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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Centro de Ensino à Distância

Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Linguística Bantu
Código: (P0184)

Módulo único
24 Unidades
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de
Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a
duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer
formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é
passível a processos judiciais.

Elaborado Por: dr. William Zona,

Licenciado em ensino da Língua Portuguesa pela UP.

Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino da Língua Portuguesa no Centro


de Ensino à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correia de Brito No 613-Ponta-Gêa

Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

Fax:23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do
presente manual, dr. William Zona agradece a colaboração dos seguintes indivíduos
e instituições na elaboração deste manual.

Pela disponibilidade do material: Instituto Camões, pólo na Beira;

Pela revisão linguística: dr. Armamdo Artur (Coordenador do


Curso de Licenciatura em Ensino da
Língua Portuguesa).
Centro de Ensino à Distância i

Índice

Visão geral 5
Bem-vindo à Linguística Bantu .................................................................................... 5
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 5
Quem deveria estudar este módulo ............................................................................ 5
Como está estruturado este módulo? ......................................................................... 6
Ícones de actividade ...................................................................................................... 7
Habilidades de estudo ................................................................................................... 7
Precisa de apoio? .......................................................................................................... 8
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .......................................................................... 8
Avaliação ......................................................................................................................... 9

Unidade 01: Conceito de Língua Bantu 10


Introdução 10
Sumário.......................................................................................................................... 11
Exercícios ...................................................................................................................... 12

Unidade 02: Localização das Línguas Bantu 13


Introdução 13
Sumário.......................................................................................................................... 14
Exercícios ...................................................................................................................... 14

Unidade 03: Caracterização das Línguas Bantu 15


Introdução 15
Sumário.......................................................................................................................... 17
Exercícios ...................................................................................................................... 17

Unidade 04: Panorama Linguístico de Moçambique 18


Introdução 18
Sumário.......................................................................................................................... 21
Exercícios ...................................................................................................................... 21

Unidade 05: Classificação das Línguas Bantu segundo Guthrie 23


Introdução 23
Sumário.......................................................................................................................... 24
Exercícios ...................................................................................................................... 24

Unidade 06: Classificação das Línguas Bantu de Moçambique segundo Guthrie 25


Introdução 25
Centro de Ensino à Distância ii

Sumário.......................................................................................................................... 27
Exercícios ...................................................................................................................... 27

Unidade 07: Fonética das Línguas Bantu 28


Introdução 28
Sumário.......................................................................................................................... 29
Exercícios ...................................................................................................................... 29

Unidade 08: Modos e pontos de articulação 30


Introdução 30
Sumário.......................................................................................................................... 33
Exercícios ...................................................................................................................... 33

Unidade 09: Sistema consonântico Bantu (consoantes simples) 34


Introdução 34
Sumário.......................................................................................................................... 36
Exercícios ...................................................................................................................... 36

Unidade 10: Consoantes combinadas 37


Introdução 37
Sumário.......................................................................................................................... 38
Exercícios ...................................................................................................................... 39

Unidade 11: Sistema vocálico das línguas Bantu(vogais breves e longas) 40


Introdução 40
Sumário.......................................................................................................................... 43
Exercícios ...................................................................................................................... 43

Unidade 12: Fonologia das línguas Bantu (o tom lexical) 44


Introdução 44
Sumário.......................................................................................................................... 46
Exercícios ...................................................................................................................... 46

Unidade 13: Tom gramatical 47


Introdução 47
Sumário.......................................................................................................................... 48
Exercícios ...................................................................................................................... 48

Unidade 14: A sílaba e a sua estrutura nas línguas Bantu 49


Introdução 49
Centro de Ensino à Distância iii

Sumário.......................................................................................................................... 50
Exercícios ...................................................................................................................... 51

Unidade 15: Nasal silábica 52


Introdução 52
Sumário.......................................................................................................................... 53
Exercícios ...................................................................................................................... 54

Unidade 16: O uso de apóstrofo 55


Introdução 55
Sumário.......................................................................................................................... 55
Exercícios ...................................................................................................................... 55

Unidade 17: Morfologia das línguas Bantu 56


Introdução 56
Sumário.......................................................................................................................... 58
Exercícios ...................................................................................................................... 58

Unidade 18: Morfologia do nome (nominal) 59


Introdução 59
Sumário.......................................................................................................................... 61
Exercícios ...................................................................................................................... 61

Unidade 19: Função primária e secundária dos prefixos nominais 62


Introdução 62
Sumário.......................................................................................................................... 64
Exercícios ...................................................................................................................... 64

Unidade 20: Integração dos empréstimos em classes nominais 65


Introdução 65
Sumário.......................................................................................................................... 67
Exercícios ...................................................................................................................... 67

Unidade 21: Morfologia verbal 68


Introdução 68
Sumário.......................................................................................................................... 70
Exercícios ...................................................................................................................... 70

Unidade 22: Afixos verbais 71


Introdução 71
Centro de Ensino à Distância iv

Sumário.......................................................................................................................... 74
Exercícios ...................................................................................................................... 74

Unidade 23: Sintaxe (frases simples) 75


Introdução 75
Sumário.......................................................................................................................... 76
Exercícios ...................................................................................................................... 77

Unidade 24: Frase complexa (coordenação e subordinação) 78


Introdução 78
Sumário.......................................................................................................................... 80
Exercícios ...................................................................................................................... 80
Centro de Ensino à Distância 5

Visão geral

Bem-vindo à Linguística Bantu

A Linguística Bantu vem sendo abordada neste Curso de


Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa no âmbito do
Ensino à Distância (CED) da Universidade Católica de
Moçambique, desde o princípio deste ano académico.

Objectivos da cadeira

Quando terminares o estudo de Linguística Bantu, serás


capaz de:

 Conhecer a estrutura das línguas Bantu;


 Localizar as línguas Bantu;
Objectivos
 Comunicar-se usando as línguas bantu em vários
contextos.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para os estudantes do 2º ano de


curso de Português.
Centro de Ensino à Distância 6

Como está estruturado este módulo?

Todos os manuais das cadeiras dos cursos oferecidos pela


Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à
Distância (UCM-CED) encontram-se estruturados da
seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para
completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo da cadeira
A cadeira está estruturada em unidades de aprendizagem.
Cada unidade incluirá, o tema, uma introdução,
objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e
uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais,
apresentamos uma lista de recursos adicionais para você
explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites
na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para esta cadeira, encontram-se no
final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se
folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como
instruções para as completar. Estes elementos encontram-
se no final do manual.
Centro de Ensino à Distância 7

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo da cadeira. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este manual.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones


nas margens das folhas. Estes ícones servem para
identificar diferentes partes do processo de aprendizagem.
Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

Caro estudante, procure reservar no mínimo 2(duas) horas


de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos
finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um
plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o
que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você


é o responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a se
planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio
progresso.

Evite plágio.
Centro de Ensino à Distância 8

Precisa de apoio?

Caro estudante:

Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem,


dai o estudante ter a oportunidade de interagir
objectivamente com o tutor, usando para o efeito os
mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação. Em


caso de problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser
contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do
curso e se o problema for da natureza geral, contacte a
direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos so se podem efectuar nos dias úteis e nas


horas normais de expediente.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios),


contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejem realizadas. Só deverão ser entregues os
exercícios que forem indicados pelo Tutor. Isto, antes do
período presencial.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de


pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente
referenciados, respeitando os direitos do autor.
Centro de Ensino à Distância 9

Avaliação

A avaliação da cadeira será controlada da seguinte


maneira:

 Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes,


sendo divididos em três sessões presenciais de
acordo com a programação do Centro.
 Dois (2) Testes escritos em presença e um (1) exame
no fim do ano.
Centro de Ensino à Distância 10

Unidade 01: Conceito de Língua Bantu

Introdução

Língua – Sistema organizado de signos (sons, morfemas


gramaticais, palavras, etc.) comum a uma determinada
comunidade humana, como meio de expressão e de
comunicação social.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir língua e Línguas Bantu;


 Localizar as línguas bantu;
Objectivos
 Reflectir sobre a origem do termo bantu.

Línguas Bantu – conjunto de línguas faladas na África


Meridional e que apresentam características comuns a nível
fonético, fonológico, sintáctico, morfológico.
O surgimento do termo “bantu”
O termo Bantu foi empregue pela primeira vez por William
Heirich Emanuel Bleek (alemão), mais conhecido por
Bleek, também conhecido por “ Pai da Filologia Bantu ”, em
1862, no seu trabalho intitulado “Comparative Grammar of
South African Languages”.
Esta designação “bantu” resulta da reconstituição do
vocábulo que designa “pessoas” ou “gente” nas línguas
faladas na parte sul do continente africano.
Foi a aplicação do método comparativo ao estudo das
línguas africanas que permitiu que os Linguistas
descobrissem algumas características comuns entre as
Centro de Ensino à Distância 11

línguas de um grupo a que mais tarde se chamou “ Bantu”.


Existe uma unidade estrutural de tipo genético entre todas
as línguas Bantu
Os exemplos que se seguem ilustram a semelhança do
termo que designa “ pessoas” ou “gente” em algumas
línguas moçambicanas:
Gitonga ba – thu
Swahili wa – tu
Nyanja wa – nthu
Nyungwe wa – nthu
Shona va – nhu
Changana va – nhu
Yao vaa - ndu
Makonde va – nu
Makhuwa a – thu
Nyanja a - nthu
Sena a - nthu
Etc.

