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ATUALIDADES

Atualidades Mundo

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
ATUALIDADES
Atualidades Mundo

Sumário
Luis Felipe Ziriba

Atualidades Mundo.. ........................................................................................................................ 3


1. A População Mundial................................................................................................................... 4
1.1. População Global: Aspectos Globais em 2020.................................................................... 4
2. Atualidades da América Latina e dos EUA (+ Coreia Do Norte).. ........................................ 8
2.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de História.................. 8
2.2. A Esquerdização na América Latina na Década de 2000 e o Atual Momento
Político e suas Diferenças (2020/2021). . .................................................................................... 9
2.3. Atualidades e Questões mais Críticas na América Latina (em Especial na Pobre
América Central).............................................................................................................................13
2.4. Unasul x Prosul........................................................................................................................ 17
2.5. O Mercosul............................................................................................................................... 18
2.6. A Venezuela.. ............................................................................................................................ 25
2.7. O Estados Unidos Hoje. . ......................................................................................................... 30
3. Atualidades da Europa, do Oriente Médio, da Rússia e da China.................................... 45
3.1. A Europa, a União Europeia e seus Contextos Atuais mais Importantes.................... 45
3.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente.. .................................................49
3.3. Rússia........................................................................................................................................ 65
3.4. China.......................................................................................................................................... 71
4. Atualidades Relacionadas a Temas Globais........................................................................ 76
4.1. Tecnologia e entretenimento............................................................................................... 76
4.2. O aquecimento global........................................................................................................... 93
4.3. A Questão do Ártico............................................................................................................. 105
5. A ONU e os Gs. . ........................................................................................................................... 110
5.1. A ONU........................................................................................................................................ 110
5.2. Os Gs......................................................................................................................................... 110
5.3. A OMS....................................................................................................................................... 121

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Luis Felipe Ziriba

ATUALIDADES MUNDO
Caro(a) aluno(a), é um prazer imenso estar junto a você nesta etapa de preparação rumo à
conquista de algo tão importante na vida: a estabilidade profissional no serviço público.
Peço licença para me apresentar. Meu nome é Luís Felipe Ziriba, me formei em Geografia
pela Universidade de Brasília em 2004 e também sou servidor do INCRA – SEDE, desde 2008,
como Analista em Desenvolvimento e Reforma Agrária. Ministro aulas para concursos desde
2001. Comecei a lecionar aos 20 em pré-vestibulares, tendo seguido para concursos de ad-
missão à carreira militar, como EsPcex, EsA, entre outros, nas disciplinas Geografia Geral e do
Brasil. Lecionei as mesmas disciplinas também em preparatórios para cursos de admissão à
carreira diplomática – o Instituto Rio Branco –, para, já no início da década passada (2010),
partir também rumo ao desafio de lecionar as matérias Atualidades do Brasil e Mundo, além de
Realidade/Atualidades do Distrito Federal.
Assim, entre tantas matérias diferentes e interessantes, lá se vão mais de 18 anos prepa-
rando alunos com conteúdo de Geografia e Atualidades, nos melhores cursos do Distrito Fede-
ral, para os mais concorridos concursos do Brasil.
Bom, vamos ao que realmente importa a você, e obrigado pela atenção, pois o tempo urge!
Com vistas a auxiliá-lo(a) em nossa aula e na preparação para concursos, dividi este nosso
interessante material de Atualidades do Mundo em cinco partes, ok? Então, vamos a elas:
• A POPULAÇÃO MUNDIAL;
• ATUALIDADES DA AMÉRICA LATINA E DOS EUA (+ COREIA DO NORTE);
• ATUALIDADES DA EUROPA, DO ORIENTE MÉDIO, DA RÚSSIA E DA CHINA;
• ATUALIDADES RELACIONADAS A TEMAS GLOBAIS / TECNOLOGIA, ENTRETENIMENTO
E MEIO AMBIENTE;
• A ONU e os Gs.

Destaco por fim, caro(a) aluno(a), ser extremamente necessário que realize a leitura inte-
gral dos temas abaixo – e seus respectivos textos complementares, mesmo que haja em edi-
tais recortes balizando períodos específicos, tal como pode (e costuma) acontecer. Tenha em
mente que, apenas promovendo a leitura retórica acerca dos temas, desde seu início até o fim,
se tornará possível, portanto, a clarificação dos contextos mais recentes de atualidades. Juro
que não há como fugir disso! Pode confiar nessa informação. A disciplina de Atualidades não
está restrita, simplesmente, a uma coleta de notícias com base no(s) recorte(s) estipulado(s)
pelos editais… Em Atualidades, existem contextos que devem ser percebidos enquanto seus
espaços geográficos, agentes, ocasiões e antecedentes, sobretudo, para que possamos, por-
tanto, atingir o nível necessário de conhecimentos pedidos pelas bancas em concursos.
Então, vamos começar. Peço, por favor, que faça o caderno de exercícios apresentado como
fixação de conteúdo e acréscimo didático e avalie meu curso em nossa plataforma. Obrigado!

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1. A População Mundial
1.1. População Global: Aspectos Globais em 2020
Pirâmide Etária Global em 2020:

A população global em 2020 era de 7,7 bilhões de habitantes, e esse número continuará a
aumentar. As previsões para 2030 são de 8,5 bilhões (aumento de 10%); 9,7 milhões em 2050;
e 10,9 milhões em 2100.
Maiores países (2018):
• 1. China: 1.384.688.9861
• 2. Índia: 1.296.834.042
• 3. Estados Unidos: 329.256.465
• 4. Indonésia: 262.787.403
• 5. Brasil: 208.846.892
• 6. Paquistão: 207.862.5182
• 7. Nigéria: 195.300.340
• 8. Bangladesh: 159.453.001
• 9. Rússia: 142.122.776
• 10. Japão: 126.168.156

1
Por volta de 2027, a população da Índia deve ultrapassar a da China.
2
Provavelmente em 2019, a população do Paquistão ultrapassa a do Brasil.

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Veja abaixo a dança das cadeiras dos contingentes populacionais globais, com dados da
ONU e intervalos de 1990 a 2100:

• O bônus demográfico: em alguns países em desenvolvimento, o alto crescimento popu-


lacional em décadas anteriores promove agora oportunidades econômicas, à medida
que essas nações (o Brasil incluso) possuem, de fato, grande contingente de adultos –
ou seja, de força de trabalho ou PEA (População Economicamente Ativa). Sendo assim,
é dever dos governos locais saberem como promover a seu favor esse tal “bônus de-
mográfico”, com vistas a canalizar tal abundância de mão de obra na produção de valor
econômico, através da consolidação de políticas de ofertas de empregos.

O Brasil é um dos países com maior quantidade de adultos no mundo atualmente, com
quase 60 % de PEA.
• As taxas de fecundidade: a taxa de fecundidade – ou seja, o número médio de filhos
por mulher em idade reprodutiva – é um indicador que revela bastante sobre a fase de-
mográfica em que determinada sociedade se encontra. Globalmente, as mulheres vêm
tendo menos bebês, mas as taxas de fecundidade (o número médio de filhos por mu-
lher em idade reprodutiva) ainda permanecem elevadas em algumas partes do globo.
Hoje, cerca de metade da população global reside em áreas onde a taxa de fecundidade
é menor que 2 filhos por mulher (taxa do tipo não repositiva), incluindo o Brasil. A maior
média de filhos por mulher no Planeta ocorre na África Subsaariana, com 4.6. Em Níger,
este indicador chega a 7 filhos por mulher, em média.

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Em termos globais, a fecundidade caiu de 3,2 filhos por mulher em média, em 1990, para
2,5, em 2019.

• A expectativa de vida: a expectativa de vida no mundo subiu de 64,2 anos, em 1990,


para 72,6 anos, em 2019.

• Envelhecimento populacional: a população mundial está envelhecendo, sendo que o


grupo etário que mais cresce no Planeta é de pessoas acima de 65 anos. Atualmente,

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9% da população global possui mais de 65 (em média parecida com a brasileira), sendo
que em 2050, essa taxa será de 16%. Na Europa, este indicador deve estar, em 2050, em
alguns países (e também no Japão), na casa dos 35-40%.
• A depressão populacional: um número crescente de países experimenta uma redução
no tamanho da população. Desde 2010, 27 países ou áreas sofreram uma redução de
1% na dimensão das suas populações. Isso é causado por baixos níveis de fertilidade e,
em alguns lugares, altas taxas de emigração.

Entre 2019 e 2050, projeta-se que as populações diminuam em 1% ou mais em 55 países


ou áreas, dos quais 26 podem ver uma redução de pelo menos 10%.
Na China, por exemplo, prevê-se que a população diminua em 31,4 milhões, ou 2,2%, entre
2019 e 2050.
• O contexto migratório: entre 2010 e 2020, 14 países ou áreas terão uma entrada líquida
de mais de 1 milhão de migrantes, ao passo que dez países terão uma saída líquida de
migrantes de dimensões similares. Algumas das maiores saídas de migrantes são im-
pulsionadas pela demanda por trabalhadores migrantes (Bangladesh, Nepal e Filipinas)
ou por violência, insegurança e conflito armado (Mianmar, Síria e Venezuela). Belarus,
Estônia, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Rússia, Sérvia e Ucrânia terão uma entrada
líquida de migrantes ao longo da década – o que ajudará a compensar perdas popula-
cionais causadas por um excesso de mortes em relação aos nascimentos.

Segundo o diretor da Divisão de População do Departamento das Nações Unidas de Assun-


tos Econômicos e Sociais, John Wilmoth,

Esses dados constituem uma parte crítica da base de evidências necessárias para monitorar o pro-
gresso global rumo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. [...]
Mais de um terço dos indicadores aprovados para uso como parte do monitoramento global dos
ODS confiam em dados do Perspectivas Mundiais de População.

Expectativas de crescimento populacional 2020-2025:

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2. Atualidades da América Latina e dos EUA (+ Coreia Do Norte)


2.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de História

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O conceito (termo) América Latina atende a um viés cultural que se encontra relacionado
aos países que possuem línguas latinas (no caso, português, castelhano e francês) como sen-
do línguas oficiais.
A região em tela engloba 20 países (em azul no mapa acima): Argentina, Bolívia, Brasil, Chi-
le, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Vale destacar
que no subcontinente da América do Sul não constam dentro desta divisão dois países: o Su-
riname e a Guiana.
No caso do subcontinente da América do Norte – Estados Unidos, Canadá e México –,
apenas o mais ao sul é considerado um país latino-americano.

 Obs.: Não é necessário decorar o nome de todos os países da América Latina, mas é fun-
damental que entendamos o contexto linguístico-cultural de tais países dentro desta
importante esfera de regionalização.

Considera-se que o termo “América Latina” foi utilizado pela primeira vez no ano de 1856
pelo filósofo chileno Francisco Biloba e, no mesmo ano, também pelo escritor colombiano
José María Torres Caicedo, sendo expressão aproveitada pelo imperador francês Napoleão III
durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França – e excluir, assim, os
anglo-saxões – entre os países com influência na América, citando também a Indochina como
área de expansão da França na segunda metade do século XIX. Devemos também observar
que na mesma época foi criado o conceito de “Europa Latina”, que englobaria as regiões de
predomínio de línguas românicas. Michel Chevalier, político e economista liberal francês que
mencionou o termo “América Latina” em 1836, durante uma missão diplomática feita aos Es-
tados Unidos e ao México, o fez com o mesmo objetivo de Napoleão III – ou seja, atrair para o
seio da França os países em descolonização na América.

2.2. A Esquerdização na América Latina na Década de 2000 e o Atual


Momento Político e suas Diferenças (2020/2021)
Um processo político de extrema relevância observado na América Latina reside na entra-
da no poder de uma série de governos de esquerda ao longo da década de 2000 (2001-2010),
em inúmeros países. Foi um período de apogeu na ascensão de governos de esquerda elei-
tos democraticamente, tendo seu início em 1999, na Venezuela, quando Hugo Chávez toma
posse pela primeira vez e declara que seu país, a partir de então, tornar-se-ia uma “República
Bolivariana”. Essa mesma retórica de Chávez fora também utilizada pelos Presidentes Rafael
Correa, do Equador (Presidente entre 2007-2017), e Evo Morales, da Bolívia (Presidente entre
2005-2017), todos inspirados por Cuba – uma República socialista desde 1959 comandada
pelos ditadores Fidel Castro e seu irmão Raul Castro até bem recentemente. Cuba, inclusive,

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em 2018, passou o bastão da presidência para o engenheiro Miguel Canel. E outros países ado-
taram também (via democrática) governos de esquerda ao longo da década de 2000 (contudo,
menos radicais que Venezuela e Bolívia), tais quais o Brasil, com Lula e Dilma, a Argentina (com
Christina Kirchner) e o Chile (Michelle Bachelet).
Contudo, caro(a) aluno(a), o mapa político latino-americano que “avermelhou”, tal qual vi-
mos acima, entre o fim da década retrasada (que abrange de 2001 a 2010) e o início da década
passada (2011 a 2020), sofreu mudanças consideráveis. Se há exatos 10 anos (em 2011 – e
muita atenção a isso), apenas Colômbia e Suriname ostentavam Presidentes de direita, estan-
do todos os outros países (incluindo Brasil, com Dilma, e a Argentina, com Christina Kirchner)
com Presidentes à esquerda, de lá (2011) até aqui houve transições significativas neste quadro.

Mas quais foram estas mudanças?

Respondo: é simples. Uma série de países que optaram nessa época por governos declara-
damente de esquerda, em sua maioria, cambiou pelas mesmas vias democráticas rumo a go-
vernos de direita em tempos mais recentes. Vejamos abaixo os casos mais importantes, então:
• Brasil: Michel Temer (direita) sucede a Dilma Rousseff (esquerda) em 2016, sendo se-
guido pela eleição de Jair Bolsonaro (direita mais radical) em fins de 2018;
• Paraguai: Fernando Lugo, o único Presidente de esquerda do Paraguai em todos os
tempos, assume em 2008, sendo impichado em 2012. O atual mandatário local se cha-
ma Mario Benítez, que tomou posse em 2018, estando vinculado aos quadros da direita
radical paraguaia, tendo sido seu pai, inclusive, ajudante de primeira ordem do ditador
Alfredo Strossner;
• Uruguai: após 15 anos de governos de esquerda (Pepe Mujica e Tabaré) em fins de 2018
o Uruguai elege Luis Lacalle Pou, Presidente de viés político de direita;
• Peru: Pedro Pablo Kuczynski toma posse em 2018 (Presidente de direita), sucedendo
Ollanta Humala (Presidente de esquerda), sendo, contudo, preso por corrupção no final
de 2018, ao longo do mandato. Em 17 de abril de 2019, uma tragédia se sucede no país,
quando o ex-Presidente Alan Garcia (centro-direita e possuidor de 2 mandatos entre
2005-2011), acusado de corrupção, estando prestes também de ser preso, se suicida
com um tiro na cabeça ao ver a chegada da polícia em sua residência para cumprimento
de mandado de prisão. Todos esses Presidentes peruanos são acusados de corrupção
envolvendo, entre outras empresas, a construtora brasileira Odebrecht. Em junho e julho
de 2021, houve eleições pareando a candidata de direita Keiko Fujimori e o de esquerda
Pedro Castillo, com vitória apertada para o segundo;
• Chile: Sebastián Piñera (Presidente de direita) toma posse em março de 2018 para as-
sumir o lugar de Michelle Bachelet (Presidente de esquerda). Vale destacar que há 15

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anos o Chile vem alternando, por vias democráticas, governos de esquerda e de direita,
com estes dois personagens citados sempre ao centro. Agora se encontra na vez da
direita de Piñera;
• Argentina: finalmente, em nosso vizinho vale destacar que o presidente Maurício Macri
(de direita) assume em 2016, substituindo Cristina Kirchner (política declaradamente
de esquerda), sem grande apoio popular e buscando realizar reformas estruturais, tais
quais a previdenciária, além de tentar promover cortes em salários e combate ao déficit
orçamentário apoiando-se em uma agenda neoliberal de direita.
− Em 2018, a economia regrediu (queda no PIB) em torno de -2%. A mesma previsão era
esperada para 2019 e se confirmou;
− A inflação de 2018 na Argentina foi uma das 5 mais altas no Mundo, atingindo o índi-
ce de 48% a.a. Em 2019, a taxa subiu ainda mais, para além dos 50% ao ano;
− Em 2018, o peso argentino sofreu a incrível desvalorização de 115% em relação ao dólar;
− Outros indicadores econômico-sociais iam (e ainda vão) muito mal na Argentina. O
desemprego atinge taxa de mais de 10%, sendo que a pobreza já se instalou em 32%
da população total do país;
− Com vistas a respirar um pouco mais aliviada em meio à crise, em 2018 a Argentina
solicitou ao FMI a maior ajuda já paga pelo fundo monetário em toda sua história,
recebendo nossos vizinhos mais de US$ 57 bilhões;
− Como resultado, após 3 anos completos de governo, Maurício Macri viveu em seu
último ano de mandato (2019) um cenário de enorme insatisfação popular. E os nú-
meros não nos deixariam mentir. Em 2019, o nosso vizinho mais importante experi-
mentou mais um ano de aguda crise econômica.

Em fins de outubro de 2019, como reflexo total da crise econômica, o presidente Mauricio Ma-
cri perde as eleições na Argentina e não consegue se reeleger. O grupo de Cristina Kirchner
(ex-Presidente de esquerda) volta ao poder, após 4 anos fora, capitaneado pelo candidato de
centro-esquerda Alberto Fernández. Kirchner fica com a Vice-Presidência, e Fernández se
torna Presidente – destaco: com uma plataforma de governo de esquerda.

E assim, caro(a) aluno(a), para efeitos de provas de Atualidades e do tema político na Amé-
rica do Sul, podemos afirmar que hoje em dia a América do Sul não vivencia mais uma onda
“esquerdizante”, sendo tal movimento uma realidade vinculada à década de 2000-2010. Po-
rém, os rachas são imensos atualmente, e um novo balanceio (se é que isso é possível) entre
governos de esquerda e direita é a tônica nesta década de 2020 que se inicia, com Argentina
(esquerda novamente) e Brasil (direita), por exemplo, sem contar a manutenção de Nicolás
Maduro na Venezuela (esquerda) e a eleição de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo, um afi-

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lhado político de Evo Morales, na Bolívia (ambos de esquerda), mas com o Equador, Paraguai e
Uruguai com novos (desde 2018) Presidentes de direita.
Veja abaixo quem são atualmente os Presidentes (dados de 1º de agosto de 2021) na Amé-
rica do Sul e quais suas direções políticas.
• BRASIL: Jair Bolsonaro (direita)
• ARGENTINA: Alberto Fernández (centro-esquerda)
• URUGUAI: Luis Lacalle Pou (direita)
• CHILE: Sebastián Piñera (direita)
• PARAGUAI: Mario Benítez (direita)
• BOLÍVIA: Luiz Arce (esquerda)
• Peru (esquerda). Eleições em julho de 2021 e eleição do Presidente de Esquerda Pedro
Castillo
• EQUADOR: Guillermo Lasso (direita)
• COLOMBIA: Iván Duque Márquez (direita)
• VENEZUELA: Nicolás Maduro (esquerda)
• SURINAME: Chan Santokhi (direita)

 Obs.: A Guiana não possui qualquer expressão político-ideológica nem geopolítica no sub-
continente sul-americano. Já a Guiana Francesa é governada pelo governo central
da França.
 Vemos que, dentre as 11 nações principais da América do Sul independentes (com
a exceção da Guina), temos o “placar” em meados de 2021, após a consolidação do
resultado das eleições peruanas, de 4 países à esquerda e 7 à direita.

TEXTO COMPLEMENTAR
BOLÍVIA E CHILE EM 2020 – Novo Presidente e Nova Constituição
No mês de outubro de 2020, a Bolívia e o Chile passaram por importantes mudanças insti-
tucionais. Acerca deste quentíssimo tema de Atualidades, vamos começar a destrinchar tais
distensões pelo nosso vizinho andino, a Bolívia, para depois chegarmos no contexto chileno.
Na Bolívia, quase um ano após a deposição de Evo Morales – político de esquerda total-
mente vinculado às minorias pobres e campesinas cocaleiras, alijado do poder (após quase 15
anos à frente da presidência) por causa de suspeitas de fraude na eleição presidencial de 2019
(pleito em que Morales tentava sua 4ª eleição seguida), ocorre a escolha finalmente de um
novo Presidente. Vence o pleito, com razoável vantagem, um afilhado político de Evo Morales:
o economista de esquerda Luis Arce, do Movimento ao Socialismo.
Luis Arce, ou “Lucho”, como é comumente conhecido, venceu o primeiro turno das eleições
presidenciais no último dia 18 de outubro, superando o ex-Presidente Carlos Mesa, um dos
principais nomes de centro no país.

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Lucho Arce, o novo Presidente boliviano, é um economista e professor universitário. Tra-


balhou no Banco Central da Bolívia e foi ministro da Economia do país durante os governos
de Evo Morales, entre os anos de 2006 e 2017. Arce é visto como sendo o grande responsável
pelo ótimo desenvolvimento econômico da Bolívia ao longo da era Morales. Como um dos
principais nomes do Movimento pelo Socialismo, partido de Morales, Arce ajudou a desenhar
o conjunto de ações que deram força à economia boliviana durante as últimas duas décadas.
Nesse período, o PIB do país saltou de US$ 9,5 bilhões para mais de US$ 40 bilhões. Além dis-
so, houve a queda na inflação e nos índices de pobreza, sendo que esse último indicador caiu
de 60% para 37%, segundo a ONU.
Já no belo e também andino Chile, um ano após as revoltas de outubro de 2019, quando a
população saiu às ruas exatamente com vistas à promulgação de uma nova Constituição, en-
tre outras pautas, comparece um número recorde de pessoas para decidirem o futuro da suca-
teada Constituição, promulgada em 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet. A mudança
foi a forma (e condição) que o governo do Presidente Sebastián Piñera (de direita) encontrou
para tentar aplacar a revolta popular que, em fins de 2019, convulsionou o país. Tais levantes
de 2019 foram tão massivos que até a Cúpula do Clima (ou COP-25), marcada para acontecer
em Santiago nos primeiros dias de dezembro de 2019, e também, a final da Copa Libertadores
de América, evento em dia único agendado para fins de novembro do mesmo ano, no principal
estádio da capital chilena, tiveram de ser cancelados. A Cúpula do Clima foi levada para Madri,
e o jogo decisivo, entre Flamengo e River Plate, fora realizado em Lima, no Peru.
Os chilenos decidiram mudar a Constituição em plebiscito realizado em 25 de outubro de
2020. Por margem ampla – 78% em favor de uma nova Carta versus 22% contra –, nos meses
que se seguem pós-outubro de 2020, um novo marco constitucional será redigido por uma
Assembleia Constituinte, uma opção também chancelada pela população chilena na votação.
Contribuiu, e muito, para o resultado ter havido ampla participação da população jovem do país.
Em um prazo de nove meses a um ano, um novo plebiscito será realizado para aprovar ou
não a nova Constituição – uma nova consulta pública obrigatória.

2.3. Atualidades e Questões mais Críticas na América Latina (em


Especial na Pobre América Central)
2.3.1. A questão da miséria e das fragilidades econômicas

Segundo a CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), braço da ONU
que promove estudos econômicos e sociais para a região, estima-se que, em 2018, 29% dos
latino-americanos viviam na pobreza, e 10% na pobreza extrema, uma porcentagem quase
idêntica à de anos anteriores. São 184 milhões de pessoas, dos quais 62 milhões vivem na
indigência, no limite da subsistência, situado em US$ 2 por dia. Estes indicadores, ou seja, de
queda na pobreza ao longo das duas últimas décadas, foram bastante positivos, ou seja, hou-

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ve de fato uma forte retirada de pessoas da pobreza na América Latina. Contudo, atualmente
considera-se que em grande parte do continente os governos perderam a força em manter o
ritmo de retirada de população da pobreza e da miséria.
Elucidando melhor tal questão destaco matéria do portal do jornal O Globo de 15/01/20193:
Taxa de pobreza atinge 184 milhões de pessoas na América Latina, revela Cepal
Relatório mostra ainda que 62 milhões de latino-americanos vivem em condições de ex-
trema pobreza
SANTIAGO – A pobreza extrema afetou mais de 10% da população da América Latina (AL)
em 2017, estimou na terça-feira um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e
o Caribe (Cepal). São os piores dados desde 2008, e resultam do fraco desempenho das eco-
nomias regionais.
A taxa de pobreza extrema passou de 9,9% em 2016 para 10,2% da população em 2017, o
equivalente a 62 milhões de latino-americanos, enquanto a taxa de pobreza – medida pela ren-
da – permaneceu estável em 30%, ou 2% da população, equivalente a 184 milhões de pessoas.
“A proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza continuou a crescer, seguindo a
tendência observada desde 2015”, afirmou a Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (Cepal) ao apresentar seu relatório anual “Panorama Social da América Latina” na capi-
tal chilena.
– Embora a região tenha alcançado avanços importantes entre a década passada e a me-
tade da década atual, houve contratempos desde 2015, especialmente em termos de extrema
pobreza – disse Alicia Bárcenas, secretária executiva da Cepal, em entrevista coletiva.
De acordo com as projeções da entidade, em 2018 a pobreza cairá para 29,6% da popula-
ção, o que equivale a 182 milhões de pessoas (dois milhões a menos que em 2017), enquanto
a taxa de pobreza extrema permanecerá em 10,2%.
O Uruguai é o país com o menor percentual de pobreza, com 2,7% de sua população viven-
do nessa condição – enquanto o governo do próprio país aumenta esse número para 7,9%,
como resultado de pensões e transferências recebidas por famílias de baixa renda. O mesmo
ocorre em países como Costa Rica (15,1%) e do Panamá (16,7%).
Ele é seguido pelo Chile, com 10,7% (contra 8,6% da medição oficial). Esta redução foi as-
sociada ao aumento da renda do trabalho em domicílios com menos recursos
O Brasil, que sai de uma recessão, atingiu uma taxa de pobreza de 19,9%, segundo as esti-
mativas da Cepal, que não fornecem dados sobre a Venezuela
Associa-se a este fato também o de que, nos últimos 10 anos, mais ou menos, as econo-
mias na América Latina perderam ritmo de crescimento, com grandes países como a Argentina
vivendo sempre em rota de crise (e o Brasil em menor escala). Para se ter uma ideia, estima-se
que, apenas em 2017 (em cenário que se seguiu pior ainda em 2018), o PIB (Produto Interno
Bruto) venezuelano tenha regredido em 15%, com uma inflação de mais de 2.000% ao ano. No
3
https://oglobo.globo.com/economia/taxa-de-pobreza-atinge-184-milhoes-de-pessoas-na-america-latina-revela-ce-
pal-23374086

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caso brasileiro, somando as perdas das crises de 2015 e 2016, experimentamos uma perda de
quase 8% no PIB, isto em apenas 2 anos, nesta que pode ser considerada a nossa pior crise
em termos numéricos de perdas no PIB em todos os tempos – e sobre tal assunto veremos de
forma esmiuçada em nossa aula de Atualidades do Brasil.
No fundo, a América Latina sempre foi a região com as economias mais voláteis do mundo
– hoje, isso é um fato consumado. Há períodos de expansão e prosperidade que são subita-
mente substituídos por outros de estancamento, miséria e piora em índices socais.
Esses ciclos de ápice e queda costumam ser determinados pelos preços internacionais
das matérias-primas que a região exporta e pela disponibilidade de empréstimos e investi-
mentos que vêm de fora. Quando os preços de petróleo, cobre, café, soja etc. sobem no merca-
do mundial, a América Latina prospera. Quando caem, empobrece. Esta é atônica de nossa de-
pendência em commodities, sendo que tais produtos encontram-se em franca queda em seus
preços ao longo dos últimos anos. O mesmo ocorre com bancos e empresas estrangeiras que,
quando investem e abrem crédito, fazem as economias latino-americanas melhorarem. Já
quando os empréstimos e investimentos estrangeiros cessam (e isso acontece com frequên-
cia ao mesmo tempo em que os preços das exportações baixam), vem uma derrocada: desva-
lorização, inflação, desemprego, suspensão de programas sociais e quebras de bancos e em-
presas. Naturalmente, os governos latino-americanos também são responsáveis por não fazer
com que suas economias sejam menos vulneráveis às oscilações internacionais. Mas é justo
reconhecer que não é fácil neutralizar o impacto de um enorme choque econômico externo.

COMMODITIES: Produtos primários minerais e agrícolas, tais como soja, milho, petróleo e fer-
ro (sem qualquer nível de manufatura), de uso global e que são taxados em bolsas de valores
específicas, tais como as de Seul, Amsterdã e Chicago.

2.3.2. A mudança climática

É fato que, muito provavelmente, em função de o aquecimento global ser uma intempérie
que atinge todo o planeta, nenhuma região escapará dos efeitos dele. Entretanto, segundo a
Organização das Nações Unidas, a América Latina é uma das áreas mais vulneráveis às mu-
danças do clima, as quais continuarão aumentando em frequência, força, fatalidades e custos.
As razões dessa alta vulnerabilidade do território vão da geografia às condições socioeconô-
micas e demográficas. A América Latina é a região mais urbanizada do planeta: 80% de seus
habitantes vivem em cidades, onde a pobreza é uma realidade gritante que se traduz em ca-
sas muito precárias e estruturas urbanas sujeitas ao caos diante de qualquer variação severa.
A corrupção também aumenta a fragilidade da região diante da mudança climática – sendo
frequente, por exemplo, que funcionários incumbidos de fiscalizar as estruturas locais autori-

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zem construções inadequadas e façam vista grossa às violações de leis urbanísticas em troca
de propinas.
A mudança climática trará, muito provavelmente, os choques externos mais transforma-
dores que a América Latina já viveu. Mudar-se-ão os locais e a maneira como vivem os latino-
-americanos, o que produzem e o que gastam – além de quais serão os conflitos domésticos
e internacionais que precisarão enfrentar.

2.3.3. A revolução digital e o emprego

Pressupostos do mundo moderno (inteligência artificial, big data, robótica, blockchain,


computação quântica e redes neurais) são os campos em que as revoluções tecnológicas
mudam o mundo hoje em dia de forma impactante.
As possibilidades que essas novas tecnologias abrem são maravilhosas. Mas os proble-
mas que apresentam também são enormes. Importante efeito indesejável da revolução digi-
tal é a possibilidade de destruir muitos postos de trabalho existentes, sem antes criar outros
novos. Assim, na América Latina, o impacto da automação sobre o mercado de trabalho de-
verá ser ainda mais forte. De acordo com a ONU, nas próximas décadas, dois em cada três
empregos formais na América Latina serão automatizados. O choque externo produzido pela
revolução digital pode ser tão determinante como o da mudança climática.

2.3.4. A diáspora na América Central

A associação entre os contextos de letargia econômica, desemprego, pobreza e violência


vem resultando em uma fuga contínua a qual vem ocorrendo, a bem da verdade, desde a dé-
cada de 1980 e se estende adentro desta nova década que se inicia. Mesmo com políticas ul-
trarrígidas de contenção à entrada de imigrantes, principalmente por parte dos EUA, ainda se
identifica de forma aguda um processo de evasão de população de países da América Central.
Países tais quais Guatemala, Honduras, El Salvador, entre outros, formam hordas de pessoas
que migram rumo aos Estados Unidos – e ao México também, por incrível que pareça. Ocorre
nestes países mais pobres da América Central a eclosão de gangues urbanas e de milícias
rurais internas formadas desde a década de 1990, a qual posicionou os países da América
Central, entre outros aspectos, no topo do ranking global de violência: El Salvador e Honduras
se revezam na liderança desta carnificina em 2020, com média de número de homicídios por
grupo de 100.000 habitantes em aproximadamente 3 vezes acima da média do Brasil.
Por fim, vale destacar que a severidade adquirida ao longo dos últimos anos por parte das
políticas antimigratórias dos Estados Unidos, estas declaradamente refratárias à entrada de
população oriunda em especial de países latino-americanos, chegou a encrudescer a ponto de
haver sido permitido (isso por um período superior a um ano), no governo de Donald Trump,
que houvesse a separação de pais e filhos que estivessem a ingressar ilegalmente no país ou

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fossem pegos vivendo em situação análoga à de imigrantes ilegais no país. Para os pais, vigo-
rava, portanto, um tipo de prisão. Já para as crianças, outro tipo de albergue separado. Após
muitos protestos por parte dos grupos pró-direitos humanos, Trump revogou o ato. Contudo,
consequências drásticas ocorreram, à medida que dezenas de crianças simplesmente não
conseguiram reaver seus pais após o fim dessa separação forçada, seja porque vários desses
pais chegaram a se matar ou fugiram das prisões e também porque os cadastros, em erro cras-
so por parte do governo norte-americano, não conseguiram localizar os parentes das crianças.

2.4. Unasul x Prosul


A UNASUL é a União das Nações Sul-Americanas (composta por 12 países, originalmente).
Embora não seja um bloco econômico, a UNASUL origina-se basicamente da fusão dos países
do MERCOSUL + CAN (Comunidade Andina das Nações), este último um bloco econômico
criado em 1969 pelo Protocolo de Cartagena.

A UNASUL foi criada em 2008, em Brasília. Formou-se através da intenção de se constituir


uma mútua cooperação entre os países do subcontinente sul-americano com vistas a coope-
rações em setores como infraestrutura, energia, educação, transportes entre outros. Obteve
êxito inicial por ser realidade um alinhamento entre quase todos os países sul-americanos em
torno de governos de esquerda, que, tal qual já vimos em nossa aula, em fins da década de
2000-2010 e na entrada da década de 2010-2020, estiveram evidenciados como nunca antes
na região.
Com o passar dos anos, contudo, uma série de países que possuíam governos de esquer-
da mudaram os seus rumos político-ideológicos, migrando para a direita, tal qual o Brasil, a
Argentina e o Chile. Sendo assim, a UNASUL se enfraquece, pois o seu propósito originário
residia em torno de um alinhamento com base entre nações ideologicamente governadas
pela esquerda. Nesse período (basicamente a partir da segunda metade da década de 2010),
ocorre também o ocaso absoluto daquele que é considerado o país-bastião das esquerdas na
América do Sul: a Venezuela.
Por fim, para se discutir, ao menos em tese por parte da nova direita sul-americana, acerca
da crítica situação venezuelana, formou-se um fórum por parte de países de direita do conti-
nente – tais quais Brasil, Argentina, Colômbia (e até o Canadá se incluiu, em um total de 14

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participantes), denominado como o Grupo de Lima: associação de países que vem à luz no
âmbito das relações internacionais regionais exatamente com vistas a tentar estruturar uma
agenda de reuniões e debates em que possam ganhar envergadura mecanismos que consi-
gam dar solução ao drástico cenário de crise institucional e econômica que se arrasta há anos
na Venezuela. Visto isto, o Grupo de Lima origina também o embrião para a formação de um
nova mútua dos países sul-americanos, o PROSUL, englobando nesta mútua apenas países
com direcionamentos políticos de direita.
Em fevereiro de 2019, um acordo é formalizado no Chile com a presença do Presidente
Jair Bolsonaro, resultando na formação do PROSUL, ou PRONASUL. Consolida-se, por este,
a divisão entre a UNASUL e o PROSUL, sendo a primeira uma sociedade mútua mais antiga e
agora esvaziada, a qual envolve os países ideologicamente à esquerda da América do Sul (atu-
almente apenas o Uruguai, a Bolívia e a Venezuela). Já a nova mútua, chamada PROSUL (ou
PRONASUL), integra os países da direita, liderados pelo Brasil, Chile, Argentina4 e Colômbia.

Em suma:
UNASUL (União de Nações Sul-Americanas): iniciado em 2008, reúne, além dos países do
MERCOSUL, Guiana e Suriname. Bolívia e Venezuela também são membros.
PRONASUL (Foro para o Progresso da América do Sul): reúne Argentina5, Brasil, Chile, Para-
guai, Peru, Colômbia, Equador e Guiana. Exclui Bolívia e Venezuela, governados por Presiden-
tes de esquerda.

2.5. O Mercosul
Formalizado pelo Tratado de Assunção de 1991, o MERCOSUL tem seu início conceitual
um pouco antes disto, exatamente quando, em meados da década de 1980, Brasil e Argentina
iniciam tratativas bilaterais frente à promoção de escalas mais liberalizadas de comércio entre
ambos. Ou seja, a origem do MERCOSUL se deve à formação de uma Zona de Livre Comércio
(ZLC) com base nos interesses bilaterais do Brasil e da Argentina.
Outro embrião importante do MERCOSUL se encontra na ALADI (Associação Latino-Ameri-
cana de Integração), um organismo intergovernamental criado em 1980, que deu continuidade
ao que buscara pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), esta de 1960
– ou seja, promover a expansão da integração da região com vistas a garantir seu desenvolvi-
mento econômico e social, tendo como ambiciosa meta finalística promover a criação de um
mercado comum latino-americano.

4
Com a volta de um governo de esquerda à Argentina em 2020 (com o Presidente Alberto Fernández e a vice Cristina
Kirchner), ocorre a possibilidade de que o país andino se volte à UNASUL.
5
Idem nota 4.

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2.5.1. Membros do MERCOSUL

Atualmente, o MERCOSUL possui 5 membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai


e Venezuela.
Os 4 primeiros citados acima são os membros originais do bloco – que desde o Trata-
do de 1991 fazem parte efetivamente. Já a Venezuela, entrou no bloco em definitivo somen-
te em 2012.
Há também os chamados “membros associados” – no caso, Bolívia (desde 1996), Chile
(1996), Peru (2003), Colômbia (2004), Equador (2004), Guiana (2013) e Suriname (2013).

