mesmo estabelecimento
necessariamente a privacidade do recluso. Para
prisional, tendo em consideração o respetivo sexo e fins de responsabilização, a administração prisio-
idade, antecedentes criminais, razões da detenção e nal deve manter registos apropriados das revistas
medidas necessárias a aplicar. [...] feitas aos reclusos e inspeções, em particular as que
envolvem o ato de despir e de inspecionar partes
z Regra 28 íntimas do corpo e inspeções nas celas, bem como
as razões das inspeções, a identidade daqueles
Nos estabelecimentos prisionais para mulheres que as conduziram e quaisquer outros resultados
devem existir instalações especiais para o trata- decorrentes dessas inspeções.
mento das reclusas grávidas, das que tenham aca-
bado de dar à luz e das convalescentes. Desde que Conforme apresentado, as inspeções e revistas ín-
seja possível, devem ser tomadas medidas para que timas não podem assediar, intimar ou invadir a priva-
o parto tenha lugar num hospital civil. Se a criança cidade da pessoa presa.
nascer num estabelecimento prisional, tal facto não Esta é uma questão bastante delicada nos estabele-
deve constar do respetivo registo de nascimento.
cimentos carcerários brasileiros. Isto porque as revis-
tas íntimas e inspeções são, muitas vezes, realizadas
de forma intimidadora e vexatória, sob a justificativa
Sobre disciplina e ordem, acompanhe:
de que seriam escondidos armas, drogas e telefones
celulares.
z Regra 36 Inclusive, os próprios parentes são submetidos a
estas revistas vexatórias que ofendem sua dignidade
A ordem e a disciplina devem ser mantidas com como pessoa humana. É claro que tais formas de ins-
firmeza, mas sem impor mais restrições do que as peção e revista são necessárias, porém, sempre per-
necessárias para a manutenção da segurança e da mitindo que sejam preservados os direitos da pessoa,
boa organização da vida comunitária. sendo este o preceito essencial da dignidade humana. 361
z Regra 54 Sobre a regra 75, as pessoas presas serão, antes de
exercer qualquer função, submetidas a cursos de for-
Em relação às informações e direito de reclamação mação geral e específico, que deve refletir as melhores
dos reclusos, consta na regra 54 que a pessoa presa e mais modernas práticas baseadas em dados empíri-
deverá receber as seguintes informações por escrito: cos das ciências penais. A regra menciona que apenas
os candidatos que forem aprovados nas provas teóricas
[...]
e práticas devem ser admitidos no serviço prisional.
(a) A legislação e os regulamentos do estabeleci- z Regra 75
mento prisional e do sistema prisional;
(b) Os seus direitos, inclusive os meios autorizados [...]
para obter informações, acesso a assistência jurí- 2. Devem frequentar, antes de entrar em funções,
dica, incluindo o apoio judiciário, e sobre procedi- um curso de formação geral e específico, que deve
mentos para formular pedidos e reclamações; refletir as melhores e mais modernas práticas,
(c) As suas obrigações, incluindo as sanções disci- baseadas em dados empíricos, das ciências penais.
plinares aplicáveis; e Apenas os candidatos que ficarem aprovados nas
(d) Todos os assuntos que podem ser necessários provas teóricas e práticas devem ser admitidos no
para se adaptar à vida no estabelecimento. serviço prisional.

Aqui, fica evidente a preocupação com a prepara-


Sobre o direito à comunicação, vejamos:
ção dos servidores que atuarão no sistema prisional,
tendo em vista que se trata de um ambiente bastante
z Regra 58 delicado e que necessita de pessoas aptas e prepara-
das para desenvolverem suas funções, sem que haja
1. Os reclusos devem ser autorizados, sob a neces- qualquer violação de direitos humanos.
sária supervisão, a comunicar periodicamente com
as suas famílias e com amigos:
(a) Por correspondência e utilizando, se possível, Importante!
meios de telecomunicação, digitais, eletrônicos e
outros; e As Regras de Mandela estabelecem preceitos
(b) Através de visitas. básicos que devem ser observados pelos Esta-
dos-membros na preservação da dignidade
Sobre a regra 58, há que se ressaltar a determina- humana da pessoa presa.
ção de que haverá a supervisão necessária durante
tais comunicações.
z Regra 81
z Regra 65 1. Nos estabelecimentos prisionais destinados a
homens e mulheres, a secção das mulheres deve ser
1. Se o estabelecimento prisional reunir um número
colocada sob a direção de um funcionário do sexo
suficiente de reclusos da mesma religião, deve ser
feminino responsável que terá à sua guarda todas
nomeado ou autorizado um representante qua- as chaves dessa secção.
lificado dessa religião. Se o número de reclusos o
justificar e as circunstâncias o permitirem, deve ser
z Regra 82
encontrada uma solução permanente.
2. O representante qualificado, nomeado ou auto-
1. Os funcionários dos estabelecimentos prisionais
rizado nos termos do parágrafo 1 desta Regra,
não devem, nas suas relações com os reclusos, usar
deve ser autorizado a organizar periodicamente
de força, exceto em legítima defesa ou em casos
serviços religiosos e a fazer, sempre que for acon- de tentativa de fuga ou de resistência física ativa
selhável, visitas pastorais privadas, num horário ou passiva a uma ordem baseada na lei ou nos
apropriado, aos reclusos da sua religião. regulamentos.
3. O direito de entrar em contacto com um repre-
sentante qualificado da sua religião nunca deve Ademais, existem regras aplicáveis a categorias
ser negado a qualquer recluso. Por outro lado, se especiais de presos.
um recluso se opõe à visita de um representante de
uma religião, a sua vontade deve ser plenamente
z Regra 90
respeitada.

z Regra 74 O dever da sociedade não cessa com a libertação


de um recluso. Seria por isso necessário dispor de
1. A administração prisional deve selecionar cuida- organismos governamentais ou privados capazes
dosamente o pessoal de todas as categorias, dado de trazer ao recluso colocado em liberdade um
que é da sua integridade, humanidade, aptidões auxílio pós-penitenciário eficaz, tendente a dimi-
pessoais e capacidades profissionais que depende a nuir os preconceitos a seu respeito e a permitir-lhe
a sua reinserção na sociedade.
boa gestão dos estabelecimentos prisionais.

z Regra 75 Sobre o trabalho do preso, vejamos as regras 96 e 97:

1. Os funcionários devem possuir um nível de edu- z Regra 96


cação adequado e deve ser-lhes proporcionadas
condições e meios para poderem exercer as suas 1. Todos os reclusos condenados devem ter a opor-
362 funções de forma profissional.[...] tunidade de trabalhar e/ou participar ativamente
na sua reabilitação, em conformidade com as suas ESTRUTURA DO PNDH-3
aptidões física e mental, de acordo com a determi-
nação do médico ou de outro profissional de saúde Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de
qualificado. Direitos Humanos - PNDH-3, em consonância com
[...] as diretrizes, objetivos estratégicos e ações progra-
máticas estabelecidos, na forma do Anexo deste
z Regra 97 Decreto.
1. O trabalho na prisão não deve ser de natureza
penosa. O art. 1o estabelece que o PNDH-3 é estabelecido
[...] conforme diretrizes, objetivos estratégicos e ações
programáticas que acompanham o decreto (fazem
z Regra 109 parte do anexo do Decreto n 7.037/09).
A estrutura do PNDH-3 é a seguinte:
1. As pessoas consideradas inimputáveis, ou a
quem, posteriormente, foi diagnosticado uma defi- z Eixos orientadores;
ciência mental e/ou um problema de saúde grave,
z Diretrizes;
em relação aos quais a detenção poderia agravar
z Objetivos estratégicos;
a sua condição, não devem ser detidas em prisões.
Devem ser tomadas medidas para as transferir z Ações programáticas.
para um estabelecimento para doentes mentais o
mais depressa possível. Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo
com os seguintes eixos orientadores e suas respec-
tivas diretrizes:
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre
Estado e sociedade civil:
DECRETO Nº 7.037/2009 E SUAS a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado
ALTERAÇÕES e sociedade civil como instrumento b) Diretriz 2:
Fortalecimento dos Direitos Humanos como instru-
PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS mento transversal das políticas públicas e de inte-
ração democrática; e
A Política de Proteção dos Direitos Humanos é c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas
compreendida dentro de três programas de proteção. de informações em Direitos Humanos e construção
Trata-se da implementação das recomendações feitas de mecanismos de avaliação e monitoramento de
sua efetivação;
na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos de
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos
1993, também denominada Conferência de Viena.
Humanos:
Em síntese, no início da década de 90, houve a
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvi-
necessidade de se reafirmar os direitos humanos mento sustentável, com inclusão social e econômi-
estabelecidos pela Declaração Universal dos Direitos ca, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente
Humanos de 1948. Como consequência, os Estados que responsável, cultural e regionalmente diverso, par-
participaram da Conferência de Viena, compromete- ticipativo e não discriminatório;
ram-se em criar, no âmbito de sua legislação inter- b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como
na, políticas para promoção e efetivação dos direitos sujeito central do processo de desenvolvimento; e

