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SUMÁRIO

Introdução.............................................................................................................................03

1-Detecção do cio em vacas leiteiras................................................................04

2-Escore de condição corporal (ECC) em vacas leiteiras....................07

3-IATF para vacas leiteiras: quais as novidades?........................................10

4-IATF: quais cuidados devem ser tomados


para execução?.............................................................................................................12

5-Como melhorar os resultados dos próximos


diagnósticos de gestação do seu rebanho?.............................................14

6-Mudança no escore de condição corporal


pós-parto afeta a eficiência reprodutiva....................................................18

7-Implicações da alta taxa de prenhez nas estratégias


de manejo reprodutivo...........................................................................................20

8-Taxa de prenhez por IA e TE em vacas de leite


de alta produção........................................................................................................22

9-Estrutura de rebanho e reprodução vs. Retorno econômico...........24

10-Fatores determinantes no melhoramento


genético de gado de leite..................................................................................26

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 2


INTRODUÇÃO
O CONHECIMENTO TÉCNICO,
ESTAR INFORMADO E
CAPACIDADE DE ANÁLISES
DE DADOS, PARA FAZER
A DIFERENÇA.
RAFAEL MOREIRA, GERENTE DE PRODUTOS DA ZOETIS
LINHA REPRODUTIVA

N osso mundo está cada vez mais digitalizado e as informações estão sempre dispo-
níveis para todos, da forma que cada um se sente melhor em aprender: seja lendo,
escutando, assistindo ou mesmo até interagindo.
Porém, neste grande universo, nem tudo que chega na tela do computador ou
no celular pode ser assumido como verdade ou que os dados contidos ali têm um
bom fundamento e tão pouco possam ser interpretados como verdadeiros. Para isso, a
preparação e a instrução são de fundamental importância.
Este material em reprodução aplicada a rebanhos leiteiros é de fundamental
importância para profissionais ou produtores que queiram se destacar e fazer a dife-
rença. Oferecido por uma das plataformas mais envolvidas e comprometidas com a in-
formação de qualidade na pecuária leiteira, o MilkPoint, e com as informações de um
dos profissionais de maior conhecimento em reprodução aplicada a rebanhos leiteiros,
Prof. Jose Luiz Moraes Vasconcelos (Zequinha) - escolhido como um dos pesquisado-
res mais influentes do mundo pela universidade de Stanford, EUA, é uma fonte infor-
mação imprescindível.
A Zoetis, empresa mundial de saúde animal, que tem o compromisso não somen-
te em entregar produtos e serviços de qualidade, mas também em trazer soluções e uso
eficiente dos seus produtos, oferece esse e-book, pois está comprometida com a infor-
mação de qualidade e o desenvolvimento da produção de leite.
Estar bem instruído, com informações corretas e de fontes e autores reconhecidos
serão os diferenciais dos profissionais que poderão oferecer bons serviços ou produtos
ao mercado e fazer a diferença na sua área de atuação.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 3


ARTIGO 01

DETECÇÃO DO CIO EM
VACAS LEITEIRAS
POR POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO
E ARLINDO JOSÉ DIAS PACHECO JUNIOR

A

detecção de cio de vacas leiteiras é ferramenta fundamental para um bom manejo
reprodutivo e, consequentemente, sucesso na produção de leite.
Todos nós sabemos a importância da reprodução para que se obtenham lucros
em uma propriedade e este artigo tem finalidade de esclarecer alguns conceitos bási-
cos relacionados à reprodução que possam auxiliar os produtores e técnicos na rotina de
uma propriedade, a iniciar pelo cio e sua detecção.
O ideal em termos reprodutivos seria que todas vacas emprenhassem após 80 a
90 dias do parto, com isso, a eficiência reprodutiva ficaria maximizada e teríamos um
novo bezerro a cada 12,5 a 12,8 meses. Longos intervalos entre partos têm um efeito ne-
gativo na vida produtiva do animal.
Diante disso fica clara a importância da detecção de cio para se obter um bom
manejo reprodutivo na fazenda, seja utilizando a inseminação artificial ou a monta na-
tural. Em ambos os casos, anotações sobre datas de cio e inseminações são necessárias
para predizer as futuras datas de retorno ao cio e datas do parto, para um melhor mane-
jo dos animais.
O QUE É O CIO?
Cio é o período no qual a vaca aceita
monta (receptividade sexual) que normal-
mente ocorre em novilhas depois da pu-
berdade e em vacas, desde que estas não
estejam prenhas. Este período de recepti-
vidade pode durar de 6 a 30 horas e acon-
tece, em média, em intervalos de 21 dias.
Porém, este intervalo entre dois cios pode
variar normalmente de 18 a 24 dias.

QUAIS SÃO OS SINAIS DO CIO?


A maiorias das vacas têm um padrão
de comportamento que se modifica gra-
dualmente desde o começo até o fim do Figura 1. Uma vaca está em cio quando ela
cio. O melhor indicador de que a vaca esta fica em pé e parada enquanto estiver sendo
no cio é quando ela fica parada e aceita ser montada por outra vaca ou touro. A vaca que
montada por outras companheiras de re- monta a outra vaca pode ou não estar em cio.
banho ou pelo touro (Figura 1). Uma série

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de sinais indicativos de que o cio está próximo e o animal deve ser observado mais cui-
dadosamente está resumido na Tabela 1.
Tabela 1. Sinais de cio em vacas de leite.

VARIAÇÃO CIRCADIANA DO CIO


O inicio da atividade do cio segue um padrão distinto, sendo que a maioria des-
tas atividades ocorre durante a noite, madrugada ou começo da manhã. Algumas
pesquisas mostram que mais de 70% da atividade de monta ocorre entre 19:00 e 07:00
horas (Figura 2).
Para se detectar mais de 90% dos cios em um rebanho, as vacas devem ser ob-

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servadas cuidadosamente durante as primeiras horas da manhã, ao entardecer, e em
intervalos de 4 a 5 horas durante o dia (Wattiaux. M).

Figura 2. Mais frequentemente as vacas mostram sinais de cio durante a


noite (Adaptado de Wattiaux).

AUSÊNCIA DE CIO
O cio pode não estar sendo detectado devido as seguintes razões:
• Se a vaca está em anestro no pós-parto.
• Se estiver em anestro devido à desnutrição, infecção severa do trato repro
dutivo, ou outros tipos de complicações do pós-parto.
• Se a vaca tiver cistos ovarianos.
Existem outros fatores que podem diminuir a expressão do cio, como por exem-
plo: alta temperatura e umidade, vento, chuva, falta de espaço e condições de solo es-
corregadio ou problemas de casco.

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ARTIGO 02

ESCORE DE CONDIÇÃO
CORPORAL (ECC) EM
VACAS LEITEIRAS
POR RICARDA MARIA DOS SANTOS
E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

O escore de condição corporal (ECC) é utilizado para determinar a condição nutri-


cional dos animais com base na avaliação visual e tátil. É uma medida subjetiva, que
classifica os animais em função da massa de gordura e da cobertura muscular.

POR QUE FAZER ESCORRE DA CONDIÇÃO CORPORAL (ECC) EM VACAS DE LEITE?


O ECC deve ser feito para se encontrar o equilíbrio entre o manejo alimentar e a
viabilidade econômica da atividade leiteira, sempre buscando a máxima produção e o
bem-estar animal.
O ECC é particularmente útil na secagem e no pré-parto, pois o objetivo é asse-
gurar que as vacas tenham condição corporal adequada ao parto, para que a ocorrência
de problemas fique reduzida. No inicio da lactação as vacas ficam com uma conside-
rável pressão nutricional (balanço energético negativo) e o ECC pode ser usado como
indicativo de perda de peso excessiva. A manutenção do ECC adequado para cada fase
previne a ocorrência de problemas metabólicos.
A maioria das pesquisas com ECC tem o objetivo de mostrar o escorre ideal em
cada fase para a máxima produção de leite, mas é igualmente importante estabelecer o
correto ECC para prevenir os problemas ao parto, tanto distocias (dificuldade de parto)
como problemas metabólicos.

