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FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL

CURSO: FISIOTERAPIA

PROFESSORA: Fabiana Palma

Fisioterapia nas Disfunções do Sistema Respiratório

Fta. Fabiana Palma

Caro aluno,

Nesse material você ampliará seus conhecimentos sobre as técnicas utilizadas pela fisioterapia para a prevenção e
tratamento de condições de saúde que se detecte através de uma avaliação criteriosa a necessidade de aumento
de volumes pulmonares e melhora de oxigenação, também podem ser utilizadas como técnica coadjuvante para
auxílio na remoção de secreção.

Bons estudos.

TERAPIA DE EXPANSÃO PULMONAR- PARTE I

“Visa melhorar as condições da mecânica respiratória (hipoventilados ou


hiperinsuflados), debilidade muscular, incoordenação repiratória ou qualquer padrão
ventilatório espontâneo que leve a uma desvantagem mecânica e a suprimento de
O2 insatisfatório ao organismo” (Dirceu Costa)

Os volumes e as capacidades pulmonares podem estar afetados, como pela diminuição da complacência pulmonar,
como em doenças pulmonares e da caixa torácica, em alterações pulmonares decorrentes de processos cirúrgicos,
disfunções neuromusculares e em processos infecciosos ou traumáticos. Estas situações, de alguma maneira,
isoladas ou associadas, podem levar à ocorrência de hipoventilação pulmonar, atelectasia e ainda aumentar o
trabalho dos músculos ventilatórios.

As técnicas de expansão pulmonar ou reexpansão pulmonar consiste em uma série de manobras fisioterapêuticas
com o objetivo de aumentar a ventilação alveolar, evitando a hipoventilação (áreas pulmonares que não estão
expandindo adequadamente) e reduzindo o trabalho ventilatório. Estas técnicas incluem manobras manuais,
manobras orientadas pelo fisioterapeuta e manobras com a utilização de aparelhos.

Assim, os exercícios e/ou as técnicas mecânicas de reexpansão pulmonar têm por finalidade aumentar e/ou manter
o volume pulmonar. É muito importante a sua aplicação adequada, sempre levando em consideração o tipo de
doença, para que o objetivo seja alcançado.

O conceito de pressão transpulmonar é essencial para a compreensão da fisiologia da expansão pulmonar. Essa
pressão resulta da diferença entre pressão alveolar e a pressão pleural. Os alvéolos são elásticos e sujeitos a
variação de pressão transplumonar. A negativação da pressão do espaço pleural ou o aumento da pressão dentro
dos alvéolos resulta em aumento do volume pulmonar. Pode-se obter expansão pulmonar de duas formas: por
meio da negativação da pressão pleural ou por aumento da pressão alveolar.

PT = Palv – Ppl
Objetivos da TEP (Terapia de Expansão Pulmonar)

❖ Recuperar volumes e capacidades pulmonares


❖ Prevenir ou reexpandir áreas colapsadas
❖ Manter integridade das trocas gasosas
❖ Prevenir acúmulo de secreções pulmonares
❖ Mobilizar caixa torácica
❖ Auxiliar a drenagem torácica (em derrames pleurais)
❖ Facilitar a expectoração de secreções pulmonares
• Favorecer a mobilidade diafragmática

Conforme especificado na tabela acima, a terapia de expansão pulmonar pode ser realizada através da ventilação
espontânea, através do posicionamento e em pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva.
Pacientes em ventilação espontânea podem se beneficiar com aumento do volume pulmonar através de recursos
que reduzem a pressão pleural ou recursos que aumentem a pressão alveolar

TÉCNICAS QUE REDUZEM A PRESSÃO PLEURAL

➢ Terapia de posicionamento

O posicionamento no leito, na prática pode está associado ao controle postural que tem por objetivo evitar lesões do
aparelho osteomiolocomotor, evitar broncoaspirações e previnir a formação de úlceras de pressão (decúbito).

Contudo, realizado de forma eficaz pode favorecer uma melhor expansão pulmonar, sendo assim, incluido no rol de
condutas de expansão pulmonar. Paticurlamente, gosto do termo Terapia de posicionamento, o qual se refere à
utilização do posicionamento com o objetivo de favorecer a ventilação e a mecânica dos músculos ventilatórios e
melhor troca gasosa.
Pacientes acamados:
• Retirar o mais breve possivel do leito e mante-lo sentado em poltrona;
• No leito manter a cabeceira o mais elevada possível. Porquê? Investigue.... na nossa aula vou querer
saber qual justificativa;
Paciente com lesão pulmonar unilateral: Manter o pulmão sadio em posição dependente para garantir uma boa
relação V/Q

Exercícios respiratórios ou Padrões ventilatórios

➢ Exercicío respiratório diafragmático

Permite uma maior expansão pulmonar, por aumento da ventilação nas bases, beneficiando aqueles cuja
complacência esteja diminuída.

