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Famílias e seus novos modelos

Harley Pacheco de Sousa


Universidade São Marcos
Brasil
A família é uma instituição que tem importância e papel definido numa sociedade. Segundo
Minuchin, representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras
pessoas e instituições, é um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados
por descendência a partir de um ancestral comum, matrimônio ou adoção e que é unida por
múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente
durante uma vida e durante as gerações.

Em todas as famílias, independentemente da sociedade ou período histórico, cada membro


ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido,
mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis.

Papéis estes, que não são mais do que, “as expectativas de comportamento, de obrigações e
de direitos que estão associados a uma dada posição na família ou no grupo social”. Porém,
mais que mera instituição, a família é um sistema no qual se conjugam valores, crenças,
conhecimentos e práticas que compartilhados torna o grupo coeso.

Segundo Paulus (1989) um grupo consiste de duas ou mais pessoas que interagem e partilham
objetivos comuns, possuem uma relação estável, são mais ou menos independentes e
percebem que fazem, de fato, parte de um grupo, dentro deste conceito podemos incluir a
família como um grupo que se comporta.

Podemos notar que comportamentos grupais surgem em grupos e que tem uma característica
peculiar que se evidência em partilhar objetivos com um mesmo fim. Essa característica é
denominada coesão.

Segundo Rodrigues (1999) coesão é a quantidade de pressão exercida sobre os membros de


um grupo a fim de que nele permaneçam. Para haver coesão deve haver atração de algum
modo ou pelo grupo ou por um de seus membros e quanto maior a coesão, maior será a
necessidade dos membros se comunicarem entre si, em busca de uniformidade (Festiger,
1950).

Os gráficos abaixo corroboram as afirmações acerca da coesão e sua importância nas relações
familiares. Analisando o gráfico podemos perceber que em famílias coesas a comunicação
exerce papel preponderante na manutenção da relação porque atua como facilitador.
COMUNICAÇÃO FAMILIAR

Gráfico. Distribuição dos escores do item “Comunicação” da Escala de avaliação da


adaptabilidade, comunicação e coesão familiar – FACES; dos alunos do 9º/10º Semestre do
curso de Psicologia da Universidade São Marcos – Maio de 2012.

Comunicação: capacidade dos membros da família de comunicarem entre si


contentamentos, problemas, conquistas e valores.
No teste pontuações de 1 a 25 pontos correspondem a comunicação prejudicada; de
26 a 50 pontos correspondem a comunicação complicada; de 51 a 75 pontos
correspondem a comunicação facilitada; de 76 a 100 a comunicação equilibrada.

Pontuação Média: 73,7 Pontos (DP 7,2); sendo que a pontuação mínima foi de 52
pontos e a máxima de 85 pontos.
COESÃO FAMILIAR

Gráfico. Distribuição dos escores do item “Coesão” da Escala de avaliação da adaptabilidade,


comunicação e coesão familiar – FACES; dos alunos do 9º/10º Semestre do curso de Psicologia
da Universidade São Marcos – Maio de 2012.

Coesão: capacidade da família de manter-se unida frente às vicissitudes do dia-a-dia.

No teste pontuações de 1 a 10 pontos correspondem Muito Baixa coesão; de 11 a 20


pontos Baixa coesão; de 21 a 30 pontos Média adaptação; de 31 a 40 Alta coesão; e de
41 a 50 pontos Muito Elevada coesão.

Pontuação Média: 35,2 Pontos (DP 6,2); sendo que a pontuação mínima foi de 19
pontos e a máxima de 46 pontos.

O papel preponderante da família em todos os tempos e sociedades me parece ter sido o de


agir como alicerce da vivencia em grupo, onde aparece como um esforço solidário para
estabelecer uma defesa coletiva contra angustias, tendo entre suas responsabilidades a de
reparar prejuízos causados pela estrutura social constrangedora em que o núcleo familiar se
desenvolve.

Segundo Schachter (1959) o estado de isolamento provoca ansiedade e por isso podemos
afirmar que a família tem a função de manter seus integrantes unidos para que se sintam
menos ansiosos quando estão em condições desconfortáveis e mais confortáveis em situações
onde compartilham angustias. Segundo Schachter, as pessoas preferem estar em conjunto
porque há possibilidade de escape, clareza cognitiva a fim de ter uma visão mais apurada da
situação e por conta de redução indireta da ansiedade, sempre que a ansiedade é mais alta as
pessoas preferem estar próximas das mais fortes que são aquelas que estavam com ansiedade
mais baixa e a auto-avaliação segura, estabelecendo um padrão de realidade social que
permitisse avaliação certa da própria ansiedade.

