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Da Sala de Aula

Rozane Fermino

Aluna do curso de Letras


– Português/Inglês – EaD
– Bolsista do Programa de
Iniciação Científica do curso às Redes Sociais:
Ecos do Projeto Elas
de Letras (Cruzeiro do Sul).

Prof.ª Dra. Nelci


Vieira de Lima

Doutorado em Língua Resumo


Portuguesa pela Pontifícia
Este artigo aborda o feminismo dentro do contexto escolar de um
Universidade Católica de
projeto de combate à violência contra a mulher e luta por igualdade
São Paulo, Pós-doc em
de gênero, intitulado Projeto Elas, desenvolvido em uma escola da rede
Linguística, pelo PNPD/
CAPES, no Programa de pública estadual de Santa Catarina. Esta pesquisa justifica-se devido
Mestrado em Linguística da ao feminismo ser um diálogo atual e envolto em práticas sociais e
Universidade Cruzeiro do Sul visões de mundo, que envolvem construções de sentidos, relações de
e, atualmente, professora do poder, questões epistemológicas e de identidade, sendo, assim, plural.
Curso de Letras, modalidade Esta análise tem por objetivo compreender muitas destas estrutu-
EaD, na Universidade ras e a formação de opiniões em ambientes virtuais mediados pela
Cruzeiro do Sul. tecnologia digital, por meio da análise do discurso. Neste sentido,
E-mail: nelci.lima@ este estudo analisa comentários na rede social Facebook do Projeto
cruzeirodosul.edu.br
Elas que causam polêmica. O corpus de análise compõe-se de um
conjunto de comentários em uma postagem relacionada ao combate
à violência contra a mulher e como esta repercute na comunidade
escolar. O estudo se embasa teoricamente na Análise do Discurso,
tendo como aporte os autores Maingueneau (2015), Amossy (2017) e
Cabral e Lima (2018).

Palavras-chave: Linguagem. Rede Social. Polêmica. Análise do


Discurso.

Abstract
This article addresses feminism within school context at a project
idealized to resist to violence against women and fight for gender
equality, entitled Projeto Elas, developed in a public school in Santa
Catarina. This research is justified once feminism is a current dialogue
and related to social practices and worldviews, which involves
constructions of meanings, power relations, epistemological and
identity issues, thus, being plural. This analysis aims to understand
many of these structures and the formation of opinions in virtual
environments mediated by digital technology, through discourse
analysis. In this sense, this study analyzes comments on Projeto Elas
social network Facebook page, causing controversy. The corpus of
analysis consists of a set of comments in a post related to fight against
violence against women and how it affects school community. The
study is theoretically based on Discourse Analysis, having as input
Pluri Discente

the authors Maingueneau (2015), Amossy (2017) pessoas se aproximam por interesses comuns e,
and Cabral and Lima (2018). também, por ponto de vista político-ideológico”
(CABRAL; LIMA, 2018, p. 40), com o objetivo de
Keywords: Language. Social network. Con-
obter determinadas reações e atuar sobre o
troversy. Speech analysis.
outro de determinada maneira.
Uma vez que, de acordo com Amossy (2017),
Introdução o assunto que se torna polêmico revela muitas
A linguagem apresenta a função de possi- coisas em relação à sociedade e à época na qual
bilitar o desenvolvimento da ação no mundo, circula no ambiente público, o objetivo deste
tais como: atividades sociais e interações entre artigo é compreender o Projeto Elas e analisar
os sujeitos. Além disso, assegurar afiliações alguns dos comentários realizados em uma pos-
humanas na cultura, nos grupos sociais e nas tagem de combate à violência contra a mulher,
instituições, instigando o outro a desenvolver da página “Projeto Elas” no Facebook, e de que
certa perspectiva sobre a experiência. A lingua- forma estes discursos ecoam na sociedade, pelo
gem social pode ser analisada, pois é a maneira viés da Análise do Discurso (MAINGUENEAU,
como a palavra, tanto oral como escrita, den- 2015), causando controvérsias.
tro dos discursos, se relaciona na forma e no
significado, de modo a expressar identidades
e atividades específicas socialmente situadas, Caminhos Metodológicos
“falar sobre práticas feministas ou protagonis-
O presente artigo seguiu o padrão de pes-
mo feminino é falar sobre experiência, ressig-
quisa com abordagem qualitativo e quanti-
nificação, aprendizagem, encontro, discurso/
tativo, que exprime as opiniões em números
narrativa, atuação/ação e negociações sociais”
(quantitativo) e analisa indutivamente os da-
(MANGUINHO, 2018, p. 38).
dos levantados (qualitativo). Ainda, conforme
Com o intuito de propiciar um espaço para Rodrigues (2007), esta pesquisa caracteriza-se
debater estas práticas feministas de acentuada como descritivo-exploratória, pois admite regis­
relevância social, como as variadas violências trar, relatar, identificar e realizar levantamento
sofridas pelas mulheres, e ainda considerando bibliográfico estremando os objetivos e a for-
o que garante na Constituição Federal (BRASIL, mulação de hipóteses.
1988, n.p.), de que:
Os dados foram coletados por meio de dois
questionários: o primeiro foi impresso e aplicado
Todos são iguais perante a lei, sem distin-
em março de 2020, antes do início do Projeto
ção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros resi- Elas, contendo dez perguntas de múltipla esco-
dentes no País a inviolabilidade do direito lha; o segundo, aplicado em outubro de 2020, já
à vida, à liberdade, à igualdade, à segu- com o Projeto Elas em andamento, por meio de
rança e à propriedade. um questionário on-line no Google Formulários,
contendo as mesmas dez perguntas do primeiro
A Escola de Educação Básica Manoel Vicente questionário. Ambos foram aplicados em um
Gomes, situada no município de Major Gercino, contexto de uma escola pública estadual do
no Estado de Santa Catarina, criou o projeto interior de Santa Catarina, denominada E. E.
denominado Projeto Elas, que envolve o ambi­ B. Manoel Vicente Gomes, para os estudantes
ente escolar e o ambiente virtual. do 6º ano do Ensino Fundamental até 3º ano
Uma vez que, ao considerar o advento das do Ensino Médio, somando, ao todo, 160 discen-
redes sociais e a interação que lá ocorre, muitos tes, que participaram de forma voluntária da
discursos são passíveis de análise neste ambiente, pesquisa. Estes questionários resultaram em
principalmente os que envolvem temas polêmi- gráficos que serão apresentados como figuras
cos como violência contra a mulher, feminismo e ao longo desta escrita, considerando a proteção
igualdade gênero. Ponderando que “na rede, as da integridade e dos direitos dos participantes.

