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EXERCÍCIOS
CONTEÚDO
ON-LINE
« Língua Portuguesa
CURSO COM 10H
« Raciocínio Lógico DE VIDEOAULAS
« Informática
« Noções de Direito Constitucional
« Noções de Direito Penal
« Noções de Direitos Humanos e
Participação Social
« Legislação Especial (On-line)
PP-MG
Agente Penitenciário
NV-002AG-21
Cód.: 7908428800888
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro
LEGISLAÇÃO ESPECIAL (ON-LINE) • Samantha Rodrigues, Renato Philippini, Eduardo Gigante, Bruno
Oliveira e Kamila G. S. Gomes
Edição:
Agosto/2021
Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.
BÔNUS:
• Curso On-line.
à Língua Portuguesa: Introdução a Leitura De Textos E Tipologia Textual; Acentuação
Gráfica
à Raciocínio Lógico: Implicação Lógica
à Informática: Ferramentas E Aplicativos Comerciais De Navegação: Google Chrome
à Noções De Direito Constitucional: Defesa Do Estado E Das Instituições Democráticas:
Segurança Pública
à Noções De Direito Penal: Da Aplicação Da Lei Penal
à Noções De Direitos Humanos E Participação Social: Declaração Universal Dos Direitos
Humanos
à Legislação Especial: Lei N° 7.210/1984 - Lei De Execuções Penais: Dos Estabelecimentos
Penais; Lei Nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime: Alterações Na Lei N. 7.210/84 - Lei De
Execução Penal
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Redação Discursiva.
• Legislação Especial completa e atualizada.
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do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar.
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acesso ao conteúdo on-line.
LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA................................................................................................................ 9
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO..............................................................................................................................9
SINONÍMIA...........................................................................................................................................................9
ANTONÍMIA..........................................................................................................................................................9
HOMONÍMIA........................................................................................................................................................9
POLISSEMIA......................................................................................................................................................10
FUNÇÕES DE LINGUAGEM................................................................................................................................10
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA................................................................................................................... 32
FONÉTICA E FONOLOGIA................................................................................................................... 34
ORTOGRAFIA.....................................................................................................................................................34
ACENTUAÇÃO GRÁFICA...................................................................................................................................37
CRASE.................................................................................................................................................................37
MORFOSSINTAXE............................................................................................................................... 42
CLASSES DE PALAVRAS...................................................................................................................................42
RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS..................................................................................................................65
RACIOCÍNIO LÓGICO.........................................................................................................85
RACIOCÍNIO LÓGICO: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS..................................................................... 85
FRAÇÕES............................................................................................................................................................85
TEORIA DE CONJUNTOS...................................................................................................................................85
PORCENTAGEM.................................................................................................................................................93
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS...............................................................................................................................94
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO................................................................................................ 97
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS...........................................................................................................................98
Conectivos......................................................................................................................................................... 98
IMPLICAÇÃO LÓGICA......................................................................................................................................103
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 121
CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET ........................................................................................121
GRUPOS DE DISCUSSÃO.................................................................................................................................128
NOÇÕES DE VIDEOCONFERÊNCIA..................................................................................................178
NACIONALIDADE ............................................................................................................................................216
DA SEGURANÇA PÚBLICA..............................................................................................................................226
PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................235
CONTAGEM DE PRAZO....................................................................................................................................244
ANALOGIA........................................................................................................................................................247
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL...............................................................................................................248
EXCESSO PUNÍVEL..........................................................................................................................................251
CONSELHO DA COMUNIDADE........................................................................................................................369
SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Denotação
Contexto/Referente
Exemplo:
Canal
Código
Elementos da Comunicação
Exemplos: Alô!/ Bom dia!/ Tchau!/ Oi!/ Até logo! Função Poética
(Mensagem)
z Metalinguística: A função metalinguística é carac- Função Função
terizada por usar determinada forma de código Emotiva Conotativa
para explicar o próprio código, como as músicas (Emissor) (Receptor)
Função Fática
que falam de canções, um vídeo do youtube que (Canal)
apresenta um tutorial de como postar vídeos nessa
plataforma, dentre outros.
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa Esse é o conhecimento basilar para a compreen-
espécie de animal. O que observei neles, no tempo são e decodificação do texto, pois envolve o reco-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- nhecimento das formas linguísticas estabelecidas
te para não os amar, nem os imitar. São em geral socialmente por uma comunidade linguística, ou seja,
12 de uma lastimável limitação de ideias, cheios de envolve o reconhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe- Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
cimento sobre o funcionamento da língua não são, conhecimento de mundo que é relevante para a com-
necessariamente, as regras gramaticais, mas, sim, as preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
regras que estabelecem, por exemplo, no caso da lín- cérebro associar informações, a fim de compreender
gua portuguesa, que o feminino é marcado pela desi- o novo texto que está em processo de interpretação.
nência -a, que a ordem de escrita respeita o sistema A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
sujeito-verbo-objeto (SVO) etc. cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- Estudar os campos semânticos quer dizer entender
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores o que cada palavra significa, tanto individualmente
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar quanto em um determinado contexto. Aqui, trataremos
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento de contexto, porque há situações nas quais uma pala-
vra pode ter mudança de significado pela influência de
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
outras. A semântica classifica as palavras em relação
são algumas estratégias de interpretação em que
ao contexto e em relação ao sentido da palavra isolada.
podemos usar métodos dedutivos.
Podemos relacionar campos semânticos ao con-
Conhecimento Textual ceito de polissemia. No entanto, não se trata da mes-
ma coisa. Polissemia é quando uma mesma palavra
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conhecimento é capaz de assumir diversos significados, a depender
linguístico e desenvolve-se pela experiência leitora. Quan- do contexto de uso. Podemos citar como exemplo de
to maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se palavras polissêmicas:
dá a sua compreensão. Nesse conhecimento, o leitor desen-
z Banco:
volve sua habilidade, porque prepara sua leitura de acordo
com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de Local que administra recursos financeiros: On-
remédio como se lê uma receita de bolo ou um romance.
LÍNGUA PORTUGUESA
protagonista e seja capaz de imaginar todos os detalhes, cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
as sensações e os sentidos que o personagem está viven- Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
ciando naquele momento. Por exemplo, quando o autor diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
descreve o trecho na perspectiva do personagem princi- suas principais características e marcas linguísticas.
pal, ele não deve citar seu choro, a menos que o prota-
gonista esteja olhando seu reflexo em um espelho. Mas CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
o autor pode descrever a sensação dos olhos enchendo- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
-se de lágrimas, uma ou outra escapando pelo canto dos
olhos e o toque da lágrima fria escorrendo pelo rosto. Narrativo
Assim, o ponto de vista é muito importante para
a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é Os textos compostos predominantemente por se-
essencial para interpretar o texto e responder corre- quências narrativas cumprem o objetivo de contar
tamente às questões. uma história, narrar um fato, por isso precisam man- 15
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos Importante!
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um Os gêneros textuais predominantemente narra-
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. tivos apresentam outras tipologias textuais em
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- sua composição, tendo em vista que nenhum
vo pode ser caracterizado por sete aspectos: texto é composto exclusivamente por uma
sequência textual. Por isso, devemos sempre
z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi- identificar as marcas linguísticas que são predo-
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa; minantes em um texto, a fim de classificá-lo.
z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente;
z Ações (para o clímax): acontecimentos que ampliam Para sua compreensão, também é preciso saber o
a tensão; que são marcadores temporais e espaciais.
z Resolução: momento de solução da tensão; São formas linguísticas como advérbios, pronomes,
z Situação final: retorno da situação equilibrada; locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físi-
z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre co ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
a resolução; esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e
z Moral: apresentação de valores morais que a his- a tensão da história, além de garantirem a coesão do tex-
tória possa ter apresentado. to. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atual-
mente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
te exemplo: a canção Era um garoto que como eu amava sença do narrador da história. Por isso, é importante
os Beatles e os Rolling Stones, da banda Os Incríveis. aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Vamos ler e identificar essas características, bem rador de um texto:
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo. Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
responsável por contar os fatos que compõem o texto.
Era um garoto que como eu
1. Situação ini- Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes-
Amava os Beatles e os Rolling Stones
cial: predomínio soa. O narrador participa dos fatos.
Girava o mundo sempre a cantar
de equilíbrio Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pes-
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Havia uma garota afim porém não participa das ações.
Cantava Help and Ticket to Ride Narrador onisciente: os fatos podem ser contados em 3ª
Oh Lady Jane, Yesterday ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade participa das ações, porém o fluxo de consciência do nar-
início da tensão
Mas uma carta sem esperar rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Stop! Com Rolling Stones predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Stop! Com Beatles songs rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Lutar com vietcongs narrativos não significa que não possam apresentar
Era um garoto que como eu outras sequências em sua composição.
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Girava o mundo, mas acabou classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Fazendo a guerra no Vietnã ção nas marcas que predominam no texto.
Cabelos longos não usa mais Após demarcarmos as principais características do
Não toca a sua guitarra e sim tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Um instrumento que sempre dá cas mais importantes da sequência textual classifica-
5. Situação final
A mesma nota, da como descritiva.
6. Avaliação
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas Descritivo
Só gente morta caindo ao chão O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
Ao seu país não voltará
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Pois está morto no Vietnã zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequência
Stop! Com Rolling Stones descritiva como suporte para um propósito maior. São
Stop! Com Beatles songs exemplos de textos em que o tipo textual predominan-
7. Moral
Stop! Com Beatles songs te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
No peito, um coração não há classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
Mas duas medalhas sim Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra- sões a respeito de alguns aspectos do território que
tivo podem ser resumidas em marcas de organização viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
linguística caracterizadas por: presença de marcado- Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
res temporais e espaciais; verbos, predominante- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
mente, utilizados no passado; presença de narrador que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
16 e personagens. entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim
nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela
tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos
dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml 17
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico anterior apresenta as informações
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- pertinentes sobre o panorama mundial da situação
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a da água no ano de 2016. O gênero foi construído com
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira
riormente, os textos expositivos também apresentam
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente.
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
Organização do texto descritivo: outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argumenta-
tivos que são classificados como expositivos, pois utilizam
exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Instrucional ou Injuntivo
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e fator social dos gêneros textuais também irá direcio-
a leitura de textos argumentativos: nar outros aspectos importantes na classificação des-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social
OPERADORES ARGUMENTATIVOS em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de
É incontestável que... alterações em sua estrutura.
Tal atitude é louvável, repudiável, notável... Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
É mister, é fundamental, é essencial... tornando o gênero completamente modificado, como
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju- a uma finalidade específica e momentânea, como
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da
estrutura argumentativa desse tipo textual. loja “O Boticário”: 19
Outra importante característica que devemos refor-
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta argumentos
Objetivo é informar;
sobre um mesmo fato;
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com troversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula,
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre principalmente, em jornais e revistas impressos ou
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre- virtuais. Com o artigo de opinião, temos a discussão
diente” dos textos desse gênero que são representados, de um problema de âmbito social. E, por meio dessa
predominantemente, pela sequência argumentativa. discussão, podemos defender nossa opinião, como tam-
É importante relembrarmos que o tipo textual bém refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda,
argumentativo é organizado em três macro partes: propor soluções para a questão controversa.
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele
de ampla repercussão e interesse do público, algo que terá que usar de informações, fatos, opiniões que
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar-
busca apenas a divulgação da informação. bosa aponta: 21
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que EDITORIAL
se busca convencer o outro de uma determinada
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
meio de um processo de argumentação a favor de cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi-
uma determinada posição assumida pelo produtor torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
um processo que prevê uma operação constante de
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos
sustentação das afirmações realizadas, por meio
da apresentação de dados consistentes que possam textos argumentativos de uma forma geral, iremos
convencer o interlocutor (2011, p. 305). nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, opinião, por exemplo.
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como:
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos.
É por meio da escolha de determinados recursos lin- EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade de um tema atual;
de interpretação presente no cotidiano da linguagem z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas leitores sobre alguma temática importante;
intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22). z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a
Quando queremos dar uma opinião sobre determi- favor de uma causa de interesse coletivo;
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento z Sua estrutura também é baseada em: Introdu-
sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos
ção, Desenvolvimento e Conclusão.
de opinião são especialistas no assunto por eles abor-
dado. Ao escolherem um assunto, os autores devem
O início de um editorial é bem semelhante ao de
considerar as diversas “vozes” já existentes sobre
mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
ou negar determinadas vozes. ou problema social a ser debatido no texto, poste-
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de riormente segue-se a apresentação do ponto de vista
um texto de opinião deve ser simples, direta, convin- defendido e conclui-se com a retomada da opinião
cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei- apresentada incialmente. A principal diferença entre
ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal; editorial e artigo de opinião é que aquele representa
porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique
centrada só em suas próprias opiniões. EDITORIAL — MARCAS LINGUÍSTICAS
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;
estruturação: z Uso do modo indicativo nas formas verbais
predominante;
z Identificação do tema, acompanhada de seus ante- z Linguagem clara, objetiva e impessoal.
cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de O editorial, além de ser um gênero muito comum
modo a justificar a tese;
nas provas de interpretação textual em concursos
z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti- públicos, também é, recorrentemente, cobrado por
culadas e o texto é concluído. muitas bancas em provas de redação. Por isso, a
seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
que cobrem redação.
Identificação da questão polêmica
Introdução
alvo de debate no texto
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR
Tese do autor (posicionamento PARÁGRAFOS
defendido) – Tese contrária (posi-
Desenvolvimento cionamentos de terceiros) – Acei- Apresentação do tema (situando o leitor)
tação ou refutação – Argumentos Parágrafo 1 e já com um posicionamento definido. Ser
a favor da tese do autor do texto didático ao apresentar o assunto ao leitor.
Fechamento do texto e reforço do Contextualização do tema, comparando-
Conclusão -o com a realidade e trazendo as causas
posicionamento adotado
Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
No processo de escrita de qualquer texto, é preci- Mais uma vez, posicionamento sobre o
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as assunto.
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex- Análise e as possíveis motivações que
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais tornam o tema polêmico (ou justificativas
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. dados factuais, exemplos concretos que
A fim de mantermos a linha de pensamento nos ilustram a argumentação.
estudos de textos argumentativos, seguimos nossa
abordagem apresentando outro gênero sempre pre- Conclusivo, com o posicionamento crí-
sente nas provas de língua portuguesa em concursos Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento
22 públicos: o editorial. inicial sem se repetir.
CRÔNICA – Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte
que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite- música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
ponto de encontro com nosso núcleo mais profundo.
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser
um gênero curto de cunho social voltado para temas Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada
atuais, é muito usado em provas de concurso para um possa abrir a sua.
ilustrar questões de interpretação textual e também – A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dra-
para contextualizar questões que avaliam a compe- gões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras
tência gramatical dos candidatos. agitam suas múltiplas cabeças.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidia- – Todas as palavras do sagrado, todas elas foram
na sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou postas nos livros que deram origem às religiões e
argumentativas. neles conservadas.
Crônica Narrativa Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo Sem querer fazer um julgamento precipita-
para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de do, mesmo porque todos são inocentes até que se
um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a cama prove o contrário, o fato é que as denúncias exis-
das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com tem e não são simples. São muitos os indícios de be-
harmonia. neficiamento ilícito, como casos de nepotismo e au-
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo mento de verba indenizatória, sem publicação nos
devidos órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelên-
para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo
cia aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso,
em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de
acho que sair, pelo menos temporariamente, seria
vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do
uma prova de que pretende colaborar com as in-
presente, com todos os conhecimentos adquiridos e as
vestigações.
novas maneiras de viver. […] 23
z Linguagem: segue a norma culta da língua, mas
Tais investigações constituem um elemen- pode apresentar marcas de oralidade e linguagem
to decisivo para a transparência pública, uma vez coloquial para se aproximar do leitor, a fim de
que a sociedade precisa ter conhecimento de como
persuadi-lo.
o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo
aplicados. Num país em que a educação e saúde, só z Função social: está presente tanto na forma oral
para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de como escrita, em redes de televisão, sites e outros
mal a pior, é inadmissível aceitarmos que ocorrên- meios digitais, jornais, revistas, dentre outros.
cias dessa natureza sejam consideradas normais.
Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Se- CARTA DE RECLAMAÇÃO OU DE SOLICITAÇÃO
nador deve pedir licença, visando sempre ao inte-
resse público. z Público: o leitor sempre está especificado no início
da carta e o autor também.
Como cidadão brasileiro, consciente de mi-
nhas obrigações e direitos, é este o meu posiciona- z Escrita: há marcas de primeira pessoa e experiên-
mento. Se quem não deve não teme, dê-se a chance cias pessoais para explicar a reclamação ou solici-
de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de de- tação. Além disso, a linguagem é clara e objetiva,
núncias infundadas, e isso só pode ser feito a partir seguindo a norma culta da língua.
do momento em que não mais ocupar a Presidência z Função social: a carta pode ser enviada direta-
dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem estará des- mente a alguma instituição, entidade ou pessoa
vinculada de toda e qualquer “manobra” que por-
responsável, ou ainda publicada em meios de comu-
ventura exista para não prolongar o caso.
nicação. A função social depende especificamente
Com os meus respeitos. do conteúdo reclamado ou solicitado na carta.
Como não havia estudado suficiente, A paráfrase é um recurso de reiteração que propor-
CAUSAL ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no
resolvi não fazer essa prova.
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre
Falaram tão mal do filme que ele algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu-
CONSECUTIVA
nem entrou em cartaz. nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em
COMPARATIVA Trabalhou como um cavalo. outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
Conforme o Ministro da Economia,
CONFORMATIVA
os concursos não irão acabar.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Ainda que vivamos um período de
Castelão. Ceará no Castelão.
CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
desanimar.
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
Se estudarmos, conseguiremos da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
CONDICIONAL
ser aprovados! ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em
À proporção que aumentava seus posições diferentes, cumpre um papel importante na
PROPORCIONAL horários de estudo, mais forte o progressão temática do texto.
candidato se tornava. Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Estudava sempre com afinco, a uso de expressões textuais bem características, como: em
FINAL outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
fim de ser aprovado.
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
Quando o edital for publicado, já cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
TEMPORAL
estarei adiantado nos estudos. to, garantindo a informatividade do texto.
Uso de Paralelismo
Importante!
Não confundir: As ideias similares devem fazer a correspondência
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança: entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
LÍNGUA PORTUGUESA
“Física e Química são disciplinas afins”. nome de paralelismo. Quando as construções de frases
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje- e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”. tático. Quando há sequência de expressões simétricas
no plano das ideias e coerência entre as informações,
COESÃO RECORRENCIAL ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
sentido.
Uso de Repetições
As recorrências de repetições em textos são comu- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. JUNTAS
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
vras e expressões! 29
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti- Compreendida a ideia de intertextualidade e apresen-
ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo tada sua importância para a análise textual em provas,
em que houve quebra de paralelismo: questões e textos, faz-se necessário conhecer algumas das
“É necessário estudar e que vocês se ajudem” principais formas de realização da intertextualidade em
– Errado. textos e em gêneros utilizados por bancas de concurso.
Antes, porém, é necessário apontar que, conforme
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
Koch e Elias (2015), todos os textos são, em alguma medi-
– Correto. da, recuperadores de outros. Quando o leitor acessa as
Devemos manter a organização das orações, pois ideias e reconhece essa intertextualidade, estamos diante
não podemos coordenar orações reduzidas com orações de um processo de intertextualidade stricto sensu. Quan-
desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá- do não é possível acessar esse teor intertextual, trata-se
-las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas. de uma intertextualidade lato sensu. Desenvolvemos o
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é quadro abaixo para tornar essa divisão mais didática:
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja- Intertextualidade
mos o seguinte exemplo:
“Por um lado, os manifestantes agiram corretamen-
te, por outro podem não ter agido errado” – Incorreto.
Stricto Sensu Lato Sensu
“Por um lado, os manifestantes agiram correta-
mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
lação” – Correto. Temática
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma Estilística
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto. Explícita
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma Implícita
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
PARÓDIA
INTERTEXTUALIDADE
A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
Existem diversos mecanismos que são meios verbal ou não-verbal. É muito comum tanto em tex-
importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
intertextualidade. Como vimos neste material, ao nos como no exemplo a seguir:
referirmos à ideia de construção dos sentidos median-
te o uso de gêneros textuais destacamos a estrutura, o
propósito comunicativo e a função dos gêneros. Um
outro elemento importante para a compreensão tex-
tual é a intertextualidade, que diz respeito à proprie-
dade de um texto se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020.
da qual podemos dar origem a um outro texto.
A intertextualidade está presente em nosso dia
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e
a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina-
internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
lidade textual.
tamos dois exemplos que resumem a ideia de inter-
textualidade que iremos trabalhar neste material: PARÁFRASE
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios sário atentar-se para os diversos tipos de citação
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de aqui mencionados.
maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria [...]
Importante!
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
A citação indireta é um tipo de paráfrase.
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
ALUSÃO
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
A alusão é um intertexto que faz referência a uma
É um não querer mais que bem querer; obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
é um andar solitário entre a gente; mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
é nunca contentar se de contente; cita ou implícita.
é um cuidar que ganha em se perder. Ex.: Ganhei um jogo de um aniversário que foi um
verdadeiro presente de grego.
É querer estar preso por vontade; A expressão “presente de grego” faz alusão aos
é servir a quem vence, o vencedor; fatos da Guerra de Tróia, em que os gregos fingiram
é ter com quem nos mata, lealdade [...] presentear os troianos com um cavalo de madeira
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
REFERÊNCIA invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro.
Tradução
A norma padrão diz respeito às regras organizadas A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a padrões sociais; embora saibamos que a influência de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica sintática.
busca formalizar em regras e padrões as suas normas
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre VARIAÇÃO DIAFÁSICA
a linguagem. Mudança no som, como veio (pronúncia com
Diafásica E aberto) e more (pronúncia com E fechado,
fonética assemelhando-se quase a pronúncia de i)
PADRÃO INFORMAL
z O C só é usado com valor de “s” com as vogais “e” e “i”: Pajé, canjica, jerimum.
z De mais
Emprego do C e QU
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para
É comum encontrarmos algumas palavras que nos diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo,
colocam na dúvida: usar C ou QU? “de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”.
Existem palavras que podem ser escritas tanto de Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o
uma forma, como de outra. Veja: meu paladar.
Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano / Preparei comida de mais, vou precisar congelar.
quotidiano; cotizar / quotizar. É só uma injeção, não tem nada de mais.
As seguintes palavras só podem ser escritas de
uma forma: A cerca de / acerca de / há cerca de
Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
z A cerca de
LÍNGUA PORTUGUESA
� Kg – quilograma; z Acerca de
� Km – quilômetro;
� k – potássio; Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”.
z Nomes próprios e seus derivados originados de Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos
científicos.
língua estrangeira;
� Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo; z Há cerca de
z Palavras estrangeiras não adaptadas para o
português; Quando se trata de uma média de tempo passado.
� Feedback, hardware, hobby. Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta. 35
Dica Se não (separado): Caso não
Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Para evitar redundância, não se deve usar o “há
Senão (junto): Caso contrário
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas-
Ex.: Estude, senão será reprovado.
sado numa mesma sentença.
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado) Há / a (expressão de tempo)
Há cerca de trinta dias. (adequado)
z Há
Seção / sessão / cessão
Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
z Seção Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Saiba que o verbo há pode ser substituído também
Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”. por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada. Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
casa faz duas horas.
z Sessão
z A
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de
tempo”. Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão Ex.: Ele chegará daqui a duas horas.
disponíveis.
Em vez de / ao invés de
z Cessão
z Em vez de
Tem sentido de “ceder”, “repartir”.
Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para Significa “substituição”, “troca”.
as escolas. Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os
amigos.
Ao encontro de / de encontro a
z Ao invés de
z Ao encontro de
Indica “algo inverso”, “oposição”.
Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”. Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das
nossas. (sentido de “corresponder”) Traz / trás / atrás
Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de
“encontrar-se com”) z Traz
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo:
ou proparoxítona. Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
São as chamadas proparoxítonas aparentes. Essas àquele outono.
palavras apresentam um ditongo crescente no final de Por favor, entregue as flores àquela moça que está
suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou pode ser sentada.
considerado hiato. É o que ocorre com as palavras: Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A de:
VÁ-CUO/ VÁ-CU-O Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
PÁ-TIO/ PÁ-TI-O Referimo-nos à de preto. 37
� Com o pronome relativo a qual, as quais: Astronauta volta a Terra em dois meses.
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Os pesquisadores chegaram a terra depois da
de sair. expedição marinha.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Vocês o observaram a distância.
férias.
Crase Facultativa
Casos Proibitivos
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor detalhadamente, observe as seguintes dicas:
orientação de quando não usar a crase.
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
� Antes de nomes masculinos se tem proximidade
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
rial agrada a todos.” (MM)
O carro é movido a álcool. � Antes de pronomes possessivos no singular
Venda a prazo. Ex.: Iremos a/à sua residência.
� Antes de palavras femininas que não aceitam artigos � Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Macete de crase:
afeto.” (CBr. 1, 67)
Se vou a; Volto da = Crase há!
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. Casos Especiais
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
� Antes de forma verbal infinitiva
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
Ex.: Os produtos começaram a chegar.
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
evitar ambiguidades.
com franqueza, parecem dar a entender que o
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
fazem por exceção de regra.” (MM)
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
� Antes de expressão de tratamento instrumento)
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Excelência. Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
instrumento)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando
a regência do verbo exigir preposição
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Nomes de Lugares
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
o pacote. Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio. moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
passo pela Bahia)
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
contrato. Macetes
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude. z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Eles estavam conservando a certa altura. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Faremos a obra a qualquer custo. a, com a, à moda de, durante a;
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
� Antes de pronomes demonstrativos que não acei- Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
tam artigo (esse, essa, isso / este, esta, isto)
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
personalidades históricas
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin. z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
por a este, a esta e a isto;
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
O pacote foi entregue a ti ontem. z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a lado) nomes de cidades quando esses termos estiverem
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
de justiça. tância de 200 metros do pico da montanha.
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância A compreensão da crase vai muito além da estética
sem determinante gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
38 Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, Por que se deve realizar esta tarefa?;
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- � Se o verbo estiver no futuro do presente ou
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipa-
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o ção pronominal. Exs.:
advérbio de instrumento da ação de pintar. Eu me dedicarei aos estudos gramaticais
quando...
Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...;
Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
COLOCAÇÃO PRONOMINAL: SINTAXE aconselhável, por revelar-se pedante. Embora
o pronome pessoal do caso reto não tenha força
DE COLOCAÇÃO DOS PRONOMES atrativa, é recomendável a próclise para evitar
OBLÍQUOS ÁTONOS o preciosismo da mesóclise;
� Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se
Colocação Pronominal usar ênclise e não próclise.”
� Próclise: quando o pronome é colocado antes do � Ênclise: quando o pronome é colocado depois do
verbo, sendo comum nos seguintes casos: verbo. Esse tipo de colocação pronominal se rela-
ciona aos seguintes casos:
� Quando o verbo segue uma partícula negativa:
não, nunca, jamais, nada, ninguém. � Verbo no imperativo afirmativo.
Ex.: Não nos responsabilizaremos por sua ati- Ex.: Depois de terminar, chamem-nos.
tude rebelde. Para começar, joguem-lhes a bola!;
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. � Verbo no infinitivo impessoal.
Um vendedor de nossa empresa jamais se con- Ex.: Gostaria de pentear-te à minha maneira.
tentará com níveis de faturamento tão baixos. O seu maior sonho é casar-se;
O relatório fora bem escrito, mas nada o reco- � Verbo inicia a oração.
mendava como modelo que devesse ser imitado. Ex.: Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra Acordei e surpreendi-me com o café da manhã;
no escritório; � Verbo no gerúndio (sem a preposição em pois
� As orações que se iniciam por pronomes e quando regido pela preposição em deve ser
advérbios interrogativos também exigem ante- usada a próclise).
cipação do pronome ao verbo. Ex.: Vive a vida encantando-me com as suas
Ex.: Por que o diretor se ausentou tão cedo? surpresas.
Como se justificam essas afirmações? Faço sempre bolos diferentes experimentan-
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se do-lhes ingredientes novos.
interessaria por tal fato?;
� As orações subordinadas também exigem ante- � Mesóclise: o pronome é colocado no meio do ver-
cipação do pronome ao verbo. bo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Ex.: Ainda que lhe enviassem relatórios subs- Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
tanciais, não poderia tomar nenhuma decisão. Orgulhar-me-ei dos meus alunos;
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a Orgulhar-me-ia dos meus alunos.
cabeça.
Aquela correspondência que te chegou às
mãos...;
� Alguns advérbios exercem força atrativa sobre SINAIS DE PONTUAÇÃO COMO
o pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez, FATORES DE COESÃO
não. Ex.:
Mal se despedira... Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no mos a seguir as regras sobre seus usos.
deserto.
Já se falou aqui da inconsequente... Uso de Vírgula
Só se acredita naquilo por que se interessa.
Os relatórios talvez se abstenham de informar... A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor- funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
comemoração; orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
� A palavra ambos, bem como alguns indefinidos qualquer ambiguidade.
(alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também Quando se trata de separar termos de uma mesma
tem força atrativa. Ex.: oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
LÍNGUA PORTUGUESA
z Concreto: Designam seres com independência z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- z O testemunho: relato de experiência, associado a
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: religiões.
Deus, fada, carro;
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali- Algumas formas substantivas mantêm o radical,
dade. Ex.: coragem, Liberalismo; mas a alteração do gênero interfere no significado:
z Comum: Designam determinados seres e lugares. z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
Ex.: homem, cidade; z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
LÍNGUA PORTUGUESA
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Maria, Fortaleza;
Além disso, algumas palavras na língua causam
z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun- dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
to de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada. das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese;
É importante destacar que a classificação de um a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o
substantivo depende do contexto em que ele está inse- telefonema; o trema.
rido. Vejamos: Algumas formas que não apresentam, necessaria-
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 43
Flexão de Número Variação de Grau
Os substantivos flexionam-se em número, de manei- A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
Porém, podem apresentar outras terminações: males, diminuição.
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
mal/males. fogaréu, boqueirão, poetastro.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
aceitas meles e méis. pequenina, papelucho.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. Dica
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
tantivos que admitem até três formas de plural: O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães. vras, podendo assumir um valor:
Afetivo: filhinha;
z Ancião: anciãos, anciões, anciães. Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
órgãos; órfão / órfãos.
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
Plural dos Substantivos Compostos
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;
Os substantivos compostos são aqueles formados Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
por justaposição; o plural dessas formas obedece às Vice-presidência.
seguintes regras:
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
z Variam os dois elementos: Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, este também deverá ser escrito com
inicial maiúscula.
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
Substantivo + adjetivo: zes e Bases da Educação (LDB).
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Vacina; Guerra Fria.
Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas; Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
Numeral + substantivo: formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
Ex.: terça-feira / terças - feiras. sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
z Varia apenas um elemento: devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
-Bretanha, Timor-Leste.
Substantivo + preposição + substantivo.
Ex.: canas-de-açúcar; Adjetivos
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
Ex.: navios-escola. tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
Palavra invariável + palavra invariável. podem indicar:
Ex.: abaixo-assinados.
z Qualidade: professor chato.
Verbo + substantivo. z Estado: aluno triste.
Ex.: guarda-roupas. z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
Redução + substantivo. Locuções Adjetivas
Ex.: bel-prazeres.
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
Destacamos, ainda, que os substantivos compos- adjetivos, indicando as mesmas características deles.
tos formados por verbo + advérbio e verbo + subs- Elas são formadas por preposição + substantivo,
tantivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
44 saca-rolha. tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas z Grau comparativo: exprime a característica de
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, um ser, comparando-o com outro da mesma classe
importantes para seu estudo: nos seguintes sentidos:
z Voo de águia / aquilino; Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;
z Poder de aluno / discente; Superioridade: mais do que;
z Cor de chumbo / plúmbeo; Inferioridade: menos do que.
z Bodas de cobre / cúprico; Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
z Sangue de baço / esplênico; (comparativo de igualdade);
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; O amor é mais suficiente do que o dinheiro
z Noite de inverno / hibernal ou invernal. (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulhe-
É importante destacar que mais do que “decorar” res (comparativo de inferioridade).
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é funda-
mental reconhecer as principais características de uma z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresen- vo, é importante considerar que o valor semântico
tar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da desse grau apresenta variações, podendo indicar:
porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela preposição Característica de um ser elevada ao último
“de”, ela pode ser confundida com a locução adverbial. grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
a locução adjetiva apresenta valor de posse, pois, nesse ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”, indicado Característica de um ser relacionada com
na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução outros indivíduos da mesma classe: Superla-
destacada está caracterizando o substantivo “abertura”. tivo relativo, que pode ser de superioridade (O
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- mais) ou de inferioridade (O menos)
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, absoluto analítico).
demonstrando seu caráter adverbial. O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
As locuções adjetivas também desempenham fun- sintético).
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, O candidato é o mais humilde dos concorren-
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café tes? (Superlativo relativo de superioridade).
com açúcar. O candidato é o menos preparado entre os con-
Já as locuções adverbiais desempenham função correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, inferioridade).
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
fome; agiu com rapidez. Ao compararmos duas qualidades de um mesmo
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta,
Adjetivo de Relação mais magra, mais bonito etc.).
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar Ex.: A modelo é mais alta que magra.
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de Porém, se uma mesma característica se referir
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. a seres diferentes, empregamos a forma sintética
Para identificar um adjetivo de relação, observe as (melhor, pior, menor etc.).
seguintes características: Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- Formação dos Adjetivos
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos simples ou compostos.
de quem o descreve.
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de
relação sempre são posicionados após o substanti- outras palavras e, a partir deles, é possível formar
vo. Ex.: casa paterna. novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan- z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Não admitem variação de grau: os graus compa- z Simples: Os adjetivos simples apresentam um
rativo e superlativo não são admitidos.
LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Veja abaixo alguns deles:
Advérbios
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir delas,
consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
46 Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).
Locuções Adverbiais
As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções adver-
biais. Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
LÍNGUA PORTUGUESA
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) – Tão bem
Mal Pior (mais mal*) – Tão mal
Muito Mais – –
Pouco menos – –
47
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
GRAU SUPERLATIVO
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas.
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada.
Pronomes
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de posse, indefinição,
quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpreta-
ção textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar
a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso; algumas informações relevantes sobre eles são:
Uma das classes de pronomes mais complexas, os O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
pronomes relativos têm função muito importante na textual, desfazendo estruturas ambíguas.
língua, refletida em assuntos de grande relevância
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, Pronomes Interrogativos
é essencial conhecer adequadamente a função desses
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente. São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior- Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
50 nado anteriormente) chamamos de antecedente. anos tem seu pai?
O ponto de interrogação só é usado nas interrogativas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção inter-
rogativa, indicada por um verbo como: perguntar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Os pronomes interrogativos que e quem são pronomes substantivos.
Pronomes Possessivos
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo a uma
coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação do
pronome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:
Verbos
Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe
sempre abordada nos editais de concursos; por isso; fique atento às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo está
no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal, que indica
em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada; iremos apresentar estas desinências a seguir. Antes, porém,
de abordarmos as desinências modo-temporais, precisamos explicar o que são o modo e o tempo verbais:
Modos
z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
Tempos
O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
po dessa ação no Passado, Presente ou Futuro. Porém, existem ramificações específicas.
z Presente: pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os
dias no mesmo horário.
Uma ação passada.
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
z Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. Ex.: Estu-
dava todos os dias.
LÍNGUA PORTUGUESA
z Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já transbordara
da banheira.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro. Ex.: Estudarei bas-
tante ano que vem.
z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria muito, se
tivesse me planejado.
A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos tempos
compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no presente, passado
ou futuro; já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, nesse caso, o verbo auxi-
liar é o único a sofrer flexões. Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos,
respectivamente: 51
Flexões Modo-Temporais – Tempos Simples
MODO MODO
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
-e (1ªconjugação)
Presente *
e -a ( 2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
-va (1ª conjugação)
Pretérito imperfeito -sse
-ia (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito
-ra *
mais-que-perfeito
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (presente do indicativo) + verbo principal particípio. Ex.:
Tenho estudado.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo princi-
pal no particípio. Ex.: Tinha passado.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: Terei saído.
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particí-
pio. Ex.: Teria estudado.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (presente o subjuntivo) + Verbo principal particípio. Ex.: (que
eu) Tenha estudado.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo princi-
pal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse estudado
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Ex.:
(quando eu) tiver estudado.
As formas nominais do verbo são as formas infinitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em determina-
dos contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcio-
nar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente ao adjetivo,
pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal.
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem que ele ensina.
Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de + verbo prin-
cipal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas; Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de
encontrar uma solução.
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz ativa
não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregu-
lares, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das formas
52 nominais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, as terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma mor-
fológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.
z Verbos irregulares: ao contrário dos regulares, ao serem conjugados sofrem algumas alterações.Um exemplo
é o verbo dizer. Veja:
Eu digo, eu direi...
VERBOS IRREGULARES
Ser Trazer
Estar Dizer
Haver Vir
Saber Querer
Poder Pedir
Medir Ouvir
Fazer Caber
Dar
Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical,
já em outros, em suas terminações, e há aqueles nos quais as alterações ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:
z Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo, apresen-
tam um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela a seguir, que indica
quais são esses verbos e como se diferem nestas conjugações.
VERBO CABER DIZER ESTAR FAZER HAVER PODER QUERER SABER TRAZER
Presente do In-
eles eles eles eles eles eles eles eles
dicativo (3ª pes- eles hão
cabem dizem estão fazem podem querem sabem trazem
soa do plural)
Pretérito Perfei-
to do Indicativo eles eles eles eles eles eles eles eles eles
(3ª pessoa do couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxeram
plural)
z Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja a seguir alguns
exemplos nas tabelas apresentadas:
F
ormas irregulares na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
subjuntivo.
LÍNGUA PORTUGUESA
VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIR MEDIAR ODIAR PEDIR REMEDIAR REQUERER VALER
Presente do in-
eu eu eu eu eu eu eu eu
dicativo (1ª pes- eu requeiro
anseio incendeio meço medeio odeio peço remedeio valho
soa do singular)
Presente do
que
subjuntivo que ele que ele que eu ele eu que ele que ele que ele
eu
(3ª pessoa do anseie incendeie meça medeie odeie remedeie requeira valha
peça
singular)
Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear. 53
VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIAR ODIAR REMEDIAR
Presente do Indicativo (1ª pessoa do singular) eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
Presente do Indicativo (3ª pessoa do singular) ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia
Q
uando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indi-
cativo e do imperativo afirmativo.
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas, por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbos dessa catego-
ria é o verbo ser. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma, os verbos ser e ir.
Vejamos a conjugação do verbo ser:
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade, que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação, por isso, são classificados como anômalos.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio aceitas
pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular; falare-
mos disso posteriormente, quando trataremos das formas nominais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
� Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um defeito
na conjugação, por isso o nome. São defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Bem como: Aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir,
banir, brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
� Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal; é importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio -se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu-
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- la apassivadora)
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. O SE exercerá essa função apenas:
Infinitivo: marca as conjugações verbais. Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, Verbos concordam com o sujeito;
PasseAR); Com a voz passiva sintética.
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
pÔR); Lembramos que na voz passiva nunca haverá
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujeito
tIR, SaIR) paciente. 55
z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun- Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
cionará nessa condição quando não for possível mente, são irregulares e apresentam alguma modifica-
identificar o sujeito explícito ou subentendido. ção no radical ou nas desinências. Assim como o verbo
Além disso, não podemos confundir essa função passear, são derivados dessa terminação os verbos:
do SE com a de apassivador, já que para ser índi-
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa PRESENTE - INDICATIVO
estar na voz ativa.
Eu Passeio
Outra importante característica do SE como índi- Tu Passeias
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos Ele/Você Passeia
transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar Nós Passeamos
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus. Vós Passeais
z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, z Quando é possível substituir o que pelo pronome
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase). isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero. o quê? Isso.
As conjunções e, nem não devem ser empregadas z Sempre haverá conjunção integrante em orações
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a substantivas e, consequentemente, em períodos
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
em redundância. Perguntei. O quê? Isso.
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Conjunções Subordinativas bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- Brasil é um país desigual (certo).
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto; porém, diferentemente Interjeições
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra As interjeições também fazem parte do grupo de
para terem o sentido apreendido. palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti-
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava. a uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
sos pelo uso de interjeições:
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
É o complemento de um verbo na voz passiva ana- z Tempo: Quero que ele venha logo;
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
62 raramente, da preposição de. z Modo: O dia começou alegremente;
z Intensidade: Almoçou pouco; Exs.: O mês de abril.
z Causa: Ela tremia de frio; O rio Amazonas.
z Companhia: Venha jantar comigo; Meu primo José.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
z Aposto da oração: É um comentário sobre o fato
roupas;
expresso pela oração, ou uma palavra que condensa.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
z Finalidade: Vivia para o trabalho; preocupação.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel; ideia que não me agrada.
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
z Origem: Descendia de nobres. Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
para as perguntas.
Não confunda! Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- Dica
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido. � O aposto pode aparecer antes do termo a que
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui se refere, normalmente antes do sujeito.
é um adjunto adnominal) Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um na marcou uma geração.
adjunto adverbial) � Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
Aposto to se refere a um termo preposicionado, pode ele
vir igualmente preposicionado.
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, tudo ele tinha medo.
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- � O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
tar algo, alguém ou um fato. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
bicicleta.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
Aposto: filha de D. Raimunda
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras. de modo).
Aposto: Machado de Assis.
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Classifica-se nas seguintes categorias: adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
Separa-se do substantivo a que se refere por uma fica prejudicada.
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
ou dois-pontos. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram O clima de Fortaleza é quente.
ontem, acabaram de voltar de férias. (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O apos-
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que to não pode ser um adjetivo nem ter núcleo adjetivo.
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.(pre-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. dicativo do sujeito; núcleo: desesperado – adjetivo)
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e Homem desesperado, João sempre perde o controle.
riachos. (aposto; núcleo: homem – substantivo)
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância. Vocativo
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- O vocativo é um termo que não mantém relação
malmente, por um pronome indefinido. sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
estavam empolgados com a feira. chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné- ja se comunicar. É um termo independente, pois
LÍNGUA PORTUGUESA
-Bissau, países africanos onde se fala português. não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita. Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
� Circunstancial: Exprime uma característica z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
circunstancial. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas outro termo da oração.
apropriadas. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um termo da oração.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por Sujeito: a cozinha de lufe.
substantivos próprios. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito). 63
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO: PROCESSOS DE Dica
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
As orações coordenadas apresentam, predomi-
Período Composto por Coordenação nantemente, o uso de verbos no imperativo ou no
indicativo. Em raros contextos, porém, apresen-
As orações são sintaticamente independentes. Isso tam uso do subjuntivo, quando a coordenação é
significa que uma não possui relação sintática com ver- feita com orações de valor optativo (que expri-
bos, nomes ou pronomes das demais orações no período. mem desejo): Deus o guarde!
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Período composto por subordinação
(Fernando Pessoa)
Oração coordenada 1: Deus quer Formado por orações sintaticamente dependentes,
Oração coordenada 2: o homem sonha considerando a função sintática em relação a um ver-
Oração coordenada 3: a obra nasce. bo, nome ou pronome de outra oração.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da Tipos de orações subordinadas:
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho z Substantivas;
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à z Adjetivas;
porta da sala de Damasceno z Adverbiais.
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Orações Subordinadas Substantivas
Conjunção adversativa: mas nada
São classificadas nas seguintes categorias:
Orações Coordenadas Sindéticas
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
As orações coordenadas podem aparecer ligadas são introduzidas pelas conjunções subordinativas
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra- integrantes que e se.
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de
sindética. Veremos agora cada uma delas: impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite.
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou z Orações subordinadas substantivas justapos-
simultaneidade. tas: introduzidas por advérbios ou pronomes
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- interrogativos (onde, como, quando, quanto,
bém, mas ainda, bem como, como também, se- quem etc.)
não também, que (= e). Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
Os convidados não compareceram nem explica-
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
ram o motivo. não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- no infinitivo.
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. rir a nenhum termo na oração.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
morte.” (Laurindo Rabelo) Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou cional) (or. sub. subst. subje.)
se excluem. z Orações subordinadas substantivas objetivas
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... diretas: exercem a função de objeto direto de um
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
... talvez). reto da oração principal.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Você quer suco de laranja ou refrigerante? Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica subst. obj. dir.)
sobre um raciocínio. z Orações subordinadas substantivas completi-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- vas nominais: exercem a função de complemento
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
de frase). da oração principal.
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
semana. mento nominal)
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Mendes Campos) plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem pl. nom.)
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, z Orações subordinadas substantivas predicati-
porquanto, pois. vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale oração principal. Sempre figuram após o verbo de
a “pois”) ligação ser.
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
64 com fome. sujeito)
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do � Orações subordinadas adverbiais conformati-
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante.
z Orações subordinadas substantivas apositivas: Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois � Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
de dois-pontos ou entre vírgulas. são introduzidas por: que (precedido na oração
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) anterior de termos intensivos como tão, tanto,
Só quero uma coisa: que você volte imediata- tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.) que, sem que.
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
raramente, aposto explicativo). São introduzidas fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os � Orações subordinadas adverbiais finais: indicam
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por:
orações subordinadas adjetivas classificam-se em: para que, a fim de que, porque e que (= para que).
explicativas e restritivas. Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
tivessem bom estudo.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas: � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
tam uma explicação sobre o termo antecedente.
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
São consideradas termo acessório no período,
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio.
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
das por vírgulas.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
cria trinta gatos.
agora que etc.
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
especificam ou limitam a significação do termo
antecedente, acrescentando-lhe um elemento Para separar as orações de um período composto, é
indispensável ao sentido. Não são isoladas por necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
vírgulas. tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
incurável. esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
Dica ções verbais. Exs.:
Como diferenciar as orações subordinadas adje- [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- [para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração
vas explicativas?
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
ção (M. de Assis)
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
visitar apenas o que mora em Recife) Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. basta, pertencente a 1ª (oração principal).
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
mora em Recife) ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem uma
circunstância relativa a um fato expresso em outra RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS
oração. Têm função de adjunto adverbial. São intro-
Conectivos ou conectores são palavras ou expres-
duzidas por conjunções subordinativas (exceto as
sões que têm a função de ligar os períodos e parágrafos
integrantes) e se enquadram nos seguintes grupos:
do texto estabelecendo as relações lógico-semânti-
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
cas necessárias para que o texto atinja seu propósito
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc. comunicativo.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- Os conectivos podem ser conjunções ou advérbios/
que ficamos sem gasolina. locuções adverbiais e sempre promovem uma rela-
� Orações subordinadas adverbiais comparati- ção entre os termos conectados. É muito importante
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal saber identificar a relação que indicam, pois isso pode
LÍNGUA PORTUGUESA
CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
E NOMINAL APLICADAS AO TEXTO cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
nós quem resolvemos a questão.
CONCORDÂNCIA
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede- de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
Observe o exemplo: viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
essa questão.
A pequena garota andava sozinha pela cidade. z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
A: Artigo, feminino, singular; zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Pequena: Adjetivo, feminino, singular; Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
Garota: Substantivo, feminino, singular. ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o Unidos continuam uma potência.
número (singular) do substantivo. Estados Unidos continua uma potência.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân- Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
cia: verbal e nominal. de de Santos fica em São Paulo.”)
Concordância Verbal
Importante!
É a adaptação em número – singular ou plural –
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
sujeito. verbo fica no singular ou no plural.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
peus, asiáticos e africanos.” obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de Mais de um aluno compareceu à aula.
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- Mais de cinco alunos compareceram à aula.
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no A expressão mais de um tem particularidades:
singular. se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
Destrinchando o período, temos que os termos recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- Mais de um irmão se abraçaram.
cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Ex.: Prefiro natação a futebol. Mais de um aluno, mais de um professor esta-
66 Verbo bitransitivo: Prefiro vam presentes.
z Quando o sujeito é formado por um número per- z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
centual ou fracionário, o verbo concorda com o aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
numerado ou com o número inteiro, mas pode como; não só... mas também etc.)
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
vier precedido de um determinante, o verbo con- popularidade em alta.
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é com o núcleo único. Mas, se houver determinante
viver bem. após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. sujeito passa a ser composto.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
combustíveis aumentaram.
s verbos bater, dar e soar concordam com o
z O
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a Concordância Verbal do Verbo Ser
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou. (Duas horas deram...) � Concorda com o sujeito
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) Ex.: Nós somos unha e carne.
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez � Concorda com o sujeito (pessoa)
badaladas soaram) Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio � Em predicados nominais, quando o sujeito for
da escola soou dez badaladas) representado por um dos pronomes tudo, nada,
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o dará com o predicativo (preferencialmente) ou
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- com o sujeito
dem-se casas de veraneio aqui. Ex.: No início, tudo é/são flores.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
interessada. que ou quem
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Ex.: Quem foram os classificados?
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
Majestade está preocupada? (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
Suas Excelências precisam de algo? Ex.: São nove horas.
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou É frio aqui.
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� O verbo fica no singular quando precede termos
Concordância Verbal com o Sujeito Composto como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
menos etc. junto a especificações de preço, peso,
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- quantidade, distância, e também quando seguido
ticais diferentes do pronome o
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com Divertimentos é o que não lhe falta.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- Dez reais é nada diante do que foi gasto.
garam ontem. � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
ou nenhum ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- verbo concordará com o termo não preposiciona-
ter o espírito esportivo. do entre eles.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
singular São eles que sempre chegam cedo.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
davam. (preferencialmente no singular) trução adequada)
� Gradação entre os núcleos do sujeito São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para (construção inadequada)
me acalmar. (preferencialmente no singular)
� Núcleos do sujeito no infinitivo Concordância com o infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- O infinitivo é uma das formas nominais do verbo e
LÍNGUA PORTUGUESA
mitivo (nada, tudo, ninguém) enuncia uma ação, estado, fato ou fenômeno de modo
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. indefinido, podendo ser conjugado de duas maneiras:
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, pessoal ou impessoal.
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. � Infinitivo pessoal: está ligado às pessoas discursi-
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem vas, sendo, portando, conjugável.
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu Ex.: por Eu amar;
foco nos estudos. por Tu amares;
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras por ele/ ela/ você amar;
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões por nós amarmos vós amardes ;
bem como, assim como, tanto quanto por eles/ elas/ vocês amarem;
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na O infinitivo pessoal usa-se em orações reduzidas.
final. Ex.: Fez tudo para eu reclamar. 67
� Infinitivo impessoal: não pode ser flexionado, é � Verbos impessoais (haver e fazer)
o nome do verbo, servindo apenas para indicar a Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
conjugação. Havia problemas no setor.
Ex.: Amar (1ª conjugação); Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Comer/ pôr (2 ª conjugação); vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Pedir (3ª conjugação). � Verbo na voz passiva sintética
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
O infinito impessoal deve ser usado em locuções
� Verbo concordando com o antecedente correto
verbais, tendo em vista que, nesses casos, o verbo
do pronome relativo ao qual se liga
principal deve ficar no infinitivo.
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Ex.: Eles podem falar toda a verdade.
tinham experiência.
Em orações reduzidas, introduzidas por uma pre-
� Sujeito coletivo com especificador plural
posição, se o sujeito estiver oculto (sendo o mesmo da
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
oração principal), a flexão do infinitivo é facultativa.
� Sujeito oracional
Ex.: Eles vieram para estudar “ou para estudarem”.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no singular)
Os verbos causativos (mandar, deixar, fazer, ver,
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
ouvir) não formam locuções verbais na posição de ver-
to ou complemento no plural
bo auxiliar. Nesses casos, pode acontecer o seguinte:
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
� O infinitivo se flexiona se o sujeito estiver expres- atrito. (verbo no singular)
so antes do verbo.
Ex.: Eu mandei os alunos estudarem. Casos Facultativos
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
V. T. D: esquecia É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Objeto direto: os favores recebidos. res de pessoas.”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
V. T. I.: se esquecia
direto e indireto
Objeto indireto: dos favores recebidos.
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, vo indireto)
alterando seu significado. O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
to e indireto)
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
(aspiramos = sorvemos) predicativo do objeto
V. T. D.: aspiramos Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
Objeto direto: ar poluídos. to com sentido de “convocar”)
Os funcionários aspiram a um mês de férias. Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
(aspiram = almejam) dicativo do objeto com sentido de “denominar,
V. T. I.: aspiram qualificar”)
Objeto indireto: a um mês de férias � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
A seguir, uma lista dos principais verbos que Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
geram dúvidas quanto à regência: indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
� Abraçar: transitivo direto vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço � Esquecer: admite três possibilidades
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- Esqueci-me dos acontecimentos.
to com sentido de “acariciar”) Esqueceram-me os acontecimentos.
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
no sentido de “ser agradável a”) transitivo direto e indireto
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
transitivo direto e indireto (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
personificado)
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
disposição”)
personificado)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto � Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
preposição a, rege indiferentemente objeto direto coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
LÍNGUA PORTUGUESA
Regência Nominal
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem complementos preposicionados, exceto quando
vêm em forma de pronome oblíquo átono.
análoga / analogicamente a
contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de
relativa / relativamente a
dependente, dependência de
inclusão, inserção em
inerente em/a
descrente de/em
desiludido de/com
desesperançado de
desapego de/a
convívio com
convivência com
demissão, demitido de
encerrado em
enfiado em
imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre
Estes dois assuntos são explorados ao longo de todo o conteúdo e, especificamente, o conteúdo “Ortografia
Oficial” foi tratado em tópico anterior: “Ortografia”.
O Novo Acordo Ortográfico foi aprovado no Brasil em 2009, com a intenção de unificar a língua portuguesa
escrita nos 9 países que firmaram o Acordo.
72 Alguns aspectos foram modificados e serão detalhados a seguir:
Alfabeto
z Como era:
ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXZ
z Como está:
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto, agora, foram acrescentadas as letras K, W e Y, tendo,
ao todo, 26 letras no alfabeto do português brasileiro desde então.
A causa dessa mudança é basicamente organizar e “legalizar” o uso dessas letras que já estavam presentes
na prática da língua, inseridas em nomes próprios e abreviaturas, como por exemplo: km, Ygor, Walter, Karolina,
dentre outras palavras.
É importante saber que, o uso dessas letras não modifica a escrita de outras palavras, mas sim propõe novas
possibilidades de escrita para novas palavras bem como nomes próprios, estrangeirismos e abreviaturas.
Veja também, na tabela a seguir, as principais mudanças oriundas do Acordo Ortográfico na área de acentua-
ção de palavras:
PRINCIPAIS MUDANÇAS
Assunto Mudança Como era Como ficou
ACENTUAÇÃO
Só aparece em palavras estrangeiras.
