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Hummm
Mas quantas vezes recorremos ao livrinho mesmo quando não há nenhum impasse
visível?
Fantasiar é uma manobra psicológica que utilizamos para descarregar uma tensão criada
por uma realidade improvável ou inviável. Se não existe um copo de água logo surge
uma miragem que substitua a sensação de água. É a tentativa de superação de um desejo
impraticável e que não pode ser saciado na relidade concreta.
É uma encenação da realidade impossível.
Por isso é muito comum que haja um tema recorrente nas fantasias: o dominador e o
dominado.
Para a mulher a fantasia ocorre em cenários cotidianos e até banais, em situações que
parecem até nem serem sexuais de tão leves, pueris e inimitáveis. Basta um cheiro, uma
cor, uma voz sussurrada para incitar esse elemento de fantasia.
O grande problema que pode se configurar é quando a fantasia se torna uma neblina em
nossos olhos que nos impede de nos relacionar com a realidade de maneira consistente.
O amor costuma ser, na maior parte das vezes, uma projeção cruzada de fantasias
mútuas de um parceiro sobre o outro na expectativa que o outro se se ancaixe
perfeitamente na imaginação interior.
É fundamental perceber que, na maior parte das vezes, somos amados não por aquilo
que somos, mas pelo que se fantasia de nós.
Não saberemos nunca, partindo do pressuposto que nós também somos fruto da fantasia
que fazemos de nós mesmos.
Somos a fantasia (do que somos) que quer ser amada por outra fantasia (do que é) que
fantasia que nos ama como somos.
Quando perdemos alguém, na maior parte das vezes perdemos miragens emocionais.
Perdemos nosso livro de bolso que nos entretinha da solidão. Não é a pessoa real que
nos falta, mas a imagem que criamos dela na nossa fantasia. A partida abrupta cria uma
pequena hemorragia emocional já que não conseguimos canalizar nossa energia
psíquica apenas numa direção.
E como parte natural da vida psíquica nós seguimos pela vida com nossos livrinhos de
bolsos imaginários como Dom Quixotes lutando num mundo que não existe, a não ser
em nossas cabeças.