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


humanos. Assim, em 1996 foi elaborado o Programa c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos
Nacional de Direitos Humanos — 1 (PNDH-1) pelo ambientais como Direitos Humanos, incluindo as
Presidente Fernando Henrique Cardoso. Na sequên- gerações futuras como sujeitos de direitos;
cia, em 2002, o mesmo presidente lançou o Programa III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em
Nacional de Direitos Humanos — 2 (PNDH-2). Já sob um contexto de desigualdades:
a gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de
aprovado o Decreto n° 7.037, de 21 de dezembro de forma universal, indivisível e interdependente,
2009, instituindo o Programa Nacional de Direitos assegurando a cidadania plena;
Humanos — 3 (PNDH-3). b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e
adolescentes para o seu desenvolvimento integral,
de forma não discriminatória, assegurando seu
Dica direito de opinião e participação;
Já foi cobrado em concurso público o ano dos c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estrutu-
programas e o nome do presidente que instituiu rais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
o PNDH.
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso
à Justiça e Combate à Violência:
O presente estudo será voltado para a análi-
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do
se do Programa Nacional de Direitos Humanos — 3 sistema de segurança pública;
(PNDH-3). b) Diretriz 12: Transparência e participação popu-
Antes de iniciar o estudo do PNDH-3, é preciso ter lar no sistema de segurança pública e justiça
em mente que, para melhor compreendê-lo, é primor- criminal;
dial entender a estrutura e as ideias mais importantes c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da crimina-
da legislação. Por esta razão, é extremamente impor- lidade e profissionalização da investigação de atos
tante ler o texto de lei e tentar compreender os pontos criminosos;
mais importantes dos artigos, sem precisar, contudo, d) Diretriz 14: Combate à violência institucional,
decorá-los. com ênfase na erradicação da tortura e na redução
Feitas essas considerações iniciais, bons estudos! da letalidade policial e carcerária; 363
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de social existentes, além de estabelecer novos meca-
crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; nismos de construção e monitoramento das políticas
f) Diretriz 16: Modernização da política de execu- públicas sobre Direitos Humanos no Estado brasilei-
ção penal, priorizando a aplicação de penas e medi- ro. Busca-se a participação da sociedade no sentido de
das alternativas à privação de liberdade e melhoria exigir, pressionar, cobrar, propor, fiscalizar e criticar
do sistema penitenciário; e as ações desenvolvidas pelo Estado.
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais O Eixo Orientador I é composto por três diretrizes.
acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a
Vejamos cada uma delas:
garantia e a defesa de direitos;
A Diretriz 1 trata da “Interação democrática
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direi-
tos Humanos: entre Estado e sociedade civil como instrumento
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos prin- de fortalecimento da democracia participativa”.
cípios da política nacional de educação em Direitos Seus objetivos estratégicos são:
Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da z Objetivo estratégico I: Garantia da participa-
democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas ção e do controle social das políticas públicas em
de educação básica, nas instituições de ensino supe- Direitos Humanos, em diálogo plural e transversal
rior e nas instituições formadoras; entre os vários atores sociais;
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não z Objetivo estratégico II: Ampliação do controle
formal como espaço de defesa e promoção dos externo dos órgãos públicos.
Direitos Humanos;
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos A Diretriz 2 trata do Fortalecimento dos Direi-
Humanos no serviço público; e tos Humanos como instrumento transversal das
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação políticas públicas e de interação democrática. Seus
democrática e ao acesso à informação para conso- objetivos estratégicos são:
lidação de uma cultura em Direitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à
z Objetivo estratégico I: Promoção dos Direitos
Verdade:
Humanos como princípios orientadores das políti-
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da
cas públicas e das relações internacionais;
verdade como Direito Humano da cidadania e
dever do Estado;
z Objetivo estratégico II: Fortalecimento dos ins-
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e trumentos de interação democrática para a pro-
construção pública da verdade; e moção dos Direitos Humanos.
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacio-
nada com promoção do direito à memória e à ver- Finalizando o Eixo Orientador I, a Diretriz 3 tra-
dade, fortalecendo a democracia. ta da “Integração e ampliação dos sistemas de
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, informação em Direitos Humanos e construção de
além dos responsáveis nele indicados, envolve par- mecanismos de avaliação e monitoramento de sua
cerias com outros órgãos federais relacionados efetivação”. Seus objetivos estratégicos são:
com os temas tratados nos eixos orientadores e
suas diretrizes. z Objetivo estratégico I: Desenvolvimento de meca-
nismos de controle social das políticas públicas de
O PNDH é dividido em eixos. Cada um dos eixos Direitos Humanos, garantindo o monitoramento e
traz um aspecto motivacional, isto é, o motivo pelo a transparência das ações governamentais;
qual cada um dos eixos deve existir. Os eixos orien- z Objetivo estratégico II: Monitoramento dos com-
tadores são compostos por diretrizes. Dentro de cada promissos internacionais assumidos pelo Estado
uma das diretrizes, há objetivos estratégicos, que, por brasileiro em matéria de Direitos Humanos.
sua vez, contam com ações programáticas para conse-
cução destes objetivos. Portanto, esta é a forma como Eixo Orientador II
o documento foi organizado.
De acordo com o art. 2º, a PNDH-3 é estruturada da O Eixo Orientador II tem como tema o “Desenvol-
seguinte forma: 6 (seis) Eixos orientadores e 25 (vinte vimento e Direitos Humanos”, estando ligado ao
e cinco) Diretrizes. Observa-se do anexo, no entanto, desenvolvimento sustentável, ao protagonismo cida-
que existem 82 (oitenta e dois) Objetivos estratégicos dão e ao meio ambiente equilibrado. Sua finalidade
e 521 (quinhentas e vinte e uma) Ações Programáticas. é propor instrumentos de desenvolvimento e reforço
das políticas públicas voltadas para a proteção dos
Portanto, são 634 (seiscentos e trinta e quatro)
direitos humanos, tais como a redução das desigual-
pontos tratados na PNDH-3.
dades sociais, concretizadas por meio de ações de
Os concursos públicos, de um modo geral, cobram
transferência de renda, estímulo à economia solidária
apenas os eixos e diretrizes. Os objetivos estratégicos
e ao cooperativismo, desenvolvimento de ações para
são muito pouco cobrados. concretização da reforma agrária, incentivo à aqui-
cultura, pesca e extrativismo, bem como a promoção
Eixo Orientador I do turismo sustentável.
O PNDH-3 inovou ao enquadrar o meio ambien-
O Eixo Orientador I dispõe sobre a “Interação te saudável e as cidades sustentáveis como temas de
democrática entre Estado e sociedade civil”. Trata- direitos humanos.
-se da interação entre o Poder Público e a sociedade Outra finalidade deste Eixo é o papel da equidade
para debates de ideias e deliberação de propostas para no Plano Plurianual, como mecanismo de salvaguar-
consecução do pleno exercício da democracia. O obje- dar a priorização orçamentária de programas sociais.
tivo deste eixo é dar continuidade ao processo de inte- Ele é composto por três diretrizes. Vejamos cada uma
364 gração e aprimoramento dos meios de participação delas:
A Diretriz 4 trata da “Efetivação de modelo de z Objetivo estratégico I: Universalização do regis-
desenvolvimento sustentável, com inclusão social tro civil de nascimento e ampliação do acesso à
e econômica, ambientalmente equilibrado e tecno- documentação básica;
logicamente responsável, cultural e regionalmen- z Objetivo estratégico II: Acesso à alimentação ade-
te diverso, participativo e não discriminatório”. quada por meio de políticas estruturantes;
É importante saber que as diretrizes são numera- z Objetivo estratégico III: Garantia do acesso à ter-
das de 1 a 25 em ordem sequencial, ou seja, não são ra e à moradia para a população de baixa renda e
numeradas por eixos. grupos sociais com vulnerabilidades;
A Diretriz 4 apresenta os seguintes objetivos: z Objetivo estratégico IV: Ampliação do acesso uni-
versal a sistema de saúde de qualidade;
z Objetivo estratégico I: Implementação de polí- z Objetivo estratégico V: Acesso à educação de qua-
ticas públicas de desenvolvimento com inclusão lidade e garantia de permanência na escola;
social; z Objetivo estratégico VI: Garantia do trabalho de-
z Objetivo estratégico II: Fortalecimento de mode- cente, adequadamente remunerado, exercido em
los de agricultura familiar e agroecológica; condições de equidade e segurança;
z Objetivo estratégico III: Fomento à pesquisa e à z Objetivo estratégico VII: Combate e prevenção ao
implementação de políticas para o desenvolvimen- trabalho escravo;
to de tecnologias socialmente inclusivas, emanci- z Objetivo estratégico VIII: Promoção do direito à
patórias e ambientalmente sustentáveis;
cultura, lazer e esporte como elementos formado-
z Objetivo estratégico IV: Garantia do direito a
res de cidadania;
cidades inclusivas e sustentáveis.
z Objetivo estratégico IX: Garantia da participação
igualitária e acessível na vida política.
A Diretriz 5 dispõe acerca da “Valorização da pes-
soa humana como sujeito central do processo de
A Diretriz 8 dispõe sobre a “Promoção dos direi-
desenvolvimento”. Ela é composta pelos seguintes
tos de crianças e adolescentes para o seu desenvol-
objetivos estratégicos:
vimento integral, de forma não discriminatória,
assegurando seu direito de opinião e participa-
z Objetivo estratégico I: Garantia da participação e ção”. Seus objetivos estratégicos são:
do controle social nas políticas públicas de desen-
volvimento com grande impacto socioambiental; z Objetivo estratégico I: Proteger e garantir os
z Objetivo estratégico II: Afirmação dos princípios direitos de crianças e adolescentes por meio da
da dignidade humana e da equidade como funda- consolidação das diretrizes nacionais do ECA, da
mentos do processo de desenvolvimento nacional; Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa
z Objetivo estratégico III: Fortalecimento dos direitos dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Con-
econômicos por meio de políticas públicas de defesa venção sobre os Direitos da Criança da ONU;
da concorrência e de proteção do consumidor. z Objetivo estratégico II: Consolidar o Sistema de
Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes,
A Diretriz 6 busca “Promover e proteger os direi- com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tute-
tos ambientais como Direitos Humanos, incluindo lares e de Direitos;