ECC NAS DIFERENTES FASES DO CICLO PRODUTIVO DAS VACAS


Secagem e Pré-parto: A vaca não deve estar gorda no final da lactação. O ECC
deve permitir uma suplementação moderada durante o período seco para preparar a
vaca para a lactação subsequente (No período seco a redução do ECC deve ser evitada).
Ao parto: A vaca não deve parir gorda. Vacas gordas desenvolvem fígado gordu-
roso, cetose e apresentam mais problemas de parto e outras doenças metabólicas, con-
sequentemente apresentam mais problemas de fertilidade subsequente.
Início da Lactação: No início da lactação as vacas sofrem um considerável es-
tresse nutricional (demanda energética é maior do que a capacidade de consumo), e a
alimentação adequada é essencial para prevenir perda excessiva de peso. Vaca muito
magra também é problema.
Período de Serviço: As vacas não devem estar em déficit energético, isso resulta-
ria em baixa taxa de ciclicidade e fertilidade.
ECC NAS DIFERENTES FASES DO CICLO PRODUTIVO DAS VACAS
Para a avaliação do ECC as vacas devem ser observadas com bastante cuidado,
para que as reservas corporais sejam avaliadas. Alguns métodos envolvem a palpação
de algumas áreas, exigindo uma contenção mais adequada dos animais.

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A escala mais utilizada para gado de leite é a que vai de 1 a 5 (EDMONSON et al.,
1989), sendo 1 para a vaca extremamente magra e 5 para a vaca extremamente gorda.
Dependendo do grau de experiência do avaliador a escala pode ser quebrada em 0,50
ou 0,25 pontos.
Figura 1. Sistema de índice de condição corporal segundo Edmonson et al, (1989).

A avaliação do escore da condição corporal, observando apenas a garupa da vaca


é prática e rápida (Maciel, 2006).
ECC = 2,0 ECC = 2,5 ECC = 3,0

ECC = 3,5 ECC = 4,0

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QUANDO AVALIAR O ECC?
O ECC deve ser avaliado em momentos em que seja possível a tomada alguma
atitude para corrigir as possíveis falhas. A recomendação é para que seja realizada a ava-
liação no momento da secagem, ao parto e no final do período voluntário de espera.

Tabela 1. Escorre de condição corporal recomendado para cada fase produtiva das fêmeas bovinas.

O ideal é que o ECC na secagem seja muito próximo ao ECC ao parto (no máximo
0,5 pontos abaixo), nunca acima, pois a vaca não pode perder peso no pré-parto.

COMO MODIFICAR O ECC?


O ECC não pode ser alterado rapidamente. A dieta deve ser balanceada para que
a recuperação seja lenta, sem comprometer a saúde da vaca. As vacas gordas devem ser
mantidas em pasto de baixa qualidade, mas com fibra suficiente para garantir a funcio-
nalidade do rúmen, esses animais devem ser monitorados constantemente, a perda de
peso pode causar problemas metabólicos, principalmente no pré-parto.

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ARTIGO 03

IATF PARA VACAS LEITEIRAS:


QUAIS AS NOVIDADES?
POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

A

inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é muito usada na bovinocultura de
leite. Saiba aqui os mais recentes avanços na técnica!
O objetivo deste estudo foi comparar os efeitos de diferentes durações do proto-
colo de sincronização de ovulação usando 2 dispositivos intravaginais de progesterona
(CIDR) e estradiol sobre dinâmica ovariana e resultados prenhez por IATF (P/IA) em va-
cas leiteiras.
Vacas holandesas (n=1979) foram aleatoriamente divididas para receber um dos 2
protocolos de IATF:
• Protocolo 9 dias (n = 988; 9D): vacas tratadas com 2 dispositivos intravaginais con-
tendo 1,9 g de progesterona (CIDR) e 2,0 mg de benzoato de estradiol no dia −11; 25
mg (i.m.) de dinoprost tromethamina (PG) e retirada de 1 CIDR no dia −4; 1,0 mg (i.m.)
de cipionato de estradiol, retirada do segundo CIDR e PG no dia −2; e IATF no dia 0.
• Protocolo 10 dias (n = 991; 10D): vacas tratadas com 2 CIDR e 2,0 mg de benzoato de
estradiol em dia − 12; 25 mg de PG e retirada de 1 CIDR no dia −4; 1,0 mg de cipionato
de estradiol, retirada do segundo CIDR, e PG no dia −2; e IATF no dia 0.
Não houve efeito do protocolo na detecção de cio (79.7 vs. 81.2 %; P = 0.38). Uma
maior (P = 0,01) porcentagem de vacas do protocolo 10D ovularam perto da IATF (89,3%)
em comparação com as vacas do protocolo 9D (85,6%).
Este estudo utilizou diretamente a temperatura retal temperatura individual de
cada vaca próximo a IATF (medida no momento da IATF e 7 dias depois), ao invés de
apenas usar a temperatura ambiental ou índice de temperatura e umidade. A tempera-
tura retal da vaca se mostrou ser a medida mais sensível do efeito negativo do estresse
térmico sobre a P/IA (Vasconcelos et al., 2011; Pereira et al., 2015, 2017b).
Estresse térmico foi um fator crítico que alterou a fisiologia reprodutiva e di-
minuiu o sucesso reprodutivo em ambos os protocolos testados no presente estudo, e
aproximadamente 50% das vacas estavam sob estresse térmico durante o experimento.
A interação entre duração do protocolo x estresse térmico (temperatura média das va-
cas ≥39,1°C no momento da IATF e 7 dias depois) foi observada. A P/IA foi maior nas vacas
do protocolo 10D não estressadas pelo calor em comparação com as vacas do protocolo
9D, enquanto P/IA não diferiu nas vacas estavam sob estresse térmico.
A interação entre a duração do protocolo e a presença de CL (corpo lúteo) no início
do protocolo foi observado. As vacas com CL no início do protocolo apresentaram maior
P/IA no protocolo 10D em comparação com o protocolo de 9D, porém nas vacas sem CL
essa diferença não foi detectada. Esse achado foi considerado intrigante pelos autores.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 10


Era esperado que a presença de um
CL no início do protocolo aumentaria a
concentração de P4 circulante durante o
desenvolvimento do folículo, mas não foi
detectada diferença na concentração de
P4 circulante no dia da aplicação da pros-
taglandina em relação a presença ou au-
sência do CL no início do protocolo.
Este fator pode ter ocorrido porque
o CL regrediu em alguns animais antes da
administração de prostaglandina (Perei-
ra et al., 2020), enquanto algumas vacas
podem ter ovulado num momento muito
próximo ao início do protocolo (Pereira et
al., 2015, 2017 a, 2020) ou pelo uso de dois
dispositivos de P4 que permitiu um me-
lhor perfil hormonal durante o protocolo
(Pereira et al., 2017 a, b).
Esses resultados sugerem que os benefícios da presença de um CL no início do
protocolo pode não estar apenas associados com a concentração circulante de P4 no mo-
mento da aplicação de prostaglandina. Além disso os autores ainda especulam que vacas
com CL no início do protocolo podem ter uma melhor sincronização do recrutamento
folicular, que está associado a uma melhor fertilidade em vacas leiteiras em lactação.
Maior porcentagem de vacas do protocolo 9D tinham folículos de tamanho mé-
dio (13-15,9 mm), e maior porcentagem de vacas do protocolo 10D apresentava folículos
maiores (>16 mm).
O aumento da duração do protocolo de sincronização de ovulação baseado em
estradiol e progesterona (10D vs. 9D) aumentou a proporção de vacas com folículos
maiores (>16 mm) e aumentou a P/AI em vacas sem estresse térmico e em vacas com
CL no início do protocolo. Além disso, o protocolo 10D aumentou a proporção de vacas
com ovulação próxima a IATF, demonstrando a eficácia deste protocolo na melhoria do
desempenho reprodutivo das vacas holandesas lactantes.
Baseados nos resultados deste estudo a recomendação feito pelos autores é
o uso de um protocolo de pré-sincronização eficiente para aumentar a proporção de
vacas com CL no início do protocolo de 10 dias. O protocolo de pré-sincronização reco-
mendado é o seguinte: dia -28 inserção do CIDR + 2 mg de benzoato de estradiol; dia –21
retirada do CIDR, aplicação de 25 mg de PG e 1,0 mg de cipionato de estradiol, e dia -12
início do protocolo de IATF de 10 dias.

