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Consequência lógica e outros predicamentos lógicos

A NOÇÃO DE CONSEQUÊNCIA LÓGICA


Terminamos o capítulo anterior com a observação de que argumento e inferência
podem ser vistos como direções opostas de uma e a mesma via, determinada pela relação
entre premissas e conclusões. Isso permite ver as coleções de asserções que servem como
exemplos de argumentos e/ou inferências de outra perspectiva, mais abstrata, destacando-
se a relação entre premissas e argumentos. E observamos também que as premissas de
um argumento são apresentadas como razões que favorecem dar assentimento à sua
1
conclusão (ou, alternativamente, em alguns casos, como favoráveis a que se suspenda o
juízo). Pode-se dizer, então, que a aceitação da conclusão (ou a conveniência de
suspender a opinião) do argumento é apresentada como reclamada pela aceitação das
premissas; dizendo de outro modo, que alguém que aceitasse as premissas, mas negasse
a conclusão, estaria sendo inconsequente. Esse modo de falar é mais certo naqueles casos
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em que o argumento é dedutivamente (formalmente) válido , ou seja, no qual as premissas
servem de razão para o assentimento porque em conjunto fornecem um fundamento
necessariamente suficiente da verdade da conclusão. Nesses últimos casos, costuma-se
dizer que a conclusão é consequência lógica das premissas, ou seja, a verdade da
conclusão decorreria logicamente (necessária e formalmente) da verdade concomitante
das premissas: se todas as premissas forem verdadeiras, então a conclusão não pode ser
senão verdadeira Percebe-se, assim, que a própria noção de argumento (verbal) pressupõe
que asserções possam entabular entre si uma peculiar sorte de relação: aquela em que a
verdade conjunta de uma ou mais asserções acarreta necessariamente a verdade de uma
outra. Cuidemos, então, dessa relação que ocupa um lugar privilegiado no
desenvolvimento da Lógica.
Para tal voltemos ao início, e consideremos certos usos e costumes linguísticos
envolvendo a palavra “consequência”. Essa palavra pode ser usada, certamente, em
diferentes contextos. Pode-se, por exemplo, dizer a alguém prestes a cometer um ato
indesejável que
Se você fizer isso, então deverá arcar com as consequências.
Ou, pode-se querer explicar os eclipses solares afirmando que
Os eclipses solares são consequências do movimento lunar em torno da Terra.
Embora o termo “consequência” seja empregado nas situações acima para fazer alusão a
coisas distintas, percebe-se certos traços de significado comuns a eles. Em primeiro lugar,
afirma-se a existência de uma relação entre, por um lado, um fato, um objeto ou uma ação
e, por outro lado, outros fatos, objetos ou ações. Além disso, é pressuposto que a relação
não seja aleatória, mas que seja determinada por certos princípios, cânones ou regras
implícitas. Pois, por exemplo, quem chama a atenção de alguém para as consequências
de seus atos, não está aludindo a tudo o que pode vir a acontecer com o agente, mas apenas

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Sempre podemos pensar uma refutação (ou seja, aquele argumento que visa mostrar a falsidade de uma
posição) como um argumento em favor da de uma posição, a saber aquela que é a negação da posição
original, visto que a falsidade de uma asserção é, do ponto de vista clássico, equivalente à verdade da
negação da asserção.
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As expressões argumento válido e formalmente válido serão empregadas como inteiramente
intercambiáveis.
àquilo que pode vir a acontecer com o agente, como resultado desses próprios atos. Por
exemplo, afirmar que
Fumar traz consigo sérias consequências,
As consequências que se tem em vista aqui são, entre outras, prejuízos para a saúde
resultantes da intoxicação, mas não se tem em vista o genocídio promovido por regimes
políticos totalitários.
Nesses usos o termo “consequência” remete a uma conexão entre eventos (fatos,
ações, etc.), governada por certos princípios, regras. Pode-se, então, distinguir diferentes
tipos de relação de consequência, segundo a classe de princípios que é posta em questão
e falar em consequências jurídicas, morais, físicas, segundo estejam em causa princípios
jurídicos morais ou físicos.
Mas também é possível falar de consequência, quando não se está tratando
diretamente de coisas que são propriamente eventos, mas de asserções (alegações,
crenças, proposições, e coisas desse gênero, acerca das quais é pertinente, ainda que não
correto, atribuir verdade ou falsidade) que, eventualmente, remetem a fatos, eventos ou
ações. Sejam considerados os seguintes grupos de asserções:
(1)
a) Há fumaça saindo da casa de Ana
b) Há fogo em algum lugar da casa de Ana
(2)
a) Brás Cubas é solteiro
b) Capitu não é esposa de Brás Cubas
(3)
a) Todos os cavalos são animais
b) Todas as cabeças de cavalos são cabeças de animal
Costumeiramente se aceita que a primeira asserção de cada um dos pares acarreta
a segunda; ou seja, que não é possível, ou pelo menos não é crível, que a primeira asserção
seja verdadeira, e a segunda do mesmo par seja falsa. Também se costuma dizer que, em
princípio, seria inconsequente afirmar a primeira alegação de qualquer um desses pares e
negar a segunda do mesmo par. Assim, sem ferir usos e costumes linguísticos bem
estabelecidos, pode-se afirmar que, no tocante a cada um dos pares de asserções, a
segunda asserção é consequência da primeira.
