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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

Básico em Teologia

Prof: Pr. Moisés Ribeiro


Apostila de Didática – Seminário Teológico

“Cem livros não valem um bom professor”. Provérbio Chinês.

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica,


assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre
a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre
a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre,
compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. E
aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se
admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava com autoridade e
não como os escribas.” Mateus 7:24-29

CONCEITO GERAL DE DIDÁTICA

A didática é muito mais que a simples técnica de ensinar, é também a técnica de


aprender a ensinar o que, historicamente, foi produzido ao longo do processo civilizatório
engendrado pelos humanos.
Diferente da Pedagogia que tem seu reconhecimento como ciência particular a partir
do século XIX, a Didática em muitos países, ainda não é reconhecida como ciência
independente. É uma disciplina técnica da Pedagogia, ou como ramo desta. Não obstante,
felizmente, são muitas as comunidades científicas que a partir do século XX, deram luz verde
à Didática como ciência particular. Mas está apenas iniciando uma longa caminhada.
A didática é uma área da pedagogia responsável por desenvolver a capacidade dos
professores, para que os mesmos saibam analisar a forma de organização do ensino.
O termo, didática origina-se do grego "didaktiké" e significa arte de ensinar. A didática é
imprescindível para a educação. Educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve suas
capacidades físicas e mentais e adquire conhecimentos e experiências, tornando-se um ser
com capacidades desenvolvidas.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DIDÁTICA

Da Antiguidade até o início do século XIX, predominou na prática escolar uma


aprendizagem de tipo passivo e receptivo. O estudo dos textos literários, da gramática, da
História, da Geografia, dos teoremas e das ciências físicas e biológicas caracterizou-se,
durante séculos, pela recitação de cor. Os conhecimentos a serem adquiridos eram, até certo
ponto, reduzidos.
Embora esse ensino de caráter verbal, baseado na repetição de fórmulas já
prontas, tenha predominado na prática escolar por muito tempo. Foram os filósofos e

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educadores que exortaram os mestres, ao longo dos séculos, a dar mais ênfase à
compreensão do que à memorização. Filósofos e educadores como Sócrates, João Amós
Comenius, Henrich Pestalozzi, John Frederick Herbart e John Dewey, elaboraram teorias
sobre o ato de conhecer que repercutiram no campo da pedagogia.
Com base nessas teorias do conhecimento, alguns princípios didáticos foram
formulados. Conhecer é um ato que se dá no interior do indivíduo. Essa etapa do método
tinha como objetivo libertar o espírito das opiniões. Segundo, Sócrates a consciência da
própria ignorância é o primeiro passo para se encaminhar na busca da verdade.
Ao ensinar um assunto, o professor deve apresentar o objeto ou ideia
diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos,
principalmente vendo e tocando. Mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido
e a sua aplicação na vida diária. Fazer referência à natureza e origem dos fenômenos
estudados, isto é, às suas causas.

A INTERAÇÃO PROFESSOR & ALUNO

Na relação professor / aluno o professor é o incentivador e orientador. Além de ser


professor ele é um educador e sua personalidade é refletida em sala de aula. Na relação
pedagógica é fundamental a existência do diálogo para que por meio dele, professor e aluno
possam construir coletivamente o conhecimento.
O pedagogo/filósofo/educador Paulo Freire no início do século XX diz o seguinte: “só
há diálogo se há um profundo amor ao mundo e aos homens”, assim como é necessário que
haja uma intensa fé nos homens, “na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns
eleitos, mas direito dos homens” (FREIRE, 2011, p.112).
O professor precisa conceber o aluno como um ser capaz de desenvolver suas
capacidades mentais e não como um ser passivo. Através do diálogo o professor ajuda o aluno
a atingir seus objetivos, na construção do conhecimento. A autoridade do professor em sala
de aula provém de suas funções docentes, ou seja, da autoridade incentivadora e
orientadora. O professor tem autoridade de ajudar o aluno nas suas descobertas, mostrando
caminhos e abrindo entendimentos.
Dentro do espaço de uma sala de aula, a interação social se processa por meio da
relação professor/aluno e da relação aluno/aluno. É no contexto da sala de aula, no convívio
diário com o professor e com os colegas, que o aluno vai exercitando hábitos, desenvolvendo
atitudes, assimilando valores. No processo de construção do conhecimento, o valor
pedagógico da interação humana é ainda mais evidente e o conhecimento vai sendo
coletivamente construído.
A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos, em que o
professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a
postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não
apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve (FREIRE, 2011 p.83)

