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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CABINDA

ISPCAB

TEMA

EXTERNALIDADE

Ano Académico: 4º
Sala nº: 2
Curso: Relações Internacionais
Período: Pós-Laboral

CABINDA, ABRIL DE 2023

I
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CABINDA

ISPCAB

TEMA

EXTERNALIDADE

Nome: António Bete Liba Barros

Docente: Alberto Lelo

CABINDA, ABRIL DE 2023

I
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos pela dedicação, força, coragem e apoio que
nos têm dado. Por estarem presentes em todos os momentos.

I
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, soberano e poderoso, pela vida, saúde e força.

Aos meus pais que desde a tenra idade apostaram na minha formação, ao Docente, aos
colegas e a todos que de forma directa ou indirecta têm dado os seus contributos.

II
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ..................................................................................................................... I
AGRADECIMENTO ........................................................................................................... II
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 2
1.1. CONCEITO ................................................................................................................ 2

1.2. HISTÓRIA ................................................................................................................. 2

1.3. AS EXTERNALIDADES NUMA ÓPTICA DE MERCADO .................................. 2

1.4. PAPEL DO ESTADO ................................................................................................ 3

1.5. CLASSIFICAÇÃO ..................................................................................................... 3

1.5.1. Externalidades negativas ..................................................................................... 4

1.5.2. Externalidades positivas ...................................................................................... 8

1.5.3. Externalidades posicionais ................................................................................ 12

1.5.4. Externalidades inframarginais ........................................................................... 12

1.6. PRINCIPAIS IMPACTOS DAS EXTERNALIDADES ......................................... 12

1.6.1. Como reduzir os efeitos negativos das externalidades ...................................... 13

1.7. EXTERNALIDADES AMBIENTAIS ..................................................................... 13

1.8. CUSTOS AMBIENTAIS ......................................................................................... 14

1.8.1. Custos Ambientais de controle. ......................................................................... 14

1.8.2. Custos ambientais da falta de controle. ............................................................. 15

1.9. IMPOSTOS CORRECTIVOS E SUBSÍDIOS X REGULAMENTAÇÃO ............. 16

1.10. LICENÇAS DE POLUIÇÃO NEGOCIÁVEIS. .................................................... 16

1.11. SOLUÇÕES PRIVADAS PARA AS EXTERNALIDADES ................................ 16

1.11.1. Teorema de Coase ........................................................................................... 17

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 18
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 19

III
INTRODUÇÃO

Vimos que em economia, as externalidades são os efeitos colaterais de uma decisão sobre
aqueles que não participaram dela. Existe uma externalidade quando há consequências para
terceiros que não são levadas em conta por quem toma a decisão.

Geralmente, refere-se à produção ou consumo de bens ou serviços sobre terceiros, que não
estão directamente envolvidos com a actividade. Tendo ela natureza negativa, quando gera
custos para os demais agentes (poluição atmosférica, de recursos hídricos, poluição
sonora, sinistralidade rodoviária, congestionamento, etc.), ou natureza positiva, quando os
demais agentes, involuntariamente, se beneficiam, (por exemplo, investimentos privados em
infra-estrutura e tecnologia, ou investigação).

Por isso, prosseguiremos com o tema com objectivo de ilustrar profundamente sobre seus
aspectos no dia-a-dia.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. CONCEITO

O conceito de externalidade foi desenvolvido pela primeira vez pelo economista Arthur
Pigou na década de 1920. O exemplo prototípico de uma externalidade negativa é a poluição
ambiental. Pigou argumentou que um imposto (mais tarde denominado "imposto
pigouviano") sobre as externalidades negativas poderia ser usado para reduzir sua incidência
a um nível eficiente. Pensadores subsequentes debateram sobre se é preferível tributar ou
regular as externalidades negativas, qual o nível optimamente eficiente da tributação
pigouviana e quais factores causam ou exacerbam as externalidades negativas, e como
fornecer aos investidores em corporações responsabilidade limitada para danos cometidos
pela corporação.