Ainda que os três pares exemplifiquem um gênero de relação de consequência,
aquela que pode vigorar entre asserções, cada um deles apresenta suas peculiaridades. Em
especial, embora com respeito a cada um deles seja razoável afirmar a impossibilidade de
negar a segunda asserção, dada a primeira, o significado de possível não parece ser o
mesmo nos três casos. Enquanto a impossibilidade de negar a existência de fogo dado que
haja fumaça parece basear-se apenas em experiências adquiridas (ou, no hábito), o que
está em jogo nos dois outros exemplos parece ser algo mais profundamente arraigado no
mundo, ou pelo menos nos hábitos de falar e pensar. Expressando-se outro modo essa
diferença. Ainda que não haja fumaça sem fogo, seria possível imaginar uma situação em
que a fumaça não fosse resultante de uma combustão. No entanto, não parece possível
conceber alguém que fosse a esposa de um homem solteiro, se os termos forem tomados
em suas acepções literais, ou conceber a cabeça de um cavalo que não fosse a cabeça de
um animal, supondo que os cavalos fossem animais.
As condições de apreensão das relações de consequência em cada um dos casos
também sugerem as diferenças em suas naturezas. No primeiro caso, a apreensão da
vigência da relação parece depender da experiência adquirida no passado e indica assim
que a vigência ou não da relação depende de como as coisas (aludidas pelas asserções)
comportam-se, por conseguinte, o caráter factual da relação de consequência nesse caso.
Ao passo que, nos dois últimos casos, o mero domínio das construções gramaticais gerais
e dos significados dos termos usados nas formulações das asserções parece ser suficiente
para aprender a vigência da relação, sugerindo a independência em relação aos fatos
aludidos.
Costuma-se dizer que a relação de consequência exemplificada em (1) é
contingente e a posteriori (porque apreendida a partir da experiência); enquanto aquelas
exemplificadas em (2) e (3) são ditas necessárias e a priori (apreendidas
independentemente da experiência, a menos da experiência lingüística e racional).
Evidentemente, essa maneira de falar supõe a identificação entre o factual e o contingente
e, simetricamente, entre o necessário e o não factual. Mais precisamente, o confinamento
do necessário aos domínios do lógico (do pensar) e do linguístico (falar). 3 Já possíveis
diferenças entre presuntivos dois tipos de relação de consequência, exemplificados
respectivamente pelo segundo e pelo terceiro par de asserções acima, são objetos de
intermináveis controvérsias.
Aqui não cabe aprofundar esse ponto. Apenas chamar a atenção para um traço que
se apresenta claramente apenas no terceiro exemplo e que serve de fundamento para o
caráter aparentemente necessário da relação. Nesse caso, a vigência da relação parece
depender apenas de certas construções gramaticais gerais, representadas por algumas
palavras chaves, e que determinam as formas lógicas das asserções. O exemplo seguinte
permite perceber em que sentido a relação de consequência em (3) é formal:
(4)
a) Todos os políticos profissionais são seres humanos corruptos.
b) Todos os assessores de políticos profissionais são assessores de seres
humanos corruptos.
Pois, independentemente da estima que cada um nutre pela classe dos políticos, todos hão
de concordar que tal par de asserções ilustra a relação de consequência que vimos
considerando. Ademais, facilmente nos damos conta que esse quarto exemplo resulta do
terceiro pela substituição, fazendo as devidas adaptações exigidas pela gramática, da
expressão ‘cavalo’ por ‘políticos profissionais’, da expressão ‘animal’ por ‘ser humano
corrupto’ e, finalmente, da expressão ‘cabeças’ por ‘assessores’. Nos exemplos (3) e (4),
diferentemente do que é o caso com respeito ao par (2), a vigência da relação de
consequência parece depender apenas de operações conceituais (que “raios” são essas tais
operações?) e não meramente de usos e costumes linguísticos, circunscritos a um idioma.
A essa espécie de relação de consequência entre asserções damos o nome de relação de
consequência lógica.

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É possível que essa identificação, tão marcante na cultura ocidental, seja um desdobramento e uma
consequência da tese judaica, mas aceita por cristãos e muçulmanos, de que o mundo (o domínio dos fatos)
é o resultado de um ato criador livre de um Deus. Mas esse é um tema que não podemos desenvolver aqui,
ficando apenas a sugestão para um estudo futuro.