Em dezembro de 2016, por infringir em torno de 75% dos tratados e 20% das normas de livre
comércio, a VENEZUELA foi suspensa do bloco. Meses depois, em agosto de 2017, o país so-
fre nova medida SUSPENSIVA, dessa vez de cunho político, em função de se retalhar a forma
como o governo local e as forças oficiais trataram milhares de oposicionistas saídos às ruas
da capital do país, Caracas, em protestos contra a formação da Assembleia Constituinte per-
sonificada por Nicolás Maduro. Mas, ainda assim, com DUAS SUSPENSÕES nas costas, segue
a Venezuela como sendo um país-membro efetivo do MERCOSUL, ok?

2.5.2. Os estágios de formação dos blocos econômicos

Para que entendamos a atual formatação do MERCOSUL, em conhecimento que servirá


quando mais à frente falarmos sobre o contexto da UNIÃO EUROPEIA, vejamos como evoluem
os blocos econômicos, as fases para a formação dessas modernas alianças e onde se encon-
tra em 2019 o MERCOSUL:
• 1ª – Zona de Livre Comércio: é o primeiro estágio de um bloco. Ainda frágil, em termos
de regras formais, mas revestido de protocolos de boa vontade acerca de se fomentar
escalas liberalizadas de comércio entre os países. No caso do MERCOSUL, ocorre em
fins da década de 1980, entre Brasil e Argentina.
• 2ª – União Aduaneira (Tarifa Externa Comum): um avanço ante a ZLC. Regras mais rígi-
das e formação de uma tarifa externa comum. Este é o estágio em que o MERCOSUL se
encontra encaixado mais plenamente hoje em dia.
• 3ª – Mercado Comum: nessa fase deve ocorrer a integração de seus indivíduos, o que
inclui livre passagem, livre residência e completa queda de barreiras ante, por exemplo,
o livre ingresso nos mercados de trabalho. É interessante notar que o MERCOSUL ainda
não conseguiu de forma plena ingressar nesta fase, pois, entre os países integrantes do
bloco, ainda ocorrem barreiras burocráticas frente à plena liberalização do mercado de
trabalho. Em termos de livre trânsito e residência, tais liberdades já se encontram ga-
rantidas (havendo, inclusive, um passaporte único do MERCOSUL E PLACAS COMUNS

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DE CARRO ADOTADAS DESDE 2019 em alguns Estados do Brasil). Contudo, os entraves


relativos a um mercado de trabalho liberalizado fazem com que este estágio fundamen-
tal a um bloco econômico, o de mercado comum, ainda não tenha sido concretizado no
bloco de forma plena.

A fim de aprofundar a agenda cidadã da integração, foi aprovado, em 2010, o Plano de Ação
para a Conformação de um Estatuto da Cidadania que visa ampliar e consolidar o conjunto de
direitos e benefícios para os cidadãos dos Estados Partes. Alguns dos pressupostos, contudo,
previstos para ocorrer até 2020, não conseguiram ser colocados para frente ainda, tal qual a
plena liberalização dos mercados de trabalho dos países-membros.

• 4ª – União Econômica e Monetária: forma-se pela unificação de procedimentos monetá-


rios, realizada em essência pela instituição de uma moeda única e de um Banco Central
comum. Apenas a União Europeia alçou tal estágio, quando, em 1999, institui o Euro
como moeda oficial. Atualmente, encontram-se dormentes tais tratativas para o MER-
COSUL dentro deste âmbito, tendo havido somente iniciativas pontuais que auxiliam ao
intercâmbio de investimentos e no fomento financista dentre os países do bloco, mas
que ainda não formam, nem de longe, uma União Econômica Monetária.

2.5.3. Os principais mecanismos de cooperação existentes no MERCOSUL

A Corporação Andina de Fomento (CAF), que começou a operar em 1970, é uma instituição
financeira multilateral sub-regional com características de banco de desenvolvimento: Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai possuem em torno de 20% do capital.
O Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM), criado em 2004, mas que se tornou opera-
cional apenas em 2007, é um fundo fiscal atrelado ao MERCOSUL.
No âmbito de um acordo de integração, mecanismos que visem a facilitar o comércio in-
trarregional são de especial importância. É nessa perspectiva que se insere o Sistema de Pa-
gamentos em Moeda Local (SML), o qual entrou em vigor em 2008, entre Brasil e Argentina. No
SML, a liquidação das transações para os importadores e exportadores é feita em moeda local,
sendo apenas a compensação entre os bancos centrais feita em dólar.

2.5.4. Os entraves recentes do MERCOSUL

O MERCOSUL não vem conseguindo projetar ao longo dos últimos anos um crescimento
considerável, tanto em relação à sua força geopolítica como também em torno de sua força
comercial.
Alguns pontos precisam ser compreendidos acerca de certos entraves percebidos, os
quais resultaram no enfraquecimento do bloco. Vamos aos principais, então:

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• As assimetrias entre o tamanho das economias e a TEC: as tarifas externas comuns


visam determinar padrões iguais e formais ao intercâmbio entre mercadorias por parte
dos países integrantes de um bloco econômico. De forma simplificada, significa dizer
que, se o Brasil vende sapato para a Venezuela e eles também vendem sapatos produ-
zidos por lá ao Brasil, ambos deverão ser taxados nas respectivas alfândegas dos res-
pectivos países em mesma tarifa. Mas, no caso do MERCOSUL, o que vem acontecendo
é que uma série de exceções acerca de tais tarifas comuns (as TECs), com vistas a não
se prejudicar os países menos competitivos do bloco, vem tendo espaço. Assim, com
mais de uma centena de exceções na TEC no MERCOSUL, ficou mais difícil consolidar
uma União Econômica no pleno;
• O protecionismo argentino: a Argentina, apesar de ter sido, ao menos no papel, uma
entusiasta e defensora do MERCOSUL, veio ao longo dos anos promovendo medidas
nitidamente protecionistas ante a sua indústria e o seu mercado consumidor. O prote-
cionismo ocorre quando um país busca por meio de medidas de aumentos na taxação
dificultar a entrada de produtos estrangeiros em seus mercados, ou retendo a venda
de produtos essenciais com vistas a provocar um aumento em seu preço no mercado
externo, como no caso de sua política externa acerca do trigo e suas iniciativas para
aumentar o preço do cereal artificialmente. O protecionismo fere os princípios basilares
que levam ao fomento a um livre mercado e que permeiam o modelo ideal de funciona-
mento de um bloco econômico;
• Novos parceiros comerciais dos países do MERCOSUL (China ao centro): um ponto
fundamental em Atualidades acerca do MERCOSUL reside no fato de que o comércio
intrabloco vem passando por um declínio ao longo dos últimos quinze anos. Explica-se
tal queda em função da entrada agressiva de um player global: a China, como forte par-
ceiro comercial dos países do bloco, aproveitando-se, também, da queda na produção
industrial nos países do MERCOSUL, a qual resulta logicamente em uma consequente
perda na agressividade sobre os mercados regionais de produtos manufaturados feitos
no próprio MERCOSUL (e em especial do Brasil e da Argentina). No caso brasileiro, o
gigante oriental veio ultrapassando tradicionais parceiros comerciais para, atualmente,
fixar-se como o maior parceiro comercial do Brasil tanto em relação às importações
quanto às exportações.

Para se ter uma ideia, o Brasil em 2018 comercializou quase 3 vezes mais com a China
em se comparando à Argentina. A China possui atualmente cerca de 20% do comércio exte-
rior brasileiro. Já a Argentina, relegada, ficou como nosso terceiro maior parceiro comercial
(atrás também dos EUA), não conseguindo abocanhar nem 7% das transações internacionais.
No gráfico a seguir6, podemos perceber tal dinâmica, de queda no comércio entre o Brasil
e o MERCOSUL ao longo dos últimos anos (2005-2015).
6
Fonte: https://www.anpec.org.br/encontro/2016/submissao/files_I/i7-b5c9729156d234fddb1664f56d8a4662.pdf

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2.5.5. A formação de um Tratado de Livre Comércio entre União Europeia e MERCOSUL

Ponto fundamental em atualidades sobre o MERCOSUL diz respeito às tratativas a respei-


to da formação de um acordo pleno de liberalização entre a União Europeia e o MERCOSUL,
seguindo avançadas tais negociações ao longo do ano de 2019, porém retornando quase à
estaca zero em 2020 e 2021.
Ainda sem prazo totalmente definido acerca do fim das negociações entre os blocos, essa
enorme costura multilateral, após avançar enormemente ao longo dos últimos anos (princi-
palmente no Governo Temer, de 2016 a 2018), deveria, portanto, logo funcionar na prática,
mas não é o que vem acontecendo nestes dois últimos anos.
Tal acordo já vinha sendo costurado, a bem da verdade, fazia mais ou menos 20 anos, mas
esbarrou em alguns pontos. Um deles, bem latente, reside na França e na apreensão que seus
agricultores, sabidamente subsidiados e muito protegidos pelo Estado e pela política agrícola
comum da União Europeia. Há ainda, por parte dos setores agrícolas europeus, temores acerca
de como a alta competitividade dos parques agrícolas da Argentina e, principalmente, do Bra-
sil, vão impactá-los. Reside também uma premissa, caso um acordo comercial UE/MERCOSUL
ganhe forma, onde um compêndio de regras mais claras e menos patriarcais por parte dos
governos locais europeus, com o fim dos auxílios à produção agrícola – conhecidos por todos
como “subsídios” –, seja realidade.
Interessante observar: pelo fato de o Reino Unido, outra oposição a tais acordos comer-
ciais (com o MERCOSUL, entre outros), em 2020 se encontrar finalmente fora da União Euro-
peia, contribuiu (em tese) para que avançasse a costura UE/MERCOSUL. Por fim, os Estados
Unidos e sua nítida política de isolacionismo comercial promovida por Donald Trump, ao dar
cada vez mais as costas a tratativas comerciais multilaterais, também facilitaria no andamen-
to deste acordo (contudo, Trump perde em novembro de 2020 e não se reelege, dando lugar
a Joe Biden). Sem dúvida, um acordo comercial robusto entre MERCOSUL e União Europeia
seria formalizado em pouco tempo, sendo que os anos de 2017 e 2018 (com Temer) e 2019

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(Bolsonaro) no Brasil (ao menos até o meio do ano) foram fundamentais para que houvesse
avanços nesta questão.
Abaixo, podemos ver, segundo matéria da Deutche Welle, portal de notícias alemão com
ação em todo o mundo, em sua página na internet datada em 06/06/20197, que o acordo co-
mercial era eminente em meados de 2019. Leiam abaixo a matéria e sigam comigo para enten-
demos quais foram as mudanças mais recentes neste cenário! Lembrem-se de que a matéria
é de 2019, quando o cenário (inclusive o Presidente da Argentina) era outro em relação a evo-
lução do acordo, ok? Sigamos juntos:
Acordo entre UE e MERCOSUL é iminente, dizem Bolsonaro e Macri
Pacto comercial entre a União Europeia e o bloco é negociado há mais de 20 anos. Em Bue-
nos Aires, Presidente sugere apoio à reeleição do argentino e diz que toda a América do Sul teme
o surgimento de “novas Venezuelas”.
O Presidente Jair Bolsonaro e seu homólogo argentino, Mauricio Macri, garantiram nesta
quinta-feira (06/06) que a assinatura de um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o
MERCOSUL é iminente. A declaração foi feita ao fim de uma reunião entre os dois líderes em
Buenos Aires.
“Estamos prestes a chegar a um acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia, eu o felicito
[Macri] pelo seu trabalho. Todos ganhamos com isso”, disse Bolsonaro durante o pronuncia-
mento realizado ao lado do Presidente argentino na Casa Rosada. Atualmente, a Argentina
detém a presidência temporária do bloco sul-americano.
Macri endossou a declaração de Bolsonaro. “O MERCOSUL está completando 30 anos, e o
mundo mudou. Claramente a visão inicial de integração tem que estar focalizada também em
como nos incluímos no desenvolvimento global, que é fundamental para o futuro de nossos
países”, afirmou.
As negociações entre a UE e o MERCOSUL se arrastam há mais de duas décadas. Em 2004,
os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa fracassou diante da discordância
sobre a natureza dos produtos e serviços que seriam englobados no acordo. Os sul-america-
nos queriam mais acesso ao controlado mercado agrícola europeu. Já a UE desejava avançar
no setor de serviços e comunicações dos países do MERCOSUL.
Nos últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais significativo, mas ain-
da esbarram em várias divergências envolvendo a indústria automobilística e a circulação de
produtos como carne bovina. Várias associações de produtores europeus temem a concor-
rência dos brasileiros, já que estes não ficaram satisfeitos com o sistema de cotas oferecido
pelos europeus.
Na Casa Rosada, os Presidentes também conversaram sobre as eleições presidenciais na
Argentina. A menos de cinco meses do pleito, Macri, que deseja se reeleger, caiu fortemente
nas pesquisas devido à crise econômica que o país vive há um ano.

7
https:/www.dw.com/pt-br/acordo-entre-ue-e-MERCOSUL-%C3%A9-iminente-dizem-bolsonaro-e-macri/a-49093910

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Bolsonaro reiterou seu apoio ao mandatário argentino e disse que toda a América do Sul
teme que surjam “novas Venezuelas” na região. “Devemos nos preocupar e tomar decisões
concretas nesse sentido, cada vez mais unindo e somando nossos povos, buscando em cada
um deles seu potencial de maneira irmanada, para que o progresso e a paz cada vez mais rei-
nem entre nós”, declarou.
Bolsonaro chamou ainda Macri de “irmão” e pediu que Deus abençoe os argentinos para
que elejam com “muita responsabilidade e menos emoção”, em prol da paz e da prosperidade,
em claro apoio à candidatura do atual governante e contra a ex-Presidente Cristina Kirchner,
embora não tenha mencionado o nome de nenhum candidato.
Em resposta a um protesto na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, convocado por
mais de 50 iniciativas sociais contra a visita de Bolsonaro, Macri afirmou que, em conversas
com o brasileiro, ratificou o compromisso da Argentina com os direitos humanos.
Bolsonaro chegou no fim da manhã em Buenos Aires. Ao contrário de seus antecessores,
que tradicionalmente fizeram a primeira viagem oficial à Argentina, essa foi a quarta visita in-
ternacional do brasileiro desde que ele assumiu a Presidência em janeiro. Bolsonaro já esteve
nos Estados Unidos, Chile e Israel.
O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina. Em 2018, o intercâmbio comercial
entre os dois países chegou a 26 bilhões de dólares, com um superavit de 3,9 bilhões de dóla-
res para o Brasil.
Em Buenos Aires, Bolsonaro se reunirá ainda com políticos argentinos e empresários. A
visita oficial termina na sexta-feira com um almoço no Museu Casa Rosada.

Seguindo: a formação de um amplo acordo econômico entre a UE e MERCOSUL entrou em


2020 bastante abalada após ter caminhado em céu de brigadeiro ao longo de 2018, e nos pri-
meiros meses de 2019. E não podia ser diferente. Nossa política externa, outrora comandada
até abril de 2021 por Ernesto Araújo, bradou, sempre que possível, possuir posições radical-
mente contra temas globais consolidados, tais quais o meio ambiente e direitos humanos. Não
é recomendável essa falta de maturidade no direcionamento de nossa política externa (que
sempre foi temperada por bom senso e conciliação) acerca de temas tão sensíveis globalmen-
te, além de nos indispormos justamente com a Alemanha e a França, os dois países motrizes
da União Europeia, tal como ocorrido nos meses de julho e agosto de 2019.
Além de tudo, as relações entre Brasil e Argentina (os dois pilares do MERCOSUL) faz déca-
das que não sofrem tamanha animosidade. Tudo isso se deve, fundamentalmente, ao fato de,
desde 2020, estarem os países em campos políticos opostos. Tal qual vimos antes nesta aula,
o Brasil ostenta um governo de direita, com Jair Bolsonaro à frente, e a Argentina, um (novo)
governo de esquerda, com Alberto Fernández. Sendo assim, em nada ajuda para o MERCOSUL
que os países estejam em campos político-ideológicos opostos, com seus Presidentes, para
se ter uma ideia, estejam declaradamente com relações cortadas.

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TEXTO COMPLEMENTAR
PARLAMENTO EUROPEU MANIFESTA OPOSIÇÃO AO ACORDO MERCOSUL/ UE
E tal qual vimos em nossa aula, ao longo dos anos do Governo de Michel Temer (2017/2018)
e seguindo no governo de Jair Bolsonaro, as tratativas acerca de um acordo comercial com a
União Europeia por parte do MERCOSUL avançaram bastante, isso ao menos até meados de
2019. Mas eis que, a partir da metade do ano de 2019, a política externa de Bolsonaro, coman-
dada pelo Ministro Ernesto Araújo, promove uma série de ruídos com os países-base da EU, e
as negociações ante um acordo comercial robusto com a Europa começaram a virar vinagre.
Dentro desse escopo de negociações (e recentes rusgas e frustrações), o Parlamento Euro-
peu aprovou, em 7 de outubro de 2020, uma resolução que manifesta oposição à ratificação do
acordo comercial entre a União Europeia e o MERCOSUL, justificadas em função, via de regra,
de preocupações acerca da condução da política ambiental no Brasil.
Aprovado por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções, o texto diz que nosso país vai
contra os “compromissos feitos no Acordo de Paris, particularmente no combate ao aqueci-
mento global e na proteção da biodiversidade”8.
O alerta consta, na verdade, como emenda a um relatório de 2018 sobre as políticas co-
merciais do bloco. O documento concluía que a integração com os sul-americanos teria o po-
tencial de diversificar as cadeias produtivas da Europa e poderia criar um mercado conjunto de
aproximadamente 800 milhões de habitantes.

2.6. A Venezuela
Para entender a atual situação de ocaso político/econômico que a Venezuela vem passan-
do, precisamos remeter sobretudo à história da formação deste governo de esquerda – que
está em sua segunda geração (pois Maduro sucedeu Chávez em 2013) e se autodenomina
como sendo o “Socialismo do século XXI”.

2.6.1. O contexto do chavismo e Maduro

Em 1999, ocorre a eleição de Hugo Chávez como Presidente venezuelano. Coronel do Exér-
cito, Hugo Chávez uniu as esquerdas venezuelanas no movimento denominado como V Repú-
blica, criado exatamente de seu projeto de Estado Socialista que logrou vencedor. Até então,
a Venezuela jamais havia possuído um governo de esquerda, e ostentava por décadas alto
crescimento econômico e prosperidade. Na década de 70, era o país com melhor poder de
compra dentre todos da América Latina. Esse cenário durou, contudo, até o fim da década de
80, quando (e importante destacar, anos antes da chegada de Hugo Chávez ao poder) o país,
que outrora fora chamado como “Venezuela Saudita”, passou a viver uma crise econômica e

8
Leia sobre o tema Acordo de Paris na nossa aula.

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política (cenário de extrema corrupção), sendo que Chávez se elege com a promessa de es-
truturar uma plataforma reformista.
Governando a partir de 1999 com uma nova Constituição debaixo do braço, promulgada
em primeiro ano como mandatário eleito, a qual lhe permitia ser reeleito por quantas vezes
fosse referendado por seu povo, Chávez surfou numa onda de alta contínua do preço interna-
cional do petróleo que se estendeu até, mais ou menos, o ano de 2013/2014. Vale destacar
que o petróleo representa 85% das exportações venezuelanas. Como resultado prático, houve
na década retrasada (de 2000 a 2010) melhoras sociais promovidas pelo modelo assistencia-
lista promovido pelo chavismo em uma primeira fase, quando, de fato, milhares de pessoas
saíram da linha da pobreza. Contudo, há uma série de críticas a este modelo “Bolivarista”
orquestrado por Hugo Chávez. Uma delas reside no fato de não ter havido, por parte de seu
governo, qualquer diversificação nas matrizes econômicas do país, tal qual escalas mínimas
de industrialização, a qual se manteve alicerçada numa dependência absurda nos ganhos do
petróleo. Outra questão fundamental reside no alto custo de se bancar esse movimento socia-
lista que é enormemente assistencialista, o qual subsidia até o supermercado das populações
mais carentes. Esse modelo não tinha lastro e, de fato, ruiu à medida que o preço do petróleo
começou a cair a partir de 2012/2013: o barril, que chegou a valer algo em torno de US$ 130
(em 2012), caiu para um piso, em 2016, de US$ 35 – queda, em menos de 4 anos, a pouco mais
de ¾ de seu preço.
Em meio a isso, houve também a troca do comando central na Venezuela: Hugo Chávez
morre as vésperas de iniciar seu 4º mandato seguido, para em seu lugar entrar o seu vice,
Nicolás Maduro, que vem a iniciar seu primeiro governo onde, sob pressão do Congresso,
contudo, fora levado a convocar um pleito separado, sendo, finalmente, eleito pela população
venezuelana nos primeiros dias de 2014.
Já em 2016, em meio a uma crise econômica aguda que se estende até hoje, as eleições
parlamentares na Venezuela dão ampla maioria no Congresso venezuelano para a oposição.
No início de 2017, pouco após a posse dos novos parlamentares, Maduro dissolve as ativi-
dades do Legislativo e convoca em lugar dos parlamentares uma ANC (Assembleia Nacional
Constituinte). Manifestações tomam as ruas de Caracas, e mais de 120 pessoas são mortas.
Maduro recua, mas as atividades deste novo parlamento francamente oposicionista são tolhi-
das pelo Tribunal Superior.

2.6.2. A Venezuela em 2019/2020

Bom, visto tudo isso, valem alguns destaques em atualidades linkados a essa questão
histórica e também à formação da ANC (Assembleia Nacional Constituinte) de 2017; além das
ações de Maduro e das Forças Armadas ante o combate aos oposicionistas, como ele vem
conduzindo o seu governo e o ocaso econômico vivido.

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Estes são os principais pontos acerca da Venezuela em ATUALIDADES nos anos de


2019/2020:
• A Venezuela hoje se encontra SUSPENSA do MERCOSUL. O país é ainda um membro
permanente, tendo sofrido, contudo, duas suspensões. A primeira ocorre em 2016, por
questões de cunho econômico, e à medida que o país não cumpriu uma imensa parte
dos acordos previstos intrabloco desde seu ingresso, em 2012. A segunda suspensão
(em 2017) é sanção punitiva acerca da forma como Maduro e suas forças (leia-se as
“Forças Armadas”), reprimiram os protestos ocorridos no início de 2017, que confronta-
ram oposicionistas e partidários, levando à morte de mais de 120 pessoas.
• Em fevereiro de 2019, apareceu a figura de Juan Guaidó, um parlamentar oriundo dos
quadros de oposição que se autoproclamou como sendo o novo Presidente venezuela-
no. A direita local até chegou a embarcar nessa, mas ele não conseguiu tomar o poder
de fato – e nem ao menos angariar qualquer reconhecimento internacional, além de
Brasil e Estados Unidos (países que logo desistiram de oferecer suporte para um golpe
sobre Maduro encabeçado pelo jovem parlamentar).
• Maduro convocou, em meados de 2018, uma eleição presidencial a toque de caixa e
conseguiu ser reeleito, porém, com apenas 42% de participação popular. Isso gerou uma
crise de legitimidade dentro (e também fora) do país acerca de seu novo mandato. Mes-
mo assim, em 9 de janeiro de 2019, sob protestos da comunidade internacional e da
oposição local, ele toma posse para mandato, que deve se estender legalmente até 2024.
• Em 2018, a inflação na Venezuela ultrapassou a casa de um milhão por cento por ano.
Isso mesmo: 1.000.000% de inflação! Sendo assim o país no mundo com a maior crise
econômica instalada, ao menos dentre aqueles onde não há uma guerra civil declarada
(o que ocorre hoje apenas na Síria e no Iêmen).
• Um ponto em atualidades fundamental, o qual se questiona enormemente, é como por
lá (através da figura de Maduro) ocorreu o solapamento de estamentos basilares do
Estado Democrático de Direito, sendo um deles, como exemplo: o exercício livre e au-
tônomo dos Poderes. Maduro governa apoiado no Poder Judiciário e Forças Armadas
apenas, destruindo o Legislativo local – este em franca oposição a seu governo. Ainda
dentro deste desbalanceio dos Poderes promovido diretamente por sua atuação ante o
governo da Venezuela, Maduro molda o Poder Executivo tal qual sua ideologia boliva-
rista, aparelhando estatais e a administração pública direta e indireta com pessoal dos
quadros de seu partido.
• A crise migratória na Venezuela já produziu mais de 5 milhões de deslocamentos que
não param de ocorrer. Desentendimentos com seus vizinhos fizeram com que as fron-
teiras com Brasil e Colômbia ficassem fechadas por decisão tomada pelo próprio gover-
no venezuelano. No caso brasileiro, foram em torno de 3 meses de fronteiras fechadas,

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havendo a reabertura em maio de 2019. Essa crise foi causada devido às tratativas
do Brasil em fornecer ajuda humanitária ao país vizinho, algo que foi considerado uma
afronta por Maduro.

Veja matéria abaixo do G1, de 21/03/20199:


Venezuela fecha fronteira com o Brasil
Bloqueio do lado venezuelano começou às 21h de quinta e, por ordem de Maduro, não tem
prazo para terminar. Grupos de estrangeiros que entraram em Roraima pouco antes das 20h (ho-
rário local) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar.
A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite após Nicolás Maduro determinar
o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por
volta das 8h do dia seguinte.
Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em Bra-
sília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário
definido por Maduro. Na manhã desta sexta, moradores do país vizinho tentavam voltar para lá.
Até as 21h29 o fluxo ainda era liberado para pedestres, no entanto, a passagem de veículos
era proibida. Guardas venezuelanos colocaram cones no meio da pista a poucos metros do
primeiro ponto de fiscalização no país.

9
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2019/02/21/venezuela-fecha-fronteira-com-o-brasil.ghtml.

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O Presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda humanitária


oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do autoproclamado
Presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma interferência ex-
terna na política da Venezuela.
Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram para Pacaraima,
cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de mantimentos. Um comerciante da re-
gião relatou aumento de 30% no movimento em relação a “dias comuns”.
No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os países fica-
ria “fechada total e absolutamente até novo aviso” .
Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma intensa
movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a Santa Elena. Uma
fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.
O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de comida,
remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O porta-voz do Presiden-
te Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda humanitária está mantida.

Após 3 meses fechada por decisão unilateral de Maduro, o governo venezuelano resolveu rea-
brir a fronteira com o Brasil em maio de 2019. No caso da fronteira da Venezuela com a Colôm-
bia, esta foi reaberta em junho de 2019, após quase um ano fechada.

O NÚMERO DE VENEZUELANOS no Brasil bateu, em meados de 2019, cifra na casa de 100.000


indivíduos, os quais, em sua imensa maioria, estão alocados em condições de extrema po-
breza, morando nas ruas das cidades de Roraima, principalmente na capital, Boa Vista. Peru
e Colômbia são outros dois imensos receptores de imigrantes venezuelanos, perfazendo esti-
madamente mais de 1 milhão de venezuelanos atualmente em cada um destes países. Já em
meados de 2020, o Governo Federal reviu os dados e estima, através da Operação Acolhida,
comandada pela Casa Civil e encampada pelo Exército para receber e acolher venezuelanos
(que aqui são classificados como refugiados), que algo em torno de 250.000 venezuelanos já
tenham entrado no Brasil ao longo dos últimos anos.

Por fim, na entrada de 2020, as relações entre Brasil e Venezuela azedam de vez. Os paí-
ses rumam rapidamente a um rompimento diplomático, o que é péssimo para o MERCOSUL.
Em março de 2020, ambos os Presidentes dão seguimento à retirada de seus representantes
diplomáticos nos dois países.
No campo externo, a Venezuela tenta se segurar como pode com ajuda chinesa, país este
que é, atualmente, junto a Cuba, seu parceiro no exterior. No Caribe, as tropas americanas se-
guem de prontidão, como um aviso de que poderia, ao menos enquanto Donald Trump estava

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no poder (2017-2020), atacar o país e mudar o governo, mas tal movimentação é vista ainda
com cautela por analistas em relações internacionais.

2.7. O Estados Unidos Hoje


2.7.1. A eleição de Donald Trump e o “rust-belt”

Eleito através um sistema eleitoral complexo, do tipo indireto, e com menos votos popu-
lares que a tarimbada senadora por Nova York, sua rival Hilary Clinton (algo em torno de 2,8
milhões de diferença de votos pró-parlamentar), o bilionário se valeu da vitória em Estados
chaves do chamado “manufacturing-belt”, o cinturão a Nordeste dos EUA, que fora por décadas
o motor pulsante da indústria global e da pujança financeira, mas que atualmente se encontra
esfacelado por perdas relativas à transferência de plantas fabris para países com melhores
vantagens competitivas (leia-se “salários bem mais baixos, leis ambientais frouxas e sindica-
tos fracos ou inexistentes”), tal como a China, além de Índia, Tailândia, Indonésia e parte da
América Latina, especialmente o México, entre outros.
Tal retrocesso econômico é resultado direto da nova estruturação econômica global pós-
-fordista (a partir dos anos 1970), intensificado pelo processo de globalização recente e a aber-
tura da China em definitivo para o Mundo (década de 1990), o qual assolou esta grande área a
Nordeste dos EUA. Com perdas econômicas (empobrecimento) e de perspectivas, associadas
a uma depressão urbana onde cidades como Detroit, em Michigan, chegaram a perder algo
em torno de 2/3 de sua população desde a década de 1970, o pujante epicentro da produção
industrial global, que outrora fora conhecido como sendo o “cinturão da manufatura”, passou a
receber a alcunha de “rust-belt”, o “cinturão da ferrugem”.

 Obs.: Caro(a) aluno(a), veja abaixo10 a área compreendida pelo rust-belt (oficialmente manu-
facturing-belt) e, no outro mapa, mais abaixo, como se dera a vitória de Trump em parte
dos estados compreendidos (em vermelho, os estados onde os republicanos venceram).

10
https://docplayer.com.br/5450967-Rust-belt-cinturao-de-ferrugem-e-uma-area-no-nordeste-dos-eua-situada-aproxi-
madamente-entre-as-cidades-de-chicago-e-nova-iorque.html

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Assim, Donald Trump evoca um discurso em sua campanha em defesa ferrenha desta
população desacreditada e empobrecida do Nordeste dos EUA, de origem norte-americana
por excelência (em contraste à população dos Sul dos EUA, em parte de origem hispânica),
calcado no lema “America First”, a que fossem as urnas no dia 8 de novembro de 2016 e o
elegessem. E ele, alavancado pelos votos em Estados pertencentes ao manufacturing-belt, os
quais votaram nas eleições anteriores no candidato democrata, tais quais Wisconsin, Ohio e
Pennsylvania, vence as eleições.

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É interessante que, em 2020, Donald Trump perde nos estados acima citados que o ajuda-
ram em sua eleição de 2016.
Um ponto em atualidades em relação ao que fora exposto acima reside no fato de que A
GUERRA COMERCIAL PROMOVIDA POR TRUMP, ANTE A CHINA (e veremos mais à frente so-
bre este tema), ocorre exatamente para atender a seu eleitorado do norte dos EUA, que almeja
a volta do emprego industrial através, exatamente, do retorno das plantas indústrias que se
dispersaram dos EUA em direção à China.

2.7.2. A economia americana hoje

Os Estados Unidos possuem a maior economia do mundo. Falar sobre este país obriga-
-nos inicialmente a comentar o atual contexto econômico, bastante positivo até a chegada da
epidemia da COVID-19, porém com peculiaridades inerentes a este gigante global que detém
quase 25% das riquezas produzidas no globo em 2019 (mais precisamente, 24,3% de um PIB
global de US$ 74 trilhões em 2018).
Alguns dados recentes da economia dos EUA pré-pandemia (2019):
• Saldo da balança comercial: Déficit de US$ 700 bilhões (em 2018)
• Crescimento do PIB em 2019: 2,7%
• Taxa de desemprego: 4,7% (em fevereiro de 2019)
• Taxa de Inflação: 1,3% (de janeiro a dezembro de 2019)

Em 2020, como era de se esperar, a economia americana entra em crise, junto com as prin-
cipais economias globais em função do coronavírus.
Divisão percentual do PIB global em 2019 (pré-pandemia):

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No gráfico acima, observe ser latente a presença global da economia americana, e a sua dian-
teira ante outros países do globo. É interessante notar que havia uma previsão, a qual esteve
em franco vigor no início da década 2000, de que, mais ou menos entre os anos de 2015 a
2018, haveria a ultrapassagem do tamanho da economia chinesa frente à americana. Um even-
to histórico, sem dúvida alguma. Contudo, tal fato não ocorreu conforme fora previsto pelos
analistas globais. Isso se deve, principalmente, porque nos últimos anos (antes da pandemia)
o vigor do crescimento econômico chinês esteve arrefecido. O país oriental saiu de um quadro
onde os números anuais de crescimento econômico estiveram em torno de 11% a 13% ao ano
para crescer, em 2019, na casa dos 7%. Na outra ponta, os EUA vinham recentemente (antes
da pandemia) recuperando o vigor de seu crescimento econômico. Sendo assim, em 2019 a
economia chinesa representava ainda em torno de 60% do tamanho da economia norte-ame-
ricana. Para sabermos quando (pois uma hora acontecerá) a economia chinesa ultrapassará
a americana, somente após a pandemia e percebendo, claro, como se dará a recuperação das
economias globais.

2.7.3. A pax-americana X isolacionismo de Donald Trump (2017-2020)

Com uma plataforma eleitoral voltada à atenção das necessidades econômicas dos EUA,
xenófoba por excelência por ser ideologicamente repulsiva aos imigrantes, Donald Trump des-

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tila já em seu discurso de posse, no dia 20 de janeiro de 2017, sua pegada afinada à projeção
dos negócios nos EUA (com sua forma peculiar de perceber o papel dos EUA) e como se
pautaria a partir dali a atuação de seu país. Ressalta que “o poder estava de volta ao povo” e
deixa claro que não esmoreceria ante o lema “America First”, tão propalado em seus discursos
de campanha.
Colocada em prática, já nos primeiros dias de governo, Trump demonstra nitidamente que
não caberia mais a promoção de escalas globalizadas como antes, nem de comércio multila-
teral, direcionando assim seu mandato, inclusive, em franca colisão ao que fora levado a cabo
por seu antecessor Barack Obama, em oito anos de governo (2008-2015) e outros Presidentes
americanos, tais quais George Bush (pai e filho) e Bill Clinton.
Se por décadas os EUA imprimiram a chamada pax-americana, corolário que buscava sina-
lizar, claramente, que quem os acompanhasse ideologicamente sairia privilegiado nas cartas
do jogo de forças geopolítico e econômico global, com Trump no poder ascende uma mu-
dança. Sua plataforma é escancaradamente isolacionista e, sendo assim, relega arranjos e
acordos com países, a não ser que tais costuras sejam de extrema necessidade e ultravanta-
josas aos EUA.

2.7.4. A saída do Acordo de Paris

Primeiramente, vale-nos compreender que o Acordo de Paris foi o mais robusto acordo cli-
mático em termos de número de países participantes da história. Fechado na 21ª Conferência
do Clima, realizada em dezembro de 2015 (ainda com Barack Obama à frente da Presidência
dos EUA), embora não exige que países assumam metas de redução de gases de efeito estufa,
tal qual fora conseguido em Kyoto, por este tratado 195 países assumem o compromisso no
sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2ºC acima dos
níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC aci-
ma dos níveis pré-industriais.
Pois bem. Com a justificativa de “tornar a América grande novamente” e com o “dever sole-
ne de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos”, os Estados Unidos se retiraram do acor-
do climático de Paris, conforme fala do próprio Trump em discurso em junho de 2016, para em
seguida cumprir sua promessa e retirar-se desse importante Tratado. Se com Barack Obama o
mundo possuía um defensor deste tipo de participação norte-americana mais ativa em ques-
tões globais, o isolacionismo de Trump vem fazer água nesta questão climática, e também em
várias outras de relevância global, em que a participação dos EUA se faz necessária.
Em 2019 e 2020, permaneceu tal isolacionismo climático impresso desde o seu primeiro
ano de mandato por parte de Trump, inclusive com o aumento de seguidores de tal política iso-
lacionista dentre os países do mundo, sendo o Brasil um expoente deste tipo de agir. Durante a
campanha presidencial de 2018, o próprio Presidente Jair Bolsonaro declarou que iria também

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sair do acordo climático global, tendo, contudo, após tomar posse, desistido de empreender tal
manobra de evasão.

2.7.5. Saída da Unesco

Em outubro de 2017, Trump anuncia a saída dos EUA da Unesco, a agência de educação e
cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada, e logo depois Israel
declarou que seguirá o mesmo passo. Ambos apontam uma acompanhada postura anti-isra-
elense por parte da organização.
A decisão americana, válida a partir de 2019, não surpreende: em 2011, ainda sob o gover-
no Barack Obama, os EUA já haviam cancelado sua contribuição financeira para a Unesco em
protesto contra decisão da agência de conceder aos palestinos o status de membros plenos.