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ARTIGO 04

IATF EM VACAS LEITEIRAS:


QUE CUIDADOS DEVEM
SER TOMADOS?
POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

D

efinido o protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) a ser utilizado no
rebanho, alguns cuidados devem ser tomados na execução. Entre eles:
Definir quantas vacas o inseminador consegue inseminar antes de ficar cansado
• Providenciar um assistente para o inseminador
• Dividir o lote de vacas que receberão o protocolo de IATF em dois dias
Saiba mais detalhes a seguir:

QUANTAS VACAS O INSEMINADOR CONSEGUE INSEMINAR ANTES DE FICAR CANSADO?


Naturalmente, após um certo número de vacas inseminadas, a eficiência do téc-
nico pode diminuir, reduzindo a qualidade. Em algum momento, todos os seres huma-
nos se cansam. Esse limite varia entre pessoas.
Alguns técnicos podem começar a perder sua eficiência depois de inseminar 30
vacas, outros podem ficar cansados depois de 50 vacas e alguns outros podem ser ca-
pazes de inseminar 100 vacas de forma eficiente.
Quando colocado sob pressão, o inseminador pode começar a fazer o trabalho
com menos cuidados para terminar dentro do prazo estipulado. Ele pode começar a
descongelar muitas palhetas de sêmen de cada vez, baixando a temperatura desconge-
lador, e demorar mais tempo para depositar o sêmen nas vacas, e assim por diante...

PROVIDENCIE UM ASSISTENTE PARA O INSEMINADOR!


Para que o trabalho ocorra de forma eficiente e eficaz, deve-se proporcionar mão-
-de-obra adequada. Se necessário providencie um assistente para o insemindador no
dia da IATF. Uma estratégia útil pode ser treinar e designar um assistente para preparar
o sêmen e entregar o aplicador preparado ao inseminador, e esse assistente pode tam-
bém ficar responsável pelas anotações.
DIVIDA O LOTE DE VACAS QUE RECEBERÃO O PROTOCOLO DE IATF EM DOIS DIAS
Em vez de começar todo o grupo apenas na segunda-feira de manhã, por exem-
plo, você pode dividir o lote de IATF em dois. Um grupo começa na segunda-feira e a
outra metade na terça-feira. Será necessário tomar mais cuidado com as listas, para que
as vacas corretas recebam as injeções corretas nos horários corretos. Mas, ao fazer isso,
você está otimizando a eficiência do inseminador.
Mais uma consideração importante relacionada ao dia da IATF: as vacas vão ficar
trancadas em canzis ou fora do lote um período tempo, portanto deve-se fazer esforços

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 12


para que esse tempo seja sempre o menor possível. Principalmente no início do uso da
IATF é aconselhável trabalhar com lotes menores, até que todos estejam treinados.
E antes de começar o trabalho da IATF, verifique se todos os equipamentos e su-
primentos necessários estão prontos. Identifique possíveis problemas antes de iniciar,
pois erros e correções podem gastar tempo e comprometer o resultado.
A chave aqui é minimizar o tempo em que o sêmen está exposto a oscilações
de temperatura e luz solar direta, bom como evitar contaminação.
E sempre esteja atendo a esses detalhes listados a seguir.

DICAS PARA UM BOM RESULTADO NA IATF:

1. Certifique-se que o inseminador tem água, sabão e papel disponíveis para manter
as mãos sempre limpas;
2. Confira se a temperatura descongelamento está adequada antes de retirar a palhe-
ta do botijão;
3. As palhetas precisam ficar na água do descongelamento por pelo menos 30 segundos;
4. Mantenha um inventário organizado do sêmen que permite que a palheta de sê-
men seja localizada dentro de 5 a 10 segundos;
5. As pinças devem ser usadas para remover as palhetas de sêmen do botijão, toman-
do o cuidado de manter a caneca abaixo da linha gelada. Se a palheta não for loca-
lizada dentro de 10 segundos, a caneca deve ser abaixada de volta para o nitrogênio
por pelo menos 10 segundos antes de reiniciar a procura;
6. Descongele um máximo de cinco palhetas de cada vez (a não ser que o insemina-
dor não seja capaz de inseminar 5 vacas em 10 minutos para sêmen sexado, ou em
15 minutos para sêmen convencional). O número real de unidades para descongelar
deve ser baseado na eficiência do técnico e nas instalações (distância do desconge-
lador até a vaca, sistemas de contenção das vacas, entre outros fatores);
7. As palhetas devem ser devidamente secas após a retirada do descongelador e pro-
tegidos da luz solar. Corte a palheta reto, não em um ângulo, e encaixe no adapta-
dor da bainha de inseminação para evitar refluxo do sêmen;
8. Mantenha sempre papel toalha limpas na mão para limpar a vulva da vaca;
9. Abra os lábios vulvares para evitar tocar o aplicador de sêmen em qualquer coisa
que possa contaminá-lo;
10. Empurre o êmbolo do aplicador de sêmen de forma lenta e suave. Complete a tare-
fa em pelo menos 5 segundos.

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ARTIGO 05

COMO MELHORAR OS
RESULTADOS DOS PRÓXIMOS
DIAGNÓSTICOS DE GESTAÇÃO
DO SEU REBANHO?
POR RICARDA MARIA DOS SANTOS
E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

E xistem muitos fatores que afetam a eficiência no processo de fazer as vacas ficarem
gestantes. Conforto, sistema de resfriamento, nutrição, saúde do rebanho, genética,
manejo de vacas secas, pré-parto e pós-parto imediato, e a lista continua...
O cenário inteiro para resolução dos problemas reprodutivos de um rebanho pode
ser assustador, então, neste artigo, estão alguns pontos de checagem simples para se
conseguir melhoria na eficiência reprodutiva. Confira alguns itens que você pode abor-
dar para melhorar os resultados do próximo diagnóstico de gestação do seu rebanho.

USE TOUROS DE ALTA FERTILIDADE

Com inúmeras opções de touros disponíveis, muitas vezes é difícil escolher os tou-
ros certos para o seu rebanho. Se parte do seu objetivo é fazer os resultados dos seus
próximos diagnósticos de gestação melhorar, então o que você está realmente tentando
fazer é melhorar a fertilidade do rebanho. E uma das maneiras mais rápidas e simples de
fazer isso, é enfatizar a fertilidade do touro dentro de seu plano genético personalizado.
Quando você usa um touro de alta fertilidade, você está aumentando as chances
de fazer uma gestação com as inseminações que você usa esse touro específico.

PRATIQUE CONFORMIDADE (DEFINIÇÃO: EM CONCORDÂNCIA COM UMA REGRA,


UM PADRÃO)
Independentemente da estratégia de manejo reprodutivo adotada, suas vacas
não ficarão gestantes se você não cumprir o protocolo de IATF ou manter um nível ex-
cepcional de precisão na detecção de cio.