Esta lista por mais que alongasse, sempre se verificaria que


as duas partes do vocábulo seriam constantes em todas as
línguas – prefixo (de classe 2) “ba” ( wa-, va-, a-, ) e um
tema nominal “ntu” (-ndu, -nhu, -thu,-tu)
Bantu - plural de muntu.

Sumário

Línguas Bantu – conjunto de línguas faladas na África


Meridional e que apresentam características comuns a nível
fonético, fonológico, sintáctico, morfológico.
O termo Bantu foi empregue pela primeira vez por Bleek
(alemão), “ Pai da Filologia Bantu. O termo bantu surge da
reconstituição do termo muntu que designa “pessoa” ou
“gente”.
Centro de Ensino à Distância 12

Exercícios

1. O termo bantu foi empregue pela primeira vez por


BLEEK, também conhecido por “ Pai da Filologia
Bantu”:

a. Explique porque Bleek é considerado “Pai


da Filologia Bantu”.

b. Descreve as principais contribuições de


BLEEK no estudo das Línguas Bantu

c. Qual foi o método utilizado por BLEEK para


descobrir que existe uma unidade estrutural
de tipo genético entre todas as línguas
bantu?
Centro de Ensino à Distância 13

Unidade 02: Localização das Línguas Bantu

Introdução

Nesta unidade, abordaremos basicamente a distribuição das


línguas bantu no continente africano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localizar as línguas bantu no espaço

Objectivos

Actualmente, o termo Bantu é usado nos estudos da


Linguística Moderna para se referir a um grupo de cerca de
600 línguas faladas por perto de 220 milhões de pessoas
numa vasta região da África Contemporânea que se estende
a sul de uma linha que vai desde os Montes Camarões (a sul
da Nigéria) junto à Costa atlântica, até à foz do rio Tana (no
Quénia)
As regiões onde estas línguas são faladas abrangem os
seguintes países:

- África do Sul, Angola, Botswana, Burundi, Camarões,


Comores, Congo, Gabão Guine – equatorial, Lesoto,
Malawi, Moçambique, Namíbia, Quénia, Ruanda,
Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zaire – RDC, Zâmbia,
Zimbabué.
Centro de Ensino à Distância 14

Exceptuam-se, no entanto, casos isolados de línguas não


pertencentes ao grupo Bantu em alguns países,
mencionados:
1- Khoi, San e Hotentote na África do Sul, Namíbia e
Botswana
2- Maasai e Luo no Quénia
3- Hadza (Hatsa), Maasai, Iraqw, Sandawe, na
Tanzânia.

Sumário

Para além de Moçambique, as línguas bantu são faladas


para a comunicação por cerca de 600 milhões de pessoas
espalhadas pelo continente africano. Estas línguas cobrem o
espaço compreendido entre os Montes Camarões até ao
Quénia.

Exercícios

1.Para além das línguas bantu, que outras línguas são


faladas na região Meridional de África? Localize-as.
Centro de Ensino à Distância 15

Unidade 03: Caracterização das Línguas Bantu

Introdução

Nesta unidade, falaremos das características das línguas


bantu.
Uma língua bantu distingue-se de outras línguas não bantu
através dos seguintes critérios: principais e subsidiários.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as línguas Bantu;


 Descrever os critérios principais e subsidiários.

Objectivos

A. Critérios Principais

a) Tem como indicadores prefixos através dos quais os


nomes podem ser distribuídos em classes.
Ex: Shona
mu - sha (aldeia)
mu – ti (árvore)
mu – soro (cabeça)

b) As classes devem associar-se regularmente em pares


que opõem o singular do plural de cada género.
Ex:
mu - sha (aldeia) / mi-sha
mu – ti (árvore) / mi-ti
mu – soro (cabeça) / mi-soro
Centro de Ensino à Distância 16

c) Quando uma palavra tem um prefixo independente (PI)


como indicador de classe, toda a palavra a ela subordinada
deve concordar com ela por meio de prefixo dependente
(PD), prefixo de concordância

Xitsonga {singular: Xi- pixi xa-mina xo-basa xi-file


Xi = PI e xa, xo, xi = PD
 Sujeito gramatical PD prefixos dependentes
Palavra independente
Tradução literal: * O gato meu branco morreu
Plural: Swi-pixi swa-mina swo-basa swi-file

d) Não deve haver correlação entre o género e a noção


sexual ou qualquer outra categoria claramente definida, mas
apenas como uma categoria de concordância gramatical.
e) Devem ter um vocabulário comum a outras línguas
(Bantu) a partir do qual se pode formular uma hipótese
sobre uma possível existência de uma língua ancestral
(proto – bantu) comum.
Ex: Mbuti / epuri / mbuzi / mbuzi / mbuzi
Timbuti/ Ipuri/ mbuzi / mbuzi / mbusi
Ronga – Emakhuwa – Nyungue – Nyanja – yao.

B. Critérios Subsidiários

Devem ter um conjunto de radicais (invariáveis) a partir


dos quais a maior parte de palavras se forma por
aglutinação de afixos apresentando os seguintes traços:

a) Uma estrutura - CVC-, ou seja, os radicais que formam


as línguas bantu têm a estrutura - CVC-

Ex: – lemb – , -sek- tem a estrutura CVC ( consoante


/ vogal / consoante)
Centro de Ensino à Distância 17

Cindau ku – lemb – a, Ku-sek-a

b) Juntando-se-lhes um sufixo gramatical, devem formar


bases verbais (BV)
ex: -lemb + a ou -sek + a
a = sufixo gramatical das línguas Bantu.

c) Entre o radical e o sufixo deve ser possível inserir-se um


morfema de extensão.
ex: - fun- an- a “gostar-se um a outro” (Cisena)
- famb-is-a “andar muito”
- on-ek-a “ser visto”

d) Os radicais devem aparecer sem afixos.


Ex: -famb-; -Langan- (Cisena) radicais das palavras
Kufamba e Kulangana.

Sumário

Existem dois critérios de caracterização das línguas bantu:


principais e subsidiários.

Exercícios

1.Uma língua bantu distingue-se de outras línguas não bantu


através de dois critérios.

a) Quais são os critérios em referência?

b) Apresente um exemplo para cada um deles.


Centro de Ensino à Distância 18

Unidade 04: Panorama Linguístico de Moçambique

Introdução

Nesta unidade 04, descrevemos o panorama linguístico de


Moçambique com grande destaque a distribuição das
línguas moçambicanas por províncias.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o panorama linguístico de Moçambique;


 Localizar as línguas bantu de Moçambique.

A questão linguística é um factor importante no


Objectivos
desenvolvimento político, económico, social e cultural do
país. É neste contexto que se cria, em 1978, o Núcleo de
Estudos das Línguas Moçambicanas (NELIMO).
Assim, tal como outros países africanos, Moçambique é um
país multilingue por excelência, onde, para além do
Português, a língua oficial, são faladas mais de vinte línguas
do grupo bantu, também designadas por línguas locais,
nacionais ou ainda línguas moçambicanas.
Centro de Ensino à Distância 19

DISTRIBUIÇÃO DAS LINGUAS MOÇAMBICANAS POR


PROVINCIAS

Língua Província (s) onde é falada


Shimakonde Cabo Delgado
Kimwani Cabo Delgado
Emakhuwa1 Cabo Delgado, Niassa,
Nampula
Ciyao Niassa
Cinyanja2 Niassa, Tete
Ekoti Nampula
Elomwe Zambézia
Echuwabo Zambézia
Cinyungwe Tete
Cisena Zambézia, Tete, Manica,
Sofala
Cindau Manica, Sofala, Inhambane
Ciwutewe Manica
Cimanyika Manica
Xitswa Inhambane
Gitonga Inhambane
Cicopi Inhambane, Gaza
Xichangana Maputo, Gaza
Xironga Maputo

NB. O nome Xitsonga abrange as Línguas Xironga, Xitswa,


Xitsonga, Xichangana.
Estas línguas mutuamente inteligíveis são faladas nas
províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, e na zona
meridional das províncias de Manica e Sofala.

1
Fala-se também na Zambézia nos distritos de Gurúè, Alto-Molocue, Ile e
Pebane.
2
Fala-se ainda na Província da Zambézia, no distrito de Milange
Centro de Ensino à Distância 20

É preciso tomar em consideração que nenhuma destas


línguas tem estatuto maioritário, sendo que mesmo a língua
mais falada, o Emakhuwa, tem apenas cerca de 26% do
total de falantes de línguas bantu, e mais de 60% das
restantes línguas são faladas por menos de 3% dos
moçambicanos, de um universo de cerca de 17 milhões de
habitantes3.

Quadro das línguas locais mais faladas e as respectivas


percentagens de falantes

Língua Percentagem de falantes


Emakhuwa 26.0
Xichangana 11.0
Elomwe 8.0
Cisena 7.0
outras 32.0

O português é falado por cerca de 39% da população, sendo


a Língua materna de apenas 6% dos seus falantes. Estas
cifras representam um crescimento assinalável relativamente
a 1980, altura em que apenas 24.4% da população sabia
falar esta língua e só 1.2% a tinha como língua materna.
O quadro a seguir apresenta a evolução da percentagem de
falantes de Português tendo como base os resultados dos
dois censos populacionais realizados depois da
independência (1980 e 1997).