2.7.6. A questão do Tratado de Associação Transpacífico e o NAFTA

O isolacionismo econômico tem como primeira medida de governo a retirada do Tratado


de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) por parte de Trump, o qual, durante a
campanha, fez questão denunciar com veemência o que chamou de um acordo “terrível” e que
“viola”, segundo ele, os interesses dos trabalhadores norte-americanos.
O acordo foi negociado pelo governo de Barack Obama e visto como um contrapeso à
crescente influência econômica e política da China, depois que Donald Trump retirou os Esta-
dos Unidos do acordo em 2017. Sendo assim, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia,
México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã ajustaram as pontas e, em 2018, assinam
uma nova parceria, renomeada como Acordo Progressivo e Compreensivo Tratado Transpací-
fico (TPP11).
Outra medida de impacto e que dá mais uma dimensão deste isolacionismo comercial
promovido por Donald Trump fora anunciada dias depois da sua retirada do TPP. Para o NAF-
TA, Trump disse que seu país só seguiria dentro da Aliança de Livre Comércio dos países da
América do Norte, iniciada em 1994, se Canadá e México aceitassem reiniciar rodadas de rene-
gociação comercial (entenda-se “tarifárias”), com vistas a reduzir o saldo negativo do comér-
cio norte-americano com os dois países-parceiros no acordo. Pressionados e com medo de
perder o parceiro comercial, mesmo a contragosto, Canadá e México iniciam, em 2017, novas
negociações visando atender ao interesse dos EUA, para, em outubro de 2018, o mandatário
norte-americano anunciar oficialmente o fim do NAFTA como conhecemos e iniciar rodadas
individualizadas de negociações.
Veja em matéria do InfoMoney11:
Guerra travada por EUA e China não é só comercial: ela é tecnológica

11
https://www.infomoney.com.br/colunistas/ivo-chermont/guerra-travada-por-eua-e-china-nao-e-so-comercial-ela-e-
-tecnologica/

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A guerra Trump-Xi subiu de tom. Há um tempo já se percebeu que não se trata de reduzir o
déficit comercial dos americanos contra os chineses, mas de limitar a capacidade de um com-
petidor global na tecnologia de ponta. Nessa reedição da guerra nas estrelas, os EUA parecem
ter mais alavancagem, mas não vai ser simples exercê-la. Os chineses têm tempo, paciência e
espaço de manobra econômica para aguentar por muito mais tempo.
Já está claro que a Guerra comercial travada por Trump há mais de dois anos não tem nada
de puramente comercial. O objetivo não pode ser apenas reduzir o déficit de US$ 200 bilhões a
US$ 300 bilhões entre os dois países.
Os objetivos são maiores e têm relação com a importância que a China vem obtendo ano
a ano no mercado de inteligência artificial, robótica e todo aquele cenário Blade Runner que
volta e meia a gente se depara em vídeos institucionais ou relatos de viajantes para a China
ou Vale do Silício. E é por isso que a Huawei está no centro da disputa. Voltaremos a isso um
pouco abaixo.
Na semana passada, Trump anunciou que pretende elevar para 10% as tarifas nos últimos
US$ 300 bilhões que os Estados Unidos importam em bens chineses. No final de semana, a
moeda chinesa ultrapassou a marca de CNHUSD 7, algo quase sem precedente e sinalizou
para muitos uma intenção por parte do governo chinês de elevar o tom da guerra ao usar des-
valorizações cambiais.
Os riscos subiram muito nos últimos dias As estocadas de lado a lado são mais conse-
quência de uma situação de paralisia nas negociações do que a causa. O que está realmente
acontecendo é que os dois lados da moeda parecem acreditar que tem muita alavancagem
sobre o outro e, tão importante quanto isso, tem espaço de manobra econômica para não ne-
gociar, se dando ao luxo de tentar esticar a corda até que o outro lado pisque e ceda.
A desvantagem do lado americano é o tempo. Trump tem uma eleição para enfrentar em
2020. Então, sua habilidade tem que ser extrema para a corda não arrebentar e acabar gerando
uma recessão e um recuo das bolsas que torne sua reeleição improvável. Ainda parece estar-
mos longe dessa situação. O FED pode cortar os juros, o espaço fiscal ainda pode ser usado
e há uma explícita intenção em usá-los, como na concessão de subsídios para o importante
setor agrícola americano.
No lado chinês, as restrições políticas temporais são menores, mas não são pequenas.
Na China, a história conta. E fazer ilimitadas concessões aos americanos coloca Xi Jinping
em uma posição difícil tendo em vista a grande resistência que os chineses tem de se colo-
car vulneráveis a forças globais. A vantagem chinesa é a maior desregulação institucional
do país, que dá ao governo espaço importante de ação fiscal, creditícia, monetária e, por que
não, cambial.
Em resumo, nenhum dos dois lados vê vantagens políticas ou necessidades econômicas
para seguir uma negociação agora que seja visto como muito vantajosa para o rival.

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E no meio disso, está o setor de tecnologia. E aí o emaranhado e as interdependências dos


países são maiores ainda.
Por um lado, a China possui a maior e principal empresa de 5G, a Huawei. As duas únicas
competidoras mundiais seriam as nórdicas Nokia e Ericsson. Caso os EUA tomem medidas
extremas a ponto de asfixiar a empresa, estima-se que o impacto que teria sobre os preços da
tecnologia 5G seria gigantesco. Portanto, os EUA possuem uma certa dependência da Huawei.
Por outro lado, para a China desenvolver tecnologia, faz-se necessário um setor de semi-
condutores, cujo maior ofertante global, de longe, é os EUA. Portanto, a China tem duas alter-
nativas, ser um ótimo cliente dos semicondutores americanos ou demorar alguns anos para
talvez desenvolver o próprio. Até lá, a China terá ficado para trás.
E o labirinto continua. Para o setor tecnológico americano, há um insumo necessário cha-
mado de “terras raras”. Cerca de 80% da produção dessas terras raras vem da China.
É isso mesmo. Há uma situação de quase monopólio e quase monopsônio [estrutura de
mercado caracterizada por haver um único comprador para o produto de vários vendedores]
de um lado a outro que torna quase inviável imaginar que os dois países vão romper de vez. Há
muita coisa em jogo. E tampouco há um interesse que isso aconteça.
Portanto, se o entrelaçado tecnológico dos países torna o divórcio impossível na prática,
e as restrições político-econômicas torna o casamento improvável no curto prazo, a solução
de curto prazo que parece se apresentar como mais provável é que fiquemos nesse meio do
caminho por um longo período, em pequenos ciclos de estresse e alívio.
No entanto, acreditamos também que esses pequenos momentos de ataque de um ao
outro vão criando feridas difíceis de cicatrizar. E na nossa avaliação, os americanos têm mais
armas fatais.
Os chineses possuem esse monopólio de produção das terras raras, mas não são os úni-
cos que possuem esse insumo. Austrália e a Califórnia também a possuem, mas não a produ-
zem por ser muito poluente.
A China possui uma grande quantidade de títulos do tesouro americano. Podem vender
a mercado e machucar a economia deles? Parece provável que existe um burocrata genial
na China que consiga administrar US$ 3 trilhões em treasury sem afetar o próprio valor das
reservas chinesas? Pequenos sustos e estocadas vindas daí pode até ser possível, mas des-
confiamos que isso não é possível como estratégia estrutural. Além do mais, eles venderiam
as reservas e alocariam aonde? Em títulos negativos de países desenvolvidos? A moeda segue
a mesma ideia. Eles poderiam fazer uma desvalorização mais acentuada da sua moeda.
Mas, lembremos que os chineses estão há muitos anos tentando tornar o remimbi uma
moeda global, utilizada no comércio intra-asiático. Não me parece que desvalorizar de maneira
aguda sua moeda vá ao encontro a esse objetivo maior e de longo prazo. E os chineses po-
deriam fechar seus mercados, tornar-se hostis a grandes empresas americanas. Se há aliado
importante da China dentro dos EUA são as grandes empresas, que inibem Trump de traçar

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medidas mais radicais. Então, criar um ambiente ruim com Google, Amazon, Facebook, entre
outros, não me parece também uma boa estratégia.
Elencando assim, fica fácil perceber que a China não possui tantas armas quanto sugerem
sua força econômica. Seu líder, Xi Jinping, por isso mesmo, terá que administrar a pressão
interna e externa e tentar ganhar terreno à medida que a economia americana mostrar algu-
ma fraqueza.
Do lado americano, como falei, a maior restrição é a eleição e a dificuldade que Trump teria
no caso de uma recessão ou um grande ajuste no mercado de ações. Suas armas são fortes
nos ataques para a China.
Além do quase monopólio no mercado de semicondutores, que citei anteriormente, Trump
tem feito uso das tarifas para tentar atingir a China e, o que seria extremo, mas possível, au-
mentar a lista de restrição de exportações. Esse tipo de mecanismo cria um obstáculo para
que empresas chinesas adquiram insumos de empresas americanas, o que no limite pode
asfixiá-las e torná-las inoperantes, como já ocorreu com uma empresa chamada Fujian Jinhua.
Em resumo, estamos presos nessa armadilha e será difícil desarmar a bomba em um curto
espaço de tempo. Que tenhamos armas para nos proteger das nuvens negras que se dese-
nham no horizonte.

Sobre a questão supremacista nos EUA: os Estados Unidos são o país no mundo com a maior
quantidade absoluta de imigrantes inseridos na população. Residem hoje por lá em torno de 40
milhões de estrangeiros, para um contingente total de 330 milhões de habitantes.
Desde a década de 1960 até a entrada deste século, os EUA promoveram políticas de cunho a
facilitar a entrada de imigrantes. Porém, tal processo tem fim, de certa forma, com os ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001. Assim, ao longo das últimas duas décadas, políticas de
cunho a dificultar a entrada de imigrantes tomaram corpo no país e, com Donald Trump à frente
da Presidência, se encrudescem tais iniciativas de forma radical.
Além das questões relacionadas ao tecido social promovidas pela massa de imigrantes cons-
tantes na população americana (tais quais a questão da presença no mercado de trabalho,
o dinamismo econômico e também aspectos legais e jurídicos), os EUA atravessam tempos
onde também o tecido racial vem rasgando, e, para consertá-lo, em nada colabora o modelo
xenófobo e abertamente racista de Trump de se perceber a sociedade americana como um
todo. Muito pelo contrário.
O ano de 2017, o primeiro completo de Donald Trump à frente dos EUA, fora marcado por su-
cessivos distúrbios, principalmente pelo interior dos EUA, confrontando posições de grupos de
defesa dos imigrantes e dos negros e os grupos denominados supremacistas.
Em Charlottsville, Virginia, uma passeata em agosto de 2017 de cunho antirracista se trans-
forma em tragédia. De posse de seu veículo Dodge Challenger, o jovem James Alex Fields,
declaradamente um defensor da supremacia americana, mata uma pessoa e fere outras 19

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ao avançar com seu bólido sobre a multidão. Pelas cidades do país, de Norte a Sul, o que se
percebe ao longo do ano é a mesma situação. Uma série de distúrbios e uma crescente con-
siderável nas mortes em função do confronto étnico-racial. Se, por um lado, os EUA, ao longo
dos últimos tempos, vêm diminuindo suas taxas de homicídios por causas econômicas ou uso
drogas, por outro aumenta consideravelmente, após a eleição de Trump, o número de mortes
por causa de questões raciais e étnicas.
Os supremacistas são a parte da população norte-americana que considera indesejável, e de
estirpe inferior, os imigrantes, judeus e também os negros. Preconizam um país livre destas
minorias e reivindicam ao menos que possam bradar livremente seus discursos, colocando à
frente de tudo sobretudo a superioridade branca. Estima-se haver algo em torno de 920 orga-
nizações desse tipo no EUA em 2017.
A verdade é que, com Donald Trump (que saiu em 31 de janeiro de 2021) à frente dos rumos da
nação, tais grupos sentiram-se à vontade para sair em defesa dos mais radicais ideários e dis-
cursos supremacistas. Não que tais grupos tenham nascido a partir da eleição de Trump em
2016 – pelo contrário, eles são enraizados nos EUA há tempos, mas, à medida que o presidente
se identifica claramente com a xenofobia (chegando a se referir que os grupos latinos de El
Salvador e Nicarágua eram oriundos de “shit-countries”, ou “países de merda”) e se apoia para
ser eleito exatamente neste eleitorado mais radical, o qual não vinha participando ativamente
dos pleitos anteriores (principalmente nas duas eleições de Barack Obama), há evidentemente
um cenário francamente aberto à ação destes grupos. É isso que vinha acontecendo ao longo
do mandato de Donald Trump.

TEXTO COMPLEMENTAR
OSCAR 2019 – FILME “INFILTRADO NA KLAN”
Vencedor do Festival de Cannes de 2018, sendo também um dos concorrentes ao Oscar
2019 em várias categorias, inclusive a de Melhor Filme, o diretor americano de descendência
africana Spike Lee veio às telas em 2019 com um filme que retrata uma história passada em
1978. Neste, um policial negro se infiltra na Ku Klux Klan, organização supremacista norte-a-
mericana. Ao fim, o diretor imprime uma crítica severa ao momento atual dos EUA, com a volta
da força de discursos segregacionistas/supremacistas, mostrando cenas de manifestações
nos EUA de grupos nazifascistas e também como Trump referenda a ação destes grupos em
seus discursos.
TEXTO COMPLEMENTAR
GEORGE FLOYD E O #BLACKLIVESMATTER
Em 25 de maio de 2020, George Floyd, um cidadão americano negro, desempregado e com
algumas passagens pela polícia, foi detido pela polícia de Minneapolis, capital de Minnesota.
Um vídeo mostrando a prisão de Floyd e a forma como o oficial de polícia Derek Chauvin pro-
cedeu viralizou logo em seguida.

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Algemado, de bruços no chão, após sofrer acusação de tentar passar uma nota falsa de
US$ 20 em um mercado na tentativa de comprar cigarros, além de supostamente haver resis-
tido à prisão, Floyd acaba morrendo sufocado. Tudo registrado em vídeo onde por mais de 8
minutos o policial fica com o joelho sobre a sua garganta e ele súplica por ar.
A desastrosa ação empreendida pelo policial Chauvin provoca uma onda de protestos em
todos os Estados Unidos e reacende uma questão que, na verdade, nunca esteve dormente.
O tecido racial norte-americano é rachado ao extremo, se encontrando a violência policial, es-
cancaradamente, como uma evidência mais do que latente de que algo está muito errado por
lá já faz décadas. Faz séculos, aliás. E com Donald Trump à frente do poder nada muda – aliás,
vem piorando.
Criado em 2013, o movimento Black Lives Matter – “Vidas Negras Importam” – busca de-
nunciar e mostrar exatamente a forma agressiva com que policiais americanos tratam vidas
e ameaçam a integridade física e moral de negros, reivindicando por Justiça, para que esses
policiais sejam usados de exemplo e respondam por seus crimes.
E lá atrás, há 8 anos, foi a indignação ante a absolvição de Jorge Zimmermann, um homem
branco que havia matado com vários tiros Trayvon Martin, um jovem negro de 17 anos, que
impulsionou a criação deste que hoje se tornou um dos mais importantes movimentos de
combate ao racismo da atualidade.
A professora, escritora e ativista negra Alicia Garza, ao se revoltar vendo mais uma vez um
crime cometido por brancos contra negros recebendo salvo-conduto da Justiça americana,
posta, então, em suas redes sociais, um depoimento indignado: “Pessoas negras, eu amo vo-
cês, eu nos amo, vidas negras importam”. Em seguida, outra ativista, Patrície Khan, replica a
mensagem e cunha a hashtag #blacklivesmatter.
Logo em seguida, outra ativista negra replica tal mensagem de indignação, e cria-se assim
um movimento que, em 2020, conseguiu com que, em várias cidades americanas, a população
saísse às ruas em protesto contra o racismo.
Embora o Black Lives Matter não proclame ser um movimento hierárquico e guerrilheiro,
suas bandeiras estão associadas aos principais movimentos negros históricos, tais quais os
Panteras Negras ou a luta contra o apartheid na África do Sul.
“Black Lives Matter é uma intervenção política e ideológica em um mundo onde vidas ne-
gras são sistemática e intencionalmente desaparecidas” diz o site do movimento. “É uma afir-
mação da humanidade das pessoas negras, da nossa contribuição para a sociedade, da nossa
resiliência em face dessa opressão fatal”. Trata-se, portanto, também de um movimento em
incentivo por mais protestos e mais atos de resistência em luta contra o racismo no mundo
todo. Nessa seara até a Fórmula 1, esporte elitista e quase sem conexão com o mundo real,
se rendeu, propondo que seus pilotos, ao iniciarem a temporada atual na Áustria, se ajoelhas-
sem ao se apresentar ao público na primeira corrida do ano, como referência ao antirracismo

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e George Floyd. Vimos a maioria dos corredores (14 pilotos dentre 20) curvando-se de forma
inédita contra o racismo.
Nascido no universo que as redes sociais projetam, com a morte de George Floyd, vimos
mais uma vez a força de manifestações convocadas virtualmente com vistas ao combate de
desigualdade e injustiças latentes. Vale lembrar que nos movimentos #occupywallstreet (2011
e 2012) e também nos recentes protestos no Chile (desde outubro de 2019), a força virtual se
fez totalmente presente, sem esquecer de uma insurreição da dimensão da Primavera Árabe,
em alguns países árabes, o que era impensável – ou seja, a volta de democracia, obteve início
também através do meio virtual.
Por fim, em abril de 2021 o policial Derek Chauvin foi condenado pela morte de George
Floyd. A pena será divulgada em dois meses, mas pode chegar a 40 anos. Outros 3 policiais
envolvidos no caso também foram condenados.

2.7.7. Os EUA e a Coreia do Norte: 2018/2020

A grande novidade na relação dicotômica-ideológica no ano de 2018 entre os EUA e a Co-


reia do Norte se deu em relação à aproximação inédita entre ambos os países. Se em seu pri-
meiro ano (2017) como mandatário Trump recebeu seguidas ameaças do líder norte-coreano,
o tresloucado Kim Jong-un, que bradava de forma explícita que estaria intencionado a atacar
os EUA com mísseis antiaéreos, em 2018 uma mudança em torno desta retórica veio à tona e
ganhou contornos importantes. Já nos primeiros dias de 2018, o líder comunista acenou acei-
tar que fosse desenhado um acordo desarmamentista, dispondo-se, inclusive, a se reunir com
Trump para que dessem início ao fim das animosidades entre os países.
Assim, em 12 de junho de 2018, na cidade-Estado de Singapura, os dois líderes, que eram
outrora inimigos declarados, se reuniram e selaram a paz entre os dois países. Em troca, ali
mesmo, os EUA ofereceram – sob a condição de que a Coreia do Norte se comprometesse a
seguir uma agenda desarmamentista, dar fim aos inúmeros embargos econômicos que vinham
sendo impressos contra o regime ditatorial da dinastia dos Kim no país comunista, medidas
estas originadas quase que exclusivamente pela política externa repressiva norte-americana.
Para 2019, tal aproximação caminhou em curso estável: em março, Trump não autorizou
ao Tesouro norte-americano promover mais sanções econômicas ao regime de Kim Jong-un e,
em julho, o mandatário norte-americano amenizou os temores emanados por parte da Coreia
do Sul acerca dos testes de mísseis feitos pela Coreia do Norte. A interlocutores, o Presidente
americano faz questão de afirmar que simpatiza e confia no líder norte-coreano. Em 2020,
embora sem maiores ações histriônicas por parte de ambos os ex-inimigos, a que sejam incre-
mentadas maiores escalas de aproximação, visto também que a quase totalidade dos esfor-
ços se concentraram na pandemia de COVID, os EUA e a Coreia do Norte permanecem em paz,
desfrutando dos avanços promovidos ao longo dos dois anos anteriores.

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Joe Biden, o Presidente eleito nos EUA em fins de 2020 não recebeu nenhum tipo de feli-
citação por parte de Kim Jong-un. Analistas internacionais deixam claro, contudo, que, caso
Donald Trump se reelegesse, haveria, com quase certeza, felicitações por parte do ditador nor-
te-coreano. Biden não deve ter paz com Kim Jong-un.

2.7.8. A Eleição de Joe Biden

Longe de ter transitado em mar de tranquilidade ao longo dos seus primeiros 3 anos de go-
verno pré-COVID (2017-2018-2019), ao menos Donald Trump possuía a seu favor indicadores
econômicos relativamente robustos, com bom crescimento do PIB e baixíssimo desemprego.
Bem ou mal, sua aprovação ficava na casa dos 50% até a entrada do ano de 2020. A impressão
era de que Trump não havia puxado ninguém do séquito oposicionista para seu lado, mas, ao
mesmo tempo, ele mantinha a outra metade do país que o apoiava desde as eleições de 2016
consigo. Podemos afirmar que até a entrada da pandemia de COVID, a chance de Trump ser
reeleito era relativamente alta, e nem o processo de impeachment que atravessou (sendo pron-
tamente absolvido na entrada de 2020) parecia abalar tal convicção. As eleições de novembro
de 2020 demonstraram que o cenário mudou, e Trump perdeu as eleições, tal qual sabemos.
Joe Biden se tornou o Presidente mais idoso a ser eleito nos EUA em todos os tempos.
Com 78 anos, o Senador do Partido Democrata pelo minúsculo estado de Delaware foi eleito
oficialmente após 11 dias de contagem de votos, em 14 de novembro. Levou no voto popular
e no colégio eleitoral.
Sem qualquer apoio oficializado do (mau) perdedor Donald Trump, que em uma primeira
fase anunciou aos 4 ventos que iria em busca de seus direitos no Judiciário por considerar
uma fraude o atual pleito, Joe Biden tem como desafios desatolar a economia e tentar atar
novamente um país, que, tal qual o Brasil, se encontra rachado em função, fundamentalmente,
de um Presidente (Donald Trump) que promoveu de forma irresponsável políticas segregacio-
nistas e sem qualquer vínculo a uma agenda minimamente plural em termos sociais.
TEXTO COMPLEMENTAR
KAMALA HARRIS, A PRIMEIRA VICE-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS
Eis que Kamala Harris se torna, aos 56 anos, a primeira mulher Vice-Presidente dos Esta-
dos Unidos. Procuradora-Geral da Califórnia de 2011 a 2017 e Senadora dos Estados Unidos
pela Califórnia de 2017 a 2021, Kamala Harris acumula ineditismos. Foi a primeira Procuradora
Geral da Califórnia, e também a primeira senadora e vice-Presidente de origem indiana e afro-a-
mericana. Kamala é filha de dois imigrantes: a mãe nascida na Índia, e o pai, na Jamaica. Antes
de ingressar à chapa democrata consagrada vencedora como a vice de Joe Biden, Kamala
Harris havia tentado, sem sucesso (mas com grande repercussão), concorrer à candidatura
democrata à Presidência em 2020 no topo da chapa.
Não conseguindo postular o cargo máximo, contudo, como candidata a vice ela serviu
enormemente a que Joe Biden angariasse os votos das chamadas “minorias” – ou seja, negros

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e imigrantes –, isso sem falar no voto feminino. Mesmo que, diga-se, por vezes mal vista entre
os grupos imigrantes, pois estes consideraram sua atuação e propostas muito aquém daquilo
que era esperado de uma filha de pais imigrantes, fato é: ela apenas somou à chapa vencedora
do pleito em 2020. Conhecida por ser enfática, firme e capaz de articular nas redes sociais de
modo formidável, Kamala Harris acumula ineditismos e holofotes. Dentre seus predicados, a
primeira mulher a ocupar a Vice-Presidência dos EUA reverbera, de forma inequívoca, um vigor
incrivelmente maior que o de Joe Biden. Claro, a idade ajuda (e muito), visto ser ela quase duas
gerações mais nova que seu chefe Presidente.
Kamala buscou, enquanto Procuradora Geral da California e depois como Senadora, revisar
a Justiça criminal dos EUA – projeto visto como uma resposta às críticas de progressistas a
seu trabalho como uma dura procuradora-geral da Califórnia. Dentro de sua inerente disposi-
ção, ela não se cala em debates como sobre a legalização do aborto ou como a atividade po-
licial nos EUA até hoje se demonstra segregacionista, entre outros, que são temas espinhosos
diante dos quais ela não esmoreceu. Kamala é moldada por um progressismo que é facilmente
perseguido nos EUA como se fosse o auge de um pensamento de esquerda. E talvez seja.
E Kamala possui, daqui a apenas 4 anos, a chance de ser a primeira Presidente dos EUA.
Joe Biden, atualmente com 78 anos, declara abertamente que não deve concorrer, aos 82 anos,
à reeleição, em 2024. Assim, caso Biden e Donald Trump não mudem de ideia – pois Trump
(diferentemente de Biden) declarou incisivamente que voltará como candidato para retomar a
Casa Branca em 2024 –, veremos, quem sabe, uma próxima eleição rivalizando Donald Trump
e Kamala Harris. Será algo muito interessante. Aguardemos, então, o próximo capítulo!
TEXTO COMPLEMENTAR
O CONSERVADORISMO NO MUNDO EM 2021
A maioria dos países do globo possui atualmente em seus comandos centrais governos de
direita. Isso não é um fenômeno novo, longe disso, nem algo que deva ser classificado como
sendo ruim ou bom. O fato é que a globalização, ao menos como conhecemos, combina com
livres mercados, fundamento este basilar do pensamento de direita. Além de tudo, os mais
de 140 países democráticos do mundo tendem, em maioria esmagadora, a eleger atualmente
mandatários de direita ou de centro-direita. Seria uma tradição democrática escolher governos
de direita? Talvez sim.
Na outra ponta, o comunismo, via de esquerda mais radical, impera hoje somente à frente
de governos centrais no Vietnã e na China, em embalagem ditada em ambos por um “socia-
lismo de mercado” – e também na Coreia do Norte (o regime considerado mais fechado no
globo) e em Cuba (último pilar do comunismo ditatorial nas Américas), dois baluartes mais
radicais. Outros pouco países, por vias democráticas, tal qual Venezuela, Nicarágua e Bolívia
(ao menos até a queda de Evo Morales em fins de 2019), escolheram regimes à esquerda que
persistem – uns, mal das pernas; outros melhores.

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Mas o que chama a atenção – e vale o destaque aqui por ser ponto extremamente impor-
tante em Atualidades – é exatamente como em alguns países, muitos desses muito impor-
tantes no cenário global, ascenderam recentemente governos de viés declarado de extrema
direita, CONSERVADORES EM ESSÊNCIA. Nesta seara, via de regra, imperam assim sistemas
políticos que não possuem habilidade em conviver com o contraditório, sendo praça para dis-
cursos e ações de cunho xenófobo, racista e autoritário que bradam o resgate de costumes e
das tradições familiares, além do liberalismo econômico. Vejamos os casos que mais chamam
a atenção em 2021.
HUNGRIA
Viktor Orbán, em seu terceiro mandato, busca ter controle sobre o ensino estatal superior,
por considerar, tal qual no Brasil, atualmente haver um núcleo marxista impresso nas univer-
sidades, além de proferir discursos xenófobos contra imigrantes. Em 1º de janeiro de 2019,
esteve aqui no Brasil, exatamente para a posse de seu novo amigo de direita, o Presidente Jair
Bolsonaro.
FRANÇA
Embora não seja comandada por um Presidente representante da direita conservadora
(Emmanuel Macron), o que se vê no país é a ascensão deste tipo de discurso, onde Marine
Lepen, figura baluarte da direita conservadora, vem de sua terceira tentativa como candidata
à Presidência, sempre ficando entre os três primeiros – sendo, que na última eleição, de 2017,
perdeu apenas no segundo turno exatamente para Macron.
ALEMANHA
Na Alemanha, o Partido Alternativa para a Alemanha, de viés declaradamente xenófobo e
racista, conquistou nas mais recentes eleições parlamentares (fins de 2018) quase 15% das
cadeiras, assombrando os analistas políticos. Desde o Terceiro Reich, com Hitler, um partido
de extrema-direita não obtinha tanto espaço no parlamento local. Em 2021, o país enfrentará
novas eleições, e Angela Merkel não disputará o pleito. Contudo, a chance de haver um novo
chanceler de extrema-direita no país mais rico da Europa é baixa.
FILIPINAS
No distante país do Pacífico, com uma das maiores populações globais e um dos piores
índices de desenvolvimento humano, o atual Presidente, Rodrigo Duterte (desde 2016), se lan-
ça desde sua campanha em comunhão a um discurso altamente conservador, estruturado no
combate às drogas, à prostituição e à homossexualidade. Conhecido por suas declarações
bizarras, onde até mesmo o Papa fora xingado em ocasião de sua visita ao país apenas por ter
causado um enorme engarrafamento na capital, Manila, Duterte cria um Estado de exceção;
lota penitenciárias com levas enormes de acusados de uso e tráfico de drogas e autoriza a
polícia a matar sem piedade. Recentemente, em junho de 2019, chegou ao cúmulo de declarar
ter sido homossexual, mas ter sido “salvo” por um séquito de “mulheres bonitas” em sua vida.
PARAGUAI

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Em 2018, o jovem Mario Benítez, de 46 anos, também vestindo a roupagem do conservado-


rismo de direita, assume pela primeira vez o governo no Paraguai. Contudo, o novo mandatário
busca associar sempre que possível sua persona e os preceitos indutores de seu governo fun-
damentalmente ao Estado democrático e aos direitos humanos.

3. Atualidades da Europa, do Oriente Médio, da Rússia e da China


3.1. A Europa, a União Europeia e seus Contextos Atuais mais
Importantes
3.1.1. O contexto da União

A União Europeia é a mais importante iniciativa frente à formação de uma zona comum
de países a ser realizada com vistas à promoção de uma integração comum na história da
humanidade.
Tal qual vimos em nossa primeira parte desta aula, quando falamos sobre o MERCOSUL, os
blocos multilaterais atendem a estágios específicos em sua formação. Possuem uma origem
seminal na formação de uma Zona de Livre Comércio, seguindo-se à formação de uma União
Aduaneira, chegando ao Mercado Comum (integração de pessoas, trabalho, bens e serviços)
para, finalmente – e aí apenas a União Europeia foi quem realizou tais etapas dentre todos os
instrumentos já existentes de cooperação multilaterais – chegar-se à uma União Econômica e
Financeira (monetária). Neste último estágio, unificam-se atividades monetárias e bancárias,
sendo, digamos assim, a “cereja no bolo” a criação da Zona do Euro em 1999.

Os quatro estágios da formação dos blocos multilaterais são: Zona de Livre Comércio, União
Aduaneira, Mercado Comum e União Econômico-Monetária.

Bom, no mapa abaixo tem-se quais são os países constituintes da União Europeia em 2020.
Vale destacar que eram 28 PAÍSES AO TOTAL, contudo, após formalizada a saída plena do
Reino unido em 31 de janeiro de 2020, temos 27 INTEGRANTES (por isso o nome EUROPA dos
27, tal qual exemplificado na legenda), sendo a Croácia o último país a ingressar, em 2013.
Os 27 Países da União Europeia:

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3.1.2. A Zona do Euro

Criada em 1999, mas somente colocada em prática alguns anos depois, em 2002, a Zona
do Euro dispõe que as transações dentro dos países constituintes do bloco devem ser feitas
por uma moeda única. Atende aos preceitos ditados pelo Banco Central Europeu (com sede
em Frankfurt, na Alemanha), instituição esta que estabelece e aplica os preceitos da política
monetária europeia, dirige as operações de câmbio e busca garantir o bom funcionamento dos
sistemas de pagamento e do sistema financeiro como um todo.
Destaca-se, contudo, que nem todos os países da União Europeia integram a Zona do Euro,
à medida que não há uma obrigatoriedade expressa. Temos economias saudáveis e grandes
que optaram por não participar – como Suécia e Reino Unido (este último antes de sair do
bloco em 2020). Outras economias menores, países recém-ingressos ao bloco, tais quais Bul-
gária, República Tcheca, Croácia, e outros também ainda não integram a Zona do Euro.

3.1.3. O Reino Unido na União Europeia

Caro(a) aluno(a), antes de ingressarmos na análise acerca do chamado BREXIT, ou seja,


neste importantíssimo tópico de atualidades relacionado à saída do Reino Unido da UE, o qual
tem seu início formalmente em 2016, vale-nos destacar dois pontos inicialmente.
Primeiro, o que é o Reino Unido? Com vistas a facilitar a compreensão deste tópico, ve-
jamos o que se considera do ponto de vista geográfico-político como sendo o Reino Uni-
do, de fato.
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Constituído por 4 países – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – este
agrupamento, de nome em inglês United Kingdom, possui a formatação abaixo e representa
ainda na União Europeia apenas um único país (este não aderente à Zona do Euro) dentre os
27 ainda pertencentes ao megabloco. Veja o mapa abaixo:

 Obs.: Os países do Reino-Unido alinhavados em mesma porção insular, em total de 3, são


os países da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia). Já a oeste tem-se a
Irlanda do Norte (outro constituinte do Reino unido e com capital em Belfast). A soma
destes resulta no Reino Unido.

Depois, é importante delimitar a posição histórica do Reino Unido em relação à União Eu-
ropeia: essa potência europeia, atualmente a SEGUNDA MAIOR ECONOMIA DO BLOCO, rivaliza
com a França no total populacional do continente e posicionou-se ao longo das últimas déca-
das de forma refratária à União Europeia. Isto mesmo! Os britânicos (comandados pela Coroa
Real britânica), mesmo sabendo de sua extrema importância – devido, entre outros fatores, a
seu enorme peso econômico, demográfico e geopolítico, tendo sido, inclusive, ao longo das
duas Guerras Mundiais, parte crucial na defesa dos ideais pró-Europa –, não se demonstraram
de forma ampla (isso desde a década de 1960) partidários a uma inserção efetiva do Reino
Unido na União Europeia. Veja que o ingresso do Reino Unido se deu em 1973, sendo que, logo
na década seguinte, a mandatária Margareth Thatcher, conhecida mundialmente pela alcunha
de “Dama de Ferro” (1980-1991), deixava claro que os britânicos não estariam dispostos a pa-

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gar o preço das bases de integração que se desenhavam (leia-se arcar com custos inerentes a
integração ou dividir seu mercado de trabalho). Mesmo assim, o Reino Unido assina, em 1991,
o Tratado de Maastrich – de formação da União Europeia, tal qual como conhecemos hoje
(Mercado Comum à frente; ou seja, integração de pessoas, bens e mercado de trabalho), para,
em 1999, se ausentar contudo das tratativas acerca do ingresso na Zona do Euro. Em seguida,
ao longo da década de 2000, com o advento do ingresso de países mais pobres do continente,
tais quais Hungria, Bulgária, República Tcheca, Eslovênia e, finalmente, a Croácia, em 2013, os
ingleses roem a corda de vez. Em 2016, após 6 anos como primeiro-ministro, David Cameron
passa o bastão da política local para a primeira-ministra do Partido Conservador, Thereza
May. Esta rapidamente dá ensejo à saída em definitivo do Reino Unido logo em seus primeiros
meses como mandatária, dando início ao BREXIT – a saída do Reino Unido do bloco.

3.1.4. O BREXIT

Em 23 de junho de 2016, é realizada votação em todo o Reino Unido acerca da permanên-


cia ou não do país (visto que o Reino Unido conta apenas como um único país na União Euro-
peia) do bloco europeu. Se em 1975, em um referendo do mesmo tipo no Reino Unido, não se
conseguiu maioria, finalmente, em 2016, 52% da população do Reino Unido aprovou a saída do
bloco. Era o BREXIT, ou seja, o Britain-Exit, ganhando contorno definitivo.
Em um ambiente de franco crescimento de ideários separatistas e xenófobos ao redor do
mundo por parte da população dos países desenvolvidos e de racha no Reino Unido (com o as-
sassinato, inclusive, dias antes do referendo, da política partidária à unificação, Jo Cox) somen-
te a população da Escócia dentro do Reino Unido preferiu manter-se na União Europeia. Mas,
como sua população é proporcionalmente pequena, prevaleceu assim a vontade da maioria.
Assim, o Reino Unido dá seu início à saída do bloco em definitivo, alegando não querer dividir
mais o custo inerente às responsabilidades de seu peso econômico frente a bancar o bloco
(custo que é proporcional ao tamanho da economia, visto que o Reino Unido é a segunda maior
economia da UE, atrás apenas da Alemanha). Pesou na decisão comum da maioria da popula-
ção também o fato de não quererem dividir o mercado de trabalho nem os ganhos atuais pro-
movidos por um contexto de bom crescimento econômico sustentado (girando em torno de
2% a.a. em média entre 2012-2018) com os países mais pobres integrantes da União Europeia.
Enfim, os britânicos negaram as tratativas mais amplas e colocadas em prática acerca de um
Mercado Comum, as quais envolvem, entre outros aspectos, partilhar o mercado de trabalho
com seus pares – à medida que eram, até a saída do Reino Unido, 28 países no bloco.
Mas esta saída da União Europeia levada a cabo pelo Reino Unido não foi fácil. A agenda
que a ex-primeira-ministra conservadora Thereza May pretendia esbarrou enormemente nos
compromissos já assumidos (visto que o Reino Unido faz parte da UE desde 1973) como o
sistema financeiro comum, entre outros. Além disso, a UE obrigou com que o Reino Unido
seguisse recebendo normalmente os cidadãos europeus (incluem-se brasileiros naturalizados

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europeus) até o fim oficial de sua saída, o que, contrariando as expectativas britânicas, dera-se
em prazo maior do que o esperado (pois eles esperavam estar fora do bloco já em 2018, algo
que nem de longe se concretizou).
E essa tamanha demora em sair da União Europeia desgastou a primeira-ministra Thereza
May, a qual fora destituída do cargo nos primeiros dias de junho de 2019.
Em seu lugar, após quase um mês de discussões, é aprovado o nome de Boris Johnson,
político conservador, pertencente aos quadros do Partido Conservador (francamente favorável
a dar-se sequência ao Brexit), com ou sem acordo com o resto do continente. Cumprindo a
promessa de que evadiria o bloco em prazo máximo até fevereiro de 2020, Johnson anuncia
no dia 31 de janeiro de 2020 que o Reino Unido, após 47 anos fazendo parte da União Europeia,
se retirou em definitivo do bloco.