Conseqüência Consequência
Trema Deixou de ser utilizado em palavras da
Agüentar Aguentar
língua portuguesa
Idéia Ideia
Ditongo em palavras paroxítonas Não recebem mais acento
Assembléia Assembleia
Hiatos com paroxítonas com “i”
Não recebem mais acento Feiúra Feiura
ou “u”
Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem
Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo
Acento diferencial em conjuga- Ele tem. Ele tem.
Mantido
ções verbais Eles têm. Eles têm.
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformulado com a reforma ortográfica da língua que entrou em
vigor em 2009 no Brasil.
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos contextos, o que podemos ver como uma facilitação do
aprendizado de quando usá-lo ou não.
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, conforme o novo acordo ortográfico, é esta:
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório.
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exemplos para
organizar o uso desse diacrítico e facilitar seu aprendizado.
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão unidos por hífen quando o segundo termo apresentar vogal,
seja igual seja diferente. Ex.: coorientador, coautor, preenchimento, reeleição, reeducação, preestabelecer.
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen deve permanecer caso a palavra seguinte seja iniciada pelas
consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, hiper-requintado, inter-racial, super-racional.
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixo terminado em
vogal seguido de palavra iniciada por R ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, antirrugas etc.
LÍNGUA PORTUGUESA
z É importante esclarecer que em prefixos terminados em vogais, aplicados a palavras cuja primeira letra seja
H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói; anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo.
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem ser
empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal; pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice-governador;
soto-mestre; além-mar; aquém-oceano; recém-nascido; sem-teto.
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam hífen. Ex.:
circum-navegação; pan-americano.
z Também devemos empregar hífen em palavras formadas pelos sufixos de origem tupi-guarani, como Açu, Gua-
çu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu; capim-açu.
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen das palavras compostas por justaposição com um termo de
ligação. Assim, palavras como Pé de moleque, que antes contavam com o hífen, agora já não utilizam mais. Porém,
não foram todas as palavras justapostas que foram atingidas pela reforma; palavras justapostas que designam 73
plantas ou bichos ainda são escritas com hífen. Ex.: as npessoas possam se apoiar para dialogar, trocar
Cana-de-açúcar; pimenta-do-reino; castanha-do-Pará; ideias e identificar-se é vital para a constituição de
João-de-barro; bem-te-vi; porco-da-Índia.Quando não uma sociedade. E é preferível que esse universo seja
se utiliza hífen? povoado por autores densos, que comportem interpre-
tações complexas e que resistiram ao teste do tempo
z Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal a que seja determinado pelos modismos simplificado-
e quando a segunda palavra começa em r ou s. res das guerras culturais.
Ex.: auto-retrato (incorreto) → autorretrato (correto);
Hélio Scwartsman (Folha de S. Paulo, 04 de maio de 2021)
Essa regra não vale no caso de palavras ligadas por
hiper, inter e super. A palavra “porém” é acentuada pelo mesmo motivo de:
Ex.: Inter-regional (mantém-se o hífen).
a) cânon
z Quando o prefixo termina com uma vogal diferen- b) difícil
te da que se inicia a segunda palavra, não se usa c) ciência
o hífen. d) avançará
Ex.: auto-estima (incorreto) → autoestima (correto);
z Em palavras compostas formadas por uma unida- 2. (SELECON – 2020)
de também não se utiliza hífen.
Ex.: manda-chuva (incorreto) → mandachuva A mobilidade da criança
(correto).
O que significa a mobilidade para os pequenos habi-
É importante saber que o “r” e o “s” são dobrados tantes das cidades brasileiras? Para parte deles, o ir e
quando estão perto de vogais, como já vimos, mas não vir está sempre relacionado ao carro. Das janelas dos
se juntam com consoantes. automóveis, eles enxergam reflexos da cidade, mas
não participam dela.
Para a maior parcela, que se locomove a pé e de trans-
HORA DE PRATICAR! porte coletivo, há insegurança, medo e a certeza de
que o pedestre é considerado um intruso, um invasor
1. (SELECON – 2021) Texto l (Para responder à questão) do espaço. Além de aprender que precisa atraves-
sar a rua correndo porque o tempo do semáforo é
Os clássicos estão morrendo? insuficiente e o pedestre não é respeitado, a criança
brasileira se acostuma a caminhar em calçadas mui-
Catástrofe espiritual. Foi assim que Cornel West, um to estreitas e até em ruas sem a presença delas. As
dos mais destacados intelectuais negros dos EUA, décadas de planejamento urbano focado no carro tor-
classificou a decisão da Universidade Howard, talvez naram as ruas um território de guerra – o fato de que o
a mais importante instituição de ensino negra do país, Brasil é o quarto país do mundo em mortes no trânsito
de fechar seu departamento de estudos clássicos. fala por si só. Pesquisadores internacionais há tem-
pos discutem os efeitos da “imobilidade” e da violên-
West, que escreveu um contundente artigo de opinião cia no trânsito no desenvolvimento físico, cognitivo,
para o Washington Post, afirma que a noção de crimes motor e social das crianças. Exercer a independência
do Ocidente se tornou tão central na cultura america- numa cidade segura é fundamental para o crescimen-
na que ficou difícil reconhecer as coisas boas que o to saudável. Nos países em que as crianças andam de
Ocidente proporcionou, notadamente os clássicos, bicicleta e a pé com segurança, como na Holanda e
que são clássicos justamente porque permitem uma na Dinamarca, por exemplo, os acidentes são pratica-
conversação universal, abarcando pensadores de dife- mente inexistentes e a infância é um período de feliz
rentes eras e povos. interação na sociedade.
Diretores de Howard responderam, no New York Sobrepeso e falta de luz solar Segundo a urbanista
Times. Dizem que, ao contrário de universidades e arquiteta espanhola Irene Quintáns, os urbanistas
brancas de elite, a instituição não tem dinheiro para usam a presença de crianças no espaço público como
tudo e teve de estabelecer prioridades. Afirmam que indicador de sucesso urbano. “A ausência delas nas
os alunos de Howard não ficarão sem ler Platão, Aris- ruas aponta as falhas das nossas cidades”, ela diz.
tóteles e outros clássicos, apenas que não haverá
Moradora da capital paulista há sete anos e mãe de
mais um departamento exclusivo dedicado a esses
dois filhos, Irene acredita que privar os pequenos de
pensadores.
caminhar não é positivo. “Uma criança que fica cir-
Os clássicos estão morrendo? Morrer, eles não mor- cunscrita à locomoção no carro tende a ficar insegura
rerão. Haverá sempre, nas universidades e fora delas, para se movimentar. Ela também tem mais dificulda-
uma legião de estudiosos que garantirão que nosso de em perceber o outro. Isso se chama empatia e é
conhecimento sobre esses autores não só não regre- muito importante para a vida em sociedade. Há ainda
dirá como avançará. Eu receio, porém, que o chamado a questão do sedentarismo, do sobrepeso e da falta
cânon ocidental será cada vez mais objeto de estudo de luz solar. Crianças que caminham para a escola
de especialistas e menos um corpo de referências que têm mais concentração para desenvolver atividades
todos os cidadãos educados reconheçam. complexas”.
Isso é ruim, porque, assim como a concordância acer- Mesmo com todas as dificuldades já citadas, é impor-
ca do que são fatos é fundamental para a ciência e a tante usar o transporte público, caminhar e participar
74 democracia, um universo de noções comuns em que da vida na cidade. Na próxima vez que levar seus filhos
à escola, reflita: por que ir de carro? Que tal descobrir Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, con-
a cidade ao lado deles, trocando ideias sobre o que siderado a “caixa d’água do Brasil” por causa de sua
vocês veem? Assim, eles aprendem a ser cidadãos e a posição estratégica na formação de bacias hidrográfi-
viver o coletivo, enquanto exigimos que o poder públi- cas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira
co priorize a proteção das nossas crianças. agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a
uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de
(https://www.metrojornal.com.br/colunistas/2018/10/11/ extrema relevância para obtenção de recursos hídri-
mobilidade-da-crianca.html)
cos brasileiros”, afirma Gonçalves.
A acentuação está corretamente justificada em: Para o professor, o uso do solo do bioma teve um
efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta
a) “automóveis” – proparoxítona de uma regulação mais firme tem levado a uma supe-
b) “país” – oxítona terminada em “-i(s)” rexploração, com vários danos. “Perda de território, de
c) “saudável” – paroxítona terminada em “-l” recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nas-
d) “décadas” – paroxítona terminada em “-a(s)” centes e uma degradação e diminuição da disponibili-
dade de água”, enumera.
3. (SELECON – 2020) Leia o texto a seguir para respon-
der às questões 3 e 4. (Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%
C3%A7%C3%A30-da-;%C3%A 1 gua-no-brasil/a-4 7996980)
Os desafios da conservação da água no Brasil
A acentuação está corretamente explicada em:
Um dos países com maior disponibilidade de recursos
hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus a) países - segunda vogal tônica de hiato
indicadores de água. O acesso à água tratada e à cole- b) hídricos - penúltima sílaba tônica
ta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas c) água - monossílabo tônico
urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto d) média - paroxítona terminada em a
áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas.
Além de políticas públicas que assegurem o atendi- 4. (SELECON – 2020) “outro imbróglio é a conservação
mento, que é dificultado pela distribuição desequili- do próprio recurso, que enfrenta desafios” (1° parágra-
brada da água e da população no território brasileiro, fo). Na frase, a palavra “imbróglio” tem sentido equiva-
outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, lente à seguinte expressão:
que enfrenta desafios.
a) equilíbrio momentâneo
Falta de saneamento b) posição extrema
c) desejo próximo
Um dos maiores vilões da qualidade da água no Bra- e) situação difícil
sil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da
metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de 5. (SELECON – 2019) Leia o texto a seguir para respon-
esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é trata- der às questões 5 e 6.
do, de acordo com o Sistema Nacional de Informação
sobre Saneamento. A violência que bate à porta (fragmento)
Dessa forma, um grande volume de esgoto não cole-
tado ou não tratado é despejado em corpos d’água, Segundo dados do Relatório Mundial 2019, divulgados
provocando problemas ambientais e de saúde. “Essa recentemente pela ONG Human Rights Watch, 64 mil
falta de infraestrutura de saneamento básico tem um homicídios aconteceram no Brasil em 2017. são dois mil
impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, a mais que em 2016. Este crescimento não foi freado em
diz o especialista Carlos. 2018, pelo contrário. Os dados já apresentados por Ongs
e Instituições mostram que o número de assassinatos
Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto segue crescendo a passos largos. O crime, cada vez
é problemática, mas também a poluição causada por mais, sai da marginalidade e assola toda a sociedade,
indústrias e pela agricultura, como o lançamento de sem distinguir classes sociais. Estados pararam nos últi-
agrotóxicos. mos meses (Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará,
e por aí vai) na mão de criminosos e a população se vê à
Desmatamento, em especial no Cerrado mercê desta realidade que bate à porta.
LÍNGUA PORTUGUESA
O desmatamento de matas ciliares, que acontece em O retrato atual é esse e os noticiários teimam em nos
todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quan- lembrar que o filho morto hoje pode ser o nosso ama-
tidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vege- nhã. Esta sensação de insegurança aumenta a busca
tação protege o solo, ajuda na infiltração da água da por segurança privada. A Pesquisa Nacional sobre
chuva e na alimentação do lençol freático e permite a Segurança Eletrônica, realizada pela Associação Bra-
recarga dos aquíferos. sileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segu-
rança (Abese), afirma que houve um crescimento nas
Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do residências que investiram em sistemas de segurança
solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segun-
nos últimos 12 meses.
do José Francisco Gonçalves Júnior, professor do
Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília Mas quem deve cuidar da segurança do cidadão? E
(UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a quem não tem dinheiro para investir em sistemas? É
uma indisponibilidade natural de recursos hídricos. protegido por quem? 75
Os sistemas privados de segurança servem para inibir O direito humano à alimentação adequada consiste
a ação de criminosos, mas isto não pode ser a úni- no acesso físico e econômico de todas as pessoas
ca solução. O Estado precisa ser cobrado e deve agir. aos alimentos e aos recursos, como emprego ou ter-
Para deter o crime organizado, é necessário muito ra, para garantir esse acesso de modo contínuo. Esse
mais esforço público do que portões e muros altos. direito inclui a água e as diversas formas de acesso
à água na sua compreensão e realização. Ao afirmar
Marco Antônio Barbosa Hoje em Dia, 01/03/2019 (Extraído e que a alimentação deve ser adequada, entende-se que
adaptado de: hojeemdia.com.br/opinião) ela seja adequada ao contexto e às condições cultu-
rais, sociais, econômicas, climáticas e ecológicas de
A palavra “desvantagens” apresenta o mesmo proces- cada pessoa, etnia, cultura ou grupo social.
so de formação que:
Para garantir a realização do direito humano à ali-
mentação adequada, o Estado brasileiro tem as obri-
a) envelhecimento gações de respeitar, proteger, promover e prover a
b) necessariamente alimentação da população. Por sua vez, a população
c) feminização tem o direito de exigir que eles sejam cumpridos, por
d) prestação meio de mecanismos de exigibilidade. Exigibilidade é
e) sobressai o empoderamento dos titulares de direitos para exigir
o cumprimento dos preceitos consagrados nas leis
6. (SELECON – 2019) A palavra “cidadão” apresenta sua internacionais e nacionais referentes ao direito huma-
forma no plural com a mesma terminação de: no à alimentação adequada no âmbito dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esferas federal,
a) escrivão estaduais e municipais. Esses meios de exigibilidade
b) capitão podem ser administrativos, políticos, quase judiciais e
c) eleição judiciais.
d) cordão Durante várias décadas, por influência dos países
e) mão centrais, o Brasil e outros países em desenvolvimen-
to procuraram responder ao problema da fome com a
7. (SELECON – 2020) Texto para responder à questão: introdução da chamada revolução verde, que foi uma
espécie de campanha de modernização da agricultu-
ra mediante a introdução de um pacote tecnológico
baseado no uso intensivo de máquinas, fertilizantes
químicos e agrotóxicos para aumentar a produção
e, consequentemente, a humanidade acabaria com
a fome. Introduziu-se, assim, um modelo agroexpor-
tador centrado nas monoculturas, que favoreceu a
concentração das empresas, cada vez mais inter-
nacionalizadas, de modo que atualmente 30 conglo-
merados transnacionais controlam a maior parte da
produção, da industrialização e do comércio agroali-
Em “magrinha”, a terminação expressa a noção de: mentar no mundo, violando a soberania alimentar.
Muitos países, regiões e municípios, também dentro
a) intensidade do Estado brasileiro, vivem sem soberania alimentar
b) contrariedade e outros tantos vivem com sua soberania alimentar
c) consequência ameaçada pelos fatores supramencionados. Nesse
d) comparação contexto, a soberania alimentar significa o direito dos
países definirem suas próprias políticas e estratégias
8. (SELECON – 2020) Leia o texto a seguir para respon- de produção, distribuição e consumo de alimentos que
der à questão. garantam a alimentação para a população, respeitan-
do as múltiplas características culturais dos povos em
Direito humano à alimentação adequada e soberania suas regiões.
alimentar Entre os desafios para a garantia do direito humano
à alimentação adequada e da soberania e segurança
O direito humano à alimentação adequada está con- alimentar e nutricional no Semiárido, encontram-se: a
templado no artigo 25 da Declaração Universal dos necessidade de respeitar a diversidade cultural e as
Direitos Humanos de 1948 e sua definição foi amplia- formas de organização e produção, de modo que as
da em outros dispositivos do Direito Internacional, comunidades tenham sua autonomia para produzir e
como o artigo 11 do Pacto de Direitos Econômicos, consumir seus alimentos; e a importância de avançar
Sociais e Culturais e o Comentário Geral nº 12 da ONU. na realização da reforma agrária, na regularização fun-
No Brasil, resultante de amplo processo de mobiliza- diária e no reconhecimento dos territórios para que os
ção social, em 2010 foi aprovada a Emenda Constitu- povos tenham maior autonomia para produzir seus
cional nº 64, que inclui a alimentação no artigo 6º da alimentos.
Constituição Federal. No entanto, isso não necessaria-
Irio Luiz Conti (integra o Consea Nacional e é membro da Fian
mente significa a garantia da realização desse direito
Internacional.) (Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/
na prática, o que permanece como um desafio a ser consea/comunicacao/ artigos/2014/direito-humano-a-alimentacao-
76 enfrentado. adequada-esoberania-alimentar)
“Durante várias décadas, por influência dos países Acontece, porém, que um menino, para empinar um
centrais, o Brasil e outros países em desenvolvimen- papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos
to procuraram responder ao problema da fome com a e perdeu a vida.
introdução da chamada revolução verde, que foi uma E os loucos que sonharam a sair de seus pavilhões,
espécie de campanha de modernização da agricultu- usando a fórmula do incêndio para chegarem à liber-
ra mediante a introdução de um pacote tecnológico dade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade
baseado no uso intensivo de máquinas, fertilizantes nas mãos!...
químicos e agrotóxicos para aumentar a produção e,
consequentemente, a humanidade acabaria com a São essas coisas tristes que contornam sombriamen-
te aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para
fome”.
alcançá-la, estamos todos os dias expostos à morte.
E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mes-
No trecho acima, as palavras destacadas designam mo prender melhor suas correntes e não pensar em
ações consideradas, respectivamente: assunto tão ingrato.
Ser livre ir mais além: é buscar outro espaço, outras 11. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar
acorrentado. É não viver |obrigatoriamente entre qua-
tro paredes. Por isso, os meninos atiram pedras e sol-
tam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o
sonho das crianças deseja ir (Ás vezes, é certo, quebra
alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de
outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se
pudessem chegar tão simplesmente, com um fio de
linha e um pouco de vento!.... Disponível em: https://twitter.com/Metropoles 77
A palavra “já” é advérbio com valor de: empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava resti-
tuí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores.
a) modo Eu a furtara, eu a via morrer.Já murcha, e com a cor
b) tempo particular da morte, peguei-a docemente e fui deposi-
c) companhia tá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava
d) instrumento atento e repreendeu-me.
- Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
12. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. Rio de Janeiro,
… e cheio de perigos virtuais José Olympio, 1985. p. 80.
E tal como no mundo real, no qual há aquelas pessoas Na frase “Renovei a água do vaso, mas a flor empali-
mal-intencionadas, a internet também possui perigos decia.”, a palavra sublinhada tem o mesmo significado
e exige precauções. No mundo real, usamos diversos que:
tipos delas. Instalamos fechaduras nas portas das
nossas casas e carros e as trancamos para ter maior a) desmanchava
segurança pessoal e dos nossos bens. Usamos cor- b) desbotava
tinas nas nossas janelas para, além da claridade, ter c) escurecia
mais privacidade em relação a vizinhos e pedestres. d) reluzia
Não saímos por aí contando para qualquer desconhe-
cido como foi aquela aventura amorosa ou quais são 14. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão:
os hábitos dos nossos familiares. E ainda evitamos
que nossos filhos tenham contatos com pessoas que O drama do degelo da Groenlândia em uma só foto
não conhecemos sem a nossa presença ou de alguém
da nossa confiança. Uma imagem mostra as consequências da mudança
climática na região, que registrou até 17 graus Celsius
Do mesmo modo, também devemos nos proteger na semana passada, quando a temperatura máxima
e ser precavidos no mundo virtual. E isso vale para nesta época é de 3,2 graus
empresas e governos. Com o progressivo crescimento
da digitalização dos negócios, tornou-se mais frequen- Os cientistas concordam que, embora a imagem seja
te a ocorrência de crimes e golpes virtuais. E os seus surpreendente, não é inesperada. Ainda assim, a foto,
tipos são tão variados quanto a criatividade humana tirada em 13 de junho por Steffen M. Olsen, deu a vol-
permite, indo desde roubo de informações sensíveis ta ao mundo. Nela aparecem vários cães puxando um
(políticas, estratégicas, segredos industriais etc.), trenó no fiorde de Inglefield Bredning, no noroeste da
sequestro de dados, controle remoto de dispositivos Groenlândia, e se vê como os animais estão cami-
pessoais para finalidades ilegais… nhando sobre o gelo derretido. Embora o verão já
esteja muito próximo, nesta região da Terra as tempe-
BRASIL, país digital (Extraído de: brasilpaisdigital.com.br/seguranca- raturas máximas em junho costumam ser de 3,2 graus
e-cidadania- no-mundo-digital). Adaptado Celsius, segundo o pesquisador espanhol Andrés
Barbosa, diretor de campanhas no Àrtico. Na semana
“E os seus tipos são tão variados quanto a criatividade passada, a estação meteorológica mais próxima do
humana permite”. Os elementos destacados marcam aeroporto de Qaanaaq, no noroeste da Groenlândia,
relação de: registrou uma máxima de 17,3°C na quarta-feira, 12 de
junho, e 15°C no dia seguinte.
a) retificação O cientista que fez a foto contou que os caçadores e
b) comparação pescadores locais se surpreenderam ao encontrar tan-
c) condição ta água em cima do gelo, especialmente no princípio
d) assunto da temporada. Embora não seja um fato isolado, nun-
e) meio ca tinham visto tanto gelo derretido antes de julho.
13. (SELECON – 2019) Os sinais da mudança climática são cada vez mais
evidentes. As temperaturas superiores à média em
Furto de flor quase todo o oceano Ártico e Groenlândia durante o
mês de maio fizeram o gelo derreter antes do habitual,
Carlos Drummond de Andrade resultando no menor bloco de gelo registrado em 40
anos, segundo os dados do Centro Nacional de Neve e
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício Gelo dos EUA.
em junho último.
Para explicar esse fenômeno, é preciso antes descre- Se boa parte da população já tem imunidade contra
ver rapidamente um pouco o que acontece no meta- determinada doença, é mais difícil que um indivíduo
bolismo. Um exercício como a maratona implica a infectado contamine outras pessoas. Esse fenômeno,
contração muscular repetitiva durante um período inicialmente estudado em animais, é chamado de imu-
relativamente longo. Para que a contração ocorra, o nidade de rebanho.
músculo usa a glicose como combustível.
Para a gripe, observa-se a proteção comunitária quan-
Acontece que a glicólise também produz o lactato ou do cerca de 40% da população é imune ao vírus; para
ácido láctico. Quem já fez exercícios repetitivos sabe o sarampo, a taxa fica por volta de 95%. Se um número
que, ao final de certo tempo, o músculo sofre fadiga, o suficiente de indivíduos for vacinado de modo a atingir
que produz uma sensação bem conhecida de queima- a imunidade de rebanho, então a população como um
ção ou dor e, nesse momento, a pessoa deve parar o todo recebe proteção contra a epidemia. 79
É nesse contexto que segue a busca por uma vacina Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, sur-
para a Covid-19. Calcula-se que atingiremos a imuni- gem continuamente problemas como estes: devo
dade de rebanho quando entre 60 e 70% da população cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y,
estiver imune ao vírus. Há quem estime que a taxa seja embora hoje perceba que o cumprimento me causará
menor, dada a heterogeneidade da população. certos prejuízos? Devo dizer sempre a verdade ou há
ocasiões em que devo mentir? Quem, numa guerra de
De um modo ou de outro, várias pesquisas (inclusive invasão, sabe que o seu amigo z está colaborando
brasileiras) evidenciam que sem a vacina essas taxas com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou
não serão alcançadas no curto prazo. Para agravar a deve denunciá-lo como traidor? Podemos considerar
situação, pairam dúvidas sobre a imunidade a longo bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo
prazo para a doença. que bate à sua porta e, durante o dia — como patrão —,
explora impiedosamente os operários e os emprega-
Essa é uma batalha que precisa ser travada com as dos da sua empresa? Se um indivíduo procura fazer
armas da ciência. Pela primeira vez na história, o públi- o bem e as consequências de suas ações são prejudi-
co acompanha tão de perto e com tanta expectativa a ciais àqueles que pretendia favorecer, porque lhes cau-
produção do conhecimento científico. E esse proces- sa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que
so pode às vezes parecer caótico. age corretamente de um ponto de vista moral, quais-
quer que tenham sido os efeitos de sua ação? (...)
A ciência é um processo de construção coletiva, tão
social quanto a epidemia que ela tenta enfrentar. Em situações como essas que acabamos de enu-
Esforços colossais foram canalizados para o enfren- merar, os indivíduos se defrontam com a necessida-
tamento da Covid-19 - só de vacinas temos 135 ini- de de pautar o seu comportamento por normas que
ciativas, 22 delas sendo testadas em humanos (duas se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser
cumpridas. Estas normas são aceitas intimamente e
das quatro que estão no último estágio de ensaios em
reconhecidas como obrigatórias: de acordo com elas,
humanos estão sendo testadas no Brasil). Enquanto
os indivíduos compreendem que têm o dever de agir
assistimos ao desenrolar dessa busca, vemos o fra- desta ou daquela maneira. Nestes casos, dizemos que
casso de projetos promissores e o questionamento de o homem age moralmente e que neste seu comporta-
informações antes tidas por favas contadas. mento se evidenciam vários traços característicos que
Esse processo de construção do conhecimento cientí- o diferenciam de outras formas de conduta humana.
fico costuma se estender por anos. Mas a urgência e a Sobre este comportamento, que é o resultado de uma
decisão refletida e, por isto, não puramente espontâ-
intensidade da pesquisa sobre a Covid-19 têm forçado
nea ou natural, os outros julgam, de acordo também
adaptações e aperfeiçoamento.
com normas estabelecidas, e formulam juízos como
A demanda do público por informação vem estimulan- os seguintes: “X agiu bem mentindo naquelas circuns-
do estudiosos a melhorar o modo de comunicar seus tâncias”; “Z devia denunciar o seu amigo traidor” etc.
achados e também as discussões sobre a construção Dessa maneira temos, pois, de um lado, atos e formas
do conhecimento. É um momento único: pela primeira de comportamento dos homens em face de determi-
vez experimentamos uma pandemia de tais propor- nados problemas, que chamamos morais, e, do outro
ções, com os atuais níveis de conhecimento científico lado, juízos que aprovam ou desaprovam moralmente
e recursos de comunicação. os mesmos atos. Mas, por sua vez, tanto os atos quan-
to os juízos morais pressupõem certas normas que
Vamos torcer para que as pessoas, confrontadas com apontam o que se deve fazer. Assim, por exemplo, o
estudos de resultados conflitantes, descubram um juízo: “Z devia denunciar o seu amigo traidor”, pressu-
pouco mais a respeito da formação do conhecimento põe a norma “os interesses da pátria devem ser postos
científico. E, com sorte, passem a admirar a beleza e o acima dos da amizade”. Por conseguinte, na vida real,
esforço envolvido na construção da ciência. defrontamo-nos com problemas práticos do tipo dos
enumerados, dos quais ninguém pode eximir-se. E, para
Gabriella Cybis Folha de São Paulo, 15/07/2020 1. resolvê-los, os indivíduos recorrem a normas, cumprem
determinados atos, formulam juízos e, às vezes, se ser-
Ao reescrever o trecho “quando cerca de 40% da popu- vem de determinados argumentos ou razões para justi-
lação é imune ao vírus”, o acento grave está correta- ficar a decisão adotada ou os passos dados.
mente indicado em: Tudo isso faz parte de um tipo de comportamento efe-
tivo, tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais e
a) quando cerca de 40% da população é imune à grupos tanto de ontem quanto de hoje.(...)
comuns de doença
b) quando cerca de 40% da população é imune à seus A este comportamento prático-moral, que já se encon-
tra nas formas mais primitivas da comunidade, sucede
efeitos prolongados
posteriormente — muitos milênios depois — a refle-
c) quando cerca de 40% da população é imune àquele
xão sobre ele. Os homens não só agem moralmente
tipo de contágio (isto é, enfrentam determinados problemas nas suas
d) quando cerca de 40% da população é imune à vetor relações mútuas, tomam decisões e realizam certos
mais próximo atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou
avaliam de uma ou de outra maneira estas decisões
17. (SELECON – 2018) Leia o texto a seguir e responda à e estes atos), mas também refletem sobre esse com-
questão. portamento prático e o tomam como objeto da sua
reflexão e do seu pensamento. Dá-se assim a passa-
Ética gem do plano da prática moral para o da teoria moral;
ou, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a
80 Adolfo Sanchez Vásquez moral reflexa.
Quando se verifica essa passagem, que coincide com que as últimas estimativas indicam 7,5 mil toneladas
os inícios do pensamento filosófico, já estamos pro- de objetos fora de uso entulhando os arredores do pla-
priamente na esfera dos problemas teórico-morais ou neta, colocando em risco novas missões espaciais.
éticos. À diferença dos problemas prático-morais, os
Muitas são as ideias para limpar essa quantidade de
éticos são caracterizados pela sua generalidade. Se
lixo espacial, incluindo armas a laser. Uma iniciativa
na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma deter-
da Universidade de Surrey, no Reino Unido, acaba de
minada situação, deverá resolver por si mesmo, com
fazer, com sucesso, O primeiro teste para pôr em práti-
a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intima-
ca um satélite que funciona como lixeiro espacial.
mente, o problema de como agir de maneira a que sua
ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. A 300 quilômetros de altitude, o RemoveDebris (Remo-
vedor de detritos), como foi batizado, lançou uma rede
Será inútil recorrer à ética com a esperança de encon-
para capturar um objeto do tamanho de uma caixa
trar nela uma norma de ação para cada situação
de sapatos que estava entre seis e oito metros a sua
concreta. Aética poderá dizer-lhe, em geral, o que é
frente.
um comportamento pautado por normas, ou em que
consiste o fim — o bom — visado pelo comportamento “Funcionou exatamente como esperávamos”, disse à
moral, do qual faz parte o procedimento do indivíduo BBC o professor Guglielmo Aglietti, diretor do Centro
concreto ou o de todos.(...) Espacial de Surrey. “O alvo estava girando como você
esperaria que um lixo não cooperativo se comportas-
Sem dúvida, esta investigação teórica não deixa de ter
se, mas você pode ver claramente que a rede o cap-
consequências práticas, porque, ao se definir o que é
tura, e estamos muito felizes com a maneira como o
o bom, se está traçando um caminho geral, em cujo
experimento foi feito.”
marco os homens podem orientar a sua conduta nas
diversas situações particulares. Neste sentido, a teo- É verdade que o lixo em questão tinha acabado de ser
ria pode influir no comportamento moral-prático. lançado pelo próprio satélite, mas foi somente o pri-
meiro de quatro testes a serem desempenhados pelo
(ÉTICA. VÁSQUEZ, A. S., Ética, Ed. Civilização Brasileira, R. J.,95. satélite. Ainda esse ano, a ideia é que coloquem em
Adaptado ação um sistema de câmeras para rastrear o lixo espa-
cial. Em seguida, será a vez de um outro sistema de
Em “e, às vezes, se servem de determinados argumen- captura, que utiliza um arpão, ser testado.
tos”, ocorre o fenômeno da crase obrigatória por se
tratar de uma locução adverbial. Por fim, uma espécie de rede de arrasto, como as uti-
lizadas por pescadores, será lançada para capturar
Há ocorrência de crase obrigatória também em: tudo que encontrar em seu caminho pela alta atmos-
fera. Depois de cumprida a missão, o satélite, que cus-
a) Referiu-se a que estava sentada próxima ao coordenador. tou US 17 milhões, entrará em rota de colisão com a
b) Gota a gota, seguiu a recomendação do medicamento. Terra e vai se desintegrar junto com todo o lixo confor-
c) Respondia a qualquer pessoa da mesma forma grosseira. me mergulha na atmosfera.
d) Dirigiu-se aquele site, onde haveria outras informações.
(por Redação Galileu, em 19/09/2018) Disponível em >https://
revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/ noticia/2018/09/satelite-
18. (SELECON – 2019) Texto para responder à questão: utiliza-rede-para-capturar-lixo-espacial- veja- video.html> Acesso em
25/09/2018. Adaptado.
Você passa o dia na A minha geração lutará
internet, é um volume
enorme de informações
contra a poluição na
rede, papai.
Em relação às informações contidas no texto, é possí-
inútil. vel concluir que o lixo espacial, proveniente de objetos
lançados no espaço e que continuam soltos e circu-
lam ao redor da Terra:
Embora o avanço nessa área seja promissor, o meca- A palavra “desvantagens” é formada pelo processo
nismo que torna uma vacina mais duradoura ou não de derivação prefixal. Na letra A, “envelhecimen-
ainda segue sem resposta. Como afirma Cohen em to” é formada por derivação parassintética. Na
seu artigo, “essa é uma pergunta de um milhão de letra B, “necessariamente” é formada por derivação
dólares!” (aproximadamente, o valor do prêmio Nobel). sufixal. Na letra C, “feminização” também é forma-
A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder da por derivação sufixal — feminizar + ação = femi-
das vacinas Muito pelo contrário A tendência atual nização. Já na letra D, “prestação” ocorre, também,
no tratamento de doenças crônicas, como o câncer e por derivação sufixal. Na letra E, sobressai é for-
a artrite reumatoide, é a imunoterapia. Um dia, quem mada pelo prefixo “sobre” e o verbo “sair”. Diante
sabe, teremos vacinas contra todos esses males. disso, observa-se que, assim como “desvantagens”,
na letra E há um caso de derivação prefixal. Respos-
Franklin Rumjanek (Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/ ta: Letra E.
vacinaspara- que-as-guero/)
6.
A ideia central do segundo parágrafo é apresentada
pelo seguinte procedimento recorrente em gêneros O plural de “cidadão” é feito apenas com “ãos”:
discursivos midiáticos: cidadãos. As palavras das letras A e B formam plu-
ral com “ães”: escrivães e capitães. Já as letras C e D
a) narrativa imprecisa formam plural com “ões”: eleições e cordões.
b) descrição subjetiva A única palavra que forma plural com “ãos” é mão
c) falsa suposição – mãos, por isso a letra E é o gabarito da questão.
82 d) discurso indireto Resposta: Letra E.
7. 16.
A terminação “inha” não necessariamente quer Na letra A, não deve haver crase, por se estar dian-
indicar diminução no tamanho de algo, mas muitas te de uma palavra masculina (grupos). Na letra B,
vezes pode expressar desdém, carinho, intensidade, ocorre o mesmo problema: “seus efeitos” é um ter-
dentre outros sentidos. Na tirinha, a terminação mo masculino. Na letra C, a crase está correta, por-
“inha” de “magrinha” expressa a intensidade. que o verbo exige a preposição “a” e, quando temos
Resposta: Letra A. a palavra “aquele” ou “aquela” (pronomes demons-
trativos), a palavra recebe crase. Já na letra D, não
8.
deve haver crase, por ser seguida de uma palavra
O verbo “procuraram” está no pretérito perfeito do masculina. Resposta: Letra C.
indicativo e “acabaria” está no futuro do pretérito
do indicativo. Sendo assim, a opção que melhor se 17.
encaixa para o sentido dos verbos destacados é a
letra B. Resposta: Letra B. Na letra A, não há crase, porque não há “união” da
preposição “a” com o artigo “a”. Na letra B, não há
9. crase no primeiro “a”, por se tratarem de palavras
repetidas, e, no segundo “a”, o verbo “seguir” não
As reticências constituem um recurso muito utiliza-
exige o uso da preposição “a”. Na letra C, não há
do, com o objetivo de realçar, valorizar e ampliar a
crase, porque “a” está diante de pronome indefini-
produção de sentido de determinado trecho do tex-
do. Na letra D, deve haver crase, porque o verbo
to. Resposta: Letra D.
“respondia” exige a preposição “a” e, diante das
10. palavras “aquele” ou “aquela” (pronomes demons-
trativos), a palavra recebe crase. Resposta: Letra D.
Na letra A, o verbo “iriam” está conjugado no futu-
ro do pretérito do indicativo. Na letra B, o verbo 18.
“foram” está no pretérito perfeito ou mais-que-per-
feito. Já na letra C, o verbo “iam” está no pretérito A ironia da tirinha está no fato de que a “juventu-
imperfeito do indicativo e, na letra D, “irão” está no de” está preocupada em limpar a poluição das redes
futuro do presente do indicativo. Resposta: Letra A. digitais enquanto a poluição da natureza aumenta
em níveis alarmantes. A verdadeira poluição não
11. está sendo vista como um problema e nem sendo
O advérbio “já” expressa o tempo em que uma ação combatida pelos jovens, segundo a tirinha. Respos-
foi executada. Portanto, a única apção que se encai- ta: Letra C.
xa nesse valor é a letra B. Resposta: Letra B.
19.
12.
De acordo com o texto, o lixo espacial é um peri-
Os elementos “tão” e “quanto” são utilizados para go para as futuras explorações espaciais, por isso
estabelecer o grau comparativo com o adjetivo estão sendo desenvolvidas tecnologias para limpar
“variados”, estabelecendo uma comparação entre esse lixo. Resposta: Letra C.
os termos “variados” e “criatividade humana”. Res-
posta: Letra B. 20.
13. No segundo parágrafo, o autor faz uso do discurso
indireto, introduzido pelos termos “Alguns especia-
A palavra destacada “empalidecia” tem sentido de
listas argumentam que”. A partir dessa introdução,
tornar mais claro, branco, pálido. Sendo assim, a
o autor, indiretamente, cita especialistas no assun-
única palavra entre as alternativas dadas que man-
tém o significado de “empalidecia” é “desbotava”. to, passando, assim, credibilidade e autoridade a
Resposta: Letra B. respeito do tema dentro do gênero discursivo midiá-
tico. Resposta: Letra D.
14.
15.
84
Todo número que é dividido apenas por ele mes-
mo e pelo número 1 é um número primo.
Exemplo:
Multiplicação de Fração
RACIOCÍNIO LÓGICO: RESOLUÇÃO DE
Fazer a multiplicação entre frações é muito sim-
PROBLEMAS
ples! Basta multiplicar o numerador de uma das fra-
ções pelo numerador da outra fração e fazer o mesmo
Para um melhor aproveitamento de seus estudos,
veremos, neste tópico, conceitos básicos relativos à dis- processo entre os denominadores. Veja:
ciplina de Raciocínio Lógico, que são imprescindíveis 2 5 2 $ 5 10
para a resolução de questões de prova. 3 $ 4 = 3 $ 4 = 12
3–1 3
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não
1–1 mmc: 2 · 2 · 3 = 12
necessitam de demonstração. 85
São elas: P
z Conjunto,
2 17
z Elemento;
z Pertinência entre Conjunto e Elemento. 3
11 5
Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa-
dos por letras latinas maiúsculas: A, B, C etc. 7
Alguns exemplos de Conjuntos: 13
19
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro,
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos-
suem 31 dias;
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme- N
ros primos até 19;
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto Estados Unidos
dos países da América do Norte.
México
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos
componentes dos Conjuntos apresentados são ele-
Canadá
mentos destes (por exemplo: no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um
elemento deste conjunto).
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre estes. Para Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
tanto utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não
pertence). Conjunto Unitário
Nos exemplos acima temos algumas situações para
destacar esta relação:
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
z O mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim- junto Unitário quando ele apresentar exatamente
bolicamente, Abril ∉ M; um único elemento (ou objeto).
z O número 11 pertence ao conjunto P, ou simboli- São exemplos de Conjuntos Unitários:
camente, 11 ∈ P;
z O Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- z H = {1986} é o conjunto formado pelo ano do Século
mente, Haiti ∉ N. XX em que o Cometa Halley pôde ser visto por quem
estava na Terra. Observe que este conjunto apre-
Representação de Conjuntos senta somente um único elemento, ou seja, 1986;
z F = {Michael Phelps} é o conjunto formado pelo
Existem três maneiras distintas de representar os esportista que mais ganhou medalhas olímpicas.
Conjuntos, quais sejam: Observe que este conjunto apresenta somente um
único elemento, ou seja, ele é composto pelo meda-
z Analítica; lhista Norte-Americano Michael Phelps (ganhador
z Sintética; de 28 medalhas olímpicas, em um total de 4 Olím-
z Diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).
piadas que participou);
z Conjunto dos números primos pares. Neste caso, a
Na representação Analítica, destaca-se cada um
dos elementos que pertence a um determinado con- este conjunto pertence somente o número 2.
junto. Nos exemplos mencionados (conjuntos M, P e
N), todos eles foram representados dessa maneira. Conjunto Vazio
Na representação Sintética, devemos destacar
uma característica que seja comum a todos os elemen- Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
tos pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exem- junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou
plos que mencionamos, essa representação ficaria da objeto) algum. A notação utilizada para representar
seguinte maneira (abaixo Lê-se x/x como “x é tal que x um Conjunto Vazio é: {} ou ∅
tem a propriedade”:
z Conjunto dos meses que apresentam 32 dias; Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
z Países que fazem parte da América do Norte e que e somente se, todo elemento de A pertence também a B.
começam com a letra W; A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z Número primo irracional; utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈ A
z Seleção de Futebol que tenha conquistado 10 ⇒ x ∈ B) (Lê-se: A está contido em B, se, e somente se, Para
todo x, se x pertence a A, então x pertence a B).
Copas do Mundo.
Por diagramas poderíamos representar essa situa-
ção da seguinte maneira:
Conjunto Universo
B
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
junto Universo quando a ele pertencem todos os
elementos.
No exemplo abaixo o conjunto universo conside- A
rado poderia ser os seguintes:
2 A B
3
Interseção de Conjuntos
A
Figura 11. Conjunto A diferença com B
A B
Importante!
c
O conjunto CBA = B = B só será diferente do con-
junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de
que B ⊂ A.
90 Figura 12. Conjunto B diferença com A
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES proporcional ao tempo de serviço deles na fábrica.
Carlos está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos
A razão entre dois números é dada pela divisão
na fábrica. Quanto cada um vai receber?
obedecendo a ordem na qual os números foram dados.
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
Dizemos que a razão entre a e b, em que b =/ (diferente
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
de) 0 pode ser escrita como:
Diego vai receber, temos:
a
b C D
=
Tal razão pode ser representada na forma fracio- 3 2
nária (como acima), decimal e percentual.
Veja o exemplo: Utilizando a propriedade das somas externas:
2 C D C+D
5 = =
3 2 3+2
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está
Observe que, conhecemos o valor de C+D já que
para 5).
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: este corresponde a quantia total do prêmio, que é
10.000. Então podemos substituir na proporção:
2 4
= C D C+D
3 6 10.000 = 2.000
= = =
3 2 3+2 5
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
está para 3 assim como 4 está para 6). Neste caso, dize- Aqui cabe uma observação importante!
mos que as razões são proporcionais. Esse resultado recebe o nome de “Constante de Pro-
Quando se estuda o assunto de razão e proporção é porcionalidade”, como sabemos que C+D/3+2 = 2.000,
comum aparecer questões em que se deseja encontrar temos que C/3=2.000 e D/2=2.000. Sendo assim, temos:
o valor da variável. Neste caso, a variável atua como
um dos termos de uma das razões envolvidas na pro- C
porção. Veja o exemplo: = 2.000
3
2 x ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 C = 2000 · 3
=
3 6 C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D
= 2.000
usar a Propriedade Fundamental da razão e pro- 2
porção: produto dos meios é igual ao produto dos
D = 2.000 · 2
extremos.
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Meio: 3 e x;
Extremos: 2 e 6.
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles e
ber R$ 4.000.
igualá-los. Observe:
3·x=2.6 z Somas Internas
3x = 12
x = 12/3 a c a+b c+d
= = =
x=4 b d b d
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie- Essa propriedade diz que, se temos duas razões
dade fundamental. Porém, algumas questões acabam proporcionais, a diferença dos numeradores e dos
sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe- denominadores gera uma terceira razão, que também
cer algumas propriedades para facilitar. Vejamos: é proporcional às duas primeiras.
É possível, ainda, trocar o denominador pelo
Propriedade das Proporções numerador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
z Somas Externas proporção.
Essa propriedade também pode ser escrita da
seguinte maneira:
RACIOCÍNIO LÓGICO
a c a+c
= =
b d b+d
a c a+b c+d
= = =
b d a c
Essa propriedade diz que, se temos duas razões
proporcionais, a soma dos numeradores e dos deno-
minadores gera uma terceira razão, que também é Vejamos um exemplo:
proporcional às duas primeiras.
Vamos entender um pouco melhor resolvendo x 2
=
uma questão-exemplo: 14 - x 5
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Car- x + 14 - x 2+5
=
los e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma x 2 91
14
=
7 A = 2.000
x 2
Fazendo a mesma resolução em B:
7 . x = 2 · 14
3B
= 1.000
14 · 2 9
x= =4
7 3B = 9 · 1.000
z Soma com Produto por Escalar 2 · 2000 + 3 · 3000 = 4000 + 9000 = 13000
a c a + 2b c + 2d
= = = REGRA DA SOCIEDADE
b d b d
Diretamente Proporcional
Essa propriedade diz que, se temos duas razões
proporcionais, a soma dos numeradores com os deno-
Um dos tópicos mais comuns em questões de prova
minadores multiplicados por escalares gera uma
é “dividir uma determinada quantia em partes propor-
terceira razão, que também é proporcional às duas
cionais a determinados números. Vejamos um exemplo
primeiras.
para entendermos melhor como esse assunto é cobrado:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 Exemplo:
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. dessas partes corresponde a:
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos: porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
A B cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
=
2 3 razão. Veja:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
funcionários na categoria B, podemos escrever que a X Y Z
= = = constante de proporcionalidade.
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. 4 5 6
Assim, dividindo o MMC pelo denominador e mul- Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
tiplicando o resultado pelo numerador temos: parte que corresponde a 10% de 1000. Quando o todo
varia, a porcentagem também varia.
15x 12x 10x
+ + = 740.000 Veja um exemplo:
60 60 60
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
37x
= 740.000 de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
60
por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
x = 1.200.000
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
Agora basta substituir o valor de x nas razões para
2 1
achar cada parte da divisão inversa. =
8 4
x 1.200.000
= = 300.000 Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
4 4
vamos multiplicar a fração por 100:
x 1.200.000
= = 240.000
5 5 1 · 100 = 25%
x 1.200.000 4
= = 200.000
6 6
Soma e Subtração de Porcentagem
Logo, as partes dividas inversamente proporcionais aos
números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300.000, 240.000 e As operações de soma e subtração de porcenta-
200.000. gem são as mais comuns. É o que acontece quando se
diz que um número excedeu, reduziu, é inferior ou
PORCENTAGEM é superior ao outro em tantos por cento. A grandeza
inicial corresponderá sempre a 100%. Então, basta
A porcentagem é uma medida de razão com base somar ou subtrair o percentual fornecido dos 100%
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi- e multiplicar pelo valor da grandeza. Podemos tam-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar bém utilizar igualdade entre razões (proporção) para
como podemos representar um número porcentual. encontrar o percentual procurado.
Exemplo 1:
RACIOCÍNIO LÓGICO
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer crescente.
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
an = a1 + (n-1)r
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o decrescente.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA. Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1;
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} iguais.
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
posição 200 é: do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
mo número, o que chamamos de razão da progressão
an = a1 + (n-1)r geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
a200 = 1 + (200-1)2 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a200 = 1 + 2 · 199 a1 = 2. Da mesma maneira que vimos para o caso de
a200 = 1 + 398 PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
a200 = 398 e a soma dos termos.
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
primeiro termo (a1) e da razão (q):
n $ (a1 + a n)
Sn =
2 an = a1 · qn-1
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
lar a soma dos 7 primeiros termos do exemplo que já
ser encontrado assim:
foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- {2, 4, 8, 16, 32...}
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o a5 = 2 · 25-1
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
RACIOCÍNIO LÓGICO
a5 = 2 · 24
temos: a5 = 2 · 16
n $ (a1 + an)
Sn = a5 = 32
2
a1 $ (0 - 1) - a1
S∞ = = O número que substitui o símbolo “?” é:
q-1
q-1
a) 25.
a1
S∞ = b) 23.
1-q c) 32.
Dica d) 20.
e) 28.
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
termo do meio é igual ao produto dos extremos. Note o seguinte padrão:
{a1, a2, a3} (a2)2 = a1 × a3 1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna)
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} 3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna)
82 = 4 × 16 8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna)
64 = 64. 20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna)
Resposta: Letra E.
SEQUÊNCIAS COM FIGURAS E SEQUÊNCIAS DE
PALAVRAS 3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a
seguir:
Não há teoria específica para este assunto, mas res-
ponderemos, a seguir, algumas questões para “pegar-
LOGICALOGICALOGICALOGICA...
mos o jeito” dos exercícios que envolvem sequências
com figuras e de palavras. Esse é o modo como se
A 2020ª letra dessa sequência é:
aprende essa matéria. Mãos à obra!
Verbo
a) MIOLCA.
b) MICAOL.
Toda proposição pode ser representada simbolica-
c) CAOLMI.
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo:
d) MILOCA.
e) LOCAMI.
z p: Sabino é um pintor esperto;
z r: Kate é uma mulher alta.
Na palavra MALOTE, foi invertida a ordem das
duas primeiras sílabas (LOMA) e invertida a ordem
das duas últimas letras (ET). Basta seguir o mes- Na situação, temos duas proposições sendo repre-
mo raciocínio para a palavra CAMILO, que fica: sentadas pelas letras p e r.
MICAOL. Resposta: Letra B. Agora que já sabemos o que são proposições lógicas,
fica tranquilo distinguir o que não são proposições. Isto
é fundamental, pois várias questões de prova pergun-
tam exatamente isso – são apresentadas algumas frases
e você precisa identificar qual delas não é uma proposi-
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO ção. Vejamos os casos em que mais aparecem:
VALORES LÓGICOS
� Perguntas: são as orações interrogativas.
Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
Na lógica, temos apenas dois valores lógicos – ver-
Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver-
dadeira ou falsa;
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F). � Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
RACIOCÍNIO LÓGICO
PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
sentam percepções subjetivas;
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
é uma proposição lógica. Observe a frase a seguir: Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Ex.: Paula vai à praia.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci- Uma ordem não pode ser classificada como verda-
samos de três requisitos fundamentais: deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; sição lógica.
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen- Atenção! Não são proposições: perguntas, excla-
tando uma situação, um fato; mações e ordens. 97
Temos um outro caso menos cobrado em provas, PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
mas que também não é proposição lógica, sendo o
paradoxo. Conectivos
Ex.: Esta frase é uma mentira. Temos proposições compostas quando há duas ou
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
Quando atribuímos um valor de verdade para a tivos lógicos. Veja os exemplos:
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor falso, z Sabino corre e Marcos compra leite;
então a frase é verdade, pois ela diz ser uma mentira z O gato é azul ou o pato é preto;
e já sabemos que isso é falso. z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
Perceba que sempre que valoramos a frase ela nos
resulta um valor contrário, ou seja, estamos diante de Cada conectivo tem sua representação simbólica e
uma frase que é contraditória em si mesma. Isso é a sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
definição de um paradoxo.
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA
SENTENÇA ABERTA
e Conjunção ^
Dizemos que uma sentença é aberta quando não ou Disjunção v
conseguimos ter a informação completa que a oração Disjunção
nos mostra. Veja o exemplo a seguir: ou...ou v
Exclusiva
se...então Condicional →
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
se e somente se Bicondicional ⟷
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer. Exemplos:
Todavia, logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa
informação não consegue ser completa e por isso temos z Na linguagem natural:
mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou-
tros exemplos: O macaco bebe leite e o gato come banana;
X + 5 = 10 Maria é bailarina ou Juliano é atleta;
Aquele carro é amarelo. Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta;
5+5 Se estudar, então vai passar;
X – Y = 20 Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.
Todos os exemplos acima são sentenças abertas,
então podemos resumir da seguinte forma: z Na linguagem simbólica:
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta. p ^ q;
Esquematizando o que não são proposições lógicas: p v q;
p v q;
Sentenças Interrogativas(?) p → q;
p ⟷ q.
Sentenças sem Verbo
Não São Agora que conhecemos os conectivos lógicos,
Proposições
vamos ver algumas camuflagens dos operadores lógi-
Sentenças com Verbo no Imperativo cos que podem aparecer na prova. Veja:
Sentenças Abertas
� Conectivos “e” usando “mas”:
Paradoxo
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”:
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
não ambos;
É fundamental que você conheça três princípios � Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
para deixarmos tudo alinhado quanto às proposições Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”:
lógicas. Veja: Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
praia;
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Caso você estude, irá passar no concurso;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra Basta Ana comer massas, e engordará;
possibilidade. Não é possível que uma proposição Quem joga bola é rápido;
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; Todos os médicos sabem operar;
z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma Qualquer criança anda de bicicleta;
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, Toda vez que chove, não vou à praia.
verdadeira e falsa;
z Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou É importante saber que na condicional a primeira
seja, uma proposição não assume o significado de proposição é o termo antecedente e a segunda é o
98 outra proposição lógica. termo consequente.
P→Q Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren-
P = antecedente der todas as combinações lógicas possíveis para cada
Q = consequente conectivo lógico.
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos Uma proposição, quando negada, recebe valores
apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
proposição. que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
F V
P Q PvQ
F F
V V F
V F V
Note que, ao seguir esses passos todas as combinações
F V V
entre as opções de verdadeiro ou falso estarão dispostas
na tabela. F F F
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- Conectivo Bicondicional “se e somente se” (⟷)
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógico.
Número de linhas da tabela verdade: Teremos resposta verdadeira quando os valores
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições). lógicos envolvidos forem iguais. 99
P Q P⟷Q componentes, dizemos que a proposição em questão é
V V V uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda-
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda-
V F F deiros e alguns falsos.
F V F Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
F F V contingência, conforme a tabela verdade.
CONTRADIÇÃO z p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
V F F F F F F F
Podemos dizer que as três proposições condicio-
F V V V F F F F nais que contêm p e q são associadas a p → q. Veja a
F V F F F F F F seguir:
F F V F F F F F
z Proposições recíprocas: p → q: q → p;
F F F F F F F F z Proposição contrária: p → q: ~p → ~q;
LEIS DE MORGAN
Importante!
Quando fazemos a negação de uma proposição
Condicional “Se então”
composta primitiva, geramos outra posição que tam-
É o único conectivo lógico que não aceita a pro-
bém é composta e equivalente à sua primitiva. É
priedade de comutação, pois o seu antecedente recorrente em provas a cobrança para que você res-
não pode ser o consequente e vice-versa. ponda qual a equivalência da negação de determina-
A→B≠B→A da proposição.
Dizemos que há uma implicação lógica sempre que Para negarmos a conjunção, devemos trocar pela
a proposição P for verdadeira e a proposição Q for ver- disjunção ou e negar todas as proposições envolvidas.
dadeira também. Veja o exemplo na tabela verdade: Veja: ~ (A ^ B) ⇔ ~A v ~B
P^Q⟹P↔Q Exemplo: Vou comprar um carro e vou ganhar di-
nheiro.
Proposição 1: vou comprar um carro.
P Q P^Q P↔Q
Proposição 2: vou ganhar dinheiro.
V V V V 1º : trocar o “e” pelo “ou”
V F F F 2º : negar todas as proposições
F V F F Negação:
~P1: Não vou comprar um carro
F F F V
~P2: Não vou ganhar dinheiro
Assim, temos: Não vou comprar um carro ou não
Podemos notar que a conjunção entre a proposi- vou ganhar dinheiro.