Tem-se agora outra maneira de introduzir a noção de consequência lógica.
Anteriormente, partiu-se de uma noção intuitiva de argumento e chegou-se à noção de
consequência lógica como a relação que deve viger entre as premissas e a conclusão de
certos argumentos válidos, legítimos (aqueles denominados formalmente válidos ou
dedutivamente válidos). A relação de consequência lógica é, por assim dizer, a garantia,
fundamento, justificativa para um argumento (uma inferência, um raciocínio)
dedutivamente válido. Com respeito a tais argumentos, a passagem das premissas à
conclusão seria legítima porque a conclusão seria consequência lógica das premissas.
Agora, a partir da observação de algumas interdependências entre coisas e/ou
entre asserções que fazem alusão às coisas, introduziu-se uma noção geral de
consequência como uma relação não aleatória que, como qualquer relação, pressupõe um
campo e como não aleatória reclama princípios, regras, critérios ou leis que a governem
(isto é especifiquem as condições de vigência da relação, nas quais algo é consequência
de outro algo). Assim, é possível distinguir tais relações ou conforme os campos em que
estão definidas ou conforme os princípios, regras ou leis que pressupõe. Segundo o
primeiro critério, pode-se distinguir relações entre coisas (eventos, fatos, ações e objetos)
de relações entre asserções. O segundo critério apontado acima (que diz respeito aos
princípios, regras, leis) na consideração das relações de consequência cujos elementos
são asserções permite especificar a relação de consequência lógica, como aquela relação
entre um grupo (eventualmente uma única asserção) e uma asserção governada por
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princípios meramente formais (e, por isso, necessários e a priori) . Donde emergem as
duas características anteriormente assinaladas da relação de consequência: preserva
necessariamente a verdade (necessariamente uma asserção é verdadeira, se for
consequência de asserções verdadeiras) e é formal (sua vigência depende apenas da forma
lógica das asserções envolvidas).
Em resumo. A noção de dedução (argumento ou inferência dedutivamente valido)
serve de ocasião para introduzir, por especificação e abstração, a noção de consequência
lógica, como uma relação que preserva necessariamente a verdade e cuja vigência (ou
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não) depende apenas das formas lógicas das asserções envolvidas. Poderíamos chegar
também à noção de consequência lógica por abstração, a partir diretamente da observação
de diferentes sortes de interdependência, interconexão, dos valores de verdade (do ser
verdadeiro ou ser falso) de asserções.
Mais precisamente, a partir da observação da interdependência entre a verdade,
ou alternativamente falsidade, de asserções e da discriminação de diferentes fundamentos
possíveis da interdependência (físico, moral, linguístico, e finalmente lógico) chega-se
por esse processo de abstração e especificação, à relação de consequência que interessa à
Lógica estudar (e, por isso, pode ser denominada consequência lógica), cujas
características essenciais são: i) é uma relação entre um conjunto (eventualmente, uma
única, mas finito, em princípio) de asserções e uma asserção; ii) preserva necessariamente
a verdade (ou seja, não é possível que uma asserção falsa seja consequência de asserções
todas elas verdadeiras); e iii) é formal (estrutural) (ou seja, a vigência, ou não, da relação
depende apenas das formas lógicas dos elementos envolvidos).
VERDADES E FALSIDADES LÓGICAS

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Evidentemente, o que é formal nesse sentido é a priori e necessário; ainda que a inversa eventualmente
não seja verdadeira.
5
Quando se obter maior clareza acerca da temática lógica, pode-se voltar ao tema das relações entre Lógica
e argumentos e considerar, em particular, uma suposta teoria da argumentação.
Como observamos anteriormente, a noção de consequência, na medida em que
pretende expressar uma relação não aleatória, pressupõe a noção de regras, princípios,
leis. Vale dizer, devem existir princípios lógicos que rejam a relação de consequência
lógica. Nesse sentido, podemos dizer que a relação de consequência lógica pressupõe a
de leis lógicas, leis que são usualmente compreendidas como universalmente válidas e
anteriores ao exercício efetivo da razão humana e não dependem do domínio particular
de objetos a que a razão venha a se aplicar.
Com efeito, tradicionalmente a Lógica tem cuidado de formular leis lógicas como
as leis do terceiro excluído ou a lei da não contradição. A natureza das leis lógicas (se são
leis do pensamento ou leis gerais do ser ou, ainda, se são meras convenções linguísticas),
bem como a maneira correta de formulá-las tem sido objeto de inúmeras controvérsias ao
longo de toda a história da Lógica.
Aqui, basta observar que estas leis gerais dão lugar a asserções que são
tradicionalmente tomadas como verdadeiras em função da mera forma. Ou seja, asserções
que não apenas são verdadeiras, mas são necessariamente verdadeiras e que dão lugar a
outras asserções verdadeiras ao substituirmos certas expressões por outras, preservando
a correção gramatical. Tais asserções são denominadas, por razões óbvias, de verdades
lógicas.
