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RESUMO
Este artigo aborda as relações existentes entre as teofanias na nuvem e o santuário dentro do
contexto da redenção, tendo como ponto de partida o livro de Êxodo e as teofanias durante a
redenção do Egito que culminaram com a glória de Deus no santuário, e passando pelo livro
de Ezequiel e depois no episódio da ascensão de Jesus. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica, com o acréscimo de fontes de referências cabíveis ao assunto estudado. Por fim
percebeu-se que o assunto é amplo e que merece um maior aprofundamento, e que ao listar as
teofanias na nuvem, os resultados alcançados mostraram que no contexto de redenção, uma
teofania na nuvem sempre precedia a ida de Jesus para o santuário, isso acontecendo após o
santuário ser construído em Êx 40:34, e Ez 43:1-5, e em At 1:9 na ascensão de Jesus.
1 INTRODUÇÃO
Quando o contexto é de redenção nos livros de Êxodo, Ezequiel, e na ascensão de
Jesus, as teofanias na nuvem são notadas aparecendo antes da glória de Deus entrar no
santuário terrestre. Sobre o santuário terrestre ninguém questiona, mas Jhonson (2013, p.46) e
Holbrook (2012, p. 50) falam sobre crenças metafóricas acerca do santuário de Hebreus 8.
A pergunta central do presente estudo é: Para onde Jesus foi após Sua ascensão? Essa
pergunta será respondida seguindo uma lógica sequencial que vem desde a redenção de Israel
do Egito descrita por Moisés no livro de Êxodo, passando pela redenção da Babilônia descrita
por Ezequiel, até chegar ao contexto de redenção do pecado e na ascensão de Jesus.
A metodologia utilizada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica, na qual, para
fundamentação teórica, buscou-se fontes que apoiassem os argumentos. Para atender o objetivo
principal da pesquisa; as seções de dois a quatro tratam do significado das palavras: teofania,
nuvem e santuário, as seções cinco e seis falam sobre a relação entre a teofania na nuvem e o
santuário, e a seção sete chega ao clímax do estudo, em que a problemática é resolvida com base
nas seções anteriores.
1
Artigo apresentado a disciplina de Pentateuco para obtenção de nota parcial pela Faculdade Adventista da
Amazônia, sob orientação do Prof. Me. Ezinaldo Ubirajara.
2
Graduando do 1º ano do Curso Bacharelado em Teologia pela Faculdade Adventista da Amazônia.
herick.iasd@hotmail.com.
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2 TEOFANIA
Principalmente no Antigo Testamento, percebe-se que Deus revelou-Se ao homem
pecador através de sonhos, visões e sinais. Algumas dessas revelações, porém, são especiais
por conta de que o próprio Deus se fez presente para um encontro particular com o profeta
afim de que uma mensagem especial fosse transmitida. Essas aparições ou encontros pessoais
chamam-se Teofania.
De acordo com (ALMEIDA, 2005), Teofania significa a manifestação visível de Deus
que pode acontecer das seguintes maneiras:
1. Com o propósito de transmitir uma mensagem direta, como em Êxodo 19,
quando a teofania ocorre na nuvem com o propósito de transmitir os dez
mandamentos para Moisés.
2. Durante um sonho para também transmitir uma mensagem, como em Gênesis
28: 12-17, em que Jacó sonha que o Senhor está perto dele lhe transmitindo a
mensagem de possessão da terra e benção a todas as nações da terra.
3. Em uma visão para transmitir uma mensagem, como em Isaías 6:1-13, em que
Isaías vê o Senhor sentado em Seu trono lhe trazendo mensagem de
advertência ao povo.
4. Através do Anjo Do Senhor com uma mensagem, como em Êxodo 3:2-4: 17,
em que o Anjo do Senhor trás para Moisés a mensagem de que ele seria usado
para libertar o povo de Israel do Egito.
Bemmelen (2011, p. 28), define teofania simplesmente como aparições da Divindade.
E também mostra o exemplo de Abraão, Isaque, Jacó e Moisés, que foram alguns personagens
do Antigo Testamento que tiveram esse privilégio de ter esse encontro especial com Deus por
meio da teofania.
O tema Teofania além de ser rico, é extenso para o campo de pesquisa. Por isso, para
esse estudo, serão analisadas apenas as teofanias em que Deus aparece na nuvem, e isso
somente nos livros de Êxodo e Ezequiel, e uma relação especial de Jesus com a nuvem
relatada no livro de Atos, no momento de Sua ascensão.
Sobreas as teofanias de Deus na nuvem, Ellen White afirma que Deus sempre esteve
presente com o povo, e que, “durante todas as vagueações de Israel, Cristo, na coluna de
nuvem e fogo, foi o seu dirigente. Ao mesmo tempo em que havia tipos que apontavam para
um Salvador vindouro, havia também um Salvador presente” (WHITE, 2007, p.272).
