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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO


DEPARTAMENTO DE TURISMO

GRUPO Nº 13

ESTUDO SOBRE A OFERTA TURÍSTICA DO DONDO

Luanda
2023
GRUPO Nº 13

JOSÉ CHIVINDA LIWANICA


JÚLIA CÉSAR TOMÁS

ESTUDO SOBRE A OFERTA TURÍSTICA DO DONDO

Trabalho apresentado à Escola Superior de


Hotelaria e Turismo da Universidade Agostinho
Neto como requisito para avaliação na cadeira de
Turismo e Hospitalidade VII (Gestão de Destino
Turístico).

Docente: Almeida Matias, MSc.

Luanda
2023

I
RESUMO

O turismo só é uma realidade numa determinda localidade quando é alvo de acções


assertivas advindas dos seus principais stakeholders. Este trabalho teve como objectivo estudar
a oferta turística da cidade histórica do Dondo e com base nisso propor um plano de
desenvolvimento turístico para a mesma. Os resultados obtidos com as buscas possibilitaram
aprofundar os saberes sobre a oferta turística do Dondo e de zonas circunvizinhas, aspectos que
serviram de base no acto da realização da proposta do plano de desenvolvimento do turismo
para a cidade.

Palavra-chaves: Turismo; Dondo; Planeamento turístico.

II
SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. II
CAPÍTULO I – A OFERTA TURÍSTICA DO DONDO (CAMBAMBE) .............................. 5
1.1. Caracterização do local em estudo .................................................................................. 5
1.1.1. A Cidade do Dondo .................................................................................................. 5
1.2. Divisão da oferta turística do Dondo e zonas cincunvizinhas segundo à estruturação
local ........................................................................................................................................ 7
1.3. Características da oferta turística do Dondo ligada a aspectos endógenos.................... 12
1.4. Oferta turística do município de Cambambe de acordo com as suas finalidades.......... 13
1.5. Identificação da oferta turística original ou primária da cidade do Dondo ................... 14
1.6. As estruturas de apoio ao turismo a nível local ............................................................. 15
1.6.1. Infraestruturas gerais .............................................................................................. 15
1.6.2. Serviços essenciais ................................................................................................. 16
1.6.3. Infraestruturas de transportes e meios de acesso .................................................... 17
1.7. Apresentação e actual funcionamento das instalações de alojamento no Dondo .......... 18
CAPÍTULO II - PLANEAMENTO PARA A CIDADE DO DONDO ................................... 19
2.1. Análise PEST do Dondo ................................................................................................ 19
2.2. Análise SWOT............................................................................................................... 20
2.3. Acções a desenvolver no Dondo ................................................................................... 20
2.4. Plano de marketing para a cidade do Dondo ................................................................. 22
2.4.1. Marketing Mix do destino Dondo .......................................................................... 24
2.5. Modelo mais adequado de gestão do Dondo ................................................................. 25
2.6. Os principais stakeholders do turismo no Dondo.......................................................... 26
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 29

III
INTRODUÇÃO

Um dos requisitos essenciais para a concepção e desenvolvimento do turismo em uma


determinda localidade ou destino é a existência de recursos turísticos na mesma. Pois, os
recursos turísticos funcionam como a matéria prima para o turismo. A cidade do Dondo,
localizada no município de Cambambe, província do Kwanza Norte, apresenta-se com diversos
recursos turísticos que compreendem o seu potencial e vocação para o desenvolvimento do
turismo na localidade. Não obstante, torna-se essencial conhecer as formas de como tirar
proveito das características que o território em causa possui. Nesse sentido, para o presente
estudo, estabeleceu-se como problema: como aproveitar a oferta turística do Dondo em prol
do desenvolvimento turístico dessa localidade?

O presente estudo tem como objectivo geral: propor linhas de acções que contribuam
na activação de produtos turísticos no Dondo; e como objetivos específicos pretende-se: fazer
uma caracterização da cidade Dondo; realizar um estudo sobre a oferta turística do Dondo e de
zonas cincundantes; propor um plano estratégico de desenvolvimento do turismo para a cidade.

Justificativa

O presente estudo foi desenvolvido no âmbito de aproveitamento e aperfeiçoamento de


conhecimentos adquiridos no curso de gestão turística, administrado pela Escola Superior de
Hotelaria e Turismo da Universidade Agostinho Neto. Quanto à escolha do Dondo como local
em estudo deve-se à enorme riqueza histórico-cultural que a localidade possui para além das
atracções naturais proporcionadas pelo rio Kwanza e pelo facto de existirem poucos estudos
referentes à localidade. Portanto, o presente estudo propõe-se a ser mais um contributo para o
campo académico e para os stakeholders relacionados com o turismo no Dondo.

Metodologia

Para a realização deste estudo teve de se fazer uso de técnicas de recolha de dados como
as pesquisas bibliográfica e documental, que compreendem a consulta em fontes de
informações já analisadas e publicadas. O presente estudo é de natureza básica. No que
concerne ao tipo de pesquisa, a mesma é do tipo qualitativa, já que não houve necessidade de
recurso a conhecimentos estatísticos para a interpretação e apresentação dos resultados.

Em relação à estrutura do trabalho, o mesmo está composto de dois capítulos apenas,


sendo que o primeiro capítulo compreende a caracterização Dondo juntamente com a sua oferta
turística. O segundo capítulo compreende a proposta de planeamanto turístico da localidade.

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CAPÍTULO I – A OFERTA TURÍSTICA DO DONDO (CAMBAMBE)

1.1. Caracterização do local em estudo

Cambambe é um município da província do Kwanza Norte, em Angola, que tem sede


na cidade de Dondo. O município tem 5.212 km² e cerca de 92 mil habitantes. É limitado a
norte pelos município do Dande e Pango Aluquém, a leste pelos municípios de Golungo Alto,
Cazengo e Cacuso, a sul pelos municípios de Libolo e Quissama, e a oeste pelo município de
Ícolo e Bengo (Wikipedia, 2022).

O município é constituído pela comuna-sede, correspondente à cidade de Dondo, e pelas


comunas de Massangano, Danje-ya-Menha, Zenza do Itombe e São Pedro da Quilemba
(Wikipedia, 2022).

1.1.1. A Cidade do Dondo

Dondo é uma cidade angolana, sede do município de Cambambe, província de Kwanza


Norte. Está localizada nas margens do rio Kwanza, a cerca de 183 quilómetros de Luanda
(Knoow.net, 2017).