3
Censo de1997
Centro de Ensino à Distância 21

Falantes 1980 1997


Falantes do Português como 1.2% 6.0%
L1
Falantes do Português como 24.4% 39.0%
L2
Falantes do Português como 25% 45%
L1/L2

Com efeito, razões socioeconómicas e a expansão da rede


escolar contribuíram para este crescimento assinalável da
comunidade de falantes de Português em Moçambique.
A partir de 1975, altura da independência, o Português entra,
sobretudo nas comunidades urbanas, numa “ fase de
expansão”, em termos de uso e de funções.

Sumário

Moçambique é um país multilingue por excelência. São


faladas mais de vinte línguas do grupo bantu. Estas
encontram-se distribuídas do Rovuma ao Maputo. Estas
línguas têm a designação de línguas maternas, nacionais
ou, simplesmente, línguas bantu de Moçambique.

Exercícios

1. Moçambique, tal como outros países africanos, é um país


multilingue por excelência. Justifique.

2.O que entendes por NELIMO e qual é a sua actividade


principal?
Centro de Ensino à Distância 22

3. Segundo o Censo de 1997, qual é a 1ª e a 2ª língua mais


falada em Moçambique?

4. Qual é o estatuto do Português perante as línguas locais


em Moçambique?

5. Actualmente, verifica-se um crescimento assinalável da


comunidade de falantes do Português em Moçambique. A
que é devido?

6. Diferencie L1 da L2.
Centro de Ensino à Distância 23

Unidade 05: Classificação das Línguas Bantu segundo Guthrie

Introdução

Nesta unidade 05, classificaremos as Línguas Bantu


segundo Guthrie.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Classificar as Línguas Bantu segundo Guthrie.

CLASSIFICAÇÃO DAS LINGUAS BANTU


Objectivos
No seu trabalho de classificação das Línguas Bantu,
GUTHRIE (1967–71) faz uma classificação geográfica
genealógica das línguas, agrupando-as em 15 zonas
codificadas por letras maiúsculas, a saber: A, B, C, D, E, F,
G, H, K, L, M, N, P, R, S
Internamente, cada zona divide-se em vários grupos de
línguas estabelecidas conforme critérios de proximidade /
distanciamento linguístico e geográfico reflectindo um certo
grau de proximidade genealógica.
Cada grupo de línguas é codificado por um número decimal
sufixado a letra do código da respectiva zona. Por exemplo:
P20 grupo Yao, abrange as Línguas Ciyao, Cimwela,
Shimakonde, etc.

As Línguas que constituem cada grupo são, por sua vez,


codificadas através de unidades dentro desse número
Centro de Ensino à Distância 24

decimal. Por exemplo: a Língua Shimakonde tem o código 3


dentro do grupo 20 da zona P. assim, P.23 significa, na
classificação de Guthrie, língua Shimakonde do grupo Yao
da Zona P.
Portanto, a classificação das línguas bantu segundo Guthrie
é a mais famosa e a mais referenciada nos estudos de
Linguística Bantu. Para além desta existe, ainda, a
classificação de Doke.

Sumário

Guthrie fez uma classificação geográfica genealógica das


línguas bantu agrupando-as em 15 zonas codificadas por
letras maiúsculas do alfabeto. Refira-se que foi o critério de
proximidade / distanciamento linguístico e geográfico
reflectindo um certo grau de proximidade genealógica que
permitiu tal classificação.

Exercícios

1. A classificação das línguas bantu segundo Guthrie é


considerada a mais famosa e a mais referenciada nos
estudos da Línguística Bantu.
a) Qual foi o procedimento usado por Guthrie para classificar
as línguas bantu? Descreve-o (s).
Centro de Ensino à Distância 25

Unidade 06: Classificação das Línguas Bantu de Moçambique segundo


Guthrie

Introdução

Nesta unidade 06, analisaremos, com muita incidência, a


classificação das Línguas bantu de Moçambique segundo
Guthrie.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

- Classificar as Línguas nacionais, moçambicanas,


segundo Guthrie.

De acordo com a classificação de Malcom Guthrie, as


línguas Bantu de Moçambique distribuem-se por quarto (4)
Objectivos
zonas diferentes, a saber: G, P, N e S (de Norte a Sul)4 de
Moçambique:
1. Zona G: G.40: Grupo Swahili: G.42: Kiswahili
G.45: Kimwani

2. Zona P: P.20: Grupo Yao: P.21: Ciyao


P.23: Shimakonde
P.25: Shimavila
P.26: Cimakwe

P.30: Grupo Makhuwa-Lomwe: P.31: Emakhuwana


P.32: Elomwe
P.33: Emetto(Ngulu)
P.34: Echuwabo
P.35: Ekoti

4
NGUNGA, Armindo, Introdução a Linguística Bantu, Maputo: Livraria
Universitária, 2004
NELIMO, I seminário sobre a Padronização de Línguas Moçambicanas,
Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação/Universidade
Eduardo Mondlane, 1989
Centro de Ensino à Distância 26

3. Zona N: N.30: Grupo Nyanja: N.31a: Cinyanja


N.31b: Cicewa
N.31c: Cimaganja

N.40: Grupo Nsenga-sena: N.41: Cinsenga


N.42: Cikunda
N.43: Cinyungue
N.44: Cisena
N.45: Ciruwe
N. 46: Cipodzo

4. Zona S. S.10: Grupo Shona: S.11: Korekore


S. 12: Zeruru
S.13a: Cimanyika
S.13b: Ciwutewe
S. 15a: Cindau
S. 15b: Cindanda?

S.50: Grupo Tswa-Ronga: S.51: Xitswa


S.52: Xigwamba
S.53: Xichangani
S.54: Xironga
S.55: Xihlenge

S.60: Grupo Copi: S.61: Cicopi (Chilenge)


S.62: Gitonga
Chama-se zona linguística ao espaço linguístico com uma
continuidade ou descontinuidade geográfica variável
segundo os casos, geralmente caracterizada pelo grau de
homogeneidade e proximidade estrutural entre as línguas ou
grupos linguísticos que os compõem.
Segundo a classificação de Guthrie, existem oito grupos
linguísticos (Swahili, Yao, Makhuwa-Lomwe, Nyanja,
Nsenga, Nsenga-Sena, Shona, Copi e Tswa-Ronga) em
Moçambique distribuídos por quarto zonas ( G, P, N e S). o
número de línguas varia de grupo para grupo, uma vez que
nem todas as línguas moçambicanas foram inventariadas
por Guthrie.
Centro de Ensino à Distância 27

Sumário

Segundo a classificação feita por Guthrie, as línguas


moçambicanas estão distribuídas em quatro zonas e oito
grupos linguísticos.

Exercícios

1. Quantas zonas e grupos linguísticos existem em


Moçambique (de Norte a Sul).

2. Que é uma zona linguística?

3. Classifique as línguas Cisena, Cindau, Cicopi, Shimavila,


Xichangani, Cinyanja, Emakhuwa e Kimwani, segundo
Guthrie.
Centro de Ensino à Distância 28

Unidade 07: Fonética das Línguas Bantu

Introdução

Nesta unidade 07, abordamos questões relacionadas com a


fonética das línguas bantu.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

-Identificar os constituintes do aparelho fonador;


-Descrever as modalidades de produção dos sons da fala.

Objectivos
Fonética das Línguas Bantu.

De acordo com NGUNGA (2002:9), FONÉTICA é o estudo


dos sons da fala apenas como fenómeno físico sem se
interessar pelo seu significado.
Por sua vez, BORREGANA (2006: 29), define FONÉTICA
como sendo a ciência que estuda os sons da fala quanto a
sua produção, as suas características acústicas e as
mudanças através dos tempos.
OS SONS DA FALA
Estes resultam quase todos da acção de todos órgãos
sobre a corrente de ar vinda dos pulmões.
Três condições se fazem necessárias para a sua produção:
 A corrente de ar
 Um obstáculo encontrado por essa corrente de ar
 Uma caixa de ressonância.
Estas condições são criadas pelos órgãos da fala
denominados em seu conjunto Aparelho Fonador.
Centro de Ensino à Distância 29

O APARELHO FONADOR

O aparelho fonador é constituído pelas seguintes partes:


a. Os pulmões, os brônquios e a traqueia (órgãos
respiratórios que fornecem a corrente de ar);
b. A laringe, onde se localizam as cordas vocais que
produzem a energia sonora utilizada na fala,
c. As cavidades supralaringeas (faringe, a boca e fossas
nasais) – que funcionam como caixa de ressonância.
O ar, saído dos pulmões, através dos brônquios e,
seguido pela traqueia chega a laringe, onde, na parte
superior se encontram duas membranas chamadas
cordas vocais, vibrando a passagem do ar, produzem o
som. O ar encaminha-se através da faringe para a boca e
fossas nasais.

Sumário

Fonética - é a ciência que estuda os sons da fala. As


realizações acústicas, ou seja, a maneira como
pronunciamos os sons da fala.

Os sons da fala resultam da acção de vários órgãos do


aparelho fonador.