Externalidade: é a consequência indirecta que uma actividade pode produzir sobre terceiros.
Ela ocorre quando um efeito externo é causado sobre quem não possui relação directa com
a acção.

1.2. HISTÓRIA

Dois economistas britânicos são creditados por terem iniciado o estudo formal das
externalidades, ou "efeitos colaterais": Henry Sidgwick (1838-1900) é creditado com a
primeira articulação, e Arthur C. Pigou (1877-1959) é creditado com a formalização do
conceito de externalidades.

1.3. AS EXTERNALIDADES NUMA ÓPTICA DE MERCADO

Ronald Coase argumentou que as externalidades existem devido a ausência de um mercado


e de direitos de propriedade bem definidos. Por exemplo, no caso de poluição de água, dado
que nem a indústria nem a comunidade detêm a água que está sendo poluída, não há um
mercado no qual negociar-se a água disputada. Caso houvesse, os agentes envolvidos
estariam dispostos a negociar um acordo eficiente, quer dizer, a poluição teria um preço.
Internalizar essa externalidade significa incluir os custos causados pela poluição ao calcular-
se o total resultante de sua produção. Caso a indústria possuísse parte do rio e por
consequência pudesse poluí-la, afectando a parte do rio pertencente à comunidade, ambos
poderiam acordar a instalação de um filtro, ou senão processar a outra parte por danos a sua
propriedade. O princípio usualmente adoptado é o "utilizador pagador", ou seja, quem polui,

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ou faz uso indirecto da poluição, paga pelos custos externos causados a terceiros. Por tal
trabalho, Coase recebeu o prémio Nobel em economia em 1991.

Sendo assim, é possível que externalidades sejam superadas e eliminadas sem a presença do
Estado, desde que os custos de transacção sejam baixos. Entretanto, nem sempre isso ocorre.
Por exemplo, um julgamento no caso de um processo pode ser longo e caro, e a instalação
de um filtro pode afectar a produção da indústria de alguma outra forma. Sendo assim, há
margem para o estado intervir em casos de externalidade, segundo Coase.

1.4. PAPEL DO ESTADO

Normalmente, autores defendem que cabe ao Estado criar ou estimular a instalação de


actividades que constituam externalidades positivas (como a educação ou investigação), e
impedir ou inibir a geração de externalidades negativas. Isto pode ser feito através de
instrumentos tais como taxação e sanções legais ou, inversamente, renúncia fiscal e
concessão de subsídios conforme o caso.

Alguns autores defendem que a informação assimétrica pode fazer com que uma
externalidade não seja percebida, como seria o caso de produtos que produzem
externalidades negativas em seus processos produtivos enquanto seus consumidores não o
sabem, fazendo com que tomem decisões de compra que não seriam tomadas caso houvesse
informação completa. Para superar esses problemas, esquemas de certificação ambiental são
opções eficientes para que consumidores possam internalizar externalidades produzidas pelo
seu consumo.

Outro problema ocorre no caso em que os consumidores possuem consciência das


externalidades causadas à sociedade mas não se importam com estas, caso em que decidem
manter o mesmo nível de consumo, não afectando o mercado daquele produto gerador de
externalidades; um exemplo seria o consumo de um produto cuja produção afecta
severamente a qualidade de vida em uma localidade distante da qual o produto é consumido,
mesmo tendo total consciência das externalidades causadas os consumidores do produto não
são directamente afectados por estas e não alteram seu padrão de consumo.

1.5. CLASSIFICAÇÃO

As externalidades podem surgir entre produtores, entre consumidores ou entre consumidores


e produtores. As externalidades podem ser negativas quando a acção de uma parte impõe
custos a outra, ou positivas quando a acção de uma parte beneficia outra.

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Classificação de externalidades

CONSUMO PRODUÇÃO

Negativo Externalidades negativas no consumo Externalidades negativas na produção

Positivo Externalidades positivas no consumo Externalidades positivas na produção

Figura 1: Poluição luminosa

A poluição luminosa é um exemplo de externalidade porque o consumo da iluminação


pública tem um efeito sobre os transeuntes que não é compensado pelos consumidores da
iluminação.

