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O texto fala sobre a divisão da história da Grécia antiga em períodos e destaca o

período que vai desde o surgimento da pólis até o seu desaparecimento e o


surgimento dos reinos helenísticos. Esse período é subdividido em época arcaica e
período clássico. É destacado também que Atenas é frequentemente usada como
paradigma para estudos sobre a Grécia antiga, apesar de outras cidades gregas
importantes existirem. O autor observa que isso se deve ao fato de Atenas ter sido a
pólis mais importante, e não porque há mais dados disponíveis sobre ela do que
sobre outras cidades.
Este texto é uma continuação do anterior, discutindo as inovações e transformações
ocorridas na Grécia antiga durante o período Arcaico. Um dos fenômenos mais
característicos desse período foi a colonização, que se estendeu até o período
helenístico. As colônias estimularam o comércio e a indústria e colocaram os
gregos em contato com outros povos, principalmente os bárbaros, como eram
chamados pelos gregos. A colonização permitiu que os gregos se expandissem
geograficamente e transformassem o comércio em uma atividade autônoma e
próspera. O texto também menciona cinco inovações do período Arcaico, incluindo
armas navais e terrestres, a introdução do cavalo montado, a invenção das moedas
e o desenvolvimento do alfabeto. O hoplita foi uma transformação nas táticas
militares que permitiu maior acesso aos cidadãos, enquanto a invenção das moedas
contribuiu para o crescimento do comércio e permitiu o acúmulo de riquezas,
resultando no surgimento de uma nova classe de plutocratas. O uso da escrita
permitiu a codificação e divulgação das leis, o que contribuiu para a democratização
da justiça e a perda do poder da aristocracia. O texto também menciona vários
legisladores gregos antigos, incluindo Zaleuco de Locri, Carondas de Catânia e
Licurgo de Esparta, e fornece mais detalhes sobre dois legisladores atenienses:
Draco e Sólon. Draco, que viveu em 620 aC, codificou as leis atenienses, mas suas
leis eram conhecidas por sua dureza. Sólon, que viveu cerca de 100 anos depois,
introduziu reformas que visavam equilibrar o poder entre a aristocracia e o povo,
incluindo o alívio da dívida, a proibição da servidão por dívida e o estabelecimento
de novas leis.
O texto aborda o período histórico da Grécia Antiga, começando com a época
arcaica e o surgimento de tiranos, como Pisístrato em Atenas e Periandro em
Corinto. Em seguida, o texto menciona a queda da tirania em Atenas e a ascensão
de Clístenes, considerado o pai da democracia grega, que estabeleceu uma nova
Constituição. O texto também destaca a era clássica da Grécia, com figuras
importantes como Milcíades, Temístocles, Efialtes e Péricles, e a consolidação das
principais instituições gregas, como a Assembléia, o Conselho dos Quinhentos e os
Tribunais da Heliaia. O texto também menciona a Guerra do Peloponeso e a crítica
de alguns historiadores à democracia escravagista de Atenas. Por fim, o texto
destaca a importância da Assembléia do Povo como a principal instituição
democrática de Atenas.
Em resumo, o direito grego não recebeu tanta atenção por parte dos historiadores
porque foi estudado mais por filósofos e romanistas, e também porque a escrita
grega não atingiu sua maturidade durante o auge da civilização grega. A escrita é
uma tecnologia auxiliar que está intimamente relacionada com o direito, e a
ausência de um sistema de escrita pode impedir o desenvolvimento de um sistema
jurídico plenamente estabelecido. Michael Gagarin propõe um modelo de três
estágios para o desenvolvimento do direito em uma sociedade: pré-legal, proto-legal
e legal, e sugere que uma sociedade legal requer uma forma de escrita
desenvolvida.
É interessante observar como a adoção do alfabeto fonético pelos gregos teve um
papel fundamental na história da escrita e, consequentemente, na história do direito
grego. A escrita permitiu que as leis e os costumes fossem registrados e
transmitidos de geração em geração, possibilitando a sua preservação e evolução
ao longo do tempo.

Além disso, a criação de vogais pelos gregos foi um importante avanço na escrita,
pois permitiu uma maior precisão na transcrição da língua falada. Isso possibilitou
uma maior clareza na comunicação e, consequentemente, na interpretação das leis
e dos textos jurídicos.