ção P e a proposição Q implica na bicondicional entre
a proposição P e a proposição Q, pois quando a pri- A B ~A ~B A^B ~(A ^ B) ~A V ~B
meira assume o valor lógico verdadeiro na segunda
V V F F V F F
também encontramos o valor verdade.
Vejamos mais um exemplo: V F F V F V V
P↔Q⇒P→Q⇒Q→P F V V F F V V
F F V V F V V
P Q P↔Q P→Q Q→P
V V V V V
Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
V F F F V
F V F V F Para negarmos a disjunção, devemos trocar pela
F F V V V conjunção e e negar todas as proposições envolvidas.
Veja: ~ (A v B) ⇔ ~A ^ ~B
Exemplo: Vou pegar a bola ou Pedro vai chutar a lata.
Note, agora, que podemos afirmar que temos uma Proposição 1: vou pegar a bola.
implicação realmente entre as proposições, pois quando Proposição 2: Pedro vai chutar a lata.
a proposição (P ↔ Q) assume valor verdade as proposi- 1º - trocar o “ou” pelo “e”
ções (P → Q) e (Q → P) também assumem valor verdadeiro. 2º - negar todas as proposições
Com a definição vista sobre a implicação, podemos Negação:
chegar a duas conclusões: ~P1: Não vou pegar a bola.
RACIOCÍNIO LÓGICO
Para negarmos a disjunção exclusiva, devemos A negação de uma proposição composta por uma
apenas trocar o conectivo “ou...ou” pelo “se e somente condicional é uma das mais cobradas em provas e,
se”. Isso mesmo! Trocamos um conectivo pelo outro e por esse motivo, devemos aprendê-la e resolver mui-
o restante é só deixar igual. Veja um exemplo: ~ (A ⊻ B) tas questões sobre o assunto. Então a sua negação é
⇔ A ⟷ B Ou faz sol ou chove muito. feita repetindo a primeira proposição E negando a
Negação: Faz sol se e somente se chove muito. segunda proposição.
Exemplo: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B
A B A⊻B ~ (A ⊻ B) A⟷B Se o gato late, então o cachorro mia.
V V F V V Negação: O gato late e o cachorro não mia.
V F V F F
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B
F V V F F
V V F V F F
F F F V V
V F V F V V
F V F V F F
Negação de uma bicondicional
F F V V F F
A bicondicional pode ser negada das seguintes
maneiras, veja: DUPLA NEGAÇÃO (TEORIA INVOLUTIVA)
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B ~A v B
z Mantendo o conectivo “se e somente se”
V V F V V F V
Para fazermos essa negação vamos manter o V F V F F V F
conectivo “se e comente se” e negar apenas uma das
F V F V V F V
proposições.
Exemplo: F F V V V F V
1 - ~ (A ⟷ B) ⇔ ~A ⟷ B
ESTRUTURA LÓGICA E LÓGICA DE
2 - ~ (A ⟷ B) ⇔ A ⟷ ~B
ARGUMENTAÇÃO
A: Passo se e somente se estudo muito.
Negação:
Neste tópico, revisaremos alguns conceitos que são
1 – Não passo se e somente se estudo muito.
fundamentais ao aprendizado desta matéria.
2 – Passo se e somente se não estudo muito.
z Na linguagem natural: A
Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
O conjunto A dentro do conjunto B
z Na linguagem simbólica:
p ⊻ q. Quando Todo A é B é verdadeira, os valores lógi-
cos das outras proposições categóricas, interpretando
Condicional (Conectivo Se e então) os diagramas, serão os seguintes:
z Na linguagem natural:
Bino vai ao cinema se e somente se ele receber Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
dinheiro. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que Nenhum A é B significa que A e B não tem ele-
z Na linguagem simbólica: mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
p ⟷ q. tação com diagrama:
DIAGRAMAS LÓGICOS
A B
z Algum A é B. SILOGISMOS
z Algum homem joga bola.
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
No exemplo acima, temos dois conjuntos envolvi- do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
três proposições, em que de duas delas, que funcio-
dos, o do homem e o de jogar bola. Como Algum A é
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
B, podemos concluir que conjunto A tem pelo menos
proposição que é a sua conclusão ou consequente.
um elemento em comum com o conjunto B, ou seja,
Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
há interseção entre os círculos A e B. Logo, podemos
argumento.
representar isso da seguinte forma:
Estrutura do Silogismo Categórico
A
A B z Premissa maior: Geralmente é a primeira Con-
B têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
qual faz parte;
z Premissa menor: Geralmente é a segunda Con-
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
Veja que no diagrama acima, há a uma interseção z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
(que indica que algum A é B, e vice-versa. Então, quando médio (M);
Algum A é B é verdadeira, os valores lógicos das outras z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
proposições categóricas, interpretando o diagrama, maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
serão os seguintes: sas, mas nunca aparece na conclusão.
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há As margaridas são flores;
106 contato de alguns elementos de A com B Algumas mulheres são Margaridas;
Logo, algumas mulheres são flores.
Veja que margaridas e Margaridas são termos equívocos. Não respeitam essa regra, porque esse silogismo
tem quatro termos. O termo margaridas está empregado em dois sentidos, valendo por dois termos;
z 2ª Regra: Se um termo está distribuído na conclusão, tem de estar distribuído nas premissas. Exemplos:
z 4ª Regra: O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez. Exemplos:
Não se pode concluir se existe ou não alguma relação entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez que não
existe nenhuma relação entre estes e o termo médio (que é o único que nos permite relacioná-los);
z 6ª Regra: De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa. Exemplos:
z 7ª Regra: A conclusão segue sempre a parte mais fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa for negativa,
a conclusão tem de ser negativa, se uma premissa for particular, a conclusão tem de ser particular. Exemplos:
Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, para que possa existir ligação entre o termo médio e os outros
termos e ser possível extrair uma conclusão.
RACIOCÍNIO LÓGICO
Esquematizando:
REGRAS
PREMISSAS TERMOS
z De duas premissas negativas, nada se conclui z Todo silogismo contém somente três termos: maior,
z De duas premissas afirmativas não pode haver conclu- médio e menor
são negativa z Os termos da conclusão não podem ter extensão maior
z A conclusão segue sempre a premissa mais fraca que os termos das premissas
z De duas premissas particulares, nada se conclui z O termo médio não pode entrar na conclusão
z O termo médio deve ser universal ao menos uma vez 107
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/ Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta- lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia é
remos interessados em verificar se eles são válidos falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmos
ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o valores lógicos para proposição composta pelo conec-
que significa um argumento válido e um argumento
tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,
inválido.
Homem
Argumentos Inválidos
Veja na prática:
Patrícia
Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Fez sol. (V)
108 Logo, vou à praia. (F)
Gostam de chocolate Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ou; ria com exercícios comentados de diversas bancas.
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate. Vamos lá!
Sendo assim, não há possibilidade de afirmar com
100% de certeza que Patrícia não gosta de chocola- 1. (IBID – 2020) Considere falsas as seguintes proposi-
ções a seguir:
te, como consta na conclusão. Logo, o argumento é
inválido.
I. Ou Luna gosta de tango ou Levi gosta de samba.
II. Se Lia gosta de jazz, então Levi não gosta de samba.
Para um argumento usando conectivos lógicos,
Analisando-se as proposições, é possível concluir cor-
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
retamente que
válidos, só muda um detalhe. Veja:
a) Luna gosta de tango e Levi gosta de samba.
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as b) se Levi gosta de samba, então Luna não gosta de
premissas são verdadeiras; tango.
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela verdade do c) Lia não gosta de jazz ou Levi não gosta de samba.
conectivo envolvido no argumento; d) Luna gosta de tango e Lia não gosta de jazz.
3°. Se não der erro (ficar de acordo com o padrão de
valoração que afirmamos) dizemos que o argu- Veja que o enunciado afirmou que as sentenças são
mento é inválido. falsas, então devemos começar pela condicional:
I. Ou Luna gosta de tango (V) ou Levi gosta de samba
Veja na prática: (V). (Se a segunda parte sabemos que é V, então a pri-
meira terá que ser V também, pois a disjunção exclu-
Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine- siva é falsa quando as proposições têm valores iguais)
ma. (V) II. Se Lia gosta de jazz (V), então Levi não gosta de sam-
ba (F). (A condicional só é falsa nessa situação VF)
O tempo ficou nublado. (V) Agora basta valorar as alternativas para achar o
Logo, vou ao cinema. (F) gabarito:
a) Luna gosta de tango (V) e Levi gosta de samba
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada (V). (verdadeira).
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso Resposta: Letra A.
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro. 2. (VUNESP – 2019) Sobre a família de Ana, sabe-se que
Distribuímos os valores lógicos para proposição com- seu pai e sua tia são técnicos em suporte de informá-
posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre- tica. Sendo assim, conclui-se, corretamente, que
missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
a proposição não vou ao cinema está negando o que a) João não é pai de Ana e, portanto, não é técnico em
está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o suporte de informática.
b) Ana é técnica em suporte de informática.
valor lógico dela. Assim,
c) Rita é técnica em suporte de informática e, portanto, é
tia de Ana.
RACIOCÍNIO LÓGICO
(V) (V)
d) Ana não é técnica em suporte de informática.
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V) e) Roberto não é técnico em suporte de informática e,
O tempo ficou nublado. (V) portanto, não é pai de Ana.
Logo, vou ao cinema. (F) Veja que se é pai e tia de Ana, então são técnicos
em suporte de informática. Agora basta uma pessoa
Como já estudamos lá no módulo de tabela verdade, não ser técnico em suporte de informática para que
tudo que não estiver no padrão de combinação lógica ela não tenha a possibilidade de ser Pai ou Tia de
- verdade no antecedente e falso no consequente (V Ana. Logo, a alternativa E fala exatamente essa con-
F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro. clusão, ou seja, se Roberto não é técnico em suporte
de informática e, portanto, não é pai de Ana.
(V) (V) Resposta: Letra E. 109
3. (FCC – 2019) Considere que as seguintes premissas p: se aumentar o tamanho da memória ou instalar um
são verdadeiras: novo antivírus, então a velocidade da internet aumentará;
q: se a velocidade da Internet aumentar, então os apli-
z Todo bombeiro sabe nadar. cativos abrirão mais rapidamente.
z Geraldo é contador. Concluída a manutenção, foi verificado que a velocida-
z Alguns contadores sabem nadar. de da Internet não aumentou.
Nessa situação, é correto concluir que
De acordo com essas premissas, é correto afirmar:
a) os aplicativos não abrirão mais rápido.
b) o tamanho da memória não foi aumentado e também
a) Geraldo é bombeiro.
não foi instalado um novo antivírus.
b) Existem bombeiros que são contadores. c) ou o tamanho da memória não foi aumentado ou um
c) Todo contador que também é bombeiro sabe nadar. novo antivírus não foi instalado.
d) Geraldo não sabe nadar. d) o tamanho da memória pode ter sido aumentado, mas
e) Alguns contadores que sabem nadar, também são um novo antivírus não foi instalado.
bombeiros. e) um novo antivírus pode ter sido instalado, mas o tama-
nho da memória não foi aumentado.
Para acharmos uma conclusão lógica para esse
enunciado é necessário fazer uso de diagramas lógi- Começando a valoração pela proposição simples,
cos para facilitar a resolução. Veja: temos:
p: se aumentar o tamanho da memória (F) ou ins-
Sabe nadar talar um novo antivírus (F), então a velocidade da
internet aumentará (F);
Contadores q: se a velocidade da Internet aumentar (F), então os
aplicativos abrirão mais rapidamente (V/F).
A velocidade da Internet não aumentou (V).
Bombeiro Geraldo Geraldo
Sendo assim,
B) o tamanho da memória não foi aumentado (V)
e também não foi instalado um novo antivírus (V).
Resposta: Letra B.
VERDADES E MENTIRAS
Analisando todas as alternativas, chegamos na con- Estamos diante de um assunto bem interessante,
clusão de que a alternativa C é a única que podemos pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a
ter 100% de certeza, pois é justamente a região de um caso onde várias pessoas afirmam certas situações
e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas
interseção que demonstra isso uma vez que todo
também há aquela que só mente. Então, o seu dever
bombeiro tem que saber nadar obrigatoriamente de
é entender o que o enunciado está querendo e achar
acordo com o enunciado, sendo ele contador ou não.
quem são os mentirosos e verdadeiros.
Resposta: Letra C.
Em algumas questões, você terá que fazer um teste
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis-
4. (FEPESE – 2019) Se Ancelmo não é educado, então posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
Maria não é malandra e Joana é fiel. Se Joana é fiel, entre as informações, sua suposição estará correta e
então Afonso é bonito. Sabemos que Afonso não é você conseguirá achar quem está falando a verdade
bonito. ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
Logo, podemos afirmar corretamente que: que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio
a) Joana é fiel. Lógico, então, vamos aprender como resolver esse
b) Maria é malandra. tipo de questão praticando bastante.
c) Maria não é malandra.
d) Ancelmo não é educado. 1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três
e) Ancelmo é educado. irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação.
Vamos valorar as proposições lógicas para con- Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles
cluirmos algo. Veja: quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
Se Ancelmo não é educado (F), então Maria não é cada um.
malandra (V/F) e Joana é fiel (F). Se Joana é fiel (F),
então Afonso é bonito (F). Sabemos que Afonso não Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!”
é bonito (V). Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
Sendo assim, alternativa E “Ancelmo é educado” é
verdade. Sabendo que somente um dos três falou a verdade,
Resposta: Letra E. conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que
disse a verdade são, respectivamente,
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Considere a situação
hipotética seguinte, que aborda compreensão de a) Huguinho e Luizinho.
estruturas lógicas. b) Huguinho e Zezinho.
c) Zezinho e Huguinho.
No processo de manutenção de um computador, as d) Luizinho e Zezinho.
110 seguintes afirmações são válidas: e) Luizinho e Huguinho.
Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- 3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
mações contraditórias, pois numa contradição Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
haverá uma “verdade e mentira”. uma pessoa. Na delegacia:
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
mações contraditórias: z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se z Rogério disse que tinha sido Paulo;
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
contradizem.
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
Não podemos afirmar quem disse a verdade ou
assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi
quem mentiu ainda, mas já sabemos que quem que-
brou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas mentira
a) Lucas.
para quem não está na contradição).
b) Sandro.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – mentiu, logo
c) Rogério.
ele quebrou o vaso. d) Vitor.
Eliminamos as letras C, D e E. e) Paulo.
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
Luizinho falando a verdade. Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Resposta: Letra A. Se um estiver falando a verdade, outro está
mentindo.
2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são Como, ao todo, temos apenas uma mentira, então as
quatro amigas com diferentes idades. Quando se per- demais frases são verdadeiras. Assim, analisando as
guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as afirmações, percebemos que a frase de Rogério (que
seguintes respostas: é 100% verdade) deixa claro que o culpado foi Paulo.
Resposta: Letra E.
z Ângela: Eu sou a mais velha;
z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem; 4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão
z Carol: Eu não sou a mais jovem; cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
� Denise: Eu sou a mais jovem. e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen- nota que um deles não entregou sua parte, consegue
te, são: detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
do as seguintes alegações:
a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha.
b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Vamos analisar:
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-
� Ângela: Eu sou a mais velha;
tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
� Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem;
a) Arnaldo.
� Carol: Eu não sou a mais jovem;
b) Belarmino.
� Denise: Eu sou a mais jovem.
c) Cleocimar.
Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois
d) Dionésio.
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem
e) Ercílio.
e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
jovem, teremos um cenário em que todas as meni- ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
RACIOCÍNIO LÓGICO
nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que o que diz Dionésio e Ercílio:
ser a mais jovem. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
Como o enunciado diz que apenas uma delas está IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao a verdade:
mesmo tempo, o que é logicamente impossível em I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
um grupo de 4 meninas. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
jovem. a verdade e disse que foi o Ercílio.
Resposta: Letra D. Resposta: Letra E. 111
5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair c) 150.
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas d) 170.
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus- e) 190.
peitos deram as seguintes declarações:
Temos uma questão que relaciona os conceitos de
Cássio: Jair é o culpado do crime. conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. somar todos os valores e descontar do total. Fica:
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime. Total = 320.
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. Séries = 256.
Filmes = 194.
Jair: Eu não cometi o crime. Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B.
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos, 2. (FCC – 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram uma
exatamente três mentiram na declaração. Sendo
maratona. Logo após a largada, Antônio estava em
assim, o único inocente que declarou a verdade foi
primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e Carlos em
terceiro lugar. Durante a corrida Bruno e Antônio tro-
a) Cássio.
caram de posição 5 vezes, Bruno e Carlos trocaram de
b) Ernesto.
posição 4 vezes e Antônio e Carlos trocaram de posi-
c) Geraldo.
d) Álvaro. ção 7 vezes. A ordem de chegada foi
e) Jair.
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó- b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA. c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º).
Cássio: Jair é o culpado do crime. d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
Jair: Eu não cometi o crime. e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º).
Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul-
pado e disse a verdade como o enunciado afirmou. Para resolver essa questão basta saber que: se o
Mas, note que não podemos ter duas verdades como número de trocas for PAR (não importa a quantida-
a situação apresentada nos mostrou, pois é uma de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não
contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e importa a quantidade), serão trocadas.
não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen- Logo,
te e falou a verdade. 1º Antônio
Resposta: Letra E. 2º Bruno
3º Carlos
PROBLEMAS ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO Bruno e Antônio trocaram 5 vezes número ímpar,
LÓGICO então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru-
no 2º Antônio 3º Carlos
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre Bruno e Carlos trocaram 4 vezes número par,
os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos cada um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio
agora resolver algumas questões que envolvem pro- 3º Carlos
blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, Antônio e Carlos trocaram 7 vezes número ímpar,
pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos então, Antônio trocará de lugar com Carlos:
já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação 1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B.
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
resolver questões para entendermos como são cobra-
3. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra-
das em provas.
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana
chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana.
1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram
Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço.
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de
A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no
séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
serviço nesse dia foram:
dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam
de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos
uma das duas opções e que ninguém disse que não a) Bete, Ana e Carol.
gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e b) Bete, Carol e Ana.
filmes ao mesmo tempo? c) Ana, Carol e Bete.
d) Ana, Bete e Caro.
e) Carol, Bete e Ana.
Filmes Série
Ana chegou depois de Bete Então, Ana não foi a
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
194 256 Carol chegou antes de Ana Se Carol chegou antes
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A.
Carol não foi a primeira a chegar no serviço. Já
Total: 450
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a
alternativa E.
a) 110. Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana.
112 b) 130. Resposta: Letra B.
4. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO
dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con- Vamos entender e praticar a técnica básica para
clui-se que: resolver esse tipo de questão. Teremos que montar uma
tabela, contendo todas as possíveis associações, para
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios. então analisar as informações dadas no enunciado.
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios.
1. (FCC – 2016) Amanda, Brenda e Carmen são: médica,
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante.
engenheira e biblioteconomista, não necessariamente
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola.
nessa ordem. Comparando a altura das três, a biblioteco-
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios.
nomista, que é a melhor amiga de Brenda, é a mais baixa.
Sabendo-se também que a engenheira é mais baixa do
Primeiro: Escola__Correios__Restaurante
que Carmen, é necessariamente correto afirmar que
Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
Ótica__Escola__Correios__Restaurante a) Brenda é médica.
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa b) Carmen é mais baixa que a médica.
representação). c) Amanda é biblioteconomista.
Resposta: Letra E. d) Carmen é engenheira.
e) Brenda é biblioteconomista.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Seis amigos — Alberto,
Bruno, Carla, Dani, Evandro e Flávio — estão enfileira- Note que há 3 amigas, 3 profissões e 3 alturas na
dos, da esquerda para a direita, e dispostos da seguin- questão. Precisamos associar cada amiga a uma
te forma: altura e profissão já que não sabemos quem é quem.
Vamos construir uma tabela relacionando as ami-
I. Bruno está em uma posição anterior à de Carla; gas a cada profissão e altura. Veja:
II. Carla está imediatamente após Dani;
III. Evandro não está antes de todos os outros, mas está AMIGA PROFISSÃO ALTURA
mais próximo da primeira posição do que da última; médica, engenheira,
Amanda baixa, média, alta
IV. Flávio está em uma posição anterior à de Bruno; biblioteconomista
V. Bruno não ocupa a quarta posição da fila. médica, engenheira,
Brenda baixa, média, alta
biblioteconomista
Com base nessas informações, julgue o item a seguir, médica, engenheira,
considerando a ordenação da esquerda para a direita. Carmen baixa, média, alta
biblioteconomista
Bruno e Dani estão, necessariamente, em posições
consecutivas. Você também poderia construir a tabela usando
apenas as inicias de cada palavra para ganhar tem-
( ) CERTO ( ) ERRADO po na prova, ok? A tabela ficaria assim:
A primeira informação nos diz que Bruno está antes AMIGA PROFISSÃO ALTURA
de Carla. A m, e, b b, m, a
Da esquerda para a direita;
____Bruno___Carla___ B m, e, b b, m, a
No espaço pode conter outros amigos ou não; C m, e, b b, m, a
O item II deixa claro que Carla está logo após Dani,
sem ninguém entre elas. Bom! Agora vamos analisar as informações que a
___Dani-Carla___ questão nos deu e eliminar os dados que não fazem
Juntando à anterior, fica: sentido na tabela.
___Bruno___Dani-Carla___ Observe a passagem: “a biblioteconomista, que é a
Item IV fala que Flávio está antes de Bruno: melhor amiga de Brenda, é a mais baixa”. Percebe-
__Flávio___ Bruno___ Dani-Carla___ mos que Brenda não é a biblioteconomista (pois ela
Falta Alberto e Evandro, lembrando que: é amiga da biblioteconomista) e não pode ser a mais
Só a Dani pode ser a quarta pessoa ou não: baixa. Então vamos cortar essas opções na tabela
Flávio – Evandro – Bruno – Alberto – Dani – Carla relacionada a Brenda.
Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber-
to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item AMIGA PROFISSÃO ALTURA
RACIOCÍNIO LÓGICO
2. (FUNRIO – 2012) André, Paulo e Raul possuem 30, 35 e 3. (FCC – 2013) As irmãs Luciana, Rosana e Joana, de
40 anos de idade, não necessariamente nessa ordem. idades diferentes, possuem cada uma delas apenas
Eles são engenheiro, médico e psicólogo, porém não um cão de estimação. Os nomes dos cães são: Rex,
se sabe a correta associação entre nomes e profissão. Bobby e Touro. Um dos cães é preto, outro é marrom
Sabe-se, porém, que André não tem 40 anos de idade e o outro é branco. A ordem expressa na questão não
nem é engenheiro, que Paulo possui 35 anos de idade, representa a ordem das cores nem a ordem das donas.
que Raul não é médico, e que o médico não possui 30 Sabe-se que Rex, um cão marrom, não é de Joana e
anos de idade. pertence à irmã com idade do meio. Rosana, que não
Respectivamente, as profissões de André, Paulo e Raul é a mais nova, tem um cão branco que não é o Touro.
são: Sendo assim, é possível concluir corretamente que
Perceba que agora já conseguimos completar nossa 5. (SELECON – 2019) Ana, Beto, Carlos e Daniel colecio-
tabela, pois sobrou apenas a qualificação de mes- nam canecas.
tre para Alfa e automaticamente ele é professor de Considere verdadeiras as seguintes afirmações sobre
matemática. A partir disso as outras informações essas coleções.
irão se completar. Veja:
z Ana e Beto têm a mesma quantidade de canecas.
PESSOAS DISCIPLINAS QUALIFICAÇÕES z Ana possui menos canecas do que Carlos.
Física, Química, Especialista, Mestre, z Daniel e Carlos têm a mesma quantidade de canecas.
Alfa
Matemática Doutor
Logo, é verdade que:
Física, Química, Especialista, Mestre,
Beta
Matemática Doutor
a) Carlos têm menos canecas do que Beto.
Física, Química, Especialista, Mestre, b) Daniel têm menos canecas do que Beto.
Gama
Matemática Doutor c) Carlos e Ana têm a mesma quantidade de canecas.
d) Daniel têm mais canecas do que Ana.
Resposta: Letra C.
6. (SELECON – 2019) Os números da sequência abaixo
foram obtidos segundo um determinado padrão.
HORA DE PRATICAR!
4 17 3 10 7 50 1 2 8 x
1. (SELECON – 2020) Considere as 4 proposições abaixo:
z Se 3+2 = 6 então 4+4 = 9 Se esse padrão foi mantido até o 10º número dessa
z Se 3 = 3 então 3+4 = 9 sequência, o valor de x é:
z Se 2 < 3 então 7 > 4
z Se 1/3 é um número inteiro então 4 é número par a) 54
b) 57
Se n dessas proposições possui valor lógico verdadei- c) 60
ro, o valor de n é igual a: d) 65
a) iogurte sem açúcar é saudável z o algarismo da ordem das centenas seja igual ao quá-
b) iogurte não saudável tem açúcar druplo do algarismo da ordem das dezenas;
c) iogurte saudável não tem açúcar z o algarismo da ordem das dezenas seja maior do que
d) iogurte saudável pode ter açúcar o algarismo da ordem das unidade simples.” 117
Os alunos que acertaram o desafio encontraram um 2.
número cuja soma dos algarismos é igual a:
Temos um caso de negação da disjunção P ^ Q ( P e
a) 12 Q). A negação da disjunção é dada por ~P V ~Q (não
b) 11 P ou não Q). Vamos considerar P: João é bonito, Q:
c) 10 João estuda. Temos que: ~P: João não é bonito , ~Q :
d) 9 João não estuda. Concluímos, portanto, que a nega-
ção da proposição citada fica: João não é bonito ou
9. (SELECON – 2020) Uma frota é composta apenas de João não estuda, que podemos escrever como João
não é bonito ou não estuda. Resposta: Letra B.
carros de passeio e vans, num total de 144 veículos.
Se um terço dessa frota corresponde ao número de 3.
vans, a quantidade de carros de passeio existente na
frota é igual a: Temos uma questão de condicional e a proposição
acima pode ser reescrita como:
a) 48 “Se iogurte contém açúcar, então não é saudável”.
b) 54 Como foi solicitado uma afirmativa com mesmo
c) 82 significado, podemos pensar em proposição equiva-
d) 96 lente da condicional. Uma proposição equivalente à
condicional Se bastante presente nas provas de con-
10. (SELECON – 2021) O valor de um imóvel comprado cursos é a Contrapositiva. A contrapositividade da
em 2010 é estimado em V (x) = 300000. ( 5
)x reais proposição “Se P, então Q” é “Se ~Q, então ~P”. Daí
4 podemos concluir que uma proposição equivalente
após x anos do ano da compra.
à “Se iogurte contém açúcar, então não é saudável”
é “Se iogurte é saudável, então iogurte não contém
Essa estimativa prevê que o imóvel, a partir de sua
açúcar”. Resposta: Letra C.
compra, terá uma valorização anual de:
4.
a) 10%
b) 15% P1
c) 20% Gosta de ler
d) 25%
Professores
GABARITO COMENTADO
1. P2
Não gosta de ler
É possível obeservar que as 4 proposições são
formadas com o conectivo Se, então (Condicional).
E é preciso lembrar que a Condicional “Se P, então
Q” é falsa em apenas uma situação: quando P é ver- Aventureiros
dadeira e Q é falsa (Verdade -> Falso). Em qualquer
outra situação a condicional é verdadeira. Daí che-
garemos à seguinte conclusão:
Não existe interseção entre as pessoas que gostam
(V) Se 3+2 = 6 então 4+4 = 9 de ler e as que não gostam de ler. Concluímos, por-
Consideremos P: 3+2 = 6 que é falsa, Q: 4+4=9 que tanto, que não existem professores que são aventu-
também é falsa. Temos Falsa -> Falsa, logo, pela reiros. Resposta: Letra B.
regra da condicional, temos o resultado verdadeiro.
(F) Se 3 = 3 então 3+4 = 9 5.
Considerando P: 3 = 3 que é verdadeira e Q = 3+4=9
que é falsa. Temos Verdadeira -> Falsa que é a unica Para responder uma questão de ordenamento basta
situação que a condicional é falsa. que sigamos as instruções:
(v) Se 2 < 3 então 7 > 4 Pela primeira informação concluímos que:
Considerando P: 2<3 que é verdadeira e Q: 7>4 que Conclusão I: Canecas de Ana = Canecas de Beto
é verdadeira. Temos Verdadeira -> Verdadeira que Pela segunda informação temos que:
pela regra da condicional é verdadeira Conclusão II: Canecas de Ana < Canecas de Carlos
Junto à primeira e segunda informações temos que:
(v) Se 1/3 é um número inteiro então 4 é número par
Conclusão III: Canecas de Ana = Canecas de Beto <
Considerando que P: 1/3 é um número inteiro e Q: 4 é
Canecas de Carlos
numero par, temos Falso -> Verdade, que pela regra Pela terceira informação temos que:
da condicional é verdadeiro. Conclusão IV: Canecas de Daniel = Canecas de
Após analisar as 4 proposiçoes encontramos 3 ver- Carlos
dadeiras e uma falsa, portanto, como n é o número Pelas conclusões III e IV temos que:
de proposições verdadeiras concluímos que n = 3. Canecas de Ana = Canecas de Beto < Canecas de Car-
118 Resposta: Letra C. los = Canecas de Daniel. Resposta: Letra D.
6. 9.
8.
CD1
CD3
CD5
CD7
CD9
Como o número procurado possui três algarismo,
o algarismo das centenas não poderia ser igual a
zero. Por outro lado, temos que o algarismo das
centenas é o quádruplo do algarismo das dezenas,
então C = 4D.
C = 4D
RACIOCÍNIO LÓGICO
120
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
Ambiente seguro que exige
identificação, podendo es-
INFORMÁTICA
tar restrito a um local, que
Conexão com poderá acessar a Internet
Intranet
autenticação ou não. A Intranet utiliza o
mesmo protocolo da Inter-
net, o TCP, podendo usar o
UDP também.
CONCEITOS DE INTERNET E INTRANET
Conexão remota segura,
A Internet é a rede mundial de computadores que protegida com criptografia,
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, Conexão en-
entre dois dispositivos, ou
para proteger os sistemas de comunicação em caso de Extranet tre dispositi-
duas redes. O acesso re-
ataque nuclear, durante a Guerra Fria. vos ou redes
moto é geralmente supor-
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta- tado por uma VPN.
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced Importante!
Research Projects Agency, era um modelo de troca e com- Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
partilhamento de informações que permitisse a descen-
mas também questionam Extranet. A conexão
tralização das mesmas, sem um ‘nó central’, garantindo a
continuidade da rede mesmo que um nó fosse desligado. remota segura que conecta Intranets por meio de
A troca de mensagens começou antes da própria um ambiente inseguro que é a Internet, é natural-
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio mente um resultado das redes de computadores.
a Internet como conhecemos e usamos.
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e Internet, Intranet e Extranet
comercial, permitindo o acesso de todos. Redes de
computadores
Este tópico é muito prático. Nos concursos públicos, são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como “Histórico”, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.
Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Esses são os itens questionados em concursos públicos.
As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos) identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira, a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.
Internet
Explorer Navegador padrão do Windows 7, um dos mais
Microsoft questionados em concursos públicos, por ser
integrante do sistema operacional
Firefox
Software livre e multiplataforma que é leve,
Mozilla
intuitivo e altamente expansível
Chrome
Um dos mais populares navegadores do merca-
Google
do, multiplataforma e de fácil utilização
Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da
Apple Apple, atualmente está disponível para outros
sistemas operacionais
Opera
Navegador leve com proteções extras contra
Opera
rastreamento e mineração de moedas virtuais
Vejamos mais detalhadamente a respeito dos navegadores comerciais mais utilizados pelos usuários e mais
cobrados em provas de concurso a seguir.
Microsoft Edge
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o kernel
(núcleo) Google Chromium, o que traz uma série de itens semelhantes ao Google Chrome.
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartScreen, permite o bloqueio de sites que contenham phishing
(códigos maliciosos que procuram enganar o usuário, como páginas que pedem login/senha do cartão de crédito).
Outro recurso de proteção é usado para combater vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que favo-
122 recem o ataque de códigos maliciosos ao compartilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o Google Chrome
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- O navegador mais utilizado pelos usuários da
nhar’ sobre o conteúdo do PDF. Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
Mantém as características dos outros navegado- como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
res de Internet, como a possibilidade de instalação de muitos outros.
extensões ou complementos, também chamados de Uma das pequenas diferenças do navegador em
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
específicos para a navegação em determinados sites. para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas você acessar pelo Google Chrome.
como PDF no dispositivo do usuário. Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
para permitir que a navegação inicie em um dispositi- do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
vo e continue em outro dispositivo logado na mesma
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’
sugestões do Pinterest.
do site de buscas, como a tradução automática de
Outro recurso específico do navegador é a repro-
páginas pelo Google Tradutor.
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
Microsoft Bing (buscador da Microsoft). É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que
Internet Explorer cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
Foi o navegador padrão dos sistemas Windows, rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o usuário conecta ou não em sua conta Google.
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. z Modo Normal: sem estar conectado na conta Goo-
A compatibilidade é um princípio no desenvolvimen- gle, o navegador armazena localmente as informa-
to de substitutos para os programas, que determina que a ções da navegação para o perfil atual do sistema
nova versão ou novo produto, terá os recursos e irá ope- operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
rar como as versões anteriores ou produtos de origem. consultar as informações armazenadas;
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de z Modo Normal conectado na conta Google: o
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. navegador armazena localmente as informações
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- da navegação e sincroniza com outros dispositivos
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
conectados na mesma conta Google;
de Controle do Windows, devido à alta integração do
z Modo Visitante: o navegador acessa a Internet,
navegador com o sistema operacional.
mas não acessa as informações da conta Google
Mozilla Firefox registrada;
z Modo de Navegação Anônima: o navegador aces-
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- janela é fechada.
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre, Importante!
que permite download para estudo e modificações.
Possui suporte ao uso de applets (complementos de A navegação anônima é um recurso que muitos
terceiros), que são instalados por outros programas usuários utilizam para aumentar a sua privacida-
no computador do usuário, como o Java. de enquanto navega na Internet. Entretanto, ela
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização não te deixa anônimo. As informações acessa-
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- das serão registradas em dispositivos na rede e
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- pelos servidores que foram acessados.
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
dados não serão sincronizados.
Assim como nos outros navegadores, é possível O navegador Google Chrome, quando conectado
definir uma página inicial padrão, uma página inicial em uma conta Google, permite que a exclusão do his-
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar tórico de navegação seja realizada em todos os dis-
a navegação das guias abertas na última sessão. positivos conectados. Esta funcionalidade não estará
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela per- disponível, caso não esteja conectado na conta Google.
INFORMÁTICA
mite copiar para a Área de Transferência do computador, Como já dito, um dos atalhos de teclado diferente
parte da imagem da janela que está sendo acessada. A no Google Chrome em comparação aos demais nave-
seguir, em outro aplicativo o usuário poderá colar a ima- gadores é F6. Para acessar a barra de endereços nos
gem capturada ou salvar diretamente pelo navegador. outros navegadores, pressione F4. No Google Chrome
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles o atalho de teclado é F6.
oferecem pequenas dicas para que você possa apro- Para verificar a versão atualmente instalada do
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
muito mais. instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. 123
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos Outra forma de analisar um endereço URL é na
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício, sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites
com as mesmas credenciais de login. na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
O Google Chrome permite a personalização com de símbolos que não parecem legíveis. No entanto,
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- como tudo na Internet está padronizado, vamos ver as
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. partes de um endereço URL “completão”.
Confira:
URL
esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
Na Internet, as informações (dados) são arma-
querystring#fragmento
zenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os
servidores são computadores, que utilizam pastas
Onde “esquema” é o protocolo que será usado na
ou diretórios para o armazenamento de arquivos.
transferência.
Ao acessarmos uma informação na Internet, estamos
acessando um arquivo. Aqui, cabe-nos alguns ques- “Domínio” é o nome da máquina, o nome do site.
tionamentos: como é a identificação desse arquivo? “:” e “porta”, indica qual, entre as 65536 portas TCP
Como acessamos essas informações? Isso ocorre atra- será usada na transferência.
vés de um endereço URL. O endereço URL (Uniform “Caminho” indica as pastas no servidor, que é um
Resource Locator) que define o endereço de um recur- computador com muitos arquivos em pastas.
so na rede. Na sua tradução literal, é Localizador Uni- “Recurso” é o nome do arquivo que está sendo
forme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe: acessado.
“?” é para transferir um parâmetro de pesquisa,
protocolo://máquina/caminho/recurso usado especialmente em sites seguros.
“#” é para especificar qual é a localização da infor-
“Protocolo” é a especificação do padrão de comuni- mação dentro do recurso acessado (marcas)
cação que será usado na transferência de dados. Pode- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo ail?path=/mail/inbox#open
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text esquema: https://
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- domínio: outlook.live.com
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – porta: 5012
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. caminho: /owa/
“://” faz parte do endereço URL, para identificar recurso: hotmail
que é um endereço na rede, e não um endereço local querystring: path=/mail/inbox
como “/” no Linux ou ‘:\’ no Windows. fragmento: open
“Máquina” é o nome do servidor que armazena a
informação que desejamos acessar. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
“Caminho” são as pastas e diretórios onde o arqui-
navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
vo está armazenado.
servidor de nomes de domínios) será contactado para
“Recurso” é o nome do arquivo que desejamos
traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
acessar.
mação será localizada e transferida para o navegador
que solicitou o recurso.
Vamos conferir os endereços URL a seguir e suas
características.
ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO Servidor DNS
Usando o protocolo http, acessare-
mos o servidor abc, que é comercial
Internet
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos a Endereço URL
Usuário
divisão multimídia (www) com arqui-
h t t p : // w w w .
vos textuais, vídeos, áudios e imagens. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados
abc.com.br/
O recurso acessado é o index.html, são armazenados em servidores web com números de IP. O servidor
entendido automaticamente pelo na- DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na
vegador, por não ter nenhuma especi- Internet.
ficação de recurso no fim.
Usando o protocolo https, acessare- Conceitos e Funções Válidas para Todos os
mos o servidor abc, que é comercial Navegadores
h t t p s : // m a i l .
(.com) e pode estar registrado nos
abc.com/caixa z Modo normal de navegação: as informações serão
Estados Unidos. Acessaremos o dire-
s/inbox/ registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
saremos o serviço mail no servidor.
Formulários, Favoritos e Downloads;
Usando o protocolo de transferência
de arquivos ftp, acessaremos o servi-
ftp://ftp.abc.g
dor ftp da instituição governamental
ov.br/edital.pdf
(gov) brasileira (br) chamada abc, que
124 disponibiliza o recurso edital.pdf.
z Modo de navegação anônima: as informações de z Definir zoom em 100%: Ctrl+0 (zero).
navegação serão apagadas quando a janela for fecha- z Para acessar a página inicial do navegador: Alt+ Home
da. Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos; z Para visualizar os downloads em andamento ou
concluídos: Ctrl+J.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página:
Ctrl+F.
z Atualizar a página: F5.
z Recarregar a página: Ctrl+F5.
Formas de Acesso ao Correio Eletrônico Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP
Dica
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
Receber – POP3 Receber IMAP4 usado nas redes de computadores.
Servidor Exchange Servidor Gmail O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
Enviar e-mail nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
com confirmação O destinatário
de leitura confirma a leitura incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
Recebendo a
da mensagem o link recebido em um convite por e-mail.
confirmação de leitura Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
e-mail as mensagens que os outros usuários envia-
Remetente Destinatário rem. Poderá optar por um resumo das mensagens, ou
Cliente
Webmail resumo semanal, ou apenas visualizar na página do
Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de Leitura, o
grupo. Lembrando que, nos anos 90/2000, os e-mails
destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do conteúdo tinham tamanho limitado para a caixa de entrada de
128 do e-mail. cada usuário.
O envio para um endereço único permite a distribuição para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia da men-
sagem e anexos, se houverem, será disponibilizada no mural da página do grupo, para consultas futuras.
Mensagem
enviada para
Grupos de todos os
discussão participantes
inscritos no
Mensagem enviada grupo
para o endereço de de discussão
e-mail do grupo
Usuários da Internet
Quem não é inscrito
no grupo, não recebe a
Usuário participante mensagem
Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam mensagens por meio de um hub que centraliza e distribui para os demais
participantes.
A qualquer momento o usuário poderá desistir e sair do grupo, tanto pela página como por um endereço de
e-mail próprio (unsubscribe).
A principal diferença entre um grupo de discussão e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada com a exi-
bição do endereço dos participantes. Em um grupo de discussão, cada membro tem acesso a um endereço que enviará
cópia para todos os participantes do grupo. Nas mensagens respondidas, aparece o endereço original do remetente.
Apesar do tópico aparecer em diversos editais de concursos, faz vários anos que não são aplicadas questões
sobre o tema, em todos os concursos, independente da banca organizadora.
Dica
Os Grupos de Discussão (com as características e funcionalidades originais) desapareceram ao longo do
tempo, sendo substituídos pelos grupos nas redes sociais (com novos recursos e integração com os perfis
delas). Esse é um tópico que deverá ser questionado cada vez menos.
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm, como finalidade, apresentar os resultados de endereços
URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pesquisa da
atualidade. No passado, sites como Cadê, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a acessibilidade das
informações existentes na Internet, indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos navegadores de Internet e, na configuração dos browsers, temos
a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite a busca dos termos digitados diretamente na barra de endereços
do cliente web. Essa funcionalidade transforma a nossa barra de endereços em uma omnibox (caixa de pesquisa
inteligente), que preenche com os termos pesquisados anteriormente e oferece sugestões de termos para comple-
tar a pesquisa.
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como buscador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm o
Google Buscas como buscador padrão. As configurações podem ser personalizadas pelo usuário.
Os sites de pesquisas incorporam recursos para operações cotidianas, como pesquisa por textos, imagens,
notícias, mapas, produtos para comprar em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, traduz textos de um idioma
para outro, entre inúmeras funcionalidades, ignoram pontuação, acentuação e não diferenciam letras maiúsculas
de letras minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
Além de todas essas características, os sites de pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (símbolos)
para refinar os resultados e comandos para selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos concursos públicos,
esses são os itens mais questionados.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de concursos públicos, essa parte você consegue praticar até
no seu smartphone. Comece a usar os símbolos e comandos nas suas pesquisas na Internet e visualize os resulta-
dos obtidos.
Os comandos são seguidos de dois pontos e não possuem espaço com a informação digitada na pesquisa.
O site de pesquisas Google também oferece respostas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing oferece
mecanismos similares.
As possibilidades são quase infinitas, pois os assistentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana) permi-
tem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
Os resultados apresentados pelas pesquisas do site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar os
resultados com conteúdo adulto, evitando a sua exibição. Quando desativado, os resultados de conteúdo adulto
serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.bing.com, acesse o menu no canto superior direito e escolha
o item Pesquisa Segura.
No Google, na página do site do buscador www.google.com, acesse o menu Configurações no canto inferior
direito e escolha o item Configurações de Pesquisa.
Importante!
As bancas costumam questionar funcionalidades do Microsoft Bing que são idênticas às funcionalidades do
Google Buscas, com o intuito de confundir os candidatos acerca do recurso questionado.
REDES SOCIAIS
As redes sociais se tornaram populares entre os usuários ao oferecerem os pilares dos relacionamentos em
formato digital: curtir, comentar e compartilhar.
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. Na
prática, esses conceitos acabam sendo sobrepostos nas novas redes.
O modelo pode ser centralizado, descentralizado ou distribuído. No modelo centralizado, as informações são exi-
bidas para os usuários a partir de servidores de uma empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuário. Locali-
zação, idade, sexo, preferências políticas e todas as demais informações dadas pelos usuários no perfil da rede social
serão usadas para a apresentação dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um exemplo centralizado, com
distribuição de conteúdo semelhante à topologia Estrela, das redes de computadores, com um nó centralizador.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são aquelas que, apesar de existirem nós maiores e principais,
os usuários acessam apenas parte das informações disponíveis. Critérios informados nos perfis dos usuários,
postagens que ele curtiu, postagens que ele ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos dentro das redes
sociais etc. O Facebook é um exemplo de rede descentralizada, na qual as conexões pessoais são expandidas para
o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que dependem das conexões de um usuário para terem acesso a
outras conexões. O LinkedIn, por exemplo, prioriza as conexões conhecidas e as conexões relacionadas, indepen-
dente dos grupos dos quais o usuário está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de dados de usuários pode comprometer a segurança da informa-
ção. Técnicas de Engenharia Social podem ser usadas para vasculhar as informações publicadas pelos usuários
à procura de conexões, relacionamentos, senhas, dados de documentos e outras informações que poderão ser
130 usadas contra o usuário.
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
MÍDIAS
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
O Wikipedia é um site para publicação de conhecimento Usuários colaboradores e voluntários que contribuem
no formato colaborativo com novos conteúdos e revisões
Saiba:
Redes sociais é um tópico pouco questionado em concursos públicos, devido às atualizações que elas oferecem
quase diariamente em seus recursos e operação de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje com as regras e
recursos do Facebook do ano passado, verá que muitas funcionalidades foram alteradas.
z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos instalados no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Windows
8 com a lista de programas do Windows 7.
z Pesquisar – com novo atalho de teclado, a opção pesquisar permite localizar, a partir da digitação de termos,
itens no dispositivo, na rede local e na Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte atalho de teclado: Win-
dows+S (Search).
z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de informações no dispositivo, na rede local e na Internet. 131
Importante!
A assistente virtual Cortana é uma novidade do Windows 10 que está aparecendo em provas de concursos
com regularidade. Semelhante ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e Alexa (Amazon), essa integra
recursos de acessibilidade por voz para os usuários do sistema operacional.
z Visão de Tarefas – permite alternar entre os programas em execução e abre novas áreas de trabalho. Seu
atalho de teclado é: Windows+TAB.
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão do Windows 10. Ele está configurado com o buscador padrão
Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário baixar novos aplicativos para Windows.
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico, que carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se
tornar um hub de e-mails com adição de outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de programas para acessar rapidamente.
z Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápi-
do, que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
z Central de Ações – centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado.
z Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
z Gerenciador de Tarefas – para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc.
z Minimizar todas as janelas – com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar
todas as janelas abertas, visualizando a área de trabalho.
z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados
de uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será gra-
vada em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
z Windows Hello – sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessi-
dade de uso de senha.
z Windows Defender – aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e
antispyware.
No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de arqui-
vos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O
usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos arqui-
vos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.
O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.
Exabyte
(EB)
Petabyte
(PB)
Terabyte
(TB)
Gigabyte trilhão
Megabyte (GB)
(MB) bilhão
Kilobyte
milhão
(KB) mil
Byte
(B)
Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia... Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8
bits, que são sinais elétricos (que vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para repre-
sentação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um
pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua
residência está operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arqui-
vo com 75 MB de tamanho levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.
Importante!
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exibido em modo de visualização de Detalhes, nas Propriedades
(botão direito do mouse, menu de contexto) e na barra de status do Explorador de Arquivos. Poderão ter as
unidades KB, MB, GB, TB, indicando quanto espaço ocupam no disco de armazenamento.
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.
Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos
z Pastas
Estruturas do sistema operacional: Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users), Windows.
A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da árvore de diretórios), representada pela barra inverti-
da: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas
Músicas) – bibliotecas
Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus Vídeos),
Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas
Área de Trabalho: Desktop, que permite acesso à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos, programas e
atalhos.
Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos, permitindo a recupe-
ração dos dados.
z Atalhos
Arquivos que indicam outro local: Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT ou CTR-
L+SHIFT pressionado.
z Drivers
Arquivos de configuração: Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software com o hardware.
O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador de
Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para um
arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são independentes dos objetos que os referenciam, portanto, se
forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.
ÁREA DE TRABALHO
A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos
Lixeira Firefox
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Arquivos
Pastas de Edge Chrome Thunderbird
Arquivos Secure Co..
Barra de Tarefas
Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop) 135
Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.
Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.
Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.
1 +1 não está em
execução execução execução
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA
Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transfe-
rência é um espaço da memória RAM, que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada
poderá ser inserida em outro local, e ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação
de pastas e arquivos.
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo da Área de Transferência, acione o atalho de teclado Windo-
ws+V (View).
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inse-
rido em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.
Dica
As três teclas de atalhos mais questionadas em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C e Ctrl+V, que acio-
nam os recursos da Área de Transferência.
As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pressionar Del ou
Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem necessidade de acessar a
Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintS-
creen, o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
Windows.
136
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, realização
de ações e controle das ações que serão desfeitas.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distinção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX.
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local.
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas),
? (interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador
de comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).
Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. As
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes utilizam imagens
nas questões.
Lixeira
Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item. 137
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.
Arrastar na mesma unidade, será movido. Arrastar entre unidades diferentes, será copiado.
Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, indepen-
com a tecla CTRL pressionada dente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, indepen-
com a tecla SHIFT pressionada dente da origem ou do destino da ação
Arrastar com o botão principal pressionado um item Será criado um atalho para o item, independente da origem ou
com a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) do destino da ação
Clique em itens com o botão principal, enquanto Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o início, e o
mantém a tecla SHIFT pressionada último item será o final, de uma região contínua de seleção
Extensões de arquivos
O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.
Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executar ele, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
manipulado).
138
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.
Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.
Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer.
Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc.
Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.
Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador.
Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.
MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo.
Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som.
BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.
PNG, TIF
Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.
Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.
EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados.
BAT
Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text Format, uma
tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para múltiplas plata-
formas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word e LibreOffice
Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
INFORMÁTICA
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi-Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. 139
Modo Avião é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida,
a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
demais tipos de uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
ções, como, por exemplo, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.
Um dos temas mais questionado em provas anteriores são os modos de exibição do Windows. Se tem um
computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar
a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.
1. Barra de menus
6. Barra de Rolagem
1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
140 Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
PROGRAMAS E APLICATIVOS
Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.
Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações,
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades1 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters2), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).
No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como
por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.
Firewall do Windows
Painel de controle
WINDOWS 10 O QUE
Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.
Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos e
Este Computador
pastas Favoritas.
Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, melho-
Desfragmentar e Otimizar Unidades
rando o tempo de leitura dos dados.
Win+S Pesquisar.
Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.
Configurações Permite configurar software e hardware do computador.
Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows.
xBox (Games, músicas = Groove) Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do Xbox One.
INFORMÁTICA
1 Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
2 Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster. 141
WINDOWS 10 O QUE
Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explora-
OneDrive integrado
dor de Arquivos.
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente per-
Windows Store
mite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
Windows Update, Windows Update for
Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
Business, Current Branch for Business
Windows as a Service – WaaS.
e Long Term Servicing Branch
Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado.
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dispo-
Modo tablet
sitivos tipo conversíveis.
Email, Calendário, Notícias, entre ou-
Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas.
tros – também foram melhorados.
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha.
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Configurações > Sistema >
Analisar o espaço de armazenamento em seu PC.
Armazenamento
Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando.
Cortana Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em português.
Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as mensa-
Central de Notificações
gens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras.
Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.
Dica
Os atalhos de teclado do Windows são de termos originais em inglês. Por serem atalhos de teclado do siste-
ma operacional, são válidos para os programas que estiverem sendo executados no Windows.
ATALHO AÇÃO
Alt+Esc Alterna para o próximo aplicativo em execução.
Alt+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução.
Backspace Volta para a pasta anterior, que estava sendo exibida no Explorador de Arquivos.
Ctrl+A Selecionar tudo.
Ctrl+C Copia o item (os itens) para a Área de Transferência.
Ctrl+Esc Botão Início.
Ctrl+E / Ctrl+F Pesquisar.
Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas.
Ctrl+V Cola o item (os itens) da Área de Transferência no local do cursor.
Ctrl+X Move o item (os itens) para a Área de Transferência.
Ctrl+Y Refazer.
Desfaz a última ação. Se acabou de renomear um arquivo, ele volta ao nome original. Se acabou
Ctrl+Z
de apagar um arquivo, ele restaura para o local onde estava antes de ser deletado.
Del Move o item para a Lixeira do Windows.
F1 Exibe a ajuda.
As extensões dos arquivos editáveis produzidos pelos pacotes de produtividade são apresentadas na tabela a
seguir.
EXTENSÕES DE
MICROSOFT OFFICE LIBREOFFICE
ARQUIVOS
INFORMÁTICA
As extensões do Microsoft Office, para arquivos editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo forma-
tado com XML, que foi introduzido na versão 2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em referência ao
Open Document, do Open Office. 143
Microsoft Office MS – WORD2016 OU SUPERIOR
Guia atual
Acesso rápido
Item com listagem
Guias ou abas
z Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado;
z A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos, como será mostrado na tabela a seguir:
Recortar
Copiar
Área de Transferência
Colar
Pincel de Formatação
Página Inicial
Nome da fonte
Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte
INFORMÁTICA
Diminuir fonte
145
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE
Folha de Rosto
Quebra de Página
Imagem
Formas
Importante!
As bancas priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a produção de arquivos
(parte prática dos programas). Nas questões de editores de textos, a produção de documentos formatados
com imagens ilustrativas no formato antes/depois são os assuntos mais abordados.
z As guias possuem uma organização lógica sequencial das tarefas que serão realizadas no documento, desde o
início até a visualização do resultado final, como veremos na tabela a seguir:
BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, salvar e enviar.
Tarefas iniciais: O início do documento, acesso à área de transferência, formatação de fontes,
Página Inicial
parágrafos e formatação do conteúdo da página.
Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe no documento, tabela, ilustrações
Inserir
e instantâneos.
Layout da Página Configuração da página: Formatação global do documento e formatação da página.
Design Reúne formatação da página e plano de fundo.
Referências Índices e acessórios: Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários etc.
Correspondências Mala direta: Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos.
Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de
Revisão
alterações, comentários, comparar, proteger etc.
Exibir Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados por meio das opções da guia referências, que estão disponíveis, na Microsoft
Word, na guia Página Inicial.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o “modelo de formata-
ção no texto”, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação. O conteúdo
não será copiado, somente a formatação. Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários
locais até pressionar a tecla Esc ou iniciar uma digitação.
Seleção
Utilizando-se do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, pará-
146 grafos e até o documento inteiro.
Dica
Assim como no Windows, as operações com mouse e teclado também são questionadas nos programas do
Microsoft Office. Entretanto, por terem conteúdos distintos (textos, planilhas e apresentações de slides), a
seleção poderá ser diferente para algumas ações.
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia a dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto “aleatório” com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.
PARÁGRAFOS
Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter. Um parágrafo poderá ter diferentes for-
matações. Confira:
147
Os editores de textos, recursos que conhecemos no dia a dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo).
Ctrl+Shift+
Espaço em branco não separável
Espaço
- - Hifens opcionais
- - Âncoras de objetos
148
FONTES
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
As formatações de fontes estão disponíveis no grupo Fonte, da guia Página Inicial.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana, são os
mais comuns. Para facilitar o acesso a essas fontes, o atalho de teclado é: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Vejamos, agora, alguns atalhos de teclado:
z Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo teclado com Ctrl+Shift+<
para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte;
z Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I)
e sublinhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre
as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho Ctrl + =), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito.