Fonte: Adiminstração Municipal de Fonte:www.google.com/maps [22/12/2022]


Cambambe (2013, cit. em Castro, 2017)
Figura 2 - Cidade do Dondo
Figura 1 - Mapa simplicado de
localização do Dondo.

A população residente está estimada em cerca de 71 mil habitantes, oriundos


maioritariamente dos municípios fronteiriços do Libolo (Kwanza Sul) e Kissama (Luanda), e
cujo dialecto predominante é o kimbundo (Jornal de Angola, 2017).

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Desde o final do período colonial e até à década de 80 do século XX, Dondo foi um
importante centro industrial, sendo considerado como o 4º pólo industrial do país. Contudo, e
ao contrário do que aconteceu em muitas outras cidades industriais angolanas, a indústria local
entrou em declínio e actualmente a maioria da sua população dedica-se à prática da agricultura,
pesca e comércio (Knoow.net, 2017).

História do Dondo

No período pré-colonial, a cidade do Dondo (na altura denominada Mbanza Kabaza)


pertencia ao Reino do Ndongo, um importante reino africano da região criado durante o século
XIV pela migração de povos negros oriundos do centro de África, chefiados pelo rei Ngola
Nzinga, que avançou para o Kwanza e ocupou todas as terras até ao mar. Além de ter sido sede
do Reino do Ndongo, o Dondo albergava a maior feira comercial do reino e provavelmente de
toda a região, absorvendo produtos trazidos pelas caravanas provenientes das Lundas e da
Quibala (Knoow.net, 2017).

Com a instalação em 1771, pelo português Francisco Inocêncio Coutinho, de uma


grande fábrica de fundição de ferro na região, mais especificamente em Nova Oeiras, hoje na
comuna de Massangano, o Dondo conhece um período de grande desenvolvimento e
prosperidade económica. Face a esse desenvolvimento, a povoação é elevada a sede de
concelho em 1857 e em 1870 é elevada a vila. Por essa altura, um grande número de habitantes
da Aldeia do Soba Kambambe transfere-se para o Dondo dando novo impulso ao seu
crescimento, sobretudo na área agrícola (Knoow.net, 2017).

Contudo, foi já no decorrer do século XX que o Dondo conheceu o seu período de maior
prosperidade, a que não será alheio a chegada do caminho de ferro à cidade em 1941 e a
construção da barragem hidroeléctrica do Cambambe cujas obras foram concluídas em 1960.
Com estas duas importantes infraestruturas, segue-se uma fase de grande crescimento industrial
da cidade, salientando-se a instalação do complexo industrial têxtil SATEC (depois
denominada Bula Matadi l), a sociedade de Vinhos VINELO, uma unidade de produção de
materiais de construção, a sociedade algodoeira de Ambriz e ainda a fábrica de cerveja EKA
(Knoow.net, 2017).

Em 29 de Maio de 1973, pouco antes da independência de Angola, e como resposta ao


seu grande desenvolvimento, o Dondo é elevado à categoria de Cidade. Nos anos que se
seguiram, e como consequência direta da guerra civil angolana, a indústria do Dondo entrou
numa fase de grande declínio, restando actualmente apenas a barragem de Cambambe e a
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fábrica de cerveja EKA que ainda mantém a produção em pleno. Contudo, ainda há perspectivas
da cidade retornar ao desenvolvimento (Knoow.net, 2017).

Aspecto geográfico

Dondo possui uma área geográfica de 48 km2 e o seu território é composto por dois
aglomerados populacionais separados por cinco quilómetros, nomeadamente a cidade do
Dondo e o Alto Dondo, situado numa quota mais elevada, onde existe a divisão rodoviária para
os destinos do sul e leste do país. Este aglomerado surge na sequência da construção da fábrica
de cerveja e das moradias para os seus trabalhadores nos finais de 1960 (Castro, 2017).

A cidade é constituída por cinco grandes bairros, nomeadamente Quissanga, Cafuma,


Cerâmica, Cacesse, Alto Dondo, bairros estes que acompanham a estrada nacional
longitudinalmente devido à limitação imposta pela frente fluvial de um lado e conjunto de
montanhas do outro (Castro, 2017).

1.2. Divisão da oferta turística do Dondo e zonas cincunvizinhas segundo à estruturação


local

Bens livremente disponíveis

Sobre a classificação da oferta turística segundo à estruturação da comuna do Dondo,


em primeiro, importa frisar que de acordo com Barbosa (2005), bens livremente disponíveis
são aqueles que, não sendo bens económicos por definição, constituem as bases fundamentais
da produção turística, assim como o clima, as paisagens, o relevo, as praias, lagos, fontes
termais. Nesse âmbito, para a localidade em estudo há a destacar como se seguem.

Fonte: www.pinterest.com [24/12/2022] Fonte: medicareclub.ao [24/12/2022]


Figura 3 - Rio Kwanza, Dondo, Angola Figura 4 - Praia de Kiamafulo

 Rio Kwanza – o maior rio exclusivamente angolano. Sua importância económica para o
país é inquestionável. O Rio Kwanza é responsável pelo abastecimento de algumas das
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principais barragens hidroelétricas de Angola, tais como: Barragem de Laúca, barragem de
Cambambe e barragem de Capanda, responsáveis pelo abastecimento de energia elétrica e
água potável. Foi atribuído o nome de Kwanza ao rio devido às províncias do Kwanza
Norte que está na margem norte do rio e Kwanza Sul que está na margem sul do rio.
Também é o nome dado à principal moeda de troca em Angola “Kwanza” (Welcome To
Angola, 2022). Do ponto de vista turístico, proporciona paisagens de grande beleza,
passeios, actividades recreativas e desportivas, principalmente entre as localidades do
Dondo e Massangano (Castro, 2017).
 Praia de Kiamafulo - a escassos 12 quilómetros da velha cidade do Dondo, está localizada
a praia do Kiamafulo, uma praia fluvial de grande beleza que derrama as suas areias até à
proximidade da ponte dório Kwanza. A praia é invadida por gente que vem de todo o país,
mas sobretudo de Luanda, N’Dalatando, Calulo e Dondo. Os excursionistas procuram as
águas cristalinas e a areia morna e morena (Hoteis Angola, s.d).
 Marginal do Dondo - é a zona de maior actividade turística do Dondo, anteriormente com
muitos dos seus equipamentos e serviços turísticos em estado de ruina, informações obtidas
do site de notícias Agência Angola Press (ANGOP) dão conta que, recentemente começou
a ser desenvolvida um projecto de requalificação da marginal da cidade do Dondo pela
Adminstração Municipal de Cambambe (AMC). Segundo o mesmo site o projecto
contempla várias fases, sendo a primeira iniciada em finais de Dezembro de 2020, na qual
compreende a construção de nove bungalows, quadra polidesportiva, quiosques e
esplanadas, áreas verdes e outros serviços de lazer, hotelaria e turismo (ANGOP, 2021).
 Albufeira da Barragem de Cambambe - apresenta uma beleza cénica peculiar, com um
perímetro verde circundante. Possui todas as condições para acolher equipamentos e
serviços para desenvolver a actividade turística (Castro, 2017).
 Montanhas e geossítios: As encostas íngremes ao longo do rio apresentam valências
estéticas, suscetíveis de serem aproveitadas turisticamente, com lugares praticamente
virgens (Castro, 2017).
 Lagoas e ilhas - na comuna de São Pedro da Quilemba, particularmente na região do
Bungo, o Rio Kwanza se desdobra em braços, obedecendo o relevo acidentado, para formar
ilhas com palmares e outros componentes da flora local, para além dos rápidos e cataratas
que representam um autêntico regalo da natureza. De igual modo, na comuna de
Massangano, o Rio Kwanza e o seu afluente Lucala, têm uma zona de confluência que deu

