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Porque todos necessitam do evangelho?

Resumo (1.1-17)

A passagem contém a apresentação de si mesmo feita por Paulo (v1-5);


suas razoes para querer visitar a igreja para qual ele escreve (v. 8-15); e seu
esboço do evangelho:

 De quem ele trata (v. 2-4);


 O que ele faz (v.16);
 O que ele é (v.17).

Na verdade, a passagem inteira tem relação com o evangelho; Paulo é


“separado” para ele (v.1) a fim de pregá-lo aos gentios (v.5); ele quer
visitar Roma de modo a incentivar os cristãos (v.11-15); razão pela qual
anseia compartilhá-lo, em vez de se envergonhar dele (v.15,16).

O versículo 17 é crucial para o resto da carta; apresenta-nos o evangelho


como o espaço onde a justiça divina revelada. Em outras palavras, o
evangelho, é o meio para que as pessoas possam assumir a posição correta
diante de Deus, que, a partir de então, nada tem contra elas, o evangelho
não tem relação apenas com o perdão, mas com receber um histórico
perfeito.

Nota: O versículo 17 pode ser traduzido como “justiça/retidão de Deus”


(i.e.: no evangelho, vemos a perfeição e santidade de Deus) ou
“justiça/retidão proveniente de Deus” (i.e.: no evangelho, descobrimos um
modo de ficarmos sem pendências com ele).

As duas são verdadeiras: o evangelho é a declaração tanto de que Deus é


justo quanto de que ele oferece sua justiça a todo que crer.

*A história até aqui, Paulo escreve à igreja romana sobre o evangelho: a


notícia de que a justiça de Deus pode ser revelada por, e recebida de,
Jesus.
Resumo (Romanos 1.18-32)

A ira de Deus está sendo e será revelada contra todos, irreligiosos ou


religiosos, todos nós necessitamos do evangelho.

A palavra “pois” no início do versículo 18 conecta esta seção com os


versículos 16,17; em outras palavras, nesse trecho Paulo vai explicar por
que precisamos receber a justiça de Deus pela fé.

A resposta é que a ira de Deus está sendo derramada. Está em operação


agora, contra a impiedade de pessoas que impedem a verdade sobre
Deus. Ela é vista no modo como somos “entregues” às coisas que
adoramos em vez de adorarmos a Deus. A idolatria é tanto a causa quanto
a consequência da ira divina. Escolhemos adorar o que foi criado (v.21-
23); além de não satisfazerem, em vez disso, levam-nos á destruição; e a
ira presente de Deus é deixar-nos ter o que escolhemos.

Em 1.18-32, Paulo se dirige aos gentios (i.e.: aos não judeus, ou


poderíamos dizer ao mundo não religioso).
Resumo ( Romanos 2.1-29)

Em 2.1, ele se volta para as pessoas religiosas ou morais. Elas apoiariam a


critica de Paulo ao mundo e ao estilo de vida pagão. Mas presumiram que
elas mesmas ( como não eram irreligiosas ) não se encontravam
condenadas. Em 2.1-10 ( e até 3.20), Paulo mostra aos judeus e a todas as
pessoas religiosas que eles estão se condenando pelos padrões que
insistem que os outros deveriam guardar (2.1-3); também merecem a ira
(v.3-5); não entenderam nada do evangelho, porque pensam que sua
própria correção moral os torna justos, e por isso não têm nenhuma
necessidade de recebe-lo. Todos --- tanto irreligiosos quanto religiosos ---
necessitam do evangelho.

Perguntas:

1.Na sua opinião, a que tipo de pessoa Paulo se dirige nos versículos de 1
a 3? ( O versículo 17 pode nos ajudar.)

Resposta: Pessoas que julgam “...os outros...” (v.1); aqueles que se


chamam judeus e se apoiam na lei (v.17). São pessoas religiosas que
confiam na própria observância dos padrões de Deus para se fazerem
aceitáveis a Ele. Gente que leria o capitulo 1 e diria: “ Sim, claro que a ira
de Deus recai sobre os ímpios que não vêm à igreja. Mas nós temos a
Palavra de Deus e vivemos por ela. Não estamos condenados.