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


as gerações futuras como sujeitos de direitos”. Ela z Objetivo estratégico III: Proteger e defender os
é composta por um objetivo estratégico: direitos de crianças e adolescentes com maior
vulnerabilidade;
z Objetivo estratégico I: Afirmação dos direitos z Objetivo estratégico IV: Enfrentamento da vio-
ambientais como Direitos Humanos. lência sexual contra crianças e adolescentes;
z Objetivo estratégico V: Garantir o atendimento
Eixo Orientador III especializado a crianças e adolescentes em sofri-
mento psíquico e dependência química;
O Eixo Orientador III tem como tema “Universa- z Objetivo estratégico VI: Erradicação do trabalho
lizar direitos em um contexto de desigualdades”. infantil em todo o território nacional;
Seu objetivo é garantir os direitos de determinados z Objetivo estratégico VII: Implementação do Sis-
grupos, tais como mulheres, crianças e adolescentes, tema Nacional de Atendimento Socioeducativo
negros, entre outros. Por esta razão, o eixo envol- (SINASE).
ve aspectos que tratam da diversidade e do acesso a
direitos iguais a pessoas que vivem em grupos muito A Diretriz 9 trata do “Combate às desigualdades
diversos. estruturais”. Seus objetivos estratégicos são:
Tratam-se dos objetivos estratégicos direcionados
à promoção da cidadania plena em conformidade z Objetivo estratégico I: Igualdade e proteção dos di-
com a universalidade, indivisibilidade e interdepen- reitos das populações negras, historicamente afetadas
dência dos direitos humanos, como condições para pela discriminação e outras formas de intolerância;
sua efetivação integral e igualitária. z Objetivo estratégico II: Garantia aos povos indí-
Este eixo é composto por quatro diretrizes. A Dire- genas da manutenção e resgate das condições de
triz 7 trata da “Garantia dos Direitos Humanos de reprodução, assegurando seus modos de vida;
forma universal, indivisível e interdependente, z Objetivo estratégico III: Garantia dos direitos das
assegurando a cidadania plena”. Seus objetivos mulheres para o estabelecimento das condições
estratégicos são: necessárias para sua plena cidadania. 365
Por fim, a última diretriz do eixo, ou seja, a Dire- É importante saber que a participação popular na
triz 10, trata da “Garantia da igualdade na diversi- elaboração das políticas de segurança pública é um
dade”. Seus objetivos estratégicos são: dos meios de garantir a promoção e a efetividade dos
direitos humanos.
z Objetivo estratégico I: Afirmação da diversidade A Diretriz 13 dispõe sobre a “Prevenção da vio-
para construção de uma sociedade igualitária; lência e da criminalidade e profissionalização da
z Objetivo estratégico II: Proteção e promoção da investigação de atos criminosos”. Seus objetivos
diversidade das expressões culturais como Direito estratégicos são:
Humano;
z Objetivo estratégico III: Valorização da pessoa z Objetivo estratégico I: Ampliação do controle de
idosa e promoção de sua participação na sociedade. armas de fogo em circulação no País;
z Objetivo estratégico IV: Promoção e proteção dos z Objetivo estratégico II: Qualificação da investiga-
direitos das pessoas com deficiência e garantia da ção criminal;
acessibilidade igualitária; z Objetivo estratégico III: Produção de prova peri-
z Objetivo estratégico V: Garantia do respeito à cial com celeridade e procedimento padronizado;
livre orientação sexual e identidade de gênero; z Objetivo estratégico IV: Fortalecimento dos ins-
z Objetivo estratégico VI: Respeito às diferentes trumentos de prevenção à violência;
crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade z Objetivo estratégico V: Redução da violência moti-
do Estado. vada por diferenças de gênero, raça ou etnia, idade,
orientação sexual e situação de vulnerabilidade;
A Diretriz 9 e a Diretriz 10 têm como foco os grupos z Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao tráfico
de pessoas.
vulneráveis que foram elencados: negros, indígenas,
mulheres, idosos, portadores de deficiência e comu-
A Diretriz 14 trata do “Combate à violência ins-
nidade LGBT.
titucional, com ênfase na erradicação da tortura
e na redução da letalidade policial e carcerária”.
Eixo Orientador IV
Seus objetivos estratégicos são:
O Eixo Orientador IV tem como tema a “Seguran-
z Objetivo estratégico I: Fortalecimento dos mecanis-
ça Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência”,
mos de controle do sistema de segurança pública;
tendo como ênfase a erradicação da tortura e redução
z Objetivo estratégico II: Padronização de procedi-
da letalidade policial e carcerária.
mentos e equipamentos do sistema de segurança
Trata-se da necessidade de padronizar procedi-
pública;
mentos operacionais, previr as ocorrências de abuso
z Objetivo estratégico III: Consolidação de políti-
de autoridade e violência institucional, bem como ca nacional visando à erradicação da tortura e de
conferir maior segurança a policiais e agentes peni- outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
tenciários. Esse eixo dispõe de sete diretrizes. degradantes;
O Eixo Orientador IV é o mais cobrado em concur- z Objetivo estratégico IV: Combate às execuções
sos policiais, sendo as Diretrizes 11 a 17 as de maiores extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
incidências nessas prova.
A Diretriz 11 dispõe sobre a “Democratização e
Dica
modernização do sistema de segurança pública”.
Seus objetivos estratégicos são: Trata-se da diretriz de maior incidência nas pro-
vas. A letalidade policial, por exemplo, foi des-
z Objetivo estratégico I: Modernização do marco taque no relatório sobre o Brasil elaborado pela
normativo do sistema de segurança pública; Anistia Internacional no ano de 2020. Segundo
z Objetivo estratégico II: Modernização da gestão o documento, o número de execuções extraju-
do sistema de segurança pública; diciais cometidas por policiais aumentou apro-
z Objetivo estratégico III: Promoção dos Direitos ximadamente 1/3. Além disso, tal documentou
Humanos dos profissionais do sistema de seguran- destaca as lutas das pessoas por igualdade e
ça pública, assegurando sua formação continuada por direitos humanos.
e compatível com as atividades que exercem.
A Diretriz 15 trata da “Garantia dos direitos das
Busca-se com o objetivo estratégico III a promoção vítimas de crimes e de proteção das pessoas amea-
dos direitos humanos de quem está envolvido no tra- çadas”. Seus objetivos estratégicos são:
balho de segurança pública.
A Diretriz 12 trata da “Transparência e partici- z Objetivo estratégico I: Instituição de sistema
pação popular no sistema de segurança pública e federal que integre os programas de proteção;
justiça criminal”. Seus objetivos estratégicos são: z Objetivo estratégico II: Consolidação da política de
assistência a vítimas e a testemunhas ameaçadas;
z Objetivo estratégico I: Publicação de dados do z Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de
sistema federal de segurança pública; crianças e adolescentes ameaçados de morte;
z Objetivo estratégico II: Consolidação de meca- z Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção
nismos de participação popular na elaboração das dos defensores dos Direitos Humanos e de suas
366 políticas públicas de segurança. atividades.
A Diretriz 16 trata da “Modernização da políti- z Objetivo Estratégico III: Incentivo à transdiscipli-
ca de execução penal, priorizando a aplicação de nariedade e transversalidade nas atividades aca-
penas e medidas alternativas à privação de liber- dêmicas em Direitos Humanos.
dade e melhoria do sistema penitenciário”. Esta
É interessante saber que a Diretriz 19 apresenta
diretriz possui quatro objetivos estratégicos:
os direitos humanos como um tema importante em
todos os níveis de ensino, cujo aprendizado é essen-
z Objetivo estratégico I: Reestruturação do sistema
cial a todos os cursos, por trazer as noções básicas de
penitenciário;
z Objetivo estratégico II: Limitação do uso dos ins- dignidade da pessoa humana.
titutos de prisão cautelar; A Diretriz 20 dispõe sobre o “Reconhecimento da
z Objetivo estratégico III: Tratamento adequado de educação não formal como espaço de defesa e pro-
pessoas com transtornos mentais; moção dos Direitos Humanos”. Seus dois objetivos
z Objetivo estratégico IV: Ampliação da aplicação são:
de penas e medidas alternativas. z Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática da
educação em Direitos Humanos na educação não
A Diretriz 17 dispõe acerca da “Promoção de sis- formal;
tema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para z Objetivo estratégico II: Resgate da memória por
o conhecimento, a garantia e a defesa dos direi- meio da reconstrução da história dos movimentos
tos”. Seus seis objetivos estratégicos são os seguintes: sociais.

z Objetivo estratégico I: Acesso da população A Diretriz 21 trata da “Promoção da Educação em


à informação sobre seus direitos e sobre como Direitos Humanos no serviço público” e tem como
garanti-los; objetivos estratégicos:
z Objetivo estratégico II: Garantia do aperfeiçoa- z Objetivo Estratégico I: Formação e capacitação
mento e monitoramento das normas jurídicas para continuada dos servidores públicos em Direitos
proteção dos Direitos Humanos; Humanos, em todas as esferas de governo;
z Objetivo estratégico III: Utilização de modelos z Objetivo Estratégico II: Formação adequada e
alternativos de solução de conflitos; qualificada dos profissionais do sistema de segu-
z Objetivo estratégico IV: Garantia de acesso uni- rança pública.
versal ao sistema judiciário;
z Objetivo estratégico V: Modernização da gestão e A última diretriz deste eixo é a Diretriz 22. Ela trata
agilização do funcionamento do sistema de justiça; da “Garantia do direito à comunicação democrática
z Objetivo estratégico VI: Acesso à Justiça no cam- e ao acesso à informação para consolidação de uma
po e na cidade. cultura em Direitos Humanos”, tendo como objetivos:
z Objetivo Estratégico I: Promover o respeito aos
Eixo Orientador V
Direitos Humanos nos meios de comunicação e o
O Eixo Orientador V tem como escopo a “Educa- cumprimento de seu papel na promoção da cultu-
ção e cultura em Direitos Humanos”. Para elabora- ra em Direitos Humanos;
ção de tal eixo, houve a necessidade de estruturá-lo z Objetivo Estratégico II: Garantia do direito à co-
em conformidade com o Plano Nacional de Educação municação democrática e ao acesso à informação.