Exercícios

1. Define FONÉTICA segundo Ngunga e Borregana.


2. Quais são as condições necessárias para a produção dos
sons da fala?
Centro de Ensino à Distância 30

Unidade 08: Modos e pontos de articulação

Introdução

Nesta unidade 08, descrevemos os modos e pontos de


articulação. Fazemos, igualmente, a classificação dos sons
bantu quanto ao modo, ponto e papel das cordas vocais.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

- Classificar os sons das línguas bantu quanto ao


modo, ponto e papel das cordas vocais.
Objectivos

MODOS E PONTOS DE ARTICULAÇÃO


Articulação é o processo de produção dos sons, o que
envolve algum ponto e algum modo ou apenas maneira.
Portanto, um som é designado primeiro de acordo com
os articuladores ou órgãos do aparelho fonador que
intervêm na sua produção e depois pela maneira como
tal produção é feita. Os lábios, os dentes, o palato duro
(céu da boca), palato mole (véu palatino), entre outros,
são articuladores.

MODO DE ARTICULAÇÃO
É o conjunto dos processos articulatórios (mecanismos e
direcção do ar, comportamento e forma dos órgãos da
fala) para a produção de um determinado som.
Na produção de consoantes, o ar sofre diferentes tipos
de obstrução ao longo do seu percurso. Assim, as
consoantes podem ser:
Centro de Ensino à Distância 31

Oclusivas – na realização deste tipo de consoantes


ocorre uma oclusão (fechamento) da cavidade bucal
seguido dum relaxamento súbito que faz “explodir” o ar
para o exterior. São também chamadas de explosivas.
Ex: p, t, d, k, g, m, ny, ng´.

Fricativas - para as quais acontece uma ligeira fricção


do ar contra as paredes da cavidade bucal, produzindo
assim um ligeiro ruído. Ex. f, v, s, z…

Nasais - na sua pronúncia, parte ou totalidade do ar


escapa-se pelas fossas nasais. Ex. m, n, ny, ng´.

Africadas – que começam como oclusivas e acabam


como fricativas, quer dizer, na sua pronúncia acontece
uma oclusão da cavidade bucal seguida dum
relaxamento lento e progressivo desse mesmo ar (como
no caso das fricativas). Ex. pf, bv, c, j…

Implosivas/glotalizadas – para a sua realização ocorre


uma oclusão da glote simultaneamente com a pronúncia
do som. Ex. b, d.

Laterais – o ar passa por um, ou pelos dois lados da


língua. Ex. l, lh.

Vibrantes – são articuladas mediante a vibração de um


articulador, como a coroa da língua em alguns casos, e a
úvula noutros. Ex. r.

Semi – vogais – se for produzido com uma duração e


uma abertura da cavidade bucal inferiores ds vogais. Ex.
Centro de Ensino à Distância 32

w, y.
PONTOS DE ARTICULAÇÃO
Este conceito designa ao mesmo tempo os órgãos da
fala que participam na produção dum determinado som,
assim como o lugar do canal respiratório onde isto
acontece. Assim, temos as consoantes seguintes:

Bilabiais – pronunciadas a nível dos lábios. Ex. p, b, m.

Lábio-dentais – na pronúncia das quais os dentes


incisivos superiores entram em contacto com o lábio
inferior. Ex. f, v.

Alveolares – formadas pelo contacto da ponta da língua


com os alvéolos dos dentes incisivos superiores. Ex. t, d,
n, l, s, z, r.

Palatais - formadas pelo contacto do dorso da língua


com o palato duro ou céu da boca. Ex. ny, j, c. etc.

Velares – formadas pelo contacto da parte posterior da


língua com o palato mole ou véu palatino. Ex. k, g, ng´.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES QUANTO AO


PAPEL DAS CORDAS VOCAIS
Em relação ao papel das cordas vocais as consoantes
podem ser surdas ou sonoras.

Surdas – nas quais não ocorre uma vibração das cordas


vocais. Ex: p, t, c, k, f, s.

Sonoras – para as quais ocorre uma vibração das


cordas vocais. Ex: b, d, j, g, v, z, l, r, etc.
Centro de Ensino à Distância 33

Sumário

A classificação dos sons das Línguas Bantu é feita de três


maneiras:

- Quanto ao modo de articulação;

- Quanto ao ponto de articulação;

- Quanto ao papel das cordas vocais.

Exercícios

1. Enumere os principais órgãos constituintes do aparelho


fonador;
2. Classifique as consoantes b, k, ng´, m, t, v, n, l, z, s, g, p
quanto ao modo de articulação, ponto de articulação e papel
das cordas vocais.
Centro de Ensino à Distância 34

Unidade 09: Sistema consonântico Bantu (consoantes simples)

Introdução

Começaremos nesta unidade por falar de consoantes


simples que são utilizadas nas línguas Bantu. Este grupo de
consoantes é visto como o mais numeroso e comum por
existir quase em todas as línguas Bantu.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Rever o sistema consonântico Bantu;


Objectivos
 Identificar as principais consoantes simples.

O sistema de escrita das línguas moçambicanas usa letras


que já estão acessíveis num processador moderno de
palavras, em detrimento de símbolos fonéticos. Nestas
línguas, as consoantes devem ser usadas para representar
sons únicos.

Assim, o número de consoantes das línguas nacionais


variam de uma língua para outra. Porém, o Relatório do I
Seminário de Padronização das Línguas Moçambicanas
reporta 27 símbolos consonânticos destas línguas, sendo
variável o número correspondente a cada língua particular,
que se podem dividir em dois grupos, nomeadamente:

a. Um grupo de 19, dos mais comuns, que são: b, c, d,


g, j, k, l, m, n, ny, p, r, s, t, v, w, y, z.
Centro de Ensino à Distância 35

CONSOANTES SIMPLES
São aquelas que ocorrem sem nenhuma combinação e
correspondem aos sons fundamentais que ocorrem na
língua.

Exemplo:

1. Quadro Resumo das Consoantes Simples

Conso Exemplo 1 Exemp


ante lo 2
S.15a Portuguê ? Portuguê
Pronun. s s
be Baba Pai
B
c ce Curu Termiteir
a
d de Dakara Alegria
f fe Kufamba Andar
g ge Gore Ano
h he Hove Peixe
j je Jongwe Galo
k ke Katutu Mês de
Agosto
l le Ludo Amor
m me Masoko Notícias
n ne Nazi Coco
n' nʼge n'anga Curandei
ro
p pe Pamuzi Em casa
r re Kuregera Deixar
s se Kuseja Beleza
t te Kutenga Comprar
Centro de Ensino à Distância 36

v ve Kuvata Dormir
w we Kuwa Cair
x xe Xamba Melancia
y ye Yedu Nosso
z ze Zizi Mocho

Sumário

O sistema consonântico bantu é constituido por dois distintos


grupos: consoantes simples e consoantes combinadas.
O grupo das consoantes simpples é o mais comum e o mais
representativo com 19 símbolos.

Exercícios

1. Complete a tabela com palavras da língua que


melhor dominas. Cada palavra deve ter reprentado o
som da consoante em referência. Atenção ao código
da língua (preencher).
Centro de Ensino à Distância 37

Unidade 10: Consoantes combinadas

Introdução

Nesta unidade apresentamos o quadro das consoantes


combinadas para completar as consoantes utilizadas nas
línguas bantu.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar consoantes combinadas;

Objectivos  Utilizar as consoantes combinadas em vários;


contextos fonético/fonológico.

CONSOANTES COMBINADAS
As línguas moçambicanas têm várias possibilidades de
combinar sons diferentes. Algumas destas combinações
envolvem posições diferentes de articulação. Estas
combinações também variam de língua para língua.

Refira-se, entretanto, que as consoantes combinadas das


línguas Bantu totalizam um grupo de 8 que só ocorrem em
algumas línguas e cuja representação escrita nas línguas
em que ocorrem é variável. São elas: ng'/n', sv/sw; zv/zw;
vh/vb; bz/by; x/sh; xj/zh; lh/ly.
Centro de Ensino à Distância 38

Exemplo:

2. Quadro Resumo das Consoantes Combinadas


Exemplo Exemplo
1 2
Consoante S.15a Português ? Português

Pronun.
bh bhe Dhibha Despeja
bv be bveni Macaco
dh dhe Dhawana Javali
nʼg nʼge ng'ombe Boi
ny nye Cinyama Animal
pf pfe Kupfura Trabalhar
o metal
ps pse Kupsa Queimar-
se
sv sve Kusvasa Afugentar
as galinhas
ts tse Tsamba Carta
dz dze Sadza Massa
sh she Shamba Melancia
zv zve Zvigaro Cadeiras

Sumário

As línguas moçambicanas têm várias possibilidades de


combinar sons diferentes. Algumas destas combinações
Centro de Ensino à Distância 39

envolvem posições diferentes de articulação. Estas


combinações também variam de língua para língua.

Exercícios

1. Complete a tabela com palavras da língua que


melhor dominas. Cada palavra deve ter reprentado o
som da consoante em referência. Atenção ao código
da língua (preencher).
Centro de Ensino à Distância 40

Unidade 11: Sistema vocálico das línguas Bantu(vogais breves e longas)

Introdução

Nesta unidade apresentamos o sistema vocálico das línguas


bantu e as diferentes formas como as vogais se podem
apresentar.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Distinguir vogais breves das vogais longas;

Objectivos  Pronumciar , distintivamente, palavras escritas com


vogais breves e longas;

 Descrever a produção dos sons vocálicos.

VOGAIS
Os sons vocálicos são produzidos através do ar que saí dos
pulmões para o exterior através da laringe, faringe e da
cavidade bucal sem sofrer qualquer tipo de obstrução ao
longo de todo o seu percurso.