Assim, por exemplo, a asserção
Ou Sócrates morreu envenenado, ou Sócrates não morreu envenenado.
seria, segundo o princípio do terceiro excluído, necessariamente verdadeira e, além disso,
continuaria verdadeira se substituirmos nela
Sócrates morreu envenenado
por qualquer outra asserção. Ademais, qualquer argumento dedutivamente válido dá lugar
a uma verdade lógica, a saber, o condicional a ele associado (ou seja, aquela asserção
condicional cujo antecedente é a conjunção de suas premissas e cujo consequente é a sua
conclusão). Na verdade, um argumento é dedutivamente válido se e apenas se o
condicional associado for logicamente verdadeiro. Por exemplo, o condicional
Se todos os homens são mortais e o Sr. Pickwick é homem, então o Sr. Pickwick é
mortal.
É logicamente verdadeiro, assim, o argumento
Todos os homens são mortais
Sr. Pickwick é homem
Logo, Sr. Pickwick é mortal
é dedutivamente válido. Inversamente, o argumento
Todos os bens são devidos ao ser humano
Ora, a felicidade é um bem
Logo, a felicidade é devida ao homem
e dedutivamente válido, assim, o condicional
Se todos os bens são devidos ao ser humano e a felicidade é um bem, então a
felicidade é devida ao homem
é uma verdade lógica (é logicamente verdadeiro).
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Ao adjetivo verdade lógica se opõe, como seu antônimo, o de contradição lógica .
Uma asserção logicamente contraditória é aquela cuja falsidade segue de sua própria
estrutura lógica e, consequentemente, não é, nem pode ser verdadeira. Por exemplo, a
asserção
Hegel nasceu em Stuttgart em 27 de agosto de 1770 e Hegel não nasceu em Stuttgart
em 27 de agosto de 1770.
é necessariamente falsa e, ademais, se nela substituirmos a asserção "Hegel nasceu em
Stuttgart em 27 de agosto de 1770" por uma outra asserção qualquer, a asserção
continuaria falsa. Outro exemplo de asserção contraditória é
O Brasil é país moderno se e apenas se o Brasil não for um país moderno.
Esta asserção, compreendida em seu sentido literal, não pode ser verdadeira, bem como
qualquer outra asserção que resulte desta, substituindo a sentença ‘o Brasil é um país
moderno’ por qualquer outra. Uma contradição pode ser vista exatamente como a
tentativa fracassada de fazer uma asserção, pois compreende a afirmação e a simultânea
negação daquilo que se pretende afirmar ou negar; enunciar de maneira literal uma
7
asserção contraditória é como dizer algo e, em seguida, desdizer-se.
As noções de verdade lógica e de contradição não esgotam todas as possibilidades
de qualificar uma asserção, pois uma asserção pode não ser uma verdade lógica, nem uma
contradição. Por exemplo, a asserção
O Sol nasce todos os dias.
não parece ser contraditória, embora seja muito difícil sustentar que seja uma verdade
lógica. Talvez, a maioria das asserções seja de tal espécie. Tais asserções são
denominadas de asserções contingentes.
Nos textos de Lógica é comum empregar-se o adjetivo inconsistente como
sinônimo de contraditório; assim, costuma-se dizer indiferentemente que a asserção é
inconsistente ou que é contraditória. E, por negação, pode-se dizer que uma asserção é
logicamente consistente se, por sua mera estrutura lógica, ela puder ser verdadeira. Vale
dizer, para que uma asserção seja logicamente consistente não é necessário que ela seja
verdadeira, é suficiente que não seja uma contradição lógica. E, por outro lado, para que
uma asserção seja logicamente verdadeira não é suficiente que seja verdadeira, é
necessário que seja verdadeira por sua mera forma e, assim, não possa ser senão
verdadeira. Assim, não convém confundir consistência com verdade, e muito menos com
verdade lógica.

6
Tal como foi feito com os conceitos de argumento válido e de consequência seria possível distinguir a
contradição lógica de contradições não propriamente (ou manifestamente) lógicas, como aquelas
implicadas nas expressões ‘círculo quadrado’, ‘solteiro não casado’. Como se verá oportunamente, a
legitimidade de tal distinção depende dos mesmos fundamentos dos quais dependem também a legitimidade
da distinção entre consequência lógica e eventuais outras relações de consequência necessárias que possam
ser detectadas entre asserções. No entanto, para não deixar o texto sobrecarregado, o qualificativo ‘lógica’
será normalmente omitido.