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origem a lagoas com abundante peixe e mamíferos fluviais (Cazanga e Ngolome), sendo
também elementos de atração da fauna local (Castro, 2017).

De acordo com o que se observa, no âmbito dos bens livremente disponíveis para o
desenvolvimento de actividades turísticas no Dondo e em zonas circunvizinhas, repara-se que
há, para a localidade em estudo, recursos naturais com potencial de servirem de base
fundamental na materialização e desenvolvimento de determinadas actividades turísticas. Nesse
sentido, um planeamento adequado à realidade e que considere todos estes recursos é de capital
importância.

Bens imateriais

De acordo com Barbosa (2005), bens imateriais são aqueles que, resultante da maneira
de viver do homem, exercem sobre os outros homens um fenómeno de atracção, tal como
tradições, cultura, exotismo. Neste quesito, são apontados para o caso em estudo como os
seguintes.

Fonte: jornaldeangola.ao [26/12/2022]


Figura 5 - Extratos da Feira do Dondo

 Feira do Dondo – o evento divulga a história e a cultura do Dondo e de outras regiões da


província, a partir das exposições de artesanato, obras de alto valor cultural e histórico,
bem como dá visibilidade às características arquitectónicas da antiga cidade (Edições
Novembro, 2015). A Feira realizada anualmente no Dondo tem por objectivo reconstituir
a história do entreposto comercial desta região, transformando-a num roteiro turístico e
cultural, que passa pelos sítios e lugares de memórias (Moniz, 2015).

Para além do evento cultural mencionado, ainda no âmbito dos bens imateriais que
podem interessar o turismo, na realidade em estudo o destaque vai igualmente aos hábitos e

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costumes que caracterizam não só os habitantes do Dondo, mas também de áreas
circunvizinhas.

A dança tradicional tem uma componente recreativa e condição de veículo de


comunicação religiosa, curativa, ritual e até de intervenção social. O talento musical é expresso
nas rodas noturnas dançantes de luz lunar ou em marimbas, batuques e outros instrumentos
musicais. Os momentos de alegria à volta da fogueira, em cerimónias de casamento, iniciação
dos jovens à puberdade, entronização dos soberanos, ou igualmente nos momentos de
infortúnio são característicos de muitas povoações do município (Castro, 2017).

Um dos aspectos marcantes nos hábitos e costumes dos povos é a celebração da união
de duas famílias – o casamento tradicional. É uma das marcas da cultura, que só se considera
consumado com entrega completa do dote acordado previamente entre as famílias
(alembamento: compensação matrimonial em bens, dinheiro e animais, que a família do noivo
oferece a família da noiva). Para esses povos, os casamentos civis e religiosos são apenas
formalidades com pouco valor simbólico, enquanto não for cumprida as obrigações tradicionais
(Castro, 2017).

Para além dos mencionados, observa-se então na realidade em estudo um conjunto de


bens imateriais que podem servir de matéria prima à actividade turística para comuna do Dondo
e em áreas circunvizinhas.

Bens turísticos básicos criados

Na concepção de Barbosa (2005), bens turísticos são aqueles que, pelas suas
características ou dimensões provocam o desejo de viagem, tal como monumentos, museus,
parques temáticos, centros desportivos, estâncias termais. Neste âmbito, na realidade em estudo
destacam-se, como será visto a seguir.

Fonte: verangola.net [26/12/2022] Fonte: medicareclub.ao [26/12/2022]


Figura 6 - Ruinas da Fortaleza de Massangano Figura 7 - Igreja Nossa Senhora da Victória de
Massangano

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Fonte: medicareclub.ao [27/12/2022]
Figura 8 - Extratos das Ruinas da Fortaleza de Kambambe

 Ruínas de Massangano: são referenciados edifícios como a fortaleza, a Igreja Nossa


Senhora de Vitória, a sepultura de Paulo Dias de Novais, a fábrica de fundição de ferro de
Nova Oeiras, antiga Câmara Municipal e a Casa da Reclusão. Edificações que serviram
para a transferência do poder da província ultramarina para Massangano, aquando da
ocupação de Luanda pela força armada holandesa entre 1641 e 1648 (Castro, 2017).
 Fortaleza de Cambambe - a Fortaleza de Cambambe era usada como uma base militar
dos portugueses, e esta base também era usada como prisões de alta segurança onde os
escravos eram capturados e mantidos trancados na fortaleza até ao momento que eram
levados para a europa e a américa com o objectivo de serem comercializados, e armazéns
para produtos que era encontrado nas terras colonizadas (Welcome To Angola, S.d).
 Conjunto histórico do Dondo: antiga câmara municipal, Casa Leão (completamente em
ruínas), mercado municipal e todo o conjunto de edificações urbanas que possibilitaram a
elevação do Dondo a vila e posteriormente a cidade. O cemitério (1884) e o mercado
municipal (1887) por exemplo, são locais com história, por onde passava a vida e a morte
de grande parte dos habitantes da cidade e dos seus bairros suburbanos (Castro, 2017).
 Largo 4 de Fevereiro: situada na marginal, era o largo de desembarque da cidade. Neste
espaço localizava-se a feira de comercialização de produtos diversos e de escravos, sendo
um palco para resgate de parte da memória nacional. Hoje, para além da realização da feira
do artesanato no espaço contíguo, estão concentradas diariamente as barracas de chapas de
zinco que fornecem alimentação e bebidas aos viajantes, assim como quiosques com
artigos diversos e souvenirs (Castro, 2017).