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


em Direitos Humanos (PNEDH), para consecução de
uma política nacional adequada. Eixo Orientador VI
O Eixo Orientador possui quatro diretrizes. A pri- Finalizando o PNDH-3, tem-se o Eixo Orientador
meira diretriz do eixo é a Diretriz 18, que trata da VI, cujo tema é “Direito à Memória e à Verdade”. Tal
“Efetivação das diretrizes e dos princípios da polí- eixo foi elaborado tendo como contexto o período do
tica nacional de educação em Direitos Humanos regime militar (1964 e 1985) e se foca nos aspectos vol-
para fortalecer cultura de direitos”. Seus objetivos tados ao acesso às informações daquele período histó-
estratégicos são: rico. Trata-se, portanto, de uma tentativa de resgate a
z Objetivo estratégico I: Implementação do Pla- história nacional. Seu objetivo é assegurar o processa-
no Nacional de Educação em Direitos Humanos mento democrático e republicano desse período histó-
- PNEDH; rico. Para tanto, possui três diretrizes.
z Objetivo Estratégico II: Ampliação de mecanis- A Diretriz 23 trata do “Reconhecimento da
mos e produção de materiais pedagógicos e didáti- memória e da verdade como Direito Humano da
cos para Educação em Direitos Humanos. cidadania e dever do Estado”. Para tanto, busca-se a
consecução do seguinte objetivo estratégico:
A Diretriz 19 trata do “Fortalecimento dos prin-
cípios da democracia e dos Direitos Humanos nos z Objetivo Estratégico I: Promover a apuração e o
sistemas de educação básica, nas instituições de esclarecimento público das violações de Direitos
ensino superior e outras instituições formadoras”. Humanos praticadas no contexto da repressão
Seus objetivos estratégicos são: política ocorrida no Brasil no período fixado pelo
art. 8o do ADCT da Constituição, a fim de efeti-
z Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática de var o direito à memória e à verdade histórica e
Educação e Cultura em Direitos Humanos nas promover a reconciliação nacional.
escolas de educação básica e em outras institui-
ções formadoras; A Diretriz 24 dispõe acerca da “Preservação da
z Objetivo Estratégico II: Inclusão da temática da memória histórica e construção pública da ver-
Educação em Direitos Humanos nos cursos das dade”. Esta diretriz funda-se no seguinte objetivo
Instituições de Ensino Superior; estratégico. 367
z Objetivo Estratégico I: Incentivar iniciativas de O art. 63 trata da composição do Conselho. São treze
preservação da memória histórica e de construção conselheiros nomeados pelo Ministro da Justiça com
pública da verdade sobre períodos autoritários. conhecimento técnico nas áreas do Direito Penal, Pro-
cessual Penal e Penitenciário, bem como em ciências
Por fim, a Diretriz 25 trata da “Modernização da relacionadas, tais como Ciência Política, Sociologia,
legislação relacionada com promoção do direito à Antropologia, entre outras, além de representantes da
memória e à verdade, fortalecendo a democracia”, comunidade civil e dos Ministérios da área social.
tendo como objetivo estratégico: O objetivo é que esses membros possam auxiliar o
z Objetivo Estratégico I: Suprimir do ordenamen- Ministro nas questões atinentes à política criminal e
to jurídico brasileiro eventuais normas remanes- penitenciária por meio de distintos pontos de vista e
centes de períodos de exceção que afrontem os conhecimentos variados. Para garantir esse intercâm-
compromissos internacionais e os preceitos cons- bio de conhecimento técnico, o mandato dos conse-
titucionais sobre Direitos Humanos. lheiros tem duração de dois anos, sendo a renovação
procedida anualmente e de maneira parcial, ou seja, a
DEMAIS REGRAS DO PNDH cada ano renova-se um terço dos seus membros.
Art. 3º As metas, prazos e recursos necessários para a
implementação do PNDH-3 serão definidos e aprova- Art. 64 Ao Conselho Nacional de Política Criminal
dos em Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais. e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em
âmbito federal ou estadual, incumbe:
O art. 3º estabelece que as regras para cumprimen- I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre-
to do programa devem ser definidas e aprovadas a venção do delito, administração da Justiça Criminal e
cada dois anos em plano de ação próprio. execução das penas e das medidas de segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municí- desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades
pios e os órgãos do Poder Legislativo, do Poder da política criminal e penitenciária;
Judiciário e do Ministério Público, serão convida- III - promover a avaliação periódica do sistema cri-
dos a aderir ao PNDH-3. minal para a sua adequação às necessidades do País;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
A última disposição acerca do PNDH-3 está disci- V - elaborar programa nacional penitenciário de
plinada no art. 5º. Trata-se dos órgãos que podem ade- formação e aperfeiçoamento do servidor;
rir ao programa. VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e constru-
ção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
estatística criminal;
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA penais, bem assim informar-se, mediante relatórios
CRIMINAL E PENITENCIÁRIA do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou
outros meios, acerca do desenvolvimento da execu-
ção penal nos Estados, Territórios e Distrito Fede-
ARTS. 62 A 64 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL E SUAS
ral, propondo às autoridades dela incumbida as
ALTERAÇÕES
medidas necessárias ao seu aprimoramento;
IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- de administrativa para instauração de sindicância
tenciária é um dos órgãos consultivos de Execução ou procedimento administrativo, em caso de viola-
Penal. Ele está disciplinado nos arts. 62 a 64 da Lei de ção das normas referentes à execução penal;
Execução Penal (LEP). Acompanhe a seguir o art. 62: X - representar à autoridade competente para a inter-
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
Art. 62 O Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, com sede na Capital da República, é O art. 64 estabelece as atribuições do Conselho
subordinado ao Ministério da Justiça. Nacional. Em síntese, ao Conselho Nacional compete
elaborar o Plano Nacional de Política Criminal e Peni-
O art. 62 estabelece a vinculação hierárquica do tenciária, em conformidade com as dez diretrizes con-
Conselho Nacional de Política Criminal. Trata-se, por- feridas por esse dispositivo. Assim, cabe ao Conselho
tanto, de um dos órgãos colegiados ligados ao Ministé- oferecer os subsídios necessários para implementar as
rio da Justiça e Segurança Pública e a ele subordinados, políticas no âmbito criminal e penitenciário em todo o
sendo sediado em Brasília. A estrutura do Ministério território nacional, por meio de avaliações periódicas
da Justiça e Segurança Pública é detalhada no Decreto dos sistemas criminal, criminológico e penitenciário,
nº 9.662/19, alterado pelo Decreto nº 10.379/20. além de execução de planos nacionais de desenvolvi-
mento no que se refere às metas e prioridades da polí-
Observe o art. 63, da LEP: tica a ser executada.
Art. 63 O Conselho Nacional de Política Criminal e A primeira atribuição do art. 64 é propor as bases
Penitenciária será integrado por 13 (treze) mem- da política criminal no que tange à prevenção do deli-
bros designados através de ato do Ministério da to, à administração da Justiça criminal e à execução
Justiça, dentre professores e profissionais da área das penas e medidas de segurança.
do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e A segunda atribuição é sugerir as metas e priorida-
ciências correlatas, bem como por representantes des quando da elaboração dos planos nacionais. Isso
da comunidade e dos Ministérios da área social. é possível porque o Conselho Nacional recebe relató-
Parágrafo único. O mandato dos membros do Con- rios periódicos dos Conselhos Estaduais, de modo a ter
selho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 acesso às necessidades relativas ao sistema criminal e
368 (um terço) em cada ano. penitenciário.
Por ser alimentado por informações regionais, III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada
pode o Conselho Nacional exercer sua terceira atri- ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e
buição, que é avaliar periodicamente o sistema crimi- Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no
nal para sua adequação às necessidades brasileiras. exercício anterior;
A quarta atribuição é promover e estimular o estu- IV - supervisionar os patronatos, bem como a assis-
do da criminologia, ou seja, do crime, do criminoso, da tência aos egressos.
vítima e do controle social.
A quinta atribuição é manter o constante aperfei- Trata-se de quatro incumbências. A primeira
çoamento de seus servidores por meio de formação e atribuição é a emissão de parecer sobre indulto e
cursos de aperfeiçoamento. comutação da pena do preso, exceto aqueles pedidos
relacionados ao indulto humanitário, ou seja, o per-
A sexta atribuição é estabelecer as regras a respei-
dão que decorre do estado de saúde do preso, no qual
to dos estabelecimentos penais e das casas de alberga-
o juiz da execução baseia-se em laudos médicos.
do (para regime aberto, limitação de final de semana). Graça, indulto e anistia são modalidades de extin-
A sétima atribuição é elaborar os critérios para ção da punibilidade previstas no inciso II, art. 107, do
desenvolvimento das estatísticas criminais, de modo Código Penal. Observe o disposto a seguir:
a entender onde existe maior efetividade ou não.
A oitava atribuição do Conselho Nacional refere-se z Graça: Perdão da pena concedido pelo Presiden-
à inspeção e fiscalização dos estabelecimentos penais. te da República de forma individual, atentando-se
A nona atribuição é representar ao órgão de deci- para determinado condenado;
são, ou seja, ao Juiz de Execução ou aos órgãos admi- z Indulto: Perdão da pena concedido pelo Presiden-
nistrativos, para que estes apurem as violações ou os te da República de forma coletiva, isto é, direciona-
excessos praticados pelos servidores públicos. do a diversos condenados quando se enquadrarem
Por fim, a décima e última atribuição é represen- nas hipóteses de indulgência;
tar pela interdição do estabelecimento penal. z Anistia: Concedida por meio de lei do Congresso
Nacional e atinge todos os efeitos penais decorren-
CONSELHO PENITENCIÁRIO tes da conduta criminosa, incidindo, assim, sobre
os fatos, e não sobre as pessoas;
Arts. 69 e 70 da Lei de Execução Penal e suas z Comutação: Perdão parcial da pena concedido
Alterações por ato do Presidente da República.