Objetivos:

- Promover o controle e a conscientização do padrão ventilatório diafragmático;

- Favorecer a mecânica diafragmática;

Técnica: com o paciente sentado ou deitado, colocar as duas mãos sobre o apêndice xifóide e realizar incursões
ventilatórias de forma que sua mão eleve-se durante a inspiração e deprimam-se durante a expiração.

➢ Inspiração profunda

- Nesta técnica o fisioterapeuta solicita que o paciente realize incursões ventilatórias profundas;

- Durante a aplicação da técnica o paciente pode estar deitado, sentado ou em posição ortostática;

- O objetivo desta técnica é de expansão pulmonar máxima;

- Esta técnica pode estar associada à cinesioterapia motora de MMSS e/ou MMII;

Os MMSS na inspiração → flexão ou abdução.

Os MMII na inspiração → extensão

Expiração → flexão de coxofemoral e joelhos;

Técnica: Solicita que o paciente realize uma Inspiração lenta e uniforme (via nasal) e uma expiração oral, sem
variações bruscas (não excedendo ao nível de VRE)

Objetivos
• aumenta a profundidade ventilatória
• aumenta ventilação em bases pulmonares
• aumenta a complacência
• utilizado na prevenção de atelectasias
➢ Inspiração profunda sustentada

Inspiração nasal, lenta e uniforme (cuidado com o aumento do trabalho inspiratório) seguida de apnéia pós-
inspiratórias seletivas (Facilitam a hematose nas unidades alvéolo-capilares)

Técnica: Solicita que o paciente realize uma Inspiração lenta e uniforme (via nasal), faça uma apnéia
prolongada seguida de uma expiração oral tranquila.

➢ Padrão Ventilatório com Inspiração Fracionada ou em Tempos (IF)

É uma adaptação dos suspiros inspiratórios, onde se adiciona uma pausa inspiratória entre os volumes inspiratórios
sucessivos.

Visa melhorar a complacência do tórax e dos pulmões e aumentar a capacidade inspiratória.

Técnica: Orientar o paciente a inspirar através do nariz de forma suave e curta, mantendo uma curta apnéia
após cada inspiração; a fase inspiratória pode ser fracionada em tempos (2 a seis pausas/tempos). A
expiração é realizada de forma suave e pela boca, podendo ser associada à técnica da respiração
frenolabial;

➢ Padrão ventilatório com soluços inspiratórios (si)


Exercício baseado em um padrão específico de sucessivos e pequenos volumes inspiratórios até
que se alcance a capacidade inspiratória máxima.

Técnica: Solicitar que o paciente faça inspirações curtas e sucessivas, sem apnéia pós-inspiratória, até
completar a CI máxima e a CPT sendo a última inspiração por via oral seguido de Expiração oral
➢ Padrão ventilatório com expiração abreviada (ea)
Exercício que utiliza inspirações fracionadas, intercaladas por breves expirações até que se atinja a capacidade
pulmonar total (CPT).

Técnica: Orientar o paciente a inspirar através do nariz e, em seguida, expirar pequena quantidade de ar, entre
os lábios, e voltar a inspirar; essa manobra é repetida três ou mais vezes, alcançando-se na última a capacidade
inspiratória máxima.
Ao se atingir o volume inspirado máximo, a expiração é realizada de forma suave, podendo ser associada à
respiração frenolabial;
Repetir o exercício quantas vezes julgar necessário

INCENTIVADORES RESPIRATÓRIOS

Esta técnica utiliza aparelhos portáteis que promovem um feedback de que foi alcançado o fluxo ou o volume
desejado, sendo de fácil manuseio, tendo um baixo custo e podendo ser utilizada tanto por crianças como por adultos
(COSTA, 2004; SCANLAN et.al., 2000; MARINI, 2004).

A inspirometria de incentivo também referido como inspiração máxima sustentada (SMI) é uma técnica lançada em
1976 e consiste em fazer o paciente realizar, através de incentivadores uma inspiração máxima sustentada que
consiste em uma inspiração profunda e lenta da capacidade residual funcional (CRF) até a capacidade pulmonar total
(CPT), seguida por uma sustentação da inspiração durante 5 a 10 segundos.