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O professor transmite o que sabe, partindo sempre dos conhecimentos manifestados,


anteriormente pelo aluno sobre o assunto e das experiências por ele vivenciadas. Também
Georges Gusdorf, no seu cativante livro Professores, para quê?, ressalta a importância do
diálogo no processo educativo. Esse educador preconiza uma pedagogia do encontro e do
contato vital (p. 226), na qual a relação mestre-discípulo é o intercâmbio de duas existências.
Trata-se da confrontação do homem com o homem (p. 235).

ENSINO E APRENDIZAGEM

Para que haja aprendizagem é necessária que esta envolva o aprendiz como um todo.
Toda aprendizagem é pessoal e envolve mudança de comportamento por parte do aprendiz,
também precisa visar objetivos efetivos, ser acompanhada de parecer imediato e ser
fundamentada em um bom relacionamento interpessoal. No processo de aprendizagem o
professor é o facilitador, e cabe a ele ajudar o aluno a aprender, a adquirir informações e
tomar conhecimento da cultura existente e criar cultura.
Há alguns princípios comuns de aprendizagem?
 Existem alguns princípios que são comuns a todos os que se preocupam com a
aprendizagem do aluno. Lembremo-nos de que a aprendizagem envolve mudança de
comportamento ou de situação do aprendiz e isto só acontece na pessoa do aprendiz e pela
pessoa do aprendiz. É um pouco a afirmação do óbvio: “ninguém aprende pelo outro”.
 Toda aprendizagem precisa visar objetivos realísticos.
 Toda aprendizagem precisa ser embasada em um bom relacionamento interpessoal entre
os elementos que participam do processo, ou seja, aluno, professor, colegas de turma.
Em conclusão, como se caracteriza o papel do professor?
O papel do professor desponta como sendo o de facilitador da aprendizagem de seus
alunos. Um plano de ensino, portanto, é a apresentação, sob forma organizada, do conjunto
de decisões tomadas pelo professor em relação à disciplina que se propôs a lecionar. Também
com a própria classe o professor estabelecerá comunicação se expuser o plano que elaborou,
em que pontos pode ser modificado etc.
Uma visão clara de aonde o professor pretende que os alunos cheguem ao final do
curso, bem como dos meios que serão utilizados para isso e dos critérios pelos quais a
avaliação será feita, dão aos alunos segurança na sua relação com o professor, bem como
permitem aos alunos fornecerem feedbacks que possibilitem um aperfeiçoamento do
próprio plano de ensino inicial. O plano de ensino além de direcionar a ação do professor de
modo a facilitar a aprendizagem do aluno, serve como meio de comunicação entre os
professores que lecionam a mesma disciplina.
Além do plano de disciplina, o professor faz, para cada aula ou agrupamento de duas
ou três aulas, um plano de unidade. Um plano de unidade deve conter; identificação,
objetivos, principais conceitos e bibliografia, estratégias e avaliação. Para ser considerado
eficiente o professor precisa dominar o conteúdo a ser ministrado, e também integrar o
processo de avaliação ao processo de aprendizagem do aluno junto com as estratégias.