Obs: Uma vez que Paulo demonstrou a culpa dos gentios, ele agora
trata do caso dos judeus.221 Vale ressaltar que não há consenso entre os
estudiosos acerca do público a quem Paulo se dirige nos versículos em
apreço, se apenas aos judeus ou se aos críticos moralistas em geral. John
Murray é da opinião que essa questão não pode ser determinada de
modo decisivo.222
A esmagadora maioria dos comentaristas, entrementes, crê que Paulo
se dirige exclusivamente aos judeus, mostrando sua culpa em contraste
com a culpa dos gentios, evidenciada no capítulo anterior. John Stott diz
que o foco do apóstolo aqui não são exclusivamente os judeus, mas
todos os críticos moralistas, tanto judeus quanto gentios.227 Na mesma
linha de pensamento William Greathouse argumenta que, embora Paulo
esteja pensando basicamente nos judeus, ele constrói seu argumento
em termos suficientemente genéricos para incluir outras pessoas que
também criticam os maus procedimentos delineados na seção
anterior.228O que se combate aqui é a atitude insolente e implacável de
julgar os outros em vez de lamentar os próprios erros.

2.Que ideia ele está defendendo diante dessas perguntas?

Resposta: “...te condenas [...] pois [...] praticas os mesmos atos” (v.1).

Paulo está dizendo que os padrões que usamos para os outros serão os
padrões segundo os quais seremos julgados. Julgar é acreditar que os
outros são dignos de julgamento, mas você não; no entanto, Paulo diz que
nenhum de nós guarda os padrões que cobramos dos outros. É o que o
teólogo do século 20 Francis Schaeffer chamou de “gravador invisível”

É como se houvesse um gravador (atualmente, seria um mp3) em torno


do pescoço de cada um de nós. Ele registra tudo que dizemos sobre os
outros e para os outros acerca da maneira como deveriam viver. Então, no
último dia, Deus, o Juiz, retirará o gravador do nosso pescoço e dirá: “Serei
absolutamente justo --- simplesmente tocarei esta fita e o julgarei com
base no que suas palavras afirmam ser o padrão para o comportamento
humano”. Paulo indaga: “...pensas que escaparas do julgamento de Deus?
” (v.3). Ninguém na história pode responder de verdade: sim, eu acho”.

3.Do que eles as adverte (v.4,5)?

Resposta: Deus está sendo gentil e dando às pessoas que se consideram


justas mais tempo a fim de que possam vir ao “arrependimento” (v.4) ---
i.e.: constatar que são pecadoras e assim passar a confiar no evangelho.
Mas, enquanto não se arrependerem, “...acumulas ira sobre ti no dia da
ira [...] de Deus” no futuro (v.5). Quanto maior for o período em que
recebemos bênçãos sem arrependimento, maior o castigo final.

4.Como é o primeiro grupo ( Sl 62.3,4)? O que seus integrantes “fizeram”


quanto à forma de se relacionarem com Deus?

Resposta: Conspiram contra o rei escolhido de Deus (i.e.: Davi, o autor;


mentem, dizendo uma coisa com os lábios enquanto fazem o oposto no
coração. São como as pessoas de Romanos 2.1-3.

5. O que o segundo grupo “fez” (v.1,7)?

Resposta: Voltou-se para Deus em busca de salvação (v.1); depositou tudo


que tem em Deus, confiando nele para seu resgate e a respeito de sua
reputação (v.7).

6.Sendo assim, o que Davi quer dizer no versículo 12, quando afirma que
cada grupo será recompensado “...de acordo com seus feitos”?

Resposta: Significa que Deus “recompensará” o primeiro tipo de pessoa


julgando-o por sua atitude de rejeição a ele; e “recompensara” o segundo
tipo dando-lhes as bênçãos e a salvação pelas quais confia nele.

7.Como isso nos ajuda a compreender Paulo em Romanos 2.6-11?

Resposta: Paulo está pedindo ao homem religioso e ao irreligioso que


considerem o que têm “feito” --- ou, antes, o que não têm feito. Nenhum
dos dois se arrependeu (v.5), buscando refúgio da ira de Deus em sua
misericórdia imerecida. Ambos buscam honra em si mesmos.
8.Qual é o desafio aqui para os cristãos?