7
Uma interessante análise da noção de contradição, no contexto do uso ordinário da linguagem, encontra-
se no primeiro capítulo da obra. Strawson observa que a “contradição cancela a si mesma e não deixa nada”
(p. 3), “consequentemente, não podemos explicar o que é uma contradição simplesmente indicando, como
alguém poderia ser tentado a fazer, um certo fraseado”. Para esse autor, trata-se de um fenômeno linguístico,
um ato linguístico, “por trás da inconsistência entre enunciados encontram-se regras para o uso de
expressões” (p. 10)(Strawson, 2012).
Asserções falsas podem ser consistentes (isto é, não contraditórias); por exemplo,
embora a asserção
Todos os cisnes são brancos
seja normalmente tida por falsa, ela não parece ser uma contradição lógica, pois poderia
ser o caso que não existissem cisnes de outra cor. E, por outro lado, asserções verdadeiras
podem não ser logicamente verdadeiras; por exemplo, embora a asserção
Os corpos se atraem na razão direta de suas massas e inversas de suas distâncias
seja normalmente tida por verdadeira (mais ainda, por necessariamente verdadeira), ela
não parece ser logicamente verdadeira. Mas ainda, as tentativas de mostrar que asserções
aritméticas (por exemplo, dois mais dois são quatro) são logicamente verdadeiras,
redundaram ou em flagrante contradição ou em doutrinas cujo caráter lógico é
extremamente discutível.
Apenas os dois qualificativos, consistência e inconsistência, tomados
disjuntivamente, recobrem todo o universo das asserções. Dado, em particular, que
qualquer verdade lógica é consistente, uma asserção ou é consistente e, neste caso, ela
pode ser ou não uma verdade lógica, ou ela é uma contradição. Do ponto de vista esposado
aqui, as asserções dividem-se, portanto, em asserções consistentes e asserções
inconsistentes (ou contraditórias) e as primeiras, as consistentes, podem ser ou verdades
lógicas ou não e, essas últimas, por sua vez, podem ser ou verdadeiras ou falsas.
As noções de contradição e consistência podem ser empregadas não apenas para
qualificar asserções, mas também para expressar relações entre asserções ou propriedades
de coleções, ou ainda relações entre coleções de asserções ou entre uma asserção e uma
coleção de asserções.
Assim, uma coleção de asserções é dita consistente se for possível que todos seus
elementos sejam simultaneamente verdadeiros e isso pela mera forma lógica deles. E, de
maneira simétrica, uma coleção de asserções é inconsistente se não for possível, por suas
meras formas, que todas elas sejam simultaneamente verdadeiras. Em particular, uma
asserção é inconsistente com outra, se não for possível, por suas meras formas, que ambas
sejam simultaneamente verdadeiras.
Por outro lado, embora quando ditos de asserções isoladas ou de coleções isoladas
de asserções os qualificativos inconsistente e contraditório sejam equivalentes, o adjetivo
contraditório recebe uma significação peculiar quando dito de duas asserções isoladas.
Duas asserções são ditas contraditórias entre si se, pelas meras formas das asserções, não
for possível que ambas sejam simultaneamente verdadeiras bem como, que ambas sejam
simultaneamente falsas. Assim, por exemplo, as asserções:
Todo homem é mortal
e
Alguns homens não são mortais
são contraditórias entre si, pois, por lado, não é possível que ambas sejam verdadeiras e,
por outro, ou bem a mortalidade é característica de todos os homens ou bem há pelo
menos um homem que escapa à morte. E, além disso, qualquer par de asserções da forma
Todo ----- é =====
Algum ---- não é =====
é contraditório entre si.
Observemos que duas asserções contraditórias entre si são também inconsistentes
entre si, mas duas asserções inconsistentes entre si, podem não ser contraditórias entre si,
ainda que dizer que de uma asserção isolada que ela é inconsistente seja o mesmo que
dizer que ela é contraditória. Um exemplo ajuda a esclarecer o ponto. As asserções
Sócrates é justo
e
Sócrates não é justo
são contraditórias entre si, se tomadas em sentido literal, e, por conseguinte, são
inconsistentes entre si: não podem ser simultaneamente verdadeiras, nem podem ser
simultaneamente falsas e isso pela mera forma das asserções. Porém, embora a sentença
Todo homem é justo,
seja inconsistente com a sentença
Nenhum homem é justo,
as duas não são contraditórias entre si, pois é possível que ambas sejam falsas, ou seja,
que existam homens justos e homens injustos. Nesse caso, diz-se que as duas sentenças
são contrárias entre si. Dito de outro modo, se duas asserções forem contraditórias entre
si, então não existe nenhum enunciado consistente simultaneamente com ambos
Afirmar de uma mesma asserção que ela é inconsistente é o mesmo que dizer que
ela é contraditória; no entanto, afirmar de duas asserções distintas que elas são
inconsistentes entre si não é o mesmo que dizer que elas são contraditórias entre si, pois
entre elas pode haver apenas contrariedade e não contradição. No entanto, a afirmação
conjunta de duas asserções contrárias conduz à inconsistência (contradição), como
exemplificado por
Todo homem é justo, mas nenhum homem é justo.