1.5.1. Externalidades negativas

Uma externalidade negativa (também chamada de "custo externo" ou "deseconomia


externa") é uma actividade económica que impõe um efeito negativo a um terceiro não
relacionado. Pode surgir tanto durante a produção quanto no consumo de um bem ou

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serviço. A poluição é denominada externalidade porque impõe custos às pessoas que são
"externas" ao produtor e consumidor do produto poluente. Barry Commoner comentou sobre
os custos das externalidades:

Claramente, compilamos um registro de falhas graves em recentes encontros tecnológicos


com o meio ambiente. Em cada caso, a nova tecnologia foi colocada em uso antes que os
perigos finais fossem conhecidos. Temos sido rápidos em colher os benefícios e lentos em
compreender os custos.

Muitas externalidades negativas estão relacionadas às consequências ambientais da


produção e do uso. O artigo sobre economia ambiental também aborda as externalidades e
como elas podem ser tratadas no contexto das questões ambientais.

Exemplos de externalidades negativas de produção incluem:

Figura 2: Demostração de externalidades negativas de produção

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Externalidade negativa de produção:

➢ Poluição do ar pela queima de combustíveis fósseis. Esta actividade causa prejuízos


às culturas agrícolas, materiais e edifícios (históricos) e à saúde pública.

➢ Mudança climática antropogénica como consequência das emissões de gases do


efeito estufa da queima de combustíveis fósseis e da criação de gado. O Relatório
Stern sobre a Economia da Mudança Climática afirma que "A mudança climática
apresenta um desafio único para a economia: é o maior exemplo de falha de
mercado que já vimos.

➢ Poluição da água por indústrias que adicionam efluentes, o que prejudica plantas,
animais e humanos. O uso de água do cultivo agrícola pode impor uma
externalidade negativa aos cidadãos de municipalidades ou estados que são
prejudicados pela diminuição da água.

➢ spam durante o envio de mensagens não solicitadas por e-mail.

➢ Poluição sonora durante o processo de produção, que pode ser mental e


psicologicamente perturbadora.

➢ Risco sistémico: os riscos para a economia em geral decorrentes dos riscos que o
sistema bancário assume. Uma condição de risco moral pode ocorrer na ausência
de uma regulamentação bancária bem projectada, ou na presença de uma
regulamentação mal projectada.

➢ Efeitos negativos da produção animal intensiva, incluindo "o aumento do pool de


bactérias resistentes a antibióticos devido ao uso excessivo de antibióticos;
problemas de qualidade do ar; a contaminação de rios, córregos e águas costeiras
com resíduos animais concentrados; problemas de bem-estar animal,
principalmente como resultado das baias extremamente próximas em que os
animais estão alojados."

➢ O esgotamento do estoque de peixes no oceano devido à sobrepesca. Este é um


exemplo de recurso de propriedade comum, que é vulnerável à Tragédia dos
comuns na ausência de governança ambiental adequada.

➢ Nos Estados Unidos, o custo de armazenamento de resíduos radioactivos de usinas


nucleares por mais de 1.000 anos (mais de 100.000 para alguns tipos de resíduos
nucleares) está, em princípio, incluído no custo da electricidade que a usina produz

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na forma de uma taxa pagos ao governo e mantidos em um super fundo de resíduos
nucleares, embora grande parte desse fundo tenha sido gasto na montanha
Yucca sem produzir uma solução. Por outro lado, os custos de gerenciamento dos
riscos de descarte de produtos químicos a longo prazo, que podem permanecer
perigosos em escalas de tempo semelhantes, não são comumente internalizados nos
preços. A USEPA regula produtos químicos por períodos que variam de 100 anos
a um máximo de 10.000 anos.

➢ O aumento do uso de antibióticos propaga o aumento de infecções resistentes aos


antibióticos.

➢ O desenvolvimento de problemas de saúde, notadamente diabetes tipo II de início


precoce e síndrome metabólica, como resultado do excesso de processamento de
alimentos pelas empresas - principalmente a remoção de fibras e adição de açúcares.

