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Eletrônica de Potência II

Eng. Eletrônica e de Telecomunicação


Prof. Francisco Garcia
Unidade 3 - Conversores CC/CC (choppers)
3.2d – Conversor buck com carga R, RL e RLE

rev. D – 24/08/22
Choppers são conversores CC/CC que operam através de chaveamento (recorte)
A tensão de entrada pode ser fixa ou variável
A tensão de saída pode ser fixa ou variável
• Uma fonte de alimentação que recebe em sua entrada uma tensão de 5V e gera em
sua saída uma tensão de 3,3V, é um exemplo de conversor com entrada e saída fixa,
apesar das correntes de entrada e saída poderem variar, de acordo com a solicitação
da carga.
• Um conversor que recebe em sua entrada 12V e gera em sua saída uma tensão
variável, para controlar a velocidade de um motor é um exemplo de um conversor
com entrada fixa e saída variável.
• Um conversor que recebe em sua entrada uma tensão retificada a partir da tensão
de rede, que pode variar entre 127 a 220V e tem na saída uma tensão fixa de 5V é
um exemplo de um conversor com entrada variável e saída fixa.
Primeiro caso:
Carga puramente resistiva (R)
A cada período T, a chave permanece fechada
(vO = VE) durante 0  t < DT e aberta (vO = 0) durante
Conversor buck chaveado básico DT  t < T .
S Definindo D = ciclo de trabalho (duty cycle) como:
ton ton  DT
D  
VE vO R T toff  T  DT  (1  D )T
i
O valor médio da tensão de saída pode ser calculado
por::

vO Fechada
ton
Aberta
toff
1 T
VOav   vO dt 
T 0
1
T 
0
DT T

DT  V
VE dt   0dt  E
T 
0
DT
dt
VE V
VOav
VOav  E ( DT  0)
T O valor médio
0 depende diretamente
0 DT T t
VOav  VE D do ciclo de trabalho D
A chave representa um BJT, MOSFET ou IGBT ideais:
• Queda de tensão zero quando ligado Como 0  D  1, o valor médio da tensão de
• Corrente nula quando desligado saída (componente CC) é igual ou menor do
• Transição instantânea entre um estado e outro
que a tensão de entrada  chopper abaixador
Conversor buck chaveado básico O valor eficaz da tensão de saída é:
S
1 T 1 DT VE2
  v dt   V dt  ( DT  0)
2 2
VOef O E
T 0 T 0 T
VE vO R
i VOef  VE D

vO Fechada Aberta
VOef
ton toff VE
VE
VOav VOav
0
0 DT T t 0,5VE

0
0 0,5 1 D
Conversor buck chaveado básico O valor instantâneo da corrente no circuito é:

S vO
i
R
VE vO R
O valor médio da corrente pode ser calculado por::
i

VOav VE
I av  I av  D
R R
vO Fechada Aberta
ton toff
VE O valor eficaz da corrente pode ser calculado por::
VOav
0
t VOef VE
iO I ef  I ef  D
R R
VE
R IOav
0
0 DT T t
Conversor buck chaveado básico Podemos verificar que a potência na entrada é igual à
potência na saída. Isso acontece porque a chave foi
S considerada ideal e, portanto, não há perdas na
conversão:
VE vO R VE VE2
i PI  VE I av  VE D D
R R
2
VOef
PO   I Oef
2
R
Fechada Aberta R
vO
ton toff
VE Vamos usar o valor eficaz da tensão para calcular a
VOav potencia entregue à carga:
0
t
 
2
iO V E D VE2
PO   D
VE R R
R IOav
0
0 DT T t
Conversor buck chaveado básico
O valor médio da tensão (e da corrente) pode ser variado das seguintes maneiras:
Modulação por largura de pulso (PWM = pulse- Modulação por frequência de pulso (PFM = pulse-
width modulation). O período T (e, portanto, a frequency modulation). O largura do pulso ton
frequência de chaveamento) permanece constante permanece constante enquanto o período T é variado.
enquanto ton é variado.
vO vO
VE VE
D baixo
VOav VOav
0 0
vO t vO t
VE VE
D médio VOav VOav
0 0
vO t vO t
VE VOav VE VOav
D alto
0 0
0 T t 0 ton t