Por sua vez, Sombra é um efeito independente, que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos
Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devendo ser individuais.
Para finalizar esse assunto, temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro
de si mesmo. Temos, então, Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem
considerar os espaços entre as palavras) etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
Dica
As questões sobre Fontes são práticas. Portanto, se puder praticar no seu computador, será melhor para a
memorização do tema. As questões são independentes da versão, portanto poderá usar o Word 2007 ou
Word 365, para testar as questões de Word 2016 ou superior.
COLUNAS
O documento inicia com uma única coluna. Em Layout da Página podemos escolher outra configuração, além
de definir opções de personalização.
As colunas poderão ser definidas para a seção atual (divisão de formatação dentro do documento) ou para o
documento inteiro. Assim como os cadernos de provas de concursos, que possuem duas colunas, é possível inserir
uma “Linha entre colunas”, separando-as ao longo da página.
INFORMÁTICA
149
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS
Ao pressionar duas vezes “Enter”, sairá da formatação dos marcadores simbólicos, retornando ao Normal.
Os marcadores numéricos são semelhantes aos marcadores simbólicos, mas com números, letras ou algaris-
mos romanos. Podem ser combinados com os Recuos de parágrafos, surgindo o formato Múltiplos Níveis.
MÚLTIPLOS
NÚMEROS LETRAS ROMANOS
NÍVEIS
1. Exemplo a. Exemplo i. Exemplo 1) Exemplo
2. Exemplo b. Exemplo ii. Exemplo a) Exemplo
3. Exemplo c. Exemplo iii. Exemplo 2) Exemplo
4. Exemplo d. Exemplo iv. Exemplo a) Exemplo
Para trabalhar com a formatação de marcadores Múltiplos níveis, o digitador poderá usar a tecla “TAB” para
aumentar o recuo, passando os itens do primeiro nível para o segundo nível. E também pelo ícone “Aumentar
recuo”, presente na guia Página Inicial, grupo Parágrafo. Usando a régua, pode-se aumentar o recuo também.
Dica
Ao teclar “Enter” em uma linha com marcador ou numeração, mas sem conteúdo, você sai do recurso, voltan-
do à configuração normal do parágrafo. Se forem listas numeradas, itens excluídos dela provocam a renume-
ração dos demais itens.
IMPRESSÃO
Disponível no menu Arquivo e pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Alt+I, Visualizar Impressão), a impres-
são permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do Painel
de Controle.
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Imprimir Sele-
ção, Imprimir Página Atual, imprimir as Propriedades), quais serão as páginas (números separados com ponto e
vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por traço uma sequência de páginas, com a letra s uma
seção específica, e com a letra p uma página específica).
Havendo a possibilidade, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso automático, ou manual.
O agrupamento das páginas permite que várias cópias sejam impressas uma a uma, enquanto Desagrupado, as
páginas são impressas em blocos.
As configurações de Orientação (Retrato ou Paisagem), Tamanho do Papel e Margens, podem ser escolhidas no
momento da impressão, ou antes, na guia Layout da Página. A última opção em Imprimir possibilita a impressão
de miniaturas de páginas (várias páginas por folha) em uma única folha de papel.
150
Dica
Se envolvem configurações diferentes, temos Quebras.
Cabeçalhos diferentes... quebras inseridas. Colunas diferentes... quebras inseridas. Tamanho de página dife-
rente... quebra inserida.
Numeração de Páginas
Disponível na guia Inserir permite que um número seja apresentado na página, informando a sua numeração
INFORMÁTICA
em relação ao documento.
Combinado com o uso das seções, a numeração de página pode ser diferente em formatação a cada seção do
documento, como no caso de um TCC.
151
Conforme observado na imagem acima, o número de página poderá ser inserido no Início da Página (cabeça-
lho), ou no Fim da página (rodapé), ou nas margens da página, e na posição atual do cursor.
ÍNDICES
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.
Dica
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
INSERÇÃO DE OBJETOS
Disponíveis na guia Inserir, os objetos que poderiam ser inseridos no documento estão organizados em
categorias:
z Páginas: objetos em forma de página, como a capa (Folha de Rosto), uma Página em Branco ou uma Quebra de
Página (divisão forçada, quebra de página manual, atalho Ctrl+Enter);
z Tabela: conforme comentado anteriormente, organizam os textos em células, linhas e colunas;
z Ilustrações: Imagem (arquivos do computador), ClipArt (imagens simples do Office), Formas (geométricas),
152 SmartArt (diagramas), Gráfico e Instantâneo (cópia de tela ou parte da janela).
Na sequência dos objetos para serem inseridos em um documento, encontramos:
z Links: indicado para acessar a Internet via navegador ou acionar o programa de e-mail ou criação de referên-
cia cruzada;
z Cabeçalho e Rodapé;
z Texto: elementos gráficos como Caixa de Texto, Partes Rápidas (com organizador de elementos do documen-
to), WordArt (que são palavras com efeitos), Letra Capitular (a primeira letra de um parágrafo com destaque),
Linha de Assinatura (que não é uma assinatura digital válida, dependendo de compra via Office Marketplace),
Data e Hora, ou qualquer outro Objeto, desde que instalado no computador;
z Símbolos: inserção de Equações ou Símbolos especiais.
CAMPOS PREDEFINIDOS
Estes campos são objetos disponíveis na guia Inserir que são predefinidos. Após a configuração inicial, são
inseridos no documento.
Além da configuração da Linha de Assinatura, existem outras opções, como Data e Hora, Objeto e dentro do
item Partes Rápidas, no grupo Texto, da guia Inserir, a opção Campo.
Entre as categorias disponíveis, encontramos campos para automação de documento, data e hora, equações e
fórmulas, índices, informação sobre o documento, informações sobre o usuário, mala direta, numeração, vínculos
e referências.
INFORMÁTICA
153
Atalhos de Teclado – Word 2016 ou Superior
ATALHO AÇÃO
Ctrl+A Abrir: carrega um arquivo da memória permanente para a memória RAM.
Salvar: grava o documento com o nome atual, substituindo o anterior. Caso não tenha nome, será
Ctrl+B
mostrado “Salvar como”.
Ctrl+J Justificar: alinhamento do texto distribuído uniformemente entre as margens esquerda e direita.
Ctrl+R Refazer.
Pincel de Formatação: para copiar a formatação de um local e aplicá-la a outro, seja no mesmo
Ctrl+Shift+C
documento ou outro aberto. Para colar a formatação copiada, use Ctrl+Shift+V.
Ctrl+Z Desfazer.
F1 Ajuda.
LIBREOFFICE WRITER
Antes de começarmos, vale a pena relembrar que o pacote que antes era conhecido como BrOffice teve seu
nome trocado para LibreOffice, mudança que ocorreu em todos os programas do pacote (Writter, Calc e Impress).
A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interface da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um fundo
cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando mais parecido com o Word 2016.
154 A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
O LibreOffice Writer é integrado com os demais programas do pacote, permitindo a inserção de fórmulas avan-
çadas de cálculos do LibreOffice Calc em uma tabela do documento de textos, por exemplo.
O LibreOffice Writer grava documentos com a extensão ODT, mas também poderá gravar em outros formatos
como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos que são gravados pelo programa, também poderão ser abertos por ele.
Importante!
O que você faz no Word, você faz no Writer. Quase tudo tem correspondente entre os aplicativos. Alguns
atalhos de teclado são diferentes, alguns nomes de comandos são diferentes, mas a maioria dos itens são
iguais.
O botão abc é usado para fazer a verificação ortográfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação ortográfi-
ca o atalho é Shift+F7. A auto verificação ortográfica é para correção automática de todos os erros do documento
segundo as configurações pré-determinadas pelo editor de textos Writer.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma pala-
vra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado verde). Já
a autocorreção é um recurso diferente, que permite substituir erros comuns, como a ausência de maiúscula no
início de uma frase, corrigir o uso acidental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre maiúscula e minúscu-
la), acentuação na palavra não (quando digitamos naõ), e principalmente a substituição de símbolos por palavras,
definidos pelo usuário, no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.
Os documentos do LibreOffice Writer possuem a seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos do Micro-
soft Word e conceitos:
z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text). Os documentos são arquivos editáveis pelo usuário. Os
Modelos, com extensão OTT (Open Template Text), contém formatações que serão aplicadas aos novos documen-
tos criados a partir dele.
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo o tamanho do papel e margens. Definições estão no menu
Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
A4
z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem
usadas configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho etc., as seções serão usadas. Disponível no
menu Inserir, item Seção...
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação indepen-
dente do parágrafo anterior, e do parágrafo seguinte.
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha.
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação etc. Podemos definir a formatação
do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Texto.
A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágra-
fos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador. 155
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.
Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).
Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos está relacionada
aos atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.
Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador
Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)
3 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
4 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
6 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
7 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
8 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação. 157
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando
Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.
z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta.
A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:
Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.
MENU SIGNIFICADO
Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).
Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux.
9 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
158 10 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também.
MENU SIGNIFICADO
Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom.
Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.
Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e nume-
Formatar
ração, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.
Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.
Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recur-
Tabelas
so. Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.
Impressão
Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).
Havendo a possibilidade disponível na impressora, serão impressas de um lado da página, ou frente e verso
automático, ou manual. Ao contrário do Word, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o Writer divide
em guias as opções da impressão.
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde a cria-
ção de uma agenda de compromissos, passando pelo controle de ponto dos funcionários e folha de pagamento, ao
controle de estoque de produtos e base de clientes. Diversas funções internas oferecem os recursos necessários
para a operação.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o Office 2007, e permanece até hoje.
O Microsoft 365 é o pacote de aplicações para escritório que possui a versão online acessada pelo navegador de
Internet e a versão de instalação no dispositivo. O Microsoft 365, ou Office 365 como era nomeado até pouco tempo
atrás, é uma modalidade de aquisição da licença de uso mediante pagamentos recorrentes. O usuário assina o ser-
viço, disponibilizado na nuvem da Microsoft, e enquanto perdurarem os pagamentos, poderá utilizar o software.
Importante!
As planilhas de cálculos não são bancos de dados. Muitos usuários armazenam informações (dados) em
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de dados, porém o Microsoft Access é o software do
pacote Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um banco de dados tem informações armazenadas
em registros, separados em tabelas, conectados por relacionamentos, para a realização de consultas.
INFORMÁTICA
Guias – Excel
BOTÃO/GUIA LEMBRETE
Arquivo Comandos para o documento atual: Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.
Página Inicial Tarefas iniciais: O início do trabalho, acesso à Área de Transferência (Colar Especial),
formatação de fontes, células, estilos etc.
159
Inserir Tarefas secundárias: Adicionar um objeto que ainda não existe. Tabela, Ilustrações, Instantâ-
neos, Gráficos, Minigráficos, Símbolos etc.
Dados Informações na planilha: Possibilitam obter dados externos, classificar e filtrar, além de ou-
tras ferramentas de dados.
Revisão Correção do documento: Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle
de alterações, comentários, proteger etc.
Exibição Visualização: Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
Os atalhos de formatação (Ctrl+N para negrito, Ctrl+I para itálico, entre outros) são os mesmos do Word.
F4 Refazer.
A planilha em Excel, ou folha de dados, poderá ser impressa em sua totalidade, ou apenas áreas definidas pela Área
de Impressão, ou a seleção de uma área de dados, ou uma seleção de planilhas do arquivo, ou toda a pasta de trabalho.
Ao contrário do Microsoft Word, o Excel trabalha com duas informações em cada célula: dados reais e dados formatados.
Por exemplo, se uma célula mostra o valor 5, poderá ser o número 5 ou uma função/fórmula que calculou e
160 resultou em 5 (como =10/2)
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encontro entre uma linha e uma coluna. A seleção individual é com
a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomeadas com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, numeradas com números;
Célula
Linha
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas (nomea-
das de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com quanti-
dade de memória RAM disponível, nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência será
criada. Se for um texto, é copiado, mas texto com números é incrementado. Dias da semana, nome de mês e
datas são sempre criadas as continuações (sequências);
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Havendo diversos valores para serem mesclados, o Excel manterá
somente o primeiro destes valores, e centralizará horizontalmente na célula resultante;
E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje, poderá juntar as informações das células.
Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar, disponível na guia Página Inicial:
z Mesclar e Centralizar: Une as células selecionadas a uma célula maior e centraliza o conteúdo da nova célula;
Este recurso é usado para criar rótulos (títulos) que ocupam várias colunas;
INFORMÁTICA
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células selecionadas em uma célula maior;
z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecionadas em uma única célula, sem centralizar;
z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o procedimento realizado para a união de células.
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha de dados, é o conjunto de valores armazenados nas células.
Estes dados poderão ser organizados (classificação), separados (filtro), manipulados (fórmulas e funções), além de
apresentar em forma de gráfico (uma imagem que representa os valores informados). 161
Para a elaboração, poderemos:
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula;
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas;
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel;
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica;
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células);
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.
1 FRAÇÃO: EX.: 4
2
102 CIENTIFICO. EX.: 4,00E + 00
ab TEXTO: EX.: 4
Dica
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem-
plo, na verdade é um número formatado como data. Por isto conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si, mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ fica posicionado na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00
O ícone é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
162 Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0
1 100% 100,00%
2 200% 200,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
1 R$1,00 1,00
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar
casas decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.
Simbologia Específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.
% (percentual) Percentual = 20% Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por 100
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
INFORMÁTICA
Importante!
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos);
Identificar a simbologia básica do Excel (informática);
Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática);
Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico).
163
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo;
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio;
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
z O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 );
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2.
Importante!
O símbolo de cifrão é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
164
SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES
Identifica uma
= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador
função ou os valo-
( ) parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1
res de uma opera-
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2
ção prioritária
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel substi-
tuirá pelo sinal de igual.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Pode-
remos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fór-
INFORMÁTICA
mulas. Com este recurso, muito questionado em concursos, o usuário poderá ver setas na planilha indicando a
relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- z MENOR(valores;posição): exibe o menor valor de
tentes nas células A1, A2 e A3; uma série, segundo o argumento apresentado.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
tentes nas células A1 até A5; Valores iguais ocupam posições diferentes.
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas cé-
célula A1, com 34 (valor literal) e B3; lulas A1 até D6.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, z SE(teste;verdadeiro;falso): avalia um teste e
operando apenas áreas quadrangulares; retorna um valor caso o teste seja verdadeiro ou
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 outro caso seja falso.
com B1 e C1 até C3;
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
3 e o valor A1 duas vezes. A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
z SOMASE(valores;condição): realiza a operação segunda parte, e o que fazer caso seja falso na última
de soma nas células selecionadas, se uma condição parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais se-
for atendida. rão realizadas as duas operações, somente uma delas,
segundo o resultado do teste.
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para A função SE usa operadores relacionais (maior,
que seja somado): menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15; textos literais.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. =SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor
da célula A1 não é 10”)
z MÉDIA(valores): realiza a operação de média =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
nas células selecionadas e exibe o valor médio valor não é negativo”)
encontrado. =SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O
valor não é positivo”)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- É possível encadear funções, ampliando as áreas
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
vazias não entram no cálculo da média.
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor
z MED(valores): informa a mediana de uma série é negativo”;”Valor é positivo”))
de valores.
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequên- exibe a mensagem e finaliza a função, mas se não for
cia de valores com quantidade ímpar, eles serão orde- igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
nados e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e rando a função. Por fim, se não é igual a zero, e não é
a mediana é 5. menor que zero, só poderia ser maior do que zero, e a
Se temos uma sequência de valores com quantida- mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
de par, a mediana será a média dos valores que estão Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), usado somente no início da digitação da célula.
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A As funções CONT são usadas para informar a quanti-
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). dade de células, que atendem às condições especificadas.
z MÁXIMO(valores): exibe o maior valor das célu- z CONT.NÚM: para contar quantas células possuem
166 las selecionadas. números;
z CONT.VALORES: quantidade de células que estão SOMASES (células para somar; células1;
preenchidas; teste1;células2;teste2)
z CONTAR.VAZIO: quantidade de células que não
estão preenchidas; Verifica as células que atendem aos testes e soma
z CONT.SE: quantidade de células que atendem à as células correspondentes.
uma condição específica; Os intervalos de teste e de soma podem ser os
z CONT.SES: quantidade de células que atendem a mesmos.
várias condições simultaneamente.
MÉDIASE(células para testar; teste; células
para calcular a média)
CONT.VALORES(células): esta função conta
todas as células em um intervalo, exceto as Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
células vazias. a média das células correspondentes.
Os intervalos de teste e de média podem ser os
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da mesmos.
contagem, informando quantas células estão preen-
chidas com valores, quaisquer valores. PROCV(valor_procurado; matriz_tabela;
núm_índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
CONT.NÚM (células): conta todas as células
A função PROCV é utilizada para localizar o va-
em um intervalo, exceto células vazias e célu-
lor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
las com texto.
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
Efetua um teste nas células especificadas, e soma Junta os textos especificados em um intervalo de
INFORMÁTICA
as correspondentes nas células para somar. células para uma nova sequência.
Os intervalos de teste e de soma podem ser os
mesmos. =CONCAT(A1:A5) junta o conteúdo das células A1
até A5 em uma nova célula. Esta função não funciona
nas versões antigas do Office.
=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
de A1 até A10 que sejam maiores que 6. NÚM.CARACT(célula)
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem Informa a quantidade de caracteres existentes em
menores que 3. uma célula. 167
Datas contém 5 caracteres, pois o Microsoft Excel armazena datas como números.
INT(valor)
TRUNCAR(valor;casas decimais)
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
ARRED(valor;casas decimais)
Exibe um número com a quantidade de casas decimais, arredondando para cima ou para baixo.
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
FUNÇÕES LÓGICAS
Retornará um valor que você especifica se uma fórmula for avaliada para
SEERRO (Função SEERRO)
um erro; do contrário, retornará o resultado da fórmula
Importante!
Foram apresentadas muitas funções neste material, não é verdade? Existem milhares de funções no Micro-
soft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos públicos, estas são as mais questionadas.
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais nova’
Classificar datas ou horas
ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo, cronologicamente
Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa
LIBREOFFICE CALC
O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante ao
INFORMÁTICA
Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças (que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Google Plani-
lhas. O arquivo produzido em um aplicativo poderá ser editado por outro programa, pois são compatíveis entre si.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir normalmen-
te. O LibreOffice Calc reconhece o formato XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de armazenamento não
influencia nos recursos disponíveis no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é um com-
ponente do ODF (Open Document Format). O arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABALHO, e poderá
ser gravado no formato do Microsoft Office, todas as versões. 169
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc ini- A formatação Condicional permite exibir célu-
cia com 1 planilha (folha de dados), identificada por las de diferentes cores e padrões, segundo condições
abas na parte inferior da tela de visualização. Cada estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os
planilha é independente das demais, e usamos o números negativos sejam vermelhos e os positivos em
sinal de ponto final para referenciar dados em outras azul, é um caso.
planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de
Formatar
A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui
1024 colunas). As linhas são numeradas com números,
de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Micro-
soft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor
ou pior. Cuidado com as comparações. Quando a ban-
ca sugere uma comparação, menosprezando um dos
itens, geralmente está errado.
Conceitos básicos
Condiconal
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon-
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional); Geranciar...
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea-
das com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números;
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
folha de dados. Writer representa com (ponto final).
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de A formatação condicional pode apresentar visual-
memória RAM disponível, nomeadas como Planilha mente as diferenças existentes nos dados da planilha
1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS; de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito da provas.
célula, permite que um valor seja copiado na direção
em que for arrastado. No Excel, se houver 1 número, Simbologia específica
ele é copiado. Se houver 2 números, uma sequência
será criada. No Calc, 1 número cria uma sequência z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
com incremento 1. Datas, dias da semana, nome dos la da planilha. Colunas com letras, linhas com
meses, estas opções criam listas pré-definidas; números. O formato de referência é idêntico no
Excel e Calc.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.
z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/
LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a função.
forma como as células serão mescladas. Ao clicar Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo- com o valor em A2.
go “Mesclar células” será exibida.
z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/
A célula pode receber diferentes formatações, função com inversão de resultado.
especialmente na exibição de valores numéricos. Para Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
a exibição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A com o valor em A2, invertendo o resultado.
formação de células, linhas e colunas possibilita defi-
nir bordas, sombreamento, e padrões que serão apli- z * (asterisco) multiplicação.
cados a estas. Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no em A1 pelo valor em A2.
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e z / (barra ‘normal’) divisão.
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi- Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1
170 derado na impressão. pelo valor em A2.
z ^ (acento circunflexo) Exponenciação. z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma
Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do função ou separador de células em uma referência.
valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2. Pode significar E em uma referência de valores.
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o iguais”) – separando os três argumentos da função.
valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu- =SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu-
mentos que serão somados.
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
resultado (por cento, por 100).
z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de
faixa de células.
z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo-
dois ou mais valores em uma única sequência. res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3,
Exemplo: C1 e C2.
=”Nova”&”Concursos”
=15&30 z “ (aspas) indicam expressões de textos literais.
Nova Concursos Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
1530 iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas.
z . (ponto final) Significa Planilha. z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans-
Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua formando a referência relativa em referência mista
a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções,
valor de A2 que está em Planilha2. quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
Importante!
Planilha2.
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto apenas um) Erro.
de exclamação, no Calc é o ponto final.
Mensagens de Erros
vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o compreender a sequência de comandos e menus do
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação. Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São LibreOffice Impress.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem.
MENU SIGNIFICADO
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores,
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel Oferece comandos para o gerencia-
Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na
está em primeiro plano.
matemática, apenas parênteses. 171
MENU SIGNIFICADO TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Acesso a recursos temporários (loca-
Formato do LibreOffice
Editar lizar, substituir, selecionar) e área de Open Document Impress, que pode ser
transferência do Windows/Linux. ODP
Presentation. editado e salvo pelo
Microsoft PowerPoint.
Acesso aos controles sobre o que será
Exibir mostrado na tela de edição, e como Formato de documen-
será exibido. to portável, sem alguns
Portable Docu-
PDF/XPS recursos multimídia
ment Format.
Adicionar qualquer objeto no arquivo inseridos na apresen-
Inserir atualmente editado. Se este objeto é tação de slide.
atualizável, será um campo.
TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
Apresentação Versão 2003 ou Legenda Legenda
PPT
editável. anterior.
Apresentação Versão 2003 ou Layout de slide
PPS
executável. anterior.
Modelo de Versão 2003 ou z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen-
POT
apresentação. anterior. tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Apresentação Versão 2007 ou Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e
PPTX no início, escolher qual delas será exibida para o
editável. superior.
Versão 2007 ou supe-
público;
Apresentação rior, que não necessita z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao sele-
PPSX
executável. de programas para ser cionar algum efeito de animação entre os slides
visualizada. (guia Transições, grupo Transição para este slide),
Recursos para pa- será disponibilizada a opção para configuração do
Modelo de
POTX dronização de novas Intervalo;
apresentação.
apresentações. z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um
Recursos para pa- objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas ani-
Modelo de apre-
dronização e auto- mações simultaneamente, enquanto a transição do
POTM sentação com
matização de novas slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saí-
macros.
apresentações.
172 da ou Trajetórias de Animação;
Conceito de slides
Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as
páginas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, núme-
ros de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés etc.
O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides:
z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações.
Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:
z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.
A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
INFORMÁTICA
O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.
A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.
Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como o
modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pressio-
nar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides etc.
Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.
Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua apre-
sentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses intervalos
para executar a apresentação automaticamente no futuro.
Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.
Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada ima-
gem será colocada em um slide individual.
Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você cli-
car nele ou passar o mouse sobre ele.
Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.
Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e fai-
xas, textos explicativos e botões de ação.
LIBREOFFICE IMPRESS
O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos que esta-
mos apresentando um PowerPoint, mesmo que o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft PowerPoint, LibreOffice Impress, Google Apresentações) permitem
a criação de uma apresentação de slides para exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher um modelo de apresentação para criação de um novo arqui-
vo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e escolher um arquivo que está gravado em um local de armazenamen-
to permanente, para ser aberto e editado naquela sessão de trabalho.
Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffice Impress (antigo OpenOffice, BrOffice).
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress (formato ODP – Open Document Presentation) podem ser
abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.
O LibreOffice Impress permite exportar uma apresentação ou desenho para diferentes formatos, incluindo os
citados no enunciado da questão.
Os modos de exibição permitem alternar entre a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Tópicos),
Notas (Anotações do apresentador) e Organizador de Slides (classificação de slides – miniaturas para organização). 175
Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides
z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo que será inserido no slide. Para não esquecer: é o esqueleto
de cada slide da apresentação. O layout do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição dos objetos dentro
de cada slide da apresentação.
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a aparência
da apresentação.
z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual que será utilizado na passagem de um slide para outro slide.
Para não esquecer: é a animação entre os slides da apresentação.
z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos os elementos dentro de uma apresentação, assim como confi-
gurações específicas. Podemos configurar os slides, folhetos e anotações. Para não esquecer: é o esqueleto de
toda a apresentação.
Exibir
Slide mestre
Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.
Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.
MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo.
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição.
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo.
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada.
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos.
Menu Slide
Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.
Slide
Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as opções e comandos para controle da apresentação. Foi man-
tido nas versões seguintes.
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresentação a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a partir do slide
atual. Esta é uma alteração importante, pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual, e agora é como no
PowerPoint, com dois atalhos de teclado diferentes.
INFORMÁTICA
177
NOÇÕES DE VIDEOCONFERÊNCIA
Com a alta integração entre os dispositivos computacionais proporcionada pelas redes de comunicação, a
videoconferência se tornou uma ferramenta essencial para reuniões e treinamentos remotos.
Aproveitando-se dos recursos existentes nos dispositivos (como câmera e microfone nos smartphones), qual-
quer usuário com um portátil poderá participar de uma reunião remota ou criar as suas próprias transmissões.
Diferentes serviços e softwares oferecem recursos semelhantes para a realização de uma videoconferência,
que é essencialmente uma forma de comunicação síncrona. Neste tipo de comunicação, o emissor e o receptor
estão conectados no mesmo canal e momento, para que a troca de dados ocorra entre eles.
Uma videoconferência ou chamada de vídeo é a forma de comunicação mais completa, entre as possíveis com
os aparelhos dos usuários.
FORMA DE
TEXTOS ÁUDIO VÍDEO ARQUIVO TELAS SÍNCRONA
COMUNICAÇÃO
Chat X - - - - X
Chamada de áudio - X - - - X
Chamada de vídeo X X X X X X
Videoconferência X X X X X X
Reunião X X X X X X
Webinar X X X X X X
Aula ao vivo X X X - X X
Vídeo gravado X X X - X -
Podemos observar na tabela anterior que uma reunião e um webinar possuem as mesmas características
de uma chamada de vídeo ou videoconferência. A definição de reunião ou webinar varia de um fornecedor de
software para outro, geralmente por critérios comerciais. Vejamos a definição do Zoom, um dos mais populares
softwares de videoconferências:
z Chamada de vídeo: formato que envolve um usuário como emissor e outro como receptor. É uma conexão
ponto a ponto, em que apenas eles trocam informações entre si.
z Videoconferência: uma transmissão que será realizada por um ou mais apresentadores (anfitrião), para um
público convidado com alguns participantes (geralmente algumas dezenas).
z Reunião: apresenta as mesmas características de uma videoconferência, porém os participantes poderão
assumir o destaque, apresentando suas telas e compartilhando arquivos. É o formato mais comum para uso
dentro de empresas entre os colaboradores.
z Webinar: transmissão para 100, 500, 1.000, 3.000, 5.000 ou 10.000 participantes. Eles só poderão visualizar. O
anfitrião ou palestrante poderá compartilhar tela, vídeo e áudio em um webinar e os participantes podem usar
as opções de chat ou de perguntas e respostas para interagir.
z Aula ao vivo: semelhante ao webinar, geralmente usa uma plataforma como Youtube, Zoom ou Eduzz (Nutror),
para interação síncrona entre professor e aluno.
z Vídeo gravado: armazenado na nuvem, permite o acesso assíncrono dos espectadores, mas sem interação
com o apresentador.
A videoconferência é essencialmente uma transmissão streaming (como a Netflix), mas com data e horário
agendados. Quando a transmissão da chamada, da reunião ou da aula permanece armazenada para acesso poste-
rior, irá operar como um streaming on demand, que entregará para cada usuário que solicitou o conteúdo arma-
zenado, a qualquer momento.
Os áudios também podem ser entregues no formato streaming, como é o caso dos podcasts e das transmissões
de rádios AM/FM que migraram para a Internet.
Cada software de videoconferência utiliza uma forma de armazenamento para as transmissões que foram
salvas. O Microsoft Teams armazena no OneDrive ou SharePoint, o Google Meet armazena no Google Drive, o Zoom
armazena na sua nuvem própria, e assim por diante.
Vamos conhecer alguns dos principais recursos disponíveis para a realização das chamadas e transmissões.
MICROSOFT TEAMS
Com o Microsoft Teams, é possível realizar conversas por chat, por áudio, por vídeo, compartilhar arquivos e
178 recursos, entre várias funcionalidades.
Componente do Microsoft 365 (Office 365) edições
corporativas, o Microsoft Teams possui recursos para Adicione os participantes do grupo no campo
conversação por texto (Chat), chamadas de áudio, disponível
chamadas de vídeo, videoconferências, organização
em equipes, armazenamento das gravações no Micro-
soft Stream/SharePoint e arquivos no OneDrive, entre
outros recursos.
Voltado para o mercado corporativo e educacional,
assim como o Google Meet, teve suas funcionalidades
liberadas por um período para todos os usuários,
devido à pandemia de COVID-19 no ano de 2020. Clique na seta no canto direito, e defina um nome
Atualmente (agosto/2021) existem duas versões para o seu grupo
disponíveis. O Microsoft Teams para uso pessoal, dis-
ponível para qualquer pessoa que tenha uma conta
Microsoft (Hotmail, Live, xBox), e a versão corporativa
integrante do pacote Office 365 “empresarial”.
Na versão pessoal, o OneDrive é usado para arma-
zenar arquivos compartilhados. Na versão empresa-
rial o SharePoint é usado para compartilhar arquivos
com a equipe (dentro do domínio da empresa) e o
OneDrive para compartilhar com usuários de fora da Depois que o grupo estiver montado, você pode-
equipe, na Internet. A versão gratuita não possui o rá adicionar participantes. Clique no canto superior
recurso Microsoft SharePoint, mas o usuário poderá direito e adicione os novos participantes da conversa
compartilhar arquivos pelo Microsoft OneDrive.
Com o Teams, você pode conversar por meio de
texto, realizar videoconferências (com webcam) e
trocar arquivos. Você pode utilizá-lo via navegador
de Internet ou instalar o app no smartphone e ter os
mesmos recursos de conversação e troca de arquivos.
Outras funcionalidades incluem:
Conversas e grupos importantes poderão ser fixados, mantidos no topo da listagem. Clique em Opções e mar-
que fixar
Para Enviar Arquivos para outros Colaboradores da Equipe (usando Microsoft Teams)
Compartilhar
Compartilhamento de tela
Adicionar participantes ao chat
181
Ao receber um chat ou chamada de alguém que não tenha conversado anteriormente, será apresentada a tela
de boas-vindas em que você poderá visualizar a mensagem, e então aceitar ou bloquear.
Na conversa, é possível realizar chamada de áudio, chamada de vídeo, compartilhar a tela de algum programa
aberto ou de todo o dispositivo, adicionar novos participantes ao chat ou exibir a conversa em nova janela.
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
Arquivos da conversa
Mensagens de texto e avisos
Imagens da conversa
Participantes
Link do chat
Quando o anfitrião cria uma reunião e adiciona os participantes, o chat se torna uma reunião. Assim como em
outros locais, é possível trocar mensagens de texto, compartilhar arquivos, imagens, adicionar novos participan-
tes e compartilhar o link para acesso externo.
Ao iniciarmos a nossa participação no chat, é possível definir como ela será (somente texto, com áudio, com
vídeo). Ao clicar no botão Entrar, a janela de acesso ao chat/reunião será exibida.
Estas configurações poderão ser ajustadas durante a reunião, acessando o item “Mais opções” ou “Mais ações”
(reticências na barra de ferramentas da reunião) e “Configurações do dispositivo”.
182
Chamadas de Áudio
Durante uma chamada de áudio, após as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados novos
controles, para deixar mudo o seu microfone e encerrar a chamada (Sair).
A chamada de áudio é realizada utilizando a tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), sem qualquer cus-
to adicional para quem realiza a ligação. As ligações de áudio são realizadas entre os usuários da organização, ou
para externos se eles possuem o Microsoft Teams.
Para iniciar um chat, clique no ícone “Chamada de áudio” (atalho de teclado Ctrl+Shift+C) e aguarde o usuário
atender sua ligação.
Importante!
É possível realizar chamadas telefônicas para números externos por meio do Microsoft Teams. Para tanto, o
usuário precisará ter um pacote de minutos de telefonia contratado junto à Microsoft. O recurso de discagem
está disponível em “Configurações e mais ações”, ao lado do seu nome de usuário.
As chamadas de vídeo apresentam outros recursos, como compartilhamento de tela por exemplo, em que o
usuário pode compartilhar com outro aquilo que está sendo visualizado na tela escolhida por ele.
Chamadas de Vídeo
Durante uma chamada de vídeo, feitas as definições das configurações na tela inicial, serão apresentados
novos controles na janela, que permitem:
Tempo decorrido
INFORMÁTICA
183
Em “Mais opções” ou “Mais ações” iremos encontrar:
Utilizando-se do botão Sair, quando for o anfitrião, o usuário poderá sair da reunião (e ela seguirá com os
outros participantes e anfitriões) ou Encerrar a reunião, desconectando todos.
SKYPE
É um aplicativo capaz de realizar chamadas com áudio e vídeo entre dois computadores, usando a Internet.
Além disso, é capaz de realizar chamadas com áudio para telefones fixos e celulares.
Após o fim do MSN Messenger, outros aplicativos passaram a oferecer recursos de comunicação. O Skype, por
exemplo, adquirido pela Microsoft, permite conversação de texto, bate-papo com áudio, videoconferências, cha-
madas telefônicas de Skype para Skype gratuitamente, e realizar ligações telefônicas para aparelhos convencionais.
Para utilização de todos os recursos disponíveis, será necessário comprar créditos, o que possibilita, por exem-
plo, a realização de ligações internacionais para aparelhos convencionais.
Atualmente temos várias opções para instalação do Skype em nosso dispositivo:
Suas funcionalidades foram somadas ao Microsoft Lync e atualmente estão disponíveis no Microsoft Teams.
Os usuários do software estão sendo migrados para o Microsoft Teams. Ainda aparecerá em editais de concur-
sos, porém cada vez com menor frequência.
CISCO WEBEX
O Cisco Webex (anteriormente WebEx) é uma aplicação que existe desde 1995 e foi adquirida pela Cisco
em 2007, sendo que seu software de web e videoconferência foi posteriormente renomeado como Cisco Webex
Meetings.
Organizar uma reunião do Cisco Webex é simples. Na página de perfil de usuário, selecione Agendar e, em
184 seguida, insira o título, a data e a hora da reunião, além dos endereços de e-mail dos participantes.
O Webex gera automaticamente um link e uma senha de ID da reunião e enviará um convite de calendário que
inclui um número de discagem para os participantes que se juntam por telefone, além de um link para números
de discagem internacional para aproximadamente 50 países.
Participar de uma reunião Webex é menos intuitivo que em outros aplicativos de vídeo. O anfitrião poderá
definir um lobby (sala de espera) e a transmissão será no formato de reunião. Todos os participantes da reunião
podem compartilhar suas telas; no entanto, o anfitrião tem a opção de controlar quem pode ou não pode compar-
tilhar arquivos e telas durante a chamada. As transmissões serão armazenadas na nuvem da Cisco, para serem
acessadas posteriormente a partir de links compartilhados.
Importante!
Cisco Webex é um aplicativo corporativo pouco usado no Brasil. Você pode conhecer suas funcionalidades
por meio da página web do programa e sua interface pelo navegador.
O WhatsApp é um comunicador instantâneo incorretamente conhecido como rede social, apesar de apresen-
tar alguns princípios em comum com as redes sociais. O aplicativo pode ser acessado de várias formas:
Por ser um aplicativo de mensagens, o espelhamento das mensagens no WhatsApp Web ou WhatsApp Desk-
top está condicionado ao aplicativo do smartphone, que precisará continuar ativo enquanto estiver utilizando o
navegador de Internet ou o programa instalado. Nas próximas atualizações, esta restrição de sincronismo poderá
ser eliminada.
Na versão WhatsApp Web é possível ativar notificações na área de trabalho, para exibir balões com o título da
mensagem e remetente, quando algum conteúdo é recebido. A notificação aparecerá na Área de Notificações do
computador, próximo da data e hora na Barra de Status.
O WhatsApp tem duas opções de instalação no smartphone: comum e Business.
A versão Business oferece alguns recursos específicos para uma pequena empresa, como: catálogo de produ-
tos, mensagens de respostas automatizadas, mensagens pré-definidas etc.
O programa Telegram, comunicador instantâneo semelhante ao WhatsApp, oferece alguns recursos adicio-
INFORMÁTICA
nais, como acesso aos arquivos e mensagens anteriores de um grupo, além da opção para ocultar o número do
celular do usuário na descrição do perfil.
Ao enviar uma mensagem sem que o dispositivo esteja conectado à Internet, aparecerá um relógio ao lado
dela até que seja estabelecida uma conexão para o envio. Após alguns segundos de tentativas, a mensagem pode-
rá aparecer como “não enviada”, permitindo a tentativa de reenvio.
Arquivos enviados pelo WhatsApp possuem limite de 100MB e podemos enviar PDFs, DOCX, imagens e vídeos.
Mensagens e arquivos podem ser encaminhados para até 5 contatos ou grupos. Se a mensagem ou arquivo já
foi recebido a partir de um encaminhamento, então ela só poderá ser enviada para 1 novo contato e aparecerá
com o título “Encaminhada com frequência”. 185
Nas mensagens, o usuário poderá digitar textos, Google Drive
formatar (com símbolos como * * para negrito e _ _
para itálico), usar emojis (figurinhas de sentimentos O Google Drive, que antes se chamou Google Disco,
incorporou as funcionalidades do Google Docs e mais
estilo emoticons J), figurinhas (animadas ou estáti-
o armazenamento de arquivos na nuvem.
cas, a partir de arquivos GIF) ou anexos . Para acesso aos aplicativos, é exigida uma senha
Tanto o WhatsApp como o Telegram permitem liga- de conta Google, como o Gmail. O endereço de acesso
ções de vídeo e pequenas reuniões. As salas de vídeo é http://drive.google.com
podem compartilhar imagens da galeria de fotos do É possível instalar aplicativos no computador (link
aparelho e possibilitam a interação direta entre os para o Google Drive) e nos smartphones e tablets. Na
poucos participantes conectados. opção instalada no smartphone ou tablet, temos os
recursos de compartilhamento de arquivos na nuvem,
visualização de arquivos acessados pelo dispositivo e
Importante! transferência de dados para outros aplicativos.
Usuários de contas Google corporativas ou edu-
O WhatsApp pode aparecer em três tipos de con- cacionais possuem recursos extras, assim como o
teúdo programático: redes sociais, comunicado- Microsoft Teams. Em concursos públicos, as bancas
res instantâneos e videoconferência. Como ele questionam conceitos básicos válidos para as contas
oferece recursos que atendem às características Google comuns.
básicas de cada categoria, a banca organizadora
do concurso poderá inserir ele em uma delas. YOUTUBE
Pré-carregado
Atual (0:59) Tempo total (16:50)
z Pausa (atalho tecla k): pausa temporariamente a reprodução do vídeo. Quando pausado, o ícone muda para
Reproduzir.
z Próximo vídeo (atalho de teclado Shift+N): interrompe a reprodução do vídeo atual e inicia o próximo vídeo
que foi definido na playlist do criador do conteúdo, ou um vídeo relacionado sugerido pelo Youtube.
z Sem áudio (atalho tecla m): o vídeo continuará sendo reproduzido, porém, sem áudio. Para “reproduzir o
som” acione novamente o ícone. Quando a barra de controle possui espaço para exibição, é mostrada a escala
de volume (controle deslizante).
z Atual/Total: exibe o tempo atual da reprodução e o total de tempo do vídeo.
z Reprodução automática: quando ativado (para a direita) o próximo vídeo será reproduzido ao terminar a
exibição do atual. Se estiver desativado, ao término do vídeo, não será executado um novo vídeo e apenas
miniaturas de vídeos serão exibidos para o usuário escolher.
Rede social destinada ao compartilhamento de fotos, vídeos e outros conteúdos, sendo, atualmente, do Face-
book. Para participar da rede, o usuário pode criar um perfil independente ou associar com uma conta Facebook.
Várias contas podem ser criadas pelo mesmo usuário e, quando for utilizar, ele pode escolher o perfil que deseja
para aquela sessão.
Os posts poderão ser realizados na timeline, no stories ou por meio de transmissões ao vivo. O Instagram com-
partilha vários conceitos de outras redes sociais, porém com nomes próprios para se diferenciar. As transmissões
poderão ser na forma “ao vivo”, vídeos curtos (Reels) e disponibilizadas tanto no feed do perfil como na página do
IGTV (Instagram TV).
Em uma das últimas atualizações, integrou o sistema de mensagens com a plataforma Facebook Messenger,
facilitando a comunicação com clientes pelos perfis de empresas. Todas as mensagens recebidas em páginas de
Facebook, Facebook Messenger e Instagram Messenger foram reunidas em um hub na página de mensagens do
Facebook Business.
Em relação às outras redes sociais, é a que mais recebe atualizações. Com concorrentes como o Snapchat e
TikTok, vários recursos delas são copiados pelo Instagram.
z Vídeo do Reels: criação de vídeos curtos para Reels. Eles são exibidos com destaque no Explorar, para
outros usuários.
z Vídeo do IGTV: criação de postagem que permanecerá armazenada no IGTV (Instagram TV).
z Ao vivo: transmissão ao vivo do perfil do usuário, que poderá ter outros participantes autorizados pelo
dono do perfil a compartilhar a transmissão. Durante a transmissão, Selos podem ser usados, além de uma
funcionalidade que permite comentários. Os comentários podem ser fixados ou ocultados.
INFORMÁTICA
z IGTV: vídeos longos e transmissões ao vivo que foram salvas e disponibilizadas no IGTV.
HORA DE PRATICAR!
1. (SELECON – 2021) Um profissional de nível médio da empresa EMGEPRON/Itajaí-SC está trabalhando em um note-
book com sistema operacional Windows 10 BR e acionou três ícones existentes na área de Notificação desse sistema
operacional, localizada no canto inferior da tela do monitor de vídeo, com as finalidades descritas a seguir. 187
I. Para alterar a intensidade do som, exemplificado
TABELA - NÍVEIS - 2018
1 ANALISTA DE TI 9 R$ 8.100,00
II. Para acessar os arquivos de áudio via bluetooth
2 PROGRAMADOR 7 R$ 6.300,00
III. Para verificar o nível de carga da bateria do notebook
3 TÉCNICO INF 4 R$ 3.600,00
Os atalhos de teclado em I, II e III são mostrados, res-
pectivamente, em: 4 AUXILIAR INF 2 R$ 1.000,00
a) =C11*&D&13
b) =C11*#D#13
c) =C11*$D$13
d) =C11*%D%13
z À citação “Secretaria De Estado de Ciência, Tecnolo- z Permite salvar uma apresentação no formato deno-
gia e Inovação” foi aplicado o recurso conhecido como minado “Apresentação Habilitada para Macro do
negrito por meio de um atalho de teclado. Powerpoint”.
z Ao texto, inicialmente à esquerda, foi aplicado o ali- z Permite salvar a apresentação no formato nati-
nhamento justificado por meio do acionamento de um vo do Impress, identificado como “Apresentação
ícone específico. OpenDocument”.
O atalho de teclado e o ícone foram, respectivamente: z Permite salvar o conteúdo de um slide em um forma-
to de imagem, entre vários possíveis, suportados por
páginas de sites na internet.
a) Ctrl + N e
Três siglas para os formatos descritos em I, II e III são,
respectivamente:
b) Ctrl + N e
a) PPSX, ODP e JPG
b) PPTX, ODF e ZIP
c) PPMX, ODO e PDF
c) Alt + N e d) PPWX, ODS e PNG
a)
b)
188
9. (SELECON – 2019) Para enviar e receber mensagens
c) de e-mail na internet usa-se uma infraestrutura como a
conhecida por WebMail ou, como alternativa, um softwa-
re específico como o Outlook do pacote MSOffice ou o
d) Thunderbird da Mozilla. Nessa infraestrutura, os e-mails
oriundos da internet a um destinatário são armazenados,
por padrão, em uma caixa postal, denominada:
6. (SELECON – 2019) A planilha abaixo foi criada no
aplicativo Calc do pacote LibreOffice 6.2 (Versão em a) Spam
português). b) Saída
c) Mails
d) Entrada
b)
Os softwares clientes de e-mail, assim como o aces- Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
so via Internet, acessarão as pastas de mensagens SMTP
xa de Entrada.
Caixa de Entrada: armazena as mensagens recebi-
Remetente
das, que não foram identificadas como Lixo eletrô- Cliente
Destinatário
Webmail
nico (spam) ou processada por algum filtro definido
pelo usuário. O número informado é da quantidade
A letra A está errada, pois Anexos são arqui-
de mensagens não lidas, e estará entre parênteses. A
vos enviados com as mensagens de e-mail e não
quantidade de mensagens totais de uma pasta apa-
estão relacionadas com os protocolos de envio ou
recerá na barra de status, na parte inferior da tela, recebimento.
quando a pasta estiver selecionada. A letra C está errada, pois o formato de e-mails é
Rascunhos: pasta que armazena as mensagens que usuário@provedor. O padrão sugerido na alterna-
estão sendo redigidas pelo usuário, salvas tem- tiva C indica um endereço ‘fixo’ do tipo comercial
porariamente, e que poderão ser editadas poste- no Brasil.
riormente ou enviadas. O número informado é da A letra D está errada, pois os e-mails recebidos são
quantidade de mensagens na pasta de Rascunhos, e armazenados na Caixa de Entrada (de mensagens).
estará entre colchetes. Resposta: Letra B.
Itens enviados: armazena as mensagens que foram
enviadas pelo usuário.
Itens excluídos: armazena as mensagens que foram
excluídas pelo usuário. Opera como uma Lixeira do ANOTAÇÕES
e-mail. Geralmente são excluídas após um período
de armazenamento configurado.
Caixa de Saída: armazena as mensagens que foram
redigidas pelo usuário, enviadas, mas ainda não
foram processadas pelo provedor de e-mail. Um dos
principais motivos para a mensagem permanecer
na caixa de saída é a ausência de conexão com a
Internet.
Lixo Eletrônico: armazena as mensagens envia-
das por spammers (spam), mensagens com vários
endereços de e-mail em seu cabeçalho (que prova-
velmente seja spam) e mensagens provenientes de
endereços de e-mail que foram sinalizados como
spam anteriormente, reconhecidos pelo provedor
de e-mails. Resposta: Letra D.
10.
194 1 Conceito em conformidade com o art. 2º da Convenção Interamericana, que visa prevenir e punir a tortura.
Todas as pessoas possuem direitos atinentes à O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções de crença e culto, de modo a garantir aos internados
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem assistência espiritual e religiosa.
direito de expressar livremente esses pensamentos.
Assim, o direito à expressão do pensamento, que decor- Art. 5º [...]
re do direito à liberdade, está disciplinado no inciso IV. VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen- ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado, a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres- O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
são que decorrem a proibição de censura e a vedação cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito
do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- de não cumprir um serviço obrigatório por razões
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- relacionadas a sua consciência ou crença, de modo a
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas assegurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis
assumam a responsabilidade do que exteriorizam. ou políticos em decorrência de tal recusa. Por exem-
plo: a pessoa que, por questão religiosa, seja contrá-
Art. 5º [...] ria ao serviço militar poderá alegar tal imperativo de
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- consciência em seu alistamento militar. No entanto,
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- a CF/88 estabelece que, mesmo que dispensada da
rial, moral ou à imagem;
prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
alternativo.
A expressão do pensamento é livre, porém não
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua
Art. 5º [...]
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém,
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e artística, científica e de comunicação, indepen-
penalmente. Além disso, a CF/88 estabelece o direito dentemente de censura ou licença;
de resposta, ou seja, o exercício do direito de defesa
da pessoa que foi ofendida em razão da manifestação
O inciso IX trata da liberdade de expressão das
do pensamento de outra, como, por exemplo, no caso
atividades intelectual, artística, científica e de comuni-
de notícia inverídica ou errônea.
cação. Assim, a CF/88 veda, expressamente, qualquer
atividade de censura ou licença. Cumpre esclarecer
que censura é a verificação da compatibilidade ou
Importante!
não entre um pensamento que se pretende expressar
O inciso V prevê a indenização por dano material, com as normas legais vigentes; licença é a exigên-
moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº cia de autorização para que o pensamento possa ser
37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos exteriorizado.
são acumuláveis.
Art. 5º [...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
Art. 5º [...] a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de direito a indenização pelo dano material ou moral
crença, sendo assegurado o livre exercício dos decorrente de sua violação;
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; O inciso X decorre do direito à vida e traz a prote-
Art. 5º [...]
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
industriais privilégio temporário para sua utili-
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
zação, bem como proteção às criações industriais,
tantes de banco de dados de entidades governamen-
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
tais ou abertas ao público, bem como de informação
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte- de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar
resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco- que é a Lei nº 12.527/2011 que regula o acesso à infor-
nômico do País; mação previsto nesse inciso.
Art. 5º [...]
O último dispositivo que trata da propriedade inte-
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
lectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de inven- mente do pagamento de taxas:
tos industriais os privilégios para sua utilização, ainda a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
que de forma temporária. Além disso, assegura a pro- defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
teção às criações industriais, à propriedade das marcas, de poder;
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos. b) a obtenção de certidões em repartições públi-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
Art. 5º [...] situações de interesse pessoal;
XXX - é garantido o direito de herança;
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
O direito de herança, que decorre do direito à pro- direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
priedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-se da víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
modificação da titularidade do bem em decorrência do tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
falecimento (sucessão hereditária). Assim, o patrimônio cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se
agentes do Estado. O Estado, por possuir fé pública, é
sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no
utilizado para comprovar a existência de um fato. Este
ativo como no passivo, até os limites da herança.
inciso assegura o direito de formular pedido e obter
certidões do Estado que possuam a potencialidade
de atestar isto. Deste modo, assegura ao indivíduo
Importante! a obtenção de certidão para a defesa de direitos ou
O direito de sucessão está regulado no Código Civil. esclarecimento de situações de interesse pessoal.
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja,
independe de qualquer pagamento. Importante men-
Art. 5º [...] cionar que, embora o dispositivo empregue o termo
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa- “taxas”, este foi utilizado em sentido amplo, visto que
dos no País será regulada pela lei brasileira em proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa,
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem- tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não
pre que não lhes seja mais favorável a lei pes- obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez
soal do de cujus; que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul-
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona-
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto-Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
200 Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
O inciso XLI decorre do direito à igualdade. Art. 5º [...]
Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri-
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas tível a ação de grupos armados, civis ou milita-
proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli- res, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
cada de modo discriminatório, como também deverá
punir tais discriminações com base em qualquer con- O inciso XLIV também traz hipóteses de não con-
dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras. cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga-
da a qualquer tempo, independentemente da data em
Art. 5º [...]
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos
XLII - a prática do racismo constitui crime
pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe
reclusão, nos termos da lei;
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850/13 é que
O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora trata das organizações criminosas.
a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi- Art. 5º [...]
nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável) e, condenado, podendo a obrigação de reparar
ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo, o dano e a decretação do perdimento de bens
independentemente da data em que foi cometido, pois ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível). e contra eles executadas, até o limite do valor do
Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716/1989 é a Lei do patrimônio transferido;
Racismo e a Lei nº 12.288/2010 é o Estatuto da Igual-
O princípio da intranscendência ou personali-
dade Racial.
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra-
Art. 5º [...] ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e pessoa que não o delinquente, uma vez que somente
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da o autor da infração penal pode ser responsabiliza-
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e do. Com a morte do condenado, declara-se extinta a
drogas afins, o terrorismo e os definidos como punibilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser
crimes hediondos, por eles respondendo os man- cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los, do autor do crime se este houver falecido. No entanto,
se omitirem; refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação
civil de reparar os danos pode ser estendida aos seus
O inciso XLIII estabelece os crimes em que não sucessores até o limite do valor do patrimônio trans-
cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e ferido (herança).
anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto, Atenção! Multa é uma espécie de pena (Art. 32, CP)
ele também não é cabível nos crimes elencados. e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H
Art. 5º [...]
Tortura XLVI - a lei regulará a individualização da pena
Tráfico e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
Terrorismo
b) perda de bens;
Hediondos c) multa;
d) prestação social alternativa;
A graça e o indulto são modalidades de perdão e) suspensão ou interdição de direitos;
concedidos pelo Presidente da República, de modo
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
graça, o perdão é concedido de forma individual por lização da pena, uma vez que as penas devem ser
Art. 5º [...]
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, ado- LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
tou, por maioria de votos, a denominada teoria fruits atos processuais quando a defesa da intimida-
of poisonous tree (frutos da árvore envenenada). São de ou o interesse social o exigirem;
nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita como
também as derivadas (surgidas em decorrência da pro- Como regra, todo processo é público, ou seja, é
va ilícita). De acordo com essa teoria, todos os frutos permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns
dela são também venenosos por contaminação. Assim, casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
tudo que deriva de prova ilícita é também ilícito. outros, essa publicidade é restrita às partes e a seus
procuradores, com o objetivo de resguardar a intimi-
Art. 5º [...] dade dos envolvidos. Também é possível restringir a
LVII - ninguém será considerado culpado até o trân- publicidade quando o interesse da sociedade exigir a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sito em julgado de sentença penal condenatória;
restrição dela, como, por exemplo, em determinados
crimes ou atos envolvendo crianças e adolescentes. É
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino-
importante mencionar, no entanto, que a restrição da
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes
publicidade dos atos processuais não poderá prejudi-
da condenação definitiva em um processo criminal,
car o interesse público à informação.
as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso
ocorre, porque quem possui o ônus de provar a culpa
é o Ministério Público, como órgão titular da ação penal Importante!
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des-
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência, A restrição da publicidade é popularmente
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- conhecida como segredo de Justiça.
ponsabilidade do réu até a última instância.
6 Art. 3º (Lei nº 12.037/2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o documento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o
indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às inves-
tigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado
de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 203
Art. 5º [...] Além da comunicação ao juiz, a CF/88 prevê a comu-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante nicação à família do preso ou pessoa por ele indicada,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de com o escopo não só de dar notícia de seu paradeiro,
autoridade judiciária competente, salvo nos casos como também de prestar-lhe a assistência devida.
de transgressão militar ou crime propriamen-
te militar, definidos em lei; Art. 5º [...]