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Bens e serviços turísticos complementares

De acordo com Barboza (2005), bens e serviços turísticos complementares são aqueles
que, resultando em exclusivo, da acção do homem, permite a deslocação e garantem as
necessidades de permanência: meios de transporte, vias de comunicação, meios de alojamento
e alimentação. Nestes termos, tudo quanto se enquadrar neste conceito no caso da realidade em
análise, configuram este tipo de oferta turística, a considerar os meios de transportes rodoviário,
ferroviário e hidroviário que possibilitam chegar ao Dondo, as infraestruturas de transportes
rodoviárias e ferroviárias, e os estabelecimentos hoteleiros e similares que permitem o
acolhimento de visitantes na cidade.

1.3. Características da oferta turística do Dondo ligada a aspectos endógenos

Segundo busca realizada no “site forumdascidades.pt”, o desenvolvimento endógeno é


uma forma específica de desenvolvimento económico, que depende principalmente da
mobilização dos recursos internos de cada território. Estes recursos endógenos englobam
recursos naturais e as matérias primas, as competências, o conhecimento e a capacidade de
inovação, as produções locais específicas (a agricultura, floresta, artesanato, indústria local) e
os factores de atracção para a economia turística e residencial (condições climatéricas,
património natural e cultural, paisagem atractiva e outras amenidades).

Neste ponto, no caso do Dondo, identifica-se como oferta turística intimamente ligada
a aspectos endógenos o artesanato realizado a nível local sendo que, entre outros aspectos, a
Feira de Artesanato do Dondo constitui uma das maiores forma dos artesãos locais exporem e
venderem suas produções. Evento que, segundo informações obtidas do Jornal de Angola, é
realizado anualmente, geralmente no mês de agosto, e chega a reunir mais de duas centenas de
expositores (Edições Novembro - E.P, 2016).

A Feira de Artesanato do Dondo tem por objectivo preservar e promover a cultura do


Dondo e de localidades circunvizinhas (Edições Novembro - E.P, 2019).

Fonte: pressreader.com [27/12/2022]


Figura 9 - Extratos da Feira do Artesanato no Dondo
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1.4. Oferta turística do município de Cambambe de acordo com as suas finalidades

Oferta turística de atracção

Configuram a oferta turística de atracção do Dondo a história (monumentos e sítios


histórico), a cultura e as atracções turísticas naturais que a cidade possui.

Fonte: jornaldeangola.ao [28/12/2022]


Figura 10 - Excursão de estudantes no Dondo

Oferta turística de recepção

Fonte: www.facebook.com [28/12/2022]


Figura 12 - Hotel Zeos, Dondo

Fonte: www.google.com [28/12/2022] Fonte: www.google.com [28/12/2022]


Figura 11 - Dondo's lounge, nas margens do rio Kwanza Figura 13 - refeição num dos espaços, Dondo

Configuram a oferta turística de recepção de visitantes na cidade do Dondo os seguintes:

 Locais para se hospedar: Hotel Zeos; Hospedaria Super Many; Hospedaria e Restaurante
Oliveira; Hospedaria e Restaurante Esteves; Hospedaria Mariscoal; Tubya Twa Wama, etc.

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 Locais para comer e beber: Restaurante Kissanga; Dongadas Space; Dondo’s longe, etc.

Das buscas realizadas, foi constatado a existência de poucos equipamentos, bens e


serviços para recepção de turistas, sendo que os mesmos ainda não fornecem serviços de
qualidade de topo, factor que demonstra a necessidade da aposta no investimento em estruturas
de recepção de visitantes na cidade do Dondo.

Oferta turística de animação

Em relação à oferta turística de animação, ou seja, locais para lazer e entreter os


visitantes, destacam-se os estabelecimentos para a vida nocturna na cidade. Neste âmbito,
segundo Castro (2017), Dondo conta com um total de cinco discotecas. No entanto houve, no
caso do presente estudo, limitação metodológica para a identificação de mais estruturas e
serviços de animação existentes na cidade, factor que não deixa de evidenciar a necessidade de
investimento nesta área a nível local.

1.5. Identificação da oferta turística original ou primária da cidade do Dondo

A oferta turística primária (clima, paisagem, património histórico e cultural, tradições,


folclore, artesanato, entre outros) deve constituir o argumento base para a definição de uma
política turística e para a concentração da natureza da oferta derivada a construir (hotéis,
restaurantes, instalações de animação) (Araujo, 2016).

Para o caso da cidade do Dondo, além do património natural, expresso no majestoso rio
Kwanza e na sua envolvente de montanhas, fauna e flora, o centro da cidade é preenchido por um
património construído com estruturas do século XVIII e XIX. Na sua circunscrição, num raio
aproximado de 20 km, pontificam monumentos e sítios históricos de interesse (Castro & Carvalho,
2014). Desta maneira, relevando as características, constituem a oferta turística original ou primária
do Dondo os seus recursos naturais, os sítios de interesse histórico e culturais, ou seja, o seu
património cultural.

Fonte: Castro e Carvalho (2014)


Figura 14 - Património construído, Dondo
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1.6. As estruturas de apoio ao turismo a nível local

1.6.1. Infraestruturas gerais

 Sistemas de abastecimento e distribuição de água potável – em relação ao sistema de


abastecimento de água no Dondo, a maioria da população socorre-se dos fontanários que
estão distribuídos pelos bairros. O sistema de captação e tratamento não tem capacidade
para satisfazer o consumo de uma população que cresce ano após ano (Castro, 2017). Não
obstante, acções têm vindo a ser levadas a cabo pela administração local no sentido de
melhorar o sistema de fornecimento de água potável na cidade do Dondo.
 Sistema de distribuição da rede eléctrica – No que concerne a energia eléctrica, apesar
de no perímetro da comuna se situar a barragem de Cambambe, a poucos quilómetros da
sede. Todavia, o abastecimento e a distribuição eléctrica tem experimentado igualmente
muitos constrangimentos, ao ponto de alguns bairros beneficiarem de energia já nesta
década, apesar do complexo hidroeléctrico entrar em funcionamento em 1963. Algumas
acções foram desenvolvidas no sentido de construção e reforço de redes elétricas de média
e baixa tensão, assim como a melhoria da iluminação pública. Porém, importa referir que
o abastecimento de energia eléctrica nos bairros periféricos é dificultado também pelas
condições de acesso e edificações desordenadas, com malhas urbanas bastante irregulares
(Castro, 2017).
 Saneamento básico - em relação ao saneamento básico a situação é ainda mais
calamitosa devido à incapacidade de recolha e tratamento dos dejetos e águas residuais
pelas autoridades públicas. Grande parte das residências não possuem instalações
sanitárias adequadas, de maneira que a população recorre ao ar livre para fazer as suas
necessidades fisiológicas. Os resíduos são depositados a céu aberto e alguns deles mesmo
à beira do Kwanza ou nas margens da Kapacala e do Mucoso (Castro, 2017).
 Sistema de esgotos - devido à falta de sistema de esgotos integrado, desenvolveu-se o
uso de latrinas com fossas sépticas. Não existindo condições para a remoção de resíduos
do solo existe o risco constante de transbordo com graves problemas sanitários (Castro,
2017).
 Sistemas de comunicações – em relação às comunicações importa assinalar a existência
de jornais, sinais de várias rádios e da televisão pública, serviços de correios, serviços de
telefonia móvel e fixa e acesso à Internet. Embora estes últimos serviços funcionem com
muita deficiência, principalmente no período de chuva quando há trovões e ventos fortes
(Castro, 2017).
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1.6.2. Serviços essenciais