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Foram realizadas coleta e seleção de comen- acabam por fazer por sua incapacidade de
tários que causam a polêmica, “que gerencia debater de acordo com regras racionais, pois
os conflitos valendo-se do choque de opiniões se busca um vencedor e não um consenso
contraditórias” (AMOSSY, 2017, p. 13), em uma plausível sobre determinado assunto. A polê-
postagem da página do Facebook do Projeto mica é marcada pela dissensão, que, por sua
Elas. A postagem se refere a uma campanha vez, está presente principalmente em torno
de combate à violência contra a mulher e os de problemas sociais que sejam de interesse
comentários foram analisados na perspec- de uma maioria populacional – como é o caso
tiva da Análise do Discurso (AMOSSY, 2017; da violência contra a mulher – dessa forma,
MAINGUENEAU, 2015; POSSENTI, 2009), com o as redes sociais trazem à tona muitas destas
intuito de analisar a repercussão de um projeto questões de interesse público, conforme sali­
escolar na sociedade através da rede social, entam Cabral e Lima (2018, p. 56) em relação
por meio dos discursos utilizados para defender à rede social Facebook.
pontos de vistas em relação a um tema polêmico.
(...) o Facebook é um espaço que impulsio-
na as mudanças sociais na medida em
Aportes Teóricos que ele constitui um lugar de polêmica.
A violência verbal encontra assim uma
O uso das redes sociais é cada vez mais re-
razão de existir, possibilitando aos usu-
corrente entre pessoas de todas as idades,
ários da rede gerir o desacordo na inte-
isso se deve ao avanço tecnológico e às faci- ração verbal. Desse ponto de vista, os ci-
lidades que proporcionam aos seus usuários. dadãos encontram guarida no Facebook,
Muitos são os motivos que atraem para as re- exercendo seu direito de manifestar seus
des, considerando o Facebook, por exemplo, é pontos de vista em torno das questões
possível perceber a facilidade de encontrar que mobilizam a sociedade.
informações das mais diversas, nem sempre
relacionadas ao que é verdadeiro, e destaca-se Em complemento, Amossy (2017, p. 49) traz
aqui o fenômeno das fake news. Assim, cada que “a polêmica é, portanto, um debate em tor-
um acaba sendo atraído por seus pares, que no de uma questão de atualidade, de interesse
compartilham estilos de vida. público, que comporta os anseios da sociedade
mais ou menos importantes numa dada cultu-
as pessoas que pensam de igual forma ra”. Dessa forma, além de ser contra ou a favor
se aproximam e constituem suas bolhas de algo, na polêmica, há argumentação e até
de convivência, o que se transforma num mesmo um esforço coletivo de indivíduos que
ciclo, uma vez que o próprio algoritmo compartilham das mesmas opiniões em vencer
do Facebook propicia esses encontros os debates, muitas vezes desqualificando e re-
(CABRAL; LIMA, 2018, p. 40).
baixando alguém por sua opinião, que a autora
chama de violência verbal (AMOSSY, 2017), o
Dessa forma, parafraseando Cabral e Lima que faz parte das relações humanas, sendo
(2018), este ambiente se torna propício para que “o dissenso abre caminho para a luta por
debates intensos, uma vez que, virtualmente, os mudanças” (CABRAL; LIMA, 2018, p. 56).
indivíduos tendem a manifestar-se de forma
Neste contexto, ao analisar um discurso,
mais intensa que pessoalmente, criando polê-
como um comentário em uma postagem do
micas e, muitas vezes, manifestações verbais
Facebook, partindo do que traz Maingueneau
violentas, onde as opiniões acabam superando
(2015), é preciso considerar que o discurso é
os fatos.
uma organização que vai além da frase, é uma
Ao considerar o termo “polêmica”, Amossy forma de ação sobre o outro, ocorrendo de
(2017) versa que apesar de não ser aceito soci­ maneira interativa e contextualizada. Ainda o
almente como algo a ser feito, os indivíduos discurso assumido por um sujeito “indica qual é