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3.1 Ànan
ַויְכַס ֶה ָענָן אֶת אֹהֶל מֹועֵד
: ּוכְבֹוד י ְהוָּה ָּמלֵא אֶת הַמִּשְ כָּןÊxodo 40:34.
“Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o
tabernáculo”. Êxodo 40:34.
“Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte, e uma grande nuvem, com
fogo a revolver-se, e esplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa como metal
brilhante, que saída do meio do foro”. Ezequiel 1:4
( ענןànan) é a palavra no original hebraico referente a nuvem tanto nas passagens de
Êxodo e de Ezequiel. O Dicionário Bíblico (Strong, 2002), define ànan como: nuvem,
nublado, e nuvem teofânica.
Já Carpenter, e Baker (2003, p.1847), vão mais além, pois além de definir, qualificam
também a palavra como substantivo singular.
3.3 Nefel
και ταυτα ειπων βλεποντων αυτων επηρθη και νεφελ υπελαβεν αυτον απο των οφθαλμων
αυτων
“Ditas estas palavras, foi Jesus levado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o
encobriu dos seus olhos”. At 1:9
A versão Bíblia Português-Grego: Almeida Recebida 1848 - Modern Greek 1904 diz:
“Tendo Ele disso estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma
nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos” At 1:9
De acordo com o dicionário Babylon, νεφελ significa: cirro, nuvem constituída de
cristais de { cirrus } nuvem; sombra { cloud } nimbo, nuvem densa e cinzenta; auréola;
nimbus.
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4 O SANTUÁRIO
A ideia de sacrifício de animais a Deus é percebida na Bíblia já com os primeiros
patriarcas (Gn 8:20), mas só durante a peregrinação do povo de Israel no deserto é que o
primeiro santuário é construído (Êx 40:33). Este por sua vez, foi feito como modelo de outro
santuário, o celestial (Êx 25:9).
A partir desse episódio, vários outros personagens fizeram sacrifícios com animais
para Deus. Abel sacrificou um animal e Deus aceitou o sacrifício (Gn 4:4). Noé ofereceu um
sacrifício logo após o dilúvio (Gn 8:20) e Abraão no monte Moriá. (Gn 22).
“Enquanto Arão estava a falar, eles se viraram para o deserto, eis que a
gloria do Senhor apareceu na nuvem. Êxodo 16:8-10. Um esplendor qual
nunca antes haviam testemunhado, simbolizava a presença divina. Por meio
de manifestações que se dirigiam aos seus sentidos, deviam obter
conhecimento de Deus. Devia ensinar-lhes que o Altíssimo, e não
meramente o homem Moises, era seu dirigente, a fim de que temessem o Seu
nome e Lhe obedecessem a voz”. (WHITE, 2007, p. 255a).
Outro aspecto importante a se notar para este estudo é de quem esteve presente na
nuvem. Ellen White afirma que nas jornadas de Israel no deserto, “Cristo, na coluna de nuvem
e fogo, foi o seu dirigente. Ao mesmo tempo em que havia tipos que apontavam para um
Salvador vindouro, havia também um Salvador presente”. (WHITE, 2007a, p. 272).
Duas informações importantes aqui citadas ajudam a chegar até a terceira. A primeira
é que a nuvem baixou no templo (Êx 40:34), e a segunda é que Jesus estava na nuvem. Assim,
não é necessário esforço para concluir que era Jesus quem esteva presente no tabernáculo.
“O relato desta visão não nos diz qual direção à carruagem de Deus tomou.
No entanto, com a leitura dos capítulos 9-11 se deduz que Deus viajava em
direção a sudoeste, para o seu templo de Jerusalém. Nos capítulos
subsequentes, o profeta descreve Deus se despedindo do templo após ter
fixado sua residência ali por um período de tempo. O ponto principal da
visão do primeiro capítulo de Ezequiel é que Deus estava em trânsito por
meio de uma carruagem celestial para o local de sua residência terrestre, o
templo de Jerusalém”. (SHEA, 2012, p. 26).
Além de apontar que o destino da nuvem era o santuário, com base nos capítulos de
1 a 10, Shea, (2012, p. 27) afirma que Deus estava a fazer uma obra de grande importância.
Deus se assentou em juízo sobre o seu povo por um período de aproximadamente 14 meses
com o intuito de julgamento.
A outra aparição de Deus na nuvem proposta no início dessa seção pode ser
comparada com a de Êxodo, que ocorre após o termino da construção do templo. Assim como
Moisés viu a glória de Deus descendo no templo quando terminou de ser construído, Ezequiel
presenciou o mesmo acontecimento vários anos mais tarde (Ez 43:1-5).