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ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM

Para ajudar a nossa prática pedagógica, que realizamos no dia-a-dia, são necessárias
várias estratégias para tornar a aula mais interessante e dinâmica, nos distanciando de
algumas aulas sem graça e insípidas, sem atrativo nenhum para o aluno. Com o
desenvolvimento contínuo do homem, os instrumentos de apoio ao ensino ganharam um
grande aliado, que são os recursos didáticos.
Temos hoje, os melhores recursos didáticos para ensinar e muitos não sabem nem
como ligar um computador. A desatualização dos professores se torna um abismo tão grande,
que em vez de procurar buscar uma atualização, fazem ao contrário fogem sem olhar para
trás, como se tivessem correndo por suas vidas com medo do novo.
Vamos então, para iniciar este momento, entendermos o que são os recursos
didáticos. Segundo o Dicionário (FERREIRA, 1993, p 106) “recurso didático é todo o material
que o professor pode usar para preparar, melhorar e ministrar sua aula.”
O recurso instrucional é “tudo aquilo que será utilizado nos
procedimentos de ensino para estimular a atenção/ percepção do aluno.
Ele complementa a ação do instrutor/ professor, sendo um componente
importante do ambiente de aprendizagem. (SEST/SENAT, 2001, p 01).
Como seria bom se a cada aluno, que levarmos o ensino pudesse ser como aquela
mulher samaritana, um aprendiz! Com tanto amor pelo que aprendeu. Alunos de todas as
partes, de todos os lugares estariam dispostos e sedentos para aprender mais e mais. Como
seria glorioso ver a feição de cada aluno com o gostinho de quero mais, quando chegarmos
ao final de uma aula e ouvirmos aquela frase: Já acabou? Ah!

JESUS USAVA A DIDÁTICA !!!!!!

Que prática pedagógica é essa que conseguia mobilizar a tantos e que difundiu por
vários lugares e através de séculos o que Ele queria ensinar? Como Ele conseguia com essa
prática pedagógica levar o seu ensinamento?
A pedagogia/didática de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior que Ele enfatizava
em seus ensinamentos sobre o Reino de Deus, buscava sempre mostrar a valorização, da auto
estima e da compaixão . E atinge o ser humano por completo, a começar do seu coração,
trazendo uma mudança de comportamento humano. Deus nos convence, pela ação do
Espírito Santo, que somos pecadores e que sem ele não poderemos viver a vida plena que
Deus preparou para nós.
Para que as pessoas da época pudessem entender melhor as suas palavras Jesus
utilizava-se, várias vezes, das Parábolas. Podemos conceituar a parábola como: recurso
literário do gênero narrativo que, inserido dentro do enredo, faz uma advertência, traz um
exemplo, uma doutrina ou um comportamento que deve ser apreciado ou rejeitado de
acordo com o propósito. Pretendia Ele com esse recurso comparar um episódio do cotidiano
com uma realidade espiritual.
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Roy B. Zuck define parábola como “uma história baseada em fatos do cotidiano com o
objetivo de ilustrar ou aclarar uma verdade” (ZUCK, 1994, p.225) e Brian Stiller define o
propósito das parábolas como “informar, ao descrever alguma forma de realidade, e afetar,
ao providenciar uma imagem” (STILLER, 2005, p.9). E “sua genialidade está na habilidade de
desarmar o ouvinte e persuadi-lo, pegando-o de surpresa” (STILLER, 2005, p.9). Através delas,
Jesus fez com que seus ouvintes fossem ativos em seu processo de aprendizagem,
Diferentes autores defendem o quanto é importante considerar a bagagem cultural e
social que uma pessoa ou aluno traz consigo para participar dos processos pedagógicos na
sala de aula. Ensinar de forma multicultural, na qual as desigualdades são os traços
marcantes, foi o que Jesus fez. Para ele não havia fronteiras, línguas ou costumes diferentes.
Levar o seu ensinamento, a verdade era o mais importante.
Jesus não ficava preso às opiniões ou conceitos variados, opunha-os e ensinava de
forma brilhante. Ouvia a todos, independente de serem de origens e etnias diferentes.
Vivemos em sociedades multiculturais, marcadas pela pluralidade e
também pela desigualdade. Nesse contexto, ganha relevância o
multiculturalismo – cujo conceito é normalmente definido como o de
um campo teórico, prático e político, voltado à valorização da
diversidade cultural e ao desafio aos preconceitos (CANEN 2005, p 35)
Sobre tudo que lemos e ouvimos, falar de Jesus é impossível demarcar uma separação
nítida entre a pregação e o ensino, um está intrínseco no outro. Podemos então observar que
alguns dos escritores dos Evangelhos sempre descrevem Jesus ensinando como em Marcos
(capítulo 4 versículos 1 e 2):
[...] Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão
grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o
mar; e todo o povo estava em terra junto do mar. Então lhes ensinava
muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino: [...]
Todas as referências que podemos verificar mostram Jesus ensinando em vários
lugares, sendo constantemente, chamado de “Mestre” ou “Rabino”. Com frequência, Jesus
ensinava sua doutrina através de parábolas, histórias breves que encerravam ensinamentos.
A parábola sobre o Filho Pródigo, por exemplo, fala da grande alegria de um pai, quando vê
retornar à casa um filho que saíra a correr mundo. Jesus usou esta parábola para mostrar o
amor e o perdão de Deus aos pecadores que se arrependem.
Muito do que Jesus ensinou já fazia parte da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento ou
Torá), e acrescentou ensinamentos novos que, posteriormente, foram denominados de
"graça" (Novo Testamento ou Nova Aliança). Ele ensinava que Deus estava preparando a
Terra para um novo estado das coisas, e quem quisesse herdar o reino dos céus teria de
nascer de novo, esse Novo Nascimento segundo a pregação de Jesus, é uma transformação
que vem do alto, de Deus.
O ensino de Jesus se estabelece a partir do diálogo. Este envolve palavras, que por sua
vez envolve ação, para não se transformar em discurso vazio. A palavra no diálogo
compromete quem fala e a quem se fala. O diálogo é conscientizador, através dele ocorre a
reflexão-ação para a mudança. Ele enriquece o conhecimento e valoriza a relação eu-tu.
Como podemos observar no livro de Mateus 4:18-22

