Você está na página 1de 7

Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado.

Este material pode ser protegido por direitos


autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44







Recebido: 31/07/2009

Re-submissão: 29/10/2009
TORRES DE LEMOS1
Aceito: 01/12/2009

1
Universidade Luterana do Brasil. Curso de Educação Física. São Jerônimo, RS. Brasil.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Projeto Esporte Brasil. Centro de Excelência Esportiva.
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano. Porto Alegre, RS. Brasil.



Os objetivos do presente estudo foram: a) identicar a relação entre o teste de SA com banco (SACB) e o teste de SA sem
banco (SASB) em crianças e adolescentes, e; b) propor uma equação de regressão de predição do teste de SACB a partir
do teste de SASB. A amostra foi composta por 698 crianças e adolescentes, sendo 357 rapazes e 341 moças, na faixa etária
entre 7 e 17 anos, oriundos do banco de dados do PROESP-BR. Para o tratamento dos dados utilizamos a correlação linear
de Pearson e regressão linear múltipla. Os resultados sugerem uma relação linear positiva e alta (r=0,885) entre os resultados
dos dois testes de SA. Quando as variáveis sexo e grupo etários (GE1 - 7 a 10 anos; do GE2 - 11 a 13 anos; e do GE3 - 14 a
17 anos) são consideradas, os resultados indicam que os valores de correlação cam menores no sexo masculino e no GE1
nos dois sexos, e maiores no sexo feminino e nos GE2 e GE3 nos dois sexos. Diante disto, optamos por acrescentar ao mo-
delo de estimativa do teste de SACB a partir do teste de SASB as variáveis sexo e GE. O resultado da análise de regressão
disponibilizou uma equação com capacidade de determinação de 78,8%. Portanto, baseado no grau de relação linear entre
as variáveis podemos através de uma predizer a outra, ou seja, tanto o protocolo com banco quanto o sem banco podem nos
informar resultados análogos no que se refere à exibilidade. Deste modo, o teste SASB poderá ser utilizado como um ins-
trumento alternativo, sendo de fácil aplicação e principalmente de baixo custo, facilitando, assim, a busca de informações da
exibilidade de crianças e adolescentes.
Palavras chave: sentar-e-alcançar - exibilidade - crianças - adolescentes - Brasil.

ABSTRACT


The goals of this study was: a) to verify the possible relations between the sit and reach test with chair (SR) and without chair
(VSR) in children and adolescents, and b) to porpoise a regression equation to predict the SR from VSR. The sample was
composed for 698 children and adolescents (357 boys and 341 girls) between 7 to 17 years old from the PROESP-BR dates’
bank. The dates analyze was made with the Pearson correlation and with multiple linear regression. The results suggest a
positive and high (r=0,885) correlation between SR and VSR. When the sex and age group (AG1 - 7 to 10 years old; do AG2
- 11 to 13 years old; and AG3 - 14 to 17 years old) variables are consider, correlation coefcients get lower at male sex and
at AG1 for both sex, and get high AG2 and AG3 for both sex. Before this, we chose to add the sex and AG variable in SR test
model estimate from VSR. The regression analyze results released a equation with 78,8% determination capacity. Therefore,
considering the relation degree between exibility tests, we can predict one using the results of the other. Thus, the VSR can
be used as an alternative instrument for the children and adolescents exibility measured.
Key words: sit and reach - exibility - children - adolescents - Brazil