A modulação por largura de pulso (PWM) é o método mais utilizado


Exercício 1: onde
S FL = Intensidade luminosa, em cd (candela)
R KL = constante do LED = 2 cd/A
VE 500
vO IF = valor médio da corrente no LED
i Modelando LED com uma queda de tensão no
sentido direto (VF) constante e igual a 2 V, e
sabendo que o conversor está alimentado por uma
fonte de tensão VE = 12V, determinar o ciclo de
O LED de um equipamento está ligado a um trabalho do conversor.
circuito como mostrado acima. A intensidade Solução: FL
luminosa desse LED deve ser ajustada para IL   6mA
KL
12mcd.
VE  VF
De acordo com o fabricante do LED, a para 0  t  DT , i   20mA
R
intensidade luminosa é dada pela expressão
1 T 1 DT
I av   i dt   20mA dt  20mA  D
FL = KL IF T 0 T 0
6mA
D  D  0,3
20mA
Exercício 2: onde
S TC = Temperatura da cuba em oC
KC = constante de aquecimento da cuba = 12,5oC/W
VE vO R PR = potência dissipada no resistor
i TAMB = Temperatura ambiente
Sabendo que o resistor de aquecimento, cujo valor
é 16, está ligado a um conversor como o da figura
ao lado, alimentado por uma fonte de tensão
Um determinado equipamento industrial tem VE = 12V e que a temperatura ambiente é 25oC,
uma cuba onde se processa uma reação determinar o ciclo de trabalho do conversor.
química. Para o resultado correto, essa reação
deve ocorrer a 75oC. Para isso, nessa cuba Solução: TC  TAMB
PR   4W
existe um resistor de aquecimento, controlado KC
eletronicamente. 2
VOef
A temperatura da cuba foi determinada PR   VOef  PR R  8V
R
empiricamente como sendo: 2
 VOef 
TC = KC PR + TAMB VOef  VE D D   D  0, 44
 E 
V
Circuito de controle:
vP
VPM

O controle do tempo que o dispositivo de


chaveamento (BJT, MOSFET ou IGBT) fica VR
0
ligado ou desligado pode ser feito através de t
um circuito que compara uma tensão de vO
referência VR com uma portadora dente de ON
serra vP.
OFF
0DT T t
Circuito de controle

VR
vO VPM
vP para 0  t  DT , vP  t O valor de D
T é ajustado
Comparador quando vP  VR  t  DT pela tensão
de referência
VR (VR)
D
VPM
Circuito de controle:
vP
VPM

O controle do tempo que o dispositivo de VR


chaveamento (BJT, MOSFET ou IGBT) fica 0
ligado ou desligado pode ser feito através de t
um circuito que compara uma tensão de vO
referência VR com uma portadora dente de ON
serra vP.
OFF
0 DT T t
Circuito de controle

VR
vO VPM
vP para 0  t  DT , vP  t O valor de D
T é ajustado
Comparador quando vP  VR  t  DT pela tensão
de referência
VR (VR)
D
VPM
Circuito de controle:
vP
VPM
VR
O controle do tempo que o dispositivo de
chaveamento (BJT, MOSFET ou IGBT) fica 0
ligado ou desligado pode ser feito através de t
um circuito que compara uma tensão de vO
referência VR com uma portadora dente de ON
serra vP.
OFF
0 DT T t
Circuito de controle

VR
vO VPM
vP para 0  t  DT , vP  t O valor de D
T é ajustado
Comparador quando vP  VR  t  DT pela tensão
de referência
VR (VR)
D
VPM
Solução: Determinando VRmin e VRmax:
Exercício 3: Determinando Dmin e Dmax:
VR min  3,33V
VR  D  VPM  
TC min  75  12,5  62,5 C VR max  5,55 V
TC min  TAMB  R1
PR min   3W
KC  R min R  R  R 10 V  3,33V (1)
V 
 1 V 2

VOef min  PR min R  6,92V V R1  RV
 10 V  5,55 V (2)
2  R max R1  RV  R2
 VOef min 
Dmin    Dmin  0,333
 VE  Para determinar R1 e R2, vamos
dividir (1) por (2):
O circuito acima é usado para TC max  75  12,5  87,5 C R1 3,33
gerar a tensão de referência para   0, 6  R1  15 k
TC max  TAMB R1  RV 5,55
o circuito de controle do PR max   5W
aquecedor do exercício anterior. KC
Substituindo em (1):
Sabendo que o valor máximo da VOef max  PR max R  8,94V
portadora é igual a 10V, R1 3,33
2   R2  20 k
determinar os valores de R1 e R2  VOef max  R1  RV  R2 10
Dmax    Dmax  0,555
para que seja possível ajustar a  V E 
temperatura em 75oC  12,5oC.
Obs.: VE continua igual a 12 V
Segundo caso:
Carga resistiva com indutância (RL)
vO DT (1-D)T

VE
Quando a resistência de carga tem uma indutância VOav
em série, é necessário um diodo para manter a t
circulação de corrente no indutor quando a chave 0 DT T
iS
abre: Imax
Imin
iS S L
iO t ΔI
vL iO Imax
Supondo Imin IOav
VE D vO vR R diodo ideal:
iD VF = 0 iD t
Imax
Imin