Veja abaixo a sequência de Primeiros-Ministros do partido conservador no Reino Unido, os quais,


desde 2010, sucedem-se no poder após mais de 30 anos de domínio do Partido Trabalhista:
DAVID CAMERON (2010-2016) > THEREZA MAY (2016-2019) > BORIS JONHNSON
(2019-ATUALMENTE).

Vale destacar que, após a saída do Reino Unido, a Escócia, principal refratária a esta eva-
são promovida pelos súditos da rainha, deverá tentar, ao que tudo indica, retornar à UE como
um único país, provavelmente já em 2020.
Por fim, é facultado ao Reino Unido o seu retorno ao bloco, segundo estatuto da
União Europeia.

3.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente


3.2.1. Introdução

Antes de entrarmos mais a fundo na principal questão atualmente de Atualidades no Orien-


te Médio, ou seja, a questão da Guerra Civil na Síria, é importante que façamos uma análise
esmiuçada acerca de alguns contextos fundamentais. Peço muita atenção a estes temas e
que não prossiga, inclusive, SEM QUE HAJA A COMPREENSÃO plena dos temas e das diferen-
ças entre eles, ok? Serão TRÊS conceitos a serem colocados inicialmente e que são basilares:
• A diferença entre árabes (conceito etnológico) e muçulmanos (conceito religioso)

Há vários Muçulmanos, ou seja, países de maioria Islâmica, que não são Árabes, como os Ira-
nianos (persas), Turcos, Indonésios…

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Árabes são o tronco étnico; se situam basicamente em países do Norte da África e Oriente
Médio. Veja mapa abaixo:

Já os muçulmanos são o tronco religioso dos países que têm uma população que professa
a cartilha do Islamismo. A religião muçulmana originou-se através do profeta Maomé, morto
em 632 d.C., em Medina, na atual Arábia Saudita.
Vale destacar, por fim – sem querer complicar, mas bastante importante que entendamos
–, que há um país árabe onde a população não é muçulmana em praticamente sua totalidade.
Este é o Líbano, onde algo em torno de 35% da população do país (de etnia árabe) é composta
por cristãos. Contudo, entre os países do Norte da África e do Oriente Médio, isso é uma rari-
dade, pois a imensa maioria dos países é de maioria absoluta muçulmana, ou seja, islâmica.
• A diferença entre xiitas e sunitas

Ambos são troncos da mesma religião, ou seja, dos muçulmanos, mas aí vale uma
separação.
Os XIITAS são aqueles que consideram que apenas descendentes diretos do profeta MA-
OMÉ podem ser líderes, isto tanto no plano espiritual como no político.
Xiita não pode ser confundido com uma religião específica (e, claro, nem os sunitas). Eles
são membros do islamismo e tornaram-se apenas uma seita com outra linha de pensamento.
São vistos como “radicais”, à medida que possuem este rigor mais específico a designar seus
líderes, mas é interessante destacar que o radicalismo também ocorre entre os sunitas, visto,
por exemplo, que o número de grupos fundamentalistas terroristas que representam os suni-
tas, tal qual veremos abaixo, é muito maior que entre os xiitas.

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No contexto árabe, os xiitas estão em minoria numérica (algo em torno de 20% no total).
Os países de maioria xiita atualmente de destaque são o Irã e a Síria. Seu grupo fundamenta-
lista (radical e de ações terroristas) é o Hezbollah, com sede no Líbano.
Já os SUNITAS são aqueles que consideram haver certa flexibilidade na questão de se
assumirem altos postos nas hierarquias religiosas (dita espiritual) e política. Ou seja, não há
a necessidade expressa de ser descendente direto do profeta Maomé para tal. Os principais
países de maioria sunita hoje são Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Indonésia (maior população
muçulmana do mundo).
Abaixo, apresento uma leitura mais aprofundada sobre tal tema e recomendo promovê-la,
extraída da versão on-line da BBC Brasil e veiculada no G112:
Entenda as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas
Execução de clérigo xiita acusado de ‘terrorismo’ na Arábia Saudita provocou protestos no Irã
e rompimento de relações entre os dois países.
A execução de um importante clérigo xiita iraniano pela Arábia Saudita, reino de maioria
sunita, expôs as delicadas relações entre sunitas e xiitas na região.
A Arábia Saudita, de maioria sunita, é rival tradicional do Irã, a grande potência xiita no
Oriente Médio, que monitora – com grande interesse – a questão de minorias xiitas em ou-
tros países.
O clérigo Nimr Al-Nimr era conhecido por manifestar o sentimento da minoria xiita na Arábia
Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e por suas críticas à família real saudita.
O clérigo e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas por
crimes de terrorismo na Arábia Saudita.
Após as execuções, manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Teerã. Na
noite de domingo, o governo saudita anunciou o rompimento das relações diplomáticas com o
Irã e deu um prazo de 48 horas para que diplomatas iranianos deixassem o país.
Mas o que opõe as duas maiores correntes do Islã? Veja abaixo algumas respostas para
entender o que opõe sunitas a xiitas.
Quais são as diferenças entre sunitas e xiitas?
Peregrinação a Meca, um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do islamismo
A separação teve origem em uma disputa logo após a morte do profeta Maomé sobre
quem deveria liderar a comunidade muçulmana.
A grande maioria dos muçulmanos é sunita – estima-se que entre 85% e 90%.
Membros das duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas e cren-
ças fundamentais.
Apesar de se misturarem pouco, há exceções. Nas áreas urbanas do Iraque, por exemplo,
casamentos entre sunitas e xiitas eram comuns até recentemente.

12
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/entenda-diferencas-e-divergencias-entre-sunitas-e-xiitas.html

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As diferenças entre os dois grupos estão mais nos campos da doutrina, rituais, lei, teologia
e organização religiosa.
Seus líderes também parecem constantemente estar competindo entre si.
Do Líbano e Síria ao Iraque e Paquistão, vários conflitos recentes enfatizaram divisões sec-
tárias, dividindo comunidades.
Quem são os sunitas?
Muçulmanos sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.
A palavra sunita vem de “Ahl al-Sunna”, as pessoas da tradição. A tradição, neste caso, refe-
re-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações do profeta Maomé e daqueles
próximos a ele.
Um dos centros de aprendizagem sunitas do Islã mais antigos fica no Egito
Os sunitas veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé como o
profeta derradeiro.
Em contraste com os xiitas, os líderes e professores de religião sunitas historicamente
ficaram sob controle do Estado.
A tradição sunita também enfatiza um sistema codificado da lei islâmica e adesão a quatro
escolas da lei.
Quem são os xiitas?
Nos primórdios da história islâmica os xiitas eram uma facção política, – literalmente os
“Shiat Ali”, ou partido de Ali.
Os xiitas reivindicavam o direito de Ali, genro do profeta Maomé, e de seus descendentes
de guiar a comunidade islâmica.
Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu califado.
Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu direito legítimo à ascen-
são ao califado. Acredita-se que Hassan tenha sido envenenado por Muawiyah, o primeiro
califa (líder muçulmano) da dinastia Umayyad.
Seu irmão, Hussein, foi morto no campo de batalha com outros membros de sua família,
após ser convidado por partidários a ir para a cidade de Cufa (onde ficava o califado de Ali)
onde prometeram jurar aliança a ele.
Esses eventos deram início ao conceito xiita de martírio e de rituais como a autoflagelação.
Há um elemento messiânico característico nesta fé e os xiitas têm uma hierarquia de clé-
rigos que praticam interpretações independentes e constantemente atualizadas dos textos
islâmicos.
Os xiitas seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170 milhões.
Muçulmanos xiitas são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas esti-
mativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia, Kuwait, Líbano, Paquis-
tão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Qual o papel do sectarismo em crises recentes?

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Em países que foram governado por sunitas, xiitas tendem a representar os setores mais
pobres da sociedade. Eles normalmente se veem como vítimas de discriminação e opressão.
Algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o ódio aos xiitas.
A revolução iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi percebida como um
desafio por regimes conservadores sunitas, particularmente no Golfo Pérsico.
A política de Teerã de apoiar milícias xiitas e partidos além de suas fronteiras foi adota-
da por Estados do Golfo, que reforçaram suas ligações com governos sunitas e movimentos
no exterior.
Durante a guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às atividades
militares do Hezbollah.
No Paquistão e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como o Talebã, atacaram com
frequência lugares de fé xiita.
Os conflitos atuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens sunitas
nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a ideologia da Al-Qaeda.
Enquanto isso, jovens da comunidade xiita estão lutando pelas – ou com – as
forças do governo nestes países.
Acrescento abaixo também um mapa13 com vistas a promover um melhor dimensionamen-
to sobre tal questão: Neste vemos parte do globo como um todo, com recorte, bem verdade,
mais específico na África e na Ásia e os países onde há forte presença de população muçulma-
na, com o contraste entre as maiorias XIITAS e SUNITAS. Vejam bem que são muito maiores as
áreas com sunitas (em amarelo) do que com xiitas (em vermelho).

13
https://twitter.com/Geopizzza/status/1251172112108269569/photo/1

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Bom, dando seguimento à nossa aula e os termos conceituais, já vimos, portanto, as di-
ferenças entre ÁRABES e MUÇULMANOS e também entre XIITAS e SUNITAS. Agora, veremos
como que a religião e os Estados se confundem (ou não) em países de maioria de população
muçulmana.
• A SHARIA versus ESTADO LAICO

Pelo fato de a religião se encontrar extremamente arraigada nos países árabes, vários des-
tes, ao elaborarem as suas Cartas Magnas, promovem uma confusão (proposital) entre a reli-
gião, esta expressa pelo livro sagrado Alcorão, e a Constituição. Para estes Estados que não
fazem intencionalmente tal separação, tem-se a denominação de Sharia. Os códigos de leis,
tais quais o Código Penal, como exemplo, e a própria Constituição são perpétuos e de condu-
tas rígidas como expressos no Alcorão. São Estados que tendem, por exemplo, a promover os
códigos penais mais rígidos dentro do Islã, com pena de morte por causas torpes no mundo
ocidental, como não respeito a costumes de vestimentas ou ao consumo de bebidas alcoóli-

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cas, por exemplo. São exemplos clássicos dentro deste modo de ver religião e código de leis a
Arábia Saudita (sunita) e o Irã (xiita).
Já os chamados Estados Seculares, ou laicos, conseguem promover níveis de distinção
entre o código de leis (seja civil ou penal) e o Alcorão. Veja que tal separação não é plena
em muitos Estados, porém, mesmo assim, ocorre esta busca por se separarem os assuntos.
Exemplos são o Egito e a Turquia.

3.2.2. A Guerra na Síria

A atual guerra civil na Síria adentrou, em 2021, em seu nono ano, expondo as fraturas do
mundo árabe e o racha entre sunitas e xiitas nos países muçulmanos. Também escancara
como as peças do tabuleiro geopolítico na região, movidas de um lado pela Rússia e de outro
pelos EUA, se comportam de forma antagônica.
Para entendermos melhor o contexto da Guerra Civil na Síria, contudo, meu(minha) caro(a)
aluno(a), importa nos atermos inicialmente ao que foi a Primavera Árabe, com seus levantes
iniciados lá em 2011.
Em vários países no chamado Mundo Árabe, uma série de revoltas populares tomou conta
das ruas de nações árabes do Norte da África ao longo dos anos de 2010/2011 – com o início
destes levantes ocorrendo na Tunísia, país no Norte da África. Assim, neste país norte-africa-
no, a população saiu às ruas em protesto pela morte do jovem Mohammed Boauzizi; um ven-
dedor de frutas de 26 anos que se suicidou ateando fogo ao próprio corpo após ser humilhado
(ter apanhado de fiscais locais, sendo que não era a primeira vez que tal fato acontecia desta
forma) apenas porque vendia frutas com seu carrinho nas ruas de sua cidade sem as devidas
autorizações ou pagamentos de propinas requeridos.
A população da Tunísia se rebelou, desencadeando um protesto massivo que, na verdade,
estava associado contra a pobreza e a corrupção de seu país e se voltava contra o ditador
local: Zine Ben Ali. Ben Ali subiu ao poder na Tunísia em 1987 e, somente pela Revolução de
Jasmin, empreendida pela polução tunisiana oprimida, em janeiro de 2011, foi derrubado. Zine
Ben Ali foi o primeiro dos líderes árabes a cair e também o primeiro a ser condenado: 35 anos
de prisão sob a acusação de roubo e posse ilegal de joias e grandes quantias de dinheiro. A
partir daí, uma série de novos levantes tomou conta dos países da África do Norte (países ára-
bes), depondo, assim, Muammar al-Gaddafi, na Líbia, após sete meses de luta no país (e seu
assassinato em outubro de 2011), e também Hosni Mubarak, do Egito, após mais de 1 milhão
de pessoas saírem às ruas do Cairo para derrubá-lo.

A PRIMAVERA ÁRABE SEGUE SEUS VENTOS PARA O ORIENTE MÉDIO!


Conforme explicado acima, os levantes no chamado Mundo Árabe, os quais, entre 2010/2011,
percorreram os países árabes ao Norte da África – em sequência, Tunísia, Líbia e Egito –, saem

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do continente africano para, já em 2011, chegarem ao Oriente Médio, porção territorial que
compartilha características semelhantes às dos países árabes pela presença de países de et-
nia árabe e a ausência de liberdades individuais e políticas (leia-se democracia). Os primeiros
levantes no Oriente Médio se deram no Iêmen e, em seguida, imbuídos das mesmas causas
que em outros lugares, a maioria da população da Síria sai às ruas pedindo a deposição de
Bashar-Al-Assad, tirano que governa desde 2000 o país ao suceder seu pai (também golpista e
ditador) que fora Presidente entre 1971-2000.
• Um pouco sobre a Síria:
− A Síria é um país situado à beira do Mar Mediterrâneo, no coração do Oriente Médio,
inimigo de Israel e reduto radical xiita, mas de maioria de população sunita. Basshar-
-Al-Assad é o Presidente desde 2000.
− É um país aliado do Irã, da Rússia e do Hezbollah (grupo fundamentalista xiita com
sede no Líbano).

• O confuso cenário da Síria


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− A atual guerra civil na Síria, a mais sangrenta em curso no mundo, em pouco mais
de 8 anos, contabiliza cerca de 500.000 mortes e mais de 5 milhões de refugiados.
Possui origem na oposição entre o Exército de Libertação da Síria, composto por SU-
NITAS, maioria da população da Síria – estes recebem apoio da OTAN (EUA e Reino
Unido no comando), além da Turquia e da Arábia Saudita (estes dois duas potências
bélicas na região e países de população de maioria sunita) –, e os alauitas – que são
os XIITAS, minoria numérica no país, porém pró-governo, que contam com o apoio,
principalmente, do Hezbollah (grupo terrorista de mesa inclinação xiita), do Irã e da
Rússia.
− Ainda existem no país o Exército Livre da Síria – moderados e oposição a Assad, os
Curdos e o Estado Islâmico. Sobre o Exército Islâmico, que ao Norte do território da
Síria conquistou territórios ao longo dos anos de 2014, 2015 e 2016, veremos na se-
quência desta aula como se deu tal processo.
− Seguindo, então: na passagem de 2011 para 2012, se instala uma guerra civil na Síria,
buscando restaurar aquilo que fora conseguido em outros países do Mundo Árabe
através da Primavera Árabe (entre 2011 e 2012 na Tunísia, na Líbia e no Egito). Esse
período foi marcado pelo fato de países da etnia árabe realizarem a deposição de
ditadores constituídos e, assim, conseguirem ver a volta da democracia. Mas, ao con-
trário do que ocorrera no Egito, na Líbia e na Tunísia (e Iêmen), na Síria as forças de
Assad não cederam. Utilizando-se de uma conjunção de fatores, tais quais seu exér-
cito bem paramentado, armas químicas e apoio internacional da Rússia e do Irã, além
do apoio terrorista do grupo Hezbollah, seu ditador se sustenta no poder desde então,
na base da mais sangrenta guerra do mundo.

A Guerra na Síria se constitui basicamente em um conflito entre os próprios sírios (árabes)


de mesma religião (muçulmanos), contudo, de seitas diferentes. Assim, temos de um lado os
grupos de oposição a Bashar Al-Assad, todos SUNITAS, visando derrubar um ditador do ramo
XIITA (Assad).

Ao longo dos últimos anos, uma intervenção efetiva, tal qual como de praxe os EUA pro-
movem ao redor do globo, em geral com a justificativa de “restaurar a democracia”, não teve
espaço. Isto se deve a algumas questões abaixo listadas:
• Oposição da Rússia e falta de unanimidade, portanto, no Conselho de Segurança da
ONU para referendar tais ações;
• Receio de entregar o poder a grupos sunitas que possuem braços armados fundamen-
talistas (terroristas) na Al-Qaeda (de Osama Bin Laden), no Talibã, na Irmandade Muçul-
mana e no Hamas (esse último controlando atualmente a Palestina);

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• Necessidade de combate e extermínio ao Estado Islâmico, sendo mais importante do


que propriamente retirar Assad.

Por fim, é importante destacar que a guerra na Síria gerou a questão humanitária mais
crítica em tempos recentes no Planeta. Mais de 5 milhões de sírios, ou aproximadamente 20%
da população do país antes de eclodir a guerra (2012), tornou-se refugiada, saindo a pé pelos
desertos para pousar em países vizinhos da região, como Turquia, Irã ou Jordânia, ou evadindo,
por água, em botes improvisados no Mar Mediterrâneo, tentando entrar na Europa pela Itália ou
pela Grécia para, daí, buscar refúgio em áreas continentais, como a Hungria e a Alemanha. Fato
é que: desde a Segunda Guerra Mundial, uma diáspora (fuga forçada) tal qual ocorre agora na
Síria não era vista em todo o Planeta.
E Assad não aceita base alguma de negociação com a oposição. Garantiu-se por muito
tempo nesta guerra apenas com o domínio de Damasco (a capital) e suas cercanias, e a cruel-
dade imposta por práticas de uma MINORIA XIITA que há décadas comanda o país. Chegou,
de fato, a parecer que perderia a guerra por várias vezes, mas veio retomando mais áreas, inclu-
sive a cidade mais populosa do país, Aleppo, ao norte, e se fortalecendo de novo no controle.

A aliança com a Síria é antiga e vital para a Rússia no Oriente Médio. Uma região estratégica
onde há governos alinhados aos Estados Unidos, como Israel, Arábia Saudita e os Emirados
Árabes. Desde a década de 1980, os russos têm um grande porto na cidade de Tartus, na Síria,
sendo esta a única base própria russa no Mar Mediterrâneo, que, em 2016, se transformou
numa base militar russa de usufruto por mais 49 anos. Nesse mesmo ano (2016), e não por
coincidência, ocorre com auxílio russo a retomada de Allepo (a segunda mais importante cida-
de do país) pelo governo de Assad.

Para 2021, com Joe Biden no poder, os EUA ainda não indicaram para onde caminhará a
sua bússola acerca de ações de intervenção na Síria. Já a Rússia mantém-se fiel a seus alia-
dos, abrindo mais espaço para o crescimento de sua impressão geopolítica na área.
Vale destacar, por fim, que em abril de 2021, os EUA iniciam a sua retirada de uma das mais
longevas guerras que o país esteve envolvido. A Guerra do Afeganistão, que se arrasta por qua-
se 20 anos e não conseguiu expurgar os talibãs do território do Afeganistão. Enquanto Trump
havia marcado a saída do Afeganistão para abril de 2021, Biden adiou o processo e prometeu
retirar em definitivo as tropas em 11 de setembro de 2021 – ou seja, no aniversário de 20 anos
do atentado ao World Trade Center .
Abaixo, leia matéria publica14 que, embora não tão recente, é bastante oportuna para que
entendamos o contexto de luta na Síria e as barbaridades que uma guerra pode provocar:

14
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/26/o-massacre-de-civis-e-criancas-na-guerra-da-siria-que-foi-ignora-
do-pelo-resto-do-mundo.ghtml

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O massacre de civis e crianças na guerra da Síria que foi ignorado pelo resto do mundo.
Segundo a ONU, mais de 350 civis foram mortos e 330 mil foram forçados a deixar suas casas
desde que o conflito na região síria de Dili se intensificou, no fim de abril.
Mais de cem pessoas, incluindo 26 crianças, morreram em ataques aéreos feitos em hos-
pitais, escolas, mercados e em uma padaria no nordeste da Síria nos últimos 10 dias, segundo
a ONU (Organização das Nações Unidas).
A chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, diz que os ataques foram feitos
pelo governo sírio e seus aliados nas áreas controladas pela oposição.
Mas os ataques foram recebidos com “aparente indiferença internacional”, disse ela. Ba-
chelet criticou a “falha de liderança nas nações mais poderosas do mundo”.
A Síria e a Rússia, que é sua aliada, negaram ter mirado em civis durante os ataques aéreos
na região de Idlib.
A número de mortos crescente em Idlib tem sido recebido com um “dar de ombros coleti-
vos” e o conflito ficou fora do radar internacional, disse ela, enquanto o Conselho de Segurança
da ONU está paralisado.
Ela afirma que é muito improvável que os ataques a civis tenham sido acidentais e disse
que os países que os fizeram podem ser julgados por crimes de guerra.
“Ataques intencionais a civis são crimes de guerra, e aqueles que os ordenaram ou os exe-
cutaram são criminalmente responsáveis por seus atos”, disse Bachelet.
O que está acontecendo na Síria?
A província de Idlib, junto com as província de Hama e Aleppo, é uma das últimas áreas
controladas pela oposição na Síria depois de oito anos de guerra civil.
A área em tese está protegida por uma trégua negociada em setembro entre a Rússia, alia-
da do governo sírio, e a Turquia, que apoia a oposição. A trégua deveria proteger os mais de 2,7
milhões de civis que vivem na região de uma grande ofensiva das forças do governo.
Na semana passada, a ONU disse que mais de 350 civis foram mortos e 330 mil foram
forçados a deixar suas casas desde que o conflito se acirrou em 29 de abril.
Mas o número agora foi revisado, com o acréscimo de 103 mortes somente nos últimos 10
dias. O número de refugiados subiu para 400 mil.
O governo – com apoio da força aérea russa – disse que o aumento nos ataques se deve a
repetidas violações da trégua por jihadistas ligados à al-Qaeda que estariam na área dominada
pela oposição.
No entanto, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados Unidos,
disseram em março ter derrotado os jihadistas e dado fim ao grupo extremista autoproclama-
do Estado Islâmico (EI).
No início desta semana, a Rússia negou que tenha feito ataques aéreos em mercados e
áreas residenciais que deixaram pelo menos 31 civis mortos.
Como a guerra da Síria começou?

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Antes do conflito começar, muitos sírios estavam insatisfeitos com os altos índices de de-
semprego, a corrupção e a falta de liberdade política sob o Presidente Bashar al-Assad.
Em março de 2011, protestos pró-democracia começaram ao sul da cidade de Deraa, ins-
pirados por revoltas populares pró-democracia em países vizinhos – o que ficou conhecido
como “Primavera Árabe”.
Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas – matando vários
deles -, as tensões se elevaram e mais gente saiu às ruas. Protestos pedindo a renúncia do
Presidente começaram no país todo.
A revolta se intensificou, assim como a resposta do governo. Apoiadores da oposição se
armaram – primeiro para se defender, depois para expulsar as forças de segurança das áreas
onde viviam. Assad então disse que iria acabar com o que chamou de “terrorismo apoiado por
estrangeiros”.
A violência aumentou rapidamente, dando início a uma guerra civil.
Grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas para combater as forças oficiais e
retomar o controle das cidades e vilarejos.
Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do
país, Aleppo.
O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aqueles que
apoiavam Assad e os que se opunham a ele – adquiriu contornos de guerra sectária entre a
maioria sunita do país e xiitas alauitas, o braço do Islamismo a que pertence o Presidente.
Isso arrastou as potências regionais e internacionais para o conflito, conferindo-lhe ou-
tra dimensão.
Quem está lutando contra quem?
A rebelião armada evoluiu significativamente desde suas origens.
Há membros da oposição moderada secular lutando contra as forças de Assad. O Exér-
cito curdo, um dos grupos que os Estados Unidos estão apoiando no norte da Síria, faz parte
da oposição.
Mas há também uma grande quantidade de radicais e jihadistas – partidários da “guerra
santa” islâmica. Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico (EI) e a Frente Nusra, afiliada
à al-Qaeda. Os combatentes do EI – cujas táticas brutais chocaram o mundo – criaram uma
“guerra dentro da guerra”, enfrentando tanto os rebeldes da oposição moderada síria quanto
os jihadistas da Frente Nusra.
Os rebeldes moderados têm requisitado armas antiaéreas ao Ocidente para responder ao
poderio do governo sírio. Mas Washington e seus aliados têm procurado controlar o fluxo de
armas por medo de que acabem indo parar nas mãos de grupos jihadistas.
Em março, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados Unidos,
disseram ter derrotado o EI.

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“As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação do chamado califado e a total
derrota territorial do EI”, disse Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo Twitter. “Neste dia único,
celebramos os milhares de mártires que tornaram essa vitória possível.”
Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no norte da Síria e do Iraque, governou
quase 8 milhões de pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração de petróleo, extor-
sões, roubos e sequestros, e usou seu território como base para ataques em outros países.
A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos curdos, começou sua ofensiva
final contra o EI no início de março, contra militantes que estavam encurralados no vilarejo de
Baghuz, no leste sírio.
Qual é o impacto da guerra?
Além de causar centenas de milhares de mortes, a guerra incapacitou 1,5 milhões de pes-
soas, entre elas 86 mil que perderam membros do corpo.
Ao menos 6,1 milhões de sírios tiveram de deixar suas casas para buscar abrigo em algu-
ma outra parte do país, enquanto outros 5,6 milhões se refugiaram no exterior.
Líbano, Jordânia e Turquia, onde 92% desses sírios refugiados vivem hoje, têm enfrentado
dificuldades para lidar com um dos maiores êxodos da história recente.
A ONU estima que 13,1 milhões de pessoas necessitaram de algum tipo de ajuda humani-
tária na Síria em 2018.
Por que a guerra está durando tanto?
Um fator chave é a intervenção de potências regionais e internacionais.
Seu apoio militar, financeiro e político tanto para o governo quanto para a oposição tem
contribuído diretamente para a continuidade e intensificação dos enfrentamentos, e transfor-
mado a Síria em campo para uma guerra indireta.
A intervenção externa também é responsabilizada por fomentar o sectarismo no que cos-
tumava ser um Estado até então secular (imparcial em relação às questões religiosas).
As divisões entre a maioria sunita e a minoria alauita no poder alimentaram atrocidades de
ambas as partes, não apenas causando a perda de vidas, mas a destruição de comunidades,
afastando a esperança de uma solução pacífica.

3.2.3. O Estado Islâmico

O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) foi criado em 2013 e cresceu como um braço
da organização terrorista Al-Qaeda no Iraque. Em 2014, rompem com os iraquianos e formam
apenas o EI.
As atividades do EI se concentraram na Síria, onde o grupo assumiu um papel dominante
aproveitando-se da desestruturação do Estado sírio por causa da guerra civil interna, e no
Iraque, em função também da desestruturação interna após anos de guerra contra os EUA. Às
áreas as quais ocuparam ao Norte da Síria e do Iraque dá-se o nome de LEVANTE.

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Veja o imenso território que o ESTADO ISLÂMICO chegou a dominar em 2015 (em lugar
denominado como sendo o Levante):

Financiado por doações de Estados Sunitas (leia-se Arábia Saudita e Qatar – sendo este,
inclusive, sede da Copa do Mundo de 2022, acusado pela própria Arábia Saudita de financiar
descaradamente o EI –, que obtêm lucro com a posse de poços de petróleo do Norte do Ira-
que e também sequestros e pilhagens), o ESTADO ISLÂMICO tem como ideologia a formação
(construção) de uma sociedade completamente voltada aos preceitos religiosos, políticos,
morais e culturais vigentes à época do profeta Maomé (600 d.C.). Ou seja, eles negam toda
e qualquer evolução que houve no mundo muçulmano (e árabe por consequência) depois da
morte do profeta no ano 632. Este é o CALIFADO pretendido por eles. Vale destacar que a
Arábia Saudita já vive perto disto, ou seja, um Estado onde preceitos religiosos seculares (e
arcaicos) imperam. Contudo, estando os sauditas banhados em petróleo, com gastos militares
astronômicos e sendo aliados aos EUA, não recebem severas críticas. Ainda no caso Saudita,
uma roupagem mais moderna para sua sociedade vem sendo colocada em prática exatamen-
te para se destacar desses meios quase pré-históricos de vida impressos pelo EI (em processo
que ainda engatinha, é bem verdade) pelo atual primeiro-ministro e futuro rei da Arábia Saudita,
o jovem e garboso Mohammad bin Salman bin Abdulaziz Al Saud.
Uma força do Estado Islâmico muito em voga alguns anos atrás era exatamente o podem
de cooptar jovens, principalmente de outros países, como EUA, Suécia, França, Nova Zelândia
e até do Brasil, para atuarem em suas frentes, seja localmente em seus países, promovendo
atentados (e vários atentados aconteceram deste modo, culminando inclusive, em um atenta-

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do em Orlando, nos EUA, em uma boate LGBT, com 49 mortes, em 2017), seja dentro dos pró-
prios territórios do Estado Islâmico. Neste último caso, em específico, três jovens brasileiros,
até onde se sabe, acabaram se envolvendo com o grupo Jihadista, indo lutar em suas frentes
de combate. O mecanismo de convencimento destas pessoas de fora é a internet. Sendo as-
sim, o Estado Islâmico fora chamado de “cybercalifado” (e muita atenção a esse nome, que
pode vir a cair em provas!) à medida que possui de forma contundente esta capacidade de
chamar pessoas para se alistarem em suas frentes atrás do meio cibernético/virtual.
Mas, voltando, portanto, ao caso do Estado Islâmico, um recente controle de vastos terri-
tórios no Norte e Oeste do Iraque, chegando às portas de Bagdá, além das áreas dominadas
pelos curdos, ajudaria o grupo islâmico a consolidar seu domínio ao longo da fronteira com a
Síria, onde lutou contra o regime de Bashar al-Assad. Mas, ao longo dos anos de 2016 e 2017,
houve SUCESSIVAS DERROTAS E EXTINÇÃO DO PODER DO ESTADO ISLÂMICO NO IRAQUE.
Na Síria, apenas em 2018, numa ação conjunta entre EUA e RÚSSIA (que atuam em campos
opostos, tal qual vimos na questão interna Síria), ao que tudo indica, ELES TAMBÉM FORAM
expulsos do território.
Caro(a) aluno(s), ESTE UM PONTO EXTREMAMENTE IMPORTANTE EM ATUALIDADES: a
batalha contra o radicalismo do califado, contudo, não terminou, totalmente. Pelo contrário!
O Estado Islâmico ainda tenta voltar, buscando agora novos domínios de áreas pelo mundo
árabe, como no caso da Líbia, ao Norte da África, onde já se identifica um novo foco de ação e
domínio territorial por parte deste grupo. Portanto, é importante ficarmos atentos às possíveis
futuras ações do Estado Islâmico ao longo desta nova década, pois o grupo não cessou suas
atividades, apenas mudou de endereços (no plural, mesmo).
Abaixo apresento matéria (curta) do portal CNN Brasil15, acerca das atuais ações do Estado
Islâmico em 2021. Leiam com atenção por favor.
Estado Islâmico avança na África após derrota na Síria
Grupo terrorista recruta extremistas em Moçambique
Radicais do grupo Estado Islâmico tentam expandir a atuação em países do continente
africano após perderem território na Síria e no Iraque. O ministro da Defesa de Moçambique
enviou tropas para a cidade de Palma, no norte do país, para conter o avanço na região.
Soldados estão posicionados em locais estratégicos da cidade produtora de gás natural,
que foi atacada por militantes do Estado Islâmico na semana passada. O Estado Islâmico as-
sumiu a autoria do ataque.
Os combatentes ocuparam fábricas, bancos e prédios públicos. A maior parte da rede de
comunicação com Palma está cortada. As Nações Unidas falam em dezenas de mortos. Cerca
de 700 famílias estão desabrigadas.

15
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/04/01/estado-islamico-avanca-na-africa-apos-derrota-na-siria

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O governo da República Democrática do Congo, na região central da África, acusa a milícia


conhecida como Forças Democráticas Aliadas de ter assassinado, pelo menos, 23 civis nos
últimos dias. Os Estados Unidos consideram esse grupo aliado do Estado Islâmico.
Os ataques terroristas na África estão aumentando nos últimos anos: as ações têm se
tornado mais frequentes inclusive em países que antes eram considerados seguros. Segundo
uma agência de avaliação global de risco, sete dos dez lugares mais perigosos para ações de
extremistas são agora da região subsaariana.
O fenômeno cresceu com o enfraquecimento do Estado Islâmico em países do Oriente
Médio, como Síria e Iraque. Mas também existe atividade de grupos ligados à Al-Qaeda.
No último trimestre de 2020, houve aumento de 13% nas ações terroristas no continente
africano, em comparação com o período anterior. Burundi foi o país que mais piorou no índice
de risco: é agora a 27ª nação mais perigosa para ações terroristas no planeta. Costa do Mar-
fim, Tanzânia, Chade, República Democrática no Congo, Etiópia, Quênia, Moçambique e Sene-
gal também pioraram no ranking.

3.2.4. A Guerra de Maio de 2021 entre Palestina e Israel

Durante 11 dias de maio de 2021, Israel bombardeou pontos em Gaza de maioria palestina,
considerados como bunkers do grupo radical Hamas.
Enfrentamentos em Jerusalém foram o estopim para mais uma escalada de violência na
região. Desta vez, em 11 dias houve 250 mortes. Segundo Benjamin Netanyahu, primeiro-mi-
nistro de Israel, o que se buscou por parte de Israel foi estabelecer a calma na região. Mas,
segundo analistas políticos (e algo também que Israel não esconde), o foco era o combate às
operações do Hamas em Gaza.
No fundo, os confrontos entre palestinos e israelenses, especialmente em Gaza e nas ime-
diações de Jerusalém, são muito antigos, com mais de 5 décadas de duração (ao menos des-
de 1967) e, ultimamente, podem ser vistos como um cemitério de iniciativas de paz, lideradas,
via de regra, pelos Estados Unidos. Peço muita sua atenção para este tema (Palestina X Israel),
que estava dormente em atualidades ao longo dos últimos 5 anos, mas que, agora, ao que tudo
indica, volta à nossa pauta com força e deve despencar em provas.

Os dois principais grupos radicais (fundamentalistas) com atuação na Palestina são o Hamas,
grupo de orientação sunita, e o Fatha – também de orientação sunita e criado por Yasser Ara-
fat. Ambos, embora defendam a mesma causa (ou seja, a defesa dos preceitos islâmicos e po-
liticamente a libertação/formação da Palestina) rivalizam no controle da Palestina e já tiveram
entre si travada uma guerra entre 2006-2007. Atualmente, quem possui maioria no parlamento
palestino é o Fatah, mas quem controla Gaza é o Hamas. De forma indireta, o Hezbollah (de

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orientação xiita) também possui relativa força na região, se encontrando sediado no Líbano
recebendo franco apoio do governo do Irã.

Percebam no mapa abaixo que vem ocorrendo um gradual enxugamento em termos de


área da Palestina ao longo das décadas. Atualmente os palestinos ocupam as partes esparsas
na área da Cisjordânia e ao Sul de Israel, em Gaza.

3.3. Rússia
3.3.1. Introdução

A Rússia vem buscando, de forma aguerrida, recuperar o terreno perdido, tanto no campo
econômico quanto geopolítico, após o esfacelamento do bloco comunista da União Soviética e
a condução trôpega de Boris Yeltsen nos anos 1990. O responsável por esse processo atende
pelo nome de Vladimir Putin. Homem forte à frente do país há 20 anos, seja como Presidente,
Primeiro-Ministro e depois Presidente novamente (reeleito em 2018, com mandato até 2024),
o ex-agente faixa preta da KGB se utiliza de expedientes autoritários, eliminando adversários
questionáveis do ponto de vista internacional (tal qual agiu na Chechênia, em 2000, e na Ucrâ-
nia e Crimeia, em 2014), para atualmente falar de igual para igual com qualquer outra potência
global dentro do jogo geopolítico.
Após ter conhecido em 2009 sua maior recessão desde a queda do bloco soviético e ter se
recuperado nos anos seguintes, a Rússia passou por dois anos consecutivos de recessão no-
vamente, entre 2015 e 2016, devido a uma assombrosa fuga de capitais, ao colapso do rublo,
à queda dos preços do petróleo e às sanções comerciais ocidentais (impostas pelos EUA), que

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ocorreram no seguimento da crise ucraniana (2014). Após um crescimento negativo em 2015


(-3,7%) e 2016 (-0,8%), um crescimento positivo era esperado para 2017, impulsionado pelo
consumo privado, o qual se confirmou, ficando na casa dos 1,5%.

3.3.2. A Copa do Mundo de 2018

A Rússia realizou, em 2018, entre 14 de junho e 15 de julho, a sua primeira Copa do Mundo.
O país já havia sido sede dos Jogos Olímpicos de 1980 (Moscou) e das Olimpíadas de Inverno,
em Sochi (2014). A Rússia faz parte também do calendário oficial da Fórmula 1 e é considera-
da uma potência em vários esportes, tais quais ginástica, natação, vôlei e tiro, para no ano de
2018, com 11 sedes (12 estádios, pois dois eram em Moscou), mostrar ao Mundo, mais uma
vez, sua capacidade em organizar eventos de grande porte realizando a 21a Copa do Mundo.
Vale destacar que nunca antes na história uma Copa havia sido realizada com jogos em dois
continentes (já tendo havido, contudo, Copa do Mundo em dois países, como em 2002, entre
Japão e Coreia). No caso em tela russo, uma das sedes ficou em Ecaterimburgo, depois dos
Montes Urais, na Ásia. Veja as sedes abaixo.

