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ANOTAÇÕES — POLÍTICAS DO SEXO

Labirinto adentro

— Ainda que todas as sociedades tenham alguma forma de divisão do trabalho em


função do sexo, a atribuição de determinada tarefa a um ou a outro sexo é
extremamente variável. Em alguns grupos, a agricultura é um trabalho feito pelas
mulheres; em outros, pelos homens. Há mesmo casos em que as mulheres são
caçadoras e guerreiras, e os homens cuidam das crianças. As mulheres têm o fardo
mais pesado em algumas sociedades; em outras, os encarregados disso são os
homens. A divisão do trabalho de acordo com o sexo, conclui Lévi-Strauss a partir
de uma de suas análises, não decorre de uma especialização biológica; ela deve ter
algum outro propósito. Esse propósito, afirma ele, é assegurar a união entre homens
e mulheres, fazendo com que a menor unidade econômica viável inclua pelo menos
um homem e uma mulher.

— O gênero é uma divisão de sexos imposta SOCIALMENTE e é um produto das


ralações sociais de sexualidade.

— A identidade de gênero exclusiva é a SUPRESSÃO de semelhanças naturais, e


isso demanda REPRESSÃO. Nos homens, dos traços femininos, nas mulheres, dos
traços masculinos.

— A divisão sexual do trabalho entra em jogo com respeito a ambos os aspectos de


gênero – ela cria homens e mulheres, e os cria como heterossexuais. A supressão
do componente homossexual da sexualidade humana e seu corolário, a opressão
dos homossexuais, são, portanto, produto do mesmo sistema cujas regras e
relações oprimem as mulheres.

— EXEMPLOS DE RELAÇÕES DE PARENTESCO, SEXO E GÊNERO NÃO


HETERONORMATIVAS.

— Os Lele e os Kuma.
— Exegese das teorias de Lévi-Strauss.

— À medida que os sistemas sociossexuais particulares diferem, cada um deles é


único, e os indivíduos que fazem parte deles têm de se conformar a um conjunto
limitado de possibilidades. Cada nova geração deve estar ciente de seu destino
sexual e se adequar a ele, cada pessoa deve ser codificada de acordo com um
status compatível com o sistema.

— Para nós, seria extraordinário imaginar que, com base nas convenções,
deveríamos nos casar com a filha do irmão da nossa mãe, ou com o filho da irmã do
nosso pai. No entanto, há grupos nos quais esse futuro conjugal é tomado como
certo.

O mal-estar na psicanálise

— Psicanálise x feministas e gays.

— Transforma a LEI MORAL na LEI CIENTÍFICA e é usada para impor norma sexual
aos “indisciplinados”.

— Nesse sentido, a psicanálise muitas vezes mostrou ser mais do que uma teoria
dos mecanismos de reprodução dos arranjos sexuais; ela mesma se tornou muitas
vezes um desses mecanismos.

— E o mais importante é que a psicanálise oferece uma descrição dos mecanismos


pelos quais os sexos são divididos e modificados, de como crianças andróginas,
bissexuais, são transformadas em meninos e meninas. A psicanálise é uma teoria
feminista que não chegou a se configurar plenamente como tal.

O Édipo Rei

— Jacques Lacan, que esteve na origem dessa linha de pensamento, argumenta


que Freud nunca teve a intenção de dizer nada a respeito de anatomia, e que a
teoria de Freud tratava, na verdade, da linguagem e dos significados culturais
impostos à anatomia.

O parentesco, Lacan e o falo

— Lacan sugere que a psicanálise é o estudo dos vestígios deixados no psiquismo


dos indivíduos como resultado de seu enquadramento nos sistemas de parentesco.

— A terminologia do parentesco inclui informações sobre o seu sistema. Os termos


do parentesco delimitam status e indicam alguns de seus atributos. Nas ilhas
Trobriand, por exemplo, um homem chama as mulheres de seu clã pelo termo
utilizado para indicar “irmã”. Ele chama as mulheres dos clãs nos quais ele pode
escolher uma esposa por um termo que indica que elas podem se casar com ele. Ao
aprender esses termos, o jovem trobriandês toma também conhecimento das
mulheres que pode, com segurança, desejar.

Retorno ao Édipo

— muita baboseira

As mulheres se unem para extirpar o resíduo edípico da cultura

— A maneira precisa como Freud e Lévi-Strauss convergem é impressionante. Os


sistemas de parentesco pressupõem uma divisão dos sexos. A fase edípica divide
os sexos. Entre os sistemas de parentesco, há conjuntos de regras que gerem a
sexualidade. A crise edípica consiste na assimilação dessas regras e tabus. A
heterossexualidade compulsória é produto do parentesco. A fase edípica institui o
desejo heterossexual. O parentesco se assenta em uma diferença radical entre os
direitos dos homens e os direitos das mulheres. O complexo de Édipo atribui direitos
masculinos ao menino e obriga a menina a viver com direitos mais limitados.

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