Assim como era Jesus quem esteve presente nas teofanias na nuvem no Êxodo do
Egito, pode-se concluir que era Ele também quem estava sentado no trono na visão de
Ezequiel. A comparação da visão de Ezequiel com a descrição joanina de Jesus glorificado
em Apocalipse 1:13-16 não deixa nenhum tipo de dúvidas.
O ministério de Jesus na terra foi curto, porém intenso. Durante esse período, Jesus
pregou boas novas aos quebrantados, curou os quebrantados de coração, libertou os cativos e
pregou o ano aceitável doo Senhor (Is 61:1-3). Após cumprir então Seu papel como salvador
e redentor, perecendo na cruz Ele exclamou: “Está consumado” (Jo 19:30), e morreu.
Passando não muitos dias no sepulcro, Jesus ressuscitou (Mt 28:1-10), e após um
período de aparições particulares, para as mulheres que foram visitar seu túmulo (Mt 28:1-
10), para os discípulos no caminho de Emaús (Lc 24: 1-34), Jesus apareceu aos onze com a
ordem para evangelização (Mc 16: 14-18).
E assim, após o término de Sua obra redentora aqui na terra, Jesus então ascendeu aos
céus (At 1:6-11). E é justamente em Sua ascensão que nota-se mais uma vez uma relação
entre a nuvem, Jesus, e o santuário.
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“com as mãos estendidas numa benção, e como uma firme promessa de Seu
protetor cuidado, ascende Jesus lentamente dentre eles, atraído para o céu
por um poder mais forte que qualquer atração terrestre”. Ao subir mais e
mais, os assombrados discípulos, numa tensão visual, buscam um último
vislumbre de seu Senhor assunto. Uma nuvem de glória O oculta aos seus
olhos; e ao recebê-Lo o carro da nuvem de anjos, soam-lhes ainda aos
ouvidos as palavras: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (WHITE, 2007b, p. 255).
8. CONCLUSÃO
Segundo o que foi mostrado nas seções anteriores, no contexto de cada redenção
(Egito, Babilônia e pecado), quando as teofanias na nuvem são analisadas, pode-se perceber
que elas estão relacionadas com o santuário.
No contexto de redenção do Egito houve várias teofanias na nuvem durante o
percurso do povo de Israel. Jesus foi identificado como estando presente na nuvem, e após a
construção do santuário, Jesus foi visto indo para o santuário e enchendo-o com Sua glória.
No contexto de redenção da Babilônia três teofanias chamam atenção para esse
estudo. Logo na primeira a nuvem é vista por Ezequiel vindo do norte e indo para o santuário
para um período de julgamento. Depois essa nuvem é vista saindo do templo, pois o mesmo
iria ser destruído. Essa nuvem também foi identificada com a presença de Jesus, e no final do
livro Ezequiel descreve Jesus entrando no templo após a construção do mesmo. No contexto
de redenção do pecado o elemento nuvem também aparece. Durante a ascensão de Jesus, uma
nuvem O recebe, e então a pergunta inicial do estudo é respondida.
Conforme a análise verificada por meio da metodologia adotada, conclui-se,
portanto, que após Sua ascensão descrita em Atos 1:6-11, Jesus foi para o santuário celestial a
fim de fazer a obra que por um grande período o santuário terrestre apenas tipificava.
Assim como o santuário do antigo testamento e todos os seus rituais eram um tipo do
\santuário celestial, essas teofanias em que Jesus apareceu na nuvem e logo após entrou no
santuário em Êxodo e Ezequiel, também podem ser consideradas como sombras ou tipos da
ascensão de Jesus na nuvem e sua ida para o Santuário Celestial.
ABSTRACT
This article discusses the relations existing between the theophanies in the cloud and the
sanctuary within the context of the redemption, taking as its starting point the book of Exodus
and the theophanies during the redemption from Egypt that culminated with the glory of God
in the sanctuary, and going through the book of Ezekiel and then in the episode of the
ascension of Jesus. The methodology used was the bibliography research, with the addition of
sources of references applicable to the subject studied. Finally realized that the subject is
broad and that deserves a greater deepening, and that the list the theophanies in the cloud, the
results showed that in the context of redemption, a theophany in the cloud always preceded
the return of Jesus to the Sanctuary, this happening after the sanctuary be built in Exodus
40:34 and Ezekiel 43:1-5, and in Acts 1:9 in the ascension of Jesus..
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada Revista e Atualizada. 2ed. Barueri:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
ÀNAN, In: STRONG dicionário bíblico léxico hebraico, aramaico e grego. Barueri:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. p. 808.
RODRIGUEZ, Manuel Ángel. In: DEDEREN, Raoul (Ed.). Tratado de Teologia Adventista
do Sétimo Dia. 1.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011. Cap. 11, p. 421- 466.
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TAYLOR, Jonh B.; CHOWN, Gordon. Ezequiel: introdução e comentário. São Paulo: Vida
Nova, 2006.