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A atuação de Jesus como educador, foi notória para todos que estavam a sua volta na
época e também para nós na atualidade, ver as variadas maneiras com que lidou com certos
problemas. Foi fantástico, fascinante. Pois para cada situação apresentada, Ele dispunha de
uma didática própria e eficaz.
Com os poucos recursos empregados na época de Jesus, verificamos que o ensino
chegou a vários caminhos diferentes. Os recursos que Ele adotava foram utilizados de forma
eficaz e alcançou os objetivos visados, que ficaram de tal forma gravados nos corações que,
até nos dias de hoje ouvimos falar de suas pregações.
Jesus não ensina através da simples memorização. Mas, usava variados métodos, tais
como: repetições, parábolas, simbologias, hipérboles, trocadilhos, comparações, metáforas,
provérbios, enigmas, paradoxos, ironias etc. Para auxiliar na compreensão de sua mensagem,
o Mestre complementava sua instrução verbal com diversos meios de expressão, como por
exemplo, material visual e dramatização.
Jesus pegava qualquer coisa ou objeto e os usava como exemplo: sementes, pássaros,
campos, uma figueira, uma moeda, um peixe etc. As ilustrações mais notáveis de seu
ensinamento foram os seus milagres. Eles não foram somente sinais de sua autoridade, mas
também um poderoso meio de ensino. Para contrastar com a metodologia dos rabinos, Jesus
não usava o método da memorização, porém tornava o seu ensino inesquecível por meio de
palavras penetrantes e exemplos extraordinários.

Sistema de avaliação:

1- Análise de uma parábola feita por Jesus. Entregar dia 24/06, valendo até 4,0 pontos

2- Fazer um plano de aula para classe de EBD. Entregar dia 08/07, valendo até 06 pontos

3 - Ponto Extra (1,0) = Tarefa que será realizada no primeiro dia de aula (10/06).

Anexo 1 = Esquema de análise de parábola.


Anexo 2 = Esquema de formulação de Plano de Estudo.

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Anexo1
Análise de Parábola:

Título:

Referência: Versão:

Qual a estratégia utilizada por Jesus?

Qual o público que desejava atingir?

Qual a mensagem que desejava passar para o(s) ouvinte(s)?

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Anexo 2

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