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a entre os quais o de permanecer calado, sendo-
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo- -lhe assegurada a assistência da família e de
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. advogado;
Assim, a CF/88 protege os indivíduos da força do Esta-
do, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e Considerando que a liberdade é a regra e a sua
estabelece que a restrição da liberdade só será legíti- restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
ma quando respeitados os parâmetros legais. Trata-se limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
de um dos desdobramentos do direito à segurança, em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
por envolver garantias processuais. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Em termos de processo penal, existem dois tipos silêncio.
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de O silêncio do preso não poderá ser utilizado de for-
sentença penal condenatória transitada em julgado, ma contrária. O acusado não é obrigado a produzir
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- provas contra si mesmo. Ao se calar, esse silêncio não
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de pode ser considerado como prova.
execução penal. Além disso, há a prisão processual, Além disso, o dispositivo também estabelece a
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre assistência da família e do advogado, garantindo tan-
durante a fase de investigação, instrução e antes do to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a é devida.
prisão temporária e a prisão preventiva.
Portanto, durante o curso do processo, o indivíduo Art. 5º [...]
somente será preso se estiver em flagrante delito, ou LXIV - o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
seja:
gatório policial;
z Se o indivíduo estiver cometendo o delito ou se
O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
acabou de cometê-lo;
rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
z se foi encontrado logo após, com algo que faça pre-
Assim, é assegurado ao indivíduo a identificação dos
sumir ser ele o autor da infração7;
responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma
z se for determinado pelo juiz nos demais casos das
vez que lhe é garantido questionar a competência ou
prisões cautelares.
atribuição dessas autoridades em conformidade com
a norma vigente e os princípios constitucionais e de
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, direitos humanos.
quais sejam: transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definido em lei. Quanto às Art. 5º [...]
transgressões, estas estão previstas nos regulamentos LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-
disciplinares, tanto das Forças Armadas como das For- da pela autoridade judiciária;
ças Auxiliares. A elas é aplicado procedimento de apu-
ração específico, também garantindo o contraditório O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
e a ampla defesa. Já os crimes militares encontram-se do direito à segurança ao prever o relaxamento da
previstos no Código Penal Militar. prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a
prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
Art. 5º [...] dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
encontre serão comunicados imediatamente ao drava nas hipóteses de flagrância do art. 302 do CPP.
juiz competente e à família do preso ou à pessoa Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
por ele indicada; sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
Como a prisão em flagrante é a única modalida- presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
de de prisão acautelatória que não conta com ordem substituí-la por medidas cautelares diversas.
judicial prévia, visto que é imposta no momento em
que a infração penal é praticada ou em momentos Art. 5º [...]
após, faz-se necessário sua comunicação imediata ao LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
dade da prisão. sória, com ou sem fiança;
A CF/88 não fixa o prazo da comunicação, porém o
art. 306, do Código de Processo Penal, estabelece que O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e
a comunicação será imediata e os autos remetidos em sua supressão é apenas medida excepcional e somente
até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão. deve ser decretada nos casos em que a norma autorizar.
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
204 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 5º [...] De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo corpus em relação a punições disciplinares militares.
a do responsável pelo inadimplemento voluntário Além dos militares das Forças Armadas, essa disposi-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do ção é estendida aos membros das Polícias Militares e
depositário infiel; dos Corpos de Bombeiros Militares (Art. 42, CF/88).
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
dade que não possui caráter de pena e que tem como além dos limites fixados em lei.
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri-
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por Art. 5º [...]
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. proteger direito líquido e certo, não amparado
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
na CF/88, embora constitucional, tornou-se ilícita em autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
razão das seguintes Súmulas: ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão O inciso LXIX traz outro remédio constitucio-
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- nal: o mandado de segurança (MS). Se o HC tutela
lidade do depósito. a liberdade de locomoção e o habeas data, o acesso e
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do depo- a retificação de dados, o MS é cabível para os demais
sitário judicial infiel. direitos, sendo que seu objetivo e alcance é feito por
exclusão. Cabe destacar que a lei que disciplina o MS
Art. 5º [...] é a Lei nº 12.016/2009.
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que O MS é cabível quando houver direito líquido e
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
violência ou coação em sua liberdade de loco- plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
que os documentos comprobatórios do direito devem
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- estiverem em repartição ou em poder de autoridade
nais são as ações constitucionais previstas na própria que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- temente, no MS, não há fase instrutória.
cimento de direitos fundamentais violados. O MS pode ser de duas espécies:
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
de sofrer constrangimento ilegal em seu direito de ir gal já existente;
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
penais quanto em questões civis, desde que haja cons- de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir trangimento ilegal a direito líquido e certo.
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares.
Existem três modalidades de HC, quais sejam: Não cabe MS contra:
z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em que z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
a ordem é concedida para fazer cessar o constrangi- independentemente de caução;
mento à liberdade de locomoção quando já existente; z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: É um direito fundamental e individual que está
[...] previsto no inciso LXXIII, do art. 5°, da CF, e na Lei
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedi- nº 4.717, de 1965. Possui como objetivo a proteção do
do, quando houver fundamento relevante e do ato
patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exi- meio ambiente e da moralidade administrativa. Prote-
gir do impetrante caução, fiança ou depósito, com gendo o patrimônio público contra, por exemplo, das
o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa obras superfaturadas.
jurídica.
A Ação popular pode ter duas formas, a preventi-
z Mandado de Segurança Coletivo va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos
do ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
Previsto no inciso LXX, do art. 5°, da CF, e no art. 21
consumados.
da Lei nº 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger
certo grupo de pessoas (corporativo). Os requisitos e
o prazo decadencial são os mesmos do Mandado de z Agente ativo: qualquer cidadão brasileiro. Se este
Segurança individual. abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.
z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; É o que confere ao cidadão a capacidade de votar,
z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser participar de plebiscitos ou referendos, subscrever
218 votado. projeto de iniciativa popular, bem como de propor
ação popular para anular ato lesivo ao patrimônio Inelegibilidades
público ou de entidade de que o Estado participe ou,
ainda, acautelar a moralidade administrativa, o meio A Constituição não menciona exaustivamente
ambiente e patrimônio histórico e cultural brasileiro. todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
algumas, deixando reservado que lei complementar
Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio
poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade.
do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran-
geiros e os conscritos (durante serviço militar obriga- Art. 14 [...]
tório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
foram convocados a prestar serviço militar). inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a morali-
Alistamento Eleitoral e o Voto dade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimi-
Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição dade das eleições contra a influência do poder eco-
Federal, o alistamento eleitoral e do voto são: nômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.
z obrigatórios
Em regra:
para os maiores de dezoito anos; Art. 14 [...]
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
z facultativos
Há também a inelegibilidade derivada do casa-
os analfabetos; mento ou do parentesco com o Presidente da Repú-
os maiores de setenta anos; blica, com os Governadores de Estado e do Distrito
os maiores de dezesseis e menores de dezoito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs-
anos. tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
z Presidente e Vice-Presidente da República e Sena- Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-
dor: 35 anos; culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):
z Governador e Vice-Governador dos Estados-mem- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
bros e do Distrito Federal : 30 anos; Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da socie-
z Deputado Federal, Deputador Estadual ou Distri- dade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz: 21 anos; não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do arti-
go 14 da ConstituiçãoFederal
z Vereador: 18 anos.
Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inele-
A condição de nacional é um pressuposto para a
gível é inalistável. Assim, quem não pode votar, como
de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status os estrangeiros e os conscritos durante serviço mili-
de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o tar obrigatório, não pode ser votado, assim como os
poder participar do processo governamental, sobre- analfabetos. No entanto, isso não significa que os que
tudo pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição não podem ser votados, necessariamente, não possam
necessária, mas não suficiente para o exercício da votar. Ex.: o analfabeto é inelegível, mas não é inalistá-
cidadania. vel, logo, pode votar, embora seu voto não seja obriga-
tório, mas não pode ser votado.
Dica Quanto à reeleição e desincompatibilização, a
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade
Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos fede-
diferente de nacionalidade! ral, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do 219
sistema americano de reeleição, que permite apenas a V - improbidade administrativa, nos termos do art.
recondução por um período somente, no Brasil, após 37, § 4º.
o período de um mandato, o governante pode voltar a
se candidatar para o posto. Acerca da suspensão de direitos políticos importa
destacar o seguinte:
Art. 14 [...]
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Súmula 9, do TSE: A suspensão de direitos políti-
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os cos decorrente de condenação criminal transitada
houver sucedido, ou substituído no curso dos man- em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção
datos poderão ser reeleitos para um único período da pena, independendo de reabilitação ou de prova
subsequente. de reparação dos danos.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
da República, os Governadores de Estado e do Distri- Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos, o
to Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respec- Supremo Tribunal Federal manifesta:
tivos mandatos até seis meses antes do pleito.
A suspensão de direitos políticos prevista no art.
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
alguns requisitos: de substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG,
Art. 14 [...] Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexan-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as dre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão
seguintes condições: geral) (Info 939).
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade; Por fim, concluindo o assunto de direitos políticos,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- veja o que dispõe o art. 16 da CF:
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a
Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-
inatividade.
rá em vigor na data de sua publicação, não se apli-
cando à eleição que ocorra até um ano da data de
O Mandato eletivo pode ser impugnado:
sua vigência.
Art. 14 [...]
PARTIDOS POLÍTICOS
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias conta-
dos da diplomação, instruída a ação com provas de Os partidos políticos estão previstos no art. 17 da
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude; Constituição Federal. Tratam-se de intituições essen-
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará ciais à manuntenção e preservação do Estado demo-
em segredo de justiça, respondendo o autor, na for- crativo de direito.
ma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação e
Perda e Suspensão dos Direitos Políticos extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluri-
A perda e a suspensão dos direitos políticos partidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
podem se dar, respectivamente, de forma definitiva humana e observados os seguintes preceitos:
ou temporária. I - caráter nacional;
Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento II - proibição de recebimento de recursos finan-
ceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
da naturalização por sentença transitada em julga-
subordinação a estes;
do e no caso de recusa de cumprir obrigação a todos
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
militar obrigatório). lei.
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem os § 1º É assegurada aos partidos políticos autono-
motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo não o mia para definir sua estrutura interna e estabele-
retomar a capacidade civil ele terá seus direitos políti- cer regras sobre escolha, formação e duração de
cos suspensos. Readquirindo-a, alcançará, novamente seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
o status de cidadão. Também são passíveis de suspen- organização e funcionamento e para adotar os cri-
são os condenados criminalmente (com sentença tran- térios de escolha e o regime de suas coligações nas
sitado em julgado). Cumprida a pena, readquirem os eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
direitos políticos; no caso de improbidade administra- eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vin-
tiva, a suspensão será, da mesma forma, temporária. culação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus esta-
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, tutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: partidária.
I - cancelamento da naturalização por sentença § 2º Os partidos políticos, após adquirirem perso-
transitada em julgado; nalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
II - incapacidade civil absoluta; seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
III - condenação criminal transitada em julgado, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo
enquanto durarem seus efeitos; partidário e acesso gratuito ao rádio e à televi-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta são, na forma da lei, os partidos políticos que
220 ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu-
tados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos PODER EXECUTIVO
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação, com um mínimo de 2% FORMA E SISTEMA DE GOVERNO
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou A origem de um Estado pode dar-se de forma natu-
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados ral, religiosa (Estado criado por Deus), pela força e
Federais distribuídos em pelo menos um terço das domínio dos mais fortes sobre os mais fracos, pelo
unidades da Federação.
agrupamento de famílias, de forma contratual, de
forma derivada: por união (quando dois Estados sobe-
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
ranos se unem formando um só novo Estado); por-
de organização paramilitar.
fracionamento (quando um estado se divide em dois
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os
novos estados independentes); ou de forma atípica, a
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegu-
exemplo do Vaticano e de Israel.
rado o mandato e facultada a filiação, sem perda
São elementos constitutivos do Estado: a soberania, a
do mandato, a outro partido que os tenha atingi- finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu
do, não sendo essa filiação considerada para fins Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a
de distribuição dos recursos do fundo partidário e ordem jurídica soberana, que tem por fim o bem comum
de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. de um povo situado em determinado território”.
Soberania é o poder político supremo e indepen-
Acerca dos direitos políticos, importante citar a dente que o Estado detém consistente na capacidade
Emenda Constitucional nº 97, de 2017, que altera a para editar e reger suas próprias normas e seu orde-
CF com o fim de proibir as coligações partidárias nas namento jurídico.
eleições proporcionais, estabelecer normas acerca A finalidade consiste no objetivo maior do Estado,
do acesso dos partidos políticos aos recursos do fun- que é o bem comum, isto é, o conjunto de condições
do partidário, regulamentar o tempo de propaganda para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um
gratuito no rádio e na televisão, além de dispor sobre
objetivo comum, ligados a um determinado território
regras de transição.
pelo vínculo da nacionalidade.
Veja o que dispõe o art. 3º da referida Emenda Território é o espaço físico dentro do qual o Esta-
Constitucional: do exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo se
estabelece e se organiza com ânimo de permanência.
Art. 3º O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição A Constituição de 1988 adotou a forma republica-
Federal quanto ao acesso dos partidos políticos aos na de governo, o sistema presidencialista de gover-
recursos do fundo partidário e à propaganda gra- no e a forma federativa de Estado.
tuita no rádio e na televisão aplicar-se-á a partir
das eleições de 2030. FEDERAÇÃO
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fun-
do partidário e à propaganda gratuita no rádio e na O federalismo é a forma de Estado marcada essen-
televisão os partidos políticos que: cialmente pela união indissolúvel dos entes federativos,
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018: ou seja, pela impossibilidade de secessão (separação).
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos São entes da federação brasileira: a União; os Estados-
Deputados, no mínimo, 1,5% dos votos válidos, -Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é
Federação, com um mínimo de 1% dos votos váli- considerado laico, mantendo uma posição de neutrali-
dos em cada uma delas; ou dade em matéria religiosa, admitindo o culto de todas
b) tiverem elegido pelo menos 9 Deputados Fede- as religiões, sem qualquer intervenção.
rais distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades
De acordo com o § 3º, do art. 140, o cargo de Dele- Art. 142 [...]
gado de Polícia, além de estruturado em carreira, é I - à Polícia Militar, a polícia ostensiva de prevenção
privativo de bacharel em Direito, cuja investidura é criminal, de segurança, de trânsito urbano e rodo-
feita por meio de concurso público de provas e títulos, viário, de florestas e de mananciais e as atividades
que contará com a participação de representante da relacionadas com a preservação e restauração da
Ordem dos Advogados do Brasil. ordem pública, além da garantia do exercício do
Há de se mencionar que também é exigida a for- poder de polícia dos órgãos e entidades públicos,
especialmente das áreas fazendária, sanitária, de
mação superior para o perito criminal.
proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de
patrimônio cultural;
Art. 140 [...]
§ 4º O cargo de Delegado de Polícia integra, para
todos os fins, as carreiras jurídicas do Estado. À PM compete a polícia ostensiva para prevenção
de crimes, a preservação da ordem pública, as ativi-
Neste ponto, é importante mencionar que existem dades de trânsito urbano e rodoviário, bem como a
dois entendimentos, no STF, sobre a equiparação do atuação na proteção ambiental e cultural. A PM subor-
Delegado às demais carreiras jurídicas do Estado. O dina-se ao Governador do Estado.
primeiro é no sentido de que Constituição Estadual não
Art. 142 [...]
pode conferir aos Delegados de Polícia status de carrei-
II - ao Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação
ra jurídica, com independência funcional (ADI nº 5.520).
e a execução de ações de defesa civil, a prevenção
Já pelo segundo entendimento, o traço hierárquico de
e combate a incêndio, perícias de incêndio, busca
subordinação dos Delegados aos Governadores torna e salvamento e estabelecimento de normas relati-
ilegítima a possibilidade de o legislador constituinte vas à segurança das pessoas e de seus bens contra
estadual conceder maior autonomia aos órgãos de dire- incêndio ou qualquer tipo de catástrofe;
ção máxima das Polícias Civis (ADI nº 5.103).
No mesmo sentido, entende o STF que não é pos- Ao Corpos de Bombeiros Militares comete a pre-
sível norma estadual vincular os vencimentos do venção e combate de incêncio, além da execução de
Delegado de Polícia aos subsídios dos Promotores de atividades de defesa civil.
Justiça (ADI nº 145).
234
Ou seja, a parte geral do Código Penal é responsá-
vel por responder a três perguntas fundamentais:
Para facilitar o estudo, observe a seguinte divisão De acordo com tal princípio, dentro do Estado Demo-
didática (apenas didática, uma vez que o Código não crático de Direito, a interferência do Direito Penal na
está dividido desta maneira): liberdade dos cidadãos só é legítima para proteger os
bens jurídicos.
z Parte Geral:
Princípio da Intervenção Mínima ou da
Arts. 1 ao 12: Teoria da Norma: Lei penal no tempo
Subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo
e no espaço;
Arts. 13 ao 31: Teoria do Crime;
Arts. 32 ao 106: Teoria da Pena; O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurí-
Arts. 107 ao 120: Extinção da Punibilidade. dicos mais relevantes, intervindo apenas o mínimo
necessário nos conflitos sociais e na liberdade dos
z Parte especial: indivíduos. Em outras palavras, a força punitiva do
Estado deve ser utilizada apenas como último recurso
Arts. 121 ao 359: Crimes em Espécie. (ultima ratio). 235
Princípio da Proporcionalidade da Pena ou da A insignificância tem natureza jurídica de causa
Razoabilidade ou da Proibição de Excesso de exclusão de tipicidade material, isto é, como con-
Deve existir sempre uma medida de justo equilí- sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção omissões que afetam muito infimamente a um bem
imposta. A pena deve ser proporcional e adequada à jurídico-penal.
lesão do bem jurídico protegido, e a medida de segu- A irrelevante lesão ao bem jurídico protegido não
rança, à periculosidade criminal do agente. justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir
Este princípio impede que o Direito Penal inter- a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
venha de forma desnecessária ou excessiva na esfe- Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de
ra individual, gerando danos mais graves do que os pequenos furtos simples.
necessários para a proteção social. O princípio da insignificância traz consigo uma
Esse princípio tem dois destinatários: série de discussões relevantes. A primeira delas diz
respeitos aos requisitos para sua aplicação.
z Poder legislativo: que deve estabelecer penas abs- De acordo com o entendimento consolidado do
tratas proporcionais à gravidade do delito;
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não é
z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
irrestrita, e o princípio da bagatela somente pode ser
delito devem ser proporcionais à sua concreta
aplicado se presentes as seguintes condições objeti-
gravidade.
vas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos objetivos):
Princípio da Adequação Social
Uma conduta não será considerada como típica REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA
(descrita como crime) se for socialmente adequada ou INSIGNIFICÂNCIA (STF)
reconhecida, isto é, se estiver de acordo com o conví- M Mínima ofensividade da conduta
vio normal em sociedade.
A conduta típica tem que estar em conformidade A Ausência de periculosidade social
com o direito, isto é, deve estar em concordância com
as determinações jurídicas e os comportamentos já Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
R
estabelecidos em lei. comportamento
O princípio da adequação social possui dupla fun- I Inexpressividade da lesão jurídica provocada
ção, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangên-
cia (aplicação da lei penal) da conduta típica, limi- Além destes (apresentados como forma de facili-
tando a sua interpretação, e excluindo as condutas tar o aprendizado pela sigla M.A.R.I — que pode ser
consideradas socialmente adequadas e aceitas pela trocada por R.I.A.M, desde que se altere a ordem), o
sociedade. Superior Tribunal de Justiça (STJ), acrescenta mais
A segunda função é dirigida ao legislador em duas dois requisitos, de ordem objetiva (dizem respeito,
vertentes: portanto, aos sujeitos):
z A primeira delas orienta o legislador na seleção das z Não ser o réu criminoso habitual ou militar;
condutas que deseja proibir ou impor, com a finali-
z Condições da vítima: condição econômica, o valor
dade de proteger os bens considerados mais impor-
sentimental do bem, as circunstâncias e o resulta-
tantes. Se a conduta que está na mira do legislador
for considerada socialmente adequada, não poderá do do crime, de modo que se determina, no âmbito
ele reprimi-la valendo-se do Direito Penal; subjetivo, a existência ou não de lesão.
z A segunda vertente destina-se a fazer com que o
legislador repense os tipos penais e retire do orde- Ou seja, constituem exceção à aplicação do princí-
namento jurídico a proteção sobre aqueles bens pio: o fato de ser o crime praticado por militar (tendo
cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à em vista o alto grau de reprovabilidade da conduta e
evolução da sociedade. da quebra da hierarquia e da disciplina a qual tal clas-
se encontra-se sujeita), ou por criminoso habitual
Exemplo clássico é o adultério, que deixou de ser (aquele que pratica crimes como meio de vida).
crime no Brasil em 2005. Por outro lado, são exemplos O STJ possui súmulas específicas a respeito do
de condutas formalmente típicas (previstas em tipo princípio da insignificância que tratam de sua incom-
legal) mas materialmente atípicas (por serem social-
patibilidade com certos tipos de crime, como, por
mente adequadas/aceitas): a tatuagem e o furo para a
exemplo, o as Súmulas 589, 599 e 606, que afirmam,
colocação de um brinco ou de um piercing.
respectivamente, não ser aplicável a insignificância:
Princípio da Insignificância
z Nos crimes ou contravenções praticados contra a
Relacionado aos chamados crimes de bagatela, mulher no âmbito das relações domésticas;
também conhecidos como delitos de lesão míni-
z Nos crimes contra a Administração Pública;
ma. Este é um dos princípios penais que, nos últimos
anos, vem sendo cada vez mais discutido na doutri- z Nos delitos de transmissão clandestina de sinal de
na e tratado pela jurisprudência. De forma simples, Internet via radiofrequência.
consiste no princípio que afirma que o Direito Penal
não deve se preocupar com condutas incapazes de Importa saber que, para o STF e o STJ o fato de ser
ofender de forma relevante os bens jurídicos pro- reincidente não impede a aplicação do princípio da
236 tegidos pelo tipo penal. insignificância.
Nesse sentido, em abril, a Segunda Turma do STF, Quanto ao lugar (espaço), veremos que se aplica o
no julgamento do Habeas Corpus 181.389, manteve, princípio da ubiquidade, e em relação tempo, o prin-
por unanimidade, decisão do ministro Gilmar Mendes cípio da atividade.
que absolveu réu reincidente condenado a um ano e
nove meses de reclusão pela tentativa de furto de R$
Dica
4,15 em moedas e de uma garrafa de Coca-Cola, duas
de cerveja e uma de cachaça (produtos que totalizam Mnemônico que resume os dois princípios que
R$ 29,15). iremos estudar: L. U. T. A. (Lugar, Ubiquidade,
Tempo, Atividade).
Princípio da Lesividade ou da Ofensividade do
Evento
LEI PENAL NO TEMPO
A lei penal tem o dever de prevenir maiores vio-
lações de direitos individuais causadas pelos efeitos A lei penal nasce (é sancionada, promulgada e
lesivos das ações reprováveis, pois é somente a prote- publicada), tem seu tempo de vida (vigência) e morre
ção de direitos que pode justificar o peso das penas e (é revogada). A revogação pode ser expressa (quando
das proibições. lei posterior textualmente afirma que a lei anterior
O princípio axiológico (axiologia é a ciência que não mais produz efeitos) ou tácita (quando não há
identifica e conceitua os valores de uma sociedade) revogação expressa, mas a nova lei é incompatível
da separação entre direito e moral veta a criação de com a anterior ou regula totalmente a matéria que
condutas típicas meramente imorais ou de estados de constava na lei mais antiga).
ânimo pervertidos, hostis, ou, ainda, perigosos.
A regra é que a lei regula todas as situações ocor-
ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação
Princípio da Razoabilidade
(tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha-
Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é mado de atividade.
legal. Isso faz com que a lei seja interpretada e apli- Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora
cada em harmonia com a realidade, de modo social de seu período de vigência, temos o fenômeno da
e juridicamente razoável, buscando aquilo que é jus- extra-atividade. A extra-atividade dá-se de duas for-
to. Tal princípio se relaciona com o princípio da pro- mas: quando a lei regula situações ocorridas antes
porcionalidade, segundo o qual as penas precisam de sua vigência (passado), chamamos a extra-ativi-
guardar relação de proporcionalidade com o delito
dade de retroatividade. Se, por outro lado, a lei se
cometido. Pena proporcional é também razoável.
aplica mesmo depois de cessada sua vigência (futu-
Princípio do Ne Bis In Idem ro), temos a ultra-atividade.
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua
De acordo com o princípio do ne bis in idem (não aplicação somente durante seu período de vigência.
repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser Como exceção, temos a extra-atividade da lei penal
punido duas vezes pelo mesmo fato. Esse princípio mais benéfica, ou seja, sua aplicação para regu-
tem aplicabilidade no âmbito do direito penal material lar situações passadas (retroatividade) ou futuras
(ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo (ultra-atividade)
crime) e do direito processual penal (ninguém pode ser Observe o art. 2º do Código Penal:
processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato).
Avançando nos estudos, vamos, agora, responder a Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
três perguntas sobre a lei penal:
posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
z Quando ela se aplica?
tença condenatória.
z Onde ela se aplica?
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
z Em face de quem ela se aplica (ou não se aplica)?
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
O nosso estudo da eficácia da lei penal dar-se-á sob riores, ainda que decididos por sentença condena-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Em relação ao tempo (a lei penal não tem eficá- O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma
cia permanente; entra em vigor em determinado vez que está analisando a aplicação da lei penal e
momento e não é eterna); tendo por base a data do fato delituoso. Assim, temos
z Ao espaço (não tem vigência em todo o mundo, ou duas situações:
seja, não é universal);
z Em relação às funções exercidas por certas e deter- z Ou aplica-se a regra do tempus regit actum, se for
minadas pessoas. mais benéfico;
Assim sendo, nossos próximos passos serão estu- z Ou aplica-se a lei posterior (aquela que entra em
dar a eficácia da lei penal no tempo e no espaço, vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa-
conhecendo os princípios que regem a aplicação nes- tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada
tas duas dimensões. também de lex mitior (lei mais suave). 237
Observe as duas situações no fluxograma a seguir: De acordo com o inciso XL, do art. 5º, da CF, e caput,
do art. 2º, do CP, a lei mais branda retroage para favo-
Retroativida de Lei mais recer o agente, aplicando-se aos fatos anteriores, ain-
Benéfica da que eles já tenham sidos decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora Neste caso, o dispositivo penal não esclarece o que
decorrido o período de sua duração ou cessadas as é “impedimento que lhe cause nulidade absoluta”. O
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao complemento, neste caso, deve ser buscado em fonte
fato praticado durante sua vigência. legislativa de igual hierarquia (Lei): o branco do art.
237, do CP, é complementado pelas hipóteses de impe-
z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em dimento previstas no Código Civil, especificamente no
épocas especiais, como guerra, calamidade etc. seu art. 1521. Este caso é o que se chama de norma
É aprovada para vigorar enquanto perdurar o penal em branco em sentido lato ou imprópria ou
homogênea: a complementação do preceito primário
período excepcional. É facilmente identificada por
é feita com auxílio de uma lei.
expressões como “esta lei terá vigência enquanto Norma penal em branco é um assunto dos mais
durar o estado de calamidade pública”; cobrados em concursos. É importante guardar não
z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por só suas relações com o direito temporal, mas também
determinado tempo, estabelecido previamente na suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em
própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de nosso vocabulário jurídico-penal:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tempo do Crime nas Infrações Permanentes e O princípio da territorialidade significa que a lei
Continuadas penal de um país só é aplicável no território do Estado
que a editou, sem se preocupar com a nacionalidade
Nestes casos, será aplicada regra especial, que do sujeito ativo (autor) ou passivo (vítima).
consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave O princípio da territorialidade pode se dar de duas
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, formas:
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência”. z De forma absoluta (princípio da territorialidade
Crime permanente é aquele cuja consumação se absoluta) quando somente a lei penal do país é
prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo como, aplicável aos crimes cometidos em seu território
por exemplo, no caso de um sequestro. Neste caso, é nacional;
considerado tempo do crime todo o período em que z De forma temperada, relativizada ou mitigada
se desenrolar a atividade criminosa. Assim sendo, se (princípio da territorialidade temperada) quan-
um sequestrador, menor de 18 anos quando do início do a lei penal nacional é aplicada via de regra ao
da prática do crime, atinge a maioridade ainda com crime cometido no território nacional, mas, excep-
o delito em curso, é considerado imputável (capaz de cionalmente, por força de tratados e convenções
receber pena) para os fins penais. internacionais, a lei estrangeira é aplicável a deli-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí- tos praticados em território nacional.
dica criada para beneficiar o réu, a qual está previs-
ta no art. 71 do CP, e será estudada mais adiante. Por Como regra, o Brasil adota o princípio da terri-
enquanto, basta saber que o crime continuado ocorre torialidade temperada e 4 outros princípios como
quando o agente pratica dois ou mais crimes da mes- exceção:
ma espécie, mediante duas ou mais condutas, sendo
que, pelas condições de tempo, lugar, modo de execu- z Real, de proteção ou da defesa: a lei penal leva
ção, são tidos uns como continuação dos outros. em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado
Por exemplo, um empregado de uma loja de fer- pelo delito, sem se importar com local de sua práti-
ramentas, visando subtrair um kit de ferramentas ca ou com a nacionalidade do sujeito ativo (alíneas
do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta a, b e c, inciso I, do art. 7º, da CF).
por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias
depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica cometidos no estrangeiro:
do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120 I - os crimes: 241
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da z Mar territorial, assim entendido como a faixa de
República; mar exterior que compreende as 12 milhas marí-
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do timas medidas a partir da linha do baixa-mar do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Muni- litoral continental e insular brasileiro, de acordo
cípio, de empresa pública, sociedade de economia com as referências contidas nas cartas náuticas
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder brasileiras (art. 1º, da Lei nº 8.617/93).
Público;
c) contra a administração pública, por quem está a Em relação aos rios internacionais que constituem
seu serviço; limites entre dois países, normalmente existe tratado
[...]
sobre o tema que, ou determina que a divisa se encon-
tra na linha mediana do leito do rio ou que a divisa
� Justiça penal universal, princípio universal, acompanhe a linha de maior profundidade da cor-
da universalidade da justiça cosmopolita, da rente. Se o rio não for divisa, mas sucessivo, como o
jurisdição mundial, da repressão universal ou Amazonas, é indiviso, cada Estado exerce soberania
da universalidade do direito de punir: o agente sobre ele.
ficará sujeito à Lei do Estado em que for encontra- No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o
do, independentemente da nacionalidade do autor limite é fixado pela linha da meia distância entre as
ou da vítima, assim como do local em que o crime margens do lago ou lagoa, que separa dois ou mais
foi praticado. Pode-se citar os tratados internacio- Estados.
nais de cooperação na repressão de determinados
delitos de alcance transnacional.
Dica
Art. 7º [...] Por se relacionarem aos assuntos que estamos
I - os crimes: vendo, vale a pena estudar as hipóteses de não
[...] incidência da lei a fatos cometidos no Brasil:
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou � as imunidades diplomáticas;
domiciliado no Brasil; � as imunidades parlamentares;
II - os crimes:
� a inviolabilidade do advogado.
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
gou a reprimir;
Esses assuntos geralmente são tratados em Direito
Constitucional, Direito Processual Penal e no estudo
z Nacionalidade ativa ou princípio da persona- do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
lidade: segundo o princípio da nacionalidade, a
lei penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde Território por Extensão
quer que se encontrem.
De acordo com o § 1º, do art. 5º, do Código Penal, para
Art. 7º [...] fins penais, é considerado território por extensão:
[...]
II - os crimes: z As embarcações e aeronaves brasileiras, de
[...] natureza pública ou a serviço do governo brasilei-
b) praticados por brasileiro; ro onde quer que se encontrem;
z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer-
z Representação, pavilhão ou bandeira: ficam sujei- cantes ou de propriedade privada, que se achem,
tos à lei do Brasil os delitos cometidos em aerona- respectivamente, no espaço aéreo corresponden-
ves e embarcações privadas, quando ocorridos no te ou em alto-mar.
estrangeiro e não venham lá a ser julgados.
Lugar do Crime
Art. 7º [...]
[...] O CP trata do lugar do crime no art. 6º:
II - os crimes:
[...] Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasi- que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par-
leiras, mercantes ou de propriedade privada, quan- te, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
do em território estrangeiro e aí não sejam julgados. -se o resultado.
Nestes casos, aplica-se a lei penal brasileira ainda A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
que o crime tenha sido julgado no estrangeiro e imposta no Brasil pelo mesmo crime quando as penas
independentemente de o agente entrar no Brasil. forem diversas, ou nela é computada quando idênticas.
z Unidade de fato, ou seja, a existência de uma única Compare com o tipo penal do infanticídio, outro
infração penal (por exemplo: uma morte); dos crimes contra a vida:
z Pluralidade de normas identificando o mesmo fato Infanticídio
como delituoso, isto é, duas ou mais normas supos-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
tamente regulando o mesmo fato criminoso. Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe-
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
A solução dá-se pela aplicação de alguns prin-
cípios que veremos a seguir, que são denominados O infanticídio (crime específico) é lei especial em
princípios que solucionam o conflito aparente de relação ao homicídio (crime genérico), uma vez que
normas. contém mais elementos:
São quatro os princípios que solucionam o con-
flito aparente de normas: z Sob a influência do estado puerperal;
z Especialidade; z O próprio filho;
z Subsidiariedade; z Durante o parto ou logo após.
tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças expressão “salvo disposição em contrário”.
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici- Essas teorias têm a tese de que a pena para os
dade não finalizada, sem conclusão. crimes consumados são as mesmas para os crimes
A tentativa tem três elementos em sua estrutura: tentados.
Aplica-se essas teorias em alguns casos.
z Início da execução do crime; Há casos restritos em que o crime consumado e o
z Ausência de consumação por circunstâncias crime tentado comportam igual punição: são os deli-
alheias à vontade do agente; tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:
z Dolo de consumação.
z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
da consumação: o sujeito quer o resultado! à medida de segurança detentiva, usando de vio-
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na con- lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
sumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa, quando do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
“A” consegue colocar a mão no celular, é surpreendido em que se encontra privado de sua liberdade; 249
z Lei nº 4.737/1965 — Código Eleitoral, art. 309, z Crime unissubsistente: é realizado por ato único,
no qual se sujeita à igual pena o eleitor que vota não sendo admitido o fracionamento da conduta,
ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de como, por exemplo, no desacato (art. 331, do CP)
outrem. praticado verbalmente.
qualificado em todas as hipóteses dos incisos I, II, III, aplicada, a de meio cruel.
IV, V, VI, VII e VIII do § 2º do art. 121 do CP.
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do § 2º
do art. 121 do CP: Importante!
Se o homicídio é cometido:
No Direito Penal, o agente é punido, em regra,
Art. 121 [...] pelo crime que queria praticar. Assim, caso o
§ 2º [...] agente queira torturar, mas se exceda e acabe
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou matando a vítima, irá responder por tortura qua-
por outro motivo torpe;
lificada pelo resultado morte. Se o agente queria
Motivo torpe refere-se a algo repugnante, nojento, matar e usa a tortura como meio para atingir a
abjeto. sua finalidade, irá responder por homicídio quali-
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser moti- ficado pela tortura.
vo torpe: mediante paga ou promessa de recompensa. 253
Art. 121 [...] Polícia Ferroviária Federal; Polícias Civis; Poli-
§ 2º [...] ciais Militares; Corpo de Bombeiros Militares;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- Polícias Penais federal, estadual e municipal.
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
sível a defesa do ofendido; Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para
a sua prova que não é a morte de qualquer dos agen-
As qualificadoras mencionadas no inciso IV tam- tes ou autoridades descritos acima que irá qualificar o
bém estão relacionadas aos meios empregados pelo homicídio, mas sim se a morte deles for praticada no
agente. Quando o agente comete um homicídio, pra- exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em
ticando-o de forma que a defesa da vítima seja difi- razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou
cultada ou se torne impossível, ele responderá na função que eles exercem).
modalidade qualificada. A qualificadora também será aplicada se o homi-
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro ou
Art. 121 [...] parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos agen-
§ 2º [...] tes ou autoridades que vimos, também motivado pela
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu- função que os agentes ou autoridades exercem.
nidade ou a vantagem de outro crime;Nesta forma
qualificada, o agente pratica o homicídio para, Dica
de alguma forma, garantir uma vantagem rela- É possível que o homicídio seja privilegiado e
cionada a um outro crime. A doutrina chama qualificado ao mesmo tempo? Sim.
esta qualificadora de conexão instrumental,
É possível, porém, é necessário que a qualifica-
que pode ser teleológica ou consequencial.
dora seja de natureza objetiva, ou seja, relacio-
nada aos meios empregados pelo agente para
Conexão instrumental teleológica assegura a exe-
executar o crime.
cução futura de um outro crime.
Conexão instrumental consequencial assegura a Segundo a doutrina majoritária, o homicídio
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime, privilegiado-qualificado não será considerado
praticado anteriormente. hediondo, porque o privilégio afasta a hediondez.
Segundo a doutrina majoritária, não é necessário
que o crime anterior ou posterior possa ter sido pra- z Homicídio Culposo
ticado por uma outra pessoa, não existindo a obriga-
Art. 121 [...]
toriedade de que seja o próprio autor do homicídio.
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 121 [...]
§ 2º [...] O homicídio culposo é aquele em que o agente não
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo quer como o resultado a morte, nem assume o risco de
feminino. realizá-la, mas acaba causando a morte de alguém por
imprudência, negligência ou imperícia.
Fique atento, pois este dispositivo tem grande A imprudência fica configurada quando o agente
incidência em provas de concursos públicos. Estamos é afoito, praticando conduta não recomendada pela
falando do feminicídio. vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando
Você acertará todos os itens correspondentes alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar.
quando entender que nem toda morte de mulher será Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e,
considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai
praticada devido a sua condição de sexo feminino. na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente.
O Código Penal estabelece que se considera que há Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra-
razões de condição de sexo feminino quando a morte no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou imprudente (praticado uma ação não recomendável),
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. acabou causando a morte da vítima.
O feminicídio ficará configurado com a morte da Nesse caso, a negligência fica configurada quando
mulher devido à violência de gênero e não quando o agente é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação. vida em sociedade recomenda.
Além disso, a imperícia é a falta de aptidão técnica
Art. 121 [...] para o desempenho de determinada atividade.
§ 2º [...] Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema entre a negligência e a imperícia:
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
Ex.: Adolfo é médico-cirurgião. Certo dia, ao
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
fazer uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição.
dentro do paciente, que vem a óbito;
Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período
de residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal,
O homicídio será qualificado quando praticado
erra no procedimento e a vítima morre.
contra os seguintes agentes ou autoridades:
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
Integrantes das Forças Armadas (Marinha, homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
Exército ou Aeronáutica); médico-cirurgião, logo, tem perícia para a realização
Integrantes dos órgãos de segurança pública: de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
254 Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; mento dentro do paciente.
No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por Se o crime resulta de inobservância de regra
homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele técnica de profissão, arte ou ofício – aumento
aptidão necessária para realizar perícias. de 1/3 (um terço);
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica- Se o agente deixa de prestar imediato socorro
ção do instituto do perdão judicial, previsto no § 5º do à vítima, não procura diminuir as consequên-
art. 121 do CP: cias do seu ato ou foge para evitar prisão em
flagrante – aumento de 1/3 (um terço).
Art. 121 [...]
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode- Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio ou a
rá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da Automutilação
infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária. No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autole-
são, ou seja, uma pessoa não será punida penalmente
Você pode entender a aplicação do perdão judicial caso provoque mal somente a si própria. O tipo penal
ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca que iremos estudar não pune o suicídio, que consis-
um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes- te na eliminação da própria vida, mas sim a conduta
te caso, as consequências da infração penal (homi- daquele que induz, instiga ou auxilia a prática de um
cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de suicídio ou a automutilação.
seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
Art. 122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos material para que o faça:
casos de homicídio culposo. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Falaremos agora das causas de aumento de pena
aplicadas ao homicídio. Inicialmente, devemos entender o que significa
cada um dos verbos que configuram o tipo penal:
z Homicídio Majorado
As causas de aumento de pena estão previstas nos z Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir
§ 4º, 6º e 7º, art. 121. Vejamos:
esta ideia na cabeça dela;
Art. 121 [...] z Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A víti-
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de ma pensa ou já pensou em se suicidar e o agente
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância reforça essa ideia;
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se z Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima.
o agente deixa de prestar imediato socorro à víti- Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda,
ma, não procura diminuir as conseqüências do seu entre outras formas de auxílio.
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um Com o advento da Lei nº 13.968/2019, na hipótese
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de a automutilação ou de a tentativa de suicídio resul-
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. tar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
[...] nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 do CP, a pena
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
metade se o crime for praticado por milícia priva-
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- Art. 122 [...]
rança, ou por grupo de extermínio. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
Quanto ao feminicídio, o aumento será de 1/3 até ma, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
metade, quando praticado nas circunstâncias do § 7º Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
do art. 121: § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutila-
ção resulta morte:
Art. 121 [...] Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado: Essa redação (§ 1º do art. 122 do CP) citada, põe fim à
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste- discussão sobre a possibilidade de tentativa para o indu-
riores ao parto; zimento, instigação ou auxílio ao suicídio.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior Hoje, a lei diz que o crime de induzimento, instiga-
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora ção ou auxílio ao suicídio e, agora, da automutilação,
de doenças degenerativas que acarretem condição admite tentativa.
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; Porém, em caso de consumação do suicídio ou da
III - na presença física ou virtual de descendente ou automutilação resultar morte, a pena prevista é de
de ascendente da vítima; reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do z Forma qualificada
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Com a redação da Lei nº 13.968/2019, a pena para
As causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí- o crime de induzimento, instigação e auxílio ao sui-
dio culposo também merecem de atenção especial. Para cídio e de automutilação é duplicada em dois casos.
tanto, dividimos a disposição do § 4º, art. 121, a seguir: Vejamos: 255
Art. 122 [...] O infanticídio é classificado pela doutrina como
§ 3º A pena é duplicada: crime bipróprio, já que ele exige qualidades especiais
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo.
ou fútil; É necessário que o sujeito ativo – quem pratica a
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual- conduta – seja a própria mãe e que o sujeito passivo –
quer causa, a capacidade de resistência. quem é ameaçado pela conduta criminosa – seja o pró-
prio filho, para que este tipo penal fique configurado.
z Aumento de Pena São outros requisitos que devem estar presentes
para configuração do crime de infanticídio:
Art. 122 [...]
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta z Que a mãe esteja sob a influência do estado
é realizada por meio da rede de computadores, de puerperal;
rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é O estado puerperal é uma alteração emocional
líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. pela qual passam algumas mães durante o período
correspondente ao parto.
Não é caso de crime de induzimento, instigação ou Não existe prazo definido em lei, na doutrina ou
auxílio ao suicídio e da automutilação quando a vítima na jurisprudência, sobre quanto tempo dura o estado
não tem algum discernimento para a prática do suicí- puerperal.
dio e da autolesão. Caso a conduta seja praticada con-
tra alguém sem qualquer discernimento, por exemplo, z Que a conduta seja praticada durante ou logo após
uma criança de 10 anos de idade, não estaremos diante o parto.
do crime de induzir, instigar ou auxiliar a prática de
suicídio, mas sim diante do crime de homicídio. O Código Penal adota, para o crime de infanticídio,
critério fisiológico, também denominado biopsicológi-
Art. 122 [...] co ou fisiopsicológico, afastando-se do sistema psico-
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é lógico, que exigia o motivo de honra. O simples estado
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou puerperal é apto ao reconhecimento do infanticídio.
contra quem não tem o necessário discernimento Estado puerperal é o conjunto das perturbações psí-
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra quicas e fisiológicas sofridas pela mulher em razão do
causa, não pode oferecer resistência, responde o fenômeno do parto. Diversos fatores como, por exem-
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. plo, sofrimento, a perda de sangue, a angústia, a inquie-
121 deste Código. tação ou outros que podem levar a parturiente a sofrer
um colapso do senso moral, uma liberação de impulsos
Neste sentido, o Código Penal trata, com a inclusão da maldosos, chegando por isso a matar o próprio filho.
redação dada por meio da Lei nº 13.968/2019, da hipóte- A influência do estado puerperal normalmente
se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta acontece em qualquer parto, havendo, inclusive, jul-
lesão corporal de natureza gravíssima. Se for cometido gados dispensando a prova pericial para comprová-lo.
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por O infanticídio deve ocorrer durante o parto ou logo
após, ou seja, logo em seguida ao parto, sem intervalo.
enfermidade ou deficiência mental, não tem o neces-
Antes do início do parto, a morte do feto será aborto, e
sário discernimento para a prática do ato, ou que, por
se não ocorrer logo após o parto, será homicídio.
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
A expressão “logo após o parto” compreende todo
responde o agente pelo crime lesão corporal gravíssima. o período em que permanecer a influência do esta-
do puerperal. Sobrevindo a fase da bonança, em que
Art. 122 [...] predomina o instinto materno, cessa a influência do
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resul- estado puerperal. Se, não permanecendo o estado
ta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
puerperal, a mãe matar o filho, não estaremos diante
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
do crime de infanticídio, mas de homicídio.
contra quem, por enfermidade ou deficiência men-
O delito só admite o dolo, que pode ser direto ou
tal, não tem o necessário discernimento para a prá-
eventual.
tica do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
Se houver a hipótese de a conduta de a mãe, em
pode oferecer resistência, responde o agente pelo
estado puerperal, logo após o parto, culposamente
crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
matar o filho, estaremos diante de homicídio culposo.
Há certos casos em que a mulher, após o parto, se
Por fim, se o crime de suicídio se consuma ou se vê acometida da chamada psicose puerperal, que é
da automutilação resulta morte e a vítima é menor de uma doença mental que lhe tira totalmente o poder
14 (quatorze) anos ou se o crime for praticado con- de autodeterminação. Nesta hipótese, a mãe é consi-
tra quem não tem o necessário discernimento para a derada absolutamente inimputável, conforme o caput
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não do art. 26 do CP.
pode oferecer resistência, responde o agente pelo cri- Se, em outra hipótese, a mãe, além da influência do
me de homicídio. estado puerperal, tiver outra causa de semi-imputabili-
dade, consistente em perturbação da saúde mental, que
Infanticídio não lhe retire a inteira capacidade de entendimento ou
autodeterminação, deverá ser aplicada a regra do pará-
Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe- grafo único do art. 26 do Código Penal, ou seja, a pena do
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após: infanticídio poderá ser reduzida de um a dois terços, ou
256 Pena - detenção, de dois a seis anos. poderá ser substituída por medida de segurança.
HOMICÍDIO O aborto consiste na interrupção da gravidez com
a morte do produto da concepção. Dessa definição
A parturiente mata o filho sobressaem os seguintes elementos necessários à
sem estar influenciada pelo Homicídio, art. 121 do CP constituição do delito:
estado puerperal
z Estado fisiológico da gravidez;
z Emprego de meios dirigidos à provocação do aborto;
INFANTICÍDIO z Morte do produto da concepção;
A parturiente mata o filho z Dolo.
sob a influência do estado Infanticídio, art. 123 do CP
puerperal O aborto é crime de forma livre, admitindo uma
infinidade de meios executórios.
A parturiente mata o filho Infanticídio, art. 123, com- Os meios abortivos mais citados são:
influenciada pelo estado binado com o parágrafo
puerperal e por apresentar único do art. 26 do CP z Processos químicos: introdução de certas subs-
alguma outra causa que Redução da pena de um a tâncias químicas no organismo, como o fósforo,
lhe tire a plenitude do po- dois terços, ou medida de chumbo, álcool, ácido etc.;
der de autodeterminação segurança z Processos físicos mecânicos: curetagem, jogos
Infanticídio, art. 123, combi- esportivos, quedas voluntárias etc.;
A parturiente mata o filho por nado com o caput do art. 26 z Processos físicos térmicos: bolsas de água quente
estar acometida de doença do CP e bolsas de gelo;
mental, psicose puerperal Absolvição sumária, causa z Processos psíquicos: susto, sugestão, induzimento
excludente da culpabilidade de terror etc.
Aqui temos na condição de sujeito ativo o terceiro e Execução do aborto por terceiro.
a gestante, e a vítima, sujeito passivo, apenas o feto.
Observe-se, porém, desde logo, que o aborto con-
Art. 126 Provocar aborto com o consentimento da
sentido é crime bilateral, exigindo a presença de duas
gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
pessoas: a gestante e o terceiro executor.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo ante- O terceiro responde pelo art. 126 do CP (aborto
rior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou consensual), enquanto a gestante, pela 2ª parte do art.
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é 124 do CP (aborto consentido).
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. O aborto consentido é crime de mão própria ou de
atuação pessoal, podendo ser cometido apenas pela
O Código Penal não define aborto. Cabe à juris- gestante. Mas, evidentemente, admite a presença do
prudência e à doutrina definir o crime de aborto. De partícipe, consistente na conduta acessória do tercei-
acordo com termos relacionados à medicina, aborto é ro que se limita a induzir, instigar ou auxiliar a ges-
a expulsão do produto da concepção. tante a consentir na realização do aborto. 257
z Aborto Praticado sem Consentimento da Gestante II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
O art. 125 do CP comina pena de reclusão de 3 incapaz, de seu representante legal.
(três) a 10 (dez) anos, o aborto provocado sem o con-
Exclui-se a antijuridicidade, uma vez que a norma
sentimento da gestante.
penal permite expressamente o abortamento, estabe-
O não consentimento da gestante é o elemento
lecendo a licitude do fato.
essencial à configuração do delito e pode ser:
A doutrina trata do aborto legal da seguinte forma:
Aborto necessário ou terapêutico ou profilático;
Expresso;
Aborto sentimental ou humanitário ou ético.
Presumido.
Aborto Necessário ou Terapêutico ou
Expresso, também conhecido como real, ocorre Profilático
quando a gestante se opõe ao aborto, mas é vencida pela
violência física, grave ameaça e fraude, ou seja, respecti- Aborto necessário é o praticado por médico, se não
vamente, chute na barriga, ameaça de matar a gestante há outro meio de salvar a vida da gestante, conforme
se não abortar e colocar substância abortiva na alimen- o inciso I do art. 128 do CP, desde que presentes três
tação da gestante, sem consentimento da vítima, mãe. requisitos:
Presumido é quando a gestante está incapaz de
consentir nas formas previstas no parágrafo único do z Perigo real à vida da gestante;
art. 126 do CP: z Não haver outro meio de salvar-lhe a vida;
z Execução por médico.
A gestante não é maior de catorze anos;
A gestante é alienada mental (doente men- O aborto necessário exige perigo à vida, e não saú-
tal) ou débil mental (desenvolvimento mental de, da gestante.
retardado). Quando chamado de terapêutico, tem efeito curati-
vo, e quando profilático, preventivo.
z Aborto Qualificado
Aborto Sentimental ou Humanitário ou Ético
Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em Aborto sentimental é aquele praticado para inter-
conseqüência do aborto ou dos meios empregados romper a gravidez resultante do estupro.
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de Os requisitos necessários para a exclusão da ilici-
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer tude do aborto humanitário são:
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
z Gravidez resultante de estupro;
O art. 127 do CP estabelece duas hipóteses de abor- z Prévio consentimento da gestante ou, quando
to qualificado: incapaz, de seu representante legal;
z Execução por médico; se praticado por outras pes-
Aborto qualificado pela morte; soas, respondem pelo crime.
Aborto qualificado pela lesão corporal de natu-
reza grave. A prova do estupro pode ser feita por todos os
meios admissíveis em direito.
As lesões graves são aquelas tipificadas nos §§ 1º e Para a prática do aborto humanitário, não é neces-
2º do art. 129 do CP. sário processo (ação penal), autorização judicial nem
sentença condenatória.
Dica Ação penal é pública incondicionada.
Os dois resultados qualificativos do delito, isto é,
LESÕES CORPORAIS
a morte e a lesão grave, devem ser imputados ao
agente a título de culpa. Estamos diante de hipótese Podemos entender lesão corporal como qualquer
de crime preterdoloso; o agente age com dolo em alteração provocada na integridade corporal ou na
relação ao aborto e culpa em relação ao resultado. saúde de uma pessoa.
Agora, se o agente atua com dolo em relação à A lesão corporal é comum, material, instantânea e
morte ou lesão grave, responde por aborto em de forma livre, portanto, pode ser praticada por qual-
concurso formal com o crime de homicídio ou quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins
crime de lesão corporal. de consumação, a conduta não se prolonga no tempo
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
z Aborto Legal pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
As lesões corporais estão previstas no art. 129 do
O art. 128 do CP estabelece duas modalidades em Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
que o aborto não constitui delito, desde que praticado
por médico. Vejamos: z Lesão corporal simples;
z Lesão corporal grave;
Art. 128 Não se pune o aborto praticado por médico: z Lesão corporal gravíssima;
Aborto necessário z Lesão corporal seguida de morte;
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; z Lesão corporal culposa;
258 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro z Lesão corporal privilegiada.
As lesões corporais graves, gravíssimas e seguidas z Aborto.
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifica-
das, segundo a doutrina penalista. Tome cuidado para não se confundir:
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos
falar da ação penal. LESÃO GRAVE
O crime de lesão corporal é classificado como delito
não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, sen- Debilidade permanente de membro, sentido ou função
do necessário a realização de exame de corpo de delito. Exemplo: Devido às lesões sofridas, a vítima perde um dos
olhos, mas ainda enxerga
Lesão Corporal Leve LESÃO GRAVÍSSIMA
Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde Perda ou inutilização do membro sentido ou função
de outrem: Exemplo: Devido às lesões sofridas, a vítima perde a
Pena - detenção, de três meses a um ano. visão
A lesão leve, também chamada de simples, previs-
ta no caput do art. 129, é residual. Teremos configu- O Código Penal não divide as lesões em graves ou gra-
rada tal modalidade de lesão, caso não se configure víssimas. Para o Código Penal Brasileiro (CPB), todas elas
nenhuma das outras. são graves. Esta divisão é uma construção doutrinária.
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará-
grafos 1º, 2º e 3º do art. 129.
Lesão Corporal Seguida de Morte
Lesão Corporal Grave
Art. 129 [...]
Art. 129 [...] § 3° Se resulta morte e as circunstâncias eviden-
§ 1º Se resulta: ciam que o agente não quis o resultado, nem assu-
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por miu o risco de produzi-lo:
mais de trinta dias;
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função; A lesão corporal seguida de morte dar-se-á quando
IV - aceleração de parto: ficar configurado que o agente não queria o resultado
Pena - reclusão, de um a cinco anos. morte (dolo direto no resultado morte) ou assumiu o
risco de produzi-lo (dolo eventual no resultado morte).