Chave fechada Chave aberta vR t


VE vO
iS S L L VOav
iO iO
vL t
VE vO R D vO R
iD
t
vO DT (1-D)T
A forma de onda da tensão na saída é a mesma do
VE que para o chopper com carga puramente resistiva,
VOav
portanto:
0 DT T t
iS VOav  VE D
Imax
Imin
O valor médio da corrente na carga não depende da
iO t constante de tempo e é igual a:
ΔI
Imax
Imin IOav VOav VE
IOav  I av  D
R R
iD t
Imax
Imin Lembrar que, para o conversor em regime
vR
estacionário, o valor médio da tensão sobre o indutor
t
VE vO é nulo, e o valor médio da tensão vR é o mesmo valor
VOav médio da tensão de saída VO (balanço volt·segundo no
indutor)
vL t

t A soma dessas duas


áreas é igual a zero
vO DT (1-D)T
Seja  = L/R = constante de tempo da carga:
VE
VOav
  VE 
t

I min    I min  1  e   , 0  t  DT
0 DT T t
iO    R  
iS
Imax   ( t  DT )

Imin I max e  , DT  t  T

iO t ΔI
Imax Fazendo iO(0) = iO(T) = Imin e iO(DT) = Imax:
Imin IOav
 (1 D )T T
iD t V e 
e 
Imax I min  E T Foi suposto
Imin R
1 e  que o
conversor está
vR t em regime
vO  DT
VE
VE 1  e  estacionário
VOav I max   T
R
vL t 1 e 
 DT  (1 D )T T
V 1 e 
e 
e 
t I  I max  I min  E T
R
1 e 
vO DT (1-D)T
Quando  >> T, a corrente na saída pode ser aproximada
VE para uma forma de onda triangular e, nesse caso:
VOav
I
0 DT T t I min  I Oav 
iS 2
Imax
I
Imin I max  I Oav 
2
iO t ΔI
Imax
IOav Onde o valor da variação da corrente é, aproximadamente:
Imin

VE (1  D ) D
iD t I 
Imax fL
Imin

vR t
A relação entre a variação da corrente de saída e o seu
VE vO valor médio é:
VOav
VE (1  D) D
I 1 D I T
vL t

fL
  1  D 
I Oav VE fL I Oav 
D
t R R
vO DT (1-D)T
O valor eficaz da corrente de saída pode ser calculado pela
VE expressão abaixo, onde iAC é o componente alternado da
VOav
corrente:
t
0 DT T I Oef  I Oav
2
 I ACef
2
iS
Imax
Imin Considerando a corrente triangular (aproximação):
iO t ΔI I
Imax I ACef 
Imin IOav 2 3

iD t Nesse caso:
Imax
Imin I 2
I Oef  I 2
Oav 
12
vR t
VE vO
VOav
Obs.: Se  >> T, então I << IOav e IOef  IOav
vL t

t
Exemplo: f = 5kHz  T = 200 s iO1 iO2
D = 0,6 L = 1 mH L = 4 mH
VE = 100V  = 100 s  = 400 s
R = 10 Imin = 3,63 A Imin = 5,39 A
VOav = 60 V  IOav = 6 A Imax = 8,08 A Imax = 6,59 A
Exemplo: f = 5kHz  T = 200 s iO1 iO2
Average RMS
D = 0,6 L = 1 mH L = 4 mH
VE = 100V  = 100 s  = 400 s Io1 5.99999e+000 6.14393e+000
R = 10 Imin = 3,63 A Imin = 5,39 A Io2 5.99999e+000 6.00992e+000
VOav = 60 V  IOav = 6 A Imax = 8,08 A Imax = 6,59 A
Quando a corrente de saída iO é diferente de zero Quando o modo descontínuo de corrente for
durante todo o período, é dito que o conversor indesejável, deve-se fazer:
trabalha no modo contínuo de corrente.
 1
Para /T baixo e D baixo pode ocorrer da corrente 
toff 5
ser igual a zero durante parte do período. É o modo
descontínuo. Para garantir o modo contínuo para qualquer
valor de D (D  0 leva a toff  T), devemos
iO ter:
toff < 5  1
IOav
Modo contínuo 
T 5
iO t
toff = 5
IOav Limiar contínuo-
Substituindo  = L/R e T = 1/f:
descontínuo R
iO t 5
fL
toff > 5
IOav
Modo descontínuo
0 DT T t
Terceiro caso:
Carga resistiva com indutância e tensão
(RLE)
Muitas cargas podem ser modeladas como A tensão vO é:
tendo uma resistência, uma indutância e
uma fonte de tensão em série. vO  vL  vR  EG
diO
São chamadas de carga RLE. vO  L  RiO  EG
dt

iS iO iA Considerando valores médios em regime


S L R
estacionário:
Lembrar que, para cálculo
vL vR VOav  RI Oav  EG de valores médios em
VE D vO vA EG VOav  EG regime estacionário, o
iD I Oav  indutor se comporta como
R um curto circuito.