ADAPTABILIDADE FAMILIAR

Gráfico. Distribuição dos escores do item “Adaptabilidade” da Escala de avaliação da


adaptabilidade, comunicação e coesão familiar – FACES; dos alunos do 9º/10º Semestre do
curso de Psicologia da Universidade São Marcos – Maio de 2012.

Adaptabilidade: capacidade dos membros da família de modificar papéis e regras de


funcionamento para adequá-los à tarefa ou ao momento a enfrentar.

No teste pontuações de 1 a 10 pontos correspondem Muito Baixa adaptação; de 11 a


20 pontos Baixa adaptação; de 21 a 30 pontos Média adaptação; de 31 a 40 pontos
Alta adaptação; e de 41 a 50 pontos Muito Elevada adaptação.

Pontuação Média: 31,5 Pontos (DP 6,3); sendo que a pontuação mínima foi de 19
pontos e a máxima de 48 pontos.
Estudando a evolução da cultura, Engels (1882) mostra que a família sofre grandes influências
políticas, econômicas, sociais e culturais, ocasionando mudança de papeis nas relações e em
seu interior cujo produto resultante é a mudança de estrutura no que se refere à composição
da mesma.

Uma concepção mais moderna como a de Singly (2000) mostra a família como paradoxal,
relacional e individualista em que cada um busca uma formula mágica que lhe permita se livre
alternando em ser Eu sozinho e Eu com outros.

Essa alternância pode ser vista no gráfico abaixo, tendo em vista que o Eu dominador e base é
o próprio sujeito experimentado, hipotetizemos então, que â auto-suficiência seja uma das
possíveis causas que faz com que as alternem na necessidade do Ser sozinho e do ser com os
outros.

Desenho da Família
PESSOA DOMINANTE DA FAMÍLIA
Família Atual – “Minha Família”
Falou-se muito sobre a crise da família, enfatizando aspectos ligados a baixa taxa de
fecundidade, aumento da expectativa de vida, ao declínio do casamento, a banalização das
separações, mas isso não é o enfraquecimento da instituição, mas o surgimento de novos
modelos familiares, de novas relações numa perspectiva mais igualitária e liquida.

Atualmente os valores do que constitui uma família mudaram por conta não só da evolução
tecnológica, dos sistemas de política e economia, mas também por conta da livre sexualidade
onde entra com força total a questão de gênero e poder, identidade e diversidade e individuo
e sociedade.

Obviamente perduram ainda hoje alguns estereótipos que remontam à tradicionalíssima


família televisiva que é apresentada nas propagandas, mas há uma clara e obvia contradição
da amostra e da realidade, tendo em vista que é possível no Brasil atual romper com as
barreiras do tradicional modelo familiar constituído por pais heterossexuais e abrir um leque
mais amplo tratando da homossexualidade.

O papel que se espera da família do presente é a mesma de todos os outros séculos,


manterem-se solidários para estabelecer uma defesa coletiva contra angustias fazendo com
que seus integrantes mantenham a qualidade de vida, saúde mental e bem estar e possam se
comportar de modo produtivo na sociedade em que vive.

SISTEMA FAMILIAR

Figura 3. Distribuição do Sistema Familiar: Equilibrado ou Desequilibrado; dos alunos do 9º/10º


Semestre do curso de Psicologia da Universidade São Marcos – Maio de 2012.

Sistema Familiar: Altas pontuações (maior que 50 pontos) na soma dos escores das
escalas da coesão e da adaptabilidade são reveladores de sistemas familiares
equilibrados, enquanto baixas pontuações (menores que 50 pontos), nas mesmas
escalas, refletem um sistema familiar desequilibrado.

Pontuação Média: 67 Pontos (DP 10,7); sendo que a pontuação mínima foi de 52
pontos e a máxima de 85 pontos.

A instituição familiar não parece algo estático, mas como afirma Ciampa (1999) sobre a
identidade que a mesma está em constante transformação, arrisco hipotetizar a cerca da
instituição família, avaliando a historia da mesma no decorrer dos séculos podemos perceber o
desenvolvimento e sua plasticidade que se molda ao momento mais ou menos puritano, mais
ou menos livre em que o presente ocorre.

Referências:

(Minuchin,1990)

Paulus (1989)

(Duvall; Miller cit. por STANHOPE, 1999; p. 502)

(Elsen, 2002)

Engels (1882)

Pesquisa realizada com alunos do 9º/10º Semestre do curso de Psicologia da Universidade São
Marcos – Maio de 2012, pelo Professor Thiago Robles

Singly (2000)

Schachter (1959)

Ciampa (1999)

Rodrigues (1999)

Artigo FUNÇÕES E TRANSFORMAÇÕES DA FAMÍLIA AO LONGO DA HISTÓRIA - Marlene


Aparecida Wischral Simionato e Raquel Gusmão Oliveira

http://pt.wikipedia.org/wiki/Família - visitado em 11/06/2012

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