As cinco vogais que são apresentadas no quadro a seguir


ocorrem em quase todas as línguas moçambicanas, embora
com algumas diferenças em termos de qualidade de
algumas vogais em certas línguas.
Centro de Ensino à Distância 41

Anteriores Centrais posteriores


Altas i, ii u, uu
Médias e, ee o, oo
baixas a, aa

O quadro acima mostra um triângulo das vogais ( triângulo


vocálico)

DURAÇÃO VOCÁLICA

Considera-se duração o maior ou o menor espaço de tempo


em que uma vogal é pronunciada. Neste aspecto as vogais
podem ser:
Breves: quando são pronunciadas durante um curto espaço
de tempo. Estas não carecem de uma marcação especial. A
vogal breve é representada por um símbolo vocálico simples
(v).
Longas: quando para a sua pronúncia se requer um espaço
de tempo maior. Estas são representadas graficamente,
duplicando os grafemas correspondentes. Assim, são
representadas por um símbolo vocálico duplo (vv).

Ex:
Ciyao: Kupátá “obter”
Kupááta “ sacudir” (vogal longa)
Em muitas línguas verifica-se um alongamento na penúltima
sílaba. Neste caso, a vogal não é marcada na escrita, isto é,
não é reduplicada, pois deve-se ao seu posicionamento na
palavra.
Centro de Ensino à Distância 42

Ex:
Xitswa
Tima “ apaga”
Nyungwe
Pakutoma “ em primeiro lugar”

A duração vocálica é distintiva em línguas como Yao e


Makhuwa. Nestas línguas a diferença semântica de uma
palavra em relação a outra pode ser obtida através da
duração de um segmento que ocorre em determinada
posição.

Pode-se considerar que a duração vocálica é contrastiva


nestas línguas porque a produção de uma vogal longa ao
invés de uma breve numa certa posição dentro de uma
palavra, pode resultar numa palavra diferente afectando, por
consequência, o sentido do enunciado.

Ex5:
Yao
Kupútá “ apagar” Kupúútá (bater)
Kupétá “ornamentar” kupéétá (peneirar)

Makhuwa
Omala “acabar” omaala “ calar-se”

Quando o alongamento não é usado para distinguir palavras,


não é contrastivo, é predizível.

5
NGUNGA, A Elementos da Gramática de Língua Yao, Maputo: Imprensa
Universitária, 2002.
---------------, Introdução à Linguística Bantu: Livraria Universitária, 2004.
Centro de Ensino à Distância 43

Ex:
Makonde
Kukomela “ pregar”
Kukamula “ pegar”

Em Yao e em Makhuwa, onde a duração vocálica é


geralmente contrastiva, isto é, não é predizível, a sua
representação gráfica é obrigatória.

Sumário

Muitas palavras de várias línguas Bantu podem ser


distinguidas através da brevidade ou alongação das vogais
ao pronunciar determinadas palavras.
Assim, as línguas Bantu apresentam dois subgrupos de
vogais: breves e longas. O facto de pronunciar com
brevidade ou não um som vocálico das palavras de algumas
línguas pode alterar totalmente o seu sentido e perturbar a
essência da mensagem.

Exercícios

1. Apresente 10 palavras de línguas nacionais que se


distingam pela sua brevidade e alongação vocálica.

2. Discute a diferença e/ou semelhança existente entre a


produção de sons consonânticos e sons vocálicos
das línguas bantu.
Centro de Ensino à Distância 44

Unidade 12: Fonologia das línguas Bantu (o tom lexical)

Introdução

Destacamos nesta unidade a fonologia das línguas bantu.


Enquanto o estudo fonético fornece o inventário e a
descrição dos sons da fala como fenómenos físicos
apenas, isto é, a parte material; o estudo fonológico não
só faz o levantamento dos sons da língua do ponto de
vista físico, como ainda estuda a sua estrutura e as regras
que regem a sua combinação no sistema, bem como a sua
função na comunicação.
O objecto de estudo da fonologia é o fonema, que
permite distinguir palavras de diferentes significados (som da
língua) e o de fonética, o fone.
O fonema é entre barras oblíquas: /t/, /b/, etc. e o fone entre
parênteses rectos: [ t ] , [b], etc

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Caracterizar aspectos fonéticos das línguas bantu;

Objectivos  Perceber como tonais algumas línguas


moçambicanas;
 Descrever o tom lexical;
 Distinguir a fonética da fonologia.

Segundo Ngunga (2002:25), fonologia é o estudo dos sons


da fala preocupando-se sobretudo com o seu papel na
transmissão de mensagens entre os membros da
comunidade linguística.
Centro de Ensino à Distância 45

O TOM
Muitas línguas moçambicanas são tonais, isto é, a altura de
sílabas de algumas palavras pode servir para distinguir
significados diferentes. Assim, nas línguas moçambicanas
podem encontrar-se duas ou mais palavras com a mesma
sequência de segmentos (consoantes e vogais) cujos
significados diferem somente devido à variação de altura de
algumas sílabas.
Ex:
Ronga
Màvélé “seios”
màvèlé “milho”
Yao
Cìtùúndù “cesto”
Cìtúùndù “capoeira”
De acordo com a sua função na língua, o tom pode ser
lexical ou gramatical.

TOM LEXICAL
Quando este desempenha a sua função distintiva a nível do
léxico. Isto é, quando ele é portador do significado lexical, ou
seja, quando duas palavras podem ser incluídas no
dicionário (com significados diferentes).
Ex:
Changana
Kukhona “atar” Kukhònà “introduzir”
Kukhapà “transbordar” kukhàpà “acompanhar”
Centro de Ensino à Distância 46

Sumário

O estudo fonético fornece a descrição dos sons da


fala como fenómenos físicos apenas, isto é, a parte
material; o estudo fonológico estuda a sua estrutura
dos sons e as regras que regem a sua combinação no
sistema, bem como a sua função na comunicação.

O tom é importante na distinção do som.

Exercícios

1. Encontre numa língua moçambicana 5 (cinco)


palavras que se distingam através do tom lexical.
Centro de Ensino à Distância 47

Unidade 13: Tom gramatical

Introdução

Esta unidade descreve de forma continuada o estudo do


tom. Abordaremos, assim, aspectos relacionados com o tom
gramatical como componente básica da fonologia das
línguas Bantu.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Descrever o tom gramatical;

Objectivos  Distinguir palavras através do tom gramatical.

TOM GRAMATICAL
O tom gramatical é aquele que aparece na gramática da
língua, e não no dicionário. Por outras palavras, o tom
gramatical é aquele que serve para exprimir aspectos
gramaticais da língua.
Por exemplo, às vezes, a diferença entre os tempos verbais
pode ser expressa através do tom, o mesmo acontecendo
com as diferenças de modos verbais, presença ou ausências
de marcas do objecto, de negação ou de afirmação na
estrutura da forma verbal.
Ex:
Makonde
Ápali “ele não está” apali “está”
Álota “ele não vai querer” alota “ele
quer”
Centro de Ensino à Distância 48

Yao
Citúkayíce “ iremos chegar”
citúkáyíce “que nós vamos chegar”

A não marcação física do tom nos exemplos acima


apresentadas causaria uma confusão. Assim, os autores dos
materiais de alfabetização da língua Makonde, propõem a
seguinte grafia:
hapali “ele não está” apali “está”
halota “ele não vai querer” alota “ ele quer”

Portanto, o grafema h na posição inicial das palavras hapali


e halota representam o tom alto na primeira sílaba da
palavra.

Sumário

O tom gramatical é pertinente em algumas línguas porque a


não marcação física do tom nas línguas pode provocar
confusão ao nível semântico.

Exercícios

1. Descreve palavras que se distingam através do tom


gramatical.
Centro de Ensino à Distância 49

Unidade 14: A sílaba e a sua estrutura nas línguas Bantu

Introdução

Apresentamos nesta unidade, a estrutura da sílaba nas


línguas Bantu. A sílaba pode ser composta por um núcleo e
uma margem.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Dividir em sílabas as palavras das línguas bantu;

Objectivos  Identificar o núcleo e a margem de uma palavra.

A Sílaba e a sua Estrutura nas Línguas Bantu


A sílaba é um elemento importante na referência ortográfica.
Nela distinguem-se duas partes: o núcleo (geralmente uma
vogal) que pode ser ou não precedida de uma margem.
A margem pode ser uma consoante simples (C) ou
modificada: pré-nasalizada ( mC ou nC), seguida de uma
semi-vogal (Cw ou Cy); ou ainda pré-nasalizada seguida de
uma aproximante semi-vogal.

Ex:
Yao
Ngoongole “ dívida” ngoo-ngo-le
Mwiisi “ pau de pilar” mwii-si
Mbwá “ cão” mbwá

Em todas as línguas bantu a sílaba tem a estrutura (C)V


onde C representa uma consoante simples ( ex. K em Ku )
ou ainda uma consoante modificada.
Centro de Ensino à Distância 50

Note-se também que por (C) V (V) quer-se dizer que a


margem (consoante) pode estar ou não presente numa
sílaba, mas o núcleo tem de estar sempre presente.
Geralmente o núcleo é uma vogal (breve ou longa), salvo em
casos em que a sílaba é constituída de nasal silábica.
Na separação de sílabas no fim de linha, deve-se respeitar a
estrutura (C) V (V). Em nenhum caso uma vogal longa (VV)
será separada ao meio da translineação. Da mesma
maneira, os símbolos que se usam para indicar as
modificações nunca deverão ser separados das consoantes
modificadas.

