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ETEC BENTO QUIRINO

ENSINO TÉCNICO INTEGRADO AO MÉDIO MECÂNICA

2ºMEC

SAMUEL ARNOLD DOMINGOS

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A PERSPECTIVA POLÍTICA DE JEAN-JACQUES


ROUSSEAU

CAMPINAS

2022
1. Perspectiva de Jean-Jacques Rousseau sobre Estado & Política

(1712-1778)
Genebra, Suíça

Trecho do Livro “Do contrato social”


CAPÍTULO II – LIVRO III - Do princípio que constitui as diversas formas de
governo.

“E possível distinguir na pessoa do magistrado três vontades essencialmente


diferentes. De início, a vontade própria do indivíduo, que só propende em favor de seu
interesse particular; em segundo lugar, a vontade comum dos magistrados, que
apenas se relaciona ao que ao príncipe interessa, ou se a, a vontade do corpo como
pode ser chamada, a qual é geral em relação ao governo, e particular relativamente
ao Estado, de que o governo faz parte; em terceiro lugar, a vontade do povo ou a
vontade soberana, que é geral não só em relação ao Estado, considerado como um
todo, como também em relação ao governo, considerado como parte desse todo.
Numa legislação perfeita, a vontade particular ou individual deve ser nula; a vontade
do corpo, própria ao governo, bastante subordinada; e, por conseguinte, a vontade
geral ou soberana sempre dominante é a regra única de todas as outras.”

Percebe-se através do trecho de seu livro, que Rousseau possui uma visão
onde a legislação perfeita seria onde a vontade do povo, geral, é soberana e sempre
dominante, ignorando assim as vontades individuais, em que Rousseau diz que o
homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, portanto o homem nasce livre, mas
é se torno escravo de suas próprias necessidades como a vaidade e a ganância.
Entretanto Rousseau propõe o contrato social, a fim de que a vontade do povo seja
soberana, sendo possível notar uma visão de democracia.

“As leis não são propriamente senão as condições de associação civil. O povo,
submetido às leis, deve ser o autor das mesmas; compete unicamente aos que se
associam regulamentar as condições de sociedade;”, neste trecho é possível ver uma
visão de estado onde há uma democracia direta, isto é, já que o povo está sujeito as
leis, deveria então, o próprio povo elaborar as leis.

Considerando que o contexto histórico em que Rousseau vivia, tratava-se de uma


monarquia absolutista, ele se opunha a esta forma de governo, já que ele propunha
que a forma de governo legitima é a democracia, onde a vontade do povo é soberana,
logo, como poderia somente um homem, o monarca representar o coletivo, visto que
quanto mais numerosa for a administração pública, mais se aproximaria da igualdade.

2. Jean-Jacques Rousseau e a formação do estado brasileiro

Um fato histórico que se veicula ao pensamento rousseauniano, seria a própria


criação da instituição de 1988, onde diversos pontos dos seus pensamentos
influenciaram na elaboração desta.

Depois do período da ditatura militar, o Brasil seguia um processo


redemocratização, sendo que no golpe de 64 as eleições diretas foram impedidas, de
modo que a votação era permitida somente para os parlamentares, contrapondo as
ideias de Rousseau de uma democracia participativa.

Além disso, um dos pontos da ditadura que se contrapunham as ideias de


Rousseau, é a questão da liberdade, em que ele acreditava que a liberdade real seria
quanto o povo agisse de acordo com os interesses coletivos, algo que foi restringido,
levando em conta principalmente a censura da liberdade de expressão.

Com o fim da ditadura, e o processo de redemocratização, as eleições


passaram a ser diretas, entretanto para os ideais de Rousseau, a democracia
Brasileira ainda não era a ideal, por se tratar de uma democracia representativa, onde
o povo escolhe representantes para atenderem a vontade do povo.

3. Jean-Jacques Rousseau e a constituição de 1988

No artigo 5º da constituição encontra-se a garantia dos direitos fundamentais,


dentre eles a garantia da liberdade, que é uma das ideias propostas por Rousseau, o
que pode ser visto no livro, capitulo IV, no trecho que diz ”Renunciar à própria
liberdade é o mesmo que renunciar à qualidade de homem, aos direitos da
Humanidade, inclusive aos seus deveres.” Neste artigo se encontram as garantias de
liberdade, como a de consciência, crença e expressão.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre


exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

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