QUANDO VOCÊ FAZ IATF

Quando se trata de protocolos de sincronização, nunca podemos deixar de enfati-


zar que a conformidade deve ser a melhor possível. Para colocar isso em termos simples
e relacionáveis, isso significa combinar quatro coisas:
• A vaca certa;
• O hormônio certo;
• A dose certa - com atenção nos tamanhos de seringas e agulhas;
• A hora certa.
Se você errar apenas um desses quatro fatores críticos, as chances de obter uma
gestação baseada no protocolo de sincronização é severamente diminuída ou até mes-
mo eliminada.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 14


QUANDO VOCÊ FAZ DETECÇÃO DE CIO

Quando o veterinário está em sua


fazenda para o diagnóstico de gestação,
você pode definir o sucesso ou mesmo
seu humor pelo número de vezes que você
ouve o profissional dizer “gestante”. Mas
lembre-se, o veterinário realmente ajuda
você a melhorar a eficiência reprodutiva
do rebanho, encontrando as vacas vazias.
Essa informação permite que você consiga
inseminar as vacas não gestantes o mais
rápido possível.
Nesse sentido, o método mais rápido
que você tem em sua fazenda para a iden-
tificação das vacas vazias é realmente de-
tecção de cio oportuna e precisa. O que se
quer dizer com isso é: se você esperar até
o dia do diagnóstico de gestação para de-
terminar a condição das vacas insemina-
das 28 a 35 dias atrás, estarão sendo exa-
minadas algumas vacas que já deram cio
após a inseminação.
Com o aumento da produção de leite por vaca, elas se tornaram menos propensas
a mostrar os sinais primários de cio. E quando manifestam os sinais de cio, é por períodos
mais curtos. Alguns podem até argumentar que as vacas tendem a mostrar seus sinais
mais fortes de cio durante a noite, quando temos menos pessoas dedicadas à detecção.
A precisão da detecção de cio depende inteiramente de quão bem as pessoas na
fazenda são treinadas e comprometidas com a excussão dessa tarefa. Por isso, é impor-
tante que as pessoas certas na sua fazenda também sejam treinadas para encontrar
sinais secundários de estro. Alguns destes incluem:
• Marcação de tinta na cauda espalhada;
• Vulva inchada;
• Presença de muco;
• Sujeira no lado do corpo do animal resultante de monta;
• Perda de pelo na ponta dos ísquios, etc.
A técnica mais precisa de detecção combina dois ou três destes sinais secundários.
Outra maneira de você aumentar a exatidão da detecção de cio é o uso dos mo-
nitores eletrônicos da atividade. Estes sistemas emitem alertas quando as vacas apre-
sentam maior atividade ou diminuição da ingestão/ruminação como sinais de estro. Isso
ajuda a encontrar aquelas vacas que mostram sinais do cio durante a noite ou não mos-
tram sinais primários ou secundários fortes.
Se você tem uma equipe experiente no manejo reprodutivo da sua fazenda, e um
sistema de monitoramento de atividade para detectar cio com precisão, você vai ter
maior chance possível de encontrar vacas em cio. Isso significa menos vacas vazias no
seu próximo dia de diagnóstico de gestação.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 15


MANTENHA AS ANOTAÇÕES AS MAIS CORRETAS POSSÍVEIS

Usar um software para manter seus registros será a melhor maneira de conseguir
atingir a recomendação do ponto nº 2 acima, ou seja, praticar a conformidade. Ao usar
um protocolo de IATF, sua programação de sincronização deve ser configurada em seu
software para que você possa segui-lo de forma precisa.
Se você usa dispositivos portáteis no campo para ajudá-lo a encontrar e trabalhar
com as vacas, a informação exata no software vai ajudá-lo a determinar a localização de
algumas vacas que podem ter sido trocadas de lote equivocadamente (quem trabalha
em fazenda sabe que essas trocas de lote são muito mais comuns do que a gente imagi-
na, e causam muitos transtornos na execução dos serviços, como aplicação dos hormô-
nios do protocolo de IATF, aplicação de BST, entre outros manejos). Isso aumenta a chance
de encontrar o animal certo para administrar o tratamento certo no momento certo.
Mantendo os dados precisos sobre dias pós-parto, data da última cobertura entre
outros irá garantir que você coloque as vacas certas na lista de diagnóstico de gestação
e o programa de reprodução não apresentará erros.
Claro, outros fatores de gestão afetarão quantas vacas serão diagnosticadas como
gestantes em cada ciclo, mas você pode fazer sua parte usando touros de fertilidade
elevada, praticar a conformidade em todos os procedimentos e manter os registros de
dados correto.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 16


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Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 17
ARTIGO 06
MUDANÇA NO ESCORE DE
CONDIÇÃO CORPORAL PÓS-
-PARTO AFETA A EFICIÊNCIA
REPRODUTIVA
POR POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO
E ARLINDO JOSÉ DIAS PACHECO JUNIOR

N as últimas duas décadas, ocorreu nas fazendas leiteiras uma revolução no manejo
de reprodução, impulsionada pelo desenvolvimento de programas reprodutivos e a
adoção dos mesmo nas propriedades. Porém, o desempenho pode variar drasticamen-
te entre rebanhos que usam exatamente os mesmos programas. Embora a inconformi-
dade de execução dos protocolos entre os rebanhos continue a ser um problema, ela
não explica toda essa variação.
Em 1992, Jack Britt classificou vacas com base em escores de condição corporal
(ECC) semanais em dois grupos: vacas com ECC mais alto no parto que perderam muito
ECC durante as primeiras cinco semanas de lactação e vacas com menor ECC no parto
que mantiveram o ECC no mesmo período. As vacas que mantiveram o ECC pós-parto
tiveram taxa de concepção surpreendentemente maior no primeiro serviço do que
as vacas que perderam ECC pós-parto (62% versus 25%). Os resultados de três estudos
recentes (dois da Universidade de Wisconsin-Madison e um da Universidade Estadual
de Michigan) apoiam a observação do Dr. Britt e desafiam a suposição de longa data de
que todas as vacas normalmente perdem ECC após o parto.
Num dos artigos, 1.887 vacas holandesas de duas fazendas leiteiras comerciais de
Wisconsin, EUA, foram submetidas ao protocolo de Ovsynch duplo para primeira Inse-
minação Artificial em Tempo Fixo (IATF) pós-parto, sendo o ECC avaliado no parto e 21
dias após. No geral, 42% das vacas perderam ECC, 36% das vacas mantiveram e 22% das
vacas ganharam, durante as primeiras três semanas de lactação. Surpreendentemente,
a produção média de leite não diferiu entre esses grupos. E o mais impressionante, a
taxa de concepção 40 dias após a IATF foi de 25% para vacas que perderam ECC, 38%
para vacas que mantiveram ECC, e 84% para vacas que ganharam ECC.
Num outro experimento foram associados a perda drástica de peso corporal do
parto até três semanas de lactação e os efeitos negativos na qualidade do embrião, o
que provavelmente explicaria estas diferenças na fertilidade.

COM BASE NESSES RESULTADOS, A QUESTÃO-CHAVE É: COMO FAÇO MINHAS VA-


CAS GANHAREM ECC APÓS O PARTO?
Em outro estudo a variação de ECC foi avaliada em 233 vacas de holandesas, no
período de três semanas antes da data prevista do parto até três semanas após o parto.
Semelhantemente ao primeiro experimento, a taxa de concepção de vacas submeti-
das à primeira IATF foi de 18% para vacas que perderam ECC (28% das vacas), 27% para
vacas que mantiveram (23% das vacas) e 53% para vacas que ganharam (49% das va-
cas). Mais uma vez, a produção média de leite durante as primeiras três semanas de

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 18


lactação não diferiu entre esses grupos.
Neste estudo, apenas 34% das vacas com ECC menor que 3 perderam condição
corporal durante o período de transição, contra 51% das vacas com ECC igual a 3 e 92%
das vacas com ECC superior a 3. Então, como podemos fazer as vacas ganharem ECC
após o parto? A resposta é a seguinte: quase todas as vacas neste estudo que ganha-
ram ECC durante o período de transição tiveram ECC menor que 3, nas três semanas
antes do parto.

