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Autor
Nadia S. E. de Castro
Reitor da UNIASSELVI
Pró-Reitora do EAD
UNIASSELVI
FEEDBACK
1 INTRODUÇÃO
Estamos imersos na cultura do feedback, isto é, de retornos constantes,
os quais estão relacionados com as nossas ações, as nossas publicações e
compartilhamentos, nossos discursos (ditos e não ditos) etc. As dinâmicas
nas redes sociais, por exemplo, evidenciam intensamente a necessidade
de retorno constante. Uma publicação é feita e seu autor acompanha as
curtidas, os comentários, a visibilidade e a avaliação que recebe do seu
compartilhamento. O termo feedback, de acordo com o dicionário Houaiss
(2009), é apresentado entre as acepções de “retroalimentação”, que seria o
equivalente a feedback, em sua tradução da língua inglesa para o português;
assim, define como “qualquer processo por intermédio do qual uma ação é
controlada pelo conhecimento do efeito de suas respostas” (ABREU-E-LIMA;
ALVES, 2001, p. 189).
Boa leitura!
2 FEEDBACK: CONCEITOS GERAIS
Pare e pense: o que você entende por feedback?
Descrição da imagem: vetor com modelo de feedback com cinco estrelas, mão, balões de diálogo, com coração,
reticências e linhas de diálogo.
Feedback pode ser entendido como todo tipo de retorno que você
recebe sobre si mesmo e sobre as suas ações (ou ausência delas). Nessa
perspectiva, entendemos que é uma das formas pela qual podemos nos
conhecer por meio das nossas experiências e, também, dos outros. São as
dinâmicas da vida que nos fazem refletir e entender quem somos a partir dos
retornos que o mundo que nos cerca emite sobre as nossas ações e nossos
discursos. Esses retornos são recebidos na empresa, em casa e em todos os
momentos de interação.
Para uma professora, por exemplo, é possível verificar que o retorno está
no resultado dos alunos (atingiram os objetivos propostos? As propostas de
aula auxiliaram nesse processo?), na avaliação dos pais, nas falas dos gestores
da escola, nas avaliações da equipe pedagógica e, sobretudo, no constante
do olhar do aluno em relação às propostas do docente e os momentos de
vivência e troca em sala de aula. Os alunos demonstram interesse? Apreciam
as propostas de aula e emitem sinalização positivas (feedbacks positivos?), a
partir do engajamento, por exemplo.
Para uma chef de cozinha, no entanto, pode ser a avaliação dos clientes,
as notas de apreciação que o restaurante recebe, a resenha de um crítico
gastronômico, a fidelização do cliente ou o seu não retorno e, sobretudo,
nas conversar com os gestores e com a equipe de cozinha sobre o trabalho
que é desenvolvido. E, assim, teríamos inúmeros exemplos das práticas de
feedback que as pessoas recebem todo tempo.
Tudo isso foi relatado neste momento inicial para destacar algo muito
importante: feedback é mais do que avaliação. Ele pode vir em forma de “um
agradecimento, um comentário, um convite que se retribui ou se descarta”
(STONE; HEEN, 2016, p. 10). Portanto, considere que ele “pode ser formal
ou informal, direto ou implícito, franco ou rebuscado, totalmente óbvio ou
tão sutil que você nem tem certeza do que aquilo significa” (STONE; HEEN,
2016, p. 10).
QUADRO 2 – FEEDBACK
Feedback
Década de 1860 • Revolução Industrial.
• ‘Feed-back’ = ‘realimentação’ em português.
• Designar o modo como a produção de energia,
a quantidade de movimento ou os sinais de saída
retornam ao ponto de partida num sistema mecânico.
Século XX (1909) • Karl Braun (ganhador do prêmio Nobel).
• Feedback – designar as conexões e os loops de um
circuito eletrônico.
1919 • Nova palavra “feedback”
(aproximadamente) • Usada para nomear a recirculação do som (microfonia)
num sistema de amplificação — aquele chiado
lancinante que todos nós conhecemos dos auditórios
escolares e das gravações de Jimi Hendrix.
Pós-Segunda • O termo começou a ser usado em relações de
Guerra Mundial trabalho, no que tangia às pessoas e a seu desempenho
profissional.
• Fazer a informação corretiva retornar até o ponto de
origem – o empregado.
• O o b j e t i v o era orientar, para que os m elh o re s
resultados fossem alcançados.
Atualmente • Nos locais de trabalho feedback desempenha um
papel de extrema importância para desenvolver
talentos, aumentar o moral, nivelar equipes, resolver
problemas e melhorar os resultados.
FONTE: Adaptado de Stone e Heen (2016, p. 11)
Descrição da imagem: palavra feedback no centro da figura, setas indicativas para as palavras: ideia, resposta,
opinião, pesquisa, comentário, avaliação, resultado e recomendação.