Sumário

Em todas as línguas Bantu a sílaba tem a estrutura (C) V


onde C representa uma consoante simples (ex: K em Ku )
ou ainda uma consoante modificada. A margem (consoante)
pode estar ou não presente numa sílaba, mas o núcleo tem
de estar sempre presente
Centro de Ensino à Distância 51

Exercícios

1. Divide em sílabas as seguintes palavras:

Swahili – mapatano “acordo”

Sena – masamba “folhas”

Nyungwe – bzentsene “tudo”

Nyanja – nchito “trabalho”

Chuwabu – oja “comer”

Ndau – bhuku “livro”, dhorobha “cidade”, kubata


“agarrar”

Yao – Kuloombela “casar”, Kutyooka “sair”, kudiinga


“experimentar”.
Centro de Ensino à Distância 52

Unidade 15: Nasal silábica

Introdução

Nesta unidade falamos da nasal silábica. A regra de


representação da nasal silábica é simples, económica e
generalizável. A sua existência é devida à importância que
desempenha na palavra.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar uma nasal silábica.

Objectivos

Nasal silábica
A nasal silábica resulta da aplicação de uma regra de elisão
da vogal U do mu- e I do ni- que são prefixos de classe de
alguns nomes, 1, 3, e 18, e 9, respectivamente.
Assim, em Yao depois da queda da vogal, fica apenas uma
nasal que na escrita será marcada por [mʼ] antes das
consoantes bilabiais e por [nʼ] antes de outras consoantes.
Ex:
nʼkóóno “braço”
mʼpuunga “arroz”
Em algumas línguas moçambicanas a nasal silábica deve
ser escrita:
a. Com [m] ou [n] se a elisão da vogal do prefixo da
classe é de natureza histórica (elisão diacrónica).
Ex:
Sena
Nkazi “mulher” akazi “mulheres”
Centro de Ensino à Distância 53

Nos casos em que a nasal silábica pode-se


confundir com a pré-nasalização, usar-se-á, [mʼ]
ou [nʼ].
Ex:
Sena
mʼbale “irmão” mbale “prato”

b. Com mʼ ou nʼ se a elisão é opcional (elisão


sincrónica)
Ex:
Ndau
mʼfana “rapaz”
Sena
mʼpando “assento”
Na translineação, a nasal silábica deverá ser separada da
consoante seguinte, o que é diferente da nasal não silábica,
aquela que modifica a consoante seguinte através da pré-
nasalização, que nunca se deve separar da consoante
seguinte.

Sumário

A nasal silábica resulta da aplicação de uma regra de elisão


da vogal U do mu- e I do ni-. Na translineação, a nasal
silábica deverá ser separada da consoante seguinte.
Centro de Ensino à Distância 54

Exercícios

1. Faça o resumo desta unidade.


Centro de Ensino à Distância 55

Unidade 16: O uso de apóstrofo

Introdução

O apóstrofo é usado para representar uma nasal silábica e


para fazer uma elisão da vogal.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar um apóstrofo;

Objectivos  Usar um apóstrofe numa palavra.

Uso do Apóstrofo
Em muitas línguas Bantu usa-se o apóstrofo para:
 Representar a nasal velar.
Ex: ngʼ/ nʼ - ngʼona/nʼona “crocodilo” Sena

 Marcar uma elisão da vogal (nasal silábica) em alguns


casos.
Ex: mʼmisali “ Canavial” Sena

Sumário

O apóstrofo é usado para representar uma nasal silábica e


para fazer uma elisão da vogal.

Exercícios

1. Explique a importância do apóstrofo nas línguas bantu.


Centro de Ensino à Distância 56

Unidade 17: Morfologia das línguas Bantu

Introdução

Começaremos nesta unidade por falar dos conceitos da


morfologia e o seu objecto de estudo como princípio básico
da introdução da morfologia do nome.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Definir a morfologia;
Objectivos
 Identificar o objecto de estudo da morfologia.

MORFOLOGIA
Morfologia pode ser definida como o estudo da estrutura das
palavras duma determinada língua, da formação delas e das
regras que se envolvem nesse processo. Também pode ser
definida como o estudo dos morfemas, das regras que
regem a sua combinação na formação da palavra e da sua
função no sintagma e na frase.

O objecto de estudo da morfologia é o morfema que é a


menor unidade da língua portadora de sentido (lexical e
gramatical) na hierarquia da palavra.
Ex:
Yao: Mundu mu- ndu “ pessoa”
Vaa-ndu “ pessoas”
Ronga: nidile ni-d- ile “comi”
Centro de Ensino à Distância 57

Não se deve confundir o morfema com a sílaba, pois


enquanto o morfema é uma unidade de sentido, a sílaba é
uma unidade fonético-fonológica. Contudo, na estrutura da
palavra, um morfema pode coincidir com uma sílaba ou
mesmo com uma palavra ou ainda com uma frase.

Os morfemas podem ser radicais, prefixos, sufixos, infixos,


suprafixos, e reduplicativos dependendo da sua função e da
sua localização na palavra.

Os radicais constituem a parte invariável da palavra.


Os prefixos são os morfemas presos que se colocam antes
do radical.
Os sufixos são morfemas presos que ocorrem depois do
radical. Os infixos ocorrem no interior do radical. Estes
morfemas são muito raros.
Ex: Yuork, uma língua dos Índios Americanos da Califórnia.
Sepolah “campo”
Segepolah “campos”
Os suprafixos são morfemas suprassegmentais que se
acrescentam ao radical ou ao tema, como o caso do tom.
Ex:
Yao: nganiijapá “ não lavei” (passado remoto)
Nganíínjapá “não lavei” ( passado recente)

Reduplicação consiste na repetição do radical ou uma parte


dele, o que gera uma estrutura composta reduplicada.
Ex:
Makhuwa: Ovira-vira “ passar frequentemente”

Sena: kuphata-phata “pegar repetidas vezes”


Centro de Ensino à Distância 58

Sumário

Morfologia da formação das palavras. O seu objecto de


estudo é o morfema. Os morfemas podem ser radicais,
prefixos, sufixos, infixos, suprafixos, e reduplicativos.

Exercícios

1. Apresente o resumo desta unidade.


Centro de Ensino à Distância 59

Unidade 18: Morfologia do nome (nominal)

Introdução

Nesta unidade apresentamos o quadro dos prefixos e das


classes nominais das línguas bantu.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Distinguir classes nominais;


 Enquadrar prefixos de palavras nas respectivas
Objectivos
classes nominais.

MORFOLOGIA DO NOME
Nome é definido como uma palavra variável que se usa para
designar seres, coisas, eventos estados, pessoas.
Nas línguas Bantu o que é característico e chama atenção é
a forma sistemática como os nomes se organizam de acordo
com os seus prefixos que indicam tanto o número como o
género (numa perspectiva) totalmente diferente da oposição
feminino Vs masculino Vs neutro.

CLASSES NOMINAIS
Relativamente à estrutura do nome, interessa realçar que
nas línguas Bantu ele (nome) é constituído por duas partes
fundamentais, nomeadamente:
 Um prefixo (nominal), geralmente variável em função
da classe;
 Um tema nominal que constitui a parte irredutível do
nome. Este é invariável senão em alguns casos em
que a natureza do segmento do prefixo ocasiona
Centro de Ensino à Distância 60

alterações morfo-fonémicas na consoante inicial


deste.
Ex: Nyungue mu-ti (classe 3) “ árvore”
mi-ti (classe 4) “árvores”
Changana Bixopo (classe 1) “ bispo”
Va-bixopo (classe 2) “bispos”

Chama-se classe nominal ao conjunto de nomes com o


mesmo prefixo e/ou mesmo padrão de concordância.

Foi Bleek (1862, 1869) quem notou pela primeira vez que
os nomes das línguas Bantu se organizam de forma
sistemática em grupos de acordo com os seus prefixos ou
com o tipo de padrão de concordância. Mais tarde Meinhof,
Werner e Guthrie deram continuidade aos estudos sobre
esta matéria.

Os reflexos dos prefixos apresentados tanto nas listas de


Bleek Meinhof, Werner e Guthrie variam de língua para
língua de acordo com a evolução fonética dos idiomas
particulares.

SEMÂNTICA DAS CLASSES NOMINAIS


A tentativa de se estabelecer uma relação entre a forma
fonética dos prefixos e o significado dos nomes de que os
prefixos fazem parte é ainda um assunto bastante discutido.
Uma das saídas mais aceitáveis é de que a organização dos
nomes em classes, em Bantu tem, historicamente, uma base
semântica, o que se explica pelo facto de:
1. Em muitos casos ainda persistir a ocorrência de
nomes semanticamente pertencentes ao mesmo grupo;
2. A existência de outras classes onde há
predominância de nomes que facilmente se podem
Centro de Ensino à Distância 61

agrupar em conjuntos mais gerais como: plantas (classes


3 e 4) e animais e frutas (classes 5 e 6).
Apesar disso, são praticamente inexistentes as classes em
que se encontram nomes que são exclusivamente da
mesma categoria semântica.

Nota-se que em muitos casos, as mudanças semânticas


acompanhadas de substituição dos seus prefixos “originais”
resultaram na “drenagem” de muitos nomes de uma classe
para outras, como parece ter acontecido em Makhuwa.