Exemplos de externalidades negativas de consumo incluem:

Figura 3: Demostração de externalidades negativas de consumo

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Externalidade negativa de consumo

➢ Poluição sonora: privação de sono devido a um vizinho ouvir música alta tarde da
noite.

➢ Resistência aos antibióticos, causada pelo aumento do uso de antibióticos: os


indivíduos não consideram esse custo de eficácia ao tomar decisões de uso. As
políticas governamentais propostas para preservar a eficácia futura dos antibióticos
incluem campanhas educacionais, regulamentação, impostos pigouvianos e patentes.

➢ Tabagismo passivo: custos compartilhados do declínio da saúde e vitalidade


causados pelo fumo ou abuso de álcool. Aqui, o "custo" é o de prover um bem-estar
social mínimo. Os economistas atribuem com mais frequência esse problema à
categoria de riscos morais, a perspectiva de que as partes isoladas do risco possam
se comportar de maneira diferente do que fariam se estivessem totalmente expostas
ao risco. Por exemplo, indivíduos com seguro contra roubo de automóveis podem ser
menos vigilantes quanto ao bloqueio de seus carros, porque as consequências
negativas do roubo de automóveis são (parcialmente) arcadas pela seguradora.

➢ Congestionamento de tráfego: quando mais pessoas usam as vias públicas, os


usuários da estrada experimentam custos de congestionamento, como mais espera no
trânsito e tempos de viagem mais longos. O aumento dos usuários das estradas
também aumenta a probabilidade de acidentes nas estradas.

➢ Aumentos de preços: o consumo de bens por um consumidor além do fornecimento


existente faz com que os preços subam e, portanto, piorem a situação de outros
consumidores, talvez por prevenir, reduzir ou atrasar seu consumo. Esses efeitos são
algumas vezes chamados de "externalidades pecuniárias" e se distinguem de
"externalidades reais" ou "externalidades tecnológicas". As externalidades
pecuniárias parecem ser externalidades, mas ocorrem dentro do mecanismo de
mercado e não são consideradas uma fonte de falha ou ineficiência do mercado,
embora ainda possam resultar em danos substanciais a terceiros.

➢ Fumo passivo de cigarros ou maconha

1.5.2. Externalidades positivas

Uma externalidade positiva (também chamada de “benefício externo” ou “economia


externa” ou “externalidade benéfica”) é o efeito positivo que uma actividade impõe a um

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terceiro não relacionado. Semelhante a uma externalidade negativa, ela pode surgir tanto do
lado da produção quanto do lado do consumo.

Figura 4: Demostração da externalidade positiva de produção

Externalidade positiva de produção

Uma externalidade de produção positiva ocorre quando a produção de uma empresa aumenta
o bem-estar de outros, mas a empresa não é compensada por esses outros, enquanto uma
externalidade de consumo positiva ocorre quando o consumo de um indivíduo beneficia
outros, mas o indivíduo não é compensado por esses outros.

Exemplos de externalidades de produção positivas:

➢ Um apicultor que cultiva abelhas para o mel. Um efeito colateral ou externalidade


associada a tal actividade é a polinização das plantações vizinhas pelas abelhas. O
valor gerado pela polinização pode ser mais importante do que o valor do mel
colhido.

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➢ O desenvolvimento corporativo de algum software livre (estudado principalmente
por Jean Tirole e Steven Weber)

➢ Empresa industrial que oferece cursos de primeiros socorros aos funcionários para
aumentar a segurança no trabalho. Isso também pode salvar vidas fora da fábrica.

➢ Edifícios históricos restaurados. Os visitantes gostam de visitar edifícios históricos.


Preservar edifícios históricos fornece uma âncora para o passado, bem como um
incentivo para o futuro.

➢ Uma empresa estrangeira que demonstra tecnologias actualizadas para empresas


locais e melhora sua produtividade.