Resposta: Nossa vida reflete a fé que professamos? Se as obras das nossas


mãos não estiverem sendo transformadas pela fé e recebendo
consistência dessa fé que afirmamos ter, deveríamos nos perguntar com
toda sinceridade se a nossa fé é real.

9.Como Paulo mostra que não existe defesa diante de Deus para:

Pessoas não Religiosas (v.13-16)?

Resposta: Aqui, os versiculos14,15 são a chave. Quando pessoas que


nunca a ouviram (os gentios) “...praticam as coisas da lei [...],
[demonstram) que o que a lei exige está escrito no coração [delas]...”. A
lei de Deus é inata --- todo mundo conhece os princípios essenciais do
certo e errado e sua base em uma realidade objetiva, um padrão segundo
o qual seremos julgados. O fato de as pessoas que nunca ouviram a lei de
Deus às vezes saberem que algo é certo e, portanto, praticarem-no,
demonstra que não têm desculpas pelas ocasiões em que não praticam o
que é certo --- seus próprios pensamentos às vezes as defendem (v15).

Pessoas religiosas (v.17-27)?

Resposta: Os versículos 17-24 tratam do comportamento moral; os


versículos 25-27, da observância religiosa. Mais uma vez, a ideia é que as
pessoas religiosas não praticam o que pregam (v.21). Um exemplo que
Paulo dá é o adultério (v.22). Pessoas religiosas são severas com quem
cometem adultério. Mas Jesus disse que o adultério inclui pensamentos
(Mt 5.28). A vida piedosa diz respeito às motivações do coração tanto
quanto aos (ou mais do que os) atos do corpo. Conhecer e ensinar a lei
não impede ninguém de desobedecer-lhe e, portanto, de ser passível de
julgamento. Nos versículos 25-27, Paulo menciona a circuncisão. Essa era
a grande marca cultural do judaísmo, que identificava os membros do
povo de Deus. Mas ela se tornara parte do orgulho Judeu, parte de ser
uma pressuposição acomodada de que ser circuncidado o deixava
automaticamente quite com Deus. Paulo, contudo, diz que o que importa
é somente guardar ou infringir a lei. Se alguém é um infrator da lei (como
todos são, v. 1-3), então a circuncisão não tem valor algum para salva-los.

10. Qual é a única coisa que realmente importa (v.28,29)?

Resposta: Se seu coração é ou não circuncidado. I.e., inserido entre o


verdadeiro povo de Deus por meio da obra do Espirito Santo capacitando-
nos a confiar na mensagem do evangelho.

*Comentário: A falsa confiança na circuncisão (2.25-29)


O apóstolo agora “persegue os judeus até seu último esconderijo” e
“passa a despojá-los do último refúgio onde geralmente se ocultavam, a
sua ilusória confiança na posse da circuncisão”.303
Os judeus certamente poderiam argumentar com Paulo que eles
eram diferentes e melhores que os gentios pagãos e não podiam ser
postos no mesmo nível, uma vez que possuíam o selo de Deus, a
circuncisão. Esse selo os tornava um povo especial e diferente no
mundo.
John Stott alerta corretamente para o fato de que a circuncisão não
era um substituto para a obediência; constituía, antes, um compromisso
com a obediência. Os judeus, no entanto, tinham uma confiança quase
supersticiosa no poder salvador de sua circuncisão. Epigramas rabínicos -
por exemplo: “O homem circuncidado não vai para o inferno” e “A
circuncisão livrará Israel do inferno” - eram evidentes expressões dessa
crença.304
Para os judeus, os gentios eram “cães incircuncisos”. O mais triste é
que os judeus se fiavam na marca física, em vez de depositarem sua fé
na realidade espiritual que esse sinal representava (Dt 10.16; Jr 9.26; Ez
44.9). O verdadeiro judeu era aquele que possuía uma experiência
espiritual interior no coração, não apenas uma cirurgia física exterior. 305
Juan Schaal nos diz que um judeu verdadeiro é aquele que não se jacta
de nada externo, material e visível, mas que tem uma nacionalidade
espiritual interna, como membro da família de Deus. A circuncisão que
vale não é a do prepúcio externo, mas a circuncisão interna do
coração.306
Os judeus sentiam-se seguros acerca da sua salvação por causa da
circuncisão. De igual forma, muitos cristãos hoje podem argumentar que
são especiais porque possuem a Bíblia, frequentam uma igreja, foram
batizados e participam do culto. O verdadeiro cristão, porém, não é uma
pessoa que meramente se submete a certos ritos, mas alguém que
adotou esses ritos porquanto crê que foram estabelecidos pelo Senhor e
deseja desta forma expressar-lhe amor e devotamento, buscando o
louvor que procede não dos homens, mas de Deus.307