Uma asserção que é necessariamente falsa (não pode ser verdadeira).
Em resumo, de uma asserção isolada pode se dizer que é ou consistente ou
inconsistente (equivalentemente, contraditória); no caso de ser consistente, ela pode ser
uma verdade lógica ou não e, finalmente, nesse último caso, ela pode ser verdadeira ou
falsa. De duas asserções pode-se dizer que são ou consistentes entre si ou inconsistentes
entre si e, nesse último caso, que são contraditórios entre si ou que são contrárias entre si.
E, por extensão, uma asserção é inconsistente com uma coleção de asserções, se o
acréscimo daquela asserção à coleção em pauta der lugar a uma coleção inconsistente.
Nem sempre é manifesta (salta à vista) a natureza consistente (ou não) de asserção.
Não raro necessitamos um arrazoado, as vezes complexo, para mostrar que é consistente
(ou não). Por exemplo, seria consistente (ainda que irreal) afirmar que numa vila de
Yorkshire mora um barbeiro (homem) que barbeia todos os moradores (homens) que não
barbeiam a si mesmo e apenas esses. Mas a inconsistência dessa afirmação, para ser
percebida necessita de um arrazoado, por exemplo, o seguinte. Suponha que nalguma vila
haja um tal barbeiro homem que barbeia a todos os homens que não se barbeiam a si
mesmo. Como ele é homem e barbeiro, ou bem ele se barbeia a sim mesmo ou bem não;
caso ele se barbeie a si, ele não barbeia apenas o que não se barbeiam a si mesmo
(contradizendo a suposição de que ele o barbeiro que barbeia apenas os que não se
barbeiam a sim mesmo); por outro lado, se ele não se barbei, então, como é o barbeiro
que barbeia a todos que não se barbeiam a si mesmo, ele se barbeia (absurdo); logo não
pode haver tal barbeiro.
Um exemplo mais profundo, que infelizmente não podemos detalhar aqui, é a
consistência da negação do quinto postulado de Euclides com os demais quatro. Um
problema tão dramático que intrigou a humanidade por mais de vinte século, tendo sido
solucionado apenas muito recentemente, no final do século dezoito.
Isso é alerta suficiente para não subestimarmos as dificuldades em determinar a
correção ou não da atribuição de predicamentos lógicos a casos particulares. Assegurar a
consistência do discurso já é uma tarefa hercúlea, embora a consistência seja apenas uma
condição necessária (mas normalmente não suficiente) da verdade.
INTERDEFINIBILIDADE DOS CONCEITOS LÓGICOS
FUNDAMENTAIS.
Na verdade, vimos considerando uma família de conceitos: dedução (inferência,
argumento ou raciocínio dedutivamente válido), consequência lógica, verdade lógica,
consistência e contradição, que mantêm relações estreitas entre si, de sorte que, da
inteligência de qualquer um deles, pode-se auferir a inteligência de qualquer outro. O
leitor já deve ter percebido, anteriormente, o íntimo parentesco entre os conceitos de
dedução (argumento ou inferência dedutivamente válidas) e consequência lógica.
Parentesco que permite afirmar, indistintamente, tanto que uma dedução é um argumento
(ou inferência) no qual a conclusão é consequência lógica das premissas, como que a
relação de consequência lógica é aquela que deve viger entre as premissas e a conclusão
das deduções.
Os usos dos termos contradição e consistência, bem como de seus correlatos,
explicados acima, permitem uma nova caracterização, alternativa, de argumentos
(inferências) dedutivamente válidos. Para tal faz-se necessário introduzir a noção de
negação de uma asserção. Por negação de uma dada asserção entendemos aquela asserção
que é falsa, se a asserção dada for verdadeira, e é verdadeira, caso contrário. Pode-se,
então, dizer que uma dedução é aquela inferência ou raciocínio ou, ainda, aquele
argumento no qual a negação da conclusão é inconsistente com as suas premissas; ou seja,
uma asserção é consequência lógica de um dado conjunto de asserções se sua negação for
inconsistente com o conjunto de asserções em pauta.
Na verdade, a partir de qualquer um dos conceitos lógicos fundamentais, seja o de
dedução (inferência, raciocínio ou argumento dedutivamente válido), consequência
lógica, verdade lógica, contradição ou, ainda, de consistência, é possível caracterizar,
eventualmente com o auxílio de outras noções elementares, os demais. Entre eles vige
uma relação de definibilidade recíproca: a partir de qualquer um deles, tomado como
primitivo, é possível definir, em certo sentido, todos os demais.
A fim de que o leitor perceba melhor esse ponto, pode-se considerar os diferentes
casos, começando por aquele em que os demais conceitos são caracterizados a partir da
noção de consequência lógica, tomada como noção primitiva. No tocante à noção de
dedução, isso já foi feito: uma dedução (inferência ou argumento dedutivamente válido)
é uma coleção de asserções no qual uma das asserções (denominada de conclusão) é
8
consequência lógica das demais (chamadas de premissas) .