Figura 5: Demostração de externalidade positiva de consumo

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Externalidade positiva de consumo

Exemplos de externalidades positivas de consumo incluem:

➢ Um indivíduo que mantém uma casa atraente pode conferir benefícios aos vizinhos
na forma de aumento do valor de mercado de suas propriedades. Este é um exemplo
de externalidade pecuniária, porque o transbordamento positivo é contabilizado nos
preços de mercado. Nesse caso, os preços das casas na vizinhança aumentarão para
corresponder ao aumento do valor do imóvel devido à manutenção de sua estética
(por exemplo, cortando a grama, mantendo o lixo em ordem e pintando a casa).

➢ Um indivíduo que recebe uma vacina para uma doença transmissível não apenas
diminui a probabilidade de infecção do próprio indivíduo, mas também diminui a
probabilidade de outras pessoas serem infectadas por meio do contacto com o
indivíduo.

➢ O aumento da educação dos indivíduos, pois pode levar a benefícios mais amplos
para a sociedade, na forma de maior produtividade económica, menor taxa de
desemprego, maior mobilidade familiar e maiores taxas de participação política.

➢ Um indivíduo que compra um produto que está interconectado em uma rede (por
exemplo, um smartphone). Isso aumentará a utilidade de tais telefones para outras
pessoas que possuem um celular com vídeo. Quando cada novo usuário de um
produto aumenta o valor do mesmo produto pertencente a outros, o fenómeno é
denominado externalidade de rede ou efeito de rede. As externalidades de rede
costumam ter “pontos de inflexão” em que, de repente, o produto atinge aceitação
geral e uso quase universal.

➢ Em uma área que não possui corpo de bombeiros público, os proprietários que
adquirem serviços privados protecção contra incêndio fornecem uma externalidade
positiva às propriedades vizinhas, que correm menos risco de o incêndio do vizinho
protegido se espalhar para sua casa (desprotegida).

A existência ou gestão de externalidades pode dar origem a conflitos políticos ou jurídicos.

Soluções colectivas ou políticas públicas são implementadas para regular as actividades


com externalidades positivas ou negativas.

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1.5.3. Externalidades posicionais

Externalidades posicionais também são chamadas de externalidades pecuniárias. Essas


externalidades “ocorrem quando novas compras alteram o contexto relevante dentro do qual
um bem posicional existente é avaliado”. Robert H. Frank dá o seguinte exemplo:

Se alguns candidatos a emprego começarem a usar ternos personalizados e


caros, um efeito colateral de sua acção é que os outros candidatos ficam menos
propensos a causar impressões favoráveis nos entrevistadores. Do ponto de
vista de qualquer candidato a emprego, a melhor resposta pode ser igualar os
gastos mais elevados dos outros, para que suas chances de conseguir o emprego
não diminuam. Mas esse resultado pode ser ineficiente, pois quando todos
gastam mais, a probabilidade de sucesso de cada candidato permanece
inalterada. Todos podem concordar que alguma forma de restrição colectiva
sobre os gastos seria útil."

Frank observa que tratar as externalidades posicionais como outras externalidades pode levar
a uma "regulamentação económica e social intrusiva". Ele argumenta, no entanto, que meios
menos intrusivos e mais eficientes de "limitar os custos das cascatas de despesas" —isto é,
o aumento hipotético dos gastos das famílias de renda média além de suas possibilidades
“por causa de efeitos indirectos associados ao aumento de gastos dos melhores salários” -
existem; um desses métodos é o imposto de renda pessoal.

1.5.4. Externalidades inframarginais

O conceito de externalidades inframarginais foi introduzido por James Buchanan e Craig


Stubblebine em 1962. As externalidades inframarginais diferem de outras externalidades
porque não há benefício ou prejuízo para o consumidor marginal. Na margem relevante para
o mercado, a externalidade não afecta o consumidor e não causa uma ineficiência de
mercado. A externalidade afecta apenas na faixa inframarginal fora de onde o mercado está
equilibrado. Esses tipos de externalidades não causam alocação ineficiente de recursos e não
requerem acção política.