3.3.3. as escalas de poder da Rússia atualmente: as geopolíticas

Energia

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Consolidada há mais de um século como uma potência na produção de energia, a Rússia,


país com as maiores reservas de gás natural do Mundo, terceiro em produção de petróleo e
quarto em energia nuclear, avança sobre o Mundo com seu poder econômico, alicerçando uma
imbricada rede de dependência emaranhada por seus gasodutos e oleodutos.
O jogo é simples. Onde os EUA deixaram lacunas, os russos entram. Onde há necessidades
de gás natural, eles entram e as sanam. No Qatar, uma das várias petrolíferas estatais (o Esta-
do russo possui mais de 15 empresas de energia próprias ou de capital misto) de Putin, cha-
mada ROSNEF, ao se associar aos xeiques do país sede da Copa de 2022, descontentes com a
forma como vinham sendo tratados pela Arábia Saudita e os EUA, se tornou em 2017 a maior
empresa de energia do Mundo. Pela Ásia Central, a rede de gasodutos que passa por dentro
das ex-repúblicas soviéticas faz com que estes ex-países-satélite não tenham autonomia ple-
na para decidir seus rumos, basta-nos ver o que aconteceu na Ucrânia quando, em 2014, a
Rússia forçou o país a se retirar das negociações de entrada na União Europeia. Foi assim com
a Georgia, com a Ucrânia, e será assim com outros. Na Europa, estima-se que mais de 80% das
necessidades de gás natural e em torno de 90% de petróleo seja sanada pelos russos. Para
onde se olha, a influência deles está presente cada vez mais no tabuleiro do jogo geopolítico
global, sendo a energia como uma ponta desta lança afiada.
Geopolítica com a China
A nova ordem geopolítica que se desenha para este novo século se encontra relacionada
à costura entre a Rússia e China com vistas à formação de um campo geopolítico forte de
contraposição ao poder dos EUA. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, morto recente-
mente, o século XIX foi considerado o “século da Europa”; o século passado (XX), o “século dos
EUA”; e muito provavelmente o século atual será o da Ásia.
Tanto Rússia quanto China se encontram alinhados nos Brics, no G20, sendo nações do
Conselho de Segurança da ONU e de atitudes vorazes com relação a seus interesses, governos
autocratas (na Rússia, ainda disfarçado de democracia) e possuidores de extensos territórios
(sendo a Rússia o primeiro, e a China, o quarto no Mundo).
A Geopolítica Armamentista
No início de 2018, o Presidente Vladmir Putin anunciou um plano armamentista para a Rús-
sia, a quarta nação que mais gastou com armamentos no Mundo, sendo uma das que mais
ampliaram seus gastos nos últimos anos. O “pacote”, tal qual o Presidente russo se referiu em
discurso, visa exatamente inutilizar o poder dos EUA e da OTAN com tecnologia inovadora de:
• Míssil de cruzeiro com propulsão nuclear ilimitado;
• Um submarino nuclear não tripulado com alcance intercontinental, altíssima velocidade,
propulsão silenciosa e capaz de atingir grande profundidade;
• Um míssil hipersônico Mach 10 com velocidade de 200 km;
• Um novo míssil estratégico Mach. 20.

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Todos estes sistemas têm capacidade de serem armados com ogivas convencionais ou
nucleares. As implicações são de imensa importância para a correlação de forças interna-
cional. Em primeiro lugar, porque demonstra que foram inúteis os esforços dos EUA para a
construção dos chamados escudos nos territórios vizinhos à Rússia, e, em segundo lugar, por-
que a vantagem americana em função de seus porta-aviões tornara-se questionável em razão
desses novos submarinos.
População e Geopolítica
Por fim, um ponto interessante acerca da geopolítica russa reside na questão populacional,
desta que já foi uma das potências globais em termos populacionais e que hoje vê encolher
– em processo similar ao que ocorre em mais de 20 países situados ao norte geopolítico do
planeta – a sua população.
Matéria publicada no G116, oriunda da BBC, de 08/09/2019, nos revela a real dimensão des-
ta questão e como o governo russo busca soluções a curto prazo.
O ambicioso plano da Rússia para combater o encolhimento da população
País quer atrair entre 5 a 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025; objetivo é evitar redu-
ção da população e, assim, perda de influência geopolítica.
É uma das principais ameaças às aspirações geopolíticas da Rússia.
O país enfrenta uma crise demográfica sem precedentes que atingiu um novo patamar em
2018 quando, pela primeira vez em uma década, a população russa caiu em termos absolutos.
Segundo a Rosstat, o IBGE russo, o país tem agora 148,8 milhões de habitantes, 93,5 mil a
menos do que no ano anterior.
E as estimativas não são promissoras. Segundo estimativas da ONU, a Rússia perderá cer-
ca de 8% de sua população até 2050.
Consciente disso, o governo do Presidente Vladimir Putin desenvolveu um plano ambicioso
para atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025.
“O declínio demográfico tem sido um problema para a Rússia há décadas”, diz Gregory
Feifer, analista do Centro Davis para Estudos Russos e Eurasianos da Universidade de Harvard
(EUA), à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
“O alto escalão do governo, incluindo o Presidente Putin e o primeiro-ministro Medvedev,
falou publicamente sobre isso”.
“Mas as políticas que vêm sendo tomadas são inadequadas para enfrentar o declínio da
população. O que o governo está fazendo é desestimular a imigração e incentivar a emigra-
ção”, acrescenta Feifer.
Fuga de cérebros
Como muitos outros países do mundo, a Rússia também enfrenta baixas taxas de natalidade.
Em sua campanha eleitoral de 2018, o Presidente Putin prometeu gastar mais de US$ 8 bi-
lhões (R$ 32 bilhões) nos próximos três anos em programas para ajudar as famílias a ter filhos.
16
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/08/09/o-ambicioso-plano-da-russia-para-combater-o-encolhimento-da-
-populacao.ghtml

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Mas o declínio da população russa em termos absolutos se deve, principalmente, à migração.


Em 2017, o último ano com dados disponíveis, 377 mil deixaram a Rússia, segundo
a Rosstat.
“Muitas pessoas estão deixando a Rússia, jovens profissionais altamente qualificados são
maioria”, diz Feifer. “E isso é um problema para a Rússia, porque é o tipo de pessoas que o país
precisará para manter sua influência no mundo e em sua economia.”
A opinião de Feifer é comprovada pelos números da Rosstat. Segundo o órgão, em 2017,
22% das pessoas que deixaram a Rússia tinham formação superior, 5% a mais que em 2012.
Atrair imigrantes
Tradicionalmente, a Rússia era um país receptor de imigrantes, e a perda de população
causada pelo declínio natural (baixas taxas de natalidade) costumava ser mitigada pelos re-
cém-chegados ao país, principalmente de países do Cáucaso e da Ásia Central.
Por outro lado, esse número vem registrando quedas consecutivas. No ano passado, che-
gou ao valor mais baixo desde 2005: 124.900, segundo a Academia Russa de Economia e Ad-
ministração Pública (Ranepa).
A dificuldade na obtenção de vistos de residência e a obrigatoriedade de que o candidato
à cidadania russa renuncie a sua nacionalidade de origem representam barreiras à imigração,
explicou Yulia Florinskaya, especialista em migração da Ranepa, ao site de notícias Eusarianet.
Estima-se que a Rússia precise de até 300 mil pessoas a mais por ano para mitigar os efei-
tos da perda natural da população e permanecer em um crescimento líquido zero.
Neste contexto, o governo de Putin deu prioridade à política imigratória e aprovou em outu-
bro do ano passado um novo plano para os próximos seis anos, com o qual espera atrair entre
5 e 10 milhões de migrantes.
Pelo plano, os procedimentos para obtenção de autorizações de trabalho e acesso à cida-
dania russa são simplificados.
O objetivo é atrair principalmente a população de língua russa de países vizinhos, incluindo
a Ucrânia, o Cazaquistão, o Uzbequistão, a Moldávia e outras repúblicas ex-soviéticas. Mas
também tem como alvo os estrangeiros que querem “integrar-se à sociedade russa”.
O despovoado leste
A desigualdade na ocupação do território é outro problema para as autoridades russas.
Segundo um documento do Conselho Russo de Assuntos Internacionais, “a Rússia entende
que tem uma crise demográfica em curso, especialmente nas regiões da Sibéria e do Extre-
mo Oriente”.
E é por isso que esse plano de imigração visa a “atrair estrangeiros e imigrantes para repo-
voar essas áreas com baixa população”.
Isso não é algo novo. De acordo com o serviço russo da BBC, desde o colapso da União
Soviética, houve numerosos programas para receber imigrantes “etnicamente russos” das an-
tigas repúblicas soviéticas.

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O objetivo desses programas, por meio dos quais os imigrantes podiam obter a naciona-
lidade russa, era repovoar essas áreas remotas. As famílias que se mudaram para a Rússia
receberam terras e uma quantia em dinheiro (aproximadamente US$ 6,5 mil).
“Não se podia escolher o local onde você ia morar; era o governo que escolhia, e geral-
mente se tratava de lugares remotos, sem serviços sociais, sem escolas...”, explica Anastasia
Uspenskaya, repórter do serviço russo da BBC.
Como resultado, menos de 1 mil pessoas se candidataram a esses programas.
Segundo uma análise do centro de estudos Stratfor, a Rússia enfrenta o risco de tensões
étnicas com a chegada de imigrantes do Cáucaso e da Ásia Central.
“A Rússia não é tradicionalmente propensa à imigração; é uma sociedade fechada”, diz
Anastasia Uspenskaya.
Para Gregory Feifer, a Rússia “é um lugar muito difícil para os imigrantes viverem e trabalharem”.
“Em teoria, a Rússia seria o destino ideal para imigrantes de países fronteiriços da Europa
Oriental e da Ásia Central, como o Tajiquistão, onde o salário médio mensal é de US$ 15 por
mês. Mas a sociedade é muito racista”, diz o analista.
“Especialmente os imigrantes de pele escura enfrentam discriminação e violência”, acrescenta.
Em Yakutsk, na Sibéria, fortes protestos contra a imigração foram realizados em março
passado, após o estupro de uma mulher por imigrantes da Ásia Central.
O plano de Putin está funcionando?
Após uma trajetória descendente durante vários anos, os números da Rosstat mostram um
aumento significativo no número de imigrantes nos primeiros meses de 2019.
Entre janeiro e abril deste ano, houve uma “imigração estranhamente alta na Rússia”.
As estatísticas oficiais mostram que nesse período a população migrante cresceu em 98
mil pessoas, em comparação com as 57,1 mil registradas no mesmo período de 2018.
No entanto, nenhum dos planos anteriores do governo russo foi bem-sucedido.
Além disso, ainda é muito cedo para vincular esse aumento à nova política de imigração do
governo e estabelecer uma tendência.
Em qualquer caso, de acordo com uma análise da Stratfor, embora a Rússia consiga atrair
um número significativo de migrantes para mitigar o declínio de sua população, isso terá um
impacto pequeno nas previsões demográficas.
“Mesmo que a Rússia consiga aumentar substancialmente a imigração, isso não vai garan-
tir números suficientes para compensar o declínio em sua população”, diz Feifer.
“As autoridades russas perceberam que suas estratégias anteriores para aumentar as ta-
xas de natalidade não funcionavam, e agora eles estão falando sobre o incentivo à imigração,
mas é tudo da boca para fora. Não acho que isso vai resolver os problemas”, conclui.

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3.4. China
A China é a maior demografia global, ao concentrar 18% de todos os habitantes do Planeta,
embora seus indicadores de crescimento populacional já estejam totalmente estabilizados.
Além disso, em termos econômico-produtivos, é, ao mesmo tempo, o maior produtor de produ-
tos industriais e também o maior consumidor de insumos energéticos.
Maiores populações em 2019:
• 1. China: 1.384.688.986
• 2. Índia: 1.296.834.042
• 3. Estados Unidos: 329.256.465
• 4. Indonésia: 262.787.403
• 5. Brasil: 208.846.892
• 6. Paquistão: 207.862.518
• 7. Nigéria: 195.300.340
• 8. Bangladesh: 159.453.001
• 9. Rússia: 142.122.776
• 10. Japão: 126.168.156

Do ponto de vista político, em 2018 o Partido Comunista Chinês acaba formalmente com
os limites do mandato para a presidência de Xi-Jinping, abrindo caminho para um governo vi-
talício do atual líder do país.
Dos 2.964 delegados que votaram sobre a matéria no Congresso Nacional do Povo (CNP),
2.958 se declararam a favor de revogar um limite de 10 anos para mandatos presidenciais,
juntamente com uma série de outras mudanças constitucionais visando consolidar o poder
de Jinping.
Na verdade, o gigante oriental, de forma explícita, busca promover uma política em que,
pelos próximos anos, não haja espaço para que uma alteração de rumos institucionais venha
representar minimamente qualquer fratura frente à segura conduta que, há décadas, o país
vem perseguindo em torno de se consolidar ainda mais como um gigante global em todos os
segmentos possíveis.
Dentro desses contextos, a China ainda ostenta a maior taxa de crescimento econômico
em comparação a todas as principais economias do mundo. Chama atenção, contudo, que
o crescimento do PIB chinês em 2019 (último ano pré-pandemia) foi o menor desde 1990,
tendo avançado “apenas” 6,1% em relação ao ano anterior (sendo que em 2018 houve 6,6%
de crescimento), segundo dados oficiais. Embora o país há mais de 10 anos não revele um
crescimento econômico na casa dos dois dígitos, segue de forma inequívoca um norte voraz,
engolindo mercados e também incrementando escalas de consumo internas. Ao decidir em
2018 manter Xi Jinping como líder por tempo indefinido, o Partido Comunista Chinês não deixa

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dúvida alguma de que seus estamentos político-institucionais são mais sólidos até que a pró-
pria Muralha da China.
Em 2020, mesmo em meio a acusações (ainda não provadas) de haver causado de forma
proposital a pandemia de COVID-19 e, claro, sendo o epicentro da pandemia global como sa-
bemos (veja texto ao fim desta aula sobre os desdobramentos da COVID-19), a economia chi-
nesa foi uma das únicas no Mundo (junto apenas com Taiwan) que cresceram em 2020, com
incremento de 2,1% no ano. Como comparação: a economia do Brasil regrediu 4,1%, a dos EUA
regrediu em torno de 6%, e a da Alemanha, em mais de 7%.

3.4.1. China, Hong Kong e Taiwan

Uma questão de atualidades muito importante ocorrida em 2019/2020 na China diz respei-
to a Hong Kong e a como a população da cidade-Estado vem temendo (e protestando contra) o
peso do controle chinês. Ao longo do segundo semestre de 2019 (seguindo-se em 2020), uma
série de manifestações nas ruas da cidade-Estado que pertence à China, mas é governado
com maior distensão política, demonstrou o descontentamento da população local frente à
direção nítida do Partido Comunista chinês em aumentar o controle sobre a localidade.
Quando Hong Kong retornou ao controle de Pequim em 1997, seus habitantes receberam
a promessa de que manteriam por 50 anos as liberdades civis e o Estado de Direito adotados
durante o século e meio de colonização britânica. A ilha nunca teve democracia, mas desfruta-
va de garantias inexistentes na China continental, entre as quais a liberdade de imprensa e de
expressão e um Judiciário independente.
E, faltando em 2019 28 anos para o ano 2047, quando os 50 anos se completam, muitas
das liberdades civis de Hong Kong estiveram sob ataque da China continental. O alvo das
manifestações vem em direção ao projeto de lei que permite a extradição para a China de
acusados da prática de crimes. Os críticos da proposta afirmam que ela abre caminho para
opositores políticos em Hong Kong serem enviados para julgamentos pelo nada independente
sistema judicial de Pequim, no qual imperam os desígnios do Partido Comunista.
No início do ano de 2019, Xi Jinping ofereceu aos taiwaneses a reunificação com a China
sob modelo de “um país, dois sistemas”, o mesmo adotado em Hong Kong. Nas horas sub-
sequentes, a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen, reiterou sua rejeição à proposta e manifestou
solidariedade aos manifestantes da ex-colônia britânica. “Nós estamos ao lado do povo aman-
te da liberdade de Hong Kong. Em seus rostos, nós vemos o anseio pela liberdade e somos
lembrados de que a democracia arduamente conquistada por Taiwan deve ser protegida e
renovada por cada geração”, escreveu Tsai em sua conta no Twitter.
Taiwan é a ilha para a qual fugiram os nacionalistas derrotados pelos comunistas na guerra
civil da China, encerrada em 1949. Governada de maneira ditatorial e sob lei marcial até 1987, a
ilha realizou sua primeira eleição direta para Presidente em 1996. “Hong Kong vive a realidade

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de ‘um país’ e a ilusão de ‘dois sistemas’”, afirmou a porta-voz do Partido Democrático Progres-
sista de Taiwan, Isis Lee, de acordo com relato do jornal Taipei Times.
Em matéria do portal G117, da BBC News, de 05/07/2019, vemos a dimensão das princi-
pais diferenças que constituem o postulado regente, ao menos nas relações entre Hong Kong
e a China: ou seja; “um país, dois sistemas”. Então vejamos com atenção:
As 5 principais diferenças da vida em Hong Kong e na China
Por 150 anos, Hong Kong foi uma colônia britânica; ao ser devolvido aos chineses, o território
teve assegurado até 2047 um grau elevado de autonomia.
Hong Kong está em contagem regressiva para 2047. Se nada mudar, esse é o ano em que
o território passará a ser controlado completamente pela China.
A China cedeu Hong Kong ao Reino Unido em 1842 após a Primeira Guerra do Ópio. Por
cerca de um século e meio, o território foi uma colônia britânica.
E só foi devolvido aos chineses em 1997, quando Hong Kong passou a ser uma região ad-
ministrativa especial da China.
À época, ficou acertado que Hong Kong teria um grau elevado de autonomia, o que inclui
um sistema político e uma estrutura econômica próprios. A exceção trataria das áreas de de-
fesa e relações exteriores, ambas sob o controle da China.
O acordo de devolução sob um modelo chamado de “um país, dois sistemas” dura-
ria 50 anos.
No entanto, ninguém sabe exatamente o que vai acontecer em 2047 com o território de 7,4
milhões de habitantes.
Há diferentes cenários possíveis. Além de passar a ser controlada integralmente pela Chi-
na, discute-se também a possibilidade de estender o prazo, de assegurar independência total a
Hong Kong ou até mesmo de firmar novos termos com a China para uma solução intermediária.

Em 2014, contudo, um conselho do governo chinês publicou um documento oficial, chama-


do Livro Branco sobre Hong Kong. Nele, assinalavam que o objetivo é a “reunificação do con-

17
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/05/as-5-principais-diferencas-da-vida-em-hong-kong-e-
-na-china.ghtml

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tinente” e lembravam que o território tem autonomia sobre assuntos locais desde que tenha
permissão do poder central.
Analistas internacionais advertem que esse poder que Pequim tenta exercer sobre Hong
Kong está cada vez mais acentuado. Tem impulsionando também um processo de homogenei-
zação do território, na tentativa de diminuir as diferenças que existem entre a China continental
e o território semiautônomo.
Essa postura de Pequim tem gerado resistência em Hong Kong.
Milhões de pessoas saíram às ruas nas últimas semanas, inicialmente motivadas por uma
lei que autorizaria extradições de cidadãos locais ao território chinês propriamente dito. Os
protestos serviram também para externar a insatisfação mais difusa de cidadãos de Hong
Kong com Pequim.
Na segunda-feira (1º), dia do aniversário da transferência da soberania sobre Hong Kong do Rei-
no Unido à China, manifestantes invadiram e ocuparam a sede do legislativo e depredaram seleti-
vamente alguns símbolos da soberania de Pequim, depois de semanas de imensas manifestações.
Mas você sabe quais são as principais diferenças entre a China e o território semiautônomo?
A BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC News, listou cinco dessas diferenças:
1. Sistema político
A República Popular da China é um Estado socialista comandada por um único partido, o
Partido Comunista chinês, ainda que existam outros partidos no país.
Segundo o estatuto do Partido Comunista do país, 90 milhões de filiados selecionam 2.300
delegados que, por sua vez, votam nos 200 membros do comitê central.
Esse comitê é quem elege o Politburo com seus 25 integrantes, o comitê permanente que
tem de cinco a nove membros e o secretário-geral que, na prática, é o principal líder do partido.
Desde 2012, esse posto é ocupado por Xi Jinping, que também assumiu o cargo de Presi-
dente da China em 2013.
Hong Kong, por sua vez, também tem como Presidente Xi Jinping. Mas o território tem o
próprio governo.
O chefe do Executivo local é eleito por votação secreta por um comitê de 1.200 pessoas
escolhidas pelo próprio governo central.
O mandato é de cinco anos e renovável por duas vezes consecutivas, no máximo. Desde
2017, a chefe do governo local de Hong Kong é Carrie Lam, que condenou a violência e o van-
dalismo dos protestos mais recentes.
Hong Kong também tem uma Assembleia Legislativa com 70 integrantes, entre eles políticos,
empresários, sindicalistas, professores, líderes religiosos e até celebridades, eleitos (algo impen-
sável na China) por residentes com mais de 18 anos. Metade das vagas é ocupada por represen-
tantes de regiões geográficas e a outra metade por representantes de empresas ou associações.
Ainda que Hong Kong não seja uma democracia plena, a Assembleia é eleita por um seg-
mento mais diverso da sociedade se comparado à China continental.

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Nos últimos anos, contudo, tem aumentado a demanda por mais democracia em Hong
Kong, com uma série de manifestações que se repetem nas ruas há mais de uma década con-
tra políticas e leis impostas pela China.
2. Sistema judicial
O sistema legal de Hong Kong é bastante distinto do modelo continental chinês. Ele se as-
semelha ao sistema britânico, em que a transparência e independência dos processos judiciais
são prerrogativas previstas em lei – no caso de Hong Kong estão na chamada Lei Básica, uma
espécie de carta constitucional do território semiautônomo.
Na China continental, por sua vez, o Partido Comunista controla todos os aspectos do
processo judicial e críticos afirmam que é um sistema bastante corrupto que não oferece ga-
rantias mínimas aos que são processados.
No entanto, a Lei Básica também está subordinada ao comitê permanente do Congresso
Nacional da China, que tem o poder de emitir uma interpretação final e vinculante das leis. As-
sim, nesse aspecto, a independência do sistema não é integralmente garantida uma vez que
Pequim tem a última palavra.
3. Direitos civis
Ainda que Pequim tenha a última palavra em relação à legislação de Hong Kong, os cida-
dãos do território semiautônomo têm uma série de liberdades civis exclusivas. Diferente do
resto da China, desfrutam de liberdade de imprensa, de associação e de expressão.
No entanto, episódios nos últimos anos colocaram em xeque essas prerrogativas.
Em 2014, líderes estudantis foram detidos e acusados de traição por terem participado
da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, que ganhou esse nome em referência aos guarda-chuvas
usados como proteção do gás lacrimogêneo lançado pelas forças de segurança. Estudantes
foram às ruas contra a decisão de Pequim de fazer uma reforma educacional na qual se exal-
tava nas escolas os valores comunistas.
Professores críticos ao sistema comunista também foram detidos, e livrarias considera-
das “subversivas” têm sido fechadas por publicarem ou venderem obras com críticas ao re-
gime chinês.
Ainda assim, a mídia e o acesso à informação em Hong Kong são visivelmente mais diver-
sos que no resto da China. Redes sociais como Facebook, Twitter, WhatsApp, por exemplo, são
permitidos sem restrições.
Cidadãos de Hong Kong também têm passaporte diferente dos chineses, que permite via-
jar à maioria dos países do mundo, entre eles os EUA e aos Estados-membros da União Euro-
peia sem necessidade de solicitar visto.
4. Economia
O modelo “um país, dois sistemas” permite que Hong Kong conviva, paradoxalmente, com
o socialismo e o capitalismo ao mesmo tempo no mesmo lugar. Dessa forma, enquanto as

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empresas da China são regidas por um sistema comunista, controlados em sua maior parte
pelo Estado, Hong Kong tem um sistema livre de mercado.
A República Popular da China não interfere nas leis fiscais da região administrativa e não
cobra nenhum tipo de imposto.
A economia chinesa, assim como a de outros países em desenvolvimento, depende prin-
cipalmente da produção de matéria-prima e produtos manufaturados. Já a economia de Hong
Kong se baseia nos setores de serviços e finanças.
As moedas são distintas. Enquanto a China usa o yuan o território semiautônomo tem o
dólar de Hong Kong. A moeda de Hong Kong opera num câmbio vinculado ao dólar dos EUA e
se submete às regras do mercado internacional, algo que não acontece com a moeda chinesa.
E a economia local é reconhecida por impostos mais baixos, livre comércio e pequena in-
terferência das autoridades governamentais nas atividades empresariais.
5. Idioma
A China continental e Hong Kong não falam a mesma língua. O idioma oficial da China é
o mandarim. No entanto, existem no país uma série de dialetos e outros idiomas, entre eles o
cantonês, que se fala em Hong Kong.
O mandarim, contudo, é ensinado em todas as escolas, inclusive em Hong Kong. Mas no
dia a dia, tanto nas ruas quanto no trabalho, o cantonês é mais falado no território semiautôno-
mo que o mandarim. O inglês também é usado, em especial em placas de sinalização nas ruas
e nos transportes coletivos.
Ainda que a maioria das pessoas em Hong Kong tenha origem chinesa e o território perten-
ça à China, muita gente não se identifica com os chineses. Várias pesquisas da Universidade
de Hong Kong mostram que uma parcela significativa da população se identifica como ‘hon-
gkonger’ e que apenas 15% se identificam como chinês.
Essa diferença é ainda mais forte entre os jovens. Levantamento feito em 2017 mostrou que
apenas 3% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos se declaravam como chineses em Hong Kong.

4. Atualidades Relacionadas a Temas Globais


4.1. Tecnologia e entretenimento
TEXTO COMPLEMENTAR
O TRABALHO NA ATUALIDADE
Falar do mundo do trabalho em Atualidades passa, fundamentalmente, por entendermos
acerca de perdas e ganhos e toda a gama de mudanças estruturais que a Nova Revolução Tec-
nológica, também conhecida como 4ª Revolução Tecnológica, (ou 4.0) traz à tona.
Era da automação: o grande “calcanhar de Aquiles” atualmente na questão do emprego
no mundo é a inteligência artificial, ou seja, máquinas (computadores) simulando reações hu-
manas (e consequentemente substituindo pessoas), desde apertar um botão até questões de

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maior complexidade, como pilotar um avião. Se nas décadas anteriores, desde os anos 70,
assombravam o mundo a perda de postos pela automatização e por robôs, hoje, para além
destas perdas, temos ainda com o advento da atual revolução tecnológica, a inteligência das
máquinas tomando o espaço da ação humana. Cerca de 50% das atividades de trabalho são
tecnicamente automatizáveis, segundo relatório da McKynsei, uma das consultoras mais im-
portantes do mundo acerca do trabalho. Conforme outro estudo18, mais da metade dos empre-
gos formais no Brasil (54%) estão ameaçados de substituição por máquinas. Em comparação
com outros estudos publicados no exterior com metodologia semelhante, o Brasil tem mais
empregos ameaçados de extinção do que os Estados Unidos (47%), porém menos que Euro-
pa (59%) e países como Uruguai (63%), Argentina (65%) e Guatemala, que tem o maior índice
(75% dos empregos poderão ser exercidos por máquinas). O número brasileiro significa que
essa quantidade de pessoas ocupadas encontra-se em funções classificadas com probabili-
dade “alta” (60% a 80%) ou “muito alta” (acima de 80%) de serem exercidas por máquinas. Isso
porque são funções “tipicamente rotineiras e não cognitivas”, como ascensorista de elevador
(com 99,9% de que o trabalho seja exercido por máquinas no futuro), taquígrafo (99,5%) ou
coletor de lixo (89,3%). Também estão na lista tarefas cognitivas num nível já alcançado por
formas de inteligência artificial (IA), como recepcionista de hotel (99,1%), cobrador de ônibus
(99,3%) e gerente de almoxarifado (93,4%).
Trabalho remoto: regulamentado na Reforma Trabalhista de 2017, o home office deve cres-
cer como alternativa para a contratação de profissionais. Interessante perceber que a década
que se findou (2010-2019) foi de enorme evolução acerca deste conceito. O que instrumenta-
liza sem dúvida nenhuma o home office são as redes de computadores muito mais eficientes.
Um dos principais ganhos com a evolução do home office é do ponto de vista ecológico, resul-
tado pelo corte de horas de deslocamento (onde se estima girar em São Paulo em torno de 1
hora e meia por dia entre ida e retorno de casa para o trabalho), reduzindo, assim, as emissões
de gases que causam o efeito estufa. Graças a essa iniciativa, é possível diminuir o número de
viagens ao trabalho e, assim, reduzir a poluição, os gastos de energia e o desperdício de papel.
Várias agências de emprego começaram em tempos recentes a demandar profissionais nesta
modalidade. Quem não gostaria de trabalhar em casa? Parece que a hora chegou e, incentiva-
dos forçadamente pela epidemia de coronavírus, as corporações e também o serviço público
entraram de cabeça na era do teletrabalho.
Multidisciplinaridade: quem possuir sólidas competências técnicas e comportamentais
terá prioridade nas ofertas de emprego. Importa-nos entender que o mundo do trabalho tradi-
cional, tal qual formado pelo Fordismo, em que enormes indústrias em que cada operário devia
compreender bem apenas uma fase da produção. Com o Toyotismo, a partir dos anos 70, as
capacidades ficaram mais abrangentes, e o trabalho começa a demandar conhecimentos in-
terdisciplinares. Tal tendência segue até os dias atuais.
18
Disponível em https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/54-dos-empregos-formais-no-brasil-
-estao-ameacados-por-maquinas.html

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Novas carreiras: abre-se, atualmente, uma gama de novas carreiras, como mecânicos de
veículos híbridos, técnico em impressão de alimentos, analista de internet das coisas e técnico
em automação predial são profissões aguardadas na indústria 4.0 (ou 4ª Revolução Tecnoló-
gica), segundo estudo do Senai, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
As 4 revoluções tecnológico-industriais consideradas:
• Primeira Revolução Industrial: chega quase ao final do século XVIII, em 1784, com o
uso do vapor na produção mecânica. O aparecimento do primeiro tear mecânico é um
de seus marcos.
• Segunda Revolução Industrial: em 1870 tem início a produção em grande escala ba-
seada na eletricidade. Inventa-se a cadeia de montagem, e o setor industrial vive uma
extraordinária aceleração.
• Terceira Revolução Industrial: em 1969, com a informática, começamos a programar as
máquinas, o que resulta em uma progressiva automatização.
• Quarta Revolução Industrial: por volta de 2014, a indústria vivencia outro giro imen-
so, surgindo as fábricas inteligentes e a gestão on-line da produção. O alemão Klaus
Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, no seu livro A Quarta Revolução Indus-
trial, traduziu o que se aproximava: “Estamos à beira de uma revolução tecnológica que
modificará a forma que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em uma escala de
alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o gênero
humano já experimentou antes”. E efetivamente está sendo assim por três motivos com
os quais os especialistas estão de acordo: sua velocidade, seu alcance e seu impacto
sem precedentes.

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Em: https://www.iberdrola.com/inovacao/quarta-revolucao-industrial

4.1.1. As criptomoedas

Criptomoedas são moedas digitais descentralizadas, ou seja, sem controle de bancos ou


padrões de lastro do tipo padrão-ouro. A primeira moeda digital criada – hoje a mais famosa
– foi o BITCOIN, em 2008, que se utiliza de uma tecnologia criptografada denominada block-
chain, que é nada mais que uma espécie de um tipo de livro – registro distribuído operado em
uma rede do tipo ponto a ponto (peer-to-peer) de milhares de computadores, sendo que todos
acabam por deter uma cópia igual de todo o histórico de transações, impedindo que uma enti-
dade central promova alterações no registro ou no software unilateralmente sem ser excluída
da rede. No blockchain, a informação não é guardada numa única fonte, mas antes por vários

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utilizadores, que fazem a sua encriptação e verificação, sendo o registro de alterações parti-
lhado por todos.
O controle das criptomoedas reside em vários servidores ao mesmo tempo. Por ser cripto-
grafada, há um estrito protocolo de segurança. Ao processo de criação de Bitcoins denomina-
-se mineração, mas não é, logicamente, qualquer um que poderá realizar esta criação de crip-
tomoedas. Primeiro tem de haver um hardware extremamente potente e pessoas interessadas
na compra de sua moeda, vide que as moedas reais mais valorizadas são as que têm mais
procura, como o dólar e a libra, sendo que o mesmo ocorre com as criptomoedas. Há também
a necessidade de se obter uma chave de criptografia de peso, senão furam sua segurança, e o
negócio vai por água abaixo.
Uma curiosidade sobre a Bitcoin é que não se sabe bem ao certo quem criou a moeda digi-
tal – tirando o nome com que assina, Satoshi Nakamoto. Mas suspeita-se que este pode não
ser o nome real ou até representar na verdade um conjunto de pessoas. O certo é que Satoshi
Nakamoto – seja ele quem for – deixou-nos uma tecnologia que podemos usar para criar o que
quisermos. Não só a Bitcoin já deu origem a outras criptomoedas, usando o mesmo conceito
de blockchain, como estão continuamente a surgir novas ideias, serviços e empresas a utilizar
a própria Bitcoin.
Em 2014, chegou a ocorrer na revista americana Newsweek, em matéria de capa (abaixo),
que eles haviam descoberto o autor da Bitcoin, um homem japonês de 64 anos chamado Do-
rian Satoshi Nakamoto, residente nos arredores de Los Angeles. Dorian negou ser o criador da
Bitcoin; no impasse, apareceu o australiano Craig Wright, membro de um grupo denominado
Cypherpunks, o qual em maio de 2016 afirmou a vários órgãos de imprensa ser o verdadeiro
Satoshi Nakamoto, mas a sua versão não foi bem aceita por todos, permanecendo o misté-
rio e dividindo opiniões até hoje. Ao todo, o mundo só poderá ter 21 milhões de unidades de
Bitcoins. E já foram criadas mais de 16 milhões, portanto tem-se 16 milhões de moedas sem
pai. A estimativa é que a produção das criptomoedas chegará a seu fim no ano 2140, já que
sua geração se torna cada dia mais difícil. Diante da finitude do Bitcoin, seu sistema financeiro
acompanha o processo de outras moedas, em que quanto maior a procura, mais alto tende a
ser o seu valor de mercado.
TEXTO COMPLEMENTAR
AS CRIPTOMOEDAS DE SEGUNDA GERAÇÃO
Em 2019, as criptomoedas de segunda geração ganham definitivamente consistência. En-
quanto as moedas de 1ª geração estiveram restritas a mercados financeiros específicos, a
segunda geração se move atualmente com vistas a realizar operações no mercado de varejo,
tal qual já fazem há séculos as moedas tradicionais. Contribuiu muito o fato de a gigante rede
social Facebook anunciar que, até 2020, colocaria em órbita sua moeda virtual: Libra, tendo
assim um público de 2,3 bilhões de pessoas que, via de regra, entrará em contato de alguma
forma com esta nova moeda. Seguindo a gigante rede social, o Telegram também anunciou

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sua moeda para 2020 chamada Virtual Grand. Ambos, bem verdade, não lançaram conforme
prometido suas moedas, mas agitaram os mercados virtuais. E o Facebook mantém para futu-
ro próximo seu plano, com alteração, contudo, de datas e do nome de sua moeda para Diem.
Já no Brasil, começou a funcionar em 2019 a Wibx, a nossa primeira moeda virtual voltada
ao comércio do varejo – ou seja, de segunda geração fora apenas do ciclo de mercado de in-
vestimentos.
Entre 2017 a 2019, a pioneira criptomoeda criada, o Bitcoin, proporcionou uma rentabilida-
de absurda. Segundo matéria de capa da Revista IstoÉ (ed. 2.594), intitulada “Criptomoedas...
Você ainda vai usar”, seu valor saiu de US$ 960, chegando a US$ 20 mil (para se estabilizar
em fins de 2019 na casa dos US$ 10 mil). Nada mal. Mil por cento de lucro em pouco mais de
dois anos.
As transações com moedas criptografadas ganham cada vez mais espaço, asseguradas
pelos protocolos blockchain e a criptografia. No Brasil, quem comercializa as moedas são as
chamadas exchanges, ou corretoras. Segundo a associação brasileira de criptomoedas (AB-
CRIP), já são mais de 30 instituições. Interessante perceber que, contrariando nossa tendência
intervencionista e controladora estatal, o Banco Central vem sinalizando ao longo dos últi-
mos anos uma liberalização por aqui para este mercado, que ganha corpo velozmente em
nosso país.