Por fim, é importante destacar que a história da escrita está intimamente ligada à
história da civilização, e o direito grego não é exceção. Compreender a evolução da
escrita e a sua relação com o direito pode ajudar a entender melhor não só o direito
grego, mas também o direito de outras civilizações ao longo da história.
Qual é o papel da Grécia na história da escrita e como a civilização grega se
diferenciou das outras em termos de uso da escrita e da fala? A Grécia
desempenhou um papel essencial na história da escrita ao fazer a transição de um
silabário para um alfabeto fonético e criar símbolos para as vogais. Os gregos
também evoluíram seu estilo de escrita da direita para a esquerda para o estilo
usado hoje, da esquerda para a direita. Essa transição teve um impacto significativo
na forma como as pessoas leem e escrevem. Apesar de ser o berço da democracia,
filosofia, teatro e escrita alfabética fonética, a civilização grega tinha algumas
características únicas que podem ter contribuído para a obscuridade da lei grega ao
longo da história. Duas dessas características foram a recusa dos gregos em
aceitar a profissionalização da advocacia e a figura do advogado que, quando
existia, não podia receber pagamento, e a preferência pela fala em detrimento da
escrita. Essa preferência pela fala é ainda mais surpreendente considerando que os
gregos inventaram a escrita e tinham uma alta produção literária. Moses Finley, em
seu livro Ancient Greeks, chama a atenção para a preferência dos gregos por falar e
ouvir. A arquitetura dos gregos foi projetada para falar em público, e sua literatura
era principalmente destinada a apresentações ou recitações públicas. Até Platão
expressou sua desconfiança em relação aos livros, e Sócrates nunca escreveu nada.
Os escritos gregos existentes são em forma de diálogos, onde as ideias filosóficas
são desenvolvidas por meio de discussões utilizando pessoas e situações reais. Os
escritores gregos do século IV eram principalmente oradores e professores de
retórica. Portanto, a lei grega é principalmente uma lei retórica. A preferência dos
gregos pela fala em detrimento da escrita também foi reforçada pelas dificuldades
que a escrita ainda apresentava no século V a.C., como a disponibilidade e o custo
dos materiais de escrita e produção de obras para consumo.
O surgimento do pergaminho como um material de escrita importante ocorreu no
período em que a Grécia já havia passado por seu apogeu e Roma estava no auge
de sua dominação. De acordo com Henri-Jean Martin, a escrita estava onipresente
em Roma desde o final da república, mostrando a importância que a cultura escrita
tinha na sociedade romana.

No entanto, o verdadeiro marco na história do livro foi a invenção do códex, que é


considerado a mais importante revolução do livro. O códex foi uma grande mudança
em relação ao rolo de pergaminho ou papiro, pois permitiu que as obras fossem
apresentadas em páginas escritas nos dois lados, ao invés de apenas um, na forma
de um rolo contínuo. Isso tornou a leitura mais fácil e prática e permitiu que as obras
fossem organizadas de forma mais eficiente.

O códex foi inventado no início do primeiro século de nossa era, quando Roma
dominava completamente. Desde então, o livro passou por diversas mudanças e
avanços tecnológicos, como a invenção da prensa de tipos móveis por Gutenberg
no século XV, a popularização da impressão em larga escala no século XIX e a
recente revolução digital, que permitiu o acesso instantâneo a uma vasta quantidade
de informações em qualquer lugar do mundo.
Este texto aborda as teorias sobre a utilização da lei escrita como instrumento de
poder na Grécia antiga. Uma das teorias sugere que a escrita foi utilizada para
colocar limites no exercício do poder por aqueles que detinham a autoridade,
tornando o conteúdo das leis mais acessível a todos. No entanto, essa teoria tem
sido questionada pela falta de evidências de que as leis estivessem sob controle
exclusivo de determinados grupos da sociedade. Outra teoria, mais recente, sugere
que a lei escrita foi utilizada como instrumento de poder da cidade (pólis) sobre o
povo, visando a beneficiar a pólis e fortalecer o controle do grupo que dominava a
cidade. Essa teoria é apoiada pelo fato de que as primeiras leis escritas eram
essencialmente aristocráticas. A transição do grande reino micênico para um
menor, formado pelas cidades (pólis) independentes, também é apontada como um
fator que contribuiu para a necessidade de maior controle pela cidade sobre a vida
de seus habitantes. As leis de Sólon, consideradas mais democráticas, também
aumentaram o controle da cidade sobre a vida dos habitantes.
Resumidamente, o texto discute o surgimento da jurisdição em substituição à
autotutela na Grécia antiga, por meio da criação e codificação de leis escritas que
eram tornadas públicas através de inscrições em pedra. Essas leis eram utilizadas
para reduzir as contendas entre os membros da pólis e aumentar o alcance e a
eficiência do sistema judiciário, apoiando e fortalecendo o grupo,
independentemente do tipo de governo. O texto ainda destaca a importância da
escrita como "operador de publicidade" e afirma que as inscrições públicas na
cidade antiga tinham mais a função de assegurar uma presença do que ser lida.
Durante o período clássico da Grécia antiga, a cidade de Atenas tornou-se conhecida
por seu sistema de governo democrático e seu sistema legal, que influenciou muitos
outros sistemas legais ao redor do mundo. O sistema legal ateniense incluía
tribunais públicos, júris formados por cidadãos e um conjunto de leis escritas
conhecidas como a lei das Doze Tábuas.

Além disso, a Grécia antiga também é conhecida por sua filosofia jurídica,
particularmente pela obra de Platão e Aristóteles, que abordaram questões como a
natureza da justiça e do direito natural.