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Pluri Discente

a atitude que ele adota em relação ao que diz e em Santa Catarina, um município do interior
a seu destinatário” (MAINGUENEAU, 2015, p. 26). do estado, que tem pouco mais de 3 mil habi-
Assim como a polêmica, os estudos do discurso tantes. A unidade escolar abrange cerca de
também se sustentam da contradição, dividi- 160 estudantes, do 6º ano até o Ensino Médio,
dos entre a multiplicação de suas correntes e incluindo o Novo Ensino Médio, com idades que
o crescimento de correspondências entre elas. variam de 11 a 18 anos de idade.

A unidade escolar vem apresentando resul-


Mas esse campo, por mais problemática
tados significativos na qualidade da educação,
que possa ser sua identidade, constitui
conforme afirma Mota et al. (2020).
um novo posto de observação das práti-
cas de uma sociedade, um posto que mo-
difica a forma pela qual apreendemos a Ao longo dos últimos anos, tem se consoli-
linguagem, a subjetividade, a sociedade, o dado práticas dentro na unidade escolar
sentido (MAINGUENEAU, 2015, p. 181). que promovem aprendizagem significativa
com a efetiva construção do conhecimen-
to pelos estudantes, refletindo na progres-
No discurso utilizado por um indivíduo, é
são dos indicadores de qualidade de edu-
possível perceber valores históricos e ideoló-
cação, como o Sistema de Avaliação da
gicos presentes na linguagem utilizada, sendo
Educação Básica (SAEB) e o Índice de De-
esta essencialmente interativa. O sentido da senvolvimento da Educação Básica (IDEB),
palavra é determinado pelo lugar que sujeito resultando em um aumento de 63% entre
ocupa, bem como pelo sentido que é dado ao 2013 (3,4) e 2017 (5,4), neste último indi­cador.
que foi escrito/falado, sofrendo a influência do Toda a evolução da E.E.B. Manoel Vicente
momento histórico. Gomes vai além de trabalhar por proje-
tos. Esta qualidade de educação deve-se
Para Maingueneau (2000), todo enunciado à construção de um projeto de escola, evi-
produzido contém muito mais que normas gra- denciada nas relações humanas entre to-
maticais, mas representações do enunciador, dos os segmentos da comunidade escolar
intencionalidades e ideologias, portanto, para (MOTA et al., 2020, p. 94).
compreender o discurso é necessário conside-
rar todos estes fatores. Assim sendo, ao con-
Nesta mesma vertente de práticas signifi-
siderar o que é escrito em um comentário da
cativas, o Projeto Elas tem como objetivo trazer
rede social em relação ao itinerário de lutas
para a escola a discussão de práticas femi-
das mulheres pela edificação de sua cidadania,
nistas, principalmente o combate à violência
desde os embrionários movimentos feministas
contra a mulher, bem como outras temáticas,
até os enormes desafios atuais, é preciso olhar
como desigualdade e machismo, considerando
além das palavras e compreender toda a tra-
que o tema não era debatido de forma contí-
jetória deste sujeito historicamente construído
nua na escola e que o município não oferece
e marcado pelas mazelas da pesada influência
da tradição patriarcal que permeia nosso país. nenhum serviço de informação e orientação
à população.

O Projeto Elas As ações do projeto acontecem de forma


contínua ao longo do ano letivo, mensalmente,
em Sala de Aula com planejamento prévio de atividades, tendo
O Projeto Elas iniciou em março de 2020, na iniciado no ensino presencial e, devido à pande-
Escola de Educação Básica Manoel Vicente mia, passou a ser remoto, retornando ao pre-
Gomes, situada no município de Major Gercino, sencial no final do ano letivo de 2021. O Projeto

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Elas envolve toda escola: discentes, docentes e


equipe gestora, sendo que tem por orientadoras
duas professoras, as quais fundaram o projeto.