4.1.2. A computação em nuvem

Embora muitas pessoas apresentem a computação em nuvem como a próxima tendência,


a ideia é quase tão antiga quanto o próprio computador.
O conceito surgiu em meados da década de 1960 a partir das ideias de pioneiros como
J.C.R. Licklider (a influência mais importante no desenvolvimento da ARPANET – Advanced Re-
search Projects Agency Network –, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que foi a
primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e o precursor da
Internet foi criada só para fins militares), que imaginava a computação na forma de uma rede
global, e John McCarthy (que cunhou o termo “inteligência artificial”), que definia a computa-
ção como uma utilidade pública. Alguns dos primeiros usos foram vistos no processamento
de transações financeiras e dados do censo.
Em 1997, o termo “computação em nuvem” tal como conhecemos foi utilizado pela primei-
ra vez pelo professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa.
Em poucos anos, empresas começaram a trocar o hardware por serviços em nuvem, sendo
atraídas pelos benefícios como a redução nos custos e a simplificação em questões de pesso-
al de TI. O benefício número 1 mencionado no mercado corporativo é a eficiência.
Ao executar certas aplicações que compartilham fotos com milhões de usuários móveis,
ou ao realizar operações essenciais para a vida de sua empresa, atualmente são as platafor-
mas de serviços em nuvem que oferecem acesso rápido a recursos de TI flexíveis e de baixo

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custo. Com a computação em nuvem, não é preciso realizar grandes investimentos iniciais em
hardware e perder tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware.
Esse que é o pulo do gato, recentemente. Em vez disso, é possível provisionar exatamente o
tipo e o tamanho corretos de recursos computacionais necessários para executar a sua mais
recente ideia ou operar o departamento de TI. Você pode acessar quantos recursos forem ne-
cessários, quase instantaneamente, e no fim pagar apenas pelo que usa.
A computação em nuvem oferece uma forma simplificada de acesso a servidores, armaze-
namento, bancos de dados e um conjunto amplo de serviços de aplicação na Internet. Assim,
uma plataforma de serviços em nuvem, como a Amazon Web Services, é proprietária, fazendo
a manutenção do hardware conectado à rede necessário para esses serviços de aplicação,
enquanto você provisiona e utiliza o que precisa por meio de uma aplicação web. Vale destacar
que um dos problemas da computação em nuvem é a necessidade de internet para seu funcio-
namento, à medida que ela só funciona em rede.
TEXTO COMPLEMENTAR
A CHINA E O 5G
Enquanto os EUA comandaram no início da década que se finda a implementação e uso
global da tecnologia 4G, agora é a China quem lidera a implantação do 5G, sendo este um dos
pontos mais importantes na Guerra Comercial entre Estados Unidos e China. A Huawei, uma
empresa chinesa, é líder em tecnologia e em redes de internet sem fio. Dessa forma, a empresa
lidera o mercado de tecnologia na China.
Após a reunião do G20, em Osaka, no Japão, realizada em fins de julho de 2019, Donald
Trump deixou as sanções que tinha imposto sobre a Huawei, ao menos momentaneamente,
de lado. A empresa da China esteve impedida de alguma forma de fazer negócios com compa-
nhias norte-americanas. Dessa forma, o Presidente dos EUA alegara que a tecnologia chinesa
representava riscos à segurança de seu país à medida que China anuncia claramente que irá
implantar as redes 5G já em 2020.
A rede 5G além de otimizar, em 20 vezes, a velocidade de dados nos dispositivos móveis,
como celulares, vai proporcionar novidades como carros autônomos. “O país que dominar o
5G liderará várias dessas inovações e estabelecerá os padrões para o restante do mundo”, diz
um comunicado do Departamento de Defesa (DoD) americano.
A guerra entre os EUA e a China sobre a Huawei teve fôlego curto, parece, mas enlaces
interessantes: no dia 15 de maio, o Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou a proibição de
negociações de tecnologia americana sem a permissão do governo. Ademais, Trump colocou
a Huawei em sua “lista negra”. Em junho, o mandatário norte-americano disse que empresas
americanas teriam permissão para vender para a Huawei. Entretanto, não poderia representar
perigo à segurança nacional. No dia 10 de julho, o Departamento do Comércio dos Estados
Unidos disse que empresas norte-americanas poderiam voltar a fazer negócios com a Huawei.
“Para implementar a diretriz da cúpula do G20 do Presidente há duas semanas, o Commerce

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emitirá licenças onde não há ameaça à segurança nacional dos EUA”, afirmou o secretário Wil-
bur Ross sobre a Huawei. Membros do governo norte-americano afirmaram que a líder chinesa
em tecnologia é um “instrumento do governo da China”. Veremos assim o que acontece nessa
guerra nos próximos capítulos.
O fenômeno TikTok
Donald Trump prometeu banir o inocente e engraçadinho aplicativo criado na China do ter-
ritório dos EUA em 2020. Não conseguiu.
Sucesso em todo o mundo e criado justamente para fazer dinheiro, o aplicativo sensação
da geração que come e dorme grudado na Internet (mais precisamente no telefone) vem crian-
do uma geração de subcelebridades imberbes milionárias. São garotos e garotas que, com
menos de 20 anos, tornaram-se influenciadores digitais (ou digital influencers) e recebem mi-
lhares de dólares para fazerem posts patrocinados. Outros recebem por visualizações, e vários
recebem pelos dois, ou seja, conteúdo patrocinado e visualizações. Nos EUA, estima-se que,
até meados de 2020, 8 jovens tenham feito, cada um, mais de US$ 1 milhão em pouco mais
de um ano no TikTok. No Brasil, as cifras são menores, mas uma legião de jovens já fatura no
TikTok na casa das centenas de milhares de reais. Usuários menores também têm vez, e todos
os dias lançam lives, podendo receber por estas transmissões dinheiro dos amigos. Quando
Trump ameaçou banir dos EUA a ByteDance, empresa responsável pela operação do TikTok
nos EUA, não à toa que empresas do porte da WalMart, Microsoft e Oracle se colocaram à dis-
posição para comprar a operação americana deste aplicativo, que em dois anos foi instalado
mais de 2 bilhões de vezes em todo o mundo.

4.1.3. O conceito de big data e seus usos

Em informática, big data significa o conjunto de informações armazenadas. Atualmente,


este termo vem sendo cada vez mais utilizado, sendo o big data um conjunto de tecnologias
que permite que os dados possam ser trabalhados sobre três perspectivas não consideradas
antes do surgimento do conceito:
• Volume: a cada dia, novos dispositivos são inseridos nas redes e passam a enviar e
receber informações dos mais diversos tipos. Devido a esse crescimento, surgiu a ideia
de gerenciar essas informações e utilizá-las para agregar valor;
• Variedade: da mesma maneira que há diversos tipos de dispositivos que geram informa-
ções, existem também diversas formas de dados, como textos, imagens, vídeos, dados
de sensores e de localização e outros. Com as tecnologias de big data, se torna possível
analisar e gerenciar todos estes tipos de informações;
• Velocidade: mesmo que os dados existam em grande volume e em uma enorme variedade
de formas, com o big data será possível que eles sejam tratados. Esse é um desafio para as
organizações, já que a velocidade da produção desses dados vem aumentando rapidamente.

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A análise adequada de tais grandes conjuntos de dados alinhavados permite encontrar no-
vas correlações, como, por exemplo: tendências de negócios no local, prevenção de doenças,
combate à criminalidade e assim por diante. Cientistas, empresários, profissionais de mídia e
publicidade e governos regularmente enfrentam dificuldades em áreas com grandes conjuntos
de dados, incluindo pesquisa na Internet, finanças e informática de negócios.
Em empresas, o uso do big data hoje é ainda mais ostensivo. Faz anos que um número cada
vez maior de organizações, de diversos portes e segmentos se utiliza do Big Data Analytics
como ferramenta de apoio estratégia, visando melhorar seus processos de trabalho e adquirir
aquilo que se denomina como “insights”, ou seja, instrumentos valiosos acerca das tendências
de mercado, comportamento dos consumidores e suas expectativas. O big data vem com esta
função, ou seja, auxiliar às empresas a entender a fundo o perfil de seus consumidores, através
de uma rede de dados que se cruzam e fornecem perfis variados.

4.1.4. O carro elétrico

O carro elétrico chegou para ficar, e nenhuma grande empresa do ramo de produção auto-
mobilística atualmente quer estar de fora deste filão.
Mesmo com vários problemas como alto custo de produção (e prejuízos) e dificuldades
técnicas em relação principalmente à autonomia das baterias de lítio, as mesmas de seu celu-
lar, não há dúvidas: o futuro do automóvel será elétrico.
No ano de 2017, a Tesla Motors, fundada nos EUA em 2003, passou a Ford (que fabrica car-
ros desde 1899) em valor de mercado (US$ 49 bi vs. US$ 46 bi). Volvo e Land Rover anunciaram
o banimento de sua linha de carros a propulsão interna (gasolina e diesel) em 2020.
Na Alemanha, a Volkswagen anunciou no início de 2019 para os próximos anos a incrível
marca de US$ 50 bilhões em investimentos em sua linha elétrica, dando a indicar que já em
2022 não fabricará também carros que queimem combustíveis fósseis. Na BMW, a promessa
para os próximos anos é de mais de 25 modelos elétricos (eles já fabricam o urbano i3 e o
belíssimo esportivo i8), inclusive modelos da Rolls Royce, marca estandarte de luxo da qual é
dona atualmente.
É interessante notar que os carros elétricos atualmente dão prejuízo às empresas. A GM,
por exemplo, perde US$ 9.000 mais ou menos a cada modelo Bolt vendido nos EUA. A Tesla,
referência global em carros elétricos, com modelos ultraesportivos que chegam a ser mais
velozes que Ferraris e Porsches, teve prejuízo de quase US$ 700 milhões somente em 2017.
Então, por que será que as empresas se jogaram tão fortemente nestes últimos anos, tempos
de queda, inclusive, no preço internacional no preço do barril entre 2012-2016, no mercado de
carros elétricos? A razão tem a ver com as diretrizes empreendidas pelos principais países do
mundo acerca de suas políticas ambientais e de produção industrial (as quais são desassoci-
áveis). Em período não maior que três anos (desde 2015), a Alemanha anunciou que vai proibir
a fabricação de carros a diesel ou gasolina (ou qualquer motor do tipo propulsão interna) até

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o ano de 2030 (e seu banimento completo da frota local até 2050). Na França, em 2040, não
poderão ser mais fabricados carros a propulsão interna. Na China, maior mercado disparado
de venda de automóveis no mundo, já em 2020 10% dos carros deveriam ser obrigatoriamente
fabricados com motores elétricos, em taxas que seguirão crescendo ao longo dos anos. As
lideranças do Partido Comunista, com seu ambicioso projeto Made In China 2025, de serem
autossuficientes em uma série de setores, veem esses veículos não apenas como uma forma
de limpar os céus poluídos das grandes metrópoles chinesas, mas também como uma forma
de projetar a China nesse mercado de ponta, assim como tenta fazer em campos como a ener-
gia solar e a biotecnologia. É interessante perceber, contudo, que, com a atual matriz enérgica
chinesa, rondando a casa dos 50% de participação do carvão mineral queimado em termoelé-
tricas, se do dia para a noite todo os carros se tornassem elétricos, a poluição atmosférica
faria era aumentar por lá – mas isso é outra história.

4.1.5. A internet das coisas (IoT)

Matéria sobre o fenômeno recente da Internet das Coisas, publicada na versão on-line da
Revista Época Negócios19, demonstra as possibilidades de uso desta ferramenta em uso cada
vez mais crescente.
Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o mundo melhor
Da tecnologia agrícola à limpeza do ar, os dispositivos inteligentes funcionam como aliados
importantes para resolver os problemas da humanidade
Engana-se quem pensa que, no futuro, a internet das coisas irá ajudar a resolver proble-
mas urgentes da humanidade como as superpopulações urbanas e o aquecimento global. Na
verdade, essa nova tecnologia já está sendo usada em diferentes áreas, com resultados de
impacto. Num universo de mais de 4 bi. De pessoas utilizando Internet no Planeta. Já é possí-
vel ver aplicações práticas da internet das coisas na organização do trânsito, na agilização de
tratamentos médicos e também na preservação do meio ambiente., sempre condicionada à
capacidade humana de analisar os dados que os dispositivos conectados geram.
Segundo o Gartner, em 2020 já serão 25 bilhões de objetos conectados à internet – um
crescimento exponencial sobre os 4,8 bilhões de 2015. De acordo com a consultoria, a tendên-
cia é que a internet das coisas esteja cada vez mais presente na vida de todos – e, espera-se,
com resultados positivos.
Recentemente, o Fórum Econômico Mundial listou seis áreas nas quais nas quais a IoT já
faz toda a diferença. Confira abaixo.
1. Cidades mais inteligentes
Hoje, mais da metade da população mundial já vive em ambientes urbanos. Em 2050, a
previsão da ONU é que a proporção suba para dois terços. Por isso, é fundamental cuidar para
19
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-estao-tornando-o-mundo-melhor.html

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que as cidades sejam lugares sustentáveis e bem organizados, que suportem o peso das mu-
danças climáticas e a chegada de mais milhões de habitantes.
A internet das coisas vem ajudando várias cidades a cumprir esse objetivo. Em Barcelona,
na Espanha, o uso de água para irrigação em jardins e fontes públicas já é controlado digital-
mente, evitando desperdícios. O mesmo acontece com o sistema de iluminação pública, que
tem postes dotados de sensores de presença, usados como roteadores para conexão Wi-Fi.
Também em Barcelona, um sistema implantado nas vias públicas avisa os motoristas so-
bre lugares disponíveis para estacionar seus carros. Por meio de sensores no asfalto, sinais
são emitidos para um aplicativo, ajudando o motorista a estacionar rapidamente, o que reduz
o trânsito e as emissões de gases pelos veículos.
2. Limpeza do ar e da água
Cidades que sofrem muito com a poluição têm direcionado esforços para melhorar a qua-
lidade do ar e da água. Em Londres, onde 9 mil pessoas morrem anualmente em função de
problemas respiratórios, a Drayson Technologies está distribuindo para os cidadãos pequenos
aparelhos que medem o nível de poluição do ar. Eles podem ser plugados em carros e bicicle-
tas, circulando junto com os veículos pela cidade.
Os sensores transmitem as informações para o aplicativo da empresa. O app, por sua vez,
consolida as informações num único servidor, permitindo aos londrinos conferir um mapa digi-
tal da qualidade do ar em cada ponto da cidade.
Uma ideia semelhante foi levada a Oakland, na Califórnia, pela startup Aclima, em parceria
com o Google e o Fundo para Defesa do Ambiente (EDF). Nesse caso, os sensores foram dis-
tribuídos pelos carros do Google Street View, e as informações ficarão disponíveis para que os
especialistas trabalhem em ações para reduzir a poluição no ar.
3. Agricultura mais eficiente
O campo também se beneficia da internet das coisas. Na Califórnia, depois que uma seca
histórica prejudicou os agricultores locais no início da década, drones que fazem imagens aé-
reas e sensores de qualidade do solo ajudaram os produtores a identificar os melhores locais
para plantar as novas safras.
Esses recursos já estão presentes também no Brasil. Startups como a Agrosmart instalam
junto às plantações sensores meteorológicos que identificam indicadores como a radiação
solar, direção do vento, pressão barométrica e o pH das espécies. O mapeamento aéreo com
o uso de drones também já é usado por aqui, assim como tecnologias para máquinas semea-
deiras, que mostram em tempo real aos controladores se toda a extensão do solo está sendo
usada de forma adequada.
4. Menos desperdício de comida
Enquanto quase um bilhão de pessoas ainda sofrem com a fome e a desnutrição nos pa-
íses mais pobres, um terço da comida produzida anualmente para o consumo humano é per-

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dido ou estraga em algum ponto da cadeia de abastecimento, segundo a FAO – órgão da ONU
que investiga questões relacionadas à alimentação.
Há como reduzir a dimensão do problema usando a internet das coisas, mais uma vez agin-
do no ambiente rural. Uma possibilidade é monitorar processos como irrigação, polinização e
a fertilização do solo, e fornecer relatórios a fazendeiros. É o que faz a startup israelense Pros-
pera, que também tem um software de gestão para que os produtores gerenciem suas vendas
e evitem perdas no transporte das mercadorias.
Na África, onde a logística é mais precária, empresas semelhantes, como Farmerline e Ar-
goCenta, atuam para ajudar pequenos produtores a canalizar seus produtos rapidamente a dis-
tribuidores. Nos aplicativos, eles encontram empresas fabricantes de alimentos interessadas
em vários tipos de ingredientes, além de cotações atualizadas de mercado para determinar o
preço correto.
5. Conectando pacientes e médicos
Os sensores conectados também já são usados na medicina. Em vários países, já são usa-
dos em vários países dispositivos vestíveis que medem batimentos cardíacos, pulso e pressão
sanguínea dos pacientes, deixando seus médicos informados o tempo todo. Isso não só nos
hospitais, mas também nas próprias casas dos pacientes, no caso daqueles que enfrentam
risco constante.
Tecnologias do tipo também ajudam a controlar epidemias como a de ebola, que eclodiu
em 2015 no oeste africano. Na época, o Instituto de Pesquisa Scripps levou à região aparelhos
que medem indicadores de risco nas pessoas com o vírus. Com os dados transmitidos via
Bluetooth, foi reduzida a necessidade de interação física de médicos com pacientes infecta-
dos, ajudando no controle da transmissão da doença.
6. Combatendo o câncer de mama
Com previsão de 59,7 mil novos casos entre as mulheres brasileiras no biênio 2018-2019,
segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o câncer de mama
já é alvo de diversas campanhas de conscientização no programa Outubro Rosa. Mas o com-
bate pode ser potencializado pela internet das coisas.
A mamografia tradicional pode falhar em identificar a doença nos estágios iniciais. Para re-
solver o problema, a Cyrcadia Health desenvolveu a ITBra. O equipamento consiste em um top
com microssensores que identificam mínimas variações de temperatura na região dos seios.
Ao transmitir as informações para o smartphone da usuária ou para o médico, os dispositivos
ajudam os profissionais da saúde a identificar padrões que possam representar um perigo
para a saúde da mulher.
A Cyrcadia está testando a solução na Ásia, onde questões culturais impedem uma cons-
cientização mais ampla e tornam o câncer de mama ainda mais letal. Espera-se que, em breve,
a empresa leve seu produto para outros países.

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4.1.6. A tecnologia em 2021

A Computação Quântica20
A Computação Quântica promete se tornar nesta década que se inicia um novo paradigma
para a informática. A nova geração de supercomputadores aproveita o conhecimento da me-
cânica quântica – a parte da física que estuda as partículas atômicas e subatômicas – para
superar as limitações da informática clássica, baseada no clássico binômio 0 e 1.
A multinacional IBM será a primeira a comercializar um computador quântico. Prodígio da
tecnologia, o Q System One é um cubo de vidro com quase 3 m³ e 20 qubits, sendo apresenta-
do em 2019 servindo ao setor empresarial e à pesquisa. A informática quântica utiliza como
unidade básica de informação o qubit no lugar do bit convencional.
Este sistema alternativo admite a superposição coerente de zeros e uns, os dígitos do sis-
tema binário sobre os quais se assenta toda a computação, diferentemente do bit, que só pode
adotar um valor ao mesmo tempo: um ou zero.
Esta particularidade da tecnologia quântica faz com que um qubit possa ser zero e um ao
mesmo tempo e, além disso, em diferentes proporções. A multiplicidade de estados possibili-
ta que um computador quântico de apenas 30 qubits, por exemplo, possa realizar 10 trilhões
de operações em vírgula flutuante por segundo, ou seja, cerca de 5,8 trilhões a mais do que a
console PlayStation mais potente do mercado A computação quântica e a tradicional são dois
mundos paralelos com algumas semelhanças e numerosas diferenças entre si, como o uso do
qubit, e não o bit. A seguir, revisamos três das mais relevantes:
• Linguagem de programação: a computação quântica não tem um código próprio para
programação e utiliza o desenvolvimento e implementação de algoritmos muito especí-
ficos. Porém, a informática tradicional possui linguagens padronizadas como Java, SQL
ou Python, entre muitas outras.
• Funcionalidade: um computador quântico não é uma ferramenta para uso popular ou
cotidiano, como um computador pessoal (PC). Estes supercomputadores são tão com-
plexos que só têm aplicação no âmbito corporativo, científico e tecnológico.
• Arquitetura: a composição de um computador quântico é mais simples que a de um
convencional e não tem memória nem processador. Estes equipamentos se limitam a
um conjunto de qubits que servem de base para seu funcionamento.

20
Com base no site https://www.iberdrola.com/inovacao/o-que-ecomputacao-quantica

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Tokens e tokens não fungíveis


Uma nova modalidade de negócios dentro do mundo digital, a qual se estrutura em grande
parte no código das criptomoedas e suas chaves de segurança; os blockchains, vem ganhando
força nesta entrada de década. São os chamados NFT, ou tokens não fungíveis.
Vejamos então, caro(a) aluno(a), de forma prática, em que consiste tal mecanismo: a ve-
locidade de informações transmitidas (nesta que é a 4ª Revolução Industrial) é absurdamente
rápida. O volume de imagens, sons e todos os tipos de conteúdo possíveis é cada dia maior.
Em uma hora, atualmente, se produz mais conteúdo audiovisual do que em um ano nos tem-
pos pré-digital. Mas aí entra um aspecto importante: essa estrondosa produção de conteúdo
não é terra de ninguém.
Reparem bem que, mesmo havendo, de forma incontestável, uma democratização ao aces-
so a essa produção de fotos e vídeos, é possível ter posse dos direitos de uma imagem, por
exemplo, ou de fonogramas. E é aí que entram os TOKENS NÃO FUNGÍVEIS, úteis para quem
requer itens exclusivos e digitais, como arte digital, cards colecionáveis e itens internos de jo-
gos. Essa característica permite que NFTs atuem como uma prova de origem. Existe cada vez
mais reconhecimento de que existe valor em provar a propriedade e autenticidade de proprie-
dades intelectuais, como obras de arte e tokens dentro de jogos. No mundo dos jogos e cards
colecionáveis, NFTs também são chamados de “colecionáveis digitais” (digital collectibles).
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Em suma, os NFTs são parte de uma representação de um objeto físico ou digital no blockchain
Ethereum. Essa representação em blockchain funciona como um certificado que é único e pro-
tegido de duplicação.
Importante saber que nos primeiros meses de 2021 um meme conhecidíssimo foi adquiri-
do pela garota que se encontra representada na foto abaixo:

Qual a história dela e sua relação com os NFTs? Em 2004, essa garotinha passeava com
seu pai em uma cidade dos EUA quando se depararam com este incêndio. Eles fotografaram
e a imagem correu a internet se tornando um dos memes mais famosos da história (pelo me-
nos um dos mais longevos). Pois então! essa garotinha, de nome Zoe Roth, cresceu e decidiu
recentemente transformar a foto em um NFT, ou seja, criar uma propriedade intelectual para
a foto. Ela foi convencida de que a imagem poderia render uma boa soma de dinheiro no mer-
cado de NFTs. Por meio de um telefonema, explicaram que a imagem poderia render uma boa
soma de dinheiro no mercado de NFTs.
E não deu outra: o NFT da foto foi vendido – não em dólares, mas em uma criptomoeda, o
Ethereum – por valor aproximado de US$ 483 mil. A cada vez que o NFT for revendido, Zoe vai
receber 10% do valor de transação.
Outro exemplo desse incipiente e promissor mercado vem, por exemplo, de Jack Dorsey,
CEO do Twitter, que vendeu a propriedade de seu primeiro tuíte por um NFT pela quantia de
US$ 2,9 milhões.
O foguete da Tesla
A empresa SpaceX, de propriedade de Elon Musk, dono da empresa de carros elétricos Tes-
la, revelou o plano de voo do primeiro teste orbital da Starship, espaçonave com a qual ela quer
ir à Lua e Marte. Os detalhes da decolagem foram apresentados recentemente, em maio de
2021, nos documentos entregues à Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos.
Sem nenhum tripulante a bordo, o primeiro voo orbital da Starship decolará das instalações

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da companhia em Boca Chica, no Texas (EUA), impulsionada pelo foguete Super Heavy. Vale
destacar que ainda não será a versão final da nave, mas sim um protótipo gigantesco como os
que estão sendo usados nos testes.
Cerca de três minutos após a decolagem, o foguete de 70 m de altura irá se separar da
nave e retornará ao solo, pousando em uma base no Golfo do México, a pouco mais de 30 km
de distância da costa. Enquanto isso, a Starship segue viagem, passando sobre o Estreito da
Flórida antes de chegar à órbita terrestre. Depois de alcançar o espaço, o protótipo iniciará os
procedimentos de descida, pousando em uma plataforma no oceano localizada 100 km ao
noroeste da ilha de Kauai, no Havaí. Se tudo sair como o planejado, a viagem deve durar um
total de 90 minutos.
Elon Musk diz que pretende usar a tecnologia empregada para impulsionar ainda mais rá-
pidos seus modelos elétricos, que já conseguem atingir 100 km/h em menos de 5 segundos.
Missão Mars 2020 e o robô Perseverance
A sonda Perseverance, da Nasa – a agência espacial norte-americana –, pousou em Marte
em 18 de fevereiro de 2021 após mais de 6 meses de viagem rumo ao Planeta Vermelho. O
robô faz parte da Missão Mars 2020 e chegou à superfície do planeta para buscar sinais de
vida, no presente ou no passado.
O veículo autônomo está explorando a cratera de Jezero, local onde já houve um lago há 3,9
bilhões de anos. Com brocas capazes de perfurar o solo e sistemas inovadores de alimentação
de baterias (com força nuclear), a sonda faz parte de uma nova política da agência espacial
norte-americana. Além de vir à luz para coletar, armazenar e trazer de volta uma quantidade
inédita de material do Planeta Vermelho, a Perseverance pretende revelar um conteúdo de
fotos e sons de Marte nunca antes capturados. O rover de uma tonelada e com o tamanho
similar ao de um Jeep Renegade representa também uma ultrapassagem sobre outras sondas
não americanas mandadas para Marte recentemente (em especial a chinesa e a dos Emirados
Árabes). E, claro, persegue a busca em torno da manutenção da dianteira em termos globais no
contexto de exploração espacial que os Estados Unidos, há décadas, possuem.
Veja, a seguir, matéria do Estadão sobre chips21:
Intel prevê que falta de chips vai durar vários anos
Presidente da empresa afirma que o isolamento social gerou um crescimento explosivo na
demanda por semicondutores
O Presidente da Intel afirmou nesta segunda-feira, 31 de maio, que pode levar vários anos
para que o quadro de escassez de semicondutores no mundo seja resolvido, um problema que
tem atingido a indústria automotiva e está sendo sentido por outros setores.
Pat Gelsinger afirmou durante evento on-line que o isolamento social gerou um “crescimen-
to explosivo na demanda por semicondutores” que criou uma grande pressão sobre as cadeias
de fornecimento de chips.

21
https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,intel-preve-que-falta-de-chips-vai-durar-varios-anos,70003732401

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“Apesar da indústria ter tomado medidas para resolver os problemas no curto prazo, ainda
pode levar vários anos para que o ecossistema resolva a escassez de capacidade de produção.”
Gelsinger afirmou em entrevista ao Washington Post em meados de abril que o quadro de
falta e oferta de chips poderia levar “alguns anos” para ser resolvido.
A Intel anunciou em março um plano de US$ 20 bilhões para ampliar sua capacidade de
produção de chips avançados e que prevê a construção de duas fábricas no Estado norte-ame-
ricano de Arizona.
“Planejamos expandir para outros locais nos EUA e Europa para assegurar uma cadeia de
abastecimento segura para o mundo”, afirmou o executivo nesta segunda-feira sem dar detalhes
TEXTO COMPLEMENTAR
O OSCAR 2021 E A CONSAGRAÇÃO DA DIVERSIDADE
Poucos anos atrás, em 2015, uma irônica pecha foi dada ao Oscar. A escancarada ausên-
cia de diversidade étnica na maior festa do cinema fez com que a premiação fosse chancelada
com a apropriada alcunha (mais direta impossível) #OSCARSOWHITE – ou, em português bem
claro, “Oscar tão branco”. Uma crítica a uma celebração do cinema onde apenas brancos rece-
beram menções e prêmios. Eis que, ao longo dos últimos anos, tal festa vem tendo seu perfil
segregacionista alterado, culminando no ano de 2021, em que um recorde de atores negros e
filmes dirigidos por mulheres foram indicados ao prêmio máximo em suas categorias.
A cineasta chinesa Chloé Zhao se tornou a primeira mulher asiática a receber o prêmio de
Melhor Diretora, por Nomadland. Ao vencer, pensando apenas em gênero, Chloé se tornou a se-
gunda mulher a vencer a categoria em 92 anos de premiação. A cineasta chinesa ainda concor-
reu com Melhor Filme (e venceu também), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição (nestas
duas últimas categorias, contudo, não levou a estatueta). Depois de reconhecer Parasita como
“Melhor Filme” na edição de 2020, o Oscar voltou a premiar profissionais de origem asiática.
De maneira geral, essa foi a cerimônia do Oscar que mais premiou mulheres, com 17 es-
tatuetas concedidas a elas. Além de Chloé Zhao, Mia Neal e Jamika também fizeram história
na premiação. Mia e Jamika foram as primeiras mulheres a serem indicadas na categoria de
“Melhor Maquiagem e Penteados” e também as primeiras profissionais negras a vencerem
este prêmio.
A equipe foi responsável pela caracterização das personagens de A Voz Suprema do Blues,
estrelado por Viola Davis e que também levou a estatueta de “Melhor Figurino” com o trabalho
de Ann Roth. Aos 89 anos, a figurinista tornou-se a mulher mais velha a ganhar o Oscar.
Outro destaque da premiação vai para o ator e roteirista britânico Daniel Kaluuya, que levou
a estatueta de “Melhor Ator Coadjuvante” por sua interpretação do ativista Fred Hampton no
filme “Judas e o Messias Negro” e em seu discurso saudou as trajetórias de Hampton e do
partido Panteras Negras.

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4.2. O aquecimento global


Tema recorrente em Atualidades, o aquecimento global responde pelas escalas de altera-
ções climáticas percebidas em todo o Planeta, as quais não se restringem apenas ao aumento
da temperatura global em si, mas a toda uma gama de padrões de alterações em inúmeros
eventos, tais quais tempestades, ondas de seca, avanço ou retração dos mares e geleiras, en-
tre outros. Nesta parte, inicialmente, abordaremos alguns dos principais temas de atualidades
sobre este assunto extremamente importante que, portanto, merece muita atenção.

4.2.1. O IPCC e suas conclusões alarmistas

O principal documento balizador sobre as alterações climáticas é o IPCC (International Pai-


nel of Climate Change), ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, um arrazoado
de estudos feitos por milhares de cientistas ao redor do mundo, os quais são coletados pela
ONU e servem para que se exprimam as observações da comunidade científica acerca do es-
tado da arte sobre as mudanças climáticas.
Em 1988, a ONU apresentava o seu primeiro IPCC. À época, esse documento inovador era
bastaste reticente em determinar que o aquecimento global em curso possuía responsabilida-
des antrópicas. Mas, hoje, tudo mudou, e os mais de 2.000 cientistas envolvidos nos últimos
documentos apresentados – o 5º de 2014, e o 6º, o mais recente, apresentado em setembro de
2019 – são contundentes ao afirmar que a Terra vivencia um severo processo de aquecimento
global em que algo em torno de 95% desta dinâmica se deve a fatores – possui vinculação,
portanto – relacionados à ação humana (o viés antrópico). Sendo assim, a produção industrial,
os usos de energia, as práticas agrícolas e as formas como nos transportamos estão na base
do processo de aquecimento global.
O mundo aqueceu e, segundo o que se contata atualmente, em média de 0,9ºC entre o
período compreendido de 1880 a 2012. A atmosfera e os mares aqueceram, o gelo e a neve
diminuíram, e as concentrações de gases do efeito estufa aumentaram. Cenários drásticos.
A manifestação do fenômeno sobre o mundo, bem como dos seus efeitos, não é uniforme,
vale o destaque, e o Ártico é onde o aquecimento se faz sentir com maior intensidade. Sobre
tal assunto (o aquecimento do Ártico), abordaremos com maior profundidade um pouco mais
à frente e ainda nesta aula, ok?
Mas vamos por partes: antes de iniciarmos uma leitura sobre as principais constatações
dos últimos IPCCs – os painéis da ONU sobre a mudança climática, apresentados em 2014 e,
mais recentemente, em setembro de 2019 –, vamos nos debruçar sobre o conceito de Gases
de Efeito Estufa (GEE), a base do processo de aquecimento global.
Os GEE, ou Gases de Efeito Estufa, são uma gama de gases que ocorrem naturalmente na
atmosfera terrestre, os quais permitem a retenção do calor. Sem eles, a atmosfera seria gélida

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e não haveria a biodiversidade e a possibilidade de vida como conhecemos. Assim, são ele-
mentos de vital importância à vida no Planeta.
E os Gases de Efeito Estufa ocorrem naturalmente na atmosfera e em proporção menor
que 1% na composição normal do ar, sendo denominados como gases-traço exatamente por
causa da baixíssima proporção que representam na composição atmosférica.

Lembrando que a atmosfera é constituída pelos seguintes elementos, em ordem proporcional:


• Nitrogênio: 78%
• Oxigênio: 2O%
• Argônio: 1%
• Outros gases: Menos de 1%
Visto acima a importância e, ao mesmo tempo, a ínfima parcela que os GEE possuem, é impor-
tante sabermos a gama destes gases de forma resumida. Abaixo, tem-se a nomenclatura e os
nomes dos GEE mais comuns:
• CO₂ – dióxido de carbono
• N₂O – óxido nitroso
• CH₄ – metano
• CFCs – a gama de clorofluorcarbonetos;
• HFCs – a gama de hidrofluorcarbonetos;
• PFCs – os perfluorcarbonetos;
• SF₆ – hexafluoreto de enxofre.

Bom, seguindo: uma questão crucial sobre os gases de efeito estufa reside no fato de que
estes elementos de retenção do calor na atmosfera vêm sendo adicionados de forma artificial
na atmosfera, em função, exatamente, das atividades antrópicas empreendidas ao longo dos
dois últimos séculos (período industrial), ocasionando um padrão de aumento da temperatura
global fora dos padrões normais esperados.
As matrizes destas emissões de GEE residem em 4 campos fundamentais:
• Produção de Energia: a produção de energia por combustíveis fósseis queimados em
termoelétricas, tais quais o carvão e o petróleo, ainda é uma realidade – embora haja um
relativo esforço por parte dos países desenvolvidos (os maiores usuários de energia por
termoelétricas), principalmente do Hemisfério Norte, mais a China, com vistas a substi-
tuir gradualmente essas matrizes por energia solar e eólica, principalmente. Lembrando
que, no Brasil, a principal fonte de energia elétrica é a hidráulica, considerada limpa (ou
seja, sem emissão direta de gases de efeito estufa na produção diária de energia).
• Atividades Industriais: ao longo dos séculos, a atividade industrial vem se baseado em
escalas de poluição principalmente atmosférica, principalmente gases com base em
carbono. Vale destacar, contudo, que marcos regulatórios e convenções vêm – isso

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desde a década de 1970 – fazendo com que se reduza proporcionalmente a poluição


atmosférica por parte de indústrias, em associação exclusiva ao uso de tecnologias de
filtragem de gases.
• Uso de Transportes: dos escapamentos de uma frota de mais de 1 bilhão de veículos,
milhões de toneladas de monóxido de carbono são emitidas na atmosfera diariamente.
Esforços com vistas a reestruturar a frota mundial, por veículos elétricos vem sendo diri-
gidos por nações e empresas, mas o uso de combustíveis fósseis nos transportes ainda
impera e causa danos ambientais.
• Produção Agrícola: o uso de fertilizantes com base em gases nitrogenados, em associa-
ção à liberação da mesma cadeia de gases ao se remover o solo com vista se promover
plantios, gera um alto padrão de emissão de gases de efeito estufa. Em associação a
isso, os rebanhos, principalmente bovinos, através da flatulência, produzem metano CH4
(outro gás de efeito estufa presente também na decomposição do lixo) em enormes
quantidades diariamente. Vale destacar, contudo, que pesquisas recentes indicam que
o solo, enquanto mantidas suas características originais, é também um enorme sumi-
douro de gases de efeito estufa, compensando, portanto, as enormes emissões do meio
agrícola, porém necessitando estar em estado de conservação.

Abaixo, um ranking recente acerca dos países que mais emitem Gases de Efeito Estu-
fa no mundo:
22

Note inicialmente, no topo do ranking, que a China realiza ultrapassagem sobre as emis-
sões dos EUA no início da década passada (por volta de 2005) e hoje já se posiciona possuindo

22
https://www.google.com.br/searchbiw=1584&bih=772&tbm=isch&sa=1&ei=M5OOXZPoGYPM5OUP1r-
qXWA&q=gases+de+efeito+estufa&oq=gases+de+efeito+&gs_l=img.12...0.0..4109...0.0..0.0.0.......0......gws-wiz-img.ilIMj-
4vL78c&ved=0ahUKEwjTze2sjPLkAhUDJrkGHVbdBQsQ4dUDCAc

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praticamente o dobro das emissões norte-americanas. No caso do Brasil, faz duas décadas
que ficamos entre o 6º ou 7º no total de emissões, o que de certa forma corresponde ao nosso
contingente populacional, pois somos, em 2019, a 6ª maior população no mundo.
Sobre o último relatório do IPCC 2019, (que referenda o que foi expresso no documento
anterior de 2014 ), eis algumas das conclusões abaixo. Vale uma leitura atenta deste quadro
alarmante em resumo, caro(a) aluno(a)!
A principal causa do aquecimento presente é, com elevadíssimo grau de certeza, a emis-
são de gases de efeito estufa pelas atividades humanas, com destaque para a emissão de
gás carbônico. A evidência indicando a origem humana do problema se fortaleceu desde os
relatórios anteriores (2007 e 2014).
As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.
Os oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo como um amortece-
dor para o aquecimento da atmosfera, estocando mais de 90% da energia do sistema do clima
e muito gás carbônico. À medida que o oceano aquece, ele perde capacidade de absorver gás
carbônico, o que pode acelerar os efeitos atmosféricos quando ele atingir a saturação.
O mar está se tornando mais ácido pela continuada absorção de gás carbônico.
O aumento da acidez nos oceanos causa mortandade de recifes (ambiente de imensa bio-
diversidade marinha) e animais marinhos variados (como peixes, crustáceos, entre outros).
De acordo com o relatório mais recente, de 2019, e em grau de conformidade ao que fora
apresentado no documento anterior, de 2014, mesmo que as emissões de gases de efeito es-
tufa sejam reduzidas e o aquecimento global seja limitado a no máximo, 2ºC o nível das águas
aumentará entre 30 e 60 cm até 2100. Se nada for feito para conter o aquecimento global, esse
crescimento pode chegar a 1 m ou mais.