1.6. PRINCIPAIS IMPACTOS DAS EXTERNALIDADES

A ocorrência de externalidades invariavelmente traz impactos para a sociedade envolvida e


para a própria empresa. Nesse sentido, podem ser considerados exemplos de impactos
negativos:

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impactos ambientais: contaminação de corpos d’água e do lençol freático, poluição do ar,
poluição sonora, supressão de vegetação local;

impactos económicos: perda de recursos extractivistas (colecta, pesca) por intervenção


ambiental;

impactos sociais: dispensa de mão-de-obra pela automatização de processos produtivos;


complicações pelo volume de trânsito com o incremento nas vendas de automóveis.

1.6.1. Como reduzir os efeitos negativos das externalidades

A necessária e urgente redução de muitos impactos negativos provocados por externalidades


sinalizam a demanda por controle próprio das empresas e por mecanismos de regulação de
impostos. Ao mesmo tempo, é preciso considerar a importância do estímulo às
externalidades positivas.

Assim, o desenvolvimento de políticas públicas de viés socioambiental voltadas para a


diminuição dos custos impostos à sociedade precisa ser discutido e implantado. As
organizações produtivas devem participar de movimentos nesse sentido tomando iniciativas
especialmente junto ao segmento onde actuam.

Da mesma forma, é preciso um esforço dedicado das empresas para inicialmente fazer
um diagnóstico das principais externalidades que provocam. Em seguida, uma análise das
possíveis medidas de redução que poderiam ser implementadas internamente deve subsidiar
um adequado planejamento para esse fim.

1.7. EXTERNALIDADES AMBIENTAIS

Externalidades ambientais são os efeitos transversais de bens ou serviços sobre outras


pessoas que não estão directamente evolvidas com a actividade. Referem-se ao impacto de
uma decisão sobre aqueles que não participam dessa decisão (MANKIW, 2007), podendo
gerar efeitos positivos ou negativos para a sociedade (MOURA, 2003).

Na categoria externalidades negativas estão incluídos os danos causados aos rios em


decorrência de descargas de águas residuais contaminadas, aos ecossistemas devido à
eliminação de resíduos sólidos, à poluição do ar por causa das actividades produtivas. Essas
são chamadas de custos de externos porque na maioria das vezes não são compensados pelas
empresas e recaem sobre a sociedade na forma de aumento no custo da água, problemas de
saúde em decorrência da poluição e perda de serviços ambientais gerados pela degradação
(EPA, 1995).

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Ely (1990) relata que, quando uma indústria emite fumaça na atmosfera ou joga resíduos
directamente no solo e nos rios, essa indústria prejudica outras empresas ou pessoas que
dependem desses recursos, que, por sua vez, não são ressarcidas pelo agente poluidor. Outro
exemplo de externalidade é quando uma empresa de fundição de cobre, ao provocar chuvas
ácidas, prejudica a colheita dos agricultores da vizinhança. Esse tipo de poluição representa
um custo para a agricultura, que sofre os danos causados pelas chuvas ácidas, e não para a
indústria poluidora, por isso os custos de produção dessa indústria, nesse caso, são inferiores
aos custos impostos à colectividade e, por consequência, o nível de produção dessa indústria
é maior do que aquele que seria socialmente desejável.

Sousa (2008) reporta que as externalidades levam os agentes não directamente envolvidos
na actividade geradora a usarem recursos para corrigir os efeitos por elas gerados. O modo
mais comum de uso desses recursos são as internações hospitalares, decorrentes de doenças
relacionadas à poluição. Embora representem, efectivamente, gastos (recursos públicos) para
os doentes, esses não são contabilizados nos custos da empresa. Desse modo, o custo da
poluição ou degradação não incide sobre os que geram esses custos, mas recai sobre a
sociedade e sobre as gerações futuras.

1.8. CUSTOS AMBIENTAIS

Custos ambientais compreendem todos os gastos relacionados directa ou indirectamente com


a protecção do meio ambiente e que são activados em função de sua vida útil (RIBEIRO,
2006). Ribeiro (2006) classifica como custos ambientais todas as formas de amortização dos
valores relativos aos activos de natureza ambiental que pertencem a companhia; aquisição
de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes, tratamento de resíduos de
produtos, disposição dos resíduos poluentes, tratamento de recuperação e restauração de
áreas contaminadas, mão-de-obra utilizada nas actividades de controle, preservação e
recuperação do meio ambiente.