 
Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44

 bilidade pelo teste de SA, impossibilitando a medi-


da deste componente da ApFRS.
A exibilidade é um importante componente Considerando que uma das principais caracte-
da aptidão física relacionada à saúde por estar re- rísticas da bateria de testes do PROESP-BR é suge-
lacionado, quando em níveis adequados, à preven- rir instrumentos de medida que, além de apresentar
ção de alterações posturais, de dores lombares e a as exigências cientícas de validade, dedignidade
um menor risco de lesões ósteo-mio-articulares1. e objetividade, sejam de fácil aplicação e que não
Como a exibilidade é especíca por articulação, exijam materiais sosticados de alto custo, a pro-
existe certa diculdade em medir, e conseqüente- posição de uma técnica de medida de exibilida-
mente em avaliá-la de forma geral nos indivídu- de que eliminasse a necessidade do banco de SA
os. Todavia, especialistas sugerem que a medida seria um avanço. Nesta perspectiva, Hui e Yuen8
de exibilidade da região inferior das costas, do procuraram identicar a validade do teste de SA
quadril e dos músculos ísquio-tibiais deva estar sem a utilização do banco (SASB) em um grupo
presente em avaliações, pois estas regiões quando de estudantes universitários. Os resultados indica-
apresentam níveis baixos de exibilidade podem ram a possibilidade de utilização do teste com a
causar alteração no ritmo lombopélvico2, aumen- vantagem de necessitar como material apenas ta
tando a probabilidade de aparecimento de dores métrica e ta adesiva.
nas costas e problemas posturais3,4. Com o intuito de reunir as informações ante-
Para a medida de exibilidade da região infe- riormente apresentadas e discutidas e contribuir
rior das costas, do quadril e dos músculos ísquio- com novos elementos para a melhor compreensão
tibiais existem diversos testes clínicos e instru- da exibilidade em crianças e adolescentes, esta
mentos, como o inclinômetro, o goniômetro, o e- investigação tem como objetivos: a) identicar a
xômetro, as tas métricas, as radiograas, dentre relação entre o teste de SA com banco (SACB) e o
outras. Apesar dessa diversidade, grande parte das teste de SA sem banco (SASB) em crianças e ado-
baterias de testes de ApFRS recomendam a utiliza- lescentes, e; b) propor equações de regressão de
ção do teste sentar-e-alcançar (SA) para a avalia- predição do teste de SASB para o teste de SACB.
ção da exibilidade5,6. O teste SA é utilizado por
apresentar validade, reprodutibilidade e objetivi-
dade aceitável e por ser um instrumento de baixo 
custo e fácil aplicação6.
Evidências disponíveis na literatura sugerem a Esta investigação faz parte de uma série de es-
utilização do teste de SA como uma alternativa ade- tudos que estão sendo desenvolvidos pelo Proje-
quada para a medida da exibilidade das regiões to Esporte Brasil (PROESP-BR7 – disponível em
lombar, do quadril e dos músculos ísquio-tibiais7-11. www.proesp.ufrgs.br). Este estudo foi realizado a par-
Tais informações são importantes principalmente tir de informações contidas no banco de dados do
quando o objetivo é realizar levantamentos popu- PROESP-BR. Os dados foram de rapazes e moças
lacionais, pois é uma forma de medida simples e do ensino fundamental (séries iniciais e nais) e
que não exige equipamentos sosticados6. Contu- médio, regularmente matriculados no Instituto Es-
do, é importante destacar que, mesmo com tantas tadual de Educação Vasconcelos Jardim (IEEVJ),
facilidades e pontos a favor da utilização do teste de General Câmara/RS e na Escola Americano de
de SA em algumas situações ainda existe dicul- Porto Alegre/RS. A amostra foi selecionada de for-
dades. ma não aleatória por conveniência sendo composta
O Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR)6, que por 698 escolares (357 do sexo masculino e 341 do
tem como um de seus objetivos delinear o perl sexo feminino) de 7 a 17 anos de idade.
de ApFRS da população brasileira de 7 a 17 anos, Para a medida da exibilidade, utilizamos os
sugere a utilização do teste de SA para a medida testes SACB e SASB. O teste SACB seguiu a pa-
de exibilidade. Entretanto, mesmo sendo um teste dronização do PROESP-BR7. Para o teste SASB
simples e de baixo custo, muitas escolas não pos- seguimos a seguinte instrução: Uma ta métrica
suem o instrumento (banco) para medida da exi- estendida no chão e, na marca de 38,1cm desta



Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44

ta, uma tira de ta adesiva de 30,0 centímetros e GE. Optamos em categorizar os resultados das
atravessada à ta métrica. A ta adesiva deve se- correlações conforme os critérios sugeridos por
gurar a ta métrica no chão. O avaliado, que deve Malina e Bouchard12. Estes autores sugerem uma
estar descalço, senta-se com a extremidade (zero) classicação para a correlação entre 0,00 e 0,29
da ta métrica entre as pernas; os calcanhares de- como “baixa”; de 0,30 a 0,59 como “moderada”;
vem quase tocar a ta adesiva na marca dos 38,1 de 0,60 a 0,84 como “moderadamente alta”; e de
cm e estarem separados cerca de 30,0 centímetros. 0,85 a 1,00, como “alta”. Para estimar a capa-
Com os joelhos estendidos, o avaliado inclina-se cidade de determinação da variável dependente
lentamente e estende os braços e as mãos o mais a partir das variáveis independentes (isoladas e
distante possível; o avaliado deve manter-se nes- agrupadas) e propor a equação para a estimati-
ta posição o tempo suciente para a distância ser va da exibilidade medida pelo teste de SACB a
marcada (gura 1). Nos dois testes o resultado é partir dos valores do teste de SASB foi utilizada
medido em centímetros a partir da posição mais a análise de regressão linear múltipla. Todas as
longínqua que o avaliado pode alcançar na escala análises foram feitas levando em consideração
com as pontas dos dedos. Registra-se o melhor re- um nível de signicância de 5% e realizadas no
sultado entre as duas execuções com anotação em programa estatístico SPSS 13.0 for Windows. O
uma casa decimal. PROESP-BR foi aprovado pelo Comitê de Ética
Para a análise dos dados inicialmente recor- em Pesquisas da Universidade Federal do Rio
remos à estatística de normalidade de distribui- Grande do Sul, na reunião número 11, ata núme-
ções (“achatamento” e “simetria” das curvas, e o ro 91 de 09/08/2007.
teste de normalidade de Shapiro-Wilk) em rela-
ção às variáveis SASB e SACB por sexo e idade.
Em algumas idades, provavelmente pelo número 
de indivíduos reduzidos, a distribuição não apre-
sentou normalidade. Desta forma, reunimos os Inicialmente realizamos a análise de correla-
indivíduos em grupos etários (GE) da seguinte ção entre os testes de SASB e SACB. Os resulta-
maneira: GE1-7 a 10 anos ♂=63 e ♀=61; GE2- dos indicaram uma relação direta e alta (r=0,885;
11 a 13 anos ♂=180 e ♀=183; e GE3-14 a 17 p=0,000) entre as variáveis. Não obstante, com o
anos ♂=114 e ♀=97. Conrmada a normalidade intuito de se obter uma capacidade de determina-
dos dados nestes grupos, para a identicação da ção maior, optamos por realizar a análise de line-
linearidade entre as variáveis foi utilizado o tes- aridade entre os resultados dos testes de SASB e
te de correlação linear de Pearson. Com o intuito SACB levando em consideração as variáveis sexo
de identicar se as variáveis sexo e GE apresen- e GE.
tam inuência na relação entre os resultados dos A tabela 1 apresenta os valores dos coecien-
testes de SASB e SACB, foi realizado a análise tes de correlação e de determinação entre os valo-
de correlação de Pearson estraticada por sexo res dos testes de SACB e SASB com todos os indi-


Ilustração do teste de sentar e alcançar sem banco.

 
Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44


Coeficiente de correlação e de determinação para os valores do teste de SACB a partir dos valores do teste de SASB

