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O romantismo na literatura portuguesa

No século XVIII na Europa, nomeadamente durante a Revolução francesa,


fortaleceram-se as ideias iluministas. Os iluministas valorizavam a razão independente
da fé, levando ao enfraquecimento dos laços entre a Igreja e as monarquias. Os
burgueses, que ganharam grande importância nesta altura, tinham como principal
ideal a liberdade, este que foi o principal responsável pelo surgimento de romantismo.
Na sequência das invasões francesas, da dominância britânica e da fuga da família
real para o Brasil, o romantismo chegou também a Portugal.
Os pilares do romantismo eram o individualismo, a liberdade, a subjetividade e
originalidade, a idealização do amor e da mulher, o exagero sentimental e o
teocentrismo. Também no que diz respeito ao estilo de escrita houveram inovações,
nomeadamente a adjetivação abundante e o intensivo uso de exclamações, reticências
e interrogações.
Em Portugal o romantismo pode ser dividido em três fases.
A primeira fase, com autores como Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António
Feliciano de Castilho, ficou marcada pelo nacionalismo. No seguimento de uma Guerra
Civil, estes autores pretenderam relembrar os mitos e história da nação, visando
resgatar a nação da crise de identidade em que se encontrava. Os autores deste
geração, nomeadamente Garrett e Herculano representam uma geração literária
politicamente envolvida e consciente do seu papel político através da literatura, tendo
ambos estado em exílio pelo seu envolvimento um revoluções liberais. As obras destes
anos são marcadas pelo nacionalismo, pelo medievalismo, pelas idealizações e pela
saudade.
Uma vez reestabelecida a estabilidade política no país, é abandonado o tema do
nacionalismo e começa a segunda fase do romantismo, com as temáticas recorrentes
da morte, da saudade e do amor. Esta segunda geração ficou marcada pelo
sentimentalismo excessivo, pessimismo, sofrimento amoroso, melancolia,
religiosidade, idealização e adjetivação abundante. Nesta fase do romantismo
português destacam-se os autores Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
A terceira geração é a que marca a transição do romantismo para o naturalismo-
realismo português, sendo por isso considerada pré-realista. Esta fase, apesar de
manter o caráter sentimental, é marcada pelas obras de temática social. Os escritores
desta geração, inspirados pelo autor francês Victor Hugo, procuram passar nas suas
obras um senso de liberdade e justiça. Os principais representantes são Júlio Dinis,
João de Deus e Antero Quental.
O romantismo português é exemplificado em várias áreas da literatura. No teatro
destacam-se “Um auto de Gil Vicente” e “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett assim
como “Um segredo de família” de Júlio Dinis. Na poesia são exemplo “Camões” de
Almeida Garrett, “poesias” de Soares de Passos e “Odes modernas” de Antero de
Quental. Exemplos de romances do romantismo português são “Amor de perdição” de
Camilo Castelo Branco, “Eurico, o presbítero” de Alexandre Herculano ou “As pupilas
do senhor reitor” de Júlio Dinis.

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