O projeto visa, além de conscientizar os estu­


dantes da importância do respeito entre os
gêneros, à formação de uma rede de ajuda,
onde os discentes possam encontrar na escola
um lugar de fala, de escuta e de apoio para
caso venham a vivenciar ou a presenciar algo
relacionado à violência contra a mulher.

Ao longo dos anos, diversas ações foram


desenvolvidas na E. E. B. Manoel Vicente Gomes
e além dos muros da escola, pois as ações do
projeto repercutem na comunidade escolar,
uma vez que chama atenção da população,
principalmente por ser algo incomum ao con-
texto. Entre as ações do projeto estão as cam-
panhas de impacto, realizadas no ambiente
escolar, que visam chamar a atenção do jovem
estudante para a realidade do ciclo da violência
e do feminicídio, conforme mostra a Figura 1,
referente à campanha de 2020 “Quebre o Ciclo”.

Os estudantes participam de atividades Figura 1 – Campanha Quebre O Ciclo


que envolvem rodas de conversa (Figura 2) Fonte: Acervo do Conteudista
­sobre temas como: os tipos de violência contra
a mulher; abuso nas questões hierárquicas; a
mulher na política; o tabu da menstruação; a
mulher na ciência; como é ser mulher e preta
na sociedade brasileira; a Lei Maria da Penha;
e como denunciar situações de violência. Cabe
destacar que a escola recebe convidadas que
possuem vivências significativas nestas temá-
ticas para participar destes momentos e que
os estudantes têm voz ativa, podendo relatar
acontecimentos, questionar e debater. Uma vez
que o projeto busca uma formação humana
integral que seja emancipatória, há lugar para
todas as vozes, pois, por meio destes diálogos,
é possível que ocorra a reflexão tão necessária
para a mudança de atitudes e a compreensão
do porquê mudar, conforme corrobora Freire
(1996, p. 60) “a dialogicidade verdadeira, em
que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem Figura 2 – Rodas de Conversa
na diferença. Fonte: Acervo do Conteudista

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Pluri Discente

Entre as ações do projeto, estão: produções


textuais sobre mulheres importantes da comu­
nidade escolar; pesquisas e produções de víde-
os sobre personalidades feministas; análise e
crítica de propagandas e músicas que utilizam
a figura feminina de forma pejorativa; deba-
te sobre frases machistas ditas no cotidiano;
criação de cartazes de incentivo à denúncia
da violência doméstica; entre outras.

Além destas atividades, os estudantes tam-


bém participam de pesquisas, de forma vo-
luntária e anônima, por meio de questionários
impressos e/ou on-line no Google Formulários,
Figura 4 – Outubro Rosa e Agosto Lilás
para levantamento de dados, que servem como
Fonte: Acervo do Conteudista
panorama geral das vivências dos discentes,
bem como para avaliar o projeto e seu impacto Assumir o papel social da escola, por meio de
na aprendizagem deles. Em pesquisa recente, projetos que abordem problemáticas polêmicas
realizada em 2021, on-line, através do G­ oogle existentes na sociedade, é umas das formas de
Formulários, o projeto foi apontado pelos estu­ engajar o jovem estudante e provocar mudan-
dantes como sendo o mais importante da escola ças, que são lentas e progressivas, dentro de
(Figura 3), o que mostra que adolescentes e uma comunidade. Também se trata de atender
jovens querem debater esta temática no am- a demandas de acordo com a necessidade local,
biente escolar. como a ação “Doação de absorventes” (Figura 5).
O Projeto Elas, ao atentar-se para a demanda
feminina por absorventes menstruais, passou
Recital de poesia a disponibilizar, no ano de 2021, gratuitamente,
10%
absorventes nos banheiros femininos de estu-
Projeto ELAS
27,5% dantes e professoras, como forma de combater
10% Festival de dança
a pobreza menstrual, uma vez que uma signifi-
Feira de matemática cativa parte das estudantes é de baixa renda,
7,5%
Projeto Voice e de poupar as jovens de constrangimentos
Feira de história por falta do absorvente na mochila, pois era
37,5% recorrente o pedido por eles. A ação é possível
e geografia
através de doações das orientadoras do projeto
e outros docentes, que, no ano de 2021, doaram
Figura 3 – Resultado da enquete com os
cerca de 192 absorventes descartáveis.
alunos sobre qual projeto da escola era
considerado o mais importante

Ainda, durante meses de campanha como


Agosto Lilás e Outubro Rosa (Figura 4), o projeto
busca chamar atenção da comunidade escolar
para estas causas, como forma de intensificar
a divulgação de temas como a violência do-
méstica e a saúde da mulher, admitindo, assim,
que a escola tem seu papel social, sendo que o
município não promove este debate à popula- Figura 5 – Combate à pobreza menstrual
ção, levando informações e sanando dúvidas. Fonte: Acervo do Conteudista