Substituindo VOav = VE D
Chopper abaixador Armadura do motor

VE D  EG
I Oav 
R
Um exemplo de carga que pode ser modelada
como RLE é a armadura de um motor CC
Motor de corrente contínua (CC) com excitação independente (supondo que não haja saturação)
Modelo: Equações gerais: O torque desenvolvido é:
Armadura Campo di d
v A  RAiA  LA A  eG TD  J  B  TL
dt TD  KT I F I A
iA LA LF iF dt
di
vF vF  RF iF  LF F Onde:
dt
vA RA RF VA = tensão de armadura [V]
Considerando valores médios IA = corrente de armadura [A]
em regime estacionário: RA = resistência da armadura []
eG
VA  RA I A  EG LA = indutância da armadura [H]
 VF  RF I F
VF = tensão de campo [V]
N TD J IF = corrente de campo [A]
B TL
A força contra-eletromotriz RF = resistência da campo []
gerada é: LF = indutância da campo [H]
EG = tensão gerada devido à rotação do
= rotação angular [rad/s] EG  KV I F  rad/s
motor (fcem) [V]
N = rotação [rpm] 2 KV = constante de velocidade [V/A·rad/s]
TD = torque desenvolvido [Nm] EG  KV I F N rpm
60 KT = constante de torque [N m/A2]
B = atrito viscoso [Nm/rad/s]
J = momento de inércia Obs.: VA, IA = valores
TL = torque da carga [Nm] médios Obs.: KV e KT tem o mesmo valor
Exercício 4

Um motor de corrente contínua com excitação 1) Se D = 0,7, qual será a rotação do motor,
independente tem os seguintes dados: em rpm?
2) Se a solicitação de torque da carga abaixar
Campo:
para 1 Nm, qual deverá ser o novo valor de
RF = 387,5 , LF = 10 H D para que a rotação permaneça a mesma?
Ligado a uma fonte de tensão constante de 310V
Armadura: Fórmulas úteis:
RA = 5 , LA = 20 mH
VA  RA I A  EG TD  KT I F I A EG  KV I F 
Ligado a um chopper abaixador com VE = 310 V
VF  RF I F 2
Carga: EG  KV I F N
60
TL = 5 Nm, J = 0,015 kgm2
Não há
Constantes: atrito
KT = 1,5 Nm/A2
KV = 1,5V/A·rad/s
Fórmulas úteis:

Exercício 4 VA  RA I A  EG TD  KT I F I A EG  KV I F 
VF  RF I F 2
EG  KV I F N
Um motor de corrente contínua com excitação 60
independente tem os seguintes dados: Considerando estado estacionário, após a aceleração do motor
Campo:
RF = 387,5 , LF = 10 H VF
1) IF   0,8 A
Ligado a uma fonte de tensão constante de 310V RF
Armadura: Como não
TD há atrito,
RA = 5 , LA = 20 mH IA   4,167 A
KT I F TD = TL
Ligado a um chopper abaixador com VE = 310 V
Carga: VA  kVE  217 V

TL = 5 Nm, J = 0,015 kgm2 EG  VA  I A RA  196, 2 V


Não há
Constantes: atrito
60 EG
KT = 1,5 Nm/A2 N  N  1561rpm
2 KV I F
KV = 1,5V/A·rad/s
Fórmulas úteis:

Exercício 4 VA  RA I A  EG TD  KT I F I A EG  KV I F 
VF  RF I F 2
EG  KV I F N
Um motor de corrente contínua com excitação 60
independente tem os seguintes dados: Considerando estado estacionário, após a aceleração do motor
Campo:
RF = 387,5 , LF = 10 H TD
2) IA   0,833A
Ligado a uma fonte de tensão constante de 310V KT I F
Armadura: Para a mesma rotação, EG é a mesma
RA = 5 , LA = 20 mH
EG  196, 2 V
Ligado a um chopper abaixador com VE = 310 V
Carga: VA  RA I A  EG  200, 4 V
TL = 5 Nm, J = 0,015 kgm2
Não há VA
Constantes: k  k  0, 646
atrito VE
KT = 1,5 Nm/A2
KV = 1,5V/A·rad/s
J = 0,015 kgfm2
J = 0,005 kgfm2

Para comparação
J = 0,015 kgfm2
Fim

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