COM BASE NESSES RESULTADOS, A PRÓXIMA PERGUNTA É: COMO PREVENIR QUE


AS VACAS CHEGUEM COM ECC ALTO NO PARTO?
O último estudo avaliou a mudança de ECC dentro de uma semana antes do par-
to até 30 dias após o parto. Ele associou o intervalo de parto anterior das vacas às mu-
danças de ECC após o parto. O intervalo do parto é determinado pelo intervalo fixo da
duração da gestação e pelo intervalo altamente variável do parto à concepção (período
de serviço).
Assim, as vacas com intervalos de parto mais longos na lactação anterior, levaram
muito mais tempo para ficarem gestantes. Neste estudo, as vacas com intervalos de
parto anteriores mais longos tiveram maior ECC ao parto e perderam durante os primei-
ros 30 dias após o parto. Similar aos primeiros dois estudos, as vacas que mantiveram ou
ganharam ECC após o parto tiveram taxas de concepção maior, menor perda da gesta-
ção e eram mais saudáveis do que as vacas que perderam ECC após o parto.
Ou seja, gestações que iniciaram
na fase adequada em uma lactação resul-
taram em menor perda de ECC e poucos
episódios de doenças, maior fertilidade e
reduzidas taxas de perda de gestação pre-
coce na lactação subsequente. Com base
nos resultados desses estudos, podemos
definir uma relação em que rebanhos com
vacas que ficam gestantes rapidamente
após o fim do período voluntário de espera
possuem vacas com menor ECC no par-
to, o que por sua vez resulta em mais va-
cas mantendo ou ganhando ECC após o
parto. Vacas que mantêm ou ganham ECC
após o parto têm maior fertilidade do que
as vacas que perdem ECC.
Esse pode ser chamado de ciclo de
alta fertilidade que resulta em aumento no
desempenho reprodutivo e pode ser usa-
do para explicar boa parte da variação no
desempenho reprodutivo entre rebanhos.
Então, o objetivo de cada fazenda deve ser
esforçar-se para colocar suas vacas nesse
ciclo e mantê-las lá

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 19


ARTIGO 07

IMPLICAÇÕES DA ALTA TAXA


DE PRENHEZ NAS ESTRATÉGIAS
DE MANEJO REPRODUTIVO
POR RICARDA MARIA DOS SANTOS
E JOSÉ LUIZ M. VASCONCELOS

O s rebanhos leiteiros americanos fizeram grandes avanços na eficiência reprodu-


tiva nos últimos anos. Basta olhar para os números de apenas duas décadas atrás
para notar essas melhorias. Dados do Prof. Paul Fricke, da Universidade de Wisconsin-
-Madison, mostram que em 1998 a taxa média de prenhez em 21 nos rebanhos dos EUA
era de 14%, e 20% de taxa de prenhez era o objetivo de todas as fazendas, mas muito
poucas fazendas atingiam esse objetivo.
Avançando para 2019, os dados mostram que a taxa média de prenhez agora está
em 21,6%, com alguns rebanhos alcançando 30% e até 40% de taxa de prenhez. Esses
rebanhos simplesmente não existiam há 20 anos. Essa capacidade de emprenhar as va-
cas mais cedo mudou a meta da taxa de prenhez das fazendas de 20% para 30%. Se hoje
as fazendas não atingem valores acima de 20%, é sinal de que elas têm problemas, por-
que existem ferramentas, tecnologia e manejo para atingi-los. Uma tendência de alta
também ocorreu na taxa de concepção. Vinte anos atrás, a taxa média de concepção
era de cerca de 34%; agora as fazendas têm uma média de 50%.
Com uma taxa de concepção mais baixa, a única maneira de melhorar a reprodu-
ção é inseminar vacas muitas vezes. Em 1998, eram necessárias seis inseminações para
conseguir 91% das vacas gestantes. Com a taxa média de concepção atual de 50%, 90%
das vacas ficam gestantes com apenas três serviços.
O que levou a essa notável melhora na eficiência reprodutiva dos rebanhos ame-
ricanos? O Prof. Fricke aponta duas tecnologias de maior impacto nesses números:
1. O desenvolvimento e adoção de programas de fertilidade, incluindo estratégias
como os protocolos Ovsynch, Ovsynch duplo e re-sincronização.
2. A adoção de tecnologias automatizadas para detecção de aumento da ativida-
de física associada ao estro.
Embora esses programas possam ser utilizados individualmente, muitas fazendas
adotam ambos. Na verdade, as fazendas participantes do Conselho Reprodução de Gado
Leiteiro, que ganharam o prêmio de melhor eficiência reprodutiva em 2017, usavam as
duas estratégias. Nenhum dos rebanhos com melhor desempenho reprodutivo com
taxas de prenhez média de 30% a 47%, dependia apenas da IATF ou apenas na detecção
de estro com monitoramento automático de atividade. Juntar essas duas ferramentas
parece ser uma maneira muito poderosa de obter uma ótima eficiência reprodutiva.
Essa melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos americanos juntamente
com o uso do sêmen sexado está causando um excesso de produção de novilhas. Com
isso muitas fazendas estão estratificando seus rebanhos baseados na seleção genômi-

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 20


ca, e a parte inferior das fêmeas está sendo inseminada com touros de corte, para evitar
o excesso de produção de novilhas.
O conceito de ciclo de alta fertilidade, que envolve obter vacas gestantes o mais
rápido possível após o período voluntario de espera, tem sido bastante difundido nos
EUA (para mais detalhes: Como o início da gestação no momento adequado em uma
lactação pode resultar em menos problemas?). O Prof. Paul Fricke argumenta que se
você consegue fazer suas vacas ficarem gestantes rapidamente, após o final do período
de espera voluntária, há menos ganho de condição corporal, e isso parece estar corre-
lacionado muito fortemente ao fato dessas vacas terem menos problemas de saúde,
maior fertilidade e redução da perda precoce de gestação na lactação subsequente.
Portanto, o desafio das fazendas é colocar as vacas nesse ciclo de alta fertilidade.
Para alcançar esse objetivo a utilização dessas duas ferramentas (IATF e detecção
de estro) de forma combinada e eficiente é imprescindível.
A reflexão que fica para nós aqui no Brasil é: porque a maioria dos nossos reba-
nhos estão tão longe de conseguir bons resultados de eficiência reprodutiva e de colo-
car as vacas no ciclo de alta fertilidade?