Ex: Kharamu (classe 1) “leão”


Akharamu (classe 2) “leões”

Mwalapwa (classe 1) “cão”


Alapwa (classe 2) “ cães”
Ehopa (classe 7) “peixe”
Ihopa (classe 8)

Os exemplos de Makhuwa reportam nomes das classes 1 /


2 e 7 / 8, que indicam que estes sempre se agrupam aos
pares, em oposição singular/plural.

Sumário

Os nomes se organizam de acordo com os seus prefixos


que indicam tanto o número como o género. Estes nomes se
encontram agrupados em classes.

Exercícios

1.Indique a classe nominal das seguintes palavras: muthu,


musi, muthiyana, mitengo, lw-eesi, kasomba kangu.
Centro de Ensino à Distância 62

Unidade 19: Função primária e secundária dos prefixos nominais

Introdução

Nesta unidade descrevemos a função primária e secundária


dos prefixos das línguas bantu e as diferentes formas como
eles se podem manifestar.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Distinguir prefixos primários


Objectivos
 Identificar prefixos secundários.

FUNÇÃO PRIMÁRIA DOS PREFIXOS NOMINAIS


Por função primária do prefixo entende-se aquela que este
desempenha, regra geral, em contexto não derivado.
Ex. Nyungue

mu-ti ( classe 3) “árvore”


mi-ti (classe 4) “árvores”
mw-ezi (classe 3) “ lua, mês”
my-ezi (classe 4) “ luas, meses”

Nota-se que nem todos os nomes das classes 3 e 4 indicam


plantas como seria de esperar. Assim, na caracterização de
nomes pertencentes `a mesma classe, é seguro o uso de
palavras atenuantes como “ principalmente”, “
predominantemente”, “ especialmente” etc., como se pode
ver nos prefixos nominais que se seguem:
Centro de Ensino à Distância 63

Classes Prefixos
1e2 mu- e ba- seres humanos, principalmente
3e4 mu- e mi- plantas, predominantemente
5e6 i- e ma- animais e frutas, sobretudo
7e8 ki- e ba- coisas, basicamente
9 e 10 N- e N- alguns seres do reino animal e outros
11 e 10 du- e N- coisas longas principalmente
14 bu- substancias e abstractos
15 ku- nomes verbais; infinitivo verbal

FUNÇÃO SECUNDÁRIA DOS PREFIXOS NOMINAIS


Os prefixos secundários são aqueles que se podem afixar
tanto a nomes completos como a temas nominais e alteram
a semântica básica do tema, isto é, a semântica de um
nome portador de um prefixo secundário é profundamente
alterada, ou por indicar tamanho, aparência marcada
(pequeno/grande/bonito/feio), ou ainda por indicar lugar.

Ex: Yao
Ka- mwaanace “criancinha (bonita/fofinha)”
Ci-mwaanace “criancinha gorducha (não bonita) ”
Mwaanace “criança”

Shona
Pa-musha “na aldeia”
Ku-musha “em direcção `a aldeia”
mu- musha “dentro da aldeia”
musha “aldeia”
em termos sintácticos, é este prefixo secundário que
controla a concordância de todas as palavras
sintacticamente dependentes dos nomes aos quais ele se
afixa.
Centro de Ensino à Distância 64

Ex: Yao
Mwaanace jwa-ngu “a minha criança”
Ka-mwaanace ka- ngu “ a minha criancinha”
Ci-mwaanace ca-ngu “ a minha criança ( gorducha/não
bonita)”

Estes prefixos são chamados secundários porque só se


afixam a outros prefixos (os primários), incluindo zero,
afixados aos nomes sem se limitar `a afixação imposta pela
variação em número.

Sumário

Prefixo primário – existe em contexto não derivado e os


prefixos secundários são aqueles que se afixam a outros
prefixos (os primários), incluindo zero.

Exercícios

1. Apresente exemplos de palavras , de uma língua


bantu à sua escolha, com prefixos primários e
secundários (três para cada).
Centro de Ensino à Distância 65

Unidade 20: Integração dos empréstimos em classes nominais

Introdução

Esta unidade ocupa-se ao estudo dos empréstimos nominais


que as línguas Bantu efectuam.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Descrever os empréstimos nominais das línguas


bantu;
Objectivos
 Perceber os procedimentos usados nos empréstimos
nominais;
 Distinguir critérios de enquadramento dos
empréstimos nominais.

Uma das grandes riquezas das línguas é a sua capacidade


de adopção e adaptação de palavras de outras línguas este
fenómeno, geralmente conhecido por empréstimo, é
universal e não exclusivo de um tipo de línguas.

Para a “bantunização” das palavras, sobretudo nomes,


provenientes de outras línguas seguem-se três critérios, a
saber:
 Critério semântico;
 Critério fonético;
 Critério de prefixo zero (Ø)

CRITÉRIO SEMÂNTICO
O primeiro exercício dos membros de uma comunidade
linguística falante de uma língua Bantu quando confrontados
com nomes doutras línguas é procurar saber o seu
Centro de Ensino à Distância 66

significado para se saber em que categoria semântica


integrá-los.

Ex:
Changana
Bixopo ( classe 1 ) ( bishop, do Inglês ) “bispo”
Vabixopo ( classe 2) bishop, do Inglês ) “bispos”

CRITÉRIO FONÉTICO
De acordo com este critério, a semelhança fonética entre o
som inicial de um nome da língua fonte e o som inicial de um
prefixo nominal de uma classe receptora, muitas vezes
determina a integração de um nome numa certa classe
nominal nesta última.

Ex: Yao
Cikoola ( classe 7) ( escola, do Português) “ escola”
Yikoola ( classe 8) (escola, do Português) “escolas”

Changana
Xipunu ( classe 7) (Spoon, do Inglês) “ colher”
Svipunu ( classe 8) (spoon, do Inglês) “colheres”

CRITÉRIO DE PREFIXO ZERO (Ø)


O desaparecimento de um prefixo nominal não implica
desaparecimento de uma classe, isto é, um prefixo nominal
pode desaparecer deixando atrás de si a classe com que
estava relacionada. Deste modo, em quase todas as línguas
há classe (s) sem prefixo (s), ou seja, classes de prefixo
zero.
Centro de Ensino à Distância 67

Ex: Swahili
Pumu ( classe 5 ) “pulmão”
Tatizo ( classe 5) “ problema”

Nyanja
Thuza ( classe 5) “bolha”
Bwato ( classe 5 ) “ bote”

Geralmente existem em cada língua pelo menos uma classe


de prefixo zero. As classes 5 ( 9 e 10 onde existam), são as
mais susceptíveis de aparecer com o prefixo zero. São estas
as que constituem o alojamento preferido dos referidos
empréstimos.

Ex: Yao
Pompi (classe 9) (pump, do Inglês) “ bomba”
Taayala (classe 9) ( tyre, do Inglês ) “pneu”
Este critério é o mais produtivo de todos.

Sumário

Tal como qualquer língua, as línguas bantu fazem


empréstimo de vocábulos de outras línguas para enriquecer
o seu léxico ou dar significado a novos termos provenientes
de outras línguas. Assim, existem três critérios de
enquadramento dos empréstimos: fonético, semântico e
fonológico.

Exercícios

1.Descreve os critérios: fonético, semântico e fonológico.


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Unidade 21: Morfologia verbal

Introdução

Esta unidade descreve a morfologia verbal e a sua estrutura.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Descrever a morfologia verbal.

Objectivos

Morfologia Verbal

Em todas as línguas humanas existem palavras que servem


para relatar factos, acções, descrever estados, seres,
situações etc. Tais palavras são chamadas verbos.
Em muitas línguas, o verbo conjugado traz consigo as
marcas de sujeito sobre o qual se faz afirmação, o tempo em
que o fenómeno tem lugar, o número dos sujeitos sobre os
quais se faz a afirmação ou envolvidos na acção, etc.
A complexidade da estrutura verbal varia de língua para
língua. Com efeito, nas línguas Bantu a estrutura do verbo é
muito complexa.

Estrutura do Verbo
A complexidade da estrutura verbal das línguas Bantu pode
ser apresentada de várias maneiras. Ngunga (2004: 148)
refere que esta estrutura pode adaptar-se a qualquer língua
Bantu. Não é obrigatório que toda a língua Bantu tenha
todos os elementos apresentados no esquema. Assim, nas
Centro de Ensino à Distância 69

línguas em que existam, o PI é geralmente marca de


negação, o MT marca do tempo, que as vezes podem ser
sufixo e ocorre depois da raiz. Quando presente a MO marca
de objecto é o único morfema cuja posição é fixa na
estrutura da forma verbal, ocorrendo imediatamente antes
da raiz. É por esta razão que o macro-tema inclui a MO e o
tema flexionado.
Raiz Verbal
Denomina-se raiz verbal ao constituinte da palavra que
contém o significado básico e não inclui sufixos derivacionais
ou flexionais ( Xavier e Mateus 1992: 321)

Bauer ( 1988 ), define raiz verbal como a parte da palavra


que se mantém inalterada quando todos os afixos flexionais
ou derivacionais forem retirados.

Exemplo:
Changana
-famb- “andar”
-von- “ver”
-hlanb- “ tomar banho”

Shona
-bat- “ agarrar”
-taur- “falar”
Centro de Ensino à Distância 70

Sumário

A morfologia verbal estuda a formação dos verbos e a


estrutura que rege à sua formação. Um verbo pode conter
marcas de tempo, sujeito, objecto e a parte principal
denominada raiz.