8
Observe que, nessa caracterização foi deixado de lado o aspecto dinâmico-funcional presente na noção
intuitiva de dedução, aspecto para o qual chamamos atenção antes e que desempenha um papel importante
na aplicação da Lógica à Ciência da Computação. Esse aspecto é recuperado pela noção de regras de
inferência.
Para caracterizar os conceitos de contradição, consistência e verdade lógica, a
partir do de consequência lógica, pode-se recorrer a uma observação originária dos textos
de Lógica da Idade Média: de uma contradição tudo se segue e, por outro, uma verdade
necessária é consequência de qualquer outra asserção. Adaptando ao que interessa aqui:
qualquer asserção é consequência lógica de uma coleção inconsistente de asserções e, por
9
outro lado, uma verdade lógica é consequência lógica de qualquer coleção de asserções .
Com efeito, se uma coleção de asserções for logicamente inconsistente, então por
suas próprias estruturas lógicas, elas não podem ser todas verdadeiras; por conseguinte,
por razões meramente de estrutura lógica, não é possível que elas sejam todas verdadeiras
e alguma uma outra qualquer, falsa. Ou seja, qualquer asserção é consequência lógica de
uma coleção inconsistente de asserções. E, inversamente, se uma asserção não for
consequência lógica de uma coleção de asserções, então é possível que aquela asserção
seja falsa e as outras todas verdadeiras. Portanto, esse conjunto de asserções será
consistente. Ademais, se uma asserção for consequência lógica de qualquer coleção de
asserções, ela será consequência de sua negação e, portanto, não pode ser falsa, pois isso
geraria uma contradição (se ela fosse falsa, a sua negação seria verdadeira e como ela
consequência de sua negação, seria verdadeira); inversamente, se ele é uma verdade
lógica, ela não pode ser falsa e, em particular, não é possível que alguma asserção seja
verdadeira e ela falsa, ou seja, ela é consequência lógica de qualquer outra
Donde, podemos caracterizar uma coleção de asserções como consistente se e
apenas se existir alguma asserção que não seja consequência lógica dela. E,
simetricamente, como contraditória, se qualquer asserção for consequência da coleção em
pauta. As asserções isoladas podem ser tomadas, então, como um caso particular, o de
uma coleção unitária de asserções; ou seja, uma asserção isolada é contraditória, se
qualquer asserção for consequência dela, quando tomada como premissa única e é
consistente, caso exista alguma asserção que não seja consequência dela, nas mesmas
condições. E, ainda que de maneira um pouco artificial, todas as verdades lógicas (ou
asserções logicamente verdadeiras) podem ser caracterizadas como asserções que são
consequências lógicas de qualquer coleção (eventualmente vazia) de asserções.
Vê-se, portanto, que todos os demais conceitos lógicos fundamentais podem ser
definidos a partir do conceito de consequência lógica. O mesmo pode ser feito se for
tomada como noção primitiva qualquer uma das outras noções, com a única diferença
que, nestes casos deve-se lançar mão de outras noções auxiliares. Em especial, a fim de
se caracterizar a noção de consequência lógica a partir da noção de verdade lógica, são
necessárias algumas noções auxiliares que podem ser tomadas por empréstimo de um
manual contemporâneo de Lógica, como o manual de Benson Mates.
Dado uma coleção finita de asserções, pode-se formar uma asserção composta,
utilizando vírgulas ou a conjunção ‘e’. Assim, a partir das asserções
Todos os homens são primatas
e
Alguns primatas têm hábitos notívagos,
Forma-se a asserção
Todos os homens são primatas e alguns primatas têm hábitos notívagos.

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A observação medieval, na verdade, era mais ampla e dizia respeito a qualquer proposição
necessariamente verdadeira ou necessariamente falsa.
Essa asserção composta é dita a conjunção das asserções anteriores.
Por outro lado, denomina-se asserção condicional (ou, simplesmente, condicional)
qualquer asserção da forma
Se ..., então ---.
na qual os espaços assinalados estejam ocupados por duas asserções quaisquer; num
condicional, a primeira asserção (que substitui os três pontos no esquema acima) é
chamada antecedente e a segunda, consequente.
Desse modo, dado um argumento qualquer, podemos formar uma asserção
condicional cujo antecedente é a conjunção das premissas do argumento e cujo
consequente é a conclusão. De maneira mais geral, a qualquer coleção de asserções, desde
que finita, e a qualquer asserção isolada está associado um condicional, a saber, aquele
cujo antecedente é a conjunção das asserções da coleção em pauta e o consequente, a
asserção isolada.