víduos, estraticados por sexo e por GE. Podemos 


notar que ao estraticarmos por sexo, o valor do
coeciente de correlação aumentou para as moças Os resultados encontrados no presente estudo
e diminuiu para os meninos, indicando que o sexo indicaram que em todos os GE e nos dois sexos,
é uma variável que inuencia na relação entre os houve correlação moderadamente alta (GE1) ou
dois testes de exibilidade. Contudo, para ambos, alta (GE2 e GE3) entre os testes SACB e SASB. A
o valor do coeciente de correlação se manteve partir disso, foi possível desenvolver uma equação
alto. Quando a análise é feita estraticada por GE de regressão entre os dois testes de SA incluindo
os valores dos coecientes de correlação variam no modelo as variáveis sexo e GE, que permita que
de 0,805 a 0,907, sendo os valores mais baixos nos os valores do teste SACB sejam estimados a partir
primeiros GE (GE1) nos dois sexos. Nos GE1 dos dos valores do teste SASB.
dois sexos os coecientes de correlação apresen- No presente estudo as análises de correlação e
taram valores considerados moderadamente altos, de regressão foram realizadas levando em consi-
enquanto nos outros dois GE nos dois sexos os deração o sexo e GE. No que refere aos GE, uma
valores se mantiveram altos. Estes resultados indi- das características que foi levada em consideração
cam que os GE também apresentam inuência nas para esta opção metodológica foram as evidências
relações entre os resultados dos testes de SACB e que sugerem que a exibilidade, operacionalizada
SASB (tabela 1). pelo teste de SA, apresenta um desenvolvimento
Como as duas variáveis se correlacionaram, ondulatório ao longo das idades de 7 a 17 anos13-
indicando que possuem relação linear, desenvol- 15
. Estas informações indicam que a exibilidade
vemos uma equação de regressão entre os testes tende a diminuir dos 7 aos 9/10 anos, e aumentar
SACB e SASB. Ainda, como as variáveis sexo e a partir dos 11/12 anos. Tais características podem
GE apresentaram possíveis inuências na explica- estar associadas ao rápido aumento em estatura que
ção da variação do teste de SACB a partir do teste ocorre neste período16, contribuindo para a redução
de SASB, foram realizadas análises de regressão da exibilidade12. Diante disto, optamos por agru-
entres os resultados dos testes de AS, e acrescen- par os escolares em idades, que de acordo com a li-
tando-se ao modelo o sexo, e em seguida os GE teratura17, possivelmente estão classicados como
(tabela 2). Para tanto, a variável sexo foi dicoto- pré-púberes (GE1; 7-10 anos), púberes (GE2; 11-
mizada em sexo masculino=0, e sexo feminino=1. 13 anos), e pós-púberes (GE3; 14-17 anos). Esta
Como a variável GE apresenta três categorias, opção aumentou os valores de correlação nos GE2
recorremos ao procedimento de criação de duas e GE3 apresentando coecientes mais altos (tabela
variáveis dummy. A primeira variável GE dummy 1), possibilitando o desenvolvimento da equação
(GEdummy1) foi criada considerando o GE1 e o com capacidade de determinação mais elevada.
GE3=0, e o GE=1. A segunda variável GE dummy A opção de realizar as análises considerando o
(GEdummy2) foi criada considerando o GE1 e o sexo ocorreu por duas razões. A primeira foi pelo
GE2=0, e o GE3=1. fato de que as correlações entre os testes poderiam



Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44


Resultados da análise de regressão para o teste de SACB a partir dos resultados do teste de SASB, do teste de SASB e do
sexo, e do teste de SASB, do sexo e dos GE.

apresentar diferenças entre os sexos, e caso isto áveis são necessárias para estimar outra, maiores
acontecesse, aquele que tivesse apresentado valor são as diculdades operacionais na prática. No
inferior acabaria diminuindo a capacidade de de- caso das variáveis introduzidas no modelo, esta di-
terminação das equações. Esta hipótese foi conr- culdade é reduzida, pois o avaliador terá acesso,
mada pelas análises, indicando a possibilidade de além do valor do teste de SASB, ao sexo e a idade
incluir o sexo na análise de regressão. A segunda do indivíduo, podendo estimar de forma satisfa-
razão foi baseada nas evidências disponíveis na li- tória o valor para o teste de SACB. Além destas
teratura de que as moças, em todas as idades, apre- limitações, podemos citar o fato da amostra não
sentam valores superiores de exibilidade estima- ter sido selecionada de forma aleatória como outra
da pelo teste de SA13-15. Esta característica talvez característica que pode inuenciar nos resultados
pudesse apresentar alguma inuência nos resulta- do estudo. Contudo, considerando que se trata de
dos de correlação entre os testes SACB e SASB uma amostra com um número de indivíduos eleva-
caso não fosse considerada. do, acreditamos que esta característica não com-
Além das variáveis sexo e GE propostas no promete os resultados encontrados.
presente estudo como importantes para uma me- Consultando a literatura, podemos encontrar
lhor capacidade de determinação dos valores do algumas variações na estrutura do teste SA. Uma
teste de SACB a partir do teste de SASB, outras das propostas sugeriu a inserção de algumas variá-
variáveis, como nível de atividade física habitual, veis como o comprimento dos membros7. A partir
prática de esportes, nível maturacional, entre ou- das variações e adaptações do teste SA, diversos
tras, também poderiam ser testadas para aumentar estudos8-11foram desenvolvidos com grupos de
a capacidade de predição. O fato de não ter incluí- adolescentes e adultos na perspectiva de identicar
do tais variáveis no modelo pode ser consideradas a existência de possíveis diferenças nos resultados
como uma limitação de nosso estudo. Não obstan- dos diferentes modelos de testagem. No entanto, os
te, é importante considerar, que quanto mais vari- resultados apresentados demonstraram valores se-