Exercícios

1.Encontre palavras que apresentem marcas de sujeito,


objecto e sujeito (seis palavras).
Centro de Ensino à Distância 71

Unidade 22: Afixos verbais

Introdução

Esta unidade descreve a estrutura do verbo. O verbo pode


apresentar a raiz, marcas de sujeito, objecto e tempo.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar a raiz, marca de tempo, marca de sujeito e


de objecto num verbo
Objectivos

A estrutura geral dos verbos nas línguas bantu é composta


por vários constituintes desempenhando cada qual uma
função específica, nomeadamente: marca de sujeito, marca
de tempo, marca de aspecto, marca de objecto, marca de
negação.

MARCAS DE SUJEITO
A marca do sujeito é a que ocorre na posição inicial da
estrutura verbal. A marca de sujeito também conhecida por
classe, desempenha a função de indicar a posição em
género nas línguas bantu, tendo em conta a percepção
segundo a qual a noção de género não se deve confundir
com a noção de sexo.
Esta marca de sujeito constitui o prefixo dependente do
prefixo do nome que a selecciona.
Centro de Ensino à Distância 72

Exemplos: Changana

Mina ndzitaya xikolweni “Eu irei à escola”


wena citaya xikolweni “ Tu irás à escola ”
yena ataya xikolweni “Ele irá à escola ”

Xingove xiwile “ O gato caiu”


Svingove sviwile “ Os gatos caíram”

Makhuwa

Exima yoomala “ A massa acabou”

Os exemplos mostram que os pronomes pessoais e os


prefixos nominais sublinhados comandam ou seleccionam
os prefixos de concordância verbal.

MARCAS DE TEMPO
As marcações de tempo são culturais, isto é, variam em
função das línguas reflexas das suas culturas. Há línguas
que distinguem três tempos ( passado, presente, futuro ),
outras distinguem os mesmos tempos, mas esses são re-
divididos em três que estabelecem entre si uma relação de
simetria , isto é, se for tempo passado podemos subdividi-lo
em três, a saber: passado recente, passado médio, passado
remoto e, se for futuro: futuro próximo, futuro médio e futuro
distante.

Ex: Dema ( língua falada em Songo )


Nidalira “ Chorei hoje” ( passado recente)
Centro de Ensino à Distância 73

Nindzalira “ Chorei ontem” ( passado médio)


Ndzicilia “ Chorei anteontem” ( passado remoto)

É importante salientar que nas línguas bantu, a marca de


tempo não tem posição fixa na estrutura da forma verbal.
Ex: Changana
Mina nidile pawu “ Eu comi o pão ”
Mina nitada pawu “eu comerei pão ”

Nyungue
Ine ndimbatsuka ndiro “ Eu costumo lavar pratos”

MARCAS DE OBJECTO
A marca de objecto é conferente ao objecto e na estrutura
verbal vem acoplada na posição adjacente à esquerda do
radical verbal.

Ex: Changana
Juwana anyikile pawu xin’wanana. “ A Joana deu um pão à
criança”

Juwana axinyikile “ A Joana deu-a”


cl. 7
Mazuze aphuzile saraveja “ O Mazuze bebeu
cerveja”
Mazuze aliphuzile “ O Mazuze bebeu-a”
cl. 5
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Sumário

Afixos verbais são todas as partículas que se acrescem ao


radical verbal. Podem ser marcas de sujeito, tempo, objecto
entre outros morfemas.

Exercícios

1. Faça o resumo desta unidade.


Centro de Ensino à Distância 75

Unidade 23: Sintaxe (frases simples)

Introdução

A sintaxe é a ciência, ou seja, parte da gramática que se


ocupa ao estudo da frase. Daí que, nesta unidade falaremos
da frase simples e as diferentes formas como esta se
manifesta.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar uma frase simples,


 Indicar os constituintes da frase;
Objectivos
 Distinguir frase verbal da não verbal.

Frase simples é aquela que tem um só núcleo, uma só


oração, que pode ser uma só palavra ou várias palavras. Em
muitas línguas o núcleo só pode ser verbal, mas na língua
Yao podem ser notórios núcleos não verbais na frase.
A frase simples pode ser verbal ou não verbal:
Frase verbal é aquela cujo núcleo é uma forma verbal,
segundo ilustram os exemplos:
Yao:
Kweende! “Vamos”
Mwanaáce júkúdílága cíló. “A criança costuma chorar à
noite”
Kusweéle “Anoiteceu”
Centro de Ensino à Distância 76

Há casos em que na língua Yao o núcleo da frase não é um


verbo. Neste caso, diz-se que a frase é não verbal.
Exemplos:
Ngóóndo! “Guerra!”
Vaandu dííkúmí ava “Estão aqui dez pessoas”
Asi mbwáanda ní syééjíinji “Este feijão é muito”

Os elementos da frase simples são: sujeito, a palavra sobre


a qual se faz uma afirmação; verbo, a palavra através da
qual se afirma algo sobre o sujeito; complemento, palavras
que indicam circunstâncias.
Na frase: Diijóká dilumilé muundu léélo. “Uma cobra
mordeu uma pessoa hoje”
Sujeito = diijóká; verbo = dilumilé; Objecto = muundu.
Elementos mais importantes da frase, seguindo-se,
finalmente de Leélo “hoje” c.c de tempo.
A ordem das frases em Bantu é SVO, VOS, OSV, VSO,
OVS.

Sumário

Frase simples – a frase simples é aquela que é

constituída por uma só oração a que se chama


independente. Pode ser constituída por uma só palavra.

Os principais elementos das frases simples são: sujeito,


verbo e complementos. A ordem dos elementos na frase
pode-se manifestar da seguinte maneira: SVO, VOS, OSV,
VSO, OVS.
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Exercícios

1.Na frase “ Diijóká dílumílé muundu” Cobra mordeu


pessoa

a. Indique a ordem dos constituintes.

b. Reordene a frase usando as restantes ordens


de elementos das frases das línguas Bantu.

2. Apresente duas frases numa língua à sua escolha


(verbal e não verbal) e, indique a respectiva ordem de
elementos.
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Unidade 24: Frase complexa (coordenação e subordinação)

Introdução

A frase complexa é aquela que tem mais do que um núcleo.


As suas componentes são ligadas por conjunções que
funcionam como instrodutores das orações. Existem dois
processos de formação das frases complexas: coordenação
e subordinação.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar uma frase complexa;


 Idistinguir frases complexas através dos diferentes
Objectivos
processos de ligação;
 Dividir e classificar orações.

Coordenação – é a ligação de duas orações independentes


que se apresentam no mesmo nível e sem que uma esteja
dependente da outra. A ligação destas orações é feita por
meio de conjunções coordenativas, As orações
coordenadas, segundo a conjunção ou locução conjuntiva
que as une, podem ser: copulativas (sindéticas e
assindéticas), disjuntivas, adversativas, conclusivas e
explicativas.

Exemplos:
Yao:

1. Dyúúvá ngádikúpóteka, naambó díkúválá.

“O sol não aquece, mas está a brilhar”.


Centro de Ensino à Distância 79

2. Mʼmwé nʼjawule kúcikóóla nóóné ngujá kúmiguundá.

“Tu vais à escola e eu também vou à machamba”.

Changana
3. Zitha ajile pawa kambe angaxurhanga.
“O Zitha comeu o pão mas não ficou saciado”.
4. Polina i jondzi kambe wageleza.
“ Polina é estudiosa, mas prostitui-se”

Subordinação – é a relação de uma oração não autónoma


com uma oração principal. A oração não autónoma depende
da oração principal.

As orações subordinadas são aquelas que se ligam por meio


de conjunções subordinadas.

Na relação vertical entre as orações, há uma oração que


desempenha uma função superior, uma função de
subordinante e as restantes desempenham uma função
inferior, função de subordinada.

Exemplo de frases em Changana:

1. Mazuzi adile pawa ankama angavuya hi ntirhweni.

“O Mazuzi comeu pão quando voltou do serviço”.

2. Bʼava axavelile nʼwana buluku hikuva apasile


xikolweni.

“O pai comprou calças para o filho porque este


passou de classe”.

Nyungwe:

3. Lero macibese ife ta tsuka ndiro yomwe udasvipisa.

“Hoje de manhã nós levamos o prato que sujaste”.


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Yao:

4. Ngúkú já jiwiilé léélo-jo jééswéélá.

“A tal galinha que morreu hoje é branca”

Sumário

Frase complexa – a frase complexa é aquela que é


constituída por duas ou mais orações.

A frase complexa é formada por meio de dois processos: a


coordenação e a subordinação.

Exercícios

1. Numa língua à sua escolha, elabore 4 frases


complexas usando as seguintes conjunções/locuções:

a. Subordinativa temporal

b. Coordenativa adversativa

c. Coordenativa copulativa

d. Subordinada causal
Centro de Ensino à Distância 81

BIBLIOGRAFIA
CUNHA, C. e CINTRA, L. Nova Gramática do Português
Contemporâneo, 6ª ed., Lisboa: JSC, 2000;

NELIMO, I Seminário sobre a Padronização de Línguas


Moçambicanas, Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento da
Educação/UEM, 1989;

NGUNGA, A. Elementos da Gramática da Língua Yao, Maputo:


Imprensa Universitária, 2002;

NGUNGA, Armindo, Introdução a Linguística Bantu, Maputo: Livraria


Universitária, 2004.

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