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Como forma de estabelecer um canal de necessária “intimidade” entre os saberes


auxílio para os estudantes dentro da unidade curriculares fundamentais aos alunos e
escolar, os estudantes encontram nas salas de a experiência social que eles têm como
aulas “caixas da ajuda”, onde podem depositar, indivíduos? Por que não discutir as impli-
cações políticas e ideológicas de um tal
de forma escrita, seu pedido de ajuda caso
descaso dos dominantes elas áreas po-
estejam necessitando, seja para si ou para um
bres da cidade? A ética de classe embuti-
colega de classe, uma forma de estabelecer
da neste descaso? (FREIRE, 1996, p. 17).
confiança e romper com o medo do primeiro
pedido de ajuda. Além disso, a equipe de pro-
fessores, juntamente com a equipe gestora, Como forma de alcançar esta “intimidade”
se atenta às mudanças de comportamento citada por Freire, na busca por uma aprendi-
repentinas ou aos sinais que possam indi- zagem composta por ações, o Projeto Elas criou
car violência para também auxiliarem estes uma página na rede social Facebook e um perfil
­estudantes, encaminhando para acompanha- na rede social Instagram (Figura 6).
mento psicológico, dialogando com a família
ou simplesmente ouvindo o discente. Todo este
trabalho tem criado um espaço de segurança
e pertencimento dentro da escola, onde o es-
tudante pode encontrar, além dos conteúdos
teóricos, um lugar de fala e de compreensão,
bem como de reflexão para mudança de com-
portamentos machistas e/ou violentos.

O Projeto Elas
nas Redes Sociais
Quando se fala em educação é preciso rela­
cionar o que circunda a escola com a sala de
aula, o que faz parte da vida cotidiana e que Figura 6 – Redes sociais do Projeto Elas
pode estar dentro dos lares dos estudantes.
Fonte: Reprodução
Os assuntos que não são falados nas reuniões
de família, que são ignorados e tratados como Ambas redes sociais são administradas pe-
algo proibido, esses contextos estão presentes las professoras orientadoras do Projeto Elas,
no Projeto Elas a todo momento, eles são o pro- recebendo contribuições de postagens por par-
jeto em si, todas essas mazelas sociais negadas te dos estudantes, equipe pedagógica e gestora
que precisam ser discutidas, com o intuito de da unidade escolar, bem como dos próprios
formar novos cidadãos, melhores que a geração membros que acompanham as páginas e en-
anterior. Neste sentido, os questionamentos de viam sugestões de enquetes, postagens e perfis.
Freire (1996), são pertinentes e complementam
Este meio é utilizado como uma maneira de
estas reflexões.
alcançar mais pessoas com o projeto, de for-
ma que a rede social sirva para informar com
Porque não discutir com os alunos a re- qualidade, sanar dúvidas e auxiliar alguém
alidade concreta a que se deva associar
que esteja em situação de violência. Ambas
a disciplina cujo conteúdo se ensina, a
as redes sociais possuem canais de comuni-
realidade agressiva em que a violência
é a constante e a convivência das pes- cação que direcionam o/a interessado/a para
soas é muito maior com a morte do que um atendimento, por meio de um link para o
com a vida? Porque não estabelecer uma WhatsApp, no caso do Instagram, e através

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Pluri Discente

do Messenger, na página do Facebook, onde ­ umanos, bem como usar o conhecimento para
h
será mantido sigilo e anonimato. Em caso de a construção de uma sociedade mais justa e
denúncia ou pedido de ajuda de uma vítima democrática, que inclua a todos.
de violência, o projeto aciona as autoridades
competentes. Pessoas que precisem de apoio
jurídico, psicológico, médico ou acolhimento são
encaminhadas para o projeto de nível nacional,
intitulado Justiceiras, onde a mulher recebe
todo este auxílio de forma gratuita.

Ainda cabe ressaltar que as postagens nas


redes sociais divulgam todas as ações do pro-
jeto desenvolvidas dentro da unidade escolar,
uma forma de incluir pais, professores e co-
munidade em geral nas práticas educativas,
para que venham conhecer o que acontece na
escola. Além disso, o alvo das redes sociais do
projeto é mobilizar a população para a reflexão
em relação ao que vem acontecendo em reali-
dades locais e globais com a mulher, sendo um
meio de romper o silêncio do que incomoda e,
por isso, não é mencionado.

Uma das campanhas de maior repercus-


são, sobretudo no Facebook, a qual será alvo de
análise neste artigo, foi a campanha pelo fim da
violência contra a mulher, intitulada “Poderia
ser eu” (Figura 7). O projeto recebeu mulheres
da comunidade escolar, entre elas professoras,
mães de estudantes, funcionárias públicas, entre
outras, todas maquiadas de forma a representar
que foram agredidas fisicamente.