A segunda atribuição estabelecida no art. 70, da


Os Conselhos Penitenciários também são órgãos
LEP, refere-se ao dever de fiscalização dos Conselhos
consultivos de execução penal, estando disciplinados
Previdenciários. Assim, cabe ao Conselho a inspeção
nos arts. 69 e 70, da LEP. Tratam-se dos conselhos esta-
dos estabelecimentos penais.
duais que auxiliam o Conselho Nacional. Veja o que A terceira atribuição diz respeito aos relatórios a
dispõe o art. 69: serem apresentados ao Conselho Nacional de Política
Criminal no primeiro trimestre de cada ano. Tratam-se
Art. 69 O Conselho Penitenciário é órgão consulti- das informações que irão alimentar o sistema nacional.
vo e fiscalizador da execução da pena. A última atribuição refere-se ao dever de supervi-
§ 1º O Conselho será integrado por membros sionar os patronatos e prestar assistência aos egressos.
nomeados pelo Governador do Estado, do Distri-
to Federal e dos Territórios, dentre professores e pro-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


CONSELHO DA COMUNIDADE
fissionais da área do Direito Penal, Processual Penal,
Penitenciário e ciências correlatas, bem como por Arts. 80 e 81 da Lei de Execução Penal e suas
representantes da comunidade. A legislação federal Alterações
e estadual regulará o seu funcionamento.
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Peniten- O último conselho consultivo estabelecido na LEP
ciário terá a duração de 4 (quatro) anos. é o Conselho da Comunidade. Tal órgão encontra-se
disciplinado nos arts. 80 e 81, da LEP, e deve auxiliar
Nos termos do art. 69, compete ao Conselho Peni- os presos a voltarem com dignidade à vida na socieda-
tenciário prestar assistência e fiscalizar a execução da de. Observe o art. 80:
pena em âmbito regional e local. Cada Conselho Peni-
tenciário é composto por profissionais da área jurí- Art. 80 Haverá, em cada comarca, um Conse-
dica, professores e representantes da sociedade civil lho da Comunidade composto, no mínimo, por
nomeados pelos Governadores de cada Estado. 1 (um) representante de associação comercial ou
Cumpre mencionar que a LEP não estabelece o industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da
número de membros nem o funcionamento do Conse- Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor
lho Penitenciário. No entanto, dispõe que tais regras Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1
(um) assistente social escolhido pela Delegacia Sec-
devem ser elaboradas por meio de norma federal e
cional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.
estadual. Por fim, o dispositivo estabelece que o man-
Parágrafo único. Na falta da representação previs-
dato dos conselheiros é de quatro anos de duração.
ta neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução
Por sua vez, o art. 70 estabelece as atribuições dos a escolha dos integrantes do Conselho.
Conselhos Penitenciários:
De acordo com o art. 80, da LEP, deve existir um
Art. 70 Incumbe ao Conselho Penitenciário: Conselho da Comunidade em cada comarca. Sua com-
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de posição é de, no mínimo, quatro pessoas, sendo:
pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto
com base no estado de saúde do preso; z Um representante da associação comercial ou
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; industrial; 369
z Um advogado indicado pela OAB; Art. 81-B Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
z Um defensor público; I - requerer:
z Um assistente social. a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
mento do processo executivo;
Cabe ao juiz de execução instalar e compor o Con- b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior
selho da Comunidade. No entanto, na falta de qual- que de qualquer modo favorecer o condenado
quer um desses membros, como, por exemplo, o c) a declaração de extinção da punibilidade
assistente social, cabe ao juiz da execução a escolha d) a unificação de penas;
do conselheiro. e) a detração e remição da pena;
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
Dica de execução;
g) a aplicação de medida de segurança e sua revo-
Comarca é a área circunscricional de um juiz. gação, bem como a substituição da pena por medi-
da de segurança;
O art. 81 estabelece as atribuições do Conselho da h) a conversão de penas, a progressão nos regimes,
Comunidade: a suspensão condicional da pena, o livramento con-
dicional, a comutação de pena e o indulto;
Art. 81 Incumbe ao Conselho da Comunidade: i) a autorização de saídas temporárias
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabeleci- j) a internação, a desinternação e o restabelecimen-
mentos penais existentes na comarca; to da situação anterior;
II - entrevistar presos; k) o cumprimento de pena ou medida de segurança
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execu- em outra comarca;
ção e ao Conselho Penitenciário; l) a remoção do condenado na hipótese prevista no
IV - diligenciar a obtenção de recursos mate- § 1º do art. 86 desta Lei;
riais e humanos para melhor assistência ao pre- II - requerer a emissão anual do atestado de pena
so ou internado, em harmonia com a direção do a cumprir;
estabelecimento. III - interpor recursos de decisões proferidas pela
autoridade judiciária ou administrativa durante a
Trata-se de quatro incumbências. A primeira diz res- execução;
peito às visitas dos membros do Conselho aos estabele- IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
cimentos penais existentes na comarca, com o objetivo de administrativa para instauração de sindicância
de verificar as instalações e a situação dos presos. ou procedimento administrativo em caso de viola-
A segunda atribuição decorre da primeira, competin- ção das normas referentes à execução penal;
do ao Conselho da Comunidade entrevistar os presos. V - visitar os estabelecimentos penais, toman-
Com os dados colhidos, cabe ao Conselho elaborar do providências para o adequado funcionamen-
mensalmente relatórios ao juiz da execução e ao Con- to, e requerer, quando for o caso, a apuração de
selho Penitenciário. Assim, a terceira atribuição diz responsabilidade;
respeito às informações que irão alimentar o sistema VI - requerer à autoridade competente a inter-
regional. dição, no todo ou em parte, de estabelecimento
Por fim, a quarta atribuição é realizar atividades penal
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Públi-
relacionadas à obtenção de recursos materiais e
ca visitará periodicamente os estabelecimen-
humanos para auxílio ao preso ou internado.
tos penais, registrando a sua presença em livro
DEFENSORIA PÚBLICA próprio.

Art. 81-A A Defensoria Pública velará pela regular


execução da pena e da medida de segurança, ofi-
ciando, no processo executivo e nos incidentes da exe- HORA DE PRATICAR!
cução, para a defesa dos necessitados em todos os
graus e instâncias, de forma individual e coletiva. Para que você pudesse treinar o conteúdo pedido no
edital, considerando a falta de questões da banca
A Defensoria Pública, nos termos do art. 1º, da Lei
oficial relativas a essa disciplina, foram dispostas, a
Complementar nº 80/94, é a instituição permanente,
seguir, questões de bancas variadas extraídas de pro-
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin-
vas para concursos de Segurança Penitenciária.
do-lhe, como expressão e instrumento do regime demo-
crático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
Bons estudos!
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
1. (FEPESE – 2019) Em relação às regras de aplicação
e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessita-
geral contidas nas Regras Mínimas das Nações Uni-
dos, assim considerados na forma do inciso LXXIV, art.
das para o Tratamento de Reclusos (Regras de Nelson
5º, da Constituição Federal.
Mandela), está incorreta a alternativa.
Como órgão da execução, a Defensoria Pública cui-
da da defesa dos interesses dos necessitados. Veja que
a) A detenção e quaisquer outras medidas que excluam
essa defesa se dá:
uma pessoa do contato com o mundo exterior são
z Em todos os graus e instâncias; penosas pelo fato de, ao ser privada da sua liberdade,
z De maneira individual ou coletiva. lhe ser retirado o direito à autodeterminação. Assim, o
sistema prisional não deve agravar o sofrimento ine-
O art. 81-B, da LEP, apresenta uma lista meramente rente a esta situação, exceto em casos pontuais em
exemplificativa das atribuições da Defensoria Pública que a separação seja justificável ou nos casos em que
370 no curso da execução: seja necessário manter a disciplina.
b) Para que o princípio da não discriminação seja posto Sobre isso, analise as afirmativas abaixo, dê valores
em prática, as administrações prisionais devem ter em Verdadeiro (V) ou Falso (F).
conta as necessidades coletivas dos reclusos, parti-
cularmente as de maior vulnerabilidade. As medidas ( ) As administrações prisionais e demais autoridades
tomadas para proteger e promover os direitos dos competentes devem oferecer educação, formação
reclusos portadores de necessidades especiais serão profissional e trabalho, bem como outras formas de
consideradas discriminatórias. assistência apropriadas e disponíveis, inclusive aque-
c) Os objetivos de uma pena de prisão ou de qualquer las de natureza reparadora, moral, espiritual, social,
outra medida restritiva da liberdade são, prioritaria- esportiva e de saúde.
mente, proteger a sociedade contra a criminalidade e ( ) Os objetivos de uma sentença de encarceramento ou
reduzir a reincidência. Estes objetivos só podem ser de medida similar restritiva de liberdade são, priorita-
alcançados se o período de detenção for utilizado riamente, de proteger a sociedade contra a criminali-
para assegurar, sempre que possível, a reintegração dade e de reduzir a reincidência. Tais propósitos só
destas pessoas na sociedade após a sua libertação,
podem ser alcançados se o período de encarceramen-
para que possam levar uma vida autossuficiente e de
to for utilizado para assegurar, na medida do possível,
respeito para com as leis.
a reintegração de tais indivíduos à sociedade após
d) As celas ou locais destinados ao descanso noturno
sua soltura, para que possam levar uma vida autossu-
não devem ser ocupados por mais de um recluso. Se,
ficiente, com respeito às leis.
por razões especiais, tais como excesso temporário
de população prisional, for necessário que a adminis- ( ) Toda unidade prisional tem a liberdade de decidir se
tração prisional central adote exceções a esta regra deve ter uma biblioteca para uso de todas as catego-
deve evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa rias de presos, adequadamente provida de livros de
mesma cela ou local. lazer e de instrução, e os presos devem ser incentiva-
e) Em circunstâncias excepcionais, sempre que um dos a fazer uso dela.
recluso obtenha licença para sair do estabelecimento,
deve ser autorizado a vestir as suas próprias roupas a) V, F, V
ou roupas que não chamem a atenção. b) F, F, V
c) F, V, V
2. (IADES – 2019) Suponha que R. T. E. seja um agente d) V, V, V
no exercício das funções na penitenciária de determi- e) V, V, F
nado município e que, em janeiro de 2018, se encon-
trava em atividades por ocasião da visitação semanal 4. (FEPESE – 2019) O Programa Nacional de Direitos
aos presos. Em virtude de um desentendimento entre Humanos – PNDH-3, aprovado pelo Decreto no 7.037,
familiares de dois presos, houve intensa comoção de 21 de dezembro de 2009, é estruturado em eixos
no pátio de visitas. Assim, foi necessário recolher orientadores que contêm suas respectivas diretrizes.
mais cedo os presos para o interior das celas. Como
R. T. E. era o responsável pelo deslocamento de par- Nesse contexto normativo, estão incluídas no Eixo
te dos presos, especificamente nesse caso, coube a Orientador IV, que trata da Segurança Pública, Aces-
ele fazer o traslado dos dois presos cujas famílias se so à Justiça e Combate à Violência, as seguintes
desentenderam. diretrizes:

Considerando o caso concreto, bem como as Regras

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


a) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal,
Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, que esta- indivisível e interdependente, assegurando a cidadania
belecem situações específicas para a utilização de plena; Promoção dos direitos de crianças e adolescen-
instrumentos de coação no âmbito do desenvolvimen- tes para o seu desenvolvimento integral, de forma não
to das atividades do sistema prisional, é correto afir- discriminatória, assegurando seu direito de opinião e
mar que R. T. E.
participação; Combate às desigualdades estruturais;
Garantia da igualdade na diversidade.
a) deverá utilizar ferros para uma punição exemplar dos
b) Efetivação das diretrizes e dos princípios da política
presos.
nacional de educação em Direitos Humanos para for-
b) poderá utilizar algemas para o deslocamento dos pre-
talecer uma cultura de direitos; Fortalecimento dos
sos, mantendo-as por tempo indeterminado.
princípios da democracia e dos Direitos Humanos
c) poderá utilizar equipamento de lobotomia para imobi-
lização total dos presos. nos sistemas de educação básica, nas instituições de
d) deverá empregar força física para uma punição exem- ensino superior e nas instituições formadoras; Reco-
plar dos presos no meio do pátio central. nhecimento da educação não formal como espaço de
e) poderá realizar o traslado utilizando algemas por defesa e promoção dos Direitos Humanos; Promoção
ordem do diretor, se outros métodos de controle falha- da Educação em Direitos Humanos no serviço público;
rem, a fim de evitar que o preso moleste a si mesmo, a Garantia do direito à comunicação democrática e ao
outros ou cause estragos materiais. acesso à informação para consolidação de uma cultu-
ra em Direitos Humanos.
3. (IBFC – 2018) A criminalidade é um problema social, c) Interação democrática entre Estado e sociedade civil
que a sociedade brasileira ano a ano percebe seu cres- como instrumento de fortalecimento da democracia
cimento sem no entanto vislumbrar a curto prazo uma participativa; Fortalecimento dos Direitos Humanos
solução no mínimo satisfatória. Ao longo de cinco déca- como instrumento transversal das políticas públicas
das, os Estados utilizaram como “um guia” as “Regras e de interação democrática; Integração e ampliação
Mínimas para o Tratamento de Presos”, a partir de 2015 dos sistemas de informações em Direitos Humanos e
as mesmas foram revisionadas (Regras de Mandela) e, construção de mecanismos de avaliação e monitora-
temos agora uma observância mais atenta. mento de sua efetivação. 371
d) Democratização e modernização do sistema de segu- c) o brasileiro nato pode ser extraditado, em caso de
rança pública; Transparência e participação popular comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
no sistema de segurança pública e justiça criminal; pecentes e drogas afins, na forma da lei.
Prevenção da violência e da criminalidade e profissio- d) pode ser concedida a extradição de estrangeiro por
nalização da investigação de atos criminosos; Comba- crime de opinião.
te à violência institucional, com ênfase na erradicação e) é permitido o trabalho noturno a menores de 16 anos,
da tortura e na redução da letalidade policial e carce- na condição de aprendiz.
rária; Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
proteção das pessoas ameaçadas; Modernização da 8. (FCC – 2018) O Conselho Penitenciário é
política de execução penal, priorizando a aplicação de
penas e medidas alternativas à privação de liberdade a) integrado por membros nomeados pelo Presidente da
e melhoria do sistema penitenciário; Promoção de sis- República.
tema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o b) órgão executivo e exerce o controle sobre os diretores
conhecimento, a garantia e a defesa de direitos. de presídios.
e) Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentá- c) composto por juízes de execução penal da comarca.
vel, com inclusão social e econômica, ambientalmente d) órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena.
equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e) órgão superior do Ministério Público para assuntos
e regionalmente diverso, participativo e não discrimi- prisionais.
natório; Valorização da pessoa humana como sujeito
central do processo de desenvolvimento; Promoção 9. (FCC – 2018) Incumbe ao Conselho Penitenciário
e proteção dos direitos ambientais como Direitos
Humanos, incluindo as gerações futuras como sujei- a) supervisionar a assistência aos egressos.
tos de direitos. b) decidir sobre faltas disciplinares na execução da pena.
c) prestar assistência material e psicológica aos presos.
5. (FCC – 2018) O texto atual das Regras Mínimas das d) conceder indulto e progressão de regime.
Nações Unidas para Tratamento de Presos, conheci- e) requerer aplicação de medida de segurança.
das como “Regras de Mandela” estabelece, de forma
expressa, que 10. (FCC – 2018) O Conselho da Comunidade

a) as celas ou quartos destinados ao descanso noturno a) é formado apenas por membros da comunidade sem
não devem ser ocupados por mais de 3 presos. formação jurídica.
b) devem ser proibidas sanções disciplinares que impli- b) é composto e instalado pelo juiz da execução penal.
quem em confinamento solitário indefinido. c) destina-se à realização de exame criminológico.
c) todo preso tem direito a redução de sua pena quando d) deve abrigar os presos em saída temporária.
apresentar bom comportamento. e) tem sede no Distrito Federal e deve requerer a unifica-
d) revistas íntimas em visitantes devem se restringir a ção de penas.
crianças ou outras pessoas incapazes de responder
por seus atos. 11. (FUNRIO – 2009) A Declaração Universal dos Direi-
e) não devem ser permitidas rotinas disciplinares dife- tos Humanos adotada e proclamada pela Resolução
renciadas ou separação entre presos por motivos liga- 217-A (III) – da Assembléia Geral das Nações Unidas,
dos ao histórico criminal de cada um. em 10 de dezembro de 1948, demonstra em seu item
XIII que todo ser humano tem direito à liberdade de
6. (FUNIVERSA – 2015) A respeito das Regras de Tóquio,
locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
assinale a alternativa correta.
Estado e que todo ser humano tem o direito de deixar
a) As Regras de Tóquio anunciam uma série de princípios qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
básicos e orientações com o objetivo de favorecer a Em relação ao asilo político previsto nessa Declara-
aplicação das medidas privativas e não privativas de ção, é correto afirmar que
liberdade, assim como garantias mínimas para os ado-
lescentes submetidos a esses regimes. a) o direito ao asilo político poderá ser invocado mesmo
b) As Regras de Tóquio adotam o termo delinquente em caso de perseguição legitimamente motivada por
estritamente para denominar as pessoas condenadas crimes de direito comum ou por atos contrários aos
pela prática de crime ou de contravenção penal. objetivos e princípios das Nações Unidas.
c) As medidas não privativas de liberdade admitem expe- b) o direito de asilo político poderá ser invocado mesmo
rimentações médicas ou psicológicas com o delin- em caso de perseguição legitimamente provocada por
quente, desde que essas experimentações colaborem crimes de direito comum.
como combate à delinquência. c) rege-se pelo princípio da autodeterminação dos povos.
d) As Regras de Tóquio estipulam o prazo máximo de d) o direito de asilo político poderá ser invocado mes-
360 dias para a duração das medidas não privativas mo por atos contrários aos objetivos e princípios das
de liberdade. nações unidas.
e) A vigilância tem por objetivo facilitar a reinserção do e) todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito
delinquente na sociedade de modo a reduzir, ao máxi- de procurar e de gozar asilo em outros países.
mo, as oportunidades de reincidência.