Assim, do ponto de vista que adotado aqui, pode-se dizer que uma asserção é
consequência lógica de uma coleção finita de asserções, se o condicional formado,
tomando-se como antecedente a conjunção desse conjunto e como consequente aquela
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asserção, for uma verdade lógica . Portanto, a partir da noção de verdade lógica também
é possível caracterizar as noções de dedução, consistência e contradição, uma vez que,
por um lado, tais noções podem ser definidas a partir da noção de consequência lógica e
essa, como se acabou de ver, pode ser expressa sempre por meio de um condicional
logicamente verdadeiro. Cabe ao leitor exercitar-se um pouco e fornecer, ainda que
apenas mentalmente, definições explícitas para as noções de consistência e contradição,
a partir da noção de verdade lógica; bem como, encontrar definições explícitas para os
demais conceitos, a partir do conceito de consistência ou, então, do de contradição.
Os conceitos de dedução (inferência, raciocínio ou argumento dedutivo),
consequência lógica, verdade lógica, consistência e contradição, encontradiços nos textos
de Lógica, antigos e contemporâneos, constituem uma família de conceitos que mantêm
relações estreitas entre si. E, dada a interdefinibilidade que vige entre eles, é indiferente
qual dos conceitos, (consequência lógica, dedução, verdade lógica, contradição ou, ainda
consistência) é tomado como o conceito fundamental e, por conseguinte objeto primordial
de estudo da Lógica. Trata-se aqui, na verdade, de uma família de conceitos fundamentais.
O privilégio que um autor concede a um desses conceitos envolve já certa opção
teórica acerca da natureza da Lógica. Assim, por exemplo, nos textos tradicionais, como
a assim chamada Lógica de Port Royal, recebe destaque a noção de argumento válido
(silogismo), coerentemente com a visão da Lógica como arte do raciocínio. Strawson,
exatamente por assumir uma outra perspectiva acerca da Lógica, deprecia o conceito de
inferência, privilegiando o de consistência. Strawson olha a Lógica a partir do ponto de
vista da avaliação lógica do discurso ordinário. Já Quine, procurando aproximar a Lógica
das ciências, privilegia a noção de verdade lógica e diz que a "Lógica é o estudo
sistemático das verdades lógicas (..) uma verdade lógica é uma sentença cuja verdade é
assegurada pela sua estrutura lógica. (Quine, Philosophy of Logic).

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Essa caracterização pode ser também aplicada ao caso infinito, uma vez que a noção clássica de
consequência apresenta a interessante propriedade segundo a qual uma proposição é consequência lógica
de uma coleção (finita ou não) de proposições se e apenas se for já consequência de uma coleção finita.
Essa propriedade é chamada de compacidade.
Ainda que não haja como eliminar certa arbitrariedade da escolha do conceito
lógico que será considerado como central, pode-se oferecer algumas razões que
favorecem o conceito de consequência lógica. Como facilmente se percebe, todos os
conceitos fundamentais fazem alusão, em última instância, a conexões entre asserções,
que podem ser determinadas a partir da relação de consequência lógica. Ademais, o leitor
deve ter percebido a maior generalidade, em certo aspecto, da noção de consequência
lógica: a fim de definir os demais conceitos lógicos não é necessário apelar para noções
auxiliares, ainda que as definições resultantes pareçam um pouco artificiais. Com efeito,
a possibilidade de tomar como primitivo ou o conceito de verdade lógica, ou o de
consistência ou o de contradição e, ainda assim, ser capaz de definir os conceitos de
consequência lógica e dedutibilidade depende de certas peculiaridades da doutrina lógica
chamada Lógica Clássica; entre as quais se destacam a presença das operações lógicas de
condicionalização, de conjunção e de negação, bem como a propriedade da compacidade
(qual seja, se algo for consequência lógica de um conjunto de asserções é consequência
já de um conjunto finito).
Pode-se justificar assim a escolha do conceito de consequência lógica, uma noção
abstraída da noção corrente de argumento, inferência, ou raciocínio, como o conceito
central da Lógica. Um conceito mais neutro, que permite assumir diferentes perspectivas
e é compatível com diferentes tratamentos da Lógica. E podemos afirmar, então, que cabe
a Lógica fornecer, sob certas condições ainda a serem determinadas, estudar essa relação,
caracterizá-la e analisá-la determinando suas propriedades.
Com efeito, ao longo de toda a sua história, a Lógica se propôs a fornecer, ainda
que em contextos diferentes, uma caracterização rigorosa e precisa dessa relação, bem
como, a estudar, ainda que de maneiras diferentes, suas propriedades. O desenvolvimento
atual da Lógica talvez venha a tornar incorreto (ou impreciso ou, ainda, inadequado) dizer
que a relação de consequência lógica é o objeto privilegiado de estudo da Lógica, ainda
assim, é certo dizer que essa noção tem um papel de destaque nos estudos lógicos.

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