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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ENGENHARIA DE TRANSPORTES I

Capítulo IIb – Tipos de Veículos e


Dimensionamento de Vias

PROF. DR. DANIEL ANIJAR DE MATOS


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2. Veículos de Projeto (Veículos-Tipo)

 Há diversos tipos de veículos rodoviários. As


características destes veículos e sua proporção entre
eles condicionam o dimensionamento geométrico de
uma via, como por exemplo:
a) A largura do veículo de projeto influenciará na largura
da faixa de rolamento, dos ramos de interseções, dos
acostamentos e das faixas de estacionamento;
b) A distância entre eixos influi nos raios mínimos internos
e externos das pistas, na determinação da largura dos
ramos e no cálculo da superlargura das pistas principais;
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2. Veículos de Projeto (Veículos-Tipo)

c) O comprimento total do veículo influenciará na largura dos


canteiros, nas extensões das baias de ônibus e nas dimensões dos
estacionamentos;
d) A relação entre o peso bruto total e a potência do veículo
influencia na limitação da rampa máxima admissível, na necessidade
de faixa adicional de subida e na determinação da equivalência em
unidades de carros de passeio;
e) O peso bruto admissível (configuração dos eixos) dos veículos
influi no dimensionamento e configuração do pavimento, de
separadores rígidos de tráfego e defensas metálicas;
f) A altura admissível para o veículo condiciona o gabarito vertical
sob redes aéreas, viadutos, túneis, sinalizações verticais e
semáforos.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2. Veículos de Projeto (Veículos-Tipo)

 Portanto, é necessário escolher um tipo de veículo


que sirva de referência para a determinação dos
valores máximos e mínimos de parâmetros a serem
observados para o projeto da via;

 Denomina-se Veículo de Projeto (Veículo-Tipo) o


veículo teórico de uma certa categoria, cujas
características físicas e operacionais representam uma
envoltória das características da maioria dos veículos
existentes nessa categoria;
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2. Veículos de Projeto (Veículos-Tipo)

 Diante do exposto, constata-se que o Veículo de


Projeto deve abranger e cobrir os veículos
representativos da frota usuária que futuramente irá
utilizar a rodovia, bem como considerar a composição
do tráfego que utilizará a via, obtidos a partir de
contagens de tráfego ou de projeções que considerem
o futuro desenvolvimento da área de influência da via
e a utilização que terá cada trecho do projeto viário;
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2. Veículos de Projeto (Veículos-Tipo)

 Entretanto, alguns elementos do projeto geométrico


da via não consideram o Veículo de Projeto. Por
exemplo, o gabarito vertical é estabelecido em função
dos veículos de maior altura e as distâncias de
visibilidade são estabelecidas, a partir da altura dos
olhos dos motoristas de automóveis pequenos.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto

 De acordo com o DNIT (2005), são 05 (cinco) os tipos


básicos de veículos para efeito de projeto viário:
a) Veículo de passageiros (VP): representa os veículos leves,
similares em termos geométricos e operacionais com o
automóvel, incluindo vans, utilitários, pickups e similares;
b) Veículo comercial rígido (CO): são os veículos não
articulados compostos por uma unidade tratora simples,
abrangem os caminhões e ônibus convencionais de 2 eixos e
6 rodas; sua predominância absoluta entre os veículos
comerciais em tráfego urbano o recomenda como o veículo
básico normal de projeto
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
 De acordo com o DNIT (2005), são cinco os tipos básicos de
veículos para efeito de projeto viário:
c) Ônibus de longo percurso (O): grupo que representa os veículos
comerciais rígidos longos de maiores dimensões. Incluem os ônibus de
turismo e caminhões longos, geralmente de 3 eixos e dimensões
superiores ao veículo tipo CO; possuem comprimento próximo ao limite
máximo legal para veículos rígidos;
d) Semirreboques (SR): grupo dos veículos rodoviários de carga articulados,
compostos de unidade tratora simples (cavalo mecânico) e um
semirreboque, e;
e) Reboques (RE): representa os veículos rodoviários de carga com
reboque; é composto por uma unidade tratora simples, um semirreboque
e um reboque; conhecido como treminhão; seu comprimento é o máximo
permitido pela legislação.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
Principais dimensões básicas dos Veículos de Projeto em metros:
Designação do
Caminhões e ônibus Caminhões e
veículo Veículos leves Semirreboques Reboques
convencionais ônibus longos
Características
(VP) (SR) (RE)
(CO) (O)