7. (FUNIVERSA – 2015) Segundo a Constituição Federal,


é correto afirmar que GABARITO COMENTADO
a) é possível a aplicação da pena de banimento no Brasil. 1.
b) a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, a prestação social alternativa e a suspen- A questão pede a alternativa incorreta e cobra a lite-
372 são ou interdição de direitos. ralidade das regras.
A alternativa a) refere-se à Regra 3: “A detenção e limpo e ser mantido em bom estado. As roupas inte-
quaisquer outras medidas que excluam uma pes- riores devem ser mudadas e lavadas tão frequente-
soa do contacto com o mundo exterior são penosas mente quanto seja necessário para a manutenção
pelo facto de, ao ser privada da sua liberdade, lhe da higiene. 3. Em circunstâncias excecionais, sem-
ser retirado o direito à autodeterminação. Assim, pre que um recluso obtenha licença para sair do
o sistema prisional não deve agravar o sofrimento estabelecimento, deve ser autorizado a vestir as
inerente a esta situação, exceto em casos pontuais suas próprias roupas ou roupas que não chamem a
em que a separação seja justificável ou nos casos em atenção. Portanto, está correta. Resposta: Letra B.
que seja necessário manter a disciplina”. Portanto,
está correta. 2.
A alternativa b) refere-se à Regra 2: “Estas Regras
devem ser aplicadas com imparcialidade. Não deve A questão diz respeito aos instrumentos de coação
haver nenhuma discriminação em razão da raça, estabelecidos nas Regras 47 e 48.
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, Assim, a alternativa a) está incorreta, porque, de
origem nacional ou social, património, nascimento acordo com a Regra 47 1 “O uso de correntes, de
ou outra condição. É necessário respeitar as cren- imobilizadores de ferro ou de outros instrumentos
ças religiosas e os preceitos morais do grupo a que de coação considerados inerentemente degradantes
pertença o recluso. 2. Para que o princípio da não ou penosos deve ser proibido”. Portanto, não é pos-
discriminação seja posto em prática, as administra- sível utilizar ferros para punir presos.
ções prisionais devem ter em conta as necessidades A alternativa b) está incorreta, pois, nos termos da
individuais dos reclusos, particularmente daqueles Regra 48, 1: “Quando a utilização de instrumentos
em situação de maior vulnerabilidade. As medidas de coação for autorizada, de acordo com o pará-
tomadas para proteger e promover os direitos dos grafo 2 da regra 47, os seguintes princípios serão
reclusos portadores de necessidades especiais não aplicados: (a) Os instrumentos de coação só devem
serão consideradas discriminatórias”. Portanto, ser utilizados quando outras formas menos seve-
está incorreta, pois as necessidades são individuais ras de controlo não forem efetivas face aos riscos
e as medidas tomadas para proteger os direitos representados por uma ação não controlada; (b) O
dos reclusos com necessidades especiais não são método de restrição será o menos invasivo possí-
discriminatórias. vel, o necessário e razoável para controlar a ação
A alternativa c) refere-se à Regra 4: “1. Os objetivos do recluso, em função do nível e da natureza do ris-
de uma pena de prisão ou de qualquer outra medida co apresentado; (c) Os instrumentos de coação só
restritiva da liberdade são, prioritariamente, prote- devem ser utilizados durante o período estritamen-
ger a sociedade contra a criminalidade e reduzir a te necessário e devem ser retirados logo que deixe
reincidência. Estes objetivos só podem ser alcança- de existir o risco que motivou a restrição”. Observa-
dos se o período de detenção for utilizado para asse- -se, assim, que a alínea c prevê que os instrumentos
gurar, sempre que possível, a reintegração destas de coação só devem ser utilizados durante o perío-
pessoas na sociedade após a sua libertação, para do estritamente necessário (uso temporário e não
que possam levar uma vida autossuficiente e de indeterminado).
respeito para com as leis. 2. Para esse fim, as admi- A alternativa c) também está incorreta. Ela traz a
nistrações prisionais e demais autoridades com- lobotomia como meio de coerção, porém ela não
petentes devem proporcionar educação, formação consta das Regras Mínimas, além de ser um proce-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