Moura (2003) classifica os custos ambientais em duas categorias: de controle e de falta de


controle.

1.8.1. Custos Ambientais de controle.

a) Custos de prevenção – são as actividades que visam evitar problemas ambientais no


processo industrial que envolve todo o ciclo de vida do produto;

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b) Custos de avaliação - são os custos despendidos para manter os níveis de qualidade
ambiental da empresa, por meio de trabalhos de laboratórios e avaliações formais dos
sistemas de gestão ambiental ou sistemas gerenciais que garantem o bom
desempenho ambiental da empresa, englobando os custos de inspecções, testes,
auditorias da qualidade ambiental e despesas similares.

1.8.2. Custos ambientais da falta de controle.

a) Custos de falhas internas - são os gerados por falta de controles internos que
exigem correcções de problemas ambientais tais como recuperação de áreas
degradadas, desperdícios de material, retrabalhos em processos de não
conformidades ambientais entre outros;

b) Custos de falhas externas - compreendem os custos da qualidade ambiental


insatisfatória e não conformidades fora dos limites da empresa, resultante de uma
gestão ambiental inadequada, englobando os custos decorrentes de queixas
ambientais de consumidores, levando à existência de despesas com correcção e
recuperação de áreas externas degradadas ou contaminadas pela actividade da
empresa. Estes custos envolvem pagamento de multas aplicadas por órgãos
ambientais de controle, indemnizações decorrentes de acções legais resultantes de
disposições inadequadas de resíduos, acidentes no transporte de produtos tóxicos,
inflamáveis e corrosivos dentre outros;
c) Custos intangíveis - são aqueles com alto grau de dificuldade para serem
quantificados, embora se perceba claramente a sua existência. Normalmente, não
podem ser directamente associados a um produto ou processo. Por exemplo, perda
de valor da empresa (ou das acções) como resultado de desempenho ambiental
insatisfatório; baixa produtividade dos empregados como resultado de um ambiente
poluído, contaminado ou inseguro, e dificuldade e aumento de tempo e custos na
obtenção do licenciamento ambiental como resultado de multas e problemas
anteriores (MOURA, 2003).

Callado (2011) ressalta que a identificação dos custos com bom nível de detalhes pode gerar
acções programadas e um acompanhamento contábil efectivo, de modo que os benefícios,
compensações e reduções de custos em médio e longo prazo, podem contribuir para evitar
eventuais dispêndios sem o retorno esperado pela empresa. Desta forma, é necessário que a

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empresa conheça bem seus custos ambientais para que possa redireccionar suas estratégias
de negócios e investimentos.

1.9. IMPOSTOS CORRECTIVOS E SUBSÍDIOS X REGULAMENTAÇÃO

Os ecos nomistas tendem a preferir os impostos correctivos e subsídios para corrigir


externalidade à regulamentação porque eles podem corrigi-la gerando menor custo a
sociedade. Sob uma política de regulamentação os produtores não têm motivo para reduzir
a quantidade produzida se já atingiram o limite máximo estabelecido pelo governo. Já com
o imposto, os produtores têm incentivo para diminuir cada vez mais a externalidade bem
como desenvolver tecnologias que a amenizem. De forma geral, impostos correctivos além
de aumentar a eficiência económica ainda geram receita para o governo e por isso são
preferíveis às regulamentações.

1.10. LICENÇAS DE POLUIÇÃO NEGOCIÁVEIS.

Para o caso da externalidade poluição, uma solução seria distribuir licenças permitindo a
emissão de determinada quantidade de produtos poluentes e permitir o comércio deles pelas
empresas. Exemplo de como essa política funcionaria:

Uma fábrica de aço deseja aumentar sua emissão de lixo em 100 toneladas. A fábrica de
papel concorda em reduzir a sua poluição na mesma quantidade se a fábrica de aço lhe pagar
5 milhões de unidades monetárias. De forma geral, tanto as licenças quanto os impostos
correctivos permitem internalizar as externalidades.

