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Se a sexualidade feminina é um tabu que perpassa praticamente todas as camadas das

mais diferentes sociedades, no oriente ou ocidente e independente dos recortes econômicos e


culturais, existe um tema que consegue ser ainda mais motivo de preconceitos, estereótipos e
invisibilidade: a sexualidade feminina na velhice.

É como se houvesse um abismo entre o final da chamada vida adulta e a iminência da


velhice e, aproximando-se dela, qualquer assunto relacionado a sexo, intimidade e prazer
fossem automaticamente descartados e a pessoa passasse a dedicar todo o seu tempo livre a
assar biscoitos e fazer tricô.

Parece exagero pensar dessa forma, mas esse ainda é o estereótipo que muita gente
tem a respeito da velhice Entretanto, ainda que esteja mais ou menos presente em diferentes
fases - devido a inúmeros fatores contextuais e oscilações naturais de qualquer corpo - a
sexualidade é algo que acompanha o ser humano ao longo de toda a vida e não desaparece na
velhice.

Um estudo deste ano publicado no The Journal of Sexual Medicine na Bélgica, com
pessoas entre 70 e 99 anos, relevou que 47,3% dos entrevistados relatou ser sexualmente
ativo: incluindo contato íntimo - com ou sem penetração -, masturbação, beijos ou carícias
(lembrando que sexualidade não é sinônimo de penetração e que esta é apenas uma, entre
tantas, heranças de uma sociedade construída com bases misóginas e patriarcais).

De uma forma brilhante, sensível, bem-humorada e extremamente assertiva, o seriado


Gracie e Frankie aborda o tema da sexualidade feminina na terceira idade, desmistificando
completamente o que é “ser uma idosa” - ou, em outras palavras, o que é que a sociedade, que
já tem um papel definido para que a mulher exerça em cada fase de sua vida, espera dela na
velhice - e traz à tona os desejos, medos e vivências de mulheres com mais de 60 anos em
relação não só à sexualidade mas a tudo que a permeia: a relação com o próprio corpo, a
descoberta do prazer consigo mesma, a proximidade com a morte e tantos outros temas que
são naturais quanto a própria vida.
Incluir o debate sobre a sexualidade feminina na velhice é extremamente necessário
não apenas para desmistificar o tema, mas também para que mais empresas comecem a
enxergar todo o potencial consumidor deste público.

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