profissional e trabalho, bem como outras formas dimento médico extremamente questionável.
de assistência apropriadas e disponíveis, incluindo A alternativa d) é incorreta, porque o emprego de
aquelas de natureza reparadora, moral, espiritual, força física não consta como meio de coerção das
social, desportiva e de saúde. Estes programas, ati- Regras Mínimas.
vidades e serviços devem ser facultados de acordo Por fim, a alternativa e) está correta e refere-se à
com as necessidades individuais de tratamento dos Regra 47, 2, b: “Por ordem do diretor, depois de se
reclusos”. Portanto, está correta. terem esgotado todos os outros meios de dominar
A alternativa d) refere-se à Regra 12: “1. As celas ou o recluso, a fim de o impedir de causar prejuízo a si
locais destinados ao descanso noturno não devem próprio ou a outros ou de causar danos materiais;
ser ocupados por mais de um recluso. Se, por razões nestes casos o diretor deve consultar o médico com
especiais, tais como excesso temporário de popula- urgência e apresentar um relatório à autoridade
ção prisional, for necessário que a administração administrativa superior”. Resposta: Letra E.
prisional central adote exceções a esta regra deve
evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa 3.
mesma cela ou local. 2. Quando se recorra à utili-
zação de dormitórios, estes devem ser ocupados por Para responder à questão é preciso analisar as três
reclusos cuidadosamente escolhidos e reconhecidos assertivas propostas. A primeira assertiva traz a
como sendo capazes de serem alojados nestas condi- literalidade da Regra 4, 2: “Para esse fim, as admi-
ções. Durante a noite, deverão estar sujeitos a uma nistrações prisionais e demais autoridades com-
vigilância regular, adaptada ao tipo de estabeleci- petentes devem proporcionar educação, formação
mento prisional em causa”. Portanto, está correta. profissional e trabalho, bem como outras formas
Por fim, a alternativa e) refere-se à Regra 19: “1. de assistência apropriadas e disponíveis, incluindo
Deve ser garantido vestuário adaptado às condições aquelas de natureza reparadora, moral, espiritual,
climatéricas e de saúde a todos os reclusos que não social, desportiva e de saúde. Estes programas, ati-
estejam autorizados a usar o seu próprio vestuário. vidades e serviços devem ser facultados de acordo
Este vestuário não deve de forma alguma ser degra- com as necessidades individuais de tratamento dos
dante ou humilhante. 2. Todo o vestuário deve estar reclusos”. Portanto, é verdadeiro. 373
Já a segunda assertiva traz a primeira parte da 5.
Regra 4: “1 Os objetivos de uma sentença de encar-
A questão cobra a literalidade das Regras de Mandela.
ceramento ou de medida similar restritiva de liber-
A alternativa a) está incorreta, uma vez que a Regra
dade são, prioritariamente, de proteger a sociedade
12, 1 estabelece que: “As celas ou locais destinados
contra a criminalidade e de reduzir a reincidência.
ao descanso noturno não devem ser ocupados por
Tais propósitos só podem ser alcançados se o perío-
mais de um recluso. Se, por razões especiais, tais
do de encarceramento for utilizado para assegurar,
como excesso temporário de população prisional,
na medida do possível, a reintegração de tais indi-
for necessário que a administração prisional cen-
víduos à sociedade após sua soltura, para que pos-
tral adote exceções a esta regra deve evitar-se que
sam levar uma vida autossuficiente, com respeito às
dois reclusos sejam alojados numa mesma cela ou
leis”. 2. Para esse fim, as administrações prisionais
local”. Portanto, a regra é 1 preso por cela. A exce-
e demais autoridades competentes devem oferecer
ção, 2 presos por cela.
educação, formação profissional e trabalho, bem
A alternativa b) está correta de acordo com a Regra
como outras formas de assistência apropriadas e
45, 1: “O confinamento solitário deve ser somente
disponíveis, inclusive aquelas de natureza repara-
utilizado em casos excecionais, como último recur-
dora, moral, espiritual, social, esportiva e de saú-
so e durante o menor tempo possível, e deve ser
de. Tais programas, atividades e serviços devem ser
sujeito a uma revisão independente, sendo aplicado
oferecidos em consonância com as necessidades
unicamente de acordo com a autorização da auto-
individuais de tratamento dos presos. Portanto,
ridade competente. Não deve ser imposto em conse-
também é verdadeiro.
quência da sentença do recluso. 2. A imposição do
Já a terceira assertiva fala em liberdade de decisão,
confinamento solitário deve ser proibida no caso
quando a Regra 64 estabelece que há dever e não
de o recluso ser portador de uma deficiência men-
faculdade de decidir. Regra 64: “Toda unidade pri-
tal ou física e sempre que essas condições possam
sional deve ter uma biblioteca para uso de todas as
ser agravadas por esta medida. A proibição do uso
categorias de presos, adequadamente provida de
do confinamento solitário e de medidas similares
livros de lazer e de instrução, e os presos devem ser
nos casos que envolvem mulheres e crianças, como
incentivados a fazer uso dela”. Resposta: Letra E.
referido nos padrões e normas da Organização das
Nações Unidas”.
4. A alternativa c) está incorreta, pois as Regras
de Mandela não tratam da redução de pena por
O PNDH-3 é estruturado da seguinte forma: 6 (seis) comportamento
Eixos orientadores e 25 (vinte e cinco) Diretrizes. A A alternativa d) está incorreta, nos termos da Regra
questão cobra conhecimentos acerca do Eixo IV e 60, 1: “A entrada de visitantes nos estabelecimentos
tem como tema a Segurança Pública, Acesso à Justi- prisionais depende do consentimento do visitante
ça e Combate à Violência, tendo como ênfase a erra- de submeter-se à revista. O visitante pode retirar
dicação da tortura e redução da letalidade policial e o seu consentimento a qualquer momento; nestes
carcerária. Trata-se da necessidade de padronizar casos, a administração prisional poderá recusar o
procedimentos operacionais, previnir as ocorrências seu acesso. 2. Os procedimentos de entrada e revis-
de abuso de autoridade e violência institucional, bem ta de visitantes não devem ser degradantes e devem
como conferir maior segurança a policiais e agentes ser regidos por princípios tão protetivos como os
penitenciários. delineados nas Regras 50 a 52. As revistas feitas a
A alternativa a) está incorreta porque se refere às partes íntimas do corpo devem ser evitadas e não
diretrizes do Eixo III. devem ser aplicadas a crianças”. Portanto, os proce-
A alternativa b) está incorreta porque se refere às dimentos de revista não são aplicados as crianças.
diretrizes do Eixo V. Por fim, a letra e) está incorreta, porque a Regra 11:
A alternativa c) está incorreta porque se refere às “As diferentes categorias de reclusos devem ser man-
diretrizes do Eixo I. tidas em estabelecimentos prisionais separados ou em
A alternativa d) está correta porque é a única a trazer diferentes zonas de um mesmo estabelecimento prisio-
as diretrizes do Eixo IV, que são: “Diretriz 11: Demo- nal, tendo em consideração o respetivo sexo e idade,
cratização e modernização do sistema de seguran- antecedentes criminais, razões da detenção e medidas
ça pública; Diretriz 12: Transparência e participação necessárias a aplicar. Assim: (a) Homens e mulheres
popular no sistema de segurança pública e justi- devem ficar detidos em estabelecimentos separados;
ça criminal; Diretriz 13: Prevenção da violência e da nos estabelecimentos que recebam homens e mulhe-
criminalidade e profissionalização da investigação res, todos os locais destinados às mulheres devem
de atos criminosos; Diretriz 14: Combate à violência ser completamente separados; (b) Presos preventivos
institucional, com ênfase na erradicação da tortura devem ser mantidos separados dos condenados; (c)
e na redução da letalidade policial e carcerária; Dire- Pessoas detidas por dívidas ou outros reclusos do foro
triz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes civil devem ser mantidos separados dos reclusos do
e de proteção das pessoas ameaçadas; Diretriz 16: foro criminal; (d) Os jovens reclusos devem ser man-
Modernização da política de execução penal, priori- tidos separados dos adultos”. Portanto, é possível a
zando a aplicação de penas e medidas alternativas à separação. Resposta: Letra B.
privação de liberdade e melhoria do sistema peniten-
ciário; e Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça 6.
mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a
garantia e a defesa de direitos”; A questão cobra conhecimento acerca das Regras
A alternativa e) está incorreta porque se refere às Mínimas das Nações Unidas para a Elaboração
374 diretrizes do Eixo I. Resposta: Letra D. de Medidas não Privativas de Liberdade, também
denominada de Regras de Tóquio. Tais regras foram 8.
adotadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas
por meio da Resolução nº 45/110, de 14 de dezem- A questão cobra conhecimento sobre o Conselho
bro de 1990. Assim, a alternativa a) está incorreta Penitenciário, que é um dos órgãos da execução
pois, de acordo com o item 1, que trata dos objetivos penal, assim como o Conselho Nacional de Políti-
fundamentais: “1.1 Estas Regras Mínimas Padrão ca Criminal e Penitenciária, o Juízo da Execução,
enunciam uma série de princípios básicos que o Ministério Público, os Departamentos Peniten-
visam promover o uso de medidas não privativas ciários, Patronato, o Conselho da Comunidade e a
de liberdade, assim como garantias mínimas para Defensoria Pública.
os indivíduos submetidos a medidas substitutivas A alternativa a) está incorreta, porque, de acordo
ao aprisionamento”, a Regra só se aplica às medi- com o art. 69, § 1º da LEP, a nomeação é feita pelo
das não privativas de liberdade. Além disso, não há Governador do Estado, do Distrito Federal e dos
menção de adolescente no texto da Resolução. Territórios e não pelo Presidente da República.
A alternativa b) está incorreta nos termos do item A alternativa b) está incorreta, pois, em conformi-
2.1, que assim estabelece: “As disposições pertinen- dade com art. 72, III da LEP, o órgão executivo pela
tes das presentes Regras aplicam-se a todas as pes-
fiscalização e controle dos presídios é o Departa-
soas que são objeto de procedimento de julgamento
mento Penitenciário Nacional.
ou de execução de sentença, em todas as fases da
A alternativa c) está incorreta, porque o Conselho
administração da justiça penal. Para os fins das
presentes Regras, estas pessoas são denominadas Penitenciário é composto por pessoas nomeadas
“delinquentes” - quer se trate de suspeitos, de acu- pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e
sados ou de condenados”. Assim sendo, delinquente dos Territórios, dentre professores e profissionais
não se refere apenas aos condenados. da área do Direito Penal, Processual Penal, Peniten-
A alternativa c) está incorreta, pois o item 3.8 esta- ciário e ciências correlatas, bem como por represen-
belece que “As medidas não privativas de liberda- tantes da comunidade, conforme art. 69, § 1º da LEP.
de não devem envolver experimentações médicas A alternativa d) está correta e é a literalidade do art.
ou psicológicas no infrator, nem podem comportar 69 “O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
risco indevido de dano físico ou mental para este”. fiscalizador da execução da pena”.
Portanto, não são cabíveis tais medidas A alternativa e) está incorreta, visto que o MP tam-
A alternativa d) está incorreta, pois a duração das bém é órgão da execução penal. Resposta: Letra D.
medidas não privativas de liberdade deve ser fixa-
da por autoridade competente e nos termos da lei. 9.
Assim: “11.1. A duração das medidas não privativas
de liberdade não ultrapassa o período estabelecido A questão cobra conhecimento sobre o Conselho
pela autoridade competente de acordo com a legis- Penitenciário. Nos termos do art. 70: “Incumbe ao
lação em vigor”. Conselho Penitenciário: I - emitir parecer sobre
Por fim, a alternativa e) está correta nos termos do indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese
item 10.1: “A supervisão tem por objetivo diminuir
de pedido de indulto com base no estado de saúde do
os casos de reincidência e facilitar a reintegração do
preso; II - inspecionar os estabelecimentos e serviços
infrator na sociedade de modo a reduzir ao máximo
penais; III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre
as oportunidades de reincidência”. Resposta: Letra E.
de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Cri-

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL


7. minal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efe-
tuados no exercício anterior; IV - supervisionar os
A questão cobra conhecimento dos direitos e garan- patronatos, bem como a assistência aos egressos”.
tias fundamentais previstos nos artigos 5º e 7º da Portanto, a única incumbência prevista no artigo é
CF/88. Trata-se de artigos extensos e muito cobrado a de supervisionar os egressos. Resposta: Letra A.
em concurso público.
A alternativa a) está incorreta, visto que o art. 5º, 10.
XLVII veda a pena de banimento.
A alternativa b) está correta nos termos do art. 5º, A questão cobra conhecimento sobre o Conselho
XLVI. O princípio da individualização das penas é Comunitário. Por esta razão, a alternativa a) está
um dos desdobramentos do direito à segurança. incorreta, pois entre seus membros estão um advo-
A alternativa c) está incorreta, pois é vedada a gado e um defensor público, em conformidade com
extradição de brasileiro nato, em conformidade art. 80.
com o art. 5º, LI. Em contrapartida, é possível a
A alternativa b) está correta nos termos do art. 66:
extradição de brasileiro naturalizado em caso de
“Compete ao Juiz da execução: IX - compor e insta-
crime comum, praticado antes da naturalização, ou
lar o Conselho da Comunidade”.
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. A alternativa c) está incorreta, visto que a realiza-
A alternativa d) está incorreta, pois a extradição por cri- ção do exame criminológico não está elencada no
me de opinião não é permitida nos termos do art. 5º, LII. rol do art. 81 da LEP. Tal exame é realizado pela
Por fim, a alternativa e) também está incorreta. Tra- Comissão Técnica de Classificação, conforme arts.
ta-se da única alternativa que traz um direito social. 6º e 7º da LEP.
No entanto, por expressa disposição constitucional A alternativa d) está incorreta, pois nos termos do
do art. 7º, XXXIII. Cumpre mencionar que o disposi- art. 122 e do art. 124, § 1º, da LEP, o abrigo dado
tivo autoriza o trabalho aos menores de 16 anos na ao preso, durante a saída temporária, é de respon-
condição de menores aprendizes, porém não autori- sabilidade de sua família e não do Conselho da
za o trabalho noturno. Resposta: Letra B. Comunidade. 375
Por fim, a alternativa e) está incorreta, porque o
Conselho da Comunidade não tem sede no Distrito
Federal, pois, de acordo com o art. 80 da LEP, deve
existir um Conselho em cada comarca. Além disso, a
incumbência de requerer a unificação de penas é da
Defensoria Pública, nos termos do art. 81-B, I, d, da
LEP. Resposta: Letra B.

11.

A questão cobra conhecimento no art. 14 da DUDH,


que assim estabelece: “1. Todo ser humano, víti-
ma de perseguição, tem o direito de procurar e de
gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não
pode ser invocado em caso de perseguição legiti-
mamente motivada por crimes de direito comum
ou por atos contrários aos objetivos e princípios
das Nações Unidas”. Portanto, as alternativas a, b
e d estão incorretas, porque o item disciplina o caso
de não aplicação do instituto, ou seja, no caso de a
perseguição ser legitimamente motivada por crime
comum ou por ato contrário aos propósitos ou prin-
cípios das Nações Unidas. Assim, se uma determina-
da pessoa comete um crime, esta perseguição não
pode ser considerada como injusta. Com relação
à alternativa c), o direito a autodeterminação dos
povos não guarda relação com o direito ao asilo.
Resposta: Letra E.

ANOTAÇÕES

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