ESTUDOS ATUAIS QUESTIONAM SUA REAL EFICÁCIA.

Entenda... https://www.youtube.com/watch?v=pt8HiQayNPc

Inspirômetros a volume

Sistema de pistão em que um êmbolo ou disco deve ser elevado até atingir a capacidade inspiratória máxima ou
nível predeterminado.
Este tipo é mais fisiológico pois o volume de treinamento é mais constante e gera um fluxo menos turbulento
quando comparado com o incentivador a fluxo. Um exemplo de incentivador a volume é o Voldyne.
Este tipo de incentivadores gera menos trabalho ventilatório e altera menos a biomecânica ventilatória do
paciente.

- A inspiração realizada pelo paciente gera fluxos mais baixos, num intervalo de tempo maior.

- Este tipo de técnica está mais relacionado à utilização da musculatura diafragmática e tem boa indicação em
pacientes no pós-operatório de cirurgia abdominal, torácica e cardíaca, pois sua utilização gera menos dor;

Incentivador à volume: Voldyne

➢ Inspirômetros a fluxo

Uma ou mais câmeras plásticas que abrigam esferas semelhantes a bolas de pingue-pongue que se elevam em fluxos
inspiratórios altos, promovendo um incentivo visual ao paciente.
Nestes podem ocorrer fluxo turbulento inicial e alteração no trabalho ventilatório alternando, portanto, o padrão
de ventilação durante a terapia.
O Triflow e o Respiron são exemplos de incentivadores a fluxo (COSTA, 2004; AZEREDO, 2000).

Incentivador à Fluxo: Respiron

• Favorece a utilização de fluxos de ar altos num pequeno espaço de tempo por parte do paciente.

• Fluxo Turbilhonar;

• O paciente deve inspirar de forma que as três bolinhas do aparelho subam por aproximadamente 5 a 10

seg.

• Favorecendo o treinamento do músculo acessório da inspiração;

MANOBRA DE COMPRESSÃO-DESCOMPRESSÃO
Este exercício favorece tanto a reexpansão pulmonar quanto a desobstrução das vias
aéreas e a expectoração.
Terapeuta coloca a mão na base inferior das últimas costelas do paciente. Enquanto o paciente expira o
fisioterapeuta faz uma compressão torácica para dentro e para baixo, e posteriormente uma descompressão súbita
quando o paciente inicia a inspiração. Isto gera uma elevação no fluxo da expiração e uma variação súbita de fluxo
durante a inspiração.

MANOBRA DE BLOQUEIO TORÁCICO

Atingir regiões pulmonares comprometidas pela deficiência ventilatória.


Este exercício consiste na aplicação de uma força através das mãos do fisioterapeuta no final da expiração, em um
dos hemitórax do paciente, fazendo com que o volume de ar colocado nas vias aéreas do paciente ocupe
principalmente o hemitórax contralateral ao bloqueio, permitindo assim maior expansão deste. Está indicado para
quadros de atelectasias encontradas no pulmão não bloqueado, durante a ventilação mecânica.

Referências:

AZEREDO C. Fisioterapia Respiratória hospital geral. São Paulo: Manole.2000


CARVALHO, M.. Fisioterapia Respiratória. Rio de Janeiro: Revinter. 2001

COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu. 1999.


IRWIN, Scot. TECKILIN, J. Fisioterapia Cardiopulmonar. São Paulo: Manole. 2003.
MACHADO, M. da G. R. Fisioterapia respiratória: terapia intensiva e reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2018. Livro digital. (1 recurso online). ISBN 9788527733939.

PRESTO, B. L.VARELLA. Fisioterapia respiratória. 4. Ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009

RIBEIRO, D. C.; SHIGUEMOTO, T. (ed.). O ABC da fisioterapia respiratória. 2. ed. São Paulo: Manole, 2015. Livro
digital. (1 recurso online). ISBN 9788520451625.

Sarmento, G.J.Fisioterapia Respiratória no Paciente Crítico: Rotinas Clínicas. São Paulo. Manole,
2005.
VEJA, J.M.; LUQUE,A.; SARMENTO, G.J.; MODERNO, L.F.O. Tratado de Fisioterapia Hospitalar:
assistência integral ao paciente. São Paulo, Ed. Atheneu. 2012.

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