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 21


ARTIGO 08

TAXA DE PRENHEZ POR IA


E TE EM VACAS DE LEITE DE
ALTA PRODUÇÃO
POR MAYARA OLIVEIRA, DANIELA DEMETRIO E
RICARDA MARIA DOS SANTOS

O estresse térmico é um fator que afeta a fertilidade de vacas lactantes de alta pro-
dução. Sendo assim, no verão e início do outono são observadas taxas de prenhez
(TP) reduzidas. Os programas de transferência de embriões são usados para produzir
mais animais de alto mérito genético, mas também poderiam aumentar a fertilidade,
contornando todos os fatores negativos que afetam o desenvolvimento de embriões an-
tes dos 7 dias (desenvolvimento de ovócitos, ovulação, fertilização e/ou desenvolvimento
inicial dos embriões).
Neste estudo, foram analisados os dados de inseminação artificial (IA) e tran-
frência de embrião (TE) entre junho de 2017 e maio de 2019. Junho, julho, agosto, se-
tembro e outubro, foram chamados meses críticos, uma vez que a taxa de concepção da
primeira IA fica inferior a 44%.
As vacas estavam alojadas na Maddox Dairy em Riverdale - Califórnia/EUA. O reba-
nho, formado de vacas holandesas, contava com a ordenha 3500 animais, com equiva-
lente adulto de produção de leite em 305 dias de 12.800 kg.
Vacas de primeira e segunda lactação eram incluídas em um programa de
sincronização da ovulação conhecido como presync-ovsynch estrus, para que a pri-
meira IA ocorresse aos 85 dias após o parto ou para receber um embrião 7 ou 8 dias
após cio esperado.
Os embriões eram produzidos in vivo ou in vitro em doadoras holandesas, e eles
eram transferidos frescos ou congelados.
O sangue foi coletado no dia 30 após
o cio esperado (23 dias após a TE) e a gesta-
ção diagnosticada pelo Teste de Gestação
Bovina IDEXX PAG (parte da placenta dos
ruminantes produz glicoproteínas associa-
das à gestação (PAG) que podem ser de-
tectadas por ELISA no sangue da vaca ges-
tante a partir de 28 dias. Vários rebanhos
leiteiros dos EUA têm usado este teste
para complementar ou substituir o uso da
ultrassonografia transrectal para diagnós-
tico precoce da gestação. A capacidade
preditiva da PAG para diagnosticar a ges-
tação é alta: acima de 95% de precisão).

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 22


Todas as vacas sincronizadas para receber IATF foram inseminadas, mas apenas
vacas com a presença de um corpo lúteo (CL) no dia da transferência receberam em-
brião. A presença de pelo menos um CL não foi detectada em 28,7% das vacas (32,2% nos
meses críticos e 25,7% nas demais). Infelizmente, a presença do CL não pode ser detecta-
da por ultrassonografia em todas as transferências de embriões, de modo que a taxa de
não ovulação pode ter sido superestimada. As vacas sem CL foram consideradas vazias
e utilizadas para calcular a taxa de prenhez ajustada (AdjPR).
A taxa de prenhez por TE foi superior à IA, especialmente nos meses críticos. Os
embriões frescos produzidos in vivo tiveram mais impacto positivo na taxa de prenhez.
Quando as vacas sem CL foram consideradas vazias, a diferença entre IA e ET ainda é
evidente para embriões produzidos in vivo e transferidos frescos (Tabela 1).
Tabela 1. Efeitos do período do ano sobre a taxa de prenhez e taxa de prenhez
ajustada após inseminação artificial ou transferência de embriões em vacas holandesas
lactantes de junho de 2017 a maio de 2019, Riverdale, CA.

PR = Taxa de prenhez; AdjPR = taxa de prenhez ajustada (vacas sem CL no momento da transferên-
cia de embriões foram consideradas vazias no cálculo)

Além de produzir animais de maior mérito genético, a TE pode manter a fertili-


dade em vacas holandesas em lactação, especialmente durante os meses críticos do
ano. O outro benefício do uso de TE, é que as vacas que não ovulam são ressincronizadas
imediatamente, o que não é o caso das vacas inseminadas.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 23


ARTIGO 09

ESTRUTURA DE REBANHO
E REPRODUÇÃO VS.
RETORNO ECONÔMICO
POR ANDRÉ NAVARRO LOBATO

Q ue a reprodução exerce um papel fundamental nos resultados financeiros em uma


propriedade leiteira todos nós já sabemos, não é mesmo? Agora, você sabe qual a
importância da estrutura de rebanho para o sucesso da atividade?
Vamos exemplificar de uma forma diferente. Imagine uma família com 4 pessoas,
o pai, a mãe e 2 filhos, na qual apenas uma delas trabalha e gera renda para o sustento da
casa. Agora imagine 2 pessoas trabalhando nessa mesma casa para sustentar as mesmas
4 pessoas. Com uma renda maior a “saúde financeira” deste lar estará melhor, concorda?
Pois, em uma propriedade leiteira, a variação na estrutura de rebanho gera um
efeito semelhante à essa história acima. Quem gera a maior parte da renda são as
vacas em lactação! Quanto maior o número de vacas em produção maior é a receita
dessa empresa rural para sustentar o mesmo número de animais no rebanho. É claro,
sabemos que os custos de uma vaca em lactação são maiores do que em qualquer ou-
tra categoria (alimentação, energia elétrica, material de ordenha, medicamentos, mão
de obra, etc.), mas que certamente não superam o aumento da receita com a maior
produção de leite.
Um excelente indicador para monitorar a estrutura de rebanho é a relação Vacas
em lactação/Vacas Totais (VL/VT). Dois importantes fatores podem interferir direta-
mente nesse indicador: Intervalo de Partos (IP) e Persistência de Lactação (PL), sendo
que, quanto maior o IP e menor a PL, menor tende a ser a relação VL/VT. Altos intervalos
entre os partos normalmente aumentam o período em que as vacas passam secas,
principalmente as com baixa persistência de lactação. Por exemplo, esperamos que
vacas sem alta PL e com IP de 12 meses fiquem 10 meses em produção e 2 meses secas.
Porém se esse intervalo aumentar para 15 meses, elas produzirão durante os mesmos 10
meses e ficarão 5 meses secas, sem gerar renda.
Já vacas com altas PL tendem a compensar o aumento no IP produzindo por mais
tempo, por exemplo, ficando 15 meses em produção e os mesmos 2 meses seca (em um
IP de 17 meses). Sendo assim, o número ideal da relação VL/VT irá variar de acordo
com o IP. Se o intervalo de partos médio em uma fazenda está em 12 meses, para eu
saber qual a relação ideal basta eu dividir o 10 meses esperados em produção pelo IP:
10/12 = 83,33%. Neste caso então a propriedade deveria ter no mínimo 83,33% das vacas
produzindo leite! Se o IP for maior, 17 meses por exemplo, o esperado é que elas produ-
zam por 15 meses: 15/17 = 88,2%, sendo este, o valor esperado. Porém, se elas produzirem
somente por 10 meses, ficarão 7 meses secas, derrubando significativamente a relação
VL/VT projetada: 10/17 = 58,8%.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 24


Em um estudo realizado pela equipe do Programa de Desenvolvimento da Pecu-
ária Leiteira (PDPL) em Viçosa-MG, foi realizado uma correlação estatística em 27 fazen-
das na zona da mata mineira entre diversos indicadores reprodutivos e de estrutura de
rebanho com a taxa de remuneração do capital investido, incluindo a terra e sem a terra
(TRC-CT e TRC-ST respectivamente). O indicador que teve maior correlação com o retor-
no econômico foi justamente a relação VL/VT, conforme demonstrado na figura abaixo.

Adaptado de Lobato et al. (2012)

E onde entra a reprodução nessa história? Quanto menor for o período de serviço,
ou seja, menor o intervalo entre parto e concepção, menor será o intervalo de partos e
consequentemente maior será a relação VL/VT. Sim! Mais vacas produzindo renda!
Nesse mesmo estudo do PDPL, foi obtida também a elasticidade entre o indica-
dor econômico TRC-ST e alguns indicadores reprodutivos e de estrutura de rebanho, ou
seja, o quanto uma variação percentual em um desses indicadores reprodutivos interfere
no indicador econômico em questão. E o resultado mais significativo foi justamente com
VL/TV! Para cada aumento de 1% na relação VL/TV houve uma elevação de 3,69% na TRCST.
Lembrando que para evitar interpretações errôneas, os indicadores citados foram e
devem ser calculados como média ano, já que variações mensais nos valores podem
ocorrer por diversos motivos como estação mais quente do ano, concentração de partos,
etc.
Concluindo, um bom programa de manejo reprodutivo, bem como a seleção de
animais com boa persistência de lactação são de fundamental importância para um
satisfatório retorno econômico na atividade leiteira.
O indicador VL/VT (média ano) abaixo do ideal é um sinal de que alguma coisa
está errada e que deve ser corrigida imediatamente, seja com a baixa persistência de
lactação ou com a reprodução, que envolve não só o manejo reprodutivo em si, mas
também vários outros pontos como boas práticas no pré e pós-parto das vacas, nutrição
adequada, conforto e bem-estar animal.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 25


ARTIGO 10

FATORES DETERMINANTES NO
MELHORAMENTO GENÉTICO
DE GADO DE LEITE?
POR PAMELA ITAJARA OTTO, DARLENE DALTRO,
JOÃO CLÁUDIO DO CARMO PANETTO,
FÁBIO FOGAÇA E MARCOS VINÍCIUS G.
BARBOSA DA SILVA

N o melhoramento genético, é importante definir os objetivos para definir a seleção.