O Acordo do Clima de Paris de 2015 se baseou, acima de qualquer coisa, na busca por ações
globais e mecanismos realmente efetivos que fossem chancelados pelo maior número de pa-
íses (e mais de 180 nações assinaram o compromisso) em busca de não se deixar o aqueci-
mento global, até o ano de 2100, ultrapassar 2ºC.
A elevação do nível do mar impactará diretamente fenômenos naturais que têm relação com
os oceanos, como marés altas, tempestades e ciclones tropicais. Um exemplo disso é o fu-
racão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos no início de setembro de 2019 e,
segundo os especialistas, foi particularmente forte por conta das mudanças climáticas.

O gelo está em recuo acelerado na maior parte das regiões frias do mundo.
O permafrost, camada de solo que fica escondida embaixo do gelo, como no caso da Gro-
elândia, vem sendo exposto cada vez mais por causa do aquecimento global. Com isso ocorre
uma grande liberação de gás carbônico, à medida que este solo possui concentrado bastante
carbono que ao ser exposto vai, naturalmente, para a atmosfera.

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O regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão dos ventos estão sendo perturba-
dos, aumentando a tendência de secas e enchentes.
Os efeitos se combinam para gerar novas causas, tendendo a amplificar em cascata o
aquecimento e agravar suas consequências
Mesmo que as emissões cessassem imediatamente, haveria um aquecimento adicional
pela lentidão de algumas reações e pelos efeitos cumulativos. O aquecimento produz efeitos
de longo prazo e afeta toda a biosfera.
Se as emissões continuarem dentro das tendências atuais, o aquecimento vai aumentar,
podendo chegar a 4,8ºC até 2100, e os efeitos negativos se multiplicarão e perturbarão todos
os componentes do sistema climático, com graves repercussões sobre o bem-estar da huma-
nidade e de todas as outras formas de vida. O mar subiria mais, ficaria ainda mais quente e
mais ácido, haveria mais perda de gelo, as chuvas ficariam mais irregulares, e os episódios de
tempo severo, mais frequentes e intensos, entre outras consequências.
Evitar que as previsões mais pessimistas se concretizem exigirá uma rápida e significativa
redução nas emissões.
A conclusão dos especialistas após a publicação do novo documento não foi surpresa para
ninguém: é preciso agir agora. “Só conseguiremos manter o aquecimento global bem abaixo
de 2ºC [...] se efetuarmos transições sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”,
apontou Debra Roberts, uma das especialistas.
“Quanto mais decisiva e rapidamente agirmos, mais capazes seremos de enfrentar mu-
danças inevitáveis, gerenciar riscos, melhorar nossas vidas e alcançar sustentabilidade para
ecossistemas e pessoas ao redor do mundo – hoje e no futuro”, disse Roberts.

4.2.2. O painel sobre mudanças climáticas e uso do solo

Antes de ser apresentado este Painel de Setembro de 2019 em atualização ao de 2014, um


novo relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com
o tema “Clima e Uso do Solo” foi apresentado, tratando-se de uma interessante inovação.
De fato, o relatório constatou que, uma vez que o solo sequestra quase um terço de todas
as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem, será impossível limitar a elevação
da temperatura a níveis seguros sem alterar fundamentalmente a forma como o mundo produz
alimentos e administra o uso da terra.
Confira alguns dos principais tópicos do relatório.
1. A maneira como estamos usando o solo está piorando as mudanças climáticas.
Cerca de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo homem pro-
vêm da agropecuária, da silvicultura e de outros usos da terra. A mudança no uso da terra,
como pela derrubada de florestas para dar lugar à pecuária, impulsiona essas emissões. Além
disso, 44% das recentes emissões antrópicas de metano, um potente gás de efeito estufa, vie-
ram da agropecuária, da destruição de turfeiras e de outras fontes ligadas à terra.

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2. Mas, ao mesmo tempo, o solo funciona como um enorme sumidouro de carbono.


Apesar do aumento do desmatamento e outras mudanças no uso da terra, as terras ao
redor do mundo estão capturando mais emissões do que emitem. De 2007 a 2016, o solo
sequestrou 6 gigatoneladas (Gt) líquidas de CO2 por ano, equivalente a cerca de três vezes as
emissões anuais totais de gases do efeito estufa do Brasil. Mais desmatamento e degradação
da terra, no entanto, irão destruir esse sumidouro de carbono.

Em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/08/7-coisas-para-saber-sobre-o-relatorio-de-mudancas-climaticas-e-u-
so-da-terra-do-ipcc

3. O mesmo solo do qual dependemos para estabilizar o clima está sendo atingido pela
mudança climática.
Os cientistas descobriram que a temperatura do solo aumentou 1,5ºC entre os períodos de
1850 a 1900 e de 2006 a 2015, 75% a mais do que a média global (que combina mudanças de
temperatura tanto em terra quanto nos oceanos).
Esse aquecimento já teve impactos devastadores sobre a terra, incluindo incêndios flores-
tais, mudanças na precipitação e ondas de calor. Impactos adicionais vão prejudicar a capaci-
dade da terra de agir como um sumidouro de carbono. Por exemplo, o estresse hídrico poderia
transformar as florestas em ambientes semelhantes ao Cerrado, comprometendo sua capaci-
dade de sequestrar carbono, sem mencionar os danos aos serviços ecossistêmicos e à vida
selvagem. O relatório descobriu que “a janela de oportunidade, o período em que mudanças
significativas podem ser feitas para conter as mudanças climáticas dentro de limites tolerá-
veis, está se estreitando rapidamente”.

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4. Várias soluções climáticas baseadas na terra podem reduzir as emissões e/ou seques-
trar carbono.
O maior potencial para reduzir as emissões do uso da terra é conter o desmatamento e
a degradação florestal, que podem evitar a emissão de 0,4 a 5,8 GtCO2 eq (gigatoneladas de
carbono equivalente) por ano. Também precisaremos de mudanças em larga escala na for-
ma como os alimentos são produzidos e consumidos a nível mundial, incluindo mudanças na
agropecuária, maior inclusão de vegetais na dieta e redução do desperdício de alimentos e dos
resíduos agropecuários.
Além de reduzir as emissões, o setor também pode remover dióxido de carbono da atmos-
fera. O relatório concluiu que a restauração florestal e o reflorestamento têm o maior potencial
de captura de carbono, seguidos por melhorar o armazenamento de carbono no solo e pelo uso
de bioenergia combinada com captura e armazenamento de carbono (BECCS), um processo
que utiliza biomassa para gerar energia e captura e armazena o carbono resultante antes de
ser liberado na atmosfera. Dito isso, os autores observam que a maioria das estimativas não
leva em consideração fatores como competição pelo acesso à terra e questões de sustentabi-
lidade, de modo que o potencial real de remoção de carbono dessas soluções pode ser signifi-
cativamente menor do que a maioria dos modelos sugere.
5. Muitas soluções climáticas baseadas na terra têm benefícios significativos além da
mitigação.
O relatório descobriu que as seguintes soluções têm os maiores cobenefícios: manejo de
florestas, redução do desmatamento e degradação, aumento da quantidade de carbono orgâ-
nico no solo, aumento do intemperismo mineral (um processo de aceleração da decomposição
de rochas para aumentar a absorção de carbono), mudança de dieta e redução do desperdí-
cio de alimentos. Por exemplo, o aumento do armazenamento de carbono do solo pode não
apenas sequestrar emissões, mas também tornar as culturas mais resilientes às mudanças
climáticas, melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade.
6. Algumas soluções climáticas baseadas na terra acarretam riscos e contrapartidas im-
portantes e devem ser buscadas com prudência.
Por um lado, será importante ponderar os benefícios líquidos de qualquer intervenção. Por
exemplo, o plantio de florestas em campos nativos poderia na verdade diminuir a quantidade
de carbono armazenada no solo, prejudicando um importante sumidouro de carbono. Algumas
intervenções podem reduzir as emissões, mas causam outras mudanças que acabam aumen-
tando as temperaturas. Por exemplo, plantar uma floresta perene em altas latitudes tornaria
as superfícies mais escuras. Durante o inverno, ao invés de estar exposta, a camada de neve
estaria encoberta, aumentando a absorção da radiação solar – como ao trocar uma camiseta
branca por uma preta em um dia ensolarado. Plantar certas espécies de árvores ou plantas
pode ameaçar outras espécies e ecossistemas. E a maior parte dos sumidouros biológicos de
carbono eventualmente chegará a um ponto de saturação em que não absorverá mais carbo-

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no. Além disso, a absorção de carbono florestal futura não é garantida, uma vez que é provável
que os incêndios florestais e a propagação de doenças aumentem em um mundo mais quente.
7. Soluções climáticas baseadas na terra que exigem grandes áreas podem ameaçar a
segurança alimentar e exacerbar problemas ambientais.
Os esforços de redução de emissões e de remoção de carbono baseados no uso da terra
que exigem grandes áreas – por exemplo, o plantio de florestas em grande escala e os cultivos
para bioenergia – competirão com outros usos da terra, como a produção de alimentos. Isso
pode, por sua vez, aumentar os preços dos alimentos, agravar a poluição da água, prejudicar
a biodiversidade e levar a uma maior conversão de florestas em outros usos da terra, aumen-
tando, assim, as emissões.
Além disso, o relatório constatou que, se o mundo não conseguir reduzir as emissões em
outros setores, como energia e transporte, dependeremos cada vez mais de soluções basea-
das na terra, exacerbando as pressões alimentares e ambientais.
Aprendendo com o relatório do IPCC
Talvez o insight mais abrangente do relatório do IPCC seja sobre o delicado ponto de equi-
líbrio entre uso da terra e estabilidade climática: acertá-lo pode reduzir as emissões e, ao mes-
mo tempo, criar cobenefícios significativos; errar pode intensificar as mudanças climáticas e
agravar a insegurança alimentar e os problemas ambientais.
Na verdade, nós podemos alimentar o mundo ao mesmo tempo em que combatemos as
mudanças climáticas, protegemos as florestas e fazemos avançar a economia – mas temos
de melhorar a forma como produzimos e agimos sobre o planeta.
Abaixo, apresento-lhes uma matéria interessante, publicada na versão on-line da revista
Exame, de 08/06/201923, sobre uma economia criativa que pode ser gerada pelas oportunida-
des do aquecimento global.
42 bilhões de dólares no caminho do aquecimento global
Esse é o valor que 91 empresas abertas da América Latina identificaram em oportunidades
da economia regenerativa, no combate ao aquecimento global
Se os governos de alguns países recuaram em relação ao desafio das mudanças climáti-
cas, pelo menos o setor privado parece ter acordado – e está agindo. Não é só pela consci-
ência de que o aquecimento global é uma ameaça ao planeta como um todo, mas também
porque as soluções para a crise climática têm o potencial de aumentar a competitividade. E
este caminho já está sendo trilhado por grandes grupos empresariais da América Latina – que
tem condição privilegiada para gerar energia limpa, fornecer alimentos com menor impacto e
produzir serviços e produtos bons para o clima.
É isso o que mostram os dados do CDP, iniciativa criada há décadas pelos grandes fundos
internacionais de investimento para catalisar o esforço privado pelo clima. Nas palavras de
Lauro Marins, diretor executivo para a América Latina do CDP:

23
https://exame.abril.com.br/blog/ideias-renovaveis/42-bilhoes-de-dolares-no-caminho-do-aquecimento-global/

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“Em 2018, 91 empresas de capital aberto, 895 fornecedores e 184 cidades da América Lati-
na reportaram suas informações por meio do sistema de divulgação ambiental do CDP. Essas
91 empresas de capital aberto representam 90% do capital negociado em bolsa na região.
Juntas, elas reportaram um valor 42 bilhões de dólares em oportunidades identificadas na área
de clima. Essas empresas fizeram um investimento de 5 bilhões de dólares, que resultou na
redução do equivalente a 921 milhões de toneladas de CO2.
Não foram só empresas que mostraram seus investimentos ao CDP. Também 184 cidades
latino-americanas participantes reportaram conjuntamente ao CDP um total de 326 projetos
climáticos que estão buscando mais de 5,6 bilhões de dólares de financiamento. Observa-se aí
uma grande oportunidade para colaboração entre o setor público e privado por meio de estra-
tégias já bem conhecidas, como PPPs, aliadas a novas abordagens como emissão de títulos
verdes de projetos executados pela iniciativa privada em áreas-chave para a resiliência urbana.
O senso de urgência é o que move esses atores a agir já, uma vez que o quinto relatório do
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em outubro de 2018, dei-
xou claro que temos apenas 12 anos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa pela
metade para evitar uma crise climática sem precedentes na história da humanidade.
Essa é a janela de tempo de que dispomos para converter a crise em oportunidade e botar
de pé uma nova economia regenerativa, formada por soluções que contribuam para reverter
as mudanças climáticas e ao mesmo tempo gerem prosperidade para as pessoas. A Universi-
dade de Michigan estima que o mercado para produtos que capturam carbono da atmosfera,
ajudando a reverter as mudanças climáticas, movimentará de 800 bilhões a 1,1 trilhão de dó-
lares por ano até 2030. Esse novo mercado trará novas oportunidades de negócios e atuação
profissional. Aqueles que primeiro reagirem a esses sinais colherão os frutos do seu pioneiris-
mo, posicionando-se na liderança dessa nova e próspera economia.
É crescente o coro formado pela comunidade de negócios e governos subnacionais de que a
mudança climática é o principal vetor de riscos e oportunidades para a economia e para a sociedade.
Começamos a ver na América Latina um movimento similar ao que ocorreu nos Estados
Unidos após a eleição de Donald Trump, em que, diante dos retrocessos vindos da Casa Bran-
ca em relação a políticas climáticas, a comunidade de negócios, governos subnacionais e so-
ciedade civil se reuniram em torno de uma coalizão chamada We are still in (nós ainda estamos
dentro). Esses atores levantaram as suas vozes em apoio ao Acordo de Paris, se comprome-
tendo a ajudar a alcançar os objetivos climáticos nele traçados.
Um episódio recente no Brasil dá sinais de que esse contraponto também começa a ganhar
corpo no país. Depois de retirar a sua candidatura como sede da Convenção do Clima, o go-
verno federal também tentou intervir na decisão da cidade de Salvador de sediar a conferência
Climate Week, evento tradicional no calendário de discussões internacionais sobre clima. Ape-
sar disso, o prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto se colocou à disposição da organização
da Climate Week para realizar a conferência na capital baiana. Diante da pressão da sociedade

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civil, governos subnacionais e empresas, o governo federal retrocedeu e decidiu apoiar a reali-
zação da Climate Week. Experiências como essa levam especialistas a afirmar que os gover-
nos subnacionais e os negócios terão papel protagonista para manutenção e implementação
das políticas climáticas no país.”
Uma amostra dessa discussão acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em São Paulo, na
primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, uma realização do CDP, O Mundo
Que Queremos e WWF-Brasil, com apoio de EXAME. O evento reunirá mais de 300 pessoas, in-
cluindo prefeitos, CEOs de grandes empresas, fundadores de startups de negócios pelo clima,
lideranças jovens e financiadores. Ao longo dos dois dias de evento, eles debaterão soluções
tecnológicas, modelos de negócios inovadores e também exemplos de ações coletivas e co-
ordenadas entre setor privado, público e a sociedade civil para acelerar uma nova economia
regenerativa capaz de reverter as mudanças climáticas e gerar prosperidade.
A feira trará ainda uma missão comercial patrocinada pelo Governo do Canadá e uma co-
mitiva de 15 cidades e startups latino-americanas, financiada pela Fundação Konrad Adenauer.
Esses grupos participarão de rodadas de negócios que vão reunir mais de 200 participantes,
entre representantes de prefeituras, grandes corporações, startups e instituições financeiras
– com a missão de consolidar a posição da América Latina como um lugar privilegiado para
fazer brotar iniciativas boas para o clima.

4.2.3. O Acordo de Paris e as convenções-quadro da ONU sobre mudança climática

A década de 1990 representou um avanço nunca antes visto em torno da discussão acerca
do aquecimento global. Foi quando os países (ao menos um grupo) se cotizaram pela primeira
vez na história em torno de produzir um modelo e consensos que pudessem, de forma efetiva,
contribuir para mitigar tal preocupante questão. A Segunda Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, ou Rio 92, foi
organizada pelas Nações Unidas e, entre 4 a 14 de junho de 1992, ganhou lugar na cidade do
Rio de Janeiro, obtendo uma imensa repercussão global.
E desta conferência um postulado importante foi parametrizado e regeu a questão relativa
ao aquecimento global, isso longo das últimas décadas. Vamos a ele.
A ECO-92 consagra haver um compêndio de “responsabilidades comuns, porém diferencia-
das” em torno do aquecimento global. Ou seja, há uma questão global, fato – o aquecimento
global –, e tal desafio deve, contudo, ser encarado por todos os países como um compromisso
(e entendimento) comum, porém com níveis de assunção de responsabilidades que estejam
baseados por contextos históricos, estes quais atinentes a forma como cada grupo de países
tem responsabilidade na questão do aquecimento global. Divide-se assim, aqueles países que
haviam há tempos se industrializado (e portanto tinham uma responsabilidade maior frente à
questão do aquecimento global), e em outra ponta os países tipificados como em desenvolvi-
mento; conhecidos também como “emergentes”, tais quais o Brasil, a China e a Índia, ou seja,

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nações que iniciaram de forma tardia sua entrada no mundo industrial e, portanto, detentores
de parcelas ainda reduzidas de responsabilidades (até os anos 1990) acerca dos padrões de
emissões de gases de efeito estufa em nível global. São as responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, corolário que, atualmente, veremos, não cabe mais em 2019 para que se resolva
de forma efetiva a questão do aquecimento global, mas que fora fundamental nos anos 1990
para que ali fosse dado início a um arcabouço de discussões (e ações) com vistas ao estabe-
lecimento de uma agenda global de enfrentamento desta importante pauta ambiental. Orien-
tados pela ONU, planos e ações em torno do tema aquecimento global começam a eclodir nos
anos 1990, contudo ainda separando os países emergentes (China, Índia, Brasil, hoje grandes
emissores de gases de efeito estufa), daqueles países que se industrializaram antes (leia-se:
países da Europa, a União Soviética e seus estados-satélite, mais o Japão, os EUA e Canadá).
A partir da ECO-92, no Rio de Janeiro, fica estabelecida uma agenda de encontros anuais
em lugares diferentes ao redor do globo com vistas a se discutir o aquecimento global. São
as Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), ou as Con-
venções do Clima, e a COP (Convenção das Partes). Desde 1994 elas vêm sendo realizadas
anualmente, sendo a primeira em Berlim. Algumas destas convenções, e já foram 24 as realiza-
das até 2018, serviram apenas para que de forma protocolar se discutisse a questão climática
global, contudo outras Convenções foram bastante importantes.

Para chegarmos ao contexto de atualidades recente sobre o tema, é importante que entenda-
mos o que fora estabelecido no longínquo ano de 1997, na 3ª COP, realizada em Kyoto, no Japão.

À época do Protocolo de Kyoto, isso há mais de 20 anos, a imensa maioria das emissões
globais de gases de efeito estufa eram atreladas a países industrializados, à medida que es-
tas nações detinham responsabilidades históricas sobre o aquecimento global, pois foram
grandes emissores de gases por séculos. Os países em desenvolvimento, em contrapartida,
eram vistos como as maiores vítimas do clima e não tinham, até ali, responsabilidades sobre
o problema e, igualmente, portanto não deveriam também assumir ônus e nem contribuir para
a solução. O Protocolo de Kyoto de 1997 definiu limites e metas de redução para as emissões
de gases de efeito estufa para um grupo de 39 países apenas. Ou seja, todos os países consi-
derados como “desenvolvidos” acrescidos dos países do Leste Europeu mais a Rússia.
Sendo assim, o Protocolo só entraria (e entrou) em vigor quando a conta dos signatários
envolvesse dois parâmetros:
• Ao menos 55% dos países chamados (39 países) assinassem o acordo;
• E 55% das emissões de gases de efeito estufa no total no globo (e, somados, os 39 países re-
presentavam, à época, 78% das emissões globais de GEE) ratificassem o mesmo protocolo.

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Resultado: Sendo assim, tais cotas só foram conseguidas quando a Rússia, em 2004, as-
sinou o acordo.
Vigorando, em termos reais, entre os anos de 2008-2012, o Protocolo de Kyoto, ao esta-
belecer metas de redução de 5,2%, em média, de gases por parte dos países signatários do
acordo, não conseguiu ao fim (em 2012) reduzir os níveis de emissão de gases de efeito estufa
em enorme parte dos países que se cotizaram. Ou seja, os próprios países envolvidos, em sua
imensa maioria, não conseguiram cumprir as metas de redução assumidas individualmente.
Contudo, vale destacar, o Protocolo de Kyoto foi um marco positivo, sem dúvidas, pois nele (e
pela primeira vez em toda a história humana) um grupo de países assumiu metas (voluntárias)
de redução de Gases de Efeito Estufa.

Em 2019, a COP-25, a 25ª Conferência do Clima, deveria ser realizada no Brasil, contudo, nosso
atual mandatário, Presidente Jair Bolsonaro, desistiu de sediar esse encontro em nosso país.
Pesaram em sua decisão, segundo declaração do próprio, o fato de que (e tal qual seu com-
panheiro, Donald Trump, ex-Presidente norte-americano) a sua política externa em torno deste
assunto é 100% refratária ao que a ONU vem propalando, além de considerar um desperdício
gastar, segundo sua contabilidade, uma quantia em torno de R$ 500 milhões para realizar-se
no Brasil tal conferência. Sendo assim, a conferência de dezembro de 2019 teve a sua realiza-
ção transferida para Santiago, no Chile.

O Acordo de Paris – 2015


Terminado o prazo de vigor de Kyoto (2012), uma nova costura para o clima global que não
envolvesse apenas um grupo de países (e pudesse resultar em um novo protocolo de Kyoto)
precisava ganhar corpo. Sendo assim, ficou estabelecido que, em 2015, na COP-21, de Paris,
tal documento ganharia forma.
E sentados à mesa de negociação na Cidade-Luz, pela primeira vez na história, em meio
a Ministros do Meio Ambiente, consultores, chanceleres, entre outros, conseguiu-se alinhavar
um acordo climático gigantesco e inédito, o qual envolveu mais de 190 países.
A COP-21 de Paris (2015) se torna, portanto, aquele que foi até então o maior avanço em
termos da discussão do clima global de todos os tempos. Por ela fica estabelecido, primei-
ramente, um compromisso de longo prazo: limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC neste
século. Depois, fazer esforços com vistas a limitar a elevação da temperatura global em nível
acima de 1,5ºC. Sendo assim, 195 países em primeira instância assinam o compromisso que
envolve todos os maiores emissores de Gases de Efeito Estufa do Mundo.
No mesmo documento, depois de serem atingidas as macrometas acima citadas, criar-se-
-á um modelo para se limitar as metas de emissões de GEE nacionais, onde cada país proporia
um limite próprio: são as chamadas NDC (Contribuição Nacional Determinada).

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E Paris inovou também, à medida que o Protocolo não teria prazo determinado, tal qual
como o Protocolo de Kyoto, por exemplo, e as suas diretrizes seriam revisadas a cada 5 anos,
com metas que, enquanto houver o problema (a emissão de gases de efeito estufa), se conju-
gariam em torno das necessidades de cada país.
Mas nem tudo são flores, pois, dando seguimento ao que prometera na campanha presi-
dencial, Donald Trump se retira do Acordo de Paris em julho de 2017, sinalizando depois que
poderia até voltar ao acordo, mas somente se os interesses econômicos dos EUA estivessem
acima de qualquer outra questão, sendo um entrave tal posição. Um verdadeiro contrassenso
e ponto anacrônico, à medida que, para se reduzirem as emissões de gases de efeito em uma
imensa maioria dos países, mandatório é que sejam alteradas as matrizes de produção ener-
gética, industriais e de transportes destes. E tais mudanças, via de regra, promovem alterações
econômicas e envolvem custos. Por fim, vale destacar que, mesmo após a saída dos EUA, o
Acordo de Paris seguiu ainda firme em seu rumo na busca de não se deixar que padrões cala-
mitosos de aquecimento global ganhem mais força.

4.3. A Questão do Ártico


Por fim, caro(a) aluno(a), atualmente a questão do aquecimento global passa por uma dis-
cussão importante acerca da forma acelerada como o Ártico vem perdendo sua massa de gelo.
Situado ao Norte do Planeta, o Ártico é uma imensa massa oceânica de água congelada
que vem mudando conforme os cientistas já previam, mas de forma muito mais acelerada.

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Nos últimos 3 anos apenas, vários recordes climáticos de aquecimento na imensa área
gélida em tela foram atingidos. Expectativas relativas emanadas por cientistas de que, somen-
te em algum dia do verão de 2100 pudesse haver degelo completo do Ártico, já se encontram
reduzidas em 60 anos. Possivelmente em 2040, segundo matéria publicada pela renomada
revista Scientific American, em sua edição de maio de 2018, um dia no verão será de degelo
completo do ártico. A última vez, segundo os cientistas, em que o Ártico esteve em tempera-
tura parecida com agora faz algo em torno de 125 mil anos, e os oceanos estiveram à época
elevados em comparação a hoje, em algo perto de 4 a 6 metros. Era outra situação, e nada se
compara ao que vemos, em sua velocidade, como nestes tempos recentes.

Em 2018, a temperatura média no Inverno, para se ter uma ideia, no Ártico ficou 9ºC mais eleva-
da que em 1979. Sendo assim, mais aquecimento, mais vapor d’água (um dos gases de efeito
de estufa) na atmosfera e maior elevação do nível dos oceanos.

A atenção dedicada por parte da comunidade científica ao Ártico reside no fato de a região
ser muito sensível às mudanças climáticas. Em apenas 40 anos as extensões congeladas no
ártico reduziram-se pela metade, havendo também uma forte retração do volume de gelo pe-
rene (em torno de 25%). Quanto maior o calor derretendo a superfície branca (de gelo), uma
área maior escura fica exposta. Assim, os raios de sol, antes refletidos pela superfície branca,
agora ficam retidos muito mais na superfície escura. Ou seja, torna-se o aquecimento um cír-
culo vicioso.
TEXTO COMPLEMENTAR
OS PLÁSTICOS E OS OCEANOS: UMA NOVA BATALHA AMBIENTAL
Há mais ou menos 80 anos o uso de plásticos pela sociedade começou a ter seu início. O
polímero barateou enormemente os custos de produção e insuflou um poderoso ramo indus-
trial – a indústria petroquímica. Hoje parece que não sabemos mais viver sem o plástico e o
conforto que produtos como papel-filme, copos, garrafas, recipientes variados, canudos, entre
outros, nos oferecem, mas isso tem um peso para a natureza.
O plástico é um produto que não decompõe facilmente na natureza, pois suas moléculas
são bastante estáveis, e os organismos não conseguem quebrá-las. Segundo a Cetesb (a Com-
panhia Paulista de Saneamento), em aterros sanitários, ou seja, ambientes com forte presença
de organismos decompositores, uma garrafa PET pode demorar mais de 200 anos para ser
decomposta por total. Há até plásticos biodegradáveis (ou mais fáceis de se decompor), mas
estes são de uso extremamente restritos, sendo que o que fica realmente é uma carga de plás-
ticos, todos simples e baratos, que poluem a cada segundo o mundo em milhares de toneladas
e são indigestos à decomposição.

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E o uso indiscriminado do plástico vem causando um dano ambiental que transcende os


ambientes terrestres e os lixões. Esse dano se estende aos oceanos drasticamente, o verda-
deiro pulmão do planeta, vítimas da indiscriminada utilização desses produtos.
Vamos aos dados: recentemente cientistas estimaram que, por volta do ano de 2050, o peso
dos seres vivos nos oceanos será superado pelo peso do plástico adicionado aos ambientes
marinhos. Isso mesmo que você leu, caro(a) aluno(a)! Até 2050, haverá provavelmente mais
plástico que seres marinhos nos oceanos. Estima-se que atualmente uma carga de mais de 150
milhões de toneladas de plástico esteja boiando pelos oceanos, sendo que anualmente algo
entre 5-10 milhões de toneladas seja adicionado a esta perversa conta. A imensa maioria do
lixo nos oceanos, aliás, é plástico, oriundo quase todo do próprio lixo descartado e (em menor
escala) dos restos de materiais plásticos deixados por pescadores, de diferentes envergaduras.
Sobre reciclagem, não há ainda salvação, pois de todo o plástico produzido no Planeta,
nem 10% atualmente vem sendo reciclado, sendo estes os produtos mais adicionados ao mar:
canudos plásticos, garrafas, isqueiros, canetas, linhas de pesca e anzóis.
E o problema do plástico nos oceanos não se encontra apenas na questão de poluir as
margens costeiras. Há uma cadeia de danos que vão desde ferir animais até a absorção de
micropartículas de plásticos pelos plânctons. Em determinadas áreas do Pacífico, entre a prós-
pera costa leste americana e a superpovoada costa asiática, já se percebe algo em torno de
100 partículas de microplástico para cada plâncton – e o pior cenário, segundo os cientistas,
era de 6 pra 1.
O lixo marinho também causa perdas econômicas aos setores e às comunidades depen-
dentes do mar, exatamente por causa mortandade em espécies de peixes e poluição da água,
além de diminuição crítica no atrativo natural que as áreas turísticas costeiras possuem.
Algumas medidas (tímidas) por parte de governos vem sendo tomadas frente a essa ques-
tão. Destaques para a União Europeia que, em 2018, aprovou por unanimidade um conjunto
de normas e sanções aos usos de materiais plásticos por parte dos países (28, até a saída do
Reino unido), englobando também instrumentos de pesca. Já Distrito Federal, na capital do
Brasil, por decreto proíbe, desde fevereiro de 2019, o uso e a comercialização, em todo o seu
território, de canudos e copos plásticos.
Por mais anacrônico que pareça, o plástico, em certa medida, veio para salvar animais, ao
substituir, por exemplo, o uso do marfim, muito comum até o início do século passado, mas
atualmente mata em torno de 100.000 animais marinhos por ano. Por mais esquisito que pare-
ça, o polímero que foi a base de produtos baratos e práticos requer iniciativas urgentes e ações
efetivas para tolher os danos que a disseminação relacionada a uma superprodução se revela.
TEXTO COMPLEMENTAR
A ÁGUA CHEGA À BOLSA DE NOVA YORK
Em meados de dezembro de 2020, a mais tradicional bolsa de valores do mundo, a Bolsa
de Valores de Nova York, iniciou a comercialização de cotas de água.

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O novo índice começa com cotas relacionadas ao valor da água na Califórnia, com unidade
mínima de 10 acre-pés, o que corresponde a 1,2 milhão de litros (o equivalente a duas piscinas
olímpicas). Assim, torna-se possível negociar água para situações futuras de escassez sem ter
de se pagar o preço do período de seca/escassez. Vale destacar que este novo comércio se
restringe apenas a negociações de água nos EUA, visto que há barreiras logísticas no transpor-
te de grandes quantidades de água e também que a água por lá, diferentemente daqui, perten-
ce não necessariamente ao Estado, e sim aos donos das propriedades rurais.
Essa nova modalidade abre precedentes importantes e, para alguns, preocupantes. Nunca
antes a água foi tratada desta forma, ou seja, sendo um bem comercializável nestas escalas,
chegando à bolsa de valores. Assim, inicia-se uma fase em que lugares com abundância deste
precioso recurso podem realizar comércio com áreas de escassez. Para o primeiro grupo, ou
seja, os que possuem recurso em grande escala, vislumbram-se possibilidades grandes de
lucro, sem dúvidas. Para o segundo grupo, aventa-se uma luz no fim do túnel a situações de
escassez. Até aí, tudo bem. Contudo, especialistas em recursos hídricos se demonstram preo-
cupados em relação a preceitos relacionados à sustentabilidade no uso da água. A sustentabi-
lidade é pensada com vistas a dar atenção às necessidades não apenas das gerações atuais,
mas também das futuras gerações.
Por fim, fica a questão: seria a água passível de comercialização? Na prática, esse comér-
cio já acontece há tempos – à medida que grandes multinacionais, como Coca-Cola e Nestlé,
por exemplo, comercializam água no mundo todo, vendendo suas garrafas potáveis em um
negócio altamente lucrativo. Há também a chamada água virtual – ou seja: a água incutida
em usos agropastoris, tais quais como ao se produzir um quilo de carne (que pode levar até
15 mil litros de água entre sedentação, constituição de pastos e beneficiamento final) ou em
plantações com o uso intensivo de água na irrigação. Agora uma nova modalidade de uso para
a água vem para ficar.
TEXTO COMPLEMENTAR
A CONFERÊNCIA DO CLIMA DE JOE BIDEN24
Convocada por Joe Biden, que fez também a coordenação do evento, foi realizada virtual-
mente, em fins de abril de 2021, a Cúpula do Clima. Biden, o primeiro a falar após discurso de
abertura de sua vice, Kamala Harris, prometeu reduzir as emissões de gases do efeito estufa
dos EUA em 50%, em relação aos níveis de 2005, até 2030, e afirmou que os próximos anos
farão parte de uma ‘década decisiva’ para o combate às mudanças climáticas
Pelo Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro prometeu que terá neutralidade climática até 2050
e que em 2030 teremos diminuído o desmatamento em até 43%.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que
o mundo precisa retornar aos níveis de emissões de gás carbono registrados no ano de 2005

24
com informações de https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/04/22/cupula-do-clima-tem-discurso-de-bol-
sonaro-e-de-mais-39-lideres-mundiais

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para alcançar a subsistência. “Nós precisamos de um planeta verde, mas estamos em alerta
vermelho, à beira do abismo. Precisamos agir”, afirmou.
“Precisamos diminuir as emissões de gás para os níveis de 2005. E precisamos nos asse-
gurar de que o próximo passo esteja na direção correta. Líderes em todo mundo devem agir,
primeiro fazendo uma coalizão por emissão líquida zero”, afirmou.
Xi Jinping, Presidente da China, disse que o país pretende trabalhar em conjunto com os
Estados Unidos para mitigar as emissões de carbono e que até 2060 a China vai passar do
“pico do carbono para carbono zero”.
“A China está ansiosa para trabalhar com os Estados Unidos para melhorar a governança
global”, declarou o líder comunista.
Da Europa, o Presidente da França, Emmanuel Macron, líder radicalmente contra as diretri-
zes tomadas a cabo por Jair Bolsonaro e seu então Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,
para o setor, disse que o mundo precisa incluir o meio ambiente nos custos de investimento e
comércio e que, sem isso, não poderia haver transição para uma economia mais verde.
Já o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país pode propor a introdução de ter-
mos e condições preferenciais para investimento estrangeiro em projetos de energia limpa.
Em seu pronunciamento, Putin também disse que a Rússia pretende aumentar a quantida-
de de energia de fontes de baixo carbono, incluindo a energia nuclear.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, celebrou a volta dos Estados Unidos ao Acordo
de Paris – uma medida que Biden reverteu após seu antecessor, Donald Trump, deixar o pacto.
“Estou muito feliz que os EUA tenham voltado a participar da política clínica, pois é total-
mente indiscutível que o mundo precisa da participação dos EUA para que o Acordo de Paris
seja cumprido”, disse a chanceler alemã. “A contribuição nacional dos EUA mostra sua ambi-
ção e é um sinal muito importante para a comunidade global”, completou.
Ela afirmou que as transformações necessárias para conter as mudanças climáticas são
uma “tarefa hercúlea”, já que exigem a transformação do modo de viver e conduzir as econo-
mias globais.
Quem também discursou foi a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “A
ciência diz que é quase tarde demais, mas devemos começar agora. Ontem, com o Parlamento
Europeu e com 27 governos, definimos novas metas para que sejamos neutros em carbono até
2050 e também concordamos em reduzir as emissões em pelo menos 25% até 2030”, afirmou.
“A natureza não pode mais pagar o preço. Mas a questão não é só sobre missões. Preci-
samos pensar em biodiversidades e em soluções onde forem necessárias – e vamos fazer
isso de maneira justa e bem-sucedida, porque não podemos deixar ninguém para trás. Vamos
trabalhos juntos pela neutralidade, por um compromisso junto e por ações juntas para reduzir
as emissões até 2030. Isso nos coloca no caminho para a emissão zero até 2050”, concluiu.

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5. A ONU e os Gs
5.1. A ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição internacional formada por 192
Estados soberanos e fundada após a Segunda Guerra Mundial para manter a paz e a segu-
rança no mundo, fomentar relações amistosas entre as nações e promover progresso social,
melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da Carta das
Nações Unidas, um tratado internacional que enuncia os direitos e os deveres dos membros
da comunidade internacional.
O Atual Secretário Geral, em substituição a Ban Ki-moon, desde 2017, é António Guterres,
português com mandato de 5 anos e possibilidade de reeleição.
As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-Geral, o Con-
selho de Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça e o
Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do Tri-
bunal, que fica em Haia, na Holanda.
Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em áreas tão diver-
sas como saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho. Esses organismos especia-
lizados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos (tais como o UNICEF,
Fundo das Nações Unidas para a Infância), compõem o Sistema das Nações Unidas.
A ONU tem como propósitos/funções principais:
• Manter a paz e a segurança internacionais;
• Desenvolver relações amistosas entre as nações;
• Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de carácter
económico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais;
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a realização desses obje-
tivos comuns.