1.11. SOLUÇÕES PRIVADAS PARA AS EXTERNALIDADES

Às vezes, o problema das externalidades é resolvido por sanções sociais. Outra solução está
nas instituições filantrópicas. O próprio mercado privado frequentemente pode resolver o
problema das externalidades a partir do interesse próprio das partes envolvidas, na forma de
integração entre diferentes tipos de negócios. Um exemplo seria um produtor de maçãs e
um apicultor.

Cada negócio concede uma externalidade positiva ao outro: ao polinizarem as flores das
macieiras, as abelhas ajudam na produção de maçãs. Ao mesmo tempo, usam o néctar que
retiram das flores para produzir o mel. Outra maneira do mercado privado lidar com essas
externalidades é por meio de contratos entre as partes interessadas.

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1.11.1. Teorema de Coase

De acordo com o teorema de Coase, se os agentes económicos privados puderem negociar


sem custo a alocação de recursos, então o mercado privado sempre solucionará o problema
das externalidades e alocará recursos com eficiência.

Por exemplo, se Dick tem um cachorro que late e incomoda Jane, sua vizinha, os dois podem
negociar para resolver o problema. Se Dick tiver o direito de ter o cachorro, Jane pode pagar
para que ele se livre do m esmo. Se Jane tiver direito ao silêncio, Dick pode pagar a Jane
para permanecer com o cachorro. De acordo com o teorema de Coase, a distribuição inicial
dos direitos não afeta a capacidade que o mercado tem de atingir o resultado eficiente. No
entanto, é a distribuição do s direito s que determina o bem-estar, já que o não-possuído r do
directo é quem paga no final da negociação.

1.11.2. Por que as negociações nem sempre funcionam

➢ Custo de transação: Se os custos que as partes têm de negociar forem muito altos,
elas não conseguem resolver os problemas de externalidade.
➢ Número de partes: É difícil coordenar todas as partes, quando seu número é muito
grande, o que inviabiliza que cheguem a um acordo.
➢ Negociações simplesmente fracassam: Muitas vezes as partes resistem e ficam à
espera de um acordo melhor para si.

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CONCLUSÃO

Como foi visto ao longo do trabalho, saber o que é externalidade e como agir constitui
assunto sério cuja complexidade, no entanto, vem fazendo com que qualquer iniciativa acabe
postergada. Por essa razão, é urgente a movimentação dos sectores governamentais e
privados para promover maior dinamismo ao assunto. Pois o ser humano tem destruído o
nosso planeta século após século pois não é novidade. O homem mata os animais às vezes
pelo puro prazer, e não por uma necessidade de alimentação, o homem destrói as florestas,
polui os rios e mares sempre guiado pela ganância do acúmulo de riquezas. Ele se esquece
que sua passagem por aqui é transitória, e, ao contrário dos antigos faraós egípcios, não será
enterrado com elas.

Se o “animal humano” não se conscientizar e começar a tomar atitudes globais de


preservação do meio ambiente, utilização de fontes renováveis de energia e diminuição da
quantidade de lixo efetivamente descartado, reciclando a maior parte do seu lixo, pode
vislumbrar um futuro cada vez mais difícil para a manutenção da vida no planeta Terra.

Um futuro sombrio, mas plenamente possível e que pode ocasionar o fim dos recursos
naturais e a impossibilidade de manutenção de qualquer espécie de vida, seja ela animal ou
vegetal, em a transformação do Planeta Terra em um espaço totalmente árido. Para evitar
que se chegue a este futuro, a humanidade deve se conscientizar e passar a tratar Planeta com
mais respeito e dignidade, preservando a vida e a natureza, deixando uma herança melhor
para as futuras gerações.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Pigou, Arthur Cecil (24 de outubro de 2017), «Welfare and Economic Welfare», ISBN 978-
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