Altura 1,30 3,35 - 4,11 3,20 4,11 4,11

Largura total 2,13 2,44 2,59 2,59 2,59

Comprimento Total 5,79 9,14 12,19 21,03 22,04

Raio mín da roda


7,26 12,73 12,80 13,66 13,67
externa dianteira
Raio mín da roda
4,39 8,64 7,45 2,25 5,83
interna dianteira

Bitola 1,83 2,44 2,44

Raio de giro do eixo 6,40 11,58 11,52 12,50 12,47

Raio máx. da ponta


externa do para- 7,75 13,21 13,71 14,11 13,83
choque dianteiro

FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green Book). Amercian Association of State Highway and
Transportation Officials (AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
GABARITO DE GIRO DE VEÍCULOS LEVES
VEÍCULO DE PROJETO VP

AASHTO  Passenger Car (P)


FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green
Book). Amercian Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
GABARITO DE GIRO DE CAMINHÕES E ÔNIBUS CONVENCIONAIS
VEÍCULO DE PROJETO CO

AASHTO  Single-unit truck (SU-9)


(Utilizado no Brasil)
FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green
Book). Amercian Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
GABARITO DE GIRO DE CAMINHÕES E ÔNIBUS LONGOS
VEÍCULO DE PROJETO O

AASHTO  City Transit Bus (CITY-BUS)


FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green
Book). Amercian Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
GABARITO DE GIRO DE SEMIRREBOQUES
VEÍCULO DE PROJETO SR

AASHTO  Interstate Semitrailer (WB-19 [WB-62))

FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green


Book). Amercian Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.2.1. Tipos de Veículos de Projeto
GABARITO DE GIRO DE REBOQUES
VEÍCULO DE PROJETO RE

AASHTO  Double-Trailer Combination


(WB-20D [WB-67D))

FONTE: A Policy on Geometric Design Of Highwyas and Streets (The Green


Book). Amercian Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO). 6th Edition, Washington, D.C., 2011
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários

 As dimensões dos veículos influenciam o projeto


geométrico da infraestrutura viária, a saber:

a) Movimento retilíneo horizontal  largura,


comprimento, altura e folgas;
b) Veículo estacionado  largura, comprimento, altura e
folgas;
c) Movimento curvilíneo horizontal raios mínimos de
giro, e;
d) Movimento curvilíneo vertical  raios de curvatura.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.1. Movimento em Trechos Retos e Veículos Estacionados :

Legenda: Legenda:
B: bitola CT: comprimento total
L: largura do veículo BD: balanço dianteiro
A: altura do veículo BT: balanço traseiro
DE: distância entre eixos
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais (VIAS URBANAS) :

Situação típica em cruzamentos para permitir a conversão dos ônibus.


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais (Veículos-Tipo) :

Superlargura

Trajetória de um veículo-tipo em uma curva horizontal


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais (Veículos-Tipo) :

Superlargura

Trajetória de um veículo-tipo em uma curva horizontal


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais (Veículos-Tipo) :

Superlargura

Trajetória de um veículo-tipo em uma curva horizontal


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais (Veículos-Tipo) :
Legenda:
r1: raio da trajetória descrita pela roda dianteira
externa;
r2: raio da trajetória descrita pela roda dianteira
interna;
R1: raio do ponto extremo interno à curva (ponta
interna do para-choque traseiro);
R2: raio crítico da roda interna traseira;
R3: raio crítico da roda externa dianteira;
R4: raio do ponto extremo dianteiro externo (ponta
externa do para-choque dianteiro);
R5: raio do ponto extremo traseiro externo (ponta
externa do para-choque traseiro);
SL: superlargura da via necessária na curva.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.3. Veículos Rodoviários
2.3.2. Movimento em Curvas Horizontais :

Trajetória de um caminhão articulado em uma curva de baixa velocidade.


CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
2.4.1. Movimento em Curvas Horizontais:

2.4.1.1. Superlargura nas curvas :

a) Largura das Faixas :

- As faixas de rolamento destinadas aos ônibus devem


ter largura entre 3,25 m e 3,50 m;
- Somente em casos excepcionais, em trechos curtos, é
que se pode utilizar o mínimo de 3 m.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
2.4.1. Movimento em Curvas Horizontais:
2.4.1.2. Raios de Giro :
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
2.4.1. Movimento em Curvas Horizontais:
2.4.1.2. Raios de Giro :
- Conforme a ABNT NBR 15.570/2011:
“Os valores dos raios de giro dos ônibus urbanos
devem obedecer aos limites e condições de
esterçamento estabelecidos na Tabela 4. Estes valores
são relativos a uma curva de 360º (2 ∏rad) (ver Figura
3)”.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
2.4.1. Movimento em Curvas Horizontais:
2.4.1.2. Raios de Giro :
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
2.4.1. Movimento em Curvas Horizontais:
2.4.1.2. Raios de Giro :
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
2.4. Veículos Urbanos
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias
TRABALHO 2.1
a) Definir um tipo de ônibus e dimensionar a largura da faixa de rolamento de maneira que
o ônibus realize o movimento de curva horizontal (180°) e não haja sobrelargura da via
(dados de acordo com a ABNT NBR 15.570/2011), e;
b) A partir do item ‘a’, utilize as mesmas informações, ‘forçando’ as dimensões do ônibus
para que ocorra a sobrelargura. Informe o valor da sobrelargura.

Para que a questão tenha validade, fazer


o desenho em escala adequada.

Materiais utilizados:
curva de 180°
- Régua;
- Escalímetro;
- Compasso, e;
- Papel milimetrado (A3)
ou AutoCAD.
CAPÍTULO II – Dimensionamento de Vias

Questão 1
TRABALHO 2.2
Um ônibus urbano tem as seguintes características dimensionais:

Comprimento = 12,0 m; entre eixos = 6,0 m; balanço dianteiro = 2,5 m; balanço traseiro = 3,5 m;
largura = 2,5 m; bitola traseira = bitola dianteira = 2,0 m.

Deseja-se projetar a garagem para esse ônibus crítico, a qual estará situada em uma rua de mão
dupla de 8,0 m de largura e na qual as calçadas têm 2,0 m de largura.

a) Admitindo-se que o ônibus está entrando com uma curva à direita, não há transição
para a curva e que o raio mínimo de giro do ponto extremo do para-choque dianteiro
do ônibus é de 12,0 m, pede-se calcular a largura mínima do portão de entrada da
garagem, o qual está alinhado com o muro frontal, deixando uma folga de 0,5 m de cada
lado do portão, e de forma que o ônibus, ao entrar na garagem na condição mais crítica,
não invada a faixa oposta de tráfego.
Encaminhamento da solução: desenhar o ônibus no canto inferior esquerdo de uma
folha de papel milimetrado A4 na escala 1:200, utilizando a folha no sentido paisagem (
2,0 cm da margem esquerda e 1,0 cm acima do limite inferior); determinar o centro de
giro; girar o ônibus de 90° utilizando compasso (reposicione o eixo traseiro e desenhe o
ônibus no entorno dessa nova posição do eixo); traçar a envoltória; agora que você
construiu o gabarito da área necessária, desenhe a rua a partir da linha divisória central
que teve tangenciar o arco da circunferência do ponto extremo traseiro esquerdo do
ônibus; agora desenhe a calçada e o portão, incluindo as folgas.
b) Se passarmos as dimensões para 14,0 m de comprimento total e 8,0 m de entre eixos o
que muda?

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