Na produção leiteira não é diferente, e de forma geral, algumas características são
de maior peso na hora dessa decisão e alguns fatores servem como determinantes na
hora da escolha.

CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA PRODUÇÃO LEITEIRA

Na pecuária de leite, a finalidade da exploração zootécnica e a moeda de troca


com a indústria é, sem dúvida, a produção de leite, no entanto, ao se estabelecer os ob-
jetivos de seleção do rebanho, é importante considerar os fatores que estão envolvidos
no processo e outras características que possam interferir na eficiência econômica do
sistema, como as produções de gordura e de proteína.
Decidir sobre tais objetivos, sobre as características que serão consideradas e a
ênfase a ser atribuída a cada uma delas não é tarefa simples. Tais decisões determinam
a direção e o grau das respostas à seleção, os seus custos unitários e a economicidade
dos resultados obtidos.
O número de características envolvidas no programa de melhoramento deve ser
cuidadosamente considerado, pelo fato de que, se muitas forem consideradas, o pro-
gresso genético advindo da seleção para cada uma delas será reduzido em comparação
à seleção realizada em uma única característica.
Assim, a seleção deve ser direcionada para características de real importân-
cia e que causam impactos econômicos. Por esta razão, deve-se escolher apenas
aquelas que afetam diretamente a lactação, a vida produtiva e a eficiência de produ-
ção do gado leiteiro.
A ênfase a ser atribuída a cada característica depende dos seguintes fatores:
• Acurácia de predição dos métodos de avaliação: associações entre as caracte-
• rísticas e identificação segura dos animais geneticamente superiores;
• Herdabilidade da característica: a qual influencia diretamente o progresso genético;
• Importância econômica: ligada ao retorno financeiro da evolução genética ob-
• tida sobre o sistema de produção;
CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DO GADO DE LEITE

A produção de leite é a característica de maior valor econômico, no Brasil, razão


pela qual normalmente é a primeira a ser considerada em um programa de seleção. O

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 26


ideal é a vaca ter alta produção na lactação e um novo parto a cada ano. Consequen-
temente, este animal terá uma nova lactação em todos os anos, daí a razão para se ter
estabelecido o padrão de produção em 305 dias, com um período de descanso (perí-
odo seco) da glândula mamária de cerca de 60 dias antes do parto subsequente.
Embora haja tendência de redução nas percentagens de gordura e de proteína,
há aumento na produção total destes componentes com a elevação da produção de lei-
te. No Brasil, os teores de gordura e de proteína em alguns casos podem influenciar
o preço pago ao produtor.
De modo geral, em função da facilidade na determinação do teor de gordura,
vários países iniciaram a remuneração por esse componente, além do fato da man-
teiga ser um dos principais produtos. Todavia, atualmente, o mercado de proteína tem
recebido uma atenção maior em função da crescente demanda por queijo e produtos
de nutrição esportiva.
Canadá, Dinamarca e Holanda, por exemplo, remuneram os produtores de acor-
do com o teor de proteína, principalmente porque, nesses países, grande parte do leite
produzido se destina à fabricação de queijos. No Brasil, de modo geral, a indústria pro-
porciona pequenas bonificações ou penaliza pelos teores de gordura.
Para outros constituintes do leite (sólidos totais e lactose) não existe, de modo ge-
ral, incentivo econômico que justifique a consideração destas características em progra-
mas de seleção. Todavia, países como a Espanha remuneram os produtores de acordo
com o extrato seco magro.
As produções de leite, de gordura e de proteína apresentam, em média, herdabi-
lidade (h2) entre 0,2 e 0,3, enquanto a h2 para os percentuais de gordura e de proteína
estão entre 0,4 e 0,7. O progresso genético destas características é obtido de maneira
mais rápida quando comparado com a seleção para as características reprodutivas, pelo
fato das estimativas de herdabilidade variarem de médias a altas. Com isso podemos
dizer que o produtor teria maior facilidade em obter melhorias nas percentagens de
gordura e de proteína e produção de leite com o uso de genética adequada.
No entanto, a seleção somente para a produção de leite atende uma parte do
processo. Para o produtor, é essencial que seu rebanho obtenha alta produção com
animais eficientes e rentáveis. Portanto, outras características devem estar envolvidas
nos objetivos de seleção, como é o caso da vida produtiva, das características reproduti-
vas, adaptativas e de conformação.
A vida produtiva (PL, do inglês Productive Life) representa o tempo de produção
de um animal em um rebanho antes de seu descarte (voluntário ou involuntário), abate
ou morte (Alta Genetics, 2021). Normalmente esta característica é medida no número
de meses que a fêmea permanecerá em produção no rebanho, ou seja, quantos me-
ses a mais em relação as suas contemporâneas, uma vaca permanecerá no rebanho
em produção.
A vida produtiva, a DPR e SCS (descritas adiante) são características relaciona-
das com a saúde do animal e consequentemente com sua permanência no rebanho,
pois contribuem para a produção de animais que viverão períodos mais longos de vida
produtiva, elevando o rendimento das fêmeas e uma menor necessidade de descarte e
reposição de rebanho, além de menores gastos com saúde, reprodução e criação.

CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS

A reprodução é componente-chave para a sobrevivência e a evolução das espé-


cies, sendo um dos fatores mais importantes a ser considerado numa exploração

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 27


leiteira, uma vez que a vaca inicia uma
lactação com o parto. Para maximizar a
produção, diversos programas de melho-
ramento têm dado atenção as característi-
cas reprodutivas mensuradas nas fêmeas.
Dentre elas, a idade ao primeiro par-
to (IPP) é uma característica de grande
importância. Ela está relacionada ao iní-
cio da vida reprodutiva e é a mais estu-
dada como expressão de precocidade se-
xual (Coutinho e Rosário, 2010; Fortes et al.,
2011). Assim, a IPP precoce aumenta a pro-
dução vitalícia das fêmeas e colabora no
aumento da intensidade seletiva refletindo
nos ganhos genéticos. A IPP marca o início
da vida produtiva de uma fêmea bovina e
é uma característica de fácil mensuração,
cuja obtenção não implica em custos adi-
cionais para o sistema.
Outra característica de grande importância é o intervalo de partos (IDP), que refle-
te a eficiência reprodutiva das matrizes em um plantel. Portanto, quanto menor for
o IDP, maior poderá ser a vida produtiva de uma vaca.
Além da IPP e IDP, a facilidade de parto também apresenta grande importân-
cia e deve ser considerada no momento da escolha do reprodutor a ser acasalado com
as vacas. A facilidade de parto do touro (SCE, do inglês Sire Calving Easy) é uma estima-
tiva da porcentagem de nascimentos com mais severas complicações em novilhas de
primeiro parto. Calcula-se o percentual de partos com assistência nas novilhas (nulípa-
ras) que são inseminadas com este touro. As PTAs são expressas como o percentual de
partos realmente mais difíceis em novilhas, porque a distocia (partos problemáticos que
necessitam de assistência humana) é mais frequente em animais de primeira cria. Por-
tanto, um touro com facilidade de parto acima da média da população contribuirá com
nascimentos mais fáceis do que um touro com facilidade de parto abaixo da média.
Já a facilidade de parto em filhas (DCE, do inglês Daugther Calving Easy), medida
pela influência do pai no parto de suas filhas, representa a combinação da habilida-
de de uma primípara parir sem severas complicações. Portanto, estima o percentual
de partos distócicos em filhas de primeiro parto deste touro, inseminadas com touros
médios. Para ambas as características (SCE e DCE), a média para a população é de 2,2%
para a raça Holandesa e de 3,0 para a raça Pardo-Suiça (CDCB, Agosto 2020).
Outra característica que requer a atenção dos produtores de leite é a taxa de
prenhez das filhas (DPR, do Inglês Daugther Pregnancy Rate). A DPR é a porcenta-
gem de vacas que se tornam prenhes durante cada período de 21 dias após o período
de espera voluntária e é derivada dos registros de período de serviço ou do intervalo do
parto à concepção.
Espera-se que as filhas de um touro com a PTA para DPR igual à +1.0 tenham, em
média, a concepção quatro dias mais cedo do que a média das filhas de um touro com
a PTA para DPR de +0.0 (zero). Na raça Holandesa, o intervalo das PTAs para DPR em tou-
ros ativos atualmente no mercado, varia de -6,1 a +4,2, o que significa que existe diferenças