As convidadas aceitaram, de forma voluntá-


ria, participar da inciativa, bem como cederam Figura 7 – Campanha “Poderia Ser Eu”
o direito de uso de imagem para o projeto e a Fonte: Acervo do Conteudista
escola. A campanha teve como objetivo mostrar
que qualquer mulher pode estar em situação de
Análises e Resultados
violência e chamar a atenção das pessoas da
comunidade para esta questão, uma vez que A página mantida pelo Projeto Elas no
rostos conhecidos circularam pelas redes ao Facebook oportuniza um espaço de visibilidade
invés de figuras estranhas ao convívio da popu- a um tema de grande magnitude, que contribui
lação, isso tornou a iniciativa mais impactante. com o processo de sensibilização das mulheres
e dos homens para o seu envolvimento, direto e
Campanhas como esta ainda são neces-
efetivo, nos interesses coletivos da sociedade,
sárias, principalmente no ambiente escolar
sendo o combate à violência contra a mulher
que, conforme versa a Base Nacional Comum
e a luta por igualdade de gênero alguns deles.
Curricular – BNCC (2017), em suas compe-
tências gerais, deve priorizar uma educação O projeto realizou uma de suas postagens re-
que promova o respeito ao outro e aos direitos ferentes à campanha “Poderia ser eu” (Figura 8).

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O objetivo era mostrar para a comunidade diz que “acho eu que gostam de ganhar porrada
escolar e para os demais usuários da rede so- do marido”, além disso, o usuário minimiza a
cial que qualquer mulher pode sofrer violência, causa exposta quando traz outras violências
independentemente de seu status social. Dessa como uma forma de tornar a violência sofrida
forma, a voluntária foi maquiada, de forma a pelas mulheres como apenas mais uma, sendo
simular uma agressão física em seu rosto, e a que não só a postagem, mas a página em si
foto foi publicada com uma legenda que busca trata exclusivamente deste tema.
fazer refletir e desmistificar a permanência da
O usuário afirma que no município de Major
mulher em uma situação de violência.
Gercino há muitas mulheres submissas aos
maridos, como uma forma de criticar a mulher
por isso, sendo que a luta pelos direitos da mu-
lher, incluindo aqui a liberdade e independência
financeira, não é algo que diz respeito somente
às mulheres, sendo um problema social e deve
ser tratado como tal.

Para complementar, o comentário 2 con-


corda e levanta outra questão para justificar
a violência contra a mulher: no caso, o homem
bateria por apanhar da mulher. Ao mesmo
tempo o usuário tenta justificar sua opinião,
dizendo que isso não justifica a violência, uma
forma de não se comprometer totalmente com
o primeiro dizer, é possível observar que ambos
os comentários possuem uma curtida – intera-
ção que faz parte do processo de apoio mútuo
entre pessoas que compartilham ideologias.

Figura 8 – Postagem da
campanha “Poderia ser eu”
Fonte: Reprodução

Com base na observação do corpus levan-


tado, foram selecionados alguns comentários
para análise, sendo que os nomes e fotos dos
perfis foram ocultados por uma questão ética.
O comentário que iniciou a polêmica, chama-
do aqui de comentário 1, traz uma opinião em
relação à postagem, que, logo em seguida, é
reforçado por outro usuário que compartilha
da mesma ideia, designado comentário 2. Estes
comentários estão representados na Figura 9
e demonstram a interação entre usuários que
se identificam através da relação que esta-
beleceram nas redes. Apesar da legenda, o
comentário 1 sugere que a mulher gosta de Figura 9 – Comentários 1 e 2
apanhar por não denunciar a violência quando Fonte: Reprodução

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Pluri Discente

No contexto da internet, é possível encontrar e citando exemplos de sua própria vida, com o
em representantes da posição antagônica que intuito de sensibilizar e promover uma mudança
eles não teriam tido, talvez, a oportunidade de de conceitos.
enfrentar em outras situações da vida cotidiana
(AMOSSY, 2017), dessa forma surgiram comen-
tários rebatendo os comentários citados, con-
forme a Figura 10. Estes demonstram também
os posicionamentos ideológicos e a identificação
entre os usuários que compartilham da mesma
opinião, o que é perceptível nas interações por
curtidas e reações aos comentários.

Nesta sequência de comentários, outros usu-


ários se manifestam, consolidando uma comu-
nidade virtual que une os internautas contra
um inimigo comum (AMOSSY, 2017), e retomam
o objetivo da postagem, argumentando de for-
ma a convencer de que denunciar a violência
é um processo lento e são citados exemplos
para elucidar isto, a quantidade de caracteres
aumenta à medida que se tem mais o que falar
sobre o assunto. Ainda um dos comentários
faz uma colocação de cunho pessoal citando,
inclusive, a sexualidade de um dos usuários.