Existe um hospital municipal no centro da cidade e alguns centros de saúde nas


periferias (Castro, 2017).

Mercado municipal - reabilitado em 2010 é um equipamento que faz parte do conjunto


histórico da cidade, construído em 1887. Para além deste mercado existem outros mercados nos
bairros periféricos, sendo os mais movimentados o de Cacesse e o da Cidade, à marginal,
adjacente ao largo 4 de Fevereiro (Castro, 2017).

A actividade comercial exercida pelos agentes económicos do município apresenta


grandes debilidades em termos de prestação de bens e serviços. Os poucos agentes grossistas
da cidade do Dondo têm grandes dificuldades para satisfazer com regularidade as necessidades
de produtos básicos e mercadoria diversa (Castro, 2017).

Em relação à banca e aos serviços financeiros, há assinalar a implantação de mais de


cinco entidades bancárias com vários produtos para os clientes, onde pontificam o crédito jovem
e o microcrédito. No entanto, o expediente para a obtenção destes produtos é bastante
burocrático, oneroso e intemporal. A gestão local tem uma autonomia bastante limitada nos
processos de concessão de créditos (Castro, 2017).

Bombas de combustíveis – existem na cidade do Dondo Posto de Abastecimento


Kissanga (TOTAL), o Posto de Abastecimento Kissanga II, Posto de Abastecimento da
Sonangol no Alto Dondo. Um dos Postos de Abastecimento da cidade está actualmente fechado.
No que concerne à questão de segurança e proteção civil, há na cidade do Dondo órgãos de
representação local da Polícia Nacional e Serviços de Protecção Civil e Bombeiros.

Produção industrial

A construção e presença da barragem de Cambambe propiciou a elaboração de um plano


de industrialização do Dondo e de outras localidades do município, sobretudo aquelas
privilegiadas pela presença de rios.

 A Sociedade Angolana de Tecidos Estampados (SATEC) foi das primeiras unidades


fabris a ser construída no Dondo, tendo a sua inauguração acontecido em 1966. A fábrica
esteve paralisada por um quarto de século. Não obstante, retomou a produção
recentemente, sendo agora chamada de “Comandante Bula” (Silva, 2021).
 A VINELO é uma unidade fabril direcionada para o fabrico de derivados de frutos
diversos, bebidas fermentadas, como o vinho, assim como sumos, compotas e

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outrosenlatados. Iniciou a sua atividade no princípio da década de 1970. Hoje o seu
equipamento encontra-se obsoleto e com poucas possibilidades de recuperação (Castro,
2017).
 A empresa angolana de Cervejas (EKA), foi fundada em 1969 e introduziu a sua primeira
produção no mercado em 29 de Janeiro de 1972 (Wikipedia, 2021). A mesma continua em
pleno funcionamento até ao actual momento.
 Para além empresas supracitadas, juntam-se à actividade industrial na realidade em estudo
o Complexo Hidroelétrico de Cambambe e a fábrica de água purificada Santa Isabel, cuja
captação da água é feita a partir do Rio Kwanza (Castro, 2017).

1.6.3. Infraestruturas de transportes e meios de acesso

Fonte: rna.ao [29/12/2022] Fonte: Jornadeangola.ao Fonte: pt.wikipwdia.org [29/12/2022]


Figura 15 - CFL com rota [29/12/2022] Figura 17 - Estação do CFL, Dondo
Luanda/Dondo/Luanda Figura 16 - Rede Macon com
Escala Dondo

A Estrada Nacional nº 321, mais conhecida pelo seu prefixo EN-321, segundo
disposições do Plano Nacional Rodoviário, liga a província de Luanda à cidade do Dondo
(Wikipedia, 2020).

Com cerca de 66,5 km de extensão, a EN-321 é um dos principais eixos entre o centro-
norte e o leste do país, além de ser uma ligação importante da capital nacional com o interior
do território nacional, pois dá ligação à Estrada Nacional nº 230 (EN-230), a Estrada Nacional
nº 322 (EN-322) e a Estrada Nacional nº 120 (EN-120). Parte do seu percurso era via auxiliar
do antigo Ramal do Dondo do CFL (Wikipedia, 2020).

Actualmente, existem para a cidade, carreiras diárias de transporte rodoviário


proporcionadas por empresas privadas, assim como transportes particulares. A linha férrea que
liga o Dondo à capital do país tem uma carreira de duas viagens por semana (Castro, 2017).

17
1.7. Apresentação e actual funcionamento das instalações de alojamento no Dondo

Em relação à oferta hoteleira, de acordo com Castro (2017, p.265) “dados recolhidos da
Secção Municipal de Turismo dão conta da existência dos seguintes empreendimentos em
operação: 1 hotel, 6 pensões e 4 hospedarias, perfazendo um total de 230 quartos”.

No que concerne ao funcionamento dessas instalações de alojamento actualmente, a


seguir serão destacados alguns, tal como:

 Hotel Zeos ( ) – buscas levam a crer que o hotel Zeos, classificado com uma categoria
de três estrelas é, ao momento, o estabelecimento de referência em funcionamento a nível
da cidade do Dondo. O estabelecimento está localizado perto da estação ferroviária do
Dondo e está aberto ao público em geral 24 horas por dia e sete dias por semana.
 Hospedaria e Restaurante Oliveira – localizado no Dondo, actualmente em funcionamento,
o espaço oferece acomodação e alimentação e bebidas. A mesma tem um horário de
funcionamento diário que vai das 7h30 às 23h00, estando aberto todos os dias da semana.
 Hospedaria e Restaurante Esteves – localizado no Dondo, actualmente em funcionamento.
O mesmo está aberto 24 horas, estando igualmente aberto todos os dias da semana.