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 28


maiores do que um mês na concepção das filhas dos touros que estão nos extremos. A
h2 para DPR normalmente é abaixo de 0,1. Portanto, ao utilizar touros que se destacam
em DPR podemos inserir alelos favoráveis à fertilidade na população e, assim manter pro-
gresso genético direcionado à eficiência reprodutiva e menores gastos por concepção.
Vacas com problemas reprodutivos dão prejuízo ao criador por não apresenta-
rem boa produção leiteira, considerando-se sua vida produtiva como um todo, por não
produzirem anualmente bezerros para reposição ou venda. Dessa forma, elas se tornam
fontes de aumento nos custos e não nas receitas da fazenda.
Em consequência da baixa herdabilidade das características reprodutivas, o
aumento nos índices reprodutivos pode ser melhor alcançado se acompanhado de me-
lhorias nas condições de ambiente, sem esquecer da importância da intensidade de
seleção. Essas melhorias nas condições de ambiente, estão relacionadas principal-
mente à alimentação e ao manejo oferecidos aos animais nos primeiros meses de vida,
possibilitando desenvolvimento satisfatório nas diversas etapas do seu crescimento.

CARACTERÍSTICAS ADAPTATIVAS

A mastite bovina é uma inflamação da glândula mamária que interfere direta-


mente na produção leiteira, tanto na quantidade, quanto na qualidade do leite pro-
duzido. Essa é uma das maiores causas de descarte involuntário de vacas do rebanho e,
pelo fato de ter herdabilidade da ordem de 0,20, é possível sua seleção. A incidência de
mastite está positivamente correlacionada ao volume de produção de leite.
Atualmente, o produtor é beneficiado economicamente se os índices de Conta-
gem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT) na propriedade se
mantém baixos. Estes parâmetros podem ser utilizados para avaliar o nível de infec-
ções mamárias e a sanidade das propriedades, respectivamente, auxiliando assim na
identificação dos animais infectados a nível de rebanho e individual.
Sabe-se que a seleção de animais geneticamente resistentes à mastite, por
meio da avaliação e seleção de animais com bom escore de células somáticas (SCS),
pode auxiliar na redução da incidência desta doença, diminuindo os custos do sistema
de produção e contribuindo com a longevidade dos animais na propriedade.

CARACTERÍSTICAS DE TIPO OU CONFORMAÇÃO

Durante muitos anos a seleção de animais por conformação tem sido mais mar-
cante nos julgamentos de exposições agropecuárias. Recentemente, as classificações li-
neares, feitas pelas associações de raça, em alguns aspectos vêm sendo realizada de forma
padronizada. Isso permite que sejam feitas correções de características de conformação
que se apresentem debilidade, resultando assim, em ganho genético.
É relevante diferenciar a seleção para conformação, realizada em julgamentos de
exposições agropecuárias, daquela que é feita por meio da classificação linear. No julga-
mento, a seleção é realizada levando-se em consideração um conjunto de características
(de conformação raciais e de aparência geral) que o animal apresenta naquele momento.
E ao final, é premiado na comparação com outros de idade aproximada à sua. Já a seleção
pela classificação linear é baseada estritamente na avaliação individualizada das carac-
terísticas, determinadas pela associação de raça como, por exemplo, as de aspecto funcio-
nal. Por meio da classificação linear, a associação de raça tem condições de avaliar, coletar
dados, armazenar e identificar pontos fortes e fracos de todo o rebanho nacional.
Posteriormente, estes mesmos dados podem também ser utilizados para a sele-

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 29


ção de animais mais bem conformados e aquisição de material genético de touros visan-
do o planejamento de acasalamentos corretivos. Desta forma, a classificação linear pode
ajudar, juntamente com outras características já comentadas anteriormente, a potencia-
lizar a produção e a longevidade, reduzindo a taxa de reposição por descarte involuntário.
É de extrema importância dizer que o desempenho de um animal ou de sua pro-
gênie em pistas de julgamento não está diretamente relacionada ao seu valor genético
(ou genômico) para produção de leite, por exemplo. Isso quer dizer que vacas de altíssi-
mo valor genético para produção de leite podem ter desempenhos inferiores ao espera-
do nas exposições, assim como animais com grande número de premiações podem não
ser os animais com as melhores colocações na classificação com base nos seus valores
genéticos para produção de leite.
As características de conformação são utilizadas na avaliação de matrizes e re-
produtores, feito por classificadores homologados pela associação de raça, devidamen-
te treinados e padronizados. A avaliação linear é realizada com base em um sistema
de pontuação e agrupando as características em quatro grupos: força leiteira, garupa,
pernas e pés, e sistema mamário. Dentre as características de conformação que mere-
cem destaque, podemos citar aquelas que estão agrupadas no sistema mamário. Estas
características contribuem para uma boa produção e aumento da vida produtiva da
vaca no rebanho, pois estão relacionadas a capacidade de armazenamento do leite e
sustentação do sistema mamário de cada vaca.
A seleção para características ligadas a conformação pode ser realizada individu-
almente ou por meio de um conjunto delas (compostos), com base nas PTAs para con-
formação (PTAT, do inglês Type), composto de úbere (UDC, do inglês Udder Composite)
e composto de pernas e pés (FLC, do inglês Feet and Legs Composite).
A PTAT é aquela que reúne todas as características de conformação, normalmen-
te ligadas às pontuações finais das filhas dos reprodutores, ajustadas para a idade dos
animais. O UDC engloba todas as características de úbere, além da estatura. Já o FLC é
um composto que reúne as características relacionadas aos aprumos posteriores (esco-
re de pernas e pés, pernas vista posterior, ângulo de casco, além da estatura). Estes dois
últimos compostos fornecem importantes informações para a seleção de animais com
estatura adequada e maior permanência no rebanho.
Todas essas predições (PTAs) são úteis para que os produtores, dentro dos seus
rebanhos e de suas particularidades, possam efetuar a seleção dos touros e matrizes, al-
mejando melhoramento genético das características de maior importância econômica
especificamente para cada rebanho.
É importante destacar que estes índices são definidos pelos órgãos nacionais li-
gados ao melhoramento genético, podendo, portanto, sofrer alterações e pesos aplica-
dos para seu cálculo, quando comparados entre diferentes países.

Dicas para melhorar o manejo reprodutivo de vacas leiteiras 30

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