Conforme corrobora Amossy (2017), quando se


está em desacordo com uma questão, se argu-
menta, obrigando uma das partes envolvidas a
justificar seu posicionamento, e os comentários
da Figura 10 fazem isto. Como resposta, o usuá-
rio que levantou a polêmica utiliza as seguintes
colocações expostas na Figura 11.

Nos comentários, é perceptível que o usuário


tenta distorcer suas palavras iniciais, sempre
frisando que não afirmou, apenas supôs algo,
bem como é notável a falta de apoio de outros
usuários. Há falta de argumentos para refutar
os demais usuários, o que faz com que fique
inviável defender seu ponto de vista, pois “o
descrédito lançado sobre as pessoas anula a
força de seus argumentos” (AMOSSY, 2017, p. 59).

Entre outros comentários em que a posta-


gem obteve de apoio e incentivo, um último co-
mentário referente à discussão tenta fazer o
usuário, que sugere que “mulheres gostam de Figura 10 – Comentários em
apanhar”, visualizar todo o processo de violência postagem do Projeto Elas
por uma ótica intimista, inclusive q
­ uestionando Fonte: Reprodução

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No contexto apresentado, através das redes


sociais é possível que ocorra várias dinâmicas
de interação que podem incluir polêmicas. Con-
siderando que um dos objetivos do Projeto Elas
é suscitar mudanças na comunidade escolar
e além dela, estas dissenções são bem-vindas,
pois mostram que, embora não devesse ser des-
sa maneira, tratar do tema violência contra a
mulher ainda incomoda muitas pessoas. Isso
confirma a importância de movimentos de resis-
tência que se manifestem contra quem se opõe
ao empoderamento feminino e evidencia-se a
relevância da continuidade desses esforços pela
conquista e manutenção dos direitos adquiridos,
seja na rede social ou na escola.

Figura 12 – Comentário em
postagem do Projeto Elas
Fonte: Reprodução

A dimensão e o significado do avanço que o


Projeto Elas ocasionou na vida dos estudantes
e em suas novas concepções de ser e estar no
mundo podem verificadas através dos resulta-
dos obtidos na pesquisa a seguir, que demons-
tra, em gráficos, como os estudantes viam a
violência contra a mulher, antes do tema ser
abordado na escola, e a nova percepção após
a sensibilização realizada através das ações
do projeto (Figura 13).

• Sim • Não • Sim • Não

31,8% 22,5%

68,2% 77,5%

Antes Agora

Figura 13 – Resultado da enquete com


Figura 11 – Comentários em os alunos sobre terem presenciado ou
postagem do Projeto Elas não violência contra a mulher
Fonte: Reprodução Fonte: Acervo do Conteudista

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Pluri Discente

Neste resultado, 31,8% dos estudantes de- • Sim • Não • Sim • Não
clararam não ter presenciado nenhum tipo de
violência contra a mulher, isto antes do pro- 13,1%
26,7%
jeto iniciar na unidade escolar. Após o início
do Projeto Elas e de ações que envolveram as
diversas formas de violências existentes, as re-
postas mudaram, diminuindo para 22,5%. Neste
86,9% 73,3%
sentido, pode-se deduzir que muitos discentes
não conheciam alguns tipos de violência, como Antes Agora
a violência moral, psicológica e patrimonial,
Figura 15 – Resultado da enquete
isso se deve ao passo que normalmente o que
para a pergunta “Caso seja homem,
é divulgado na mídia são os casos de violência
responda: você já assediou ou violentou,
física e sexual.
de alguma maneira, alguma mulher?
Nesta mesma vertente, outro resultado Fonte: Acervo do Conteudista
apresenta maior diferença no antes e depois
No contexto dos dados apresentados, a
do projeto, de acordo com os dados da Figura 14.
postura de rever seu papel dentro do ciclo da
• Sim • Não • Sim • Não violência, por parte dos estudantes do sexo
masculino, resultou em um aumento de 13,6%
6,3% de declarações afirmativas de assédio e/ou
28,2%
violência contra a mulher. Isso implica em ad-
mitir os erros e até mesmo conhecê-los, já que
os dados, no geral, demonstraram que antes
do projeto os estudantes não conheciam todos
71,8% 93,8%
os tipos de violência contra a mulher; uma vez
Agora que não conhece, pode apenas repetir práticas
Antes
que aprendeu dentro da cultura que impõe
Figura 14 – Resultado da enquete com barreiras à liberdade feminina.
os alunos sobre conhecerem alguma mulher
que já sofreu algum tipo de violência É necessário que se alce a voz em favor dos
interesses femininos, nas escolas, nas redes
Fonte: Acervo do Conteudista
sociais, nas ruas e em todo lugar possível, por
Ao compreender o que realmente faz par- isso, este projeto tem feito a diferença na co-
te do processo de violência contra a mulher, munidade escolar e despertado mudanças de
que é presente no cotidiano feminino, 93,8% comportamento. É preciso ocupar este lugar,
dos estudantes declararam conhecer alguma ainda que ocorram injustiças e violências ina-
mulher que já sofreu algum tipo de violência, ceitáveis em todas as partes do mundo, todos
anteriormente ao projeto. Quando o assunto os dias. São pequenas ações como o Projeto
não era abordado na escola esse índice era de Elas que promovem conquistas e avanços, que
71,8%. Dessa forma, o índice chama atenção estimulam a ascensão feminina e o enfrenta-
para a importância da informação, como uma mento dos problemas.
forma de não se submeter a situações que de-
gradem a mulher e ainda serve para refletir o
quão violenta a sociedade é para as mulheres. Considerações Finais
Abordando a mudança de conceitos, como O Projeto Elas apresenta resultados signi-
resultado do Projeto Elas, a Figura 15 apresenta ficativos no ambiente escolar, influenciando a
o reconhecimento, por parte dos estudantes do mudança de conceitos por parte dos estudantes.
sexo masculino, na sua responsabilidade pelos Este movimento faz parte da construção de uma
altos índices de violência contra a mulher. sociedade mais justa e igualitária, que respeita