A lesão corporal grave irá se configurar se resultar:
Se o agente quer matar, ele responderá pelo
z Incapacidade para as ocupações habituais, por homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
mais de 30 (trinta) dias; sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
É necessário que a incapacidade dure mais de 30
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
(trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso contrá-
que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
rio, a lesão corporal não será grave.
A incapacidade está relacionada a qualquer ocu- o risco de produzir o resultado morte.
pação habitual, como estudo, treinos, rotinas domésti- O crime de lesão corporal seguida de morte é um
cas, e não somente ao trabalho; crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
z Perigo de vida; e culpa no resultado produzido.
z Debilidade permanente de membro, sentido ou
função;
Lesão Corporal Culposa
z Aceleração do parto.
II - enfermidade incurável;
não quer causar lesão corporal na vítima, mas a pro-
III perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; duz por ter sido imprudente, negligente ou imperito.
IV - deformidade permanente; É importante compreender que não há gradações
V - aborto: na lesão corporal culposa, ou seja, ela não se divide
Pena - reclusão, de dois a oito anos. em leve, grave ou gravíssima, mas tão somente irá ser
lesão corporal culposa.
A lesão corporal gravíssima irá se configurar se No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o
resultar:
instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de
aplicar a pena se as consequências da infração penal
z Incapacidade permanente para o trabalho;
z Enfermidade incurável; atingirem o agente de forma que a aplicação de san-
z Perda ou inutilização do membro, sentido ou ção penal se torne desnecessária.
função; Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão cor-
z Deformidade permanente; poral culposa. 259
Lesão Corporal Privilegiada Nos casos de lesão corporal dolosa:
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão
corporal privilegiada são os mesmos do homicídio z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
privilegiado. (sessenta) anos;
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima
Art. 129 [...] ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo casos de violência doméstica vistas acima;
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio z Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio-
de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro- lência doméstica vistas, for pessoa portadora de
vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
deficiência.
sexto a um terço.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a
Se o agente comete o crime impelido por motivo
metade:
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida à injusta provo-
z Se a lesão corporal for praticada por milícia priva-
cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu-
sexto) a 1/3 (um terço). rança, ou por grupo de extermínio.
É aplicável o instituto da substituição de pena nos
casos de lesão corporal.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão pri- (dois terços):
vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes-
soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
substituir a pena de detenção pela de multa. das forças armadas (Marinha, Exército ou Aeronáuti-
ca), das forças de segurança pública (Polícia Federal,
Art. 129 [...]
Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal,
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
Policiais Civis, Policias Militares ou Corpo de Bombei-
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
ros Militares), integrantes do sistema prisional (agen-
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
tes penitenciários) e da Força Nacional de Segurança
prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. contra seu cônjuge, companheiro ou parente consan-
guíneo até o terceiro grau, em razão dessa condição.
O Código Penal traz disposições específicas para os
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violên- PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
cia doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais
grave, estando ele submetido a auto de prisão em fla- A periclitação da vida e da saúde são considera-
grante e não somente a mero termo circunstanciado dos crimes de perigo, sendo criada, pelo autor do fato,
(salvo nos casos de lesão grave, gravíssima ou seguida uma situação de perigo a que é exposta a vítima.
Crimes de perigo são aqueles que não exigem a
de morte).
efetiva ocorrência de dano, apesar de poder aconte-
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência
cer, para que se configurem.
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
Os crimes de perigo são divididos em:
nos seguintes casos:
z Crimes de perigo concreto: é exigida uma comprova-
z Ascendente; ção de que realmente aconteceu um risco de perigo
z Descendente; ou lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal;
z Cônjuge ou companheiro; z Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhuma
z Quem conviva ou tenha convivido. comprovação, já que o perigo é presumido. Ex.:
Um indíviduo dirigir após ter ingerido álcool.
É importante mencionar que, caso a vítima seja
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha Iremos analisar os seguintes crimes: perigo de
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação contágeo venéreo; perigo de contágio de moléstia gra-
penal será pública incondicionada. ve; abandono de incapaz; exposição ou abandono de
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime recém-nascido e omissão de socorro.
de lesões corporais. Há diversas causas de aumento de
pena para este crime, portanto, leia-as com bastante Perigo de Contágio Venéreo
atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa: Art. 130 Expor alguém, por meio de relações
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que
está contaminado:
z O crime resulta de inobservância de regra técnica Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de profissão, arte ou ofício; § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
z O agente deixa de prestar imediato socorro à Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
vítima; § 2º Somente se procede mediante representação.
z O autor não procura diminuir as consequências do
seu ato; Este crime fica configurado quando o agente expõe
260 z O agente foge para evitar prisão em flagrante. alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que Mais uma vez, reitero: exige-se para a configura-
sabe ou deve saber que está contaminado. ção deste tipo penal o dolo específico, que consiste na
A forma qualificada deste crime se dá se o agente intenção do agente de transmitir a moléstia grave.
tem a intenção de transmitir a moléstia venérea. Este A doutrina não admite, para este crime, o dolo even-
crime somente se procede mediante representação, tual, quando o agente não quer diretamente transmi-
ou seja, trata-se de crime promovido mediante ação tir a doença, mas assume o risco de transmiti-la.
penal pública condicionada. Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Moléstia venérea, segundo a doutrina, refere-se ao prática do ato destinado a transmitir a moléstia grave,
nome genérico dado a qualquer doença que possa ser não se exigindo, para fins de consumação, a efetiva
transmitida por meio de relação sexual, como sífilis. transmissão da moléstia.
O crime se consuma com a prática do ato sexual, Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo Venéreo,
capaz de transmitir a moléstia venérea. Caso a vítima seja procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
contaminada, tal fato será mero exaurimento do crime. Antes de passarmos para a análise de outros tipos
O crime é de conduta vinculada, exigindo a conjun- penais, é importante que façamos uma distinção entre
ção carnal, o coito anal, o sexo oral ou qualquer outro os dois tipos penais que acabamos de ver:
ato de libidinagem que sirva para a satisfação da libido.
Caso a contaminação provenha de outra ação físi- PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
ca, como o aperto de mão ou a ingestão de alimen-
A transmissão deve se dar por meio de relação sexual
tos, inexistirá o crime de perigo de contágio venéreo,
podendo subsistir o delito de lesão corporal, dolosa ou Transmite-se moléstia venérea
culposa, ou os crimes dos arts. 131 e 132 do CP. É norma penal em branco
Não se exige dolo específico
Importante! Ação penal pública condicionada
É importante mencionar, pela própria natureza do PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
tipo penal, que não se exige, para a sua configura- A transmissão se dá por qualquer meio
ção simples, dolo específico do agente em trans- Transmite-se moléstia grave
mitir a doença venérea (caso ocorra esta hipótese,
o crime será qualificado), bastando que ele tenha É norma penal em branco
a intenção de ter a relação sexual, sabendo ou Exige-se dolo específico
devendo saber que está contaminado. Ação penal pública incondicionada
Como o fato se relaciona a uma ou mais pessoas Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem
determinadas, estamos diante de um delito de perigo
individual, o qual deve ser averiguado diante do caso O art. 132 do CP trata do crime de perigo para a
concreto. Isso porque da simples relação sexual do vida ou saúde de outrem:
agente com a vítima não decorre presunção absoluta
da existência desse perigo. Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem a peri-
A presunção é relativa, admitindo prova em con- go direto e iminente:
trário, como no caso de a vítima já ser portadora de Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
doença venérea. não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
Perigo de Contágio de Moléstia Grave a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
para a prestação de serviços em estabelecimentos
Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem
de qualquer natureza, em desacordo com as nor-
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz
mas legais.
de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A conduta nuclear é expor, ou seja, colocar em perigo
a vida, a integridade física ou a saúde de alguém. O perigo
Este crime se configura quando o agente praticar,
é concreto, direto, iminente e anormal.
com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
Perigo concreto diz que a mera prática do compor-
está contaminado, ato capaz de transmitir o contágio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Importante!
Nos termos do § 2º do art. 138 do CP, é punível a calúnia contra os mortos.
Observe-se que não há a mesma previsão para difamação e injúria.
Nos casos de difamação e injúria o sujeito passivo não é o morto, mas familiar seu.
Disposições Comuns
Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis aos crimes contra a honra em geral (calúnia, difamação e
injúria).
Art. 141 As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Atenção ao que dispõe o inciso IV, art. 141, pois a pena não irá aumentar de 1/3 no caso de injúria praticada
contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência.
A pena será aplicada em dobro se o crime contra a honra for praticado:
Para encerrarmos o assunto referente aos crimes contra a honra, iremos tratar da retratação e da ação penal.
Segundo o Código Penal, a retratação, quando admitida, constitui excludente de punibilidade.
Art. 143 O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Retratação refere-se à possibilidade que tem o agente de retirar aquilo que disse, ou seja, de manifestar que se
equivocou em suas declarações, manifestando-se contrariamente ao que disse inicialmente.
A injúria não admite retratação. O querelado que, antes da sentença (segundo doutrina majoritária: sentença
de 1º grau), se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Caso o querelado tenha praticado a calúnia ou difamação fazendo uso de meios de comunicação, a retratação
se dará, caso assim deseje o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Suponha que o agente tenha praticado o crime de calúnia ou difamação pelo Facebook. Neste caso, a retratação
se dará também pelo Facebook, se assim desejar a vítima.
Caso alguém faça uso de referências, alusões ou frases, sendo possível inferir calúnia, difamação ou injúria,
aquele que se julgar ofendido poderá pedir explicações em juízo. Caso seja recusado o pedido de explicações ou, a
critério da autoridade judicial, não foi dado de maneira satisfatória, responderá pela ofensa.
266 Por fim, sobre a ação penal nos crimes contra a honra, é importante que você saiba:
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
Regra Exceções
Ação será pública condicionada nos casos de:
� Injúria real
Ação será privada, procedendo-se mediante queixa � Injúria racial
� Se os crimes contra a honra foram praticados contra
funcionário público, em razão de suas funções
Súmula 714 do STF É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, condicio-
nada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções.
Logo, atente-se a esta informação: nos casos de crimes contra a honra de funcionário público em razão de suas
funções, a ação penal será privada ou condicionada à representação do ofendido. A doutrina dominante também
entende desta forma.
A ação será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça caso a conduta que configura crime con-
tra a honra seja praticada contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
O caput do art. 5º da Constituição Federal assegura a todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação,
extrai-se que qualquer espécie de violação à liberdade do ser humano reclama punição.
O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para agir dentro dos limites legais.
Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade individual.
Constrangimento Ilegal
Art. 146 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer
outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Trata-se de crime comum que não admite a modalidade culposa. É a imposição ilegal à vítima de um comporta-
mento certo e determinado, comissivo ou omissivo.
Consuma-se o crime de constrangimento ilegal no instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algo, em decor-
rência da violência ou grave ameaça utilizada pelo agente. Admite tentativa.
Ação penal: pública incondicionada.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum.
Se o sujeito ativo for funcionário público, e o fato for cometido no exercício de suas funções, responderá por
abuso de autoridade, na forma na Lei 13.869/2019.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que dotada de capacidade de autodeterminação.
A Lei nº 10.741/2003, Estatuto do Idoso, em seu art. 107, pune com reclusão, de 2 a 5 anos, aquele que coage, de
qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração.
A Lei nº 7.170/1983, Crimes contra a Segurança Nacional, no art. 28, sujeita à pena de reclusão, de 4 a 12 anos, a con-
duta de atentar contra a liberdade pessoal do Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados
ou do Supremo Tribunal Federal.
A Lei nº 8.078/1990, Código de Defesa do Consumidor, no art. 71, prevê a pena de detenção, de 3 a 1 ano, e mul-
ta, para quem utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
falsas, incorretas ou enganosas, ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificada-
mente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.
Irá se configurar como constrangimento ilegal quando o agente constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer
o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Exemplo: Jorge e Luís são vizinhos. Jorge é um valentão que se sente dono do bairro. Certo dia, Luís passava
pela rua, quando Jorge o aborda. Este, portando uma arma de fogo, saca a arma e a aponta para Luís e diz que,
sob pena de levar um tiro no rosto, é para este dar meia volta e passar por outro lugar, já que não o quer mais
passando por sua rua. Luís, temendo por sua vida, dá meia volta e retorna.
A conduta de Jorge se enquadra no constrangimento ilegal. Ele, fazendo uso de grave ameaça, constrangeu
Luís para que ele deixasse de fazer algo que a lei lhe permite (liberdade de locomoção).
A doutrina entende corretamente que o crime de constrangimento ilegal é subsidiário; o agente por ele irá res-
ponder, caso não seja enquadrado em uma outra conduta um tanto mais grave. Assim, caso o agente constranja
a vítima, por meio de violência, para que ela deixa de fazer alguma coisa, com o fim de obter para si vantagem
econômica, não irá cometer constrangimento ilegal, mas sim o crime de extorsão.
O constrangimento ilegal admite tentativa, já que é crime plurissubsistente; é crime comum, que pode ser
praticado por qualquer pessoa.
Além das penas previstas para o constrangimento ilegal, o agente irá responder pelas penas correspondentes à
violência; assim, caso o agente pratique o crime por meio de violência, provocando lesões corporais na vítima, res-
ponderá por constrangimento ilegal em concurso material com o crime de lesões corporais. 267
A pena será aplicada cumulativamente, nos termos Perseguição
do § 1º, art. 146, quando, para a execução do crime:
Trata-se de um recente dispositivo, incluído pela Lei
z Reúnem-se mais de 3 (três pessoas) – deve haver nº 14.132 de 2021, que abrange o crime de perseguição,
no mínimo 4 (quatro) pessoas; conhecido por stalking.
z Há emprego de arma – segundo a doutrina domi- O crime pode ser praticado por qualquer meio, ou
nante, pode ser qualquer arma e não necessaria- seja, é um crime de forma livre.
mente arma de fogo. O sujeito, tanto passivo quanto ativo podem ser qual-
quer pessoa. Trata-se de crime comum.
Não serão enquadrados como constrangimento ilegal: O núcleo do tipo penal é o verbo “perseguir”, que
quer dizer: atormentar, importumar. É importante
Art. 146 [...] mencionar também a necessidade de reiteração da con-
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo: duta, ou seja, uma sucessão de atos.
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
timento do paciente ou de seu representante legal, Art. 147-A Perseguir alguém, reiteradamente e por
se justificada por iminente perigo de vida; qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
II - a coação exercida para impedir suicídio. psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomo-
ção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando
Ameaça sua esfera de liberdade ou privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
O crime de ameaça, previsto no art. 147 do Códi- multa.
go Penal, irá se configurar quando o agente ameaçar § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
cometido:
alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
I – contra criança, adolescente ou idoso;
outro meio simbólico, de lhe causar mal injusto e grave.
II – contra mulher por razões da condição de sexo
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberda-
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
de da pessoa humana, notadamente no tocante à paz Código;
de espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimen- III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas
to de segurança. É a pessoa contra a qual se dirige a ou com o emprego de arma.
ameaça. § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento das correspondentes à violência.
do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe- § 3º Somente se procede mediante representação.
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer
valer sua promessa. Violência psicológica contra a mulher
O crime é formal, de consumação antecipada ou de
resultado cortado. Basta o agente querer intimidar e Outra importante inclusão realizada pela Lei nº
ter a sua ameaça capacidade para fazê-lo. 14.188/2021 foi a tipificaçaõ do crime de violência psico-
A tentativa é admissível nas hipóteses de ameaça lógica contra a mulher. Vejamos:
escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos
casos de ameaça verbal. Art. 147-B Causar dano emocional à mulher que a
Não se reclama nenhuma finalidade específica, e prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou
não se admite a modalidade culposa. A ação penal é que vise a degradar ou a controlar suas ações, com-
pública condicionada à representação. portamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
É possível verificar que o crime de ameaça e de constrangimento, humilhação, manipulação, iso-
ação livre, podendo ser praticado de qualquer forma lamento, chantagem, ridicularização, limitação do
pelo agente: verbalmente, por escrita, gestualmente, direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause
entre outras formas. prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
Assim, caso um indivíduo olhe para um desafeto e Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
faça o gesto de uma arma com a mão e aponte para este, multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
o crime de ameaça poderá se configurar.
É muito importante compreender que a ameaça está Sequestro e Cárcere Privado
relacionada a um mal “injusto” e “grave”, contrário ao
direito. Caso o agente ameace, por exemplo, entrar na Art. 148 Privar alguém de sua liberdade, mediante
justiça para cobrar uma dívida (mal justo), ele não irá seqüestro ou cárcere privado:
cometer o crime de ameaça previsto no art. 147 do CPB. Pena - reclusão, de um a três anos.
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado § 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
por qualquer pessoa. I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessen-
Em regra, não cabe tentativa, já que se trata de crime
ta) anos;
unissubsistente, que se consuma com a prática de um
II - se o crime é praticado mediante internação da
único ato; porém, a doutrina majoritária admite a ten-
vítima em casa de saúde ou hospital;
tativa se a ameaça for praticada na modalidade escrita III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
– por meio de uma carta, por exemplo. dias.
A doutrina admite a ameaça condicionada, que ocor- IV – se o crime é praticado contra menor de 18
rerá quando o agente colocar uma condição para a prá- (dezoito) anos;
tica do mal injusto e grave. Exemplo: Mévio diz a Tício: V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
se você não fizer pelo menos um gol na final do campeo- § 2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
nato, eu irei te matar. ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
O crime de ameaça se procede mediante ação penal ou moral:
268 pública condicionada à representação. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Antes de iniciarmos o estudo deste crime, é impor- A maior gravidade da conduta repousa no fato de
tante entender a diferença entre o sequestro e o cár- ter sido o crime praticado no âmbito das relações fami-
cere privado. liares, no seio da união estável, ou ainda contra pessoa
No sequestro, ocorre restrição de liberdade da idosa, mais frágil em razão da avançada idade, e, con-
vítima, mas ela não fica necessariamente mantida em sequentemente, com menor possibilidade de defesa.
recinto fechado. Já no cárcere privado, necessaria-
mente a vítima terá sua liberdade restringida, sendo z Se o crime é praticado mediante internação da víti-
mantida em recinto fechado. ma em casa de saúde ou hospital:
Os crimes de sequestro e cárcere privado se confi-
gura quando o agente privar alguém de sua liberdade, Crime conhecido como internação fraudulenta,
mediante sequestro ou cárcere privado. pode ser praticado por médico ou por qualquer outra
pessoa.
caso é possível o crime de violação de domicílio, É possível na conduta “entrar” (crime comissivo).
uma vez que subsiste a proteção da tranquilida- Incabível no núcleo “permanecer” (crime omissi-
de doméstica. vo próprio ou puro).
Este crime apresenta forma qualificada:
z Durante a noite;
Quanto ao objetivo material, é o domicílio invadi-
z Em lugar ermo;
do, que suporta a entrada ou permanência de alguém,
z Com o emprego de violência ou de arma;
clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
z Por 2 (duas) ou mais pessoas.
expressa ou tácita de quem de direito.
Verifica-se que é necessário que a conduta seja Os patamares mínimo e máximo da pena do crime
praticada clandestina ou astuciosamente, ou contra serão alterados (de 1 a 3 meses para 6 meses a 2 anos)
a vontade expressa ou tácita de quem de direito. Se se praticado em uma das hipóteses previstas acima.
presente o consentimento do morador, explícito ou Observe o que o Código Penal diz sobre a expres-
implícito, o fato é atípico. são “casa”. 271
Art. 150 [...] A lei penal protege a correspondência fechada,
§ 4º - A expressão “casa” compreende: pois somente esta contém em seu interior um segre-
I - qualquer compartimento habitado; do. É preciso que seja a correspondência endereçada
II - aposento ocupado de habitação coletiva; a destinatário específico.
III - compartimento não aberto ao público, onde Não há crime de violação de correspondência:
alguém exerce profissão ou atividade.
z Conduta do sujeito que lê uma carta cujo envelope
A expressão “casa” não compreende: está aberto;
z Correspondências cujos envelopes possuem a
Art. 150 [...] expressão “este envelope pode ser aberto pela
§ 5º - Não se compreendem na expressão “casa”:
Empresa de Correios e Telégrafos”;
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
z Aquele que abre uma carta que encontrou e estava
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
perdida há décadas em lugar público;
n.º II do parágrafo anterior;
z Alguém abre uma carta remetida ao povo, aos elei-
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
tores em geral, aos amantes do futebol etc.;
Para encerrarmos o assunto violação de domicílio, z Os pais que abrirem cartas estranhas endereçadas
por fim, veremos os casos em que, mesmo com a vio- aos filhos menores;
lação, o fato não irá constituir crime. z Ao diretor do estabelecimento prisional é assegu-
rado o direito de acessar o conteúdo de correspon-
Art. 150 [...] dências suspeitas remetidas aos presos ((inciso XV e
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanên- parágrafo único do art. 41 da Lei de Execução Penal);
cia em casa alheia ou em suas dependências: z Quando um dos cônjuges abre correspondências
I - durante o dia, com observância das formalidades encaminhadas ao outro cônjuge, não há crime, em
legais, para efetuar prisão ou outra diligência; face do exercício regular de direito.
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando
algum crime está sendo ali praticado ou na iminên- Devassar significa tomar conhecimento de algo
cia de o ser. proibido. O sigilo da correspondência é inviolável, por
expressa disposição constitucional (inciso XII do art. 5º).
Em concurso de crimes: a caracterização do delito A devassa pode ser efetuada por qualquer meio,
reclama que tenha o agente, como finalidade própria, embora seja o método mais comum, não é obrigatória
o ingressado ou permanecido em casa alheia, e nada a abertura da correspondência – o sujeito pode conhe-
mais do que isso. cer o conteúdo de uma carta apalpando o objeto que
Quando assim atua como meio de execução de está em seu interior, por exemplos, dinheiro, cartão
outro crime mais grave, a violação de domicílio fica bancário, objetos de valor.
absorvida (princípio da consunção). Assim, também pode praticar o delito o agente
Subsiste o crime de violação de domicílio quando
pode inteirar-se do seu conteúdo sem abri-la.
há dúvida acerca do verdadeiro propósito do agente
Para caracterização do crime não basta ao agente
e quando caracteriza desistência voluntária, pois o
devassar o conteúdo de correspondência fechada diri-
agente só responde pelos atos praticados.
Ação penal: pública incondicionada. gida a outrem. É preciso que o faça indevidamente, sem
ter o direito de tomar conhecimento do seu conteúdo.
CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois se
CORRESPONDÊNCIA trata de crime comum.
Incidirá uma agravante genérica se o crime for
Violação de Correspondência cometido por pessoa prevalecendo-se do cargo, ou em
abuso da função.
Observe:
É imprescindível que o sujeito pratique o fato em
Art. 151 Devassar indevidamente o conteúdo de decorrência do cargo ou função específica por ele
correspondência fechada, dirigida a outrem: desempenhada, relativa ao serviço postal.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Detalhe, para ser sujeito passivo, observamos que
há duas vítimas: o remetente e o destinatário.
O caput do art. 151 do CP foi revogado pelo caput do Exclui-se o crime se qualquer um deles autorizar
art. 40 da Lei 6.538/1978, que regula os serviços postais: o conhecimento do conteúdo da correspondência por
terceira pessoa. Enquanto não chega ao destinatário,
Art. 40 Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
pertence unicamente ao remetente.
respondência fechada dirigida a outrem:
Vejamos alguns pontos importantes:
Pena - detenção, até seis meses, ou pagamento não
excedente a vinte dias-multa.
z A impossibilidade de localização do destinatário
A lei penal, por objeto jurídico, tutela a liberdade não afasta o crime;
de comunicação do pensamento, concretizada pelo z O falecimento do remetente não exclui o delito;
sigilo da correspondência. z Se a correspondência ainda não foi enviada, e sobre-
É a correspondência, objeto material, por exemplo veio sua morte, seus herdeiros têm o direito de
carta, bilhete, telegrama etc., violada pela conduta conhecer seu conteúdo, pois ela agora lhes pertence;
criminosa. z Se o destinatário falece antes de receber a corres-
A correspondência pode ser particular ou oficial, pondência, seus sucessores poderão conhecer seu
pouco importando que esteja ou não redigida em portu- conteúdo, que provavelmente a eles interessa.
guês. Exige-se, porém, que se trate de idioma conhecido,
pois, na hipótese de ser veiculada por códigos incom- O crime de violação de correspondência é doloso,
preensíveis e indecifráveis, haverá crime impossível por abrange a ilegitimidade da conduta de devassar a corres-
272 absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP). pondência alheia. Não se admite a modalidade culposa.
Se a finalidade do agente for praticar espionagem O dano pode ser econômico ou moral, e o prejudi-
contrária à Segurança Nacional, serão aplicáveis o cado pode ser o remetente, o destinatário ou mesmo
caput do art. 13 e o art. 14 da Lei nº 7.170/1983, con- um terceiro.
forme o caso. Por se tratar de crime de dupla subjetividade passi-
O crime de violação de correspondência se consuma va, o direito de representação pode ser exercido tanto
com o conhecimento do conteúdo da correspondência. pelo remetente como pelo destinatário da correspon-
É possível a tentativa. dência. Se um deles quiser representar, e o outro não,
Pena e causa de aumento de pena estão, respecti- prevalece a vontade daquele que deseja autorizar a
vamente, cominadas e descritas na Lei nº 6.538/1978. instauração da persecução penal.
A pena cominada é detenção, de até seis meses, ou
pagamento não excedente a vinte dias-multa Violação de Comunicação Telegráfica, Radioelétrica
O juiz pode aplicar a pena de 1 (um) dia a 6 (seis) ou Telefônica
meses de detenção.
Por sua vez, a pena de multa parte do mínimo legal, Art. 151
de 10 (dez) dias-multa, nos termos do caput do art. 49 §1º [...]
do CP e vai até o máximo de 20 (vinte) dias-multa. II - quem indevidamente divulga, transmite a
As penas são aumentadas da metade quando há outrem ou utiliza abusivamente comunicação tele-
dano a outrem. Esse dano pode ser econômico ou gráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou con-
moral, e o prejudicado pode ser o remetente, o desti- versação telefônica entre outras pessoas;
natário ou mesmo um terceiro. III - quem impede a comunicação ou a conversação
A ação penal é pública condicionada à representação. referidas no número anterior;
Tratando-se de crime de dupla subjetividade passiva IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho
(remetente e destinatário), o direito de representação radioelétrico, sem observância de disposição legal.
pode ser exercido tanto pelo remetente como pelo des- A primeira parte do inciso II do § 1º do art. 151 do
tinatário da correspondência. Se um deles quiser repre- CP está em vigor unicamente nas hipóteses em que a
sentar, e o outro não, prevalece a vontade daquele que violação é efetuada por pessoas comuns.
deseja autorizar a instauração da persecução penal. Aplica-se o § 1º do art. 56 da Lei nº 4.117/1962, Códi-
Sonegação ou Destruição de Correspondência go Brasileiro de Telecomunicações, nas hipóteses em
que a violação é praticada por funcionário do governo
Observe: encarregado da transmissão da mensagem.
A parte final do inciso II do § 1º do art. 151 do CP
Art. 151 [...] foi derrogada pela Lei nº 9.296/1996, que regulamenta
§ 1º Na mesma pena incorre: a parte final do inciso XII do art. 5º da CF/88.
I - quem se apossa indevidamente de correspondên- A Lei nº 9.296/1996, Interceptação Telefônica, criou
cia alheia, embora não fechada e, no todo ou em um tipo penal específico para a violação do sigilo telefôni-
parte, a sonega ou destrói; co no art. 10, dispondo que constitui crime realizar inter-
ceptação de comunicações telefônicas, de informática ou
O inciso I do § 1º do art. 151 do Código Penal foi telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autoriza-
revogado pelo § 1º do art. 40 da Lei nº 6.538/1978. ção judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
É preciso que a correspondência seja endereçada O dispositivo continua aplicável ao terceiro que
destinatário específico. não interveio na interceptação telefônica criminosa,
O crime previsto no § 1º do art. 40 da Lei 6.538/1978 mas divulgou-a a outras pessoas.
é crime autônomo em relação ao caput. As penas Esse inciso II tem como núcleo divulgar, transmi-
alternativas cominadas em abstrato são as mesmas do tir e utilizar, tipo misto alternativo. A prática de mais
delito de violação de correspondência, mas o legisla- de uma conduta visando igual objeto material caracte-
dor utilizou outro núcleo e inseriu novas elementares. riza crime único.
O objeto jurídico é a inviolabilidade da correspon- Divulgar é tornar algo público, dando conheci-
dência, no sentido de ser preservada pelo seu titular mento do seu conteúdo a outras pessoas.
até quando reputar conveniente. Transmitir significa enviar de um local para outro.
Tem como objetivo material a correspondência Utilizar é fazer uso de algo.
alheia, mas agora retirada da esfera de disponibilida-
de do seu titular. Importante!
Pode, no entanto, estar aberta ou fechada, uma vez
que a conduta consiste em apossar-se da correspondên- Na hipótese de um terceiro concorrer de qual-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cia para sonegá-la ou destruí-la, indevidamente, e não quer modo para a interceptação telefônica ilegal,
para tomar conhecimento ilegítimo do seu conteúdo. será partícipe do crime definido pelo art. 10 da
A conduta consiste em se apossar de correspon- Lei 9.296/1996. Se tiver ciência de uma gravação
dência alheia, ainda que aberta, para sonegá-la ou oriunda de violação telefônica indevida, e divul-
destruí-la, no todo ou em parte. gá-la, a ele será imputado o crime definido pelo
A modalidade desse crime é o dolo, abrangente da inciso I do § 1º do art. 151 do CP.
ilegitimidade da conduta de apossar-se de correspon-
dência alheia, com a exigência da finalidade específi-
ca de sonegá-la ou destruí-la. A modalidade do crime prevista no inciso III do §
É possível a tentativa. 3º do art. 151 do CP está em vigor.
Causa de aumento da pena: A figura do inciso III é impedir, obstruir a comu-
nicação ou conversação telegráfica, radioelétrica ou
Art. 151 [...] telefônica. Pune-se o indivíduo que, sem amparo legal,
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano não deixa ser realizada a comunicação ou conversação
para outrem. alheia. 273
O inciso IV do § 1º do art. 151 do CP foi substituído O núcleo do tipo é abusar, que significa utilizar de
pelo art. 70 da Lei nº 4.117/1962, Código Brasileiro de forma excessiva ou inadequada.
Telecomunicações. Os sócios ou empregados, no exercício de suas
A finalidade da lei é vedar a uma pessoa, sem auto- atividades, geralmente têm acesso a informações
rização legal, a instalação ou utilização de aparelho contidas em correspondências endereçadas ao esta-
clandestino de telecomunicações. belecimento comercial ou industrial.
Nesse crime, tem por objeto jurídico o sigilo da A conduta de abusar se concretiza mediante o ato
comunicação transmitida pelo telégrafo, pelo rádio e de, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair
pelo telefone. ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho
O objeto material é a comunicação telegráfica ou seu conteúdo. Pode ser exteriorizada por ação, por
radioelétrica dirigida a terceiro, ou a conversação exemplo, abrir uma carta, ou por omissão, por exem-
telefônica entre pessoas indevidamente divulgada, plo, deixar uma correspondência ser destruída pela
transmitida a outrem ou utilizada abusivamente. chuva.
O crime é de modalidade dolosa. Quanto à utilização Desviar é afastar a correspondência do seu real
de comunicação telegráfica ou radioelétrica exige-se que destino.
o sujeito cometa o fato abusivamente, isto é, com a cons- Sonegar é esconder, no sentido de obstar a che-
ciência de abusar quanto ao uso indevido da mensagem. gada da correspondência ao correto estabelecimento
Sobre a consumação, observa-se que no tipo pre- comercial ou industrial.
visto no inciso II ocorre com a divulgação, transmis- Subtrair é apoderar-se da correspondência comer-
são ou utilização abusiva. A divulgação necessita do cial, retirando do seu devido lugar ou impedindo seu
conhecimento do conteúdo da comunicação por um envio ao destino original. Suprimir é destruir para
número indeterminado de pessoas. que a correspondência não seja entregue em seu des-
A ação penal na hipótese do inciso I é pública tino, ou para que seja retirada do estabelecimento
incondicionada. Nas hipóteses dos incisos II e III, é comercial ou industrial para o qual foi encaminhada.
pública condicionada à representação. Já para o pre- Revelar é permitir o acesso ao conteúdo da correspon-
visto no inciso IV, é pública incondicionada. dência do estabelecimento comercial ou industrial a
As penas aumentam-se de metade, se há dano para quem seja alheio aos seus quadros ou não tenha o
outrem. direito de conhecer o que nela se contém.
As penas, em todas as hipóteses, aumentam-se de Sobre o sujeito ativo, somente pode ser o sócio ou
metade, se há dano para outrem. empregado do estabelecimento comercial ou indus-
Esse dano pode ser econômico ou moral, e perti- trial, por ser crime próprio.
nente a qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o estabelecimento comercial
ou industrial titular da correspondência violada.
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de fun- Esse crime é praticado na modalidade dolosa. Exi-
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou ge-se também um especial fim de agir, representa-
telefônico: do pela intenção de abusar da condição de sócio ou
Pena - detenção, de um a três anos. empregado. É necessário ter o agente, ao tempo da
conduta, a consciência de que abusa da sua peculiar
Aplicável às hipóteses não revogadas pela Lei nº condição em relação à vítima.
4.117/1962, Código Brasileiro de Telecomunicações, e Não se admite a modalidade culposa.
pela Lei nº 6.538/1978, Serviços Postais. O crime é formal, de consumação antecipada ou de
A incidência da figura qualificada só será cabível resultado cortado. Consuma-se quando o agente desvia,
quando o sujeito ativo desempenhar alguma função sonega, subtrai ou suprime a correspondência comer-
em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô- cial, ou então quando revela a terceiro seu conteúdo.
nico, e dela abusar. É possível a tentativa.
Exige-se a relação de causalidade entre a função A ação penal é pública condicionada à representação.
exercida abusivamente pelo agente e o delito praticado.
Quanto à qualificadora, a ação penal é pública CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
incondicionada. SEGREDOS
É importante ressaltar também as recentes altera- No abuso de confiança, o agente se vale da confian-
ções legais. Atenção especial para o disposto no § 4º-B ça que o dono da coisa tem nele para poder subtrair,
e § 4º-C, do art. 155, que foram incluídos pela Lei nº como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono
14.155 de 2021. Vejamos: da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao
banheiro despreocupado, momento em que o agente,
Art. 155 [...] aproveitando desta confiança, subtrai a carteira.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) O uso de fraude fica configurado quando o agen-
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de te usa de artifício para enganar a vítima, para sub-
artefato análogo que cause perigo comum. trair a coisa, a exemplo do agente que se passa por 279
funcionário de empresa de telefonia para conseguir grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso
entrar numa casa e subtrair um aparelho celular que de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um
nela estava. terço até metade.
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar
Dica no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo-
rante do roubo”.
Não confunda o furto mediante fraude com o
estelionato. z Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo
No furto mediante fraude, o agente usa a fraude
sobre a vítima para subtrair a coisa. O § 4º-A, art. 155, do CP, foi introduzido por meio
No estelionato, o agente emprega a fraude para da Lei nº 13.654/2018, e dispõe que: “A pena é de reclu-
ludibriar a vítima e fazer com que ela mesma são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
entregue a coisa. emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum”.
No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a É o único furto que é crime hediondo (inciso IX,
entrada em um local se dá por um meio anormal, que art. 1º, da Lei 8072/1990, com redação dada pelo inciso
exige do agente esforço físico incomum. Para a dou- IX, art. 1º, da Lei).
trina majoritária, não é relevante se ocorre por cima O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo,
ou por baixo, desde que o agente não pratique nenhu- torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da
ma forma de destruição ou rompimento de obstáculo, reprimenda penal, em razão da provocação de perigo
quando aplicaremos outra qualificadora ao fato. coletivo.
No furto qualificado pela destreza, o agente faz uso Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem-
de alguma habilidade especial. Segundo a doutrina, o plos, dinamite, pólvora.
exemplo clássico é o batedor de carteira. Importante destacar que o tipo penal, ao contrário
Não há a qualificadora quando a vítima percebe a do art. 251, do CP, não se refere à substância explosiva,
subtração. Em tal situação, o agente responde por ten- mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza-
tativa de furto simples, ou furto simples consumado, do para explodir caixas eletrônicos de agências ban-
caso consiga arrebatar o objeto. cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo
do § 4º-A, art. 155, do CP. Já no crime do art. 251, do CP,
z Com emprego de chave falsa: podemos trazer a hipótese de o agente que lança um
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe
No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o as pessoas a risco.
agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje- O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo, lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja
gazuas, pedaço de arame, micha, clips etc. Anote-se que a ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva,
chave falsa pode ou não ter formato de chave. mas o assunto certamente enseja polêmica.
A jurisprudência não é unânime no caso de se a Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer
ligação direta do veículo caracteriza ou não chave objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à mão,
falsa. por exemplo, as denominadas “bombas caseiras”.
A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita- Para a incidência da qualificadora, é preciso
mente pelo agente, não caracteriza chave falsa. que seja um explosivo ou artefato que cause perigo
A cópia da chave verdadeira, quando obtida lici- comum, ou seja, que coloque em risco um número
tamente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada indeterminado de pessoas ou de patrimônios.
clandestinamente, incide a qualificadora do crime de O agente que se utiliza de um explosivo com poten-
furto. cial para causar perigo comum que, entretanto, mes-
mo diante da explosão, não se concretiza, responderá,
z Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas: em caso de destruição ou rompimento de obstáculo,
pelo furto qualificado do inciso I, § 4º, art. 155, do CP, e
O reconhecimento da qualificadora depende de não pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A.
pelo menos duas pessoas. O explosivo geralmente é utilizado em furtos de
Computam-se os inimputáveis (menores e doentes caixas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do
mentais) e os desconhecidos. advento desta nova qualificadora, encerra-se o antigo
Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o debate travado acerca da adequação típica, que dividia
agente responderá por furto qualificado em concurso as opiniões entre o furto qualificado pela destruição ou
material com o delito de corrupção de menores, pre- rompimento de obstáculo (inciso I, § 4º, art. 155, do CP)
visto no art. 244-B do ECA, desde que haja prova da e a explosão com intuito de obter vantagem pecuniária
efetiva corrupção do menor. (§ 2º, art. 251, do CP). O enquadramento do § 4º-A, art.
Sobre a presença no local do crime, basta a simples 155, do CP, absorve delitos de explosão e de dano, pois
participação, independentemente da presença na fase já funciona como causa de aumento de pena, aplican-
da execução. do-se o princípio da subsidiariedade tácita.
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua-
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de z Furto de veículo automotor que venha a ser
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. transportado para outro Estado ou para o
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera exterior:
aumento de pena de um terço até metade. No furto,
a pena dobra. A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos
Há doutrina que sustenta a violação do princípio se a subtração for de veículo automotor que venha a
280 da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Não basta, porém, para a incidência da qualifica- Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi-
dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige nição desse elemento normativo é complementada
o efetivo transporte para outro Estado ou exterior. pelo juiz.
Veículo automotor engloba, por exemplo, carros, Para a incidência da qualificadora, é necessário
motos, lanchas, aviões etc. que o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua
Não é necessário que o transporte para outro Esta- essência. O tipo penal refere-se à subtração de semo-
do ou exterior seja realizado pelo próprio agente. vente e, não, de partes dele, de modo que, quando o
Basta que o agente saiba da intenção de eventual animal já estava abatido ou dividido em partes, a inci-
receptador transportar o veículo para outro Estado ou dência da qualificadora estará condicionada à subtra-
exterior. ção do todo ou das partes substanciais. Na hipótese
Quem realiza o transporte após a consumação do de o agente deixar no local apenas as patas do boi e
furto responde pelo crime de receptação. Por conse- subtrair o restante, persiste a qualificadora. Não teria
quência, o agente que é contratado para realizar o cabimento, por exemplo, qualificar o delito pelo fur-
transporte responde pelo furto, se o contrato for ante- to de uma picanha extraída de um animal já abatido.
rior à subtração, e por receptação, se só foi contratado Também não incide a qualificadora quando o próprio
após a consumação. agente abate o animal, subtraindo-lhe apenas uma de
Consuma-se o transporte quando o veículo trans- suas partes.
põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário
intuito de ali permanecer. que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o
A mera condução do veículo para outro Estado ou intuito da lei foi protegê-lo.
exterior, com o intuito de retornar ao local de origem, A subtração, por exemplo, de um porco que se encon-
é insuficiente para a caracterização da qualificadora. tra no açougue não qualifica o delito.
Admite-se a tentativa quando o agente realiza a Não há que se falar, também, no delito em estudo
subtração e é preso em flagrante, próximo à trans- quando se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzi-
posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica. do pelo animal, porquanto o tipo penal se refere à sub-
Sabemos que a jurisprudência considera o furto con- tração do semovente e, não, dos bens que ele produz.
sumado como o simples apossamento do bem, inde-
Nessas hipóteses, o furto será simples.
pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
z A subtração for de substâncias explosivas ou
bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
de acessórios que, conjunta ou isoladamen-
res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
te, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego:
z Furto de semovente domesticável (animais,
como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
O objeto material consiste em substâncias explosi-
ainda que abatido ou dividido em partes no
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon-
local de subtração:
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi-
A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre-
se a subtração for de semovente domesticável (ani-
bentação, por exemplo, pólvora ou dinamite.
mais, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em
ainda que abatido ou dividido em partes no local de
subtração. conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
O bem jurídico primário é o patrimônio do produ- mar quimicamente numa substância explosiva; aqui
tor e, o secundário é a saúde pública. Isso porque o podemos exemplificar com o estopim, a espoleta e o
animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem cordel detonante. São estes acessórios que possibili-
que haja fiscalização do poder público, principalmen- tam a fabricação, montagem ou emprego da substân-
te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na cia explosiva.
condição de patrimônio lesado. A fabricação é a produção ou confecção.
Na prática, dificilmente esta qualificadora será Montagem é a junção dos componentes.
aplicada, pois este tipo de delito geralmente é prati- Emprego é a utilização.
cado por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá O tipo penal não se refere aos maquinários e
a qualificadora do inciso IV, § 4º, art. 155, do CP, que é outros objetos que também são utilizados para fabri-
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
mais grave.
Com efeito, presentes uma das qualificadoras do te aos acessórios que compõem a própria substância
§ 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em apre- explosiva.
ço, pois sua pena é mais branda, podendo funcio- É bom lembrar que configura crime, nos termos
nar, nesse caso, como circunstância judicial do art. do inciso III, do § único, art. 16, da Lei nº 10.846/2003,
59, do CP, servindo de parâmetro apenas para dosa- Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
gem da pena-base. Entretanto, existe outra corrente ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
mais favorável ao réu que, com base no princípio da autorização ou em desacordo com determinação legal
especialidade, afasta a qualificadora do § 4º quando ou regulamentar.
se tratar de semovente domesticável de produção, Esse delito será absorvido pelo crime do§ 7º, art.
impondo-se, nesse caso, a qualificadora específica do 155, do CP, pois já funciona como qualificadora.
§ 6º, considerando-a novatio legis in melius. A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
O objeto material é o animal domesticável de pro- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
local da subtração. litem sua fabricação, montagem ou emprego. 281
Furto Majorado Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilégio
para o furto simples ou para o furto qualificado; entre-
O furto será majorado quando a ele for aplicada a tanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser de natu-
causa de aumento de pena prevista no § 1º, art. 155, reza objetiva (emprego de chave falsa, por exemplo).
do CP.
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
Art. 155 [...] privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é de crime de furto qualificado, se estiverem presen-
praticado durante o repouso noturno. tes a primariedade do agente, o pequeno valor da
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de O termo “pequeno valor da coisa” é entendido,
pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado. pela jurisprudência, como o valor que não excede ao
O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o valor do salário mínimo. É necessário o auto de ava-
agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra liação. É claro que o referencial do salário mínimo
numa casa para furtar os eletroportáteis. não é tão rígido, admitindo-se o privilégio quando a
Há discussão sobre a necessidade de a casa estar coisa excede modicamente esse valor.
habitada e os moradores repousando, para que incida
Considera-se “ordem subjetiva” a hipótese de furto
o aumento de um terço.
qualificado por abuso de confiança. Deve-se identifi-
Duas teorias tratam da discussão:
car a confiança da vítima para com o agente. Por isso,
não se trata de furto privilegiado.
z Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da pena é
A regra é que as qualificadoras do crime de furto são
a maior proteção à tranquilidade dos que repousam,
objetivas, por exemplo, emprego de chave falsa. Nesta
bem como à incolumidade da vítima, que se encon-
regra, há compatibilidade com o furto qualificado.
tra dormindo e desprotegida. Neste caso, restringe o
aumento da pena ao furto cometido em casa habitada
Furto de Uso
com os moradores repousando;
z Teoria objetiva: o fundamento do aumento da pena
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar,
é a proteção do patrimônio, que, nesse período,
encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel
da lei visa proteger primordialmente o patrimô- que foi subtraída.
nio, e depois, a tranquilidade. O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se
aplica ao crime de roubo.
As duas teorias são aceitas, mas devemos com- Por exemplo, se o agente subtrai a coisa com a
preender que incide o aumento de um terço não só intenção de usar e devolver depois, não cometerá o
em furtos de residência, mas também em bancos, joa- crime de furto.
lherias, casas comerciais, bem como de automóveis Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta,
estacionados na rua, de gado (abigeato). devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não
Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o se configura crime de furto.
local seja área comercial ou local desabitado.
O reconhecimento do furto de uso necessita da
Furto Privilegiado presença de dois requisitos:
polícia que exige dinheiro de uma pessoa para influen- é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
ciar o delegado de polícia a realizar o indiciamento. multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2° e
jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem 3°, respectivamente.
lesão patrimonial.
O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi- Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio
fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos
fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o
lhe impõe. código secreto de seu cartão bancário magnético.
O delito é punido a título de dolo. O agente visa O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber-
conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e
de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se,
econômica. destarte, à extorsão mediante sequestro.
A finalidade específica é a intenção de obter uma O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se
vantagem indevida e econômica. de crime comum. 287
É ainda crime permanente, viabilizando-se, en- Por exemplo, o agente restringe a liberdade da víti-
quanto não cessar o estado de permanência, a partici- ma, com o emprego de violência à sua pessoa como
pação, a legítima defesa e a prisão em flagrante. forma de obter indevida vantagem econômica.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física
ou jurídica. Extorsão Mediante Sequestro
Admite-se a presença de mais de um sujeito passi-
Art. 159 Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para
vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi-
relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri-
ção ou preço do resgate:
gando-o a assinar cheques da empresa.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele-
mentos da extorsão fundamental: constrangimen- A extorsão mediante sequestro prevista no art. 159, do
to, por meio de violência ou grave ameaça, para se Código Penal, configurar-se-á quando o agente sequestrar
obter da vítima uma ação ou omissão, com o fim de pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qual-
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem quer vantagem, como condição ou preço de resgate.
econômica. Neste crime, temos a restrição da liberdade da víti-
Observe que, se a vantagem for absolutamente ma (mediante sequestro ou cárcere privado), só que
impossível de se obter, não há extorsão, respondendo o agente possui uma finalidade específica (exige-se
o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem- dolo específico): obter qualquer vantagem (segundo a
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú- doutrina, deve ser vantagem indevida e de natureza
bere a assinar nota promissória. patrimonial), como condição ou preço de resgate.
Não se esqueça: além do constrangimento, por
meio de violência ou grave ameaça, exige-se ainda a Características da extorsão mediante sequestro:
restrição da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpa-
go”, rápido z É crime comum — qualquer pessoa pode cometê-lo;
No roubo, a violência pode ser anterior, concomi- z É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes —
tante ou posterior à obtenção da vantagem, ao passo extorsão mais sequestro ou cárcere privado;
que, na extorsão, o legislador é omisso quanto à vio- z É crime permanente, já que sua conduta se protrai
lência posterior, de modo que esta deve ser anterior (prolonga) — atenção à aplicação da Súmula 711
ou concomitante à obtenção da vantagem. do STF;
Para que o sequestro relâmpago fique configura- z É crime formal, que se consuma com a restrição da
liberdade, desde que motivada pela obtenção de
do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da
condição ou preço de resgate.
vítima e que essa condição seja necessária para a
z Não admite a modalidade culposa;
obtenção da vantagem econômica.
z Admite tentativa.
Ex.: “A”, criminoso conhecido na cidade, aborda
“B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan- É importante mencionar que o agente deve seques-
do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco- trar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas
nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo já foi cobrado em prova), não haverá o crime de extor-
de origem duvidosa, ao banco, constrangendo a víti- são mediante sequestro.
ma, que saca R$ 1.000,00 para o autor. É importante mencionar um entendimento defen-
No exemplo dado, ficou configurado o crime de dido pela doutrina majoritária: no resultado “morte”,
extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os não é necessário que a pessoa morta seja a vítima do
elementos: sequestro, podendo ser qualquer pessoa que mor-
ra em decorrência da extorsão mediante sequestro.
z Emprego de grave ameaça; Assim, por exemplo, se um empregado for ao local
z Constrangimento à vítima; combinado com os sequestradores, a pedido de seus
z Objetivo de obter indevida vantagem econômica; patrões, entregar o resgate e for morto pelos autores,
z Restrição da liberdade, que foi condição necessá- a qualificadora será aplicada da mesma forma (obser-
ria para obtenção da vantagem. ve que o empregado não é vítima do crime — não foi
sequestrado e nem pagou o resgate).
Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão
resultado morte ou o resultado lesão corporal de mediante sequestro, segundo entendimento doutriná-
natureza grave, o agente será punido com as mes- rio dominante, quando dela for exigida a vantagem
mas penas aplicadas ao crime de extorsão median- correspondente ao resgate.
te sequestro qualificada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos, A extorsão mediante sequestro traz em suas dis-
respectivamente). posições a possibilidade de aplicação do instituto da
delação premiada.
z Extorsão Hedionda A delação será aplicada no caso de o crime ser come-
tido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
O delito de extorsão só é crime hediondo na situa- ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
ção do 3º, art. 158, do CP. Neste caso, o concorrente que denunciou terá a
Esta hipótese foi introduzida pela Lei 13.964/2019. pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
Assim, dispõe o inciso III, art. 1º, da Lei nº z Extorsão Mediante Sequestro Qualificada
8.072/1990, que é crime hediondo a extorsão qualifi-
cada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência Art. 159 [...]
de lesão corporal ou morte. § 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
A Lei nº 13.964/2019, em vez de manter como horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou
hediondo o § 2º, art. 158, do CP, e acrescentar o § 3º, maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometi-
art. 158, do CP, em sua nova redação, só fez menção ao do por bando ou quadrilha.
288 § 3º, do art. 158. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
Há quatro qualificadoras:
A primeira qualificadora justifica-se pela maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade se encontra, ainda, em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconheci-
mento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e dos
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.
Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º, art. 159, do CP, dispõe que, se do fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de
reclusão, de 16 a 24 anos.
E o § 3º, art. 159, do CP, dispõe que, se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade de que a morte seja provocada por violência física ou grave ameaça. O suicídio do seques-
trado, por exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a
culpa dos sequestradores.
rar mais de 24 (vin- é menor de 18 tido por bando ou lesão corporal de a morte
te e quatro) horas (dezoito) anos ou quadrilha (agora é natureza grave
maior de 60 (ses- associação crimi-
senta) anos nosa — responde
pelos 2 crimes)
Aumento de Pena
Revogado pelo art. 63, da Lei nº 9.605/1998, que
dispõe ser crime a conduta de alterar o aspecto ou Art. 168 [...]
estrutura de edificação ou local especialmente prote- § 1º A pena é aumentada de um terço, quando o
gido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em agente recebeu a coisa:
292 razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário STF, não é necessário dolo específico (especial fim
judicial; de agir);
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. z Não admite tentativa.
Art. 169 Apropriar-se alguém de coisa alheia vin- Irá praticar este crime o agente que achar tesouro
da ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte,
natureza: da quota a que tem direito o proprietário do prédio.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha
tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se
apropria da quota-parte que o proprietário do prédio
Neste crime, a apropriação se dá não devido à rela-
tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe-
ção de confiança existente entre autor e vítima, mas, lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre
sim, porque a coisa chegou ao poder do agente por aquele que achou e entre o proprietário do local em
erro, caso fortuito ou força da natureza. que ele foi achado.
Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entregador O Código Civil conceitua tesouro como depósito
de uma loja, uma televisão de 50 polegadas. O agente antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
se apropria da coisa havida por erro. haja memória.
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas, O tipo penal não se caracteriza com o verbo
posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando- “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não
-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa comete crime algum. A conduta criminosa encontra-se
no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria
havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
da parte a que tem direito o proprietário do prédio.
Entretanto, para configuração do delito, o agente
Para que este crime se configure, é necessário que
não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
no momento do recebimento da coisa, caso contrário, proprietário.
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato.
Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo Apropriação de Coisa Achada
do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé,
não percebe o erro. Este é constatado após o recebi- Art. 169 [...]
294 mento da coisa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. [...]
Parágrafo único. Na mesma pena incorre: ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apro-
Estelionato
pria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à Art. 171 Obter, para si ou para outrem, vantagem
autoridade competente, dentro no prazo de quinze ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
dias. alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qual-
quer outro meio fraudulento:
O que dizer sobre “achado não é roubado”, ditado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
popular muito conhecido? nhentos mil réis a dez contos de réis.
O crime de apropriação de coisa achada não é cos-
tuma ser mencionado, mas existe. O crime de estelionato (art. 171, do CP) será prati-
Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia cado quando o agente obtiver, para si ou para outrem,
perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil
ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do ou qualquer outro meio fraudulento.
prazo de 15 (quinze) dias. O agente altera, de modo consciente, a data de óbi-
Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para to de seu genitor, induzindo o tabelião em erro para
sua consumação, exige que transcorra determinado não pagar multa em procedimento extrajudicial de
período (15 dias). inventário (vantagem econômica).
Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida. Observe que o crime fala em vantagem ilícita
Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
(segundo a doutrina majoritária, deve ser vantagem
aquele que acha a coisa perdida.
de natureza patrimonial), podendo ser coisa móvel ou
Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa
imóvel.
à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se
cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apro-
utiliza de artificio ardil (método de enganar) ou qual-
priação indébita, previsto no art. 168, do CP.
quer outro tipo de fraude.
Se, por outro lado, o proprietário achar a própria
Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro
coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que
e o agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela
a havia perdido, também não se configura o delito,
estava em erro, o agente, de má-fé, faz com que ela
porque o tipo penal exige que a coisa seja alheia.
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor. permaneça).