Outra questão a ser pensada para finalizar esta seção está relacionada
ao tempo e ao momento mais adequado para a apresentação do retorno.
De acordo com Bee (2000, p. 12), temos a seguinte orientação:
Análise do exemplo 1:
• O gerente não impõe ponto de vista; pelo contrário, busca o diálogo quan-
do pergunta para ela: “o que você acha disso?”.
Análise do exemplo 2:
Dessa forma, para esse autor, a estruturação dos retornos estaria centrada
em: manter e aprimorar o desempenho; orientar e aconselhar; adquirir novas
aptidões; desenvolver e liberar potencial; desenvolver o desempenho em
equipe e melhorar a disposição, a motivação e o comprometimento.
Outro autor, Williams (2005), por sua vez, apresenta quatros tipos
de feedback: positivo, corretivo, insignificante e ofensivo. Observe o
detalhamento de cada um deles:
Para finalizar essa etapa, tratamos da estrutura dos feedbacks, agora que
já nos apropriamos de alguns dos tipos existentes. Basicamente, considere
que, mais grave do que não emitir feedback, é realizá-los de forma equivoca-
da. Nossa proposta é que você esteja habilitado para construir feedbacks que
sejam eficazes, melhorem o desempenho dos envolvidos e transformem as
pessoas. Da mesma forma, você terá conhecimento para receber, de forma
diferenciada, feedbacks dos outros e do mundo.
Então, saiba que todo feedback deve conter algumas etapas. São elas:
• Faça a pessoa sentir que você a conhece: isso significa que você precisa
conhecer as individualidades do outro; ou seja, você demonstra reconhe-
cer o indivíduo. No cotidiano, significa fazer pequenas perguntas sobre o
contexto das pessoas e, aos poucos, ir conhecendo a realidade de cada
um. No momento de construção do feedback, você terá elementos para
construí-los de forma individualizada, valorizando as informações que as
pessoas forneceram para você, anteriormente. Nesse movimento, a pessoa
reconhece, no feedback, que foi ouvida e, então, você amplia as chances
de conexão.
• Responda até mesmo a pequenos pedidos de atenção: no cotidiano, as
pessoas pedem atenção em diferentes situações. São perguntas, olhares,
gestos etc. Algumas vezes esses pedidos são mais diretos, mas, na maioria
das situações, eles acontecem de forma sutil. A reação depende de você
e a resposta positiva ou a indiferença ao pedido vai interferir no processo
de conexão com o outro. Pense em um exemplo: em uma empresa, um
colaborador, mais tímido, participa das reuniões estratégicas e faz poucas
interferências diretas, entretanto, você percebe que, em muitas situações,
ele olha, inicia a movimentação para compartilhar algo, mas não fala. Na
avaliação de desempenho, é citado que ele deve se desafiar a participar mais
e contribuir com as suas ideias. Observe que esta é uma oportunidade de
“resposta para pequenos pedidos de atenção”; ou seja, no lugar de emitir
esse retorno no feedback, é possível responder aos pequenos pedidos de
atenção nas reuniões. Valorize o esforço no momento da tentativa.
• Manifeste admiração com regularidade: a pesquisa de Gottman demonstra
que a proporção entre interações positivas e negativas, em uma relação
bem-sucedida, é de 5:1. Isso não significa que devemos sempre emitir cinco
proposições positivas, mas que elas devem ocorrer em maior proporção.
Para Gottman, a importância de oferecer feedback positivo e expressar ou-
tras formas de apreciação é importante para fortalecer o relacionamento.
Uma dica é elogiar esforços, destacando a determinação, a persistência,
a ousadia e a resiliência da pessoa, mesmo quando o resultado não foi
atingido em sua integridade, porém, com a valorização do esforço, o re-
conhecimento da persistência e com a orientação para o resultado. Dessa
forma, a pessoa vai se sentir motivada, pois percebe que o que realizou
foi percebido, mesmo que ainda precise melhorar. Esse tipo de feedback
é motivacional, e impulsiona o outro a ultrapassar os desafios.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa leitura, você tem um desafio: aprimorar continuamente as
suas habilidades de construir retornos positivos. O primeiro passo é entender
a crítica como algo que é construtivo e contribui para aprendizagem. Faça o
uso de todas as situações de retorno para praticar as habilidades da crítica.
Esse movimento de autoconhecimento é fundamental, pois você fará o
exercício da autopercepção; ou seja, de que forma você reage em relação
aos feedbacks que recebe? De forma reativa? Responsiva? Ou você procura
recebê-los de forma atenta, para melhorar o seu desempenho?
REFERÊNCIAS
ABREU-e-LIMA, D. M. de; ALVES, M. N. O feedback e sua importância no
processo de tutoria a distância. Pro-Posições, Campinas, v. 22, n. 2 (65),
p. 189-205, maio/ago. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pp/a/
jDXs9WTMdTsvNVYxVQCKcsP/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 4 out.
2021.