 
Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44

melhantes, não havendo diferenças na validade dos te de correlação de 0,84 entre os testes de SACB
testes. Para a medida da exibilidade dos músculos e SASB. Estes resultados reforçam os achados de
ísquio-tibiais todos os estudos acima citados utiliza- nosso estudo, corroborando com a possibilidade
ram exômetro de Leighton ou goniômetro, e para de utilização do teste de SASB como uma forma
a região lombar o teste modicado de Schober18. alternativa e mais acessível de medida da exibi-
No que se refere aos resultados das análises lidade. Além disto, nossos resultados somados aos
de correlação entre os testes, com uma perspectiva resultados de Hui e Yeun8 e Silva et al.20, indicam
similar ao do presente estudo, Baltaci et al.19 com- que o teste de SASB pode ser utilizado em crian-
pararam três diferentes propostas de testes de SA ças, jovens e adultos. Ainda, como o teste SACB é
(sit and reach, chair sit and reach e back saver sit o teste de exibilidade mais utilizado tanto em es-
and reach) em uma amostra de 102 estudantes do tudo nacionais quanto em estudos internacionais,
sexo feminino, com idade média de 22 anos. Toda- e o teste SASB apresentou alta correlação com o
via, o estudo de Baltaci et al.19 teve como objetivo teste SACB, comparações entre diferentes estudos
validar os testes como forma de medida da exibi- poderão continuar sendo feitas.
lidade dos músculos ísquio-tibiais utilizando como Os resultados apresentados por este estudo in-
referência a medida estimada por goniometria. Os dicam a possibilidade de utilização de um teste para
resultados indicaram o teste SA como o mais ade- medida de exibilidade que necessita de menos
quado para a medida de exibilidade dos músculos instrumentos do que os anteriormente propostos
ísquio-tibiais. pela literatura. A intenção ao buscarmos alternati-
Considerando que o teste de SA congura-se vas para testes já amplamente utilizados é dimi-
como uma alternativa adequada para medida da nuir custos e facilitar a aplicação. Esta perspectiva
exibilidade dos músculos ísquio-tibiais19 e que permite que todos professores tenham acesso aos
este grupo muscular, quando em níveis adequados materiais necessários, não sendo a restrição destes
de exibilidade apresentam associação com risco um empecilho para a realização de testes voltados
reduzido de lombalgias e alterações posturais3,4, à saúde.
a utilização de tal teste deve ser incentivada em
crianças e adolescentes para o diagnóstico precoce
de indivíduos com risco aumentado para os proble- 
mas acima citados. Contudo, é importante salientar
que mesmo sendo um teste de fácil aplicação e que A partir dos resultados encontrados na presente
não exige materiais sosticados, ainda sim para investigação, podemos observar uma relação line-
muitos locais, como escolas, sua medida ca com- ar entre as variáveis, indicando que através de uma
prometida por não possuírem o material adequado é possível predizer a outra, ou seja, tanto o teste
(banco de SA). SACB quanto o teste SASB podem nos informar
Semelhante ao proposto e realizado pelo pre- resultados semelhantes no que se refere à exibi-
sente estudo, Hui e Yuen8 estudando 158 univer- lidade dos escolares. O teste SASB, como um mé-
sitários dos dois sexos com idade média de 20,7 todo alternativo para a avaliação da exibilidade,
anos, dentre outras análises, correlacionaram os proporcionará aos prossionais de educação física
testes SACB e SASB encontrando coecientes de e demais áreas, facilidades no diagnóstico e ava-
correlação entre 0,89 e 0,98. Em um estudo realiza- liação da exibilidade, pois este instrumento é de
do com 52 sujeitos dos dois sexos com idades entre fácil aplicação e de baixo custo, facilitando a busca
15 e 18 anos, Silva et al.20 encontraram coecien- das informações relacionadas a esta variável.


1. Toscano JJO, Egypto EP. A inuência do seden- 2. Caillet R. Síndrome da dor lombar. São Paulo: Ma-
tarismo na lombalgia. Rev Bras Med Esporte nole; 2001.
2001;7(4):132-137. 3. Feldman DE, Shrier I, Rossignol M, Abenhaim L.



Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44

Risk Factors for the Development of Low Back Pain Q Exerc Sport 1994;65(2):189-192.
inAdolescence.Am J Epidemiol 2001;154(1):30-36. 12. MALINA R, BOUCHARD C. Atividade Física do
4. Lemos AT. Associação entre a ocorrência de dor e Atleta Jovem: do Crescimento à Maturação. 1 ed.
de alteração postural da coluna lombar e os níveis São Paulo: Roca; 2002.
de aptidão física relacionada à saúde em adolescen- 13. Bergmann GG, Lorenzi T, Garlipp D, Marques A,
tes de 10 a 16 anos de idade. Porto Alegre: 2007. Araújo MLB, Lemos A, Machado D, Silva G, Silva
Dissertação (Programa de Pó-Graduação em Ciên- M, Torres L, Gaya A. Aptidão Física Relacionada
cias do Movimento Humano) – Escola de Educação à Saúde de Escolares do Estado do Rio Grande do
Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sul. Perl 2005;4(7):12-21.
5. Cooper Institute for Aerobics Research, (versão 14. Dumith SC, Azevedo Júnior MR, Rombaldi AJ. Ap-
portuguesa, 2002). Fitnessgram – Manual de apli- tidão Física Relacionada à Saúde de Alunos do En-
cação de Testes. Lisboa: Edição da Faculdade de sino Fundamental do Município de Rio Grande, Rs,
Motricidade Humana. Brasil. Rev Bras Med Esporte 2008;14(5):454-459.
6. Gaya CA, Silva GMG. PROESP-BR Observatório 15. Gaya A, Cardoso M, Siqueira O, Torres L. Cresci-
Permanente dos Indicadores de saúde e fatores de mento e Desempenho Motor em Escolares de 7 a
prestação esportiva em crianças e jovens: MANU- 15 anos provenientes de Famílias de Baixa Renda.
AL DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS E TESTES, Movimento 1997;4(6):I-XXIV.
NORMAS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO. 2007 16. Bergmann GG, Bergmann MLA, Pinheiro ES, Mo-
(disponível em http://www.proesp.ufrgs.br) acessado reira RB, Marques AC, Gaya ACA. Estudo lon-
em 20 de outubro de 2007. gitudinal do crescimento corporal de escolares de
7. Hoeger WWK, Hopkins D, Button S, Palmer TA. 10 a 14 anos: dimorsmo sexual e pico de veloci-
Comparing the sit and reach with the modied sit dade. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum
and reach in measuring exibility in adolescents. 2008;10(3):249-254.
Pediatr Exerc Sci 1990;2(2):152-162. 17. Duarte MFS. Maturação Física: Uma Revisão de
8. Hui SSC, Yuen PY. Validity of the modied back-sa- Literatura, com Especial Atenção à Criança Brasi-
ber sit-and-reach test: a comparison with other proto- leira. Cad Saúde Públ 1993;9(supl1):71-84.
cols. Med Sci Sports Exerc 2000;9(32):1655-1659. 18. Macrae I, WrightV. Measurement of back movement.
9. Patterson P, Wiksten DL, Ray L. Flanders C, San- Annals of rheumatic disease 1969;28(6):584-589.
phy D. The validity and reliability of the back saver 19. Baltaci G, Un N, Tunay V, Besler A, Gerçeker S.
sit-and-reach test in middle school girls and boys. Comparison of three different sit and reach tests for
Res Q Exerc Sport 1996;67(4):448-451. measurement of hamstring exibility in female uni-
10. Liehmon W, Sharpe, GL, Wasserman JF. Criterion versity students. Br.J.Sports Med. 2003;37(1)59-61.
related validity of the sit-and-reach test. J Strength 20. Silva DJL, Santos JAR, Oliveira BMPM. A exi-
Cond Res 1994;8(2):91-94. bilidade em adolescentes – um contributo para a
11. Minkler S, Patterson P. The validity of the modi- avaliação global. Rev Bras Cineantropom Desem-
ed sit-and-reach test in college-age students. Res penho Hum 2006;8(1):72-79.


Os autores agradecem à direção e aos professores das duas instituições de ensino onde o estudo
foi realizado pela compreensão e colaboração, ao Ministério do Esporte, ao Conselho Nacional de De-
senvolvimento Cientico e Tecnológico (CNPQ) pelas inestimáveis contribuições para a execução do
Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) em geral e desse artigo em especico.


Todos os autores participaram de todas as etapas de elaboração do artigo.




Avenida XV de novembro, 480 - General Câmara, RS, CEP: 95820-000
e-mail: rbmoreira2@gmail.com - Fone: 51-97075080

 

Você também pode gostar