Contudo, de acordo com Castro (2017), os empreendimentos turísticos são humildes


sem as mínimas condições para a prestação de um serviço com padrões de elevada qualidade.
Enquanto o turismo não acontece de facto, o Dondo vive com alguma actividade hoteleira e
pequenos serviços de restauração.

18
CAPÍTULO II - PLANEAMENTO PARA A CIDADE DO DONDO

A realização e proposta de um plano estratégico de desenvolvimento do turismo para a


cidade do Dondo, tal como todo e qualquer plano, teve de obedecer uma série de etapas, na qual
a primeira fase baseou-se na realização de diagnósticos, visando a percepção da situação actual
da realidade em estudo e com vista a delinear as fases seguintes do planeamento. Nesse sentido,
iniciou-se com a realização da análise PEST, como pode se ver a seguir.

2.1. Análise PEST do Dondo

Variáveis político-Legais

 A estabilidade política que o país vive;


 Lei nº 9/15 de 15 de Junho – Lei do Turismo (Angola);
 Lei nº 15/03 de 22 de Junho – Lei de defesa do consumidor (Angola);
 A corrupção em Angola.

Variáveis económicas

 Nível de pobreza vigente e taxa de desemprego nacional;


 Incapacidade de investimento por parte dos investidores locais devido a dificuldades no
acesso ao crédito;
 Taxa de inflação em torno dos 15% a nível nacional;
 Baixa renda do lado da maior parte das famílias angolanas.

Variáveis socioculturais

 Poucos ou falta de equipamentos culturais;


 Esperança média de vida de 61,6 anos em 2022 (mulher – 64,3 anos e homens 59 anos);
 Prevalência da taxa de Malária e serviços sociais básicos;
 Fragilidade do sistema de saúde;
 Biodiversidade, os rios (vias de penetração ao interior do país);
 Patrimônio cultural (material e imaterial) e natural.

Variáveis Tecnológicas

 Redes de transportes com frequência regular para o Dondo;


 Deficiência no funcionamento de serviços de telefonia móveis e acesso à internet;
 Fraca infraestrutura de hospitalidade em turismo, sobretudo na cidade em estudo
(Dondo – Cambambe) e de promoção de destino.

19
2.2. Análise SWOT

Atendendo a limitação da análise PEST quanto ao diagnóstico da situação interna dos


destinos turísticos, de forma complementar realizou-se a análise SWOT, tal como pode se ver
abaixo.

Tabela 1- Análise SWOT

Pontos fracos Ameaças


o Fragilidade no sistema de saúde; o Instabilidade económica que o
o Baixa renda das famílias; país atravessa;
o Pouca autonomia e incapacidade financeira e o Elevada taxa de inflação;
técnica dos agentes estatais locais em promover o A notoriedade e grau de
iniciativas privadas (empresas) nacionais; desenvolvimento de destinos
o Dificuldades no acesso ao crédito; concorrentes;
o Poucos meios de hospedagens e restaurantes; o Mercado pouco conhecido,
o Degradação dos monumentos e sítios históricos; fraco investimento estrangeiro
o Sistema de esgotos e saneamento básico no país.
precários, etc.

Pontos fortes Oportunidades

o Recursos turísticos naturais; o Desvalorização do Kwanza face


o Localização geográfica da cidade do Dondo; a moedas estrangeiras;
o Monumentos e sítios históricos; o Algum melhoramento, nos
o Artesanato representativo; últimos, do ambiente de negócio
o Singularidade da região; em Angola;
o A gastronomia. o Oportunidade de
desenvolvimento do turismo
cultural e modalidades
alternativas.

Fonte: elaboração própria

2.3. Acções a desenvolver no Dondo

i. Comunicação e divulgação: marketing turístico, sensibilização da população, promoção


da imagem do Dondo e zonas circundantes, realização de eventos (nacional e internacional)
de caráter cultural, desportivo, feiras e festivais, intercâmbios, preservação e promoção da

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diversidade cultural, promover a cultura da paz, a segurança e a estabilidade sociopolítica,
proteção do patrimônio turístico.
ii. Melhoramento das infraestruturas: estradas, vias de acesso às atracções turísticas,
sistema de saúde (hospitais/unidades de saúde), saneamento básico, energia e agua potável,
sistemas de saneamento e rede de esgotos, recuperação de edifícios e urbanização.
iii. Administração, formação e Plano Estratégico do turismo: formação de recursos
humanos relacionada ao turismo, quadros e técnicos especializados, mão-de-obra local,
investigação cientifica, politica, legislação, descentralização e dinamização do poder local.
iv. Inovação, incentivo e investimento: motivação a investimento turístico (nacional e
estrangeiro), empreendedorismo, sustentabilidade, agências de viagem e operadores
turísticos.
v. Natureza: proteção do meio ambiente, fauna e flora, turismo rural, ecológico, reserva da
biosfera.

Objectivos

A descrição destes objectivos teve a gênese nas bibliografias consultadas e alguns


aspectos constatados, de acordos com buscas, sobre a realidade local da Cidade do Dondo.

i. Assumir o processo de planeamento estratégico integrado do desenvolvimento sustentável


em turismo, como alavanca para o desenvolvimento do sector e do próprio Dondo, sendo
na sua primeira fase acções de curto prazo, imediatamente seguida por um planeamento de
médio e longo prazo;
ii. Desenvolver ao mais alto nível, relações públicas, envolvendo instituições, personalidades
(figuras públicas) nacionais e estrangeiras na comunicação, promoção e divulgação da
imagem do Dondo como destino seguro para investir e desenvolver actividades cultural,
de natureza;
iii. Desenvolver parcerias público-privadas interna e externamente (nos principais mercados
da África Austral e nos principais mercados alvos a nível internacional) para a promoção,
divulgação da marca a criar para a cidade do Dondo;
iv. Desenvolver e promover mecanismos que façam funcionar a política de criação de fundos
de investimento privado e de incentivo às empresas e iniciativas privada;
v. Melhoramento do sistemas de estradas, em particular a nível do Dondo e zonas
circundantes, assim como, o melhoramento da capacidade de fornecimento a nivel local de

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energia eléctrica, água potável, saneamento básico no município de Cambambe e na
comuna do Dondo;
vi. Construção de edifícios modernos e reabilitação urbana da cidade do Dondo;
vii. Procurar que, num horizonte de tres anos, iniciem a se verificar resultados satisfatórios,
gerar receitas turísticas, promovendo emprego e desenvolvimento social a nível local;
viii. Promover o patrimônio cultural e natural, ao mesmo tempo, registar a marca a criar para a
cidade do Dondo, o artesanato e a gastronomia local, tornando-os mais conhecidos a nível
nacional e internacional;

Pois, se os objectivos de planeamento turístico visam dar respostas aos problemas


sociais, a sociedade alvo deve ser envolvida no sentido mais pleno deste termo e processo.
Assim, qualquer iniciativa e responsabilidade que visa a elaboração de um plano estratégico
deve ser sempre assumido em primeiro plano pelo governo, em colaboração com os seus
parceiros de desenvolvimento e outros stakeholders.