Atualmente a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os Estados podem ser
membros plenos e participar na Assembleia-Geral. Outros organismos intergovernamentais e
algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar, como observadores, com direi-
to a intervir, mas sem direito a voto.

5.2. Os Gs
Já os Gs são grupos de Estados que se reúnem para estreitar suas relações multilaterais,
abordando temas como políticas militares e estratégias econômicas, de acordo com o interes-
se e influência dos países participantes. Esses encontros costumam ser anuais e podem ou

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não ter vínculo com a ONU (Organização das Nações Unidas). Além do G20, o mais conhecido
grupo, existem mais oito instâncias de países que se reúnem para debater temáticas de inte-
resse comum.
Vejamos os principais grupos e suas composições em 2019:
• G7
− Origem: 1976
− União dos 7 países mais ricos do mundo mais representantes da União Europeia. Em
1997, com a entrada da Rússia no grupo, tornou-se G8. Em 2014, o país foi suspenso
por envolvimento nos conflitos da Criméia, fazendo com que o G8 voltasse a ser G7.
− Países:
◦ ÁSIA: JAPÃO
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO
◦ AMÉRICA: CANADÁ, ESTADOS UNIDOS
• G20
− Origem: 1999
− Fórum dos 19 países mais influentes economicamente do mundo, entre desenvol-
vidos e emergentes, mais a União Europeia – que é representada pelo Presidente
do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia. Tem como objetivo a
coordenação de políticas econômicas entre os membros, promover a estabilidade
financeira e modernizar a estrutura financeira mundial;
− Países:
◦ ÁSIA: ARÁBIA SAUDITA, CHINA, COREIA DO SUL, ÍNDIA, INDONÉSIA, JAPÃO
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO, RÚSSIA, TURQUIA e UNIÃO
EUROPEIA25
◦ AMÉRICA: ARGENTINA, BRASIL, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS, MÉXICO
◦ OCEANIA: AUSTRÁLIA

G77
− Origem: 1964
− Reunião dos representantes dos principais países emergentes no Hemisfério Sul na
ONU, com objetivo de promover o desenvolvimento e aumentar o poder de barganha
ao articular os interesses econômicos desses países dentro dos fóruns da ONU.
− Países26:

25
A União Europeia conta apenas como um único país.
26
Neste caso em específico do G77 não precisamos, logicamente, decorar todos os nomes dos países (são mais
de 100), mas importa-nos entender o contexto. Vale destacar que o Brasil faz parte do grupo, e, na Europa, atualmente,
apenas a Bósnia-Herzegovina está no G77.

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◦ ÁSIA: AFEGANISTÃO, ARÁBIA SAUDITA, BANGLADESH, BAREIN, BRUNEI, CAMBO-


JA, CATAR, CHINA, CINGAPURA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS, FILIPINAS, IÊMEN,
ILHAS MARSHALL, ÍNDIA, INDONÉSIA, IRÃ, IRAQUE, JORDÂNIA, KUWAIT, LAOS,
LÍBANO, MALÁSIA, MALDIVAS, MIANMAR, MONGÓLIA, NEPAL, OMÃ, PAQUISTÃO,
SÍRIA, SRI LANKA, TADJIQUISTÃO, TAILÂNDIA, TIMOR-LESTE, TUNÍSIA, TURCOME-
NISTÃO, VIETNÃ.
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL, ANGOLA, ARGÉLIA, BENIM, BOTSUANA, BURKINA FASO,
BURUNDI, BUTÃO, CABO VERDE, CAMARÕES, CHADE, COMORES, CONGO, COSTA
DO MARFIM, DJIBUTI, EGITO, ERITREIA, ETIÓPIA, GABÃO, GANA, GUINÉ, GUINÉ-
-BISSAU, GUINÉ-EQUATORIAL, ILHAS MAURÍCIO, LESOTO, LIBÉRIA, LÍBIA, MADA-
GASCAR, MALAUÍ, MALI, MARROCOS, MAURITÂNIA, MOÇAMBIQUE, NAMÍBIA,
NAURU, NÍGER, NIGÉRIA, QUÊNIA, REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA, REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA DO CONGO, SEICHELES, SENEGAL, SERRA LEOA, SOMÁLIA, SUAZI-
LÂNDIA, SUDÃO, SUDÃO DO SUL, TANZÂNIA, TOGO, UGANDA, ZÂMBIA, ZIMBÁBUE.
◦ EUROPA: BÓSNIA-HERZEGOVINA.
◦ AMÉRICA: ANTÍGUA E BARBUDA, ARGENTINA, BAHAMAS, BARBADOS, BELIZE,
BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, COSTA RICA, CUBA, DOMINICA, EL SALVA-
DOR, EQUADOR, GRANADA, GUATEMALA, GUIANA, HAITI, HONDURAS, JAMAICA,
NICARÁGUA, PANAMÁ, PARAGUAI, PERU, REPÚBLICA DOMINICANA, SANTA LÚ-
CIA, SÃO CRISTÓVÃO E NÉVIS, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, SÃO VICENTE E GRANADI-
NAS, SURINAME, TRINIDAD E TOBAGO, URUGUAI, VENEZUELA.
◦ OCEANIA: FIJI, ILHAS SALOMÃO, KIRIBATI, MICRONÉSIA, PAPUA NOVA GUINÉ, SA-
MOA, TONGA, VANUATU.

Dentre esses grupos temos também os BRICS: a coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e
China (BRIC) iniciou-se de maneira informal em 2006, com reunião de trabalho entre os chan-
celeres dos quatro países à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Desde então,
o acrônimo, criado alguns anos antes pelo mercado financeiro, não mais se limitou a identifi-
car quatro economias emergentes. O BRIC passou a constituir mecanismo de cooperação em
áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e aos povos dos
demais membros.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de governo do agrupamento se encontram anualmente. Em
2011, na Cúpula de Sanya, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, acrescentando
o “S” ao acrônimo, agora BRICS.

Nos últimos dez anos, ocorreram dez reuniões de cúpula, com a presença de todos os líde-
res do mecanismo:
• I – Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;

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• II – Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;


• III – Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
• IV – Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
• V – Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
• VI – Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
• VII – Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015;
• VIII – Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016;
• IX – Cúpula: Xiamen, China, setembro de 2017;
• X – Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018; e
• XI – Cúpula: Brasília, Brasil, novembro de 2019.

Desde a primeira cúpula, em 2009, os BRICS têm expandido significativamente suas ati-
vidades em diversos campos, mas foi o campo financeiro que garantiu, desde o início, maior
visibilidade ao agrupamento. Os então quatro países-membros passaram a atuar de forma
concertada, a partir da crise de 2008, no âmbito do G20, FMI e Banco Mundial, com propostas
concretas de reforma das estruturas de governança financeira global, em linha com o aumento
do peso relativo dos países emergentes na economia mundial. O papel desempenhado pelo
BRICS foi fundamental para a reforma das quotas do FMI, aprovada em Seul, em 2010.
No mesmo campo, a cooperação BRICS levou ao lançamento das duas primeiras insti-
tuições do mecanismo: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de
Reservas (ACR). A criação do banco visou a responder ao problema global da escassez de
recursos para o financiamento de projetos de infraestrutura.
A partir de 2015, o BRICS passou a buscar novas áreas de cooperação, sempre tendo pre-
sente a necessidade de obter benefícios palpáveis para os cinco países. Para o Brasil, as áreas
de saúde, ciência, tecnologia e inovação, economia digital e cooperação no combate ao crime
transnacional são prioritárias nesse esforço de avançar novas áreas de atuação.
A XI Cúpula foi realizada em Brasília, em 13 e 14 de novembro de 2019, no Palácio Ita-
maraty, sob o lema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Antecedendo
o encontro de líderes, a Presidência brasileira organizou dezenas de encontros que tiveram
como prioridades (i) o fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação; (ii) o
reforço da cooperação em economia digital; (iii) o adensamento da cooperação no combate
aos ilícitos transnacionais, em especial ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico
de entorpecentes; e (iv) o incentivo à aproximação entre o Novo Banco de Desenvolvimento e
o Conselho Empresarial.
TEXTO COMPLEMENTAR
DIREITOS HUMANOS E ATUALIDADES

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O conceito de direitos humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus di-
reitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem
social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Superado o nazismo e o fascismo pela força de uma ampla aliança, indo dos capitalistas
dos Estados Unidos aos socialistas soviéticos, as nações sentaram-se para definir regras míni-
mas de convívio que evitassem novos conflitos bárbaros e editaram a Declaração dos Direitos
Humanos, em 1948. Este documento se utiliza da expressão “direitos essenciais do homem”
como sinônimo de direitos humanos e lista os seguintes direitos do homem: o direito à vida, à
liberdade e à segurança (artigo 3º), ao reconhecimento como pessoa (artigo 6º), à igualdade
(artigo 7º), à nacionalidade (artigo 15), entre outros. A Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), de 1969, também utiliza a expressão “direitos es-
senciais da pessoa humana” para se referir aos direitos humanos e, entre esses, lista o direito
à vida (artigo 4º), à integridade pessoal (artigo 5º), à liberdade pessoal (artigo 7º) e o direito
de reunião (artigo 15), por exemplo. Em suma, é bastante passível de inclusão na agenda dos
direitos humanos vários tópicos. Contudo, com sua vagueza e generalidade, é importante e
saudável, inclusive, reconhecermos – embora, em princípio, vise a fortalecer e disseminar a
proteção dos direitos humanos, colocando-os à disposição de todos –, suscita um grande de-
safio: a determinação do alcance desses direitos.
A declaração reúne as chamadas três dimensões dos direitos. A primeira contempla as li-
berdades de escolha, de voz e de voto, que tanto marcaram a luta contra as monarquias e, mais
recentemente, contra as ditaduras militares.
Na segunda dimensão, estão os direitos que dependem de uma ação do Estado para garan-
tir o bem-estar do indivíduo, como saúde e educação.
Já na terceira dimensão estão os direitos difusos, a que toda a sociedade tem direito de
usufruto, e não só cada indivíduo. É o caso do direito à comunicação ampla e plural, ao meio
ambiente e à preservação do patrimônio cultural.
Os direitos humanos consistem no direito que todo homem deve ter em todos os lugares
e todos tempos. É basicamente, também, ilustrador do “direito a ter direito”, ou seja, os pro-
cessos e dinâmicas para se obter direitos. Padecem, contudo, de circunstâncias, o que faz
deles vagos e genéricos, ao serem carregados de idealismo. Falar em generalidade acerca dos
direitos humanos ocorre também à medida que não é um sistema estanque e que, portanto,
se desenvolveu com base em um arcabouço de normas e mecanismos cada vez mais abran-
gentes e complexos.
Outra questão atualmente enfrentada acerca dos direitos humanos tem a ver com a glo-
balização tal qual conhecemos (e atualidades) e diz respeito ao fato de que os Estados têm
perdido o controle sobre os fluxos de capital e bens e se tornado incapazes de proteger os
membros mais débeis ou vulneráveis da sociedade, a exemplo dos trabalhadores migrantes,
dos refugiados e dos deslocados, entre outros. Importa-nos saber como o discurso dos direi-

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tos humanos tem enfrentado essas questões? O que os que carregam a bandeira de defesa
da prevalência dos direitos humanos fazem para minimizar ou solucionar problemas como o
desenvolvimento, a redução da pobreza e a proteção dos migrantes? O problema aqui vai além
do reducionismo ou da insuficiência; trata-se, portanto, da seletividade e da rejeição dos deve-
res positivos dos Estados.
Tudo isso faz parte dos chamados “direitos humanos sociais e econômicos”, cuja exis-
tência, apesar de essencial, ainda é possível de controvérsia. O problema aqui vai além do
reducionismo ou da insuficiência; trata-se da seletividade e da rejeição dos deveres positivos
dos Estados.
Há também uma seletividade muito bem marcada, à medida que seis dos dezoito governos
mais repressivos – quais sejam China, Cuba, Eritreia, Arábia Saudita, Sudão e Zimbábue – já fo-
ram membros de algum tipo de Comissão de Direitos Humanos da ONU. Ao saírem (os direitos
do homem) do âmbito de direitos fundamentais e se tornarem direitos que possuem relação a
interesses políticos, econômicos ou de segurança dos Estados, ou seja, usados como moeda
de troca, acabam perdendo sua função precípua ao desampararem as pessoas do mundo que
vivem sob regimes repressivos.
Em contraposição a esse cenário, é fato que vivemos, contudo, além da proliferação das
normas, tanto no Direito Internacional dos Direitos Humanos quanto no Direito Internacional
Geral, concomitantemente uma proliferação de organismos protetivos. É muito importante que
se destaque que os Estados já não são os únicos componentes do novo espaço internacional
dos direitos humanos. Organizações Não Governamentais (ONGs) se formam em nível trans-
nacional, travando com os Estados relações de conflito e cooperação. O que se constata é
haver a disseminação não apenas de Cortes, mas de ONGs que se intitulam defensoras dos
direitos humanos, sendo a pressão por elas exercida um instrumento decisivo para mover go-
vernos a adotarem políticas de defesa dos direitos humanos, resultando crescer ainda mais
a consciência de que tais direitos envolvem responsabilidades compartilhadas entre institui-
ções públicas e privadas. Por outro lado, não há como negar que o crescimento desordenado
dessas organizações revela uma banalização do discurso. Sob o argumento da proteção de
direitos fundamentais, as ONGs, muitas vezes, se utilizam de uma retórica vazia para fazer
valer interesses que chegam a ser contrapostos aos ideais do discurso dos direitos humanos.
TEXTO COMPLEMENTAR
1 ANO E 6 MESES DE COVID-19: OMS, SEGUNDA E TERCEIRA CEPA, VACINAS + DESAFIOS
E CONTEXTOS
O coronavírus, ou COVID-19, é uma infecção respiratória. Síndrome viral, transmitida por
gotículas principalmente, pela tosse ou contato, foi oficialmente batizada como Sars-Cov-2. A
COVID-19 é interessante destacar, não é a primeira pandemia deste século, à medida que, entre
2009-2010, houve a presença entre nós da H1N1, popularmente conhecida como gripe suína, a
qual ceifou algo em torno de 200.000 vidas em mais de 100 países. Contudo, o que se percebe

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é que esta primeira moléstia foi muito menos agressiva se compararmos à atual pandemia de
COVID-19. Em termos numéricos, tal qual vimos acima, no máximo 200.000 mortes (em pouco
mais de 14 meses de pandemia de H1N1) foram atribuídas a este primeiro vírus. Todavia, na
entrada de junho de 2021, com 1 ano e seis meses, praticamente, de ação da COVID-19, mor-
reram em torno de 3,3 milhões pessoas, com mais de 160 milhões de registros de pessoas
infectadas oficialmente em todo o Planeta (o que equivale a algo em torno de 2% da população
global), segundo dados da OMS.
A COVID-19 é uma doença causada por um vírus originário da China que, até onde a ciên-
cia já prospectou, teve sua origem a partir do mercado de peixes de Wuhan, uma cidade-polo
tecnológico e de atividades industriais com mais 12 milhões de habitantes. Embora circulem
fake news dizendo ter sido este um vírus elaborado propositalmente em laboratórios na Chi-
na, afirmo aqui não haver absolutamente comprovação acerca de qualquer ocorrência de in-
tencionalidade dirigida até a presente data (01/06/2021) que confirme tal proposição. E, por
favor, NÃO CAIA EM QUESTÕES DE PROVAS DE ATUALIDADES (e este tema deve ser cobrado)
QUE AFIRMEM O CONTRÁRIO! O atual coronavírus possui origem em morcegos selvagens, bi-
chos estes que, ao contrário também de mais algumas infundadas fake news, NÃO COMPÕEM
QUALQUER NÍVEL DA CADEIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO HUMANA, NEM CHINESA, NEM DE
NENHUM OUTRO LUGAR DO GLOBO. Retomando, então: até onde fora constatado com base
nas mais importantes e renomadas instituições de pesquisa que se debruçam em torno deste
e de outros tipos de assuntos científicos/sanitários, foram morcegos que picaram um animal
hospedeiro, provavelmente o pangolim, considerado este o animal mais traficado no mundo –
um bicho tipo “pet”, ou seja, domesticado e que bomba na China e em outros países da Ásia,
para, aí sim, via o contato deste tipo de animal (doméstico e não comestível) ter-se realizado a
contaminação para humanos. A ciência já sabe, por exemplo, que o genoma dos coronavírus
tem cerca de 30 mil bases em tamanho. É como um texto com 30 mil palavras, que devem ser
escritas em mesma sequência, sendo praticamente impossível fabricá-lo, por assim dizer. Fato
é: a enorme capacidade de adaptação do novo coronavírus ao corpo humano se uniu à força
econômica estrondosa da China e ao padrão atávico que envolve as múltiplas esferas que a
globalização, tal qual como conhecemos, estampou. Se no ano 2000 a China representava
apenas 3% do PIB global, em 2019 o gigante oriental possuiu uma fatia de absurdos de 16% da
produção econômica total, atrás apenas dos EUA. Há pelo menos 6 anos o país é líder incon-
teste na produção industrial global e também no total de exportações. Isso tudo, em umbilical
associação, não devemos esquecer, a um padrão de capilaridade de chineses pelo globo (sen-
do a China a maior potência demográfica do mundo) onde, por exemplo, estima-se ter havido,
somente no ano de 2019, um contingente superior a 160 milhões de chineses circulando como
turistas. Espero ter deixado claro que, além do componente natural e genético do vírus, fatores
econômicos e demográficos são aspectos fundamentais para que a COVID-19 conseguisse se

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espalhar por todos os continentes habitados do planeta (e aí exclui-se apenas a Antártida) com
tamanha rapidez.
A nova epidemia, poucos dias após ser conhecida, fora classificada pela OMS (veja abaixo
sobre o funcionamento e características da agência) como sendo de “emergência global”. E
a agência da ONU para a saúde até tentou (ao menos no início) não promover nível de alarde
extremado, com vistas, ao que tudo indicava, não ver prejudicadas as escalas de comércio glo-
bal. Porém, devido à dimensão da capacidade de expansão do vírus, não teve jeito. Logo a ONU
sucumbe à gravidade de uma epidemia, que virou, em poucas semanas, uma pandemia. Na en-
trada de março de 2020, a OMS declarava ser fundamental a realização, entre outras medidas,
de um pacto coletivo global com vistas ao isolamento social – ou seja, o distanciamento entre
pessoas com medidas radicais como fechamento de comércios, escritórios e áreas públicas,
possuindo, em fins do mesmo mês, a adesão de mais de 1/3 da população global. Esse é o
embrião do chamado “lockdown”, uma medida controversa compreendida dentro do ambiente
de isolamento horizontal; bem mais radical que o isolamento vertical.
Isolamento Vertical e Horizontal
Isolamento vertical: é aquele no qual somente a parcela da população com maior risco de
desenvolver a doença ou complicações é isolada. Isso significaria isolar somente as pessoas
que pertencem aos grupos de risco para a COVID-19, como os idosos, os imunocomprometi-
dos, os obesos, os diabéticos e os portadores de doenças pulmonares (como a asma), cardio-
vasculares, hepáticas ou aqueles com doenças renais crônicas. Assim, durante o isolamento
vertical, pessoas que não pertencem ao grupo de risco continuam exercendo suas atividades
de vida normalmente. Esse modelo é menos eficiente do que o isolamento horizontal, segundo
a OMS, quanto à capacidade de conter a velocidade de transmissão doença. Além disso, vale
ressaltar que a identificação dos grupos de risco é um desafio bastante complexo no cumpri-
mento desta forma de isolamento. O Isolamento vertical foi defendido por Donald Trump e
Jair Bolsonaro, entre outros mandatários globais, mas, no caso brasileiro e norte-americano,
uma série de medidas de cunho local emanadas por prefeitos e governadores, em ambos os
países, não perseguiram a cartilha emanada pelos Presidentes, havendo, em várias cidades,
fechamentos de comércio e proibições à circulação de pessoas.
Isolamento Horizontal: É aquele no qual o maior número possível de pessoas deve per-
manecer dentro de casa, independentemente de apresentarem fatores de risco ou não para
a doença. O distanciamento horizontal pode ser feito em diferentes níveis de rigidez. O mais
rígido é chamado de lockdown, em que somente as atividades consideradas essenciais (como
farmácias e supermercados) são mantidas em funcionamento normal. Pode, inclusive, haver
um monitoramento das ruas pela polícia. Ao longo dos meses de junho e julho de 2020, contu-
do, vários países distenderam suas medidas de isolamento horizontal, estando incluído nessa
leva o Brasil.

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 Obs.: Controle severo tal qual descrito acima (isolamento horizontal) aconteceu na Oceania,
onde Austrália e Nova Zelândia se confinaram cedo e estão entre os países capazes
de sossegar o vírus de forma mais eficaz; o primeiro tem menos de 1.000 mortos, e o
segundo, menos de 50.

E se, para alguns, os esforços empreendidos pela China, país epicentro desta atual pande-
mia, ante a contenção da expansão do vírus são vistos como consideráveis (ao terem tomado
medidas sanitárias e de isolamento contundentes e, assim, reduzido de forma drástica a ação
do vírus em seu território, ao menos ao que parece), critica-se enormemente na outra ponta e,
dentre vários pontos, a forma como o regime comunista impediu a entrada de agências inter-
nacionais e também a prospecção de dados sobre o vírus por parte da comunidade científica
internacional.
Já dentro do âmbito das chamadas “teorias da conspiração”, o governo norte-americano
(sob os auspícios do ex-presidente Donald Trump), mesmo sem evidências claras, declarou
em meados de 2020 acreditar piamente que a China havia criado o vírus em laboratório – e,
pior, de forma maquiavélica haveria espalhado tal moléstia globalmente. Tudo dentro de um
plano bem ajambrado pelo poderoso Partido Comunista. Tal tese, propalada aos quatro ventos
por Donald Trump, vem sendo, contudo, cada dia mais desacreditada, residindo, portanto, no
âmbito das chamadas fake news tal qual já falamos acima.
Os números globais e drásticos: até 1º de junho de 2021, quando se completam quase 18
meses de epidemia desde o primeiro caso oficialmente divulgado pela China – e estes dados
ainda aumentarão bastante – há mais de 180 países com casos de COVID-19 já confirmados
em todos os continentes habitados, o que exclui apenas a Antártida. São em torno de 160 mi-
lhões de pessoas que já se infectaram desde janeiro de 2020 ou se encontram infectadas ao
redor do Planeta, levando-se em conta apenas os casos realmente identificados (devendo ser
muito maior este número, à medida que há, logicamente, um número bem maior de pessoas
que se encontra, ou se encontrou, infectada e não sabe ou não soube), com mais de 3.300.000
mortes segundo a OMS até 1º de junho de 2021. Os EUA dispararam à frente em números
totais de infectados desde fevereiro de 2020, com mais de 32 milhões de casos registrados
(ou quase 10% da população local) e também de mortes (mais de 550.000). No caso do gi-
gante da América do Norte, é evidente ter havido por parte de Donald Trump um absoluto erro
estratégico em torno de suas políticas sanitaristas, com subestimação (e negação, de forma
radical) acerca da força do vírus, fazendo assim com que o mandatário não tenha promovido
as medidas necessárias (e em contraposição ao que fora recomendado pela OMS) com vistas
a resguardar o seu povo. Tal virada de costas por parte de Donald Trump frente à gravidade
da COVID-19 foi, sem sombra de dúvidas, elemento determinante para sua derrota na eleição
presidencial para o senador democrata Joe Biden nas eleições de novembro de 2020. Em se-
gundo lugar em número total de casos de COVID vem a Índia. Por lá, a miséria e as péssimas

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condições sanitárias são aliadas fortes na expansão do vírus. A Índia, diga-se de passagem,
com 23 milhões de infectados, vem sendo “acusada” de ser o berço de uma terceira cepa
de COVID, esta ainda mais agressiva. O Brasil vem em terceiro lugar em números globais de
pessoas que estão ou foram infectadas, com mais de 15 milhões de infectados desde o início
da epidemia e mais de 470.000 mortes (neste quesito estamos em segundo lugar em termos
globais e devemos ultrapassar os EUA). A Índia, apesar de informar 23 milhões de infectados
até aqui, declara haver 230.000 mortos – ou seja, bem menos que o Brasil.
Na Europa, também devastada pela pandemia, França, Rússia, Reino Unido (primeiro país
a vacinar no mundo) e Itália lideram os casos. Na Itália, o Papa Francisco esteve com suspei-
ta (não confirmada) de ter contraído o vírus e reza as missas no Vaticano sem a presença de
fiéis, tendo sido a Páscoa de 2021 a segunda sem fiéis na mais tradicional missa do Vaticano,
juntamente à do Natal, ao respeitarem as medidas de isolamento social. No Reino Unido, o
primeiro-ministro Boris Johnson, um refratário em primeira fase à promoção de medidas de
isolamento social (num processo de evidente negacionismo, tal qual promovido pelo Presiden-
te Jair Bolsonaro e também por Donald Trump), ironicamente se infectou, perecendo, inclusive,
em um quarto de UTI por uma semana na entrada do mês de abril de 2020.
Destaca-se, contudo, que principalmente nos países europeus citados acima, com exceção
da Rússia, vinha ocorrendo um real estancamento no número de mortes e também de novos
casos de COVID-19 – uma ótima notícia, sem dúvidas. Contudo, desde outubro de 2020, o
cenário mudou. Há, no fim de ano de 2020 e se estendendo até agora, ao longo de 2021, uma
segunda onda de COVID em curso a assolar as nações. Além do dramático cenário relativo à
saúde e às perdas humanas que avassalam o globo desde os primeiros dias do ano de 2020
e que se segue nestes meses iniciais de 2021, outra catarse devasta o Planeta: as perdas no
campo econômico. Instala-se, exclusivamente em função desta pandemia, uma crise global
em nível apenas comparado ao que fora percebido na Crise de 1929. As escalas, aliás, são
piores hoje em dia que há 90 anos atrás, visto o peso demográfico atual. Há uma população
no globo 4 vezes maior e uma complexa e imbricada rede de relações multidimensionais, que
a globalização promoveu e de cujo dimensionamento a Crise de 1929 não passou nem perto.
Prejudica, portanto, todas as economias... sem exceção.
Estimava-se uma queda no PIB global de no mínimo 5% (acabou sendo de 4,1%) e reces-
são econômica em TODAS AS GRANDES ECONOMIAS GLOBAIS, com exceção da China (que
cresceu 2% a.a.), com recuperação do cenário econômico pré-COVID, na melhor das hipóteses,
segundo o Banco Mundial (e em uníssono a previsões de outras grandes e respeitáveis insti-
tuições), somente por volta de 2026. Como resultado real, vemos, além das perdas nos PIBs
em 2020 divulgados entre fevereiro e março pelos respectivos bancos centrais dos países,
também um endividamento imenso dos países.

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Em matéria abaixo, retirada do site da CNN Brasil, de 24/11/2021 , vê-se ilustrada a real 27

dimensão do endividamento dos países por causa da pandemia:


Pandemia irá deixar outra herança ruim: o alto nível de endividamento dos países
A dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de 2019, estima o
Fórum Econômico Mundial
A vacina contra a COVID-19 deve ajudar os países a superarem, pouco a pouco, a crise
sanitária. Por outro lado, há uma herança da pandemia que deve continuar assombrando os
países pelos próximos anos. O endividamento global ganhou uma nova proporção por causa
da pandemia. A dívida dos países cresceu de maneira acelerada como em poucos momentos
na história.
Entre os motivos, por um lado, receitas menores: muitos países, por exemplo, tiveram que
abrir mão de impostos, além do recuo natural da arrecadação causado pelos lockdowns. So-
mou-se a isso, por outro lado, a implantação de medidas de alto custo para tentar aliviar os
danos da pandemia, com a criação de benefícios como o auxílio emergencial. Resultado: a
dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de 2019, estima o Fórum
Econômico Mundial.
Especialistas costumam usar a métrica dívida em relação ao PIB, que compara a dívida de
um país com sua produção econômica.

País Dívida/ PIB (%)

Japão 263,97

Grécia 200,53

Itália 158,31

EUA 133,64

Espanha 121,31

França 118,57

Canadá 114,97

Reino Unido 111,52

Brasil 102,76

Índia 89,86

África do Sul 82,76

27
https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/01/24/pandemia-ira-deixar-outra-heranca-ruim-o-alto-nivel-de-endivi-
damento-dos-paises

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País Dívida/ PIB (%)

China 66,53

México 65,6

Chile 37,51
Fonte: Fundo Monetário Internacional

Ter uma relação dívida versus PIB baixa sugere que um país deve ter poucos problemas
para pagar suas dívidas (e que, inclusive, pode pegar mais dinheiro no mercado para custear
investimentos ou gastos). Já uma relação alta pode ser interpretada como um sinal de maior
risco de calote.
O que seria uma dívida alta ou baixa? O Banco Mundial admite que não existe uma defini-
ção exata para essa proporção, mas aponta que um limite “saudável” seria de 77% do PIB.
Mas há exceções. Países mais ricos, por exemplo, conseguem ter um maior endividamento
pela sua credibilidade junto aos investidores internacionais. O Japão, por exemplo, tem uma dívi-
da fiscal equivalente a mais de 200% do seu PIB, segundo o Instituto de Finanças Internacionais.
O que pode ser feito
Com tantos países endividados uma crise econômica global parece inevitável, mesmo que
não seja para agora. No entanto, especialistas do Brookings Institution acreditam que essa cri-
se pode não ser tão catastrófica como em outros momentos. Afinal, a experiência já ensinou
ao mundo (ou deveria ter ensinado) que ações proativas dos governos podem evitar proble-
mas pendentes de dívida em grande escala. Reformas, por exemplo, são essenciais para todos
os países –o Brasil, inclusive.
Embora existam alguns países em sério risco de insolvência, caso eles recebam apoio, po-
dem crescer até alcançar a sustentabilidade da dívida. O Fundo Monetário Internacional (FMI)
acredita que mercados emergentes e países em desenvolvimento vão precisar de trilhões de
dólares para conseguirem superar a crise da COVID-19. Mais precisamente, de US$ 2,5 trilhões.
A dúvida, agora, é de onde toda essa dinheirama vai sair. Daí a importância da atuação mais
forte do FMI e de bancos de desenvolvimento. A conferir.

5.3. A OMS
Caro (a) aluno(a), vamos agora conhecer melhor o trabalho e o funcionamento da OMS.
A Organização Mundial da Saúde foi fundada em 1948 (World Health Organization – WHO),
sendo uma agência especializada em saúde subordinada à Organização das Nações Unidas,
com sede em Genebra, na Suíça sendo seu diretor-geral, desde julho de 2017, o etíope Te-
dros Adhanom.

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Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível
de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida no documento base de sua formação
como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da
ausência de uma doença ou enfermidade”. Além de coordenar os esforços internacionais para
controlar surtos de doenças, como a malária, a tuberculose, a OMS também patrocina progra-
mas para prevenir e tratar tais doenças e uma gama de outras moléstias. A OMS assegura o
desenvolvimento e a distribuição de vacinas seguras e eficazes, diagnósticos farmacêuticos
e medicamentos, como por meio do Programa Ampliado de Imunização. Através de sua ação,
a OMS declarou em 1980 que a varíola havia sido erradicada, constando este esforço sim-
plesmente como a primeira doença na história a ser erradicada pelo esforço humano. A OMS
supervisiona a implementação do Regulamento Sanitário Internacional e publica uma série de
classificações médicas, incluindo a Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID),
a Classificação Internacional de Funcionalidade, a Incapacidade e Saúde (CIF) e a Classifica-
ção Internacional de Intervenções em Saúde (ICHI). A OMS publica regularmente um Relatório
Mundial da Saúde, incluindo uma avaliação de especialistas sobre a saúde global. Além disso,
a OMS realiza diversas campanhas de saúde – por exemplo, para aumentar o consumo de
frutas e vegetais em todo o mundo, e desencoraja o uso do tabaco. A cada ano, a organização
escolhe o Dia Mundial da Saúde. A OMS realiza pesquisas em áreas sobre doenças transmis-
síveis, doenças não transmissíveis, doenças tropicais e outras áreas, bem como para melhorar
o acesso à pesquisa em saúde e à literatura em países em desenvolvimento, como através da
rede HINARI.
A organização conta com a experiência de muitos cientistas de renome mundial, como o
Comitê de Especialistas da OMS sobre Padronização Biológica, o Comitê de Especialistas da
OMS para a Hanseníase e o Grupo de Estudos sobre Educação Interprofissional & Prática Cola-
borativa. A OMS também trabalhou em iniciativas globais como o Global Initiative for Emergen-
cy and Essential Surgical Care: A Guideline for Essential Trauma Care, focado no acesso das pes-
soas às cirurgias, e o Safe Surgery Saves Lives, sobre a segurança do paciente em tratamento
cirúrgico. A OMS é composta por 193 Estados-membros, incluídos todos os Estados-membros
da ONU, exceto Liechtenstein e os Estados Unidos, e inclui dois não membros da ONU, Niue e
as Ilhas Cook. Os territórios que não são Estados-membros da ONU podem tornar-se Membros
Associados (com acesso total à informação, mas com participação e direito de voto limitados)
se assim for aprovado em assembleia: Porto Rico e Tokelau são Membros Associados. Existe
também o estatuto de Observador; alguns exemplos incluem a Palestina (um Observador da
ONU), a Santa Sé, a Ordem Soberana e Militar de Malta, o Vaticano (um observador não mem-
bro da ONU), a Taipé Chinesa (uma delegação convidada) e Taiwan. Os Estados-membros da
OMS nomeiam delegações para a Assembleia Geral da Saúde Mundial, que é o corpo decisor
supremo. Todos os Estados-membros da ONU são elegíveis para pertencer à OMS. A Assem-
bleia Geral da OMS reúne-se anualmente em maio. Para além da nomeação do Diretor-Geral
a cada cinco anos, a Assembleia analisa as políticas de financiamento da Organização e revê
e aprova o orçamento proposto. A Assembleia elege 34 membros, tecnicamente qualificados

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na área da saúde, para a Direção Executiva, durante um mandato de três anos. As principais
funções desta direção serão as de levar a cabo as decisões e as regras da Assembleia, acon-
selhá-la e, de uma forma geral, auxiliar e facilitar a sua missão.
A OMS é financiada por contribuições dos Estados-membros e doadores vários. Nos últi-
mos anos, o trabalho da OMS tem envolvido de forma crescente a colaboração com entidades
externas; existem atualmente cerca de 80 parcerias com organizações não governamentais
e indústria farmacêutica, bem como com fundações como a Fundação Bill e Melinda Gates
e a Fundação Rockefeller. Com efeito, as contribuições voluntárias para a OMS por governos
locais e nacionais, fundações e ONGs, outras organizações da ONU e o próprio setor privado
excedem atualmente as contribuições estabelecidas (quotas) pelos 193 Estados-membros.
Além dos Estados Observadores e das entidades listadas acima, os observadores de organiza-
ções a Cruz Vermelha e da Federação Internacional da Cruz Vermelha entraram em “relações
oficiais” com a OMS e são convidados como observadores. Na Assembleia Mundial da Saúde,
eles atuam como representantes, igual aos de outros países.

5.3.1. A COVID-19 e as vacinas

Nunca antes na história da humanidade uma ação com vistas à criação de um imunizante
fora empreendida em tempo tão curto.
Desde o primeiro caso de coronavírus, identificado em dezembro de 2019, até a oficializa-
ção das primeiras vacinas (testes), em fins de outubro de 2020, ao longo de dez meses dia-
riamente, 24 horas por dia, praticamente toda a comunidade científica relacionada à saúde no
planeta se debruçou com vistas a que um elixir de expurgo deste vírus pandêmico ganhasse
forma. E o êxito aconteceu. No dia 11 de dezembro, na Inglaterra, uma senhora de 90 anos, de
nome Margaret Keenan, foi vacinada com a primeira dose da vacina da Pfizer. Após quase 1,5
milhão de mortes pelo globo, as vacinas se tornaram realidade, sendo, inclusive, uma tábua de
salvação já em meio à segunda onda de pandemia de COVID-19 de 2021 em várias partes do
Mundo. Até maio de 2021, segundo a OMS, haviam 14 vacinas existentes e mais de 90 em fase
de testes em humanos.
Uma vacina só pode ser disseminada após passar por, no mínimo, 3 fases, as quais com-
preendem, via de regra:
• 1ª: um pequeno grupo de pessoas se candidata voluntariamente e recebe as doses;
• 2ª: um número maior de pessoas é imunizado, após ter-se eficácia a Fase 1;
• 3ª: número bem grande de testes após êxito com a Fase 2.

Quatro vacinas já cumpriram esse rito.


Após concluída a 3ª fase, as vacinas podem, assim, ser certificadas por agências regula-
doras dos países.

 Obs.: Os exercícios se encontram ao fim da próxima aula: Atualidades do Brasil.

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Luis Felipe Ziriba
Formado em Geografia pela Universidade de Brasília, leciona desde 2001 em cursos e plataformas variadas
pelo Distrito Federal, tendo começado em pré-vestibulares, seguindo para preparatórios para o concurso
de admissão à carreira diplomática, escolas de ingresso na carreira militar (ESPCEX) além de lecionar para
os mais concorridos concurso do Brasil, tais quais Câmara dos Deputados, Senado Federal, BC, PF, PCDF,
entre outros, promovendo nestes últimos, principalmente, aulas na frente de Atualidades e de Realidade
do DF

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