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Edição Especial | Outubro de 2022

os direitos das mulheres e vai além dos muros BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
da escola, chegando à comunidade escolar por de Educação Básica. Base Nacional Comum
meio das redes sociais do projeto. Este, por sua Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível
vez, tem o compromisso com a formação inte- em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
gral dos estudantes, bem como o acolhimento images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
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por meio da construção de conhecimentos e gada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
valores que podem interferir nos processos de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui-
tomada de decisão durante a vida. cao/constituicao.htm>. Acesso em: 07/07/2022.
Ao analisar os discursos realizados por sujei- CABRAL, A. L. T.; LIMA, N. V. Interações conflituo-
tos diversos nos comentários em uma postagem sas e violência verbal nas redes sociais: polêmi-
do Facebook, é possível perceber que o tema ca em comentários no Facebook. Revista (Con)
abordado no post, o combate a violência contra Textos Linguísticos (Edição Especial Violência
a mulher, causa polêmica entre pontos de vistas Verbal) v. 12 n. 22, 18 set. 2018. Disponível em:
que se contrapõem. A linguagem marcada por <https://periodicos.ufes.br/contextoslinguisti-
elementos machistas e patriarcais refletem a cos/article/view/20626>. Acesso em: 23/01/2022.
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tamente por isso, o papel social da escola é necessários à prática educativa. São Paulo:
fundamental para a construção de um espaço Paz e Terra, 1996. 144p.
de debate, onde os estudantes possam conhecer
MAINGUENEAU, D. Discurso e análise do discur-
a dimensão histórica da escalada ­feminina, de
so. Trad. Sírio Possenti. 1. ed. São Paulo: Parábola
forma a não cometer equívocos, mas contribuir
Editora, 2015. 192p.
com a evolução e o fortalecimento da igualdade
de gênero. MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comu-
nicação. Trad. Cecília de Souza-e-Silva; Décio
A polêmica que cerca demandas sociais Rocha. São Paulo: Cortez, 2000. 238p.
de interesse público são necessárias dentro e
MANGUINHO, J. V. F. Práticas feministas em
fora do ambiente escolar. Nas dissensões, as
contextos educacionais. 2018. Tese (Douto­rado
práticas podem ser continuamente questiona-
em Antropologia Social) – Centro de Ciências
das, discutidas, aperfeiçoadas e reinventadas,
Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal
através do tempo. Inclusive, um passo decisivo
do Rio Grande do Norte, Natal, 2018. Dispo-
para o rompimento das barreiras que limitam
nível em: <https://repositorio.ufrn.br/bitstre-
e excluem, como no caso de as mulheres serem
am/123456789/25751/1/Pr%c3%a1ticasFemi-
consideradas partícipes ativas da sociedade,
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na condição de cidadãs plenas, é formar os
em: 07/07/2022.
jovens estudantes em uma perspectiva femi-
nista, pois, sendo a geração futura, é tangível MOTA, J. C.; GRIMES, C.; PIAZZA, A. S.; SILVA, R.
formar mulheres que conheçam seus direitos F. DA; BOOZ, F. A integração da Educação Am-
e não se sujeitem à violência, e homens que biental no processo de construção de si: expe-
reconheçam que mulheres não são proprie- riências na Escola de Educação Básica Manoel
dades e sim merecedoras dos mesmos direitos Vicente Gomes. Revista Brasileira do Ensino
fundamentais garantidos a eles. Médio, v. 3, p. 91-106, 2020. Disponível em: <http://
www.phprbraem.com.br/ojs/index.php/RBRAEM/
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