Programas de Medição de Desempenho

Aprovados, os planos de acções devem ser postos a funcionar através, exatamente, das
acções e de pessoas responsáveis neles indicados. O Programa de Medição de Desempenho vai
compreender a definição de um sistema de medição que possua indicadores e metas que
permitem avaliar e acompanhar o desempenho global, considerando as necessidades das partes
interessadas do turismo, visando à promoção da melhoria continua. O conjunto dos ciclos de
controle, decorrido um tempo planeado, permitirá que se alce o turismo a sucessivos degraus.
A visão sistêmica deverá conduzir os responsáveis envolvidos com o turismo a continuados
ciclos de aprendizado. Este Ciclo de Controle de Processos deverá, em tese, que consiste em
definir metas e os métodos a serem aplicados, através da elaboração do plano estratégico;
executar as ações planeadas; análise dos efeitos do trabalho executado e atuação no processo
em função dos resultados obtidos, de forma a aprender e melhorar continuamente.

2.4. Plano de marketing para a cidade do Dondo

Objectivos do plano de marketing

i. Contribuir no desenvolvimento da futura marca turística do Dondo, com vista a promover


o turismo doméstico e internacional;
ii. Posicionar Dondo como um destino turístico de cultura peculiar e lazer diversificado
mediante o desenvolvimento de campanhas criativas para apoiar a sua futura marca.

22
Mercados – alvo

No que concerne ao mercado alvo, propõe-se inicialmente acções de marketing


orientadas ao mercado doméstico, indo de encontro com aquelas que são as orientações do
Plano Director do Turismo 2011 – 2020. Depois de alcançados resultados satisfatórios no
mercado interno, a seguir deve ser acções de marketing direcionadas aos principais mercados
emissores a nível da África austral e, em seguida, acções de marketing direcionadas aos
principais mercados emissores internacionais.

Clientes – alvo

Em relação ao à procura desejável sobre o principal produto turístico sendo sugerido


para a cidade do Dondo e zonas circundantes, que é o turismo cultural, de acordo com Castro
(2017, p. 430), espera-se que os clientes alvo tenham o seguinte perfil:

“viajantes solitários (investigadores nas diversas áreas do saber), grupos de estudantes, famílias
e grupos de amigos. Pretendem aprofundar conhecimentos sobre o local e sobre a história de
Angola, em particular do Reino do Ndongo e das suas figuras mais proeminentes. Variados
estratos da sociedade, classe média, média baixa e média alta. O nível académico predominante
deverá ser o ensino superior, com segmentos assinaláveis de nível médio e pós-graduado. Em
suma, serão turistas com empregos razoáveis ou profissionais liberais, adultos de meiaidade e
terceira idade, estudantes universitários, jovens irreverentes e alocêntricos com elevado capital
cultural, ligados às “comunidades” Rasta, Rap e outras”.

Posicionamento

De acordo com a literatura consultada e relevando as característica do local, sugere-se


que Dondo se posicione como “um destino acolhedor, de história e cultura peculiar onde, entre
outros benefícios para a alma, é possível obter momentos únicos de lazer, contemplando as
belezas paisagísticas que revestem as margens do rio kwanza e estar em contacto com a
natureza”. Dondo deverá ser percepcionada como um destino de cultura original, autêntica e
natureza e uma boa relação qualidade-preço.

Diferenciação

No entanto, de acordo com as análises efetuadas (PEST e SWOT), conclui-se que o


turismo ainda não é uma realidade para a comuna do Dondo e para o município de cambambe.
Nesse sentido, propõe-se uma estratégia assente na diferenciação da sua oferta com base nas
suas atracções naturais (o rio Kwanza) e aspectos histórico-culturais peculiares. A oferta

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cultural será principalmente assente nas caraterísticas de hospitalidade, nos monumentos e
sítios históricos do Dondo, bens culturais imateriais enraizados na população local.

2.4.1. Marketing Mix do destino Dondo

Produto turístico/ serviço – turismo cultural (produto turístico cultural); turismo de natureza.

Ainda, de acordo com Castro (2017, p. 411) os produtos turísticos estratégicos propostos
para a cidade do Dondo são:

i. O centro histórico e o património cultural;


ii. O Rio Kwanza e a sua paisagem cultural;
iii. Eventos e manifestações culturais.

Preço

Relevando o perfil dos clientes – alvo, como visto anteriormente, de acordo com Castro
(2017, p. 30), propõe-se políticas de preços que tenham em conta os variados estratos da
sociedade, classe média, média baixa e média alta.

Distribuição

Propõe-se a adopção de um programa interno que começa com o incentivo ao turismo


doméstico, fazendo com que cidadãos nacionais se desloquem para a cidade do Dondo e para
zonas circunvizinhas à mesma a partir de acordos interministeriais e organismos privados que
lhes permitam beneficiar de descontos especiais (pacotes). Também, através de intermediários
(os grossistas especializados, os operadores turísticos, agências de viagens, vendedores de
viagens de incentivos, associações de turismo governamentais, sistema de distribuição
eletrônica, as agencias imobiliárias e as empresas de transporte de turistas) e a internet,
mobilizados e, a partir de acordos e parcerias a fim de comercializarem o produto turístico do
Dondo. Ainda, os órgãos de comunicação social (rádios, televisões, jornais e revistas) e nos
principais mercados emissores.

Comunicação

A comunicação enquanto mecanismo para a criação de vantagens competitivas para a


organização, a marca a criar do Dondo e a sua oferta turística diversificada proposta, a
comunicação vai centrar-se nos anúncios (impressos e eletrônicos), relações públicas, vídeos e
filmes sobre a história, cultura e turismo no Dondo e campanhas publicitarias através de rádios
e televisões nacional e internacional (nos mercados referidos no ponto anterior) e recursos a

24
parcerias com agências internacionais vocacionadas. Participar em eventos (cultural, feiras) de
carácter nacionais, regionais e internacionais, visando divulgar a imagem do Dondo.