12.Como sabemos se somos o “tu” a quem Paulo se dirige no capitulo 2?

Resposta: Paulo chama nossa atenção para quatro itens:

*Uma atitude apenas teórica para com a palavra de Deus (v.21: “Tu [...]
que ensinas os outros, não ensinas a ti mesmo?...”). Essa pessoa
compreende os conceitos do evangelho, mas eles nunca a transformam.
Raramente é impactada por uma profunda convicção do seu pecado. O
cristão verdadeiro considera a Bíblia “...viva e eficaz...” (Hb 4.12);
descobre que ela o convence, consola, emociona, desafia e transforma. Lê
sua Bíblia para ensinar a si próprio.

*Superioridade sutil ou evidente (v.17: “...te glorias...”; v.19: “...luz dos


que estão nas trevas”). Se você está confiando em suas realizações
espirituais ( a moralidade e/ou a observância religiosa), terá de
“menosprezar” aquele que fracassaram nas mesmas áreas. As pessoas que
confiam na própria correção moral são no mínimo “frias” e, na pior das
hipóteses, muito críticas em relação aquelas que estão batalhando. E têm
a tendência de fofocar ( menosprezar os outros lhes permite se ver como
melhor) e ficarem muito na defensiva ( pois não podem admitir falhas ou
erros).

* Acima de tudo, para a total falta de uma “vida interior” (v.29:


“...circuncisão [...] do coração, realizada pelo espirito...”). Um coração
circuncidado é um coração espiritualmente derretido e suavizado.
Significa ter uma vida de oração ativa, um senso da presença e da
proximidade de Deus. Isso é algo que os moralistas não têm com
regularidade. Eles podem conseguir “sensações” quando na liturgia ou na
empolgação de um culto de igreja, mas são radicalmente inseguros de que
Deus os ama, por isso experimentam uma longa apatia por dentro. (Nota:
isso não significa dizer que um cristão verdadeiro sempre tem excelentes
horas silenciosas ou sempre sente vontade de orar!).

*Pode haver uma hipocrisia escarnada e uma vida dupla (v.22). É possível
que um “pilar da igreja” esteja tendo um caso amoroso ou seja desonesto
nos negócios.

13.Se alguém lhe perguntasse “O que há de errado com o mundo?”, que


resposta você daria com base nesses dois capítulos?

Resposta: A resposta muito curta é: “o pecado”. A resposta mais longa


deste capitulo é que todos omitimos a verdade sobre Deus e adoramos
algo além, seja de maneira religiosa, em que adoramos nossa própria
correção moral, seja de maneira irreligiosa. Isso quer dizer que ferimos a
nós mesmos e aos outros em nossa busca do que decidimos que
precisamos ter (seja uma determinada experiência sexual, permitindo que
nos sintamos prepotentes e “bons o bastante”, ou alguma outra coisa).

]14.Como o trecho de 1.18 a 2.29 nos permite reconhecer a magnitude


do evangelho?

Resposta: O evangelho é necessário não apenas para nos fazer felizes, mas
porque a ira de Deus existe. Toda a confiança de Paulo no evangelho, bem
como sua alegria e paixão por ele (1.1-17), baseiam-se no pressuposto de
que todos os seres humanos, longe do evangelho, encontram-se debaixo
da ira divina. Se você não entende a ira de Deus ou não crê nela em que
merece enfrenta-la, o evangelho não o empolgará, não o revestirá de
poder e nem o comoverá.

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