No entanto, é importante notar que o sistema legal grego antigo não era uniforme e
variava de cidade-estado para cidade-estado. Além disso, muitas das leis gregas
eram baseadas em tradições e costumes, em vez de serem codificadas em leis
escritas.

Outro aspecto importante do direito grego antigo era a ideia de vingança, que era
vista como um direito legítimo para as famílias das vítimas de crimes. Esse sistema
foi gradualmente substituído pelo sistema de justiça pública e tribunais.

Em resumo, o direito grego antigo foi influente no desenvolvimento do sistema legal


ocidental, especialmente na tradição do direito romano e na filosofia jurídica.
ual é a diferença entre direito material e processual na Grécia antiga? Um aspecto
notável da lei grega era a clara distinção entre direito material e processual. O direito
substantivo era o próprio fim que a administração da justiça buscava alcançar,
enquanto o direito processual tratava dos meios e instrumentos pelos quais o fim
deveria ser alcançado, regulando a conduta e as relações dos tribunais e litigantes
com relação ao próprio litígio . A lei processual determinava a conduta e as relações
relativas às matérias contenciosas. Na Grécia antiga, temos informações
consideráveis sobre o direito processual. Os gregos atribuíam grande importância
ao aspecto processual do direito, como evidenciado pelos escritos de Aristóteles.
s ações privadas (diké) são aquelas que dizem respeito a questões entre indivíduos,
enquanto as ações públicas (graphé) são aquelas que dizem respeito a questões
entre indivíduos e a comunidade como um todo. Alguns exemplos de ações
privadas são:

● Assassinato (diké phonou): quando alguém mata outra pessoa.


● Perjúrio (diké pseudomartyrion): quando alguém mente sob juramento.
● Propriedade (diké blabes): quando há uma disputa sobre a propriedade de um
bem.
● Assalto (diké aikias): quando alguém rouba algo usando violência ou ameaça.
● Ação envolvendo violência sexual (diké biaion): quando há uma violação
sexual.
● Ilegalidade (diké paranomon): quando alguém age de forma contrária à lei.
● Roubo (diké klopes): quando alguém furta algo.

Alguns exemplos de ações públicas são:

● Contra oficial que se recusa a prestar contas (graphé alogiou): quando um


funcionário público se recusa a prestar contas de seus atos.
● Por impiedade (graphé asebeias): quando alguém age de forma impia, ou
seja, sem respeito aos deuses ou às leis.
● Contra oficial por aceitar suborno (graphé doron): quando um funcionário
público aceita dinheiro ou favores em troca de serviços.
● Contra estrangeiro pretendendo ser cidadão (graphé xenias): quando um
estrangeiro tenta se passar por cidadão e usufruir dos mesmos direitos.
● Contra o que propôs um decreto ilegal (graphé paranomon): quando alguém
propõe uma lei ou decreto que é contrário à lei existente.
● Por registrar falsamente alguém como devedor do Estado (graphé
pseudengraphes): quando alguém registra falsamente outra pessoa como
devedora do Estado.
A retórica grega foi um instrumento essencial de persuasão jurídica na Grécia
Antiga, já que o processo era conduzido por litigantes que defendiam seus próprios
casos diante de um júri popular composto por cidadãos comuns. Não havia juízes,
promotores ou advogados como os conhecemos hoje. O objetivo era manter a
administração da justiça nas mãos de amadores, tornando o processo barato e
rápido. Todos os julgamentos eram aparentemente completados em um dia, e os
casos privados muito mais rápidos do que isso. A retórica da persuasão, portanto,
era essencial para o sucesso do litigante. A oratória grega forense tem recebido
mais atenção nos últimos anos, sendo valorizada como evidência do direito
ateniense e do estudo mais amplo da sociedade de Atenas.
Este é um texto sobre o sistema jurídico grego em Atenas. O autor destaca que os
gregos tinham um sistema judiciário bem estabelecido, onde qualquer cidadão
podia atuar como jurado. As sessões de julgamento eram chamadas de dikasterias
e eram realizadas por um tribunal popular chamado heliaia, composto por seis mil
cidadãos, escolhidos aleatoriamente anualmente. Os jurados, chamados dikastas,
eram escolhidos novamente antes de cada julgamento, para evitar fraudes. Eles
eram pagos por seus serviços e seu papel era semelhante ao de um jurado
moderno. Não havia juízes profissionais e a decisão foi tomada por maioria de
votos. Os litigantes apresentaram seus casos em um discurso contínuo, e o
julgamento foi essencialmente um exercício de retórica e persuasão. Para ajudá-los
em seus discursos, eles poderiam contratar logographers, redatores de discursos
profissionais que foram um dos primeiros tipos de advogados da história. O autor
também explica que a lei exigia que os próprios litigantes apresentassem seus
casos, mas, na prática, muitas vezes eram auxiliados por amigos ou parentes. Em
meados do século IV aC, a prática estava firmemente estabelecida, e os litigantes
não fingiam mais que o ajudante era um amigo, mas sim um profissional.

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