Monitoração

No que concerne à avaliação e melhoria contínua do plano de marketing, sugere-se a


implementação de mecanismos de monitorização e avaliação no decorrer da implementação das
acções propostas. O objectivo dessas medidas é o de monitorar de forma mais eficiente o
impacto do plano de marketing para o destino, de forma a garantir o éxito na implementação
das políticas.

2.5. Modelo mais adequado de gestão do Dondo

No que concerne a forma de gestão do destino, Castro (2017) enfatiza a problemática


da organização institucional do turismo em Angola estar concentrada no governo central,
modelo que, segundo o autor, não é o mais adequado para desenvolver convenientemente o
sector. A dinâmica da actividade turística nas economias de mercado, pela sua caraterística
eminentemente privada, obriga a existência de organizações igualmente dinâmicas,
autonomizadas e aligeiradas do ponto de vista da burocracia, que reajam com oportunidade em
termos de regulação e coordenação dos diferentes atores.

De acordo com o mesmo autor a criação no país dos gabinetes técnicos de


desenvolvimento dos polos turísticos em 2011, através de decretos presidenciais, foi um passo
importante para ordenar e gerir os territórios turísticos, todavia, a manutenção do sistema
pesado de hierarquia, totalmente virado para o setor público sem intervenção privada, obstam
as boas intenções subjacentes aos decretos (Castro, 2017).

Nesse sentido, o autor assinala que as propostas apresentadas para o Dondo, implicam
a construção de um ordenamento turístico que permita acomodar organizações de gestão dentro
de um quadro de intersectorialidade e de articulação do público com o privado. A articulação
intersectorial do turismo é um fator crítico de desenvolvimento porque a sua ausência
condiciona o investimento e a capacidade de aplicação de medidas fundamentais.

O turismo precisa de organizações que facilitem o diálogo entre os municípios para que haja
sintonia na gestão dos produtos turísticos, fluidez nas rotas e redes turísticas, e acima de tudo,
para que o pensamento turístico seja convergente e haja complementaridade nas potencialidades
de cada local. Os gabinetes ou agências com essas caraterísticas, para além da captação e apoio
ao investidor, devem dar respostas às necessidades do turismo de forma técnica, fazendo o

25
interface entre as empresas produtoras, autoridades públicas e intermediários do sistema. Essas
organizações costumam estar divididas em função dos eixos estratégicos de atuação ou, por
imperativos de recursos financeiros, costumam congregar algumas funções operativas no
destino, ao nível do apoio ao empresariado local, assessoria técnica, formação profissional,
promoção turística e ações público-privadas que facilitam o encadeamento institucional e a
geração de sinergias (Castro, 2017).

Essa gestão, deve implicar a reunião, sistematização e elaboração de informação


estatística e a projeção da atividade turística de forma fiável e em tempo útil para o apoio nas
políticas públicas e na gestão empresarial. Ou seja, urge pensar-se também na
imprescindibilidade da medição e avaliação técnica da atividade turística, funções que devem
ser conduzidas por um observatório do turismo.

Assim, a organização e gestão turística do Dondo deverá ser a réplica no local de um


órgão de desenvolvimento com ligação entre o Estado e o setor privado, constituída com as
funções acima referidas. Um gabinete ou agência que tenha condições para gerir os produtos
elencados de acordo com a estratégia definida a nível central, tenha mecanismos internos de
concertação dos diferentes setores (turismo, cultura, comércio, ambiente, ordenamento do
território, etc.), consiga prestar apoio às empresas locais e promover a cidade (Castro, 2017).

2.6. Os principais stakeholders do turismo no Dondo

Os stakeholders são os parceiros privilegiados para o desenvolvimento da actividade


turistica assente na política de uma envolvência global e dinâmica, mobilizando tudo e todos
para uma frente comum e sustentável. Correspondem a potenciais parceiros para se envolverem
desde o processo de concepção do planeamento do turismo, implementação e monitorização,
actores privilegiados em termos de comunicação e que podem envolver-se conjuntamente com
os turistas no destino.

No caso do Dondo, os principais stakeholders comecam desde o governo em si próprio,


ou seja os órgãos da administração central e local do Estado, possível organização de gestão do
destino, empresas, organizações não-governamentais (ONGs nacionais e internacionais),
operadores turísticos, redes e/ou organizações (juvenis, mulheres, comunidades), órgãos de
comunicação social (rádios, televisão, jornais), grupos culturais, chefes tradicionais, diáspora
angolana, individualidades e figuras reconhecidas.

Estes stakeholders são pois, potenciais parceiros, e ao mesmo tempo, tradicionais para
a indústria do turismo sustentável, porque trazem vantagens competitivas aos fornecedores de
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serviços e ao próprio destino como um todo, tornam-se indispensáveis na deslocação dos
turistas, tornando os destinos mais acessíveis que, de acordo com Silva e Umbelino (2017), são
pilares para a cooperação e estabelecimento de parcerias estratégicas entre os diferentes
intervenientes do setor, público-privado, ONG´s, distintos nos seus interesses, recursos e
objectivos.

27
CONCLUSÃO

Com a realização deste estudo buscou-se fazer uma abordagem sobre a oferta turística
do Dondo, com vista a proposta de um plano de desenvolvimento turístico para a localidade.
No entanto, inicialmente com as buscas foi percebido a importância histórica e cultural que a
comuna do Dondo possui a nível nacional e que também pode ser de interesse internacional.
Foi igualmente percebido a importância histórica do corredor Kwanza durante a era colonial,
uma vez que este configurou uma das principais rotas comercias daquela época.

Foi constatado igualmente, que o território hoje denominado Dondo, foi a antiga capital
do reino do Ndongo, entre outros detalhes, sobre o aspecto hitórico-cultural da cidade, foi
observado também o valor arquitéctonico, paisagístico e histórico das suas antigas edificações
e ruinas. No entanto, relevando os recursos que a localidade detem é inegável a vocação turística
da mesma.

Não obstante a vocação turística da localidade, foi igualmente percebido o mau estado
de conservação dos seus recursos e a necessidade de serem desencadeadas acções que visem a
preservação e um melhor aproveitamento das atracções da cidade e de zonas circunvizinhas,
tendendo beneficiar todos os stakeholders da actividade na região e a melhoria das condições
socioeconómicas da popução local. Neste sentido, o estudo culminou com a formulação da
proposta de planemento.

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