O objeto material é coisa alheia perdida. No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signi- enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
ficado requer um juízo de valor do magistrado. alguma forma, a vantagem.
Coisa perdida é a que se encontra em lugar público ou Esta condição, inclusive, é fator que serve para
de uso público em circunstâncias indicativas do extravio, diferenciar o estelionato de outros tipos penais que
por exemplo, uma carteira exposta no meio da rua. com ele possam se confundir.
No caso de coisa abandonada (res derelicta) ou coi- Características do crime de estelionato:
sa sem dono (res nullius), não haverá crime algum por
parte de quem apropriar-se. Este torna-se dono da coisa. z Crime comum: não se exige características especí-
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente ficas do sujeito ativo;
na vontade de apropriar-se da coisa. z Crime material: o crime consuma-se com a ocor-
Quanto à consumação, ocorre quando o agente rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
deixa de restituir a coisa ao dono ou legítimo possui- acarretando prejuízo a terceiro;
dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro z Não admite a forma culposa: só se pratica a título
do prazo de quinze dias. de dolo;
O crime de apropriação de coisa achada poderá se z Admite a modalidade tentada.
configurar:
O estelionato privilegiado é aquele em que o
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao agente é primário e é de pequeno valor o prejuízo.
dono ou legítimo possuidor; Poderá o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão
z Se o agente deixa de entregar a coisa achada à pela pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou
autoridade competente. aplicar somente a pena de multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 177 Promover a fundação de sociedade por Observe que, em tal dispositivo, o legislador pune
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação o diretor, o gerente e, em alguns casos, o fiscal e o
ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a liquidante, que incidam em fraude em afirmação
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulen- referente à situação econômica da empresa, realizem
tamente fato a ela relativo: falsa cotação de ações, tomem emprestado ou usem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o indevidamente bens ou haveres da sociedade, com-
298 fato não constitui crime contra a economia popular. prem ou vendam ilegalmente ações, prestem caução
ou penhor ilegais, distribuam lucros ou dividendos Sujeito ativo é o devedor.
fictícios ou aprovem fraudulentamente conta ou pare- Se for empresário e as condutas forem perpetra-
cer. Todos esses crimes são próprios, pois só podem das após decretada sua quebra, o ato caracterizará
ser cometidos pelas pessoas expressamente mencio- crime falimentar.
nadas no texto legal. O sujeito passivo é o credor.
Trata-se de crime material que somente se consu-
Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou ma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial
“Warrant” em consequência da atitude do agente.
A tentativa é possível quando o sujeito não conse-
Art. 178 Emitir conhecimento de depósito ou war- gue realizar a conduta típica pretendida.
rant, em desacordo com disposição legal: A ação penal é privada.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa Se a fraude atingir execução promovida pela
União, Estado ou Município, a ação será pública
Trata-se de dispositivo fundamentado no Decreto incondicionada.
nº 1.102/1903, que permite a emissão do conhecimen-
to de depósito e do warrant quando mercadorias são RECEPTAÇÃO
depositadas em armazéns gerais.
Esses títulos, negociáveis por endosso, são entre- O crime de receptação pode ser dividido em:
gues ao depositante, sendo que o primeiro é documen-
to de propriedade da mercadoria e confere ao dono o z Receptação simples;
poder de disposição sobre a coisa, enquanto o segun- z Receptação qualificada;
do confere ao portador direito real de garantia sobre z Receptação culposa;
as mercadorias. z Receptação de animal.
Quem possui ambos tem a plena propriedade
Antes de iniciarmos a análise de cada uma das
delas.
divisões feitas, é importante mencionar que, segundo
Delito é a circulação desses títulos em desacordo
posicionamento doutrinário majoritário, confirmada
com disposição legal.
pela jurisprudência do STF, a coisa deve ser móvel.
Trata-se de norma penal em branco, complemen-
É importante que você saiba, também, que a recep-
tada pelo Decreto nº 1.102/1903.
tação é punível ainda que desconhecido ou isento de
De acordo com seus ditames, a emissão é irregular
pena o autor do crime de que proveio a coisa.
quando:
Logo, a punição da receptação não depende da
punição do crime anterior, de que se obteve a coisa.
z A empresa não está legalmente constituída (art. 1º);
z Inexiste autorização do Governo Federal para a Receptação Simples
emissão (arts. 2º e 4º);
z Inexistem as mercadorias no documento Art. 180 Adquirir, receber, transportar, conduzir
especificadas; ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
z Há emissão de mais de um título para a mesma sabe ser produto de crime, ou influir para que ter-
mercadoria ou gêneros especificados no título; ceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
z O título não perfaz as exigências reclamadas no Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
art. 15 do decreto.
É crime comum, tanto em relação ao sujeito ativo,
Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei- como em relação ao sujeito passivo.
to passivo é o endossatário ou portador que recebe o A doutrina divide a receptação simples em própria
título sem saber da ilegalidade. ou imprópria. Conheça tal divisão:
O crime se consuma quando o título é colocado
z Receptação Própria: adquirir, receber, transpor-
em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
agente o coloca em circulação, consumando o crime, tar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
ou não o faz, sendo atípica a conduta. alheio, coisa que sabe ser produto de crime;
z Receptação Imprópria: influir para que terceiro,
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Fraude à Execução
A receptação é crime de tipo misto alternativo, poden-
Art. 179 Fraudar execução, alienando, desviando, des- do o agente ser responsabilizado penalmente caso prati-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que § 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda-
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circula-
uterinos (filhos da mesma mãe). ção, depois de conhecer a falsidade, é punido com
É claro que a imunidade também se estende aos detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
irmãos adotivos. § 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos,
Observa-se que, se o agente comete delito de furto e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
em prejuízo de cunhado: ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou
autoriza a fabricação ou emissão:
z Se a sua irmã for casada no regime da comunhão I - de moeda com título ou peso inferior ao determi-
universal, haverá imunidade; nado em lei;
z Se o regime for o da comunhão parcial, só have- II - de papel-moeda em quantidade superior à
rá imunidade se o furto recaiu sobre bem comum, autorizada.
isto é, comunicável em razão do casamento; § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
z Se o regime for o da separação de bens, não há falar- circular moeda, cuja circulação não estava ainda
-se em imunidade, pois os bens não se comunicam. autorizada. 301
O crime de moeda falsa tem como figura típica a z O crime somente poderá ser praticado dolosamen-
seguinte conduta: falsificar, fabricando-a ou alteran- te, portanto, é necessário que o agente saiba ou
do-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal tenha dúvida sobre a falsidade da moeda;
no país ou no estrangeiro. z Admite tentativa;
Esse crime pode ser praticado de duas formas: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa, salvo aquele que falsifica a moeda
– não se trata de hipótese de concurso de crimes,
FALSIFICAR A MOEDA METÁLICA OU
assim, caso o agente falsifique a moeda e a guarde,
PAPEL-MOEDA DE CURSO LEGAL NO PAÍS
responderá apenas pelo crime de moeda falsa.
ESTRANGEIRO
Neste caso, o agente cria a moeda Se o agente recebe a moeda de boa-fé, mas, para
Fabricando-a
falsa ou papel-moeda não ficar no prejuízo, a restitui à circulação, ele res-
Neste caso, o agente altera uma moe- ponderá criminalmente? Sim.
Alterando-a da ou papel-moeda que são verdadei- Nesse caso, responderá o agente pelo crime de
ros, transformando-os em falsos circulação de moeda falsa na modalidade privilegia-
da, com uma pena bem mais branda em relação aos
Sobre o crime de moeda falsa, é importante outros dois tipos penais que já estudamos.
levar em consideração o seguinte:
Circulação de moeda falsa privilegiada
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
z Não admite a modalidade culposa, podendo ser
praticado somente a título de dolo; Quem, tendo recebido de boa-fé, como ver-
dadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui
z Admite a tentativa;
à circulação, depois de conhecer a falsida-
z Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
de, é punido com detenção de seis meses a
para configuração deste crime, a falsificação ou dois anos e multa.
alteração não podem ser grosseiras (aquela vista a
olho nu por qualquer pessoa dotada de capacidade
mediana) – nesse caso, estaremos diante de condu- Sobre o crime de circulação de moeda falsa pri-
ta que configura crime impossível em relação ao vilegiada, atente-se ao seguinte:
crime de moeda falsa.
z O recebimento da moeda dá-se de boa-fé, pois o
Contudo, caso a falsificação seja grosseira, o seu agente acredita que é verdadeira;
uso pode caracterizar o crime de estelionato, confor- z A restituição à circulação deve realizar-se dolosa-
me entendimento sumulado do STJ. mente, isto é, o agente já conhece sobre a falsidade
da moeda;
Súmula 73 (STJ): A utilização de papel moeda z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
grosseiramente falsificado configura, em tese, o quer pessoa, exceto o falsificador que pratica o cri-
crime de estelionato, da competência da Justiça me de falsificar moeda;
Estadual. z Admite tentativa.
Exige-se que a moeda metálica ou o papel-moeda O crime de moeda falsa possui formas qualificadas.
tenham curso legal no país ou no estrangeiro. Caso Responderá pelo crime de moeda falsa na moda-
não tenham, ou estejam fora de circulação, não irá se lidade qualificada o funcionário público ou diretor,
configurar esse crime. gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda
com título ou peso inferior ao determinado em Lei ou
de papel-moeda em quantidade superior à autoriza-
Importante!
da. Trata-se de crime próprio, que somente poderá ser
Configurará o crime de circulação de moeda praticado pelo funcionário público ou diretor, gerente
falsa, incorrendo na mesma pena do crime de ou fiscal de banco de emissão.
moeda falsa, a conduta do agente que, por con- Também pratica o delito de moeda falsa na moda-
ta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, lidade qualificada o agente que desvia e faz circular
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
na circulação moeda falsa. O crime de moeda falsa na modalidade qualificada
não admite a forma culposa.
Os crimes relacionados à moeda falsa são proces-
Sobre o crime de circulação de moeda falsa, sados e julgados pela Justiça Federal.
fique atento às seguintes informações: A ação penal é pública incondicionada.
z É crime de ação múltipla, que se configura com a
prática de quaisquer um dos verbos descritos no
tipo penal;
Importante!
z Caso o agente pratique mais de um verbo, no mes- Não se aplica o princípio da insignificância ao cri-
mo contexto fático, responderá por apenas um cri- me de moeda falsa.
302 me de circulação de moeda falsa;
Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
por meio da execução de quaisquer um dos verbos
Art. 290 Formar cédula, nota ou bilhete representa-
tivo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne-
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou cer, possuir ou guardar.
bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circu- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
lação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir quer pessoa;
à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condi- z O crime se configura ainda que o agente pratique
ções, ou já recolhidos para o fim de inutilização: as condutas descritas no tipo penal sem finalidade
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. onerosa;
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado z No verbo guardar, trata-se de crime permanente,
a doze anos e multa, se o crime é cometido por fun- que admite a prisão em flagrante enquanto não se
cionário que trabalha na repartição onde o dinhei- cessar a permanência;
ro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, z O delito é doloso;
em razão do cargo. z Não admite a modalidade culposa;
z Admite tentativa.
Praticará crime assimilado ao de moeda falsa, pre-
visto no art. 290, do CP, o agente que formar cédula, Emissão de Título ao Portador sem Permissão Legal
nota ou bilhete representativo de moeda com frag-
mentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros, ou Art. 292 Emitir, sem permissão legal, nota, bilhe-
suprimir em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o te, ficha, vale ou título que contenha promessa de
fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte
inutilização, bem como restituir à circulação de cédu- indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
la, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
para o fim de inutilização. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como
É importante saber sobre o delito assimilado à dinheiro qualquer dos documentos referidos neste
moeda falsa: artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias
a três meses, ou multa.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; O crime de emissão de título ao portador sem
z O crime é doloso; emissão legal é praticado quando o agente emite, sem
z Não admite a modalidade culposa; permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que
z Admite tentativa; contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
z É processado e julgado pela Justiça Federal, median- portador ou a que falte indicação do nome da pessoa
te ação penal pública incondicionada; a quem deva ser pago.
z Trata-se de tipo penal misto alternativo, que se Considera-se menos grave a conduta de quem uti-
consuma com a prática de quaisquer das condutas liza nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha
previstas no tipo penal. promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou
Existe a possibilidade de ser crime próprio caso seja a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
cometido por funcionário que trabalha na repartição ser pago como dinheiro.
onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tenha É importante saber sobre o delito de emissão de
fácil ingresso, em razão do cargo. Nesse caso, o máxi- título ao portador legal:
mo da reclusão é elevado a doze anos.
z Exige-se que o agente não tenha permissão legal
Petrechos para Falsificação de Moeda para a emissão;
z Se o agente tem permissão para emitir o título ao
Art. 291 Fabricar, adquirir, fornecer, a título one- portador, o fato será atípico;
roso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, z O delito é doloso;
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- z Não admite a modalidade culposa;
mente destinado à falsificação de moeda: z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
quer pessoa.
O objeto material deste crime é o maquinismo, FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especial- PÚBLICOS
mente destinado à falsificação de moeda.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Veja que o tipo penal exige que o equipamento Falsificação de Papéis Públicos
tenha destinação específica, não configurando o delito
de petrechos para falsificação de moeda caso o equi- Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel sela-
pamento tenha outras finalidades e, também possa,
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à
de alguma forma, ser utilizado para falsificar moeda.
arrecadação de tributo;
Temos aqui uma conduta que constitui exceção à
II - papel de crédito público que não seja moeda de
punição de um crime a partir do momento em que se curso legal;
inicia a execução do crime. Isto porque, caso um agen- III - vale postal;
te tenha a finalidade de falsificar moeda e, para isso, IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de cai-
adquira um aparelho, mesmo que não inicie a execu- xa econômica ou de outro estabelecimento mantido
ção da falsificação, poderá ser responsabilizado cri- por entidade de direito público;
minalmente pelos atos preparatórios, que constituem V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro
crime autônomo. documento relativo a arrecadação de rendas públi-
Sobre o crime de petrechos para emissão de cas ou a depósito ou caução por que o poder públi-
moeda, é importante ficar atento ao seguinte: co seja responsável; 303
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de Nas mesmas penas irá incorrer aquele que:
transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município: z Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
falsificados a que se refere este artigo;
§ 1° Incorre na mesma pena quem:
z Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
papéis falsificados a que se refere este artigo; empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, selo falsificado destinado a controle tributário;
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação z Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
selo falsificado destinado a controle tributário; mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta,
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em pro-
venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, veito próprio ou alheio, no exercício de atividade
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, produto ou
mercadoria: Em que tenha sido aplicado selo que se destine
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a a controle tributário, falsificado;
controle tributário, falsificado; Sem selo oficial, nos casos em que a legislação
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
aplicação.
§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
O tipo penal do crime de falsificação de papéis
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizá-
veis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: públicos apresenta três modalidades em que a pena
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. será mais branda se comparada ao tipo penal prin-
§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de cipal e às formas equiparadas, que têm como pena a
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o reclusão de dois a oito anos e multa:
parágrafo anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora z Aquele que usar os papéis, depois de alterados
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
(após a supressão de carimbo ou sinal indicativo
ou alterados, a que se referem este artigo e o seu
§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, de inutilização, quando legítimos, com o fim de
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois torná-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclu-
anos, ou multa. são de um a quatro anos e multa;
§ 5º Equipara-se à atividade comercial, para os z Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comér- recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifica-
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercido dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade
em vias, praças ou outros logradouros públicos e
ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de
em residências.
seis meses a dois anos, ou multa.
É um tipo penal bastante extenso, que irá se con-
figurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou Qualquer forma de
alterando-os: comércio irregular ou
z Selo destinado a controle tributário, papel sela- Equipara-se à clandestino, inclusive
atividade o exercido em vias,
do ou qualquer papel de emissão legal destinado à
comercial praças ou outros
arrecadação de tributo;
logradouros públicos e
z Papel de crédito público, que não seja moeda de
em residências
curso legal, ou seja, apólices e títulos da dívida
pública;
z Vale postal (dispositivo tacitamente revogado);
Sobre o crime de falsificação de papéis públicos,
z Cautela de penhor, ou seja, o título com o qual o
sujeito pode retirar o bem empenhado das mãos é importante levar em consideração o seguinte:
do credor;
z Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu- z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
mento relativo à arrecadação de rendas públicas quer pessoa;
ou a depósito ou caução pelo qual o poder público z Só admite a modalidade dolosa – não pode ser pra-
seja responsável; ticado culposamente;
z Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de z Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
transporte de mercadorias administrada pela dade deste crime;
União, por Estado ou Município. z Admite a tentativa;
z Súmula 546 - STJ: A competência para processar e
Esse tipo penal poderá ser praticado com a falsifi-
julgar o crime de uso de documento falso é firmada
cação de quaisquer um dos documentos vistos acima,
de duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresen-
cria um documento) ou alterando-os (o agente altera tado o documento público, não importando a quali-
documento já existente). ficação do órgão expedidor;
Existem formas equiparadas ao crime de falsifica- z Será de competência do Juizado Especial Criminal
ção de papéis públicos, incorrendo o agente nas mes- Federal na hipóteses de crime privilegiado, defini-
304 mas penas deste. do no § 4º, art. 293, do CP.
Petrechos de Falsificação
Falsificação de selo ou sinal público
Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar-
dar objeto especialmente destinado à falsificação de Falsificar, fabricando ou alterando
qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Selo público destinado a Selo ou sinal atribuído
Art. 295 Se o agente é funcionário público, e come- autenticar atos oficiais por lei à entidade de
te o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a da União, do Estado ou direito público, ou à
pena de sexta parte. do Município autoridade ou sinal
público de tabelião
Sobre o crime de petrechos de falsificação,
é importante que você leve para a sua prova as São condutas equiparadas ao crime de falsifica-
seguintes informações: ção de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas
penas o agente que:
z É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
z Faz o uso de selo ou de sinal falsificado, isto é, não
mediante à execução de quaisquer um dos verbos
seja verdadeiro e que o uso seja indevido, resultando,
previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, forne- por exemplo, na obtenção de vantagem econômica;
cer, possuir ou guardar; z Utiliza indevidamente o selo ou o sinal verdadeiro em
z É crime comum, que poderá ser praticado por prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio;
qualquer agente; z Só incorre no uso do selo ou do sinal quem não foi
z Entretanto, caso o crime seja praticado por fun- responsável pela falsificação;
cionário público, prevalecendo-se este do cargo, a z Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
pena será aumentada da sexta parte (1/6); logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
lizados ou identificadores de órgãos ou entidades
z Assim como o crime de petrecho para falsificação
da Administração Pública.
de moeda, o objeto deve ser destinado especial-
mente para falsificar os papéis previstos no art. Sobre esse crime, é importante que você leve
293 em consideração as seguintes disposições:
z Caso o objeto possua outras finalidades (tem outras
utilidades e também serve para falsificar papéis), z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;
não há que se falar na prática deste tipo penal;
z Caso o crime seja praticado por funcionário públi-
z Só poderá ser praticado dolosamente; co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumen-
z Admite a modalidade tentada; tada da sexta parte (aumento de 1/6);
z No verbo guardar, trata-se de crime permanente, z Só pode ser praticado dolosamente;
protraindo-se a conduta no tempo. z Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime
plurissubsistente (quando o delito, para ser praticado,
FALSIDADE DOCUMENTAL necessita de vários atos para atingir o resultado);
z A falsificação pode dar-se de duas formas: com a
fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a
De acordo com o art. 232, do CPP, documentos são
alteração (o agente modifica o selo ou sinal).
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis públicos
ou particulares. Trata-se de crime de forma livre, que pode ser pra-
O CPP estabelece requisitos para que um papel ticado de qualquer modo pelo agente.
seja considerado documento: forma escrita, autor
certo, possuir conteúdo de relevância jurídica e valor Dica
probatório. Observe que inciso I do art. 293 também trata
de selos, bem como o art. 303. Assim, para que
Falsificação do Selo ou Sinal Público você não se confunda, tenha em mente que o art.
293 deverá fazer menção à temática de selo na
Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: seara tributária; já o presente art. 296 tratará dos
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais selos referentes à autenticação efetuada pelas
da União, de Estado ou de Município; pessoas jurídicas de direito público ou pelas
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de autoridades (ex.: juiz, delegado etc.) e o art. 303
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tratará dos selos comuns, os quais são/eram
tabelião: usados nos serviços postais.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas: Falsificação de Documento Público
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-
público, ou alterar documento público verdadeiro:
dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
prio ou alheio. § 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím- de sexta parte.
bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
entidades da Administração Pública. mento público o emanado de entidade paraestatal,
§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete o o título ao portador ou transmissível por endosso,
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
de sexta parte. tis e o testamento particular. 305
§ 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
inserir: Importante!
I – na folha de pagamento ou em documento de
Embora o art. 297 trate de matéria relacionada
informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não pos-
à falsificação material – sendo esta passível de
sua a qualidade de segurado obrigatório; perícia pois o documento é falsificado ou alte-
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social rado –, o § 3º nos traz a hipótese de falsidade
do empregado ou em documento que deva produzir ideológica – neste caso, não há que se falar em
efeito perante a previdência social, declaração falsa perícia, pois o agente faz o responsável pela con-
ou diversa da que deveria ter sido escrita; fecção inserir declarações que não deveria, sen-
III – em documento contábil ou em qualquer outro do o documento verdadeiro materialmente mas
documento relacionado com as obrigações da falso quanto ao seu conteúdo. Assim, para não
empresa perante a previdência social, declaração se confundir com o art. 299, o qual trata estri-
falsa ou diversa da que deveria ter constado. tamente sobre a falsidade ideológica, atente-se
§ 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
ao fato de que será atribuído a toda conduta que
documentos mencionados no § 3o, nome do segura-
do e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência
faça constar declaração inverídica face à Previ-
do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. dência o crime constante no art. 297 (Falsifica-
ção de Documento Público).
A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
parte, documento público, ou alterar documento pú-
Sobre o crime de falsificação de documento
blico verdadeiro.
público, é importante que você leve em considera-
O crime pode ser praticado das seguintes formas:
ção as seguintes informações:
Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria É muito importante que você saiba o que é docu-
um documento público falso ou modifica o documento mento público, para fins de configuração deste crime,
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto já que existe, também, o crime de falsificação de docu-
material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
mento particular, sendo os dois apenados de formas
São condutas equiparadas ao crime de falsificação
de documento público, incorrendo nas mesmas penas diferentes, sendo aquele mais grave do que este.
o agente que insere ou faz inserir, conforme visto no § Para fins de concurso público, pode-se conceituar
3º do art. 297 do CP. documento público como aquele emitido por funcio-
Não se pode confundir a falsidade material com a nário público, no exercício de suas funções, a serviço
falsidade ideológica. Observe, a seguir, as diferenças: da União, estados-membros, Distrito Federal ou muni-
cípios (emitido por órgãos ou entidades públicas).
Falsidade Material Porém, o Código Penal equipara alguns outros
documentos, embora emitidos por particulares, a
z O agente cria um documento falso ou modifi-
documento público.
ca um documento verdadeiro;
z O documento é materialmente falso;
z Altera-se o aspecto formal do documento, z F alsificação total: criação de todo o material
podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não; escrito que representa o documento;
z Crimes: falsificação de documento público z Falsificação parcial: criação de uma parte falsa
ou particular; do documento público verdadeiro, a qual pode
z Por exemplo, criar uma certidão de nascimento. dele ser individualizada;
z Alteração de documento público: inserir ou
suprimir falsamente informações escritas no pró-
Falsidade Ideológica prio corpo do documento verdadeiro após a sua
criação.
z O agente falsifica a declaração que deveria
constar no documento público ou privado,
FALSIFICAÇÃO
que é verdadeiro; ALTERAÇÃO
PARCIAL
z O documento é materialmente verdadeiro,
com o conteúdo falso; A falsidade diz respeito
z Altera-se o conteúdo do documento, mas o às informações Parte do documento,
aspecto formal continua intacto; falsamente inseridas ou que dele pode ser
z Crime: falsidade ideológica; retiradas do papel, o que individualizada, é criada
z Por exemplo, alterar data de nascimento em ocorre posteriormente à falsamente
certidão de nascimento. criação do documento
306
O título ao portador é documento de crédito que z Na hipótese de a falsificação ser grosseira, não irá
não informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque se configurar este crime, mas poderá se configurar
no valor de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma outro tipo penal , se o documento for capaz de ludi-
forma de transferir a propriedade de um título (do briar outrem.
endossante para o endossatário), como os cheques em
Para fins de aplicação desse crime, equipara-se a
geral e as notas promissórias, que constituem exem-
documento particular o cartão de crédito ou de débito.
plos de títulos transmissíveis por endosso.
Falsificação de Cartão
Súmula 17 Quando o falso se exaure no estelio-
nato, sem mais potencialidade lesiva, é por este Art. 298 [...]
absorvido. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
equipara-se a documento particular o cartão de
Essa Súmula se refere à aplicação do princípio da crédito ou débito.
consunção ou absorção. Quando o crime de falsifica-
ção de documento público for meio para praticar o Falsidade Ideológica
crime de estelionato, será por este absorvido. Art. 299 Omitir, em documento público ou parti-
Por exemplo, agente que, para obter ilícita van- cular, declaração que dele devia constar, ou nele
tagem em prejuízo de terceiro, altera sua carteira de inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
identidade verdadeira, responderá apenas pelo crime da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
de estelionato caso a potencialidade lesiva da falsifica- direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
ção fique exaurida com a prática do estelionato. fato juridicamente relevante:
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
haverá atipicidade deste crime, podendo configurar documento é público, e reclusão de um a três anos,
outra infração penal. e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
réis, se o documento é particular.
Falsificação de Documento Particular Parágrafo único - Se o agente é funcionário públi-
co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, documento se a falsificação ou alteração é de assentamento de
particular ou alterar documento particular verdadeiro: registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
FALSIFICAÇÃO OBJETO
PENA
DE DOCUMENTO MATERIAL
A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em
Documento Reclusão de dois a documento público quanto em documento particular,
Público
público seis anos e multa tendo como distinção tão somente a pena. Vejamos:
Documento Reclusão de um a � Documento público: reclusão, de um a cinco anos,
Particular
Particular cinco anos e multa e multa;
z Documento particular: reclusão, de um a três
Já estudamos o documento público e agora esta- anos, e multa.
mos compreendendo o documento particular. Mas, o
O tipo penal deste crime apresenta causa de au-
que é documento particular?
mento de pena em um sexto:
Documento particular é aquele que não é docu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- O crime pode ser praticado das seguintes formas:
quer agente;
z Não admite a modalidade culposa; Falsa identidade
z É necessário que o agente pratique as condutas des-
critas no tipo penal em benefício próprio ou alheio
ou em prejuízo alheio (finalidade específica); Atribuir-se Atribuir a terceiro
z Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o
agente não possa dispor do documento público ou
particular; O agente atribuiu falsa
O agente atribui a falsa
z Admite a tentativa. identidade a uma outra
identidade a si próprio
pessoa
OUTRAS FALSIDADES
Falsificação do sinal empregado no contraste de Nesse crime, o agente se passa por uma outra pessoa.
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou Por exemplo, um indivíduo, chamado Carlos
para outros fins: Eduardo Diogo, sabendo que se encontra, em seu des-
favor, um mandado de prisão em aberto, com a fina-
Art. 306 Falsificar, fabricando-o ou alterando- lidade de não ser preso e de que não se descubra a
-o, marca ou sinal empregado pelo poder público sua condição de procurado, ao ser abordado por uma
no contraste de metal precioso ou na fiscalização equipe policial, atribui a si próprio o nome de Antô-
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa nature- nio Carlos dos Céus, contra quem não existe nenhuma
za, falsificado por outrem:
medida judicial.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é Nesse sentido, configurou-se o crime de falsa iden-
o que usa a autoridade pública para o fim de fisca- tidade, já que o agente, com a finalidade de obter pro-
lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar veito próprio, atribuiu a si mesmo falsa identidade. No
determinados objetos, ou comprovar o cumprimen- entanto, o fato de Carlos Eduardo Diogo atribuir a si
to de formalidade legal: falsa identidade para evitar prisão não está de acordo
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. com o princípio do Direito Processual Penal que per-
mite que o indivíduo não seja compelido a produzir
Trata-se de crime de ação múltipla, que pode ser provas contra si mesmo, podendo, inclusive, mentir?
praticado mediante a execução dos verbos:
Caso ele seja responsabilizado penalmente, não have-
ria violação ao princípio da não autoincriminação?
z Falsificar;
Por muito tempo, este assunto foi divergente.
z Usar.
O entendimento que predomina atualmente é o de
Responderá o agente com uma pena mais branda, que a responsabilização penal por falsa identidade,
podendo ser reclusão ou detenção, de um a três anos, ainda que diante de situação de alegada autodefesa,
e multa, se a marca ou sinal falsificado é o que usa a não viola o princípio da não autoincriminação, sen-
autoridade pública para o fim de: do, portanto, fato típico.
Apesar de o CP não dispor de um nome específico para o art. 308, a doutrina majoritária utiliza o nome supra-
mencionado para referir-se a ele.
Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identi-
dade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
O tipo penal apresenta hipótese de interpretação analógica, já que exemplifica quais são os documentos de
identidade, a exemplo do passaporte, título de eleitor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas) e, por fim,
amplia as possibilidades ao utilizar a expressão “qualquer documento de identidade” (fórmula genérica).
Sobre esse crime, é importante que você leve para a sua prova o seguinte:
Os crimes a seguir apresentam condutas bastante parecidas. Cuidado para não as confundir:
Falsa identidade
Conduta: atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 309 Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: 311
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Trata-se de crime bastante parecido com o crime de falsa identidade, porém, com este não se confunde.
DIFERENÇAS
Crime comum, que pode Finalidade específica: ob- Crime próprio, que só Finalidade específica: en-
ser praticado por qualquer ter vantagem, em proveito pode ser praticado pelo trar ou permanecer no ter-
pessoa próprio ou alheio, ou para estrangeiro ritório nacional
causar dano a outrem
Este crime apresenta uma modalidade qualificada, que irá se configurar quando o agente atribuir a estrangei-
ro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional.
Forma Simples
z Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Forma Qualificada
Sobre esse crime, é importante que você leve em consideração as seguintes informações:
z É crime próprio;
z Não admite a modalidade culposa – só poderá ser praticado dolosamente;
z Exige finalidade especial de agir (dolo específico):
Art. 310 Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos
casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Esse crime tipifica a conduta daquele que figura como “laranja” de estrangeiro, que age como proprietário ou
possuidor de valores, ações ou títulos que, na verdade, pertencem a um estrangeiro, já que a lei proíbe a este a
propriedade ou a posse.
Por exemplo, a Constituição Federal estabelece que a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, não podendo o
estrangeiro ser proprietário de uma dessas empresas.
Suponha que Augusto, brasileiro nato, preste-se a figurar como proprietário de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens, que, na verdade, pertence a Alfred, estadunidense nato.
A conduta praticada por Augusto configura o tipo penal previsto no art. 310 do CP, podendo ele ser incurso nas
penas de detenção, de seis meses a três anos, e multa.
z É crime próprio, que só poderá ser praticado por brasileiro, seja nato ou naturalizado;
z Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;
z Não exige fim especial de agir (dolo específico);
z É necessário que o agente saiba que a propriedade ou posse dos bens seja proibida por lei ao estrangeiro (lem-
bre-se que o crime não admite a forma culposa);
312 z Admite tentativa.
Adulteração de Sinal Identificador de Veículo Esse tipo penal foi editado para proteger a lisura
Automotor dos certames de interesse público.
Incorrerá nas mesmas penas (forma equiparada) o z Forma equiparada: incorre nas mesmas penas o
funcionário público que contribui para o licenciamento agente que permite ou facilita, por qualquer meio,
ou registro do veículo remarcado ou adulterado, forne- o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
cendo indevidamente material ou informação oficial. ções sigilosas relacionadas a concurso público;
Neste caso, trata-se de crime próprio, que só pode- avaliação ou exame públicos; processo seletivo
rá ser praticado pelo funcionário público. para ingresso no ensino superior; ou exame ou
Sobre o crime de adulteração de sinal identifi- processo seletivo previstos em lei;
cador de veículos, atente-se ao seguinte: z Forma qualificada: se da ação ou omissão resul-
tar dano à Administração Pública;
z Em regra, é crime comum, que pode ser praticado z Forma majorada: a pena será aumentada de 1/3
por qualquer pessoa; (um terço) se o fato é cometido por funcionário
z O aumento de pena aplicável no caso de ser pra- público.
ticado no exercício da função ou em razão dela e
à forma equiparada, que constitui crime próprio; Sobre este crime, é importante ficar atento às
z Trata-se de crime instantâneo; seguintes informações:
z Este crime não é permanente. Portanto, a sua con-
z Esse crime se aplica a certames de interesse públi-
duta não se prolonga no tempo;
co de maneira geral, e não apenas a concursos
z Não admite a modalidade culposa – só será prati-
públicos em sentido estrito;
cado com dolo;
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
z Não exige dolo específico;
quer pessoa.
z Admite a modalidade tentada.
É comum acharem que se trata de crime próprio,
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE que só pode ser praticado por funcionário público.
PÚBLICO Não é crime próprio. Na verdade, para esse crime,
a condição de funcionário público não é elementar,
Fraudes em Certames de Interesse Público constituindo, contudo, causa de aumento de pena de
1/3 (um terço).
Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o Vejamos os pontos importantes desse crime:
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: z Não admite a modalidade culposa – só pode ser
I - concurso público; praticado dolosamente;
II - avaliação ou exame públicos; z Exige fim especial de agir (dolo específico): fim de
III - processo seletivo para ingresso no ensino supe- beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
rior; ou
credibilidade do certame;
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
z Trata-se de crime formal, que se consuma com a
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
mera divulgação ou utilização das informações
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não sigilosas, ainda que o agente não consiga benefi-
autorizadas às informações mencionadas no caput. ciar a si ou a terceiro ou não consiga comprometer
§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à adminis- a credibilidade do certame público;
tração pública: z Admite a forma tentada;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. z Caso o agente promova a utilização ou divulgação
§ 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é das informações sigilosas devidamente (com justa
cometido por funcionário público. causa), não há que se falar na prática deste crime. 313
z Emprego público, por sua vez, é o vínculo regido pela
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO CLT entre o trabalhador e a Administração;
PÚBLICA z Função pública é tratada de forma residual, abar-
cando todas as demais pessoas que exercem algum
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS tipo de função de natureza pública. Assim, pode-
PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL mos citar como exemplo os jurados, os mesários, o
Nos crimes contra a Administração Pública, o bem tabelião, o estagiário, dentre outros.
jurídico genericamente tutelado é a moralidade ou
No § 2º do art. 327, o Código Penal apresenta uma
probidade administrativa.
causa de aumento de pena aplicável a todos os crimes
Os crimes praticados por funcionário público con-
tra a administração em geral são chamados de crimes praticados por funcionário público contra a adminis-
funcionais. Os crimes funcionais são aqueles prati- tração em geral. Observe:
cados contra a administração pública por indivíduo
Art. 327 [...]
que se encontra investido em uma função pública. São
divididos em funcionais próprios ou puros e funcio- § 2º A pena será aumentada da terça parte quan-
nais impróprios ou impuros. do os autores dos crimes previstos neste Capítu-
Os crimes funcionais próprios são aqueles que lo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
serão atípicos caso não sejam praticados por funcio- função de direção ou assessoramento de órgão da
nários públicos. Segundo a doutrina, neste caso, ocor- administração direta, sociedade de economia mis-
rerá uma hipótese de atipicidade absoluta. ta, empresa pública ou fundação instituída pelo
Vejamos que a conduta que define o crime de pre- poder público.
varicação será atípica caso não seja praticada por um
funcionário público. É importante saber que a pena não será aumen-
Os crimes funcionais impróprios são aqueles que tada caso o funcionário público ocupe cargo em
serão desclassificados para outras infrações penais comissão ou função de direção ou assessoramento em
caso não sejam praticados por funcionários públicos. autarquias, por falta de previsão legal. Lembre-se
Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma de que o nosso ordenamento jurídico não admite a
hipótese de atipicidade relativa. analogia para prejudicar o agente.
Já a conduta que define o crime de peculato-furto, Os crimes funcionais admitem a coautoria de par-
praticada por meio do verbo subtrair, será desclassi- ticular, sendo possível que este venha a ser responsa-
ficada para o crime de furto, caso não seja praticada
bilizado por delito funcional contra a administração
por um funcionário público.
pública, desde que pratique a infração penal em concur-
O Código Penal, em seu § 1º, do art. 327, traz o
conceito do que se entende por funcionário público. so com funcionário público e conheça esta qualidade.
Vejamos: Vamos exemplificar: José, funcionário público, con-
vida seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraí-
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os rem um computador na repartição pública que aquele
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou trabalha. O funcionário público obteria facilidades para
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- praticar o crime, já que havia ficado com a chave da
ção pública. repartição naquele período. No dia determinado, os
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce
agentes vão ao local e subtraem o computador.
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas
e quem trabalha para empresa prestadora de ser-
viço contratada ou conveniada para a execução de responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas
atividade típica da Administração Pública. características a seguir), já que praticaram a conduta em
concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
A Lei de Improbidade Administrativa também traz funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
um conceito de funcionário público. Veja o que dispõe necessário que eles conheçam a condição).
o art. 2º, da Lei nº 8.429, de 1992: Não podemos deixar de tratar do concurso de pes-
soas nos crimes funcionais. Os crimes funcionais são
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos
crimes próprios, à medida que o autor deve ser fun-
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran-
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
cionário público.
nomeação, designação, contratação ou qualquer Em regra, não podem serem praticados por qual-
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, quer pessoa, entretanto, admitem a participação e a
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- coautoria, bem como a autoria mediata.
das no artigo anterior. Observe que o particular sozinho não pratica cri-
me funcional, mas, se unido com outro funcionário
Veja que aqueles que exercem atividade transi- público, também responderá pelo delito.
tória, mesmo sem remuneração, também são con- Isso é decorrente da teoria monista ou unitária da
siderados funcionários públicos. Logo, o mesário de ação, prevista nos arts. 29 e 30 do CP, na qual “todo
eleição, por exemplo, é funcionário público para efei- aquele que concorre para o crime responde para o
tos penais, à medida que exerce uma função pública. mesmo crime”.
O art. 327 do CP faz menção a cargo público,
Nesse sentido, vamos exemplificar, pois responde
emprego público e função pública, vamos distinguir:
por peculato o particular que, a mando do funcionário
z Cargo público é o criado por lei, com nomenclatu- público subtrai bens da repartição pública. Igualmente,
ra e número certo, além de possuir como instru- enquadra-se na corrupção passiva a mulher do funcio-
314 mento vinculativo o estatuto; nário público que instiga o marido a aceitar a propina.
Peculato
Importante!
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de
É importante que você saiba que parte mino-
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-
co ou particular, de que tem a posse em razão do
ritarária da doutrina defende que, para que se
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: configure o peculato-desvio, não é necessário a
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. intenção de assenhoramento (apoderar-se) por
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi- parte do funcionário público, podendo se confi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou gurar com o mero uso irregular da coisa pública,
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo Com base no que foi exposto, é importante men-
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o cionar que o peculato de uso, em regra, é considerado
crime de outrem: figura atípica.
Pena - detenção, de três meses a um ano. Segundo Cleber Masson,
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a o uso momentâneo de coisa infungível, sem a inten-
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a ção de incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de
pena imposta. terceiro, seguido da sua integral restituição a quem
de direito é atípico.
O crime de peculato, previsto no art. 312, do CP, é
dividido da seguinte forma: É necessário sabermos o que se trata de infungível.
O art. 85, do CC, dispõe que são fungíveis os móveis
z Peculato-apropriação; que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
z Peculato-desvio;
O Código Civil não define os bens infungíveis,
z Peculato-furto;
mas podemos compreender que são os bens que não
z Peculato culposo;
podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
z Peculato mediante erro de outrem.
quantidade e qualidade.
É importante mencionar que é necessário, para
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão
que não seja típica a conduta do peculato de uso, que
para o crime de peculato: o bem seja infungível e não consumível, a exemplo
de um carro oficial ou de um computador.
z Próprio: peculato-apropriação e peculato-desvio; Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo
z Impróprio: peculato-furto. do dinheiro, a conduta será típica.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for
O peculato-apropriação irá se configurar quando praticada por Prefeito, o fato será típico, independen-
o funcionário público se apropriar de dinheiro, valor temente da natureza do bem, por expressa previsão
ou qualquer outro bem móvel, público ou particu- legal no art. 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/1967.
lar, de que tem a posse em razão do cargo, como por O Peculato-furto irá se configurar quando o fun-
exemplo, vereador que se apropria de bens (aparelho cionário público, embora não tendo a posse do dinhei-
de celular, notebook) do qual tem posse em razão do ro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja
cargo (eletivo) que ocupa. subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
É muito importante que você fique atento, em rela- de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
ção ao peculato-apropriação, ao seguinte: funcionário.
O peculato-furto pode ser praticado de duas
formas:
z Para que se configure, é necessário que o agente
tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
z Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
z O bem pode ser público ou particular (imagine um
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
objeto particular apreendido numa delegacia de
valor ou bem.
polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Admite-se a tentativa quando a cobrança vexató- entregue ao funcionário público antes de sua ação
ria ou gravosa é realizada por escrito, mas, por cir- ou omissão, por exemplo, juiz recebe vantagem
cunstâncias alheias à vontade do agente, é descoberta indevida para prolatar sentença absolutória;
antes que a vítima tomasse conhecimento. z Subsequente: Quando a vantagem indevida é
Vejamos: entregue ao funcionário público depois de sua
José, funcionário público da prefeitura do Municí- ação ou omissão, por exemplo, após retardar o
pio de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita
deve dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca vantagem indevida ao réu.
uma faixa enorme na entrada da rua, com a seguinte Observe que a corrupção passiva pode ser direta
escrita: Márcio, deixe de ser irresponsável e pague os ou indireta:
dez mil reais que você deve de tributo à prefeitura.
No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo z Direta: quando é o próprio funcionário público
uso de meio vexatório, não autorizado por lei, confi- que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-
gurando-se, assim, o excesso de exação. gem indevida; 319
z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con- z Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resul-
luio com o funcionário público, solicita, recebe tados, porém dirige sua conduta na realização de
ou aceita promessa de vantagem indevida. Nesse um deles. Quer um resultado, mas aceita o outro.
caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário
público responderão por corrupção passiva. Observa-se que o crime se consuma com a primei-
ra conduta que facilita o contrabando ou descaminho,
Entende a doutrina majoritária que o mero pre- ainda que não haja efetivamente a entrada ou saída
sente recebido pelo funcionário público, por grati- da mercadoria do território nacional.
dão ou amizade, por exemplo, uma lembrancinha de
Trata-se de crime formal, pois se consuma com a
natal, não configura o crime de corrupção passiva.
A vantagem indevida, segundo posicionamento conduta, independentemente da ocorrência do con-
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo trabando ou descaminho.
ser qualquer outra vantagem. Admite-se a tentativa quando o agente se empenha
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração que: para realizar a conduta de facilitar o contrabando ou
descaminho, mas é surpreendido antes de concluí-la.
z Não pode ser praticada na modalidade culposa; É possível se extrair da leitura do tipo penal que
z Trata-se de crime formal, quando praticada por o crime será praticado pelo funcionário público que
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que tem o dever funcional de evitar a prática dos crimes
se consuma com a conduta, sendo o efetivo recebi- de contrabando e descaminho.
mento da vantagem mero exaurimento do crime; A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
z Quando praticada por meio do verbo receber, é
nário público não tenha o dever funcional de evitar
crime material, que exige o efetivo recebimento
a prática do contrabando ou descaminho, responderá
para se consumar (art. 317, § 2º, do CP)
z Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for como partícipe do crime de contrabando ou do crime
possível fracionar o iter criminis, a exemplo da cor- de descaminho.
rupção passiva praticada mediante emprego de carta;
Sobre este crime, é pertinente saber:
O particular que paga a vantagem indevida soli-
citada pelo funcionário público não pratica crime z Pode ser praticado de forma comissiva (quando o
algum, por falta de tipicidade penal. funcionário indica uma forma de o contrabandista
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada. desviar-se da fiscalização), ou omissiva (quando o
Observe que na corrupção passiva privilegiada funcionário, ciente de que há produto de descami-
o agente pratica a conduta não com a finalidade de nho em um compartimento, não o inspeciona, libe-
conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com rando as mercadorias);
a finalidade de ceder a pedido ou influência de outro. z Não admite a modalidade culposa;
A pena da corrupção passiva será aumentada de 1/3 z É crime formal, que se consuma com a facilitação,
(um terço) se, em consequência da vantagem ou promes- independente ou não de o agente conseguir prati-
sa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer car o contrabando ou o descaminho;
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. z Admite a tentativa somente na forma comissiva,
quando o funcionário público indica o método
Dica de se desviar da fiscalização, mas outro servidor
impede o desvio;
Não seja surpreendido por pegadinhas em prova:
a corrupção passiva e a concussão diferenciam- z A competência é da Justiça Federal.
-se nos verbos que configuram o tipo penal incri- Prevaricação
minador. Corrupção passiva: solicitar, receber ou
aceitar promessa. Concussão: exigir. Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
Facilitação de Contrabando ou Descaminho expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-
mento pessoal:
O crime de facilitação de contrabando ou descami-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
nho está previsto no art. 318, do CP. Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
Art. 318 Facilitar, com infração de dever funcional, agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo:
z Contrabando é a exportação ou a importação do Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
território nacional de uma mercadoria proibida;
z Descaminho é a exportação ou importação do territó- O crime de prevaricação é dividido em:
rio nacional de uma mercadoria lícita, mas mediante
sonegação dos direitos ou impostos devidos. z Própria : prevista no art. 319 do Código Penal;
z Imprópria : prevista no art. 319-A do Código Penal.
O núcleo do tipo é o verbo facilitar, que significa viabi-
lizar, tornar mais simples o contrabando ou descaminho.
O crime em estudo não se confunde com a corrup-
O elemento subjetivo é o dolo que pode ser direto
ção passiva privilegiada, em que o agente age ou deixa
ou eventual.
de agir cedendo a pedido ou influência de outrem.
Lembre-se:
Na prevaricação não existe este pedido ou influên-
z Dolo direto (determinado): ocorre quando o cia. O agente toma a iniciativa de agir ou se omitir para
agente prevê determinado resultado, dirigindo satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se
sua conduta na busca de realizar esse mesmo um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregu-
320 resultado; laridade e deixa de autuá-lo em razão de insistentes
pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, A doutrina majoritária entende que o crime de
se o fiscal deixa de autuar porque percebe que a pes- condescendência criminosa só pode ser praticado por
soa é um antigo amigo, configura-se a prevaricação. superior hierárquico.
A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) for- Você pode entender indulgência como compaixão,
mas diferentes: pena, piedade.
Há um requisito que deve ser cumprido para a
z Retardar indevidamente a prática de ato de ofício; prática da condescendência criminosa: uma infração
z Deixar de praticar indevidamente ato de ofício; funcional (que pode ser uma violação administrativa
z Praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei. ou penal) praticada por subordinado no exercício das
atribuições do seu cargo.
O crime de prevaricação exige um fim específico Sobre a condescendência criminosa, saiba:
de agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Você pode entender interesse ou sentimento pes- z Não admite a forma culposa;
soal de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, z É crime omissivo;
amizade, preguiça, entre outros. z Não admite tentativa.
Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
Como é possível observar, os crimes de corrupção
passiva privilegiada, prevaricação e condescendência
z Não admite a forma culposa;
criminosa possuem características similares.
z Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
Vejamos as diferenças:
deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
z Admite tentativa apenas quando praticado de for- z Corrupção Passiva Privilegiada: O agente dei-
ma comissiva. xa de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou
z � Tentativa na prevaricação: influência de outrem;
z Prevaricação: O agente deixa de praticar ato de ofí-
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, cio para satisfazer sentimento ou interesse pessoal;
ato de ofício: não admite tentativa; z Condescendência Criminosa: O agente deixa de
Praticar ato de ofício contra disposição expres- praticar ato de ofício (responsabilizar o subalter-
sa de lei: admite tentativa. A prevaricação no) por indulgência.
imprópria configurar-se-á quando o diretor
Advocacia Administrativa
de penitenciária e/ou agente público deixar de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso O crime de advocacia administrativa, previsto no
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que art. 321 do Código Penal, pode ser praticado na moda-
permita a comunicação com outros presos ou lidade simples ou qualificada.
com o ambiente externo.
Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
A prevaricação imprópria só poderá ser pratica- resse privado perante a administração pública,
da pelo diretor de penitenciária ou pelo funcionário valendo-se da qualidade de funcionário
público que tem o dever funcional de impedir que o Pena - detenção, de um a três meses, ou multa
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
preso tenha acesso a aparelho de comunicação com
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
outros presos ou com o ambiente externo.
multa.
Sobre a prevaricação imprópria, é importante
ressaltar: z Modalidade simples: configura-se quando o fun-
cionário público patrocinar, direta ou indireta-
z Não admite a forma culposa; mente, interesse privado perante à administração
z Não admite tentativa. pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
z A violência arbitrária não admite a forma culposa, Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
devendo ser praticado dolosamente; Prolongado
z Admite tentativa;
z Segundo Rogério Greco, o objeto material será o Este crime está previsto no art. 324, do CP.
administrado contra o qual é praticada a violência
arbitrária; Art. 324 Entrar no exercício de função pública
z A violência tem que ser praticada arbitrariamente, antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
de uso necessário e progressivo da força, admiti- oficialmente que foi exonerado, removido, substi-
dos em lei. tuído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Abandono de Função
Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao
O crime de abandono de função está tipificado no seu normal funcionamento, pois o exercício ilegal de
art. 323, do CP. função pública afeta a prestação de serviços públicos.
Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos
Este crime pode ser praticado de duas formas:
permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Entrar no exercício de função pública antes de
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. satisfeitas as exigências legais;
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na Continuar a exercer a função pública, sem auto-
faixa de fronteira: rização, depois de saber oficialmente que foi
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. exonerado, removido, substituído ou suspenso.
É exigido que o funcionário público tenha sido
A conduta típica é a de abandonar cargo público, oficialmente comunicado sobre sua exonera-
fora dos casos permitidos em Lei. ção, remoção, substituição ou suspensão.
O nome do crime é abandono de função, porém,
o tipo penal fala em abandono de cargo público. É Observe que no exercício funcional ilegalmente
importante que você saiba que o conceito de função antecipado ou prolongado somente pode ser prati-
pública é mais amplo que o de cargo público (não há cado por funcionário público já nomeado, mas ainda
cargo sem função, mas há função sem cargo). sem ter cumprido todas as exigências legais (1ª parte),
Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero ou então pelo indivíduo que era funcionário público,
abandono de função pública (apesar do nome) ou de porém deixou de ser em razão de ter sido oficialmente
emprego público, mas tão somente no caso de aban- exonerado, removido, substituído ou suspenso (parte
dono de cargo público (não se admite a analogia in final).
malam partem). Em ambas as hipóteses, o crime é de mão própria,
De acordo com posicionamento doutrinário majoritá- de atuação pessoal ou de conduta infungível, pois
rio, as hipóteses de greve não configuram este tipo penal. somente pode ser cometido pela pessoa expressamen-
As hipóteses em que o agente abandona o cargo te indicada no tipo penal.
público, admitidas em Lei, não configuram o crime de Se um particular entrar no exercício da função
abandono de função. pública, a ele deverá ser imputado o crime de usurpa-
O crime de abandono de função tem circunstân- ção de função pública (art. 328 do CP).
322 cias que o qualificam: Sobre o tipo penal em comento, é importante saber:
z Não admite a forma culposa; A doutrina dominante entende que o crime de vio-
z Admite tentativa. lação de sigilo de proposta de concorrência foi revoga-
do tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações).
Violação de Sigilo Funcional
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
O crime de violação de sigilo funcional se encontra A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
previsto no art. 325 do Código Penal. Os crimes praticados por particular contra a admi-
nistração pública estão previstos entre os arts. 328 e
Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão 337-A do Código Penal.
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou Trata-se de crimes comuns, que não exigem
facilitar-lhe a revelação: nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul- ativo, podendo ser praticados por qualquer pessoa.
ta, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Usurpação de Função Pública
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne-
cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra O crime de usurpação de função pública irá se con-
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste- figurar quando o agente usurpar o exercício de fun-
mas de informações ou banco de dados da Adminis- ção pública.
tração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
tração Pública ou a outrem: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.Usur-
par = apoderar-se.
Este crime pode ser praticado de duas formas:
Inicialmente, é importante que você não confunda
z Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo o usurpador de função com o funcionário ou agente
e que deva permanecer em segredo; público de fato (assunto bastante cobrado, tanto na
z Facilitar a revelação de fato de que tem ciência disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito
em razão do cargo e que deva permanecer em Administrativo).
segredo.É importante mencionar que o agente
toma conhecimento do fato que deve permanecer z Usurpação de função pública: o agente exerce a
em segredo em razão do cargo que ocupa, não se função sem nenhum tipo de investidura, apode-
exigindo que tenha sido no efetivo desempenho rando-se dela. É crime.
das atribuições do cargo. z Funcionário ou agente de fato: o agente exerce a
função pública, por ter ocorrido alguma irregula-
Logo, o crime pode ser praticado no caso de o ridade. Não é crime.
agente tomar conhecimento do fato durante período
de licença, mas em razão do cargo. Segundo posicionamento doutrinário majoritário,
O Código Penal apresenta duas formas equipara- é necessário, para fins de consumação, que o agente
das do crime de violação de sigilo funcional. Observe: execute algum ato inerente ao exercício da função,
não configurando o crime a mera apresentação a ter-
z Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- ceiros como funcionário público.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra Vamos exemplificar:
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-
mas de informações ou banco de dados da Admi- Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial
nistração Pública; militar para seus conhecidos como forma de se
z Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito. autovalorizar. Não há que se falar em configura-
ção do crime de usurpação de função pública, já
Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta que o agente não praticou nenhum ato inerente ao
dano à Administração Pública ou a outrem. exercício da função policial militar, podendo, con-
Sobre este crime, fique atento: forme o caso, configurar outra infração penal.
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente,
z Só será praticado dolosamente – não admite forma uma farda da polícia militar. Em determinado dia,
culposa; ele promove uma falsa barreira e passa a abordar
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Em regra, não admite tentativa, salvo casos excep- as pessoas que nela passam. Há a prática do crime
cionais, a exemplo de ser praticado na forma de usurpação de função pública, já que o agente
escrita. praticou ato inerente ao exercício da função poli-
cial militar.
Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência
Você não pode confundir o crime de usurpação de
Este tipo penal está previsto no art. 326 do Código função pública com o crime exercício funcional ilegal-
Penal. mente antecipado ou prolongado.
Art. 334 Iludir, no todo ou em parte, o pagamento z Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saí- permitidos em lei;
da ou pelo consumo de mercadoria. z Pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. z Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
§ 1° Incorre na mesma pena quem: de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos ou alheio, no exercício de atividade comercial
permitidos em lei; ou industrial, mercadoria de procedência estran-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a geira que introduziu clandestinamente no País
descaminho; ou importou fraudulentamente ou que sabe ser
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito produto de introdução clandestina no território
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio nacional ou de importação fraudulenta por parte
326 ou alheio, no exercício de atividade comercial ou de outrem;
z Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio O crime de contrabando apresenta, também, uma
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou causa que aumenta a pena pelo dobro para o caso de
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, o crime ser praticado em transporte aéreo, marítimo
desacompanhada de documentação legal ou acom- ou fluvial.
panhada de documentos que sabe serem falsos.
Sobre o crime de contrabando, é importante
O Código Penal estabelece que a atividade comer- que você leve para a sua prova:
cial é equiparada, para os efeitos do crime de desca-
minho, a qualquer forma de comércio irregular ou z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o por qualquer pessoa;
exercido em residências. z Não admite a modalidade culposa;
A pena do crime de descaminho será aplicada em z Admite tentativa;
dobro se o crime é praticado em transporte aéreo, z Não admite a aplicação do princípio da
marítimo ou fluvial. insignificância.
Sobre o crime de descaminho, é importante que
você leve em consideração: É importante mencionar que no caso de produ-
tos específicos, a exemplo de armas de fogo ou subs-
z As figuras equiparadas ao crime de descaminho tâncias entorpecentes, irá prevalecer a aplicação da
são: a pratica de navegação de cabotagem fora dos legislação especial, aplicando-se, respectivamente, o
casos permitidos em lei, pratica fato assimilado, estatuto do desarmamento (Lei 10.826/2003) e a Lei de
em lei especial, a descaminho, etc. Drogas (Lei 11.343/2006).
z Trata-se de crime comum, que pode ser praticado De acordo com a Súmula 151, do STJ:
por qualquer pessoa;
z Admite a forma tentada, quando, no caso de expor- A competência para o processo e julgamento por
tação, o crime é tentado se a mercadoria não chega crime de contrabando ou descaminho define-se pela
a sair do país; prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão
z A fraude utilizada pelo agente para iludir o paga- dos bens.
mento de imposto pode se dar tanto em relação
à quantidade quanto em relação à qualidade do Impedimento, Perturbação ou Fraude de
produto; Concorrência
z Não admite a modalidade culposa; Art. 335 Impedir, perturbar ou fraudar concorrên-
z Admite a aplicação do princípio da insignificância, cia pública ou venda em hasta pública, promovida
nos casos em que o valor seja inferior àquele con- pela administração federal, estadual ou municipal,
siderado irrelevante para fins de execução fiscal. ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de vio-
lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
Importante! vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
Tanto para o STF quanto para o STJ, atualmente, ta, além da pena correspondente à violência.
poderá ser aplicado o princípio da insignificância Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
ao crime de descaminho que não exceda o valor abstém de concorrer ou licitar, em razão da vanta-
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). gem oferecida.
z É crime comum;
Sobre o crime de inutilização de edital ou de z Admite tentativa;
sinal, leve em consideração: z É crime subsidiário, respondendo o agente por ele
apenas caso não se configure um crime mais grave;
z É crime comum; z Na hipótese de o documento se destinar a fazer pro-
z Admite tentativa; va de relação jurídica, e o agente visar se beneficiar a
z Segundo posicionamento doutrinário dominante, si próprio ou a terceiro, o fato constituirá mais grave;
caso a conduta seja praticada quando não mais pro- z Somente será praticado na modalidade dolosa.
duz efeito o edital (fora do seu prazo de validade,
por exemplo), não irá se configurar este tipo penal; Sonegação de Contribuição Previdenciária
Art. 337-M Admitir à licitação empresa ou profis- Aqui, temos um crime que não encontra corres-
sional declarado inidôneo: pondência na lei anterior. Perceba que, ainda que o
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e nome do tipo traga o termo “omissão”, apenas um dos
multa. três núcleos presentes no caput será crime omissivo
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional puro (omitir).
declarado inidôneo: O tipo traz as condições. Vejamos:
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e
multa. z Contorno em relevante dissonância com a realidade;
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo z Em frustração ao caráter competitivo da licitação;
aquele que, declarado inidôneo, venha a participar z Em detrimento da seleção da proposta mais vanta-
de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo,
josa para a Administração Pública.
aquele que, declarado inidôneo, venha a contratar
com a Administração Pública.
Ainda, traz os contextos em que deverá ocorrer a
conduta, para que se caracterize o crime:
Diferentemente da conduta constante do § 2º, a qual
constitui crime comum, a conduta incriminada no caput
é um crime próprio, podendo ser praticada somente por z Contratação para a elaboração de projeto básico,
agente público. Já o § 1º traz forma qualificada do delito projeto executivo ou anteprojeto;
previsto no caput, ocorrendo a absorção da conduta de z Diálogo competitivo;
admissão no caso da celebração do contrato. z Procedimento de manifestação de interesse.
Nas formas simples e qualificada, são normas
penais em branco, por dependerem da definição da As formas de contração colocadas acima são pre-
declaração de inidoneidade. Ainda, trata-se de crime vistas na Lei nº 14.133/21, por isso se trata de norma
doloso, não sendo admitida a forma culposa. penal em branco. O § 2º traz a hipótese de majoração
Vejamos, agora, o crime de impedimento indevido. da pena. Como não há restrição, deve-se interpretar
que qualquer benefício será suficiente para o enqua-
Art. 337-N Obstar, impedir ou dificultar injusta- dramento na hipótese.
mente a inscrição de qualquer interessado nos Trata-se, portanto, de crime comum, pois, embora
registros cadastrais ou promover indevidamente a a Lei use o termo projetista, o verbo trazido constante
alteração, a suspensão ou o cancelamento de regis- do caput (entregar) poderá ser praticado por qualquer
tro do inscrito: pessoa. Ainda, é hipótese de delito formal, sendo pos-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e sível a tentativa, exceto na modalidade “omitir”, por
multa. se tratar de crime omissivo próprio.
Por fim, temos um regramento específico para a
Nesse tipo penal, temos duas figuras distintas. Ambas aplicação de multas nos casos dos crimes constantes
configuram crime próprio. Dentre os verbos constantes dos artigos que estudamos até aqui.
do tipo, apenas “dificultar” será crime de mera condu-
ta, sendo que, nos demais, há necessidade de resultado Art. 337-P A pena de multa cominada aos crimes
naturalístico, tratando-se de crimes materiais. Cabe fri- previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de
sar que, em todas as modalidades, será cabível a ten- cálculo prevista neste Código e não poderá ser infe-
tativa. O crime poderá ser instantâneo (dificultar ou rior a 2% (dois por cento) do valor do contrato lici-
promover) ou permanente (obstar ou impedir). tado ou celebrado com contratação direta.”
Vamos, agora, conhecer o tipo omissão grave de
dado ou de informação por projetista. Vale destacar que a metodologia para o cálculo da
multa será a constante do Código Penal, porém com
Art. 337-O Omitir, modificar ou entregar à Adminis- piso mínimo de 2% do valor do contrato licitado ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
tração Pública levantamento cadastral ou condição celebrado por meio de contratação direta.
de contorno em relevante dissonância com a reali-
dade, em frustração ao caráter competitivo da licita- CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
ção ou em detrimento da seleção da proposta mais A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
vantajosa para a Administração Pública, em contra-
tação para a elaboração de projeto básico, projeto
Os Crimes previstos acima dividem-se em dois
executivo ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou
tipos penais:
em procedimento de manifestação de interesse:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
multa. z Corrupção ativa em transação comercial internacional;
§ 1º Consideram-se condição de contorno as infor- z Tráfico de influência em transação comercial
mações e os levantamentos suficientes e necessá- internacional.
rios para a definição da solução de projeto e dos
respectivos preços pelo licitante, incluídos son- Inicialmente, é importante destacar quem é o fun-
dagens, topografia, estudos de demanda, condi- cionário público estrangeiro e quem se equipara a
ções ambientais e demais elementos ambientais funcionário público estrangeiro. 331
z Funcionário Público Estrangeiro: z Admite tentativa, quando for possível fracionar
o iter criminis, as fases do crime, da cogitação ao
Quem, ainda que transitoriamente ou sem exaurimento.
remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
ção pública em entidades estatais ou em repre-
sentações diplomáticas de país estrangeiro. É a fase mental de preparação
Cogitação
do crime: idealização,
ou
deliberação e resolução.
z Equipara-se a Funcionário Público Estrangeiro: Fase
Não há conduta penalmente
Interna
relevante
Quem exerce cargo, emprego ou função em
empresas controladas, diretamente ou indire-
tamente, pelo Poder Público de país estrangeiro
ou em organizações públicas internacionais. O crime começa a projetar-se
no mundo exterior.
Atos
Corrupção Ativa em Transação Comercial O agente adquire arma de fogo.
Preparatórios
Internacional Em regra não são puníveis,
salvo nos crimes-obstáculo
O crime de corrupção ativa em transação comer-
cial internacional, previsto no art. 337-B do Código
Penal, é bastante parecido com o tipo penal de cor- O agente começa a realizar o
rupção ativa, crime praticado por particular contra a núcleo do tipo penal, de forma
administração em geral, que já analisamos. Atos de
Execução idônea e inequívoca.
Essa fase pode haver punição
Art. 337-B Prometer, oferecer ou dar, direta ou pela tentativa
indiretamente, vantagem indevida a funcioná-
rio público estrangeiro, ou a terceira pessoa,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício relacionado à transação comercial Crime consumado é quando nele
internacional: se reúnem todos os elementos de
Consumação
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. sua definição legal.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um Fim do iter criminis
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário público estrangeiro retarda ou omi-
te o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever Não influi na tipicidade, mas
funcional. pode influenciar na dosimetria
Exaurimento da pena, ser reconhecido como
z Corrupção Ativa em Transação Comercial qualificadora ou configurar
Internacional: crime autônomo.
Sobre este crime, é importante mencionar que: z Tráfico de Influência em Transação Comercial
Internacional:
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum; Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
z Nos verbos oferecer e prometer, trata-se de crime Pretexto: influir em ato praticado por funcio-
formal, de consumação antecipada; nário público estrangeiro no exercício de suas
z No verbo dar, trata-se de crime material, que se funções, relacionado a transação comercial
332 consuma com a obtenção do resultado; internacional.
z Tráfico de Influência: z O fato de o crime ser de mão própria não exclui a
possibilidade de concurso de pessoas na modalida-
Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter; de participação;
Pretexto: influir em ato praticado por funcio- z É necessário, para configuração do crime, que o
nário público no exercício da função. estrangeiro tenha ciência de que foi expulso do
território brasileiro;
O crime de tráfico de influência em transação z Admite tentativa;
comercial internacional terá sua pena aumentada da z É crime material, que se consuma com o devido
metade se: reingresso ao território nacional;
z Trata-se de crime de competência da Justiça
z Se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- Federal;
bém destinada ao funcionário público estrangeiro. z Não se tipifica o crime quanto ao estrangeiro, após
decretada sua expulsão, permanece indevidamen-
Em relação a este tipo penal, é importante te no país.
saber o seguinte:
Denunciação Caluniosa
z Só poderá ser praticado dolosamente;
z É crime comum; A denunciação caluniosa está prevista no art. 339
z Nos verbos solicitar, exigir e cobrar, trata-se de cri- do Código Penal.
me formal, de consumação antecipada;
z No verbo obter, trata-se de crime material, que se Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
consuma com a obtenção do resultado; policial, de procedimento investigatório criminal,
z Admite tentativa, quando for possível fracionar o de processo judicial, de processo administrativo
iter criminis. disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi-
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo
de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
Os crimes contra a administração da justiça têm 14.110, de 2020)
como finalidade proteger uma regular fruição da Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
atividade judicial brasileira, incluindo atividades de § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
natureza policial. se serve de anonimato ou de nome suposto.
A atividade judicial é de fundamental importância § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação
para a sociedade, necessitando, assim, de proteção é de prática de contravenção.
por parte do Direito Penal.
Com a nova redação dada ao dispositivo no final
Reingresso de Estrangeiro Expulso do ano de 2020, o legislador alterou alguns requisitos
para que a denunciação caluniosa seja configurada.
Art. 338 Reingressar no território nacional o
Diferente da redação anterior, agora, a conduta
estrangeiro que dele foi expulso: abarcada pelo dispositivo é mais ampla quanto às
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo formas de praticar. Podemos observar que o disposi-
de nova expulsão após o cumprimento da pena. tivo se refere à imputação não somente de crime, mas
também de infração ético-disciplinar e ato ímprobo.
Por outro lado o legislador colocou um segundo
Este crime, previsto no art. 338 do Código Penal,
requisito que restringe a configuração do tipo penal.
irá se configurar quando o estrangeiro que foi expulso
Com a nova redação a denunciação caluniosa somen-
do Brasil reingressar ao território nacional. te será praticada se da conduta do agente resultar na
O Ministério da Justiça e Segurança Pública escla- instauração de inquérito policial, de PIC (procedimen-
rece que a expulsão consiste em medida coercitiva de to investigatório criminal, de competência do MP), de
caráter discricionário de um Estado, levada a efeito processo judicial, de PAD (processo administrativo
em face do “estrangeiro que, de qualquer forma, aten- disciplinar), de inquérito civil ou de ação de improbi-
tar contra a segurança nacional, a ordem política ou dade administrativa.
social, a tranquilidade ou moralidade pública e a eco- Muita atenção nas alterações recentes do art. 339,
nomia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo anteriormente as bancas já realizava a cobrança do
à conveniência e aos interesses nacionais” (art. 65 da dispositivo quanto ao requisitos para se configurar.
Lei nº 6.815/1980 - Estatuto do Estrangeiro). Atente-se ao fato de que somente se configurará a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni- z Só pode ser praticado dolosamente;
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven- z Admite a modalidade tentada na forma escrita,
ção que sabe não se ter verificado: quando a confissão falsa remetida se extravia;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. z Não se exige que seja praticado apenas perante
Ao contrário do que ocorre no crime de denun- autoridade policial, mas na presença de qualquer
ciação caluniosa, no crime de falsa comunicação de autoridade competente (delegado de polícia, mem-
crime ou contravenção, o agente não individualiza bro do Ministério Público, autoridade judicial etc.);
o autor, imputando a alguém o fato que não existiu, z Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
mas apenas comunica à autoridade crime ou contra- autoridade para a consumação do crime, bastando
334 venção penal que sabe não ter ocorrido. a autoacusação falsa.
Falso Testemunho ou Falsa Perícia Não irá responder pelo crime de falso testemu-
nho a pessoa que praticar as condutas descritas no
O crime de falso testemunho ou falsa perícia está tipo penal incriminador com a finalidade de não se
previsto no art. 342 do Código Penal. autoincriminar.
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não
Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar produzir provas contra si mesmo.
a verdade como testemunha, perito, contador, tra- Quando a testemunha mente por estar sendo
dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi- ameaçada de morte ou algum outro mal grave, não
nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: responde pelo crime de falso testemunho.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e O art. 343 do Código Penal apresenta um outro tipo
multa. penal, chamado por parte da doutrina de corrupção ativa
§ 1° As penas aumentam-se de um sexto a um ter- de testemunha contador, perito, intérprete ou tradutor.
ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se A figura típica é a de dar, oferecer ou prometer
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha,
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
em que for parte entidade da administração pública afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoi-
direta ou indireta. mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
§ 2° O fato deixa de ser punível se, antes da senten-
ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se z Verbos: dar, oferecer ou prometer;
retrata ou declara a verdade. z Destinatário: testemunha, perito, contador, tra-
Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou dutor ou intérprete;
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, z Finalidade: fazer com que as pessoas façam
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma- afirmação falsa, neguem ou calem a verdade
ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: interpretação.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sex- As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a
to a um terço, se o crime é cometido com o fim de um terço), se o crime é:
obter prova destinada a produzir efeito em proces-
so penal ou em processo civil em que for parte enti- z Cometido com o fim de obter prova destinada a
dade da administração pública direta ou indireta. produzir efeito em processo penal;
z Cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser duzir efeito em processo civil em que for parte enti-
praticado mediante execução de quaisquer um dos dade da administração pública direta ou indireta.
verbos previstos no tipo penal.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão Sobre o crime de corrupção ativa de testemu-
a pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um nha contador, perito, intérprete ou tradutor, é
sexto) a 1/3 (um terço), se o crime é: importante saber o seguinte:
z O falso testemunho não admite coautoria, mas é Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
possível a participação; da pena correspondente à violência.
z A falsa perícia admite coautoria e participação.
z O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos O crime de coação no curso do processo é aquele
verbos previstos no tipo penal não pratica o crime em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente
de falso testemunho, já que ele não é testemunha; emprega de violência ou grave ameaça contra pessoas
z Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá que participam do processo ou juízo arbitral.
ter extinta a punibilidade do crime, desde que:
Observe as duas hipóteses:
Seja realizada no processo em que ocorreu o ilí-
cito (no processo em que se deu o falso e não no 1. Suponha que André tenha praticado um crime de
processo referente ao falso); roubo a um supermercado, estando ele sendo pro-
Se realizada antes da sentença (ainda prevale- cessado por isso. Thaís, funcionária do supermer-
ce o entendimento de que se trata da sentença cado, é testemunha, tendo sido marcado um dia
recorrível). para que ela comparecesse em juízo para dar seu 335
depoimento. André, com a finalidade de favorecer Sobre o exercício arbitrário das próprias
seus próprios interesses, vai à casa de Thaís e, uti- razões, atente-se ao seguinte:
lizando-se de uma arma de fogo para ameaçá-la,
exige que ela diga que não foi ele quem praticou o z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
fato, mas outra pessoa. André praticou o crime de quer pessoa;
coação no curso do processo, já que empregou de z Só poderá ser praticado dolosamente;
grave ameaça contra a pessoa chamada a intervir z Admite tentativa;
em processo judicial. z Caso o agente pratique o crime com emprego de
2. Aproveitando a mesma hipótese acima, porém, ago- violência, responderá também por ela.
ra André, sabendo sobre o que Thaís disse na inquiri-
ção, vai à casa de Thaís e, utilizando-se de uma arma No art. 346 do Código Penal, há uma outra figura
de fogo para ameaçá-la, dizendo que irá matá-la por típica, bastante parecida com o crime de exercício
não dizer que foi outra pessoa que praticou o crime, arbitrário das próprias razões.
Observe: Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
mas que o incriminou. André, nesta hipótese, prati-
própria, que se acha em poder de terceiro por determi-
cou o crime de ameaça, uma vez que empregou de nação judicial ou convenção.
grave ameaça contra a pessoa após o depoimento, Sobre este tipo penal, é importante salientar:
exaurindo-se a participação daquela na ação.
z Só pode ser praticado dolosamente;
Caso o agente utilize de violência para praticar o z É crime de ação múltipla, que irá se configurar com
crime de coação no curso do processo, responderá por a prática de quaisquer um dos verbos previstos no
este, além da pena correspondente à violência. tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar;
z Exige-se que a coisa seja própria do agente que
Sobre a coação no curso do processo, atente-se praticou a conduta delituosa;
às seguintes informações: z O objeto deve estar em poder de terceiro por deter-
minação judicial ou convenção. Se for por outro
z Pode ser praticado contra as autoridades respon- motivo, não se configurará este crime;
sáveis pela condução do processo, como: juízes, z Admite tentativa.
promotores, delegados de polícia, entre outros;
Para consumação deste crime, existem duas correntes:
z Só pode ser praticado dolosamente;
z Exige-se o dolo específico por parte do agente de 1. O crime é formal e se consuma quando o agente
favorecer interesse próprio ou alheio; emprega o meio executório;
z É crime formal, que se consuma com o uso de vio- 2. O crime é material e só se consuma com a satisfa-
lência ou grave ameaça, independentemente de o ção da pretensão visada.
coagido ceder;
z Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser Fraude Processual
praticou por escrito e há extravio. Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência de
processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
Exercício Arbitrário das Próprias Razões de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o
juiz ou o perito:
Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quan- Parágrafo único - Se a inovação se destina a produ-
do a lei o permite: zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, do, as penas aplicam-se em dobro.
além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, Aplica-se a pena em dobro, se a inovação se desti-
somente se procede mediante queixa. na a produzir efeito em processo penal, ainda que não
Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi- indiciado o agente.
sa própria, que se acha em poder de terceiro por Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar
determinação judicial ou convenção: Cláudio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. a finalidade de simular uma hipótese de legítima defe-
sa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudu-
Observe a parte final da figura típica: salvo quan- lentamente, nas mãos da vítima, uma arma de fogo,
do a lei o permite. modificando o estado de pessoa.
Vejamos mais um exemplo: Kelmon é proprietário Carlos praticou o crime de fraude processual, res-
de uma casa, que se encontra alugada para Diogo. O pondendo pelo crime com a pena dobrada, já que ino-
inquilino está devendo 6 (seis) meses de aluguel. Kel- vou artificiosamente, na pendência de processo penal.
Sobre o crime de fraude processual, fique aten-
mon, indignado com a situação, vai até o local, troca
to ao seguinte:
todas as fechaduras e coloca os objetos pessoais de
Diogo do lado de fora. z É crime comum;
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário z Não admite a modalidade culposa;
das próprias razões, já que fez justiça com as próprias z Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
mãos, para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o perito;
direito de receber os valores correspondentes ao alu- z É crime formal, que se consuma com a prática da
guel de seu imóvel). conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
A pretensão do agente deveria ter sido soluciona- efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
336 da pelos meios legais pertinentes. z Admite a modalidade tentada.
Favorecimento Pessoal Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A Ingressar, promover, intermediar, auxi-
Art. 348 Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida-
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
de pública autor de crime a que é cominada pena
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem auto-
de reclusão:
rização legal, em estabelecimento prisional.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Requisitos do favorecimento real:
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. z Prestar auxílio a criminoso;
z O auxílio é destinado a tornar seguro o proveito do
Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em
crime (que já ocorreu);
você. Para esclarecê-las, vamos analisar alguns
z Aquele que presta auxílio não pode ser coautor ou
exemplos:
receptador do crime praticado anteriormente.
Exemplo 1: Júnior pratica o crime de roubo. O dele-
Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal
gado de polícia da região está a sua procura. O autor
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo
do crime pede para se esconder do delegado na casa
de Danilo, seu amigo. Danilo, em sua casa, escon- ascendente, descendente, cônjuge ou irmão.
de Júnior. Júnior responderá pelo crime de roubo; Sobre o favorecimento real, é importante men-
Danilo, pelo crime de favorecimento pessoal, já que cionar que:
auxiliou a se subtrair da ação de autoridade pública
autor de crime a que se comina pena de reclusão.
z Não admite a culpa;
Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combi-
z Admite tentativa;
nam um crime de roubo. Francisco e Jefferson vão
z O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
praticar o verbo descrito no tipo penal, César irá
te pelos agentes, caso os agente combinem antes,
dar fuga aos agentes. O crime é praticado, os poli-
o crime não será de favorecimento real, mas sim
ciais acabam tomando conhecimento da prática
haverá participação;
delituosa e vão atrás dos criminosos, contudo, eles
z É crime comum;
conseguem se evadir. Todos os agentes responde-
z Há uma conduta típica, prevista no art. 349-A do
rão apenas pelo crime de roubo. Não se aplicando
Código Penal, inserida no ano de 2009, chama-
a César, responsável pela fuga, o crime de favoreci-
mento pessoal, porque, para que se configure este do por parte da doutrina de favorecimento real
crime, não pode o agente ter participado do crime impróprio.
anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio Observe: ingressar, promover, intermediar, auxi-
entre os agentes, ou seja, ligação ou vínculo psico-
liar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
lógico e subjetivo entre os agentes do delito.
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autori-
Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao zação legal, em estabelecimento prisional.
qual se comina uma pena mais branda: se ao crime Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser
praticado não é cominada pena de reclusão (detenção, praticado mediante execução de quaisquer um dos
por exemplo). verbos descritos no tipo penal incriminador.
Ficará isento de pena (escusa penal absolutória), Sobre este crime, é importante levar para a sua
caso a conduta que configura o favorecimento pessoal prova:
seja praticado pelo:
z Não admite a culpa;
z Ascendente; z Caso haja autorização legal para ingresso do apa-
z Descendente; relho, o fato será atípico;
z Cônjuge; z É crime comum;
z Irmão. z A pessoa que se encontra presa poderá responder
por este tipo penal, contudo, caso apenas utilize o
Sobre o favorecimento pessoal, leve para a sua aparelho que ingressou no estabelecimento prisio-
prova o seguinte: nal, não será punido por este crime, cometendo
apenas falta grave, de acordo com a Lei de Execu-
z Não pode ser praticado culposamente; ções Penais.
z É crime comum;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
z Com inobservância de limite, condição ou montan- Assunção de Obrigação no Último Ano do Mandato
te estabelecido em lei ou em resolução do Senado ou Legislatura
Federal;
z Quando o montante da dívida consolidada ultra- Art. 359-C Ordenar ou autorizar a assunção de
passa o limite máximo autorizado por lei. obrigação, nos dois últimos quadrimestres do últi-
mo ano do mandato ou legislatura, cuja despesa
Sobre este crime, é importante que você leve não possa ser paga no mesmo exercício financei-
em consideração: ro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
disponibilidade de caixa:
z Não admite a modalidade culposa;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
z Caso o agente pratique as condutas com autoriza-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
gação de pagamento ao sucessor, sem ter disponibili- cípios ou o Distrito Federal, dependendo do ente
dade orçamentária para tanto. federativo atingido pela conduta criminosa, e, media-
No art. 359-G, do CP, o aumento de despesa com pes- tamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela
soal é permanente, ou seja, irá ultrapassar o exercício compra de títulos irregularmente emitidos.
financeiro, atingindo anos futuros. Consequentemen- Consuma-se o crime em estudo no momento em
te, o orçamento do ente federativo ou órgão público que o agente público ordena, autoriza ou promove a
ficará inevitavelmente comprometido, deixando de oferta pública ou a colocação no mercado financeiro
propiciar ao administrador público futuro condições de títulos da dívida pública sem que tenham sido cria-
para gerir adequadamente a máquina estatal. dos por lei ou sem que estejam registrados em sistema
Destaca-se que o elemento temporal do art. 359-G, do centralizado de liquidação e de custódia, independen-
CP, está consubstanciado na expressão “nos cento e oiten- temente de efetivo prejuízo ao erário.
ta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura”.
Assim, fora do período legalmente indicado não há Sobre este crime, é importante mencionar:
o que se falar na prática do delito, ainda que exista
ilegal aumento da despesa total com pessoal. z Só pode ser praticado dolosamente; 343
z É crime de ação múltipla; É importante saber que os princípios da Dignidade
z Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria- da pessoa humana e do Devido processo legal não têm
dos por lei ou estejam registrados no sistema cen- aplicabilidade somente ao Direito Penal, mas alcan-
tralizado de liquidação e de custódia, a prática da çam o Direito como um todo. No entanto, produzem
conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. reflexos importantíssimos na área Penal e servem de
base para todos os demais princípios e normas.
Princípio da Legalidade
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL Previsto no inciso XXIX, do art. 5º, da Constituição,
com redação semelhante à do art. 1º do CP, o princípio
Os princípios não são somente um conjunto de da legalidade é a mais importante garantia do cidadão
valores, diretrizes ou instruções de cunho ético ou frente ao poder punitivo do Estado, sendo o mais rele-
programático. Os princípios são normas de aplica- vante princípio penal.
ção prática: tem caráter imperativo (cogente). Estão Compare o princípio conforme exposto na Consti-
em posição de superioridade às regras, orientando a tuição (art. 5°) e no Código Penal (art. 1°):
interpretação destas ou impedindo a sua aplicação
quando estiverem em contradição aos princípios Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Dentre os princípios aplicáveis ao Direito Penal, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
dois merecem destaque, por deles se extraírem todos ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
os demais: o princípio da dignidade da pessoa bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
humana e o princípio do devido processo legal. à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O princípio da dignidade da pessoa humana [...]
é tido como um “superprincípio”, ou seja, nele se XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
baseiam todas as escolhas políticas no Direito: em nem pena sem prévia cominação legal;
outras palavras, é um valor que orienta todo o sistema [...]
jurídico e prevalece no momento da interpretação de Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina.
todos os demais princípios e normas (nenhum prin- Não há pena sem prévia cominação legal.
cípio ou regra de qualquer área do Direito, inclusive
na esfera Penal, pode ser contrário a ele). Esse princí- Por força deste princípio, não há crime (nem con-
pio maior encontra-se no art. 1º, III, CF, inserido como travenção) sem prévia determinação legal, assim
fundamento do Estado Democrático de Direito: como não há pena sem prévia cominação (imposi-
ção, prescrição) feita em lei.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos: Importante!
[...] Não confunda o princípio da legalidade, previsto
III – a dignidade da pessoa humana
no inciso II, do art. 5º, da CF, segundo o qual “nin-
A dignidade humana, na área penal, se desdobra guém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
em dois aspectos: alguma coisa senão em virtude de lei” (legalida-
de em sentido amplo), com o princípio da legali-
z O respeito à dignidade da pessoa humana quando dade criminal que, conforme vimos, se encontra
esta se torna acusada em um processo-crime; e
no inciso XXXIX, do art. 5º, da CF e art. 1º, CP,
z O respeito à dignidade do ofendido, que teve seu
segundo o qual não há crime sem lei (legalidade
bem jurídico perdido ou danificado.
em sentido estrito).
A dignidade da pessoa humana só é assegurada
quando é observado outro princípio basilar: o Devido
processo legal, que se encontra no art. 5º, LIV, CF: O princípio da legalidade tem quatro funções
fundamentais:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- z Proibir a retroatividade da lei penal (nullum cri-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- men nulla poena sine lege praevia);
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: z Proibir a criação de crimes e penas pelo costu-
[...] me (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus z Proibir o emprego da analogia para criar cri-
bens sem o devido processo legal; mes, fundamentar ou agravar penas (nullum cri-
men nulla poena sine lege stricta);
De forma simples, a consolidação do devido pro-
cesso legal se dá quando é assegurado a todos o direito z Proibir incriminações vagas e indeterminadas
a um processo que segue todas as etapas previstas em (nullum crimen nulla poena sine lege certa).
lei e que observa todas as garantias constitucionais
previstas. Dizer que foi observado o princípio do devi- O princípio da legalidade criminal apresenta
do processo legal na esfera penal significa afirmar que atualmente, várias esferas de garantia. Dentre estas,
houve sucesso na aplicação de todos os princípios pro- as mais relevantes são os princípios da reserva legal
344 cessuais penais e processuais penais. e da anterioridade.
Princípio da Reserva Legal
PREVISÃO
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
LEGAL
Ainda de acordo com o inciso XXXIX, do art. 5º,
da CF e o art. 1º do CP, em matéria penal, apenas lei O Direito Penal deve ga-
em sentido estrito (aprovada pelo Congresso Nacio- Dignidade da Inciso III, do rantir a dignidade huma-
nal, seguindo o procedimento legislativo previsto na pessoa art. 1º, da na, limitando os excessos
CF) pode criar crimes e sanções (penas e medidas humana CF do Estado (é considerado
de segurança). Assim apenas leis ordinárias e leis um ‘superprincípio’).
complementares (leis em sentido estrito) podem A aplicação da lei penal
prever crimes e cominar penas: Emendas constitu- só pode se dar seguindo
cionais, Medidas Provisórias, Leis Delegadas, Decretos Inciso LIV,
Devido todas as etapas previs-
Legislativos e Resoluções não podem ser usadas. do art. 5º,
processo legal tas em lei e observando
da CF
todas as garantias cons-
Princípio da Anterioridade titucionais previstas.
2. (SELECON – 2019) Paul Polônio é motorista profis- a) houver o concurso de duas pessoas
sional e apreciador das corridas de alta velocidade. b) a vítima permanecer em poder do acusado
Conduzindo seu próprio automóvel, tem o hábito de c) a subtração for de explosivos
reunir-se com amigos para realizar corridas ilícitas em d) a violência é exercida com arma de fogo
vias públicas conhecidas como “rachas”. Em um des-
ses eventos, uma das pessoas presentes vem a ser 6. (SELECON – 2019) Perpétuo, agente fiscal do município
atingida pelo veículo conduzido por Paul, vindo a fale- XXT, desvia, em proveito próprio, os valores decorren-
cer. Nesse caso, aplicando-se a parte geral do Código tes do pagamento do IPTU sob sua responsabilidade.
Penal e adequada interpretação jurisprudencial, o cri- Nesse caso, de acordo com as regras pertinentes aos
me ocorrido deve ser caracterizado como doloso: crimes praticados contra a Administração Pública pre-
vistos no Código Penal ocorre, em tese, o crime de:
a) direto
b) aberto a) corrupção
c) presente b) peculato
d) negligente c) exação
e) eventual d) falsidade
e) prevaricação
3. (SELECON – 2020) Becket saca de um revólver e des-
fere seis tiros em Bebezão para resolver um desenten- 7. (IADES – 2019) O Regime Disciplinar Diferenciado é
dimento ocorrido em determinado bar. Nenhum dos uma modalidade especial de cumprimento da pena no
tiros atinge a vítima. Nesse caso, deve ser classificada regime fechado, previsto no art. 52 da Lei de Execu-
a tentativa como: ções Penais. Consiste na permanência do presidiário,
provisório ou condenado, em cela individual, com limi-
tações ao direito de visita e do direito de saída da cela.
a) cruenta
Seja como sanção disciplinar (art. 52, caput) ou como
b) vermelha
medida disciplinar (art. 52, §§ 1º e 2º), a aplicação de
c) branca
tais sanções encontra críticas no que diz respeito à
d) inadmissível
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Nessa situação hipotética, Maria responderá por Em “a”: Incorreta, pois a tentativa cruenta ou ver-
melha é classificada pela doutrina como aquele em
a) furto qualificado por abuso de confiança. que o agente lesiona o bem jurídico, no caso hipoté-
b) furto privilegiado. tico se um dos tiros atingisse a vítima estaríamos
c) peculato. diante de uma tentativa cruenta.
d) apropriação indébita. Em “b”: Incorreta, pois a tentativa vermelha ou
e) extravio. cruenta são sinônimos.
11. (IBFC – 2014) Assinale a alternativa correta, conside- Em “c”: Correta. Tentativa branca ou incruenta é
rando a legislação sobre o que não é considerado cri- aquela em que o agente não lesiona o bem jurídi-
me contra a vida. co tutelado, no caso hipotético como nenhum tiro
atingiu a vítima estamos diante de uma tentativa
a) Homicídio simples. branca ou incruenta.
b) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. Em “d”: Incorreta pode se dizer tentativa inadmissí-
c) Infanticídio. vel quando o crime não admite tentativa como acon-
d) Aborto provocado por terceiro. tece nos crimes de mera conduta. Resposta: Letra C.
e) Latrocínio
4.
12. (ESCOLA DE GOVERNO-GO – 2016) O funcionário
público que deixar, por indulgência, de responsabilizar Em “a”: Incorreta, se o ato desastroso configuraria
subordinado seu que cometeu infração no exercício a culpa exclusiva da vítima, eximindo o engenheiro
do cargo ou, quando lhe faltar competência para tal, de culpa.
deixar de levar o fato ao conhecimento da autoridade Em “b”: Incorreta, pois ainda que se inicie de modo
competente, comete crime de:
subsidiário poderá resultar em violação de norma
a) Lesão corporal penal mais grave.
b) Lesão corporal seguida de morte Em “c”: Correta, a alternativa lista as modalidades
c) Condescendência criminosa de responsabilidade que está sujeito o profissional.
d) Abandono de incapaz Em “d”: Todos os profissionais técnicos assumem o
348 e) Nenhuma das alternativas anteriores. risco da atividade que realizam. Resposta: Letra C.
5. 9.
Em “a”: Incorreta, quando há o concurso de duas ou
Em “a”: Correta, a injúria consistente na utilização
mais pessoas a pena será acrescida de 1/3.
de elementos de cor, raça, etnia, religião, origem
Em “b”: Incorreta, quando o agente mantem a víti-
ma em seu poder a pena é aumentada de 1/3. configura crime de injuria qualificada pela conota-
Em “c”: Incorreta, pois a subtração de explosivos ção racial.
aumenta a pena do crime de roubo em 1/3. Em “b”: Incorreta os crimes contra a honra, são
Em “d”: Correta, quando a violência ou ameaça for em regra de ação penal privada, iniciados por
exercida com emprego de arma de fogo a pena do queixa-crime.
crime de roubo será aumentada de 2/3. Resposta: Em “c”: Incorreta, o crime contra a honra que admi-
Letra D. te exceção da verdade é a calúnia.
Em “d”: Incorreta, difamar é atribuir fato ofensivo à
6. reputação da vítima.
Em “e”: Incorreta, a retorsão imediata somente
Em “a”: Incorreta, pois o crime de corrupção é ocorre se há uma injúria seguida de nova injuria,
cometido quando o agente oferece ou promete van- entre autor e réu, o que não se aplica ao caso hipo-
tagem indevida a funcionário público. tético narrado. Resposta: Letra A.
Em “b”: Correta, o crime de peculato é configurado
quando o funcionário público se apropria de dinhei- 10.
ro, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a
posse em razão do cargo. Em “a”: Correta, se trata de furto qualificado com
Em “c”: Incorreta, não existe o crime de exação, mas abuso de confiança, tal como narra o enunciado,
sim o crime de excesso de exação que se configura não se trata de crime próprio de funcionário público
quando o agente exige tributo que sabe indevido. pois a funcionária era terceirizada.
Em “d”: Incorreta, o crime de prevaricação se confi- Em “b”: Incorreta, o furto privilegiado ocorre quan-
gura quando o agente retarda ou deixa de praticar do a coisa furtada é de pequeno valor, sendo o cri-
ato de ofício para satisfazer sentimento ou interesse minoso primário.
pessoal. Resposta: Letra B. Em “c”: Incorreta o peculato ocorre quando o fun-
7. cionário público se apropria de algo que tem a posse
em razão do cargo.
Em “a”: Incorreta, pois o princípio da culpabilida- Em “d”: Incorreta, a apropriação indébita pressupõe
de determina que não há crime sem culpa, portanto que o agente tenha a posse do bem anteriormente.
nenhuma relação com o dito no enunciado. Em “e”: Incorreta, pois o crime de extravio diz res-
Em “b”: Incorreta, o princípio da ofensividade deter- peito à documentos públicos. Resposta: Letra A.
mina que não há crime sem lesão ou perigo de lesão.
Em “c”: Incorreta, o princípio da insignificância ou 11.
da bagatela determina que não haja punição quan-
do a ofensa ao bem jurídico for irrisória. Em “a”: Incorreta, o homicídio simples é o ato de
Em “d”: Incorreta, o princípio da isonomia determi- matar alguém, portanto, tutela a vida.
na que todos são iguais perante a lei. Em “b”: Incorreta, o crime de induzimento, auxílio
Em “e”: Correta, pois o princípio da legalidade deter- ou instigação ao suicídio protege o bem jurídico da
mina que não há crime sem lei anterior que o defi- vida.
na, nem pena sem prévia cominação legal, logo, se o Em “c”: Incorreta, o infanticídio é o crime cometido
tipo penal ou condutas são imprecisas ou indetermi- pela mãe que mata seu próprio filho em razão do
nadas, estaríamos diante, em tese, de uma ofensa ao estado puerperal, logo, tutela a vida do infante.
princípio da legalidade. Resposta: Letra E. Em “d”: Incorreta, o aborto provocado por terceiro
também é um crime doloso contra a vida.
8. Em “e”: Correta, pois no crime de latrocínio o agente
Em “a”: Incorreta, pois o crime de tortura não pos- objetiva subtrair coisa alheia móvel e da violência
sui em seu núcleo do tipo (verbo), matar alguém, empregada resulta a morte da vítima. Resposta:
portanto a conduta não se enquadra no crime de Letra E.
tortura.
Em “b”: Incorreta, as modalidades de culpa são 12.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
350
advento de um mundo em que mulheres e homens
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber-
dade de viverem a salvo do temor e da necessidade
foi proclamado como a mais alta aspiração do ser
humano comum,
NOÇÕES DE DIREITOS Considerando ser essencial que os direitos huma-
nos sejam protegidos pelo império da lei, para que
HUMANOS E o ser humano não seja compelido, como último
recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
Artigo 14 DUDH
Ao se falar em “interferências na sua vida priva-
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direi-
da”, fala-se sobre o direito à intimidade. Qualquer
to de procurar e de gozar asilo em outros países.
pessoa tem o direito de ter sua vida privada e, neste 2. Este direito não pode ser invocado em caso de
caso, vida privada refere-se à proteção ao domicílio, perseguição legitimamente motivada por cri-
ou a qualquer local no qual a pessoa deseje manter mes de direito comum ou por atos contrários aos
sua privacidade e pode desenvolver sua personalida- propósitos e princípios das Nações Unidas.
de. A correspondência também é resguardada, sendo
enviada ao seu lar unicamente para sua leitura e não O direito de asilo serve para proteger uma pessoa
de terceiros, preservando-se sua privacidade. perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
convicções religiosas ou outro motivo político em seu
Liberdade de Locomoção e Residência país de origem, permitindo que ela requeira proteção
perante a autoridade de outro Estado.
Artigo 13 DUDH §1. Toda pessoa tem direito à liber-
dade de locomoção e residência dentro das fron- Nacionalidade
teiras de cada Estado.
§ 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer Artigo 15 DUDH
país, inclusive o próprio, e a este regressar. 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 357
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- o pleno consentimento de ambos nubentes. Além dis-
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. so, é coerente que a lei traga limitações, como a ida-
de, pois o casamento é uma instituição séria, base da
Artigo 24 PIDCP § 3 Toda criança terá o direito família, e somente a maturidade permite compreen-
de adquirir uma nacionalidade. der tal importância.
A família é um elemento natural e fundamental da
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga sociedade e deve ser protegida pelo Estado e pela socie-
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que dade. Da mesma forma, a prole que a família constituir
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutan- deve ser por ela protegida. As crianças, assim, devem ser
do de seus direitos e suas obrigações.
protegidas pelas suas famílias, tal como pela sociedade
Não é aceita a figura do apátrida (indivíduo que
e pelo Estado.
não possui nenhuma nacionalidade), de modo que, a
partir do nascimento, é obrigatório destinar à pessoa
Propriedade e Propriedade Intelectual
alguma nacionalidade.
A nacionalidade do indivíduo é passível de sofrer
Artigo 12 DUDH
alterações ao longo do tempo, desde que dentro das
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou
situações previstas em lei. É o caso da naturalização
em sociedade com outros.
estrangeira, por meio da qual a pessoa naturaliza-se
2. Ninguém será arbitrariamente privado de
como nacional de outro Estado que não aquele do qual
sua propriedade.
originalmente era nacional.
[...]
Artigo 27 DUDH [...]
Casamento e Família 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interes-
ses morais e materiais decorrentes de qualquer
Artigo 16 DUDH produção científica, literária ou artística da qual
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem seja autor.
qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio
e fundar uma família. Gozam de iguais direi- A propriedade material pode ser definida como
tos em relação ao casamento, sua duração e sua um vínculo ou relação jurídica entre um proprietário
dissolução. e um objeto/coisa (bem móvel e imóvel). Trata-se de
2. O casamento não será válido senão com o livre e um vínculo material, por meio do qual o proprietário
pleno consentimento dos nubentes. terá a faculdade de usar, gozar, fruir, dispor e reaver
o bem. O direito à propriedade insere-se na primeira
Artigo 23 PIDCP §1. A família é o elemento natu- dimensão de direitos humanos, garantindo que cada
ral e fundamental da sociedade e terá o direito um tenha bens materiais justamente adquiridos, res-
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. peitada a função social.
§ 2. Será reconhecido o direito do homem e da Além da propriedade material, também se assegu-
mulher de, em idade núbil, contrair casamento
ra a proteção da propriedade intelectual (que consiste
e construir família.
na relação jurídica entre o autor e sua criação), per-
§ 3. Casamento algum será sem o consentimento
livre e pleno dos futuros esposos. mitindo o proveito intelectual e financeiro de obras
§ 4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão científicas, literárias e artísticas.
adotar as medidas apropriadas para assegurar a
igualdade de direitos e responsabilidades dos Liberdade Religiosa e de Crença
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo
e o por ocasião de sua dissolução. Em caso de dis- Artigo 28 DUDH Toda pessoa tem direito à liber-
solução, deverão adotar-se disposições que assegu- dade de pensamento, consciência e religião;
rem a proteção necessária para os filhos. este direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa
Artigo 24 PIDCP §1 Toda criança terá direito, sem religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo
discriminação alguma por motivo de cor, sexo, reli- culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
gião, origem nacional ou social, situação econômi- em público ou em particular.
ca ou nascimento, às medidas de proteção que a
sua condição de menor requerer por parte de sua Artigo 18 PIDCP §1. Toda pessoa terá direito à
família, da sociedade e do Estado. liberdade de pensamento, de consciência e de
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter
Assim como todas as instituições sociais, o casa- ou adotar uma religião ou uma crença de sua
mento possui um percurso histórico, assim como a escolha e a liberdade de professar sua religião ou
sociedade, de acordo com as novas culturas e evolu- crença, individual ou coletivamente, tanto públi-
ções. Algumas pessoas podem defini-lo como um ato ca como privadamente, por meio do culto, da cele-
de amor, outras, como um contrato. A definição varia bração de ritos, de práticas e do ensino.
de acordo com cada indivíduo. De acordo com a legis- § 2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coer-
lação, casamento é o ato de união, com a finalidade de citivas que possam restringir sua liberdade de ter
construção de uma família. ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
Observa-se, portanto, que o casamento é estabele- § 3. A liberdade de manifestar a própria religião ou
cido em plena comunhão, impulsionado pelo amor, crença estará sujeita apenas a limitações pre-
afeição e que deve ser baseado na igualdade de direi- vistas em lei e que se façam necessárias para
tos e deveres entre o casal. proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral
Outro aspecto relevante é que o casamento não públicas ou os direitos e as liberdades das demais
358 deve ser estabelecido à força, sendo exigido, portanto, pessoas.
§ 4. Os Estados-partes do presente Pacto compro- Para a formação da opinião, utiliza-se a informa-
metem-se a respeitar a liberdade dos pais – e, quan- ção, isto é, a liberdade de informação é resultante
do for o caso, dos tutores legais – de assegurar a da liberdade de opinião. Observa-se, portanto, que a
educação religiosa e moral dos filhos que esteja liberdade de opinião surge da possibilidade da liber-
de acordo com suas próprias convicções. dade de expressão.
Adiante, Silva7 entende que a liberdade de expres-
A liberdade de crença refere-se à liberdade de são pode ser vista sob diversos enfoques, como o da
acreditar, à liberdade de consciência, de ter suas con- liberdade de comunicação, ou liberdade de informa-
vicções, não apenas religiosas, mas também morais. ção, que consiste em um conjunto de direitos, formas,
Afinal, a liberdade religiosa é uma espécie de liberda- processos e veículos que viabilizam a coordenação
de de crença, pois a liberdade de religião está atrelada livre da criação, expressão e difusão da informação e
à liberdade de consciência e à liberdade de pensamen- do pensamento.
to; entretanto, o inverso não ocorre, porque é possível Contudo, a manifestação do pensamento não pode
existir liberdade de pensamento e consciência desvin- ocorrer de forma ilimitada, devendo pautar-se na ver-
culada de cunho religioso. dade e no respeito dos direitos à honra, à intimidade
Nesse sentido, a liberdade de consciência concreti- e à imagem dos demais membros da sociedade. Da
za a liberdade de ter ou não ter religião, ter ou não ter mesma forma, a liberdade de expressão não permite
opinião político-partidária ou qualquer outra mani- práticas de discurso do ódio nacional, radical, racial
festação positiva ou negativa da consciência5. No que ou religioso, ou seja, não é uma carta branca para dis-
tange à liberdade de expressão religiosa, não é per- cursar contra os próprios fundamentos que ergueram
mitida nenhuma perseguição, assim como é garantido o sistema de proteção dos direitos humanos.
o direito de praticá-la em grupo ou individualmente.
Liberdade de Reunião e de Associação
Liberdade de Opinião, de Expressão e de Informação
Art. 20 DUDH 1. Toda pessoa tem direito à liberda-
Artigo 19 DUDH Toda pessoa tem direito à liber- de de reunião e associação pacíficas.
dade de opinião e expressão; este direito inclui a 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de uma associação.
procurar, receber e transmitir informações e Artigo 21 PIDCP O direito de reunião pacífica será
ideias por quaisquer meios e independentemente reconhecido. O exercício desse direito estará sujei-
de fronteiras. to apenas às restrições previstas em lei e que se
façam necessárias, em uma sociedade democráti-
Artigo 19 PIDCP §1. Ninguém poderá ser moles- ca, no interesse da segurança nacional, da seguran-
tado por suas opiniões. ça ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde
§ 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expres- públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas.
são; esse direito incluirá a liberdade de procurar, Artigo 22 PIDCP §1. Toda pessoa terá o direito
receber e difundir informações e ideias de qual- de associar-se livremente a outras, inclusive o
quer natureza, independentemente de considera- direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se,
ções de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em para a proteção de seus interesses.
forma impressa ou artística, ou qualquer outro § 2. O exercício desse direito estará sujeito apenas
meio de sua escolha. às restrições previstas em lei e que se façam
§ 3. O exercício do direito previsto no § 2º do pre- necessárias, em uma sociedade democrática, no
1. Estas Regras devem ser aplicadas com imparcia- 1. O confinamento solitário deve ser somente utili-
lidade. Não deve haver nenhuma discriminação em zado em casos excecionais, como último recurso e
razão da raça, cor, sexo, língua, religião, opinião durante o menor tempo possível, e deve ser sujeito
a uma revisão independente, sendo aplicado unica-
política ou outra, origem nacional ou social, patri-
mente de acordo com a autorização da autoridade
mónio, nascimento ou outra condição. É necessá- competente. Não deve ser imposto em consequência
rio respeitar as crenças religiosas e os preceitos da sentença do recluso.
morais do grupo a que pertença o recluso. [...] 2. A imposição do confinamento solitário deve ser
proibida no caso de o recluso ser portador de uma
z Regra 6 deficiência mental ou física e sempre que essas
condições possam ser agravadas por esta medi-
Em todos os locais em que haja pessoas detidas, da. A proibição do uso do confinamento solitário
deve existir um sistema uniformizado de registo e de medidas similares nos casos que envolvem
dos reclusos. Este sistema pode ser um banco de mulheres e crianças, como referido nos padrões e
normas da Organização das Nações Unidas sobre
dados ou um livro de registo, com páginas numera-
prevenção do crime e justiça penal, continuam a ser
das e assinadas. Devem existir procedimentos que aplicáveis.
garantam um sistema seguro de auditoria e que
impeçam o acesso não autorizado ou a modificação z Regra 47
de qualquer informação contida no sistema.
1. O uso de correntes, de imobilizadores de ferro
As informações dispostas na Regra 6 são neces- ou de outros instrumentos de coação considerados
sárias para que haja um controle sobre a razão que inerentemente degradantes ou penosos deve ser
levou àquela pessoa ao cumprimento de pena, bem proibido. [...]
como a data de sua entrada, também para evitar pos-
z Regra 50
sível excesso de prazo, que poderá ensejar direito à
indenização a ser prestada pelo Estado, em sendo As leis e regulamentos sobre as revistas aos reclu-
comprovado eventual erro judiciário. sos e inspeções de celas devem estar em conformi-
dade com as obrigações do Direito Internacional e
z Regra 7 devem ter em conta os padrões e as normas inter-
nacionais, uma vez considerada a necessidade de
Nenhuma pessoa deve ser admitida num estabeleci- garantir a segurança dos estabelecimentos prisio-
mento prisional sem uma ordem de detenção váli- nais. As revistas aos reclusos e as inspeções devem
da. [...] ser conduzidas de forma a respeitar a dignidade
humana inerente e a privacidade do recluso sujeito
à inspeção, assim como os princípios da proporcio-
Sobre a regra 11, vejamos: nalidade, legalidade e necessidade.
z Regra 11
z Regra 51
a) as celas ou quartos destinados ao descanso noturno a) é formado apenas por membros da comunidade sem
não devem ser ocupados por mais de 3 presos. formação jurídica.
b) devem ser proibidas sanções disciplinares que impli- b) é composto e instalado pelo juiz da execução penal.
quem em confinamento solitário indefinido. c) destina-se à realização de exame criminológico.
c) todo preso tem direito a redução de sua pena quando d) deve abrigar os presos em saída temporária.
apresentar bom comportamento. e) tem sede no Distrito Federal e deve requerer a unifica-
d) revistas íntimas em visitantes devem se restringir a ção de penas.
crianças ou outras pessoas incapazes de responder
por seus atos. 11. (FUNRIO – 2009) A Declaração Universal dos Direi-
e) não devem ser permitidas rotinas disciplinares dife- tos Humanos adotada e proclamada pela Resolução
renciadas ou separação entre presos por motivos liga- 217-A (III) – da Assembléia Geral das Nações Unidas,
dos ao histórico criminal de cada um. em 10 de dezembro de 1948, demonstra em seu item
XIII que todo ser humano tem direito à liberdade de
6. (FUNIVERSA – 2015) A respeito das Regras de Tóquio,
locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
assinale a alternativa correta.
Estado e que todo ser humano tem o direito de deixar
a) As Regras de Tóquio anunciam uma série de princípios qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
básicos e orientações com o objetivo de favorecer a Em relação ao asilo político previsto nessa Declara-
aplicação das medidas privativas e não privativas de ção, é correto afirmar que
liberdade, assim como garantias mínimas para os ado-
lescentes submetidos a esses regimes. a) o direito ao asilo político poderá ser invocado mesmo
b) As Regras de Tóquio adotam o termo delinquente em caso de perseguição legitimamente motivada por
estritamente para denominar as pessoas condenadas crimes de direito comum ou por atos contrários aos
pela prática de crime ou de contravenção penal. objetivos e princípios das Nações Unidas.
c) As medidas não privativas de liberdade admitem expe- b) o direito de asilo político poderá ser invocado mesmo
rimentações médicas ou psicológicas com o delin- em caso de perseguição legitimamente provocada por
quente, desde que essas experimentações colaborem crimes de direito comum.
como combate à delinquência. c) rege-se pelo princípio da autodeterminação dos povos.
d) As Regras de Tóquio estipulam o prazo máximo de d) o direito de asilo político poderá ser invocado mes-
360 dias para a duração das medidas não privativas mo por atos contrários aos objetivos e princípios das
de liberdade. nações unidas.
e) A vigilância tem por objetivo facilitar a reinserção do e) todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito
delinquente na sociedade de modo a reduzir, ao máxi- de procurar e de gozar asilo em outros países.
mo, as oportunidades